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HISTÓRIA DE ALAGOAS

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FOCUSCONCURSOS.COM.BR
História de Alagoas | Material de Apoio 
Professor Rodrigo Donin 
1 
História de Alagoas 
Sumário 
História de Alagoas ................................................................................. 1 
Período Pré-Colombiano ...................................................................... 1 
Colonização .......................................................................................... 3 
Os Engenhos ......................................................................................... 4 
Terra Prometida ................................................................................... 6 
As Vilas ................................................................................................. 7 
Palmares – Grito de liberdade ........................................................... 10 
Calabar – Herói ou Traidor? ............................................................... 13 
Rumo à Independência ...................................................................... 15 
A Traição que deu Certo ..................................................................... 16 
A Província de Alagoas ....................................................................... 18 
Maceió, capital de Alagoas ................................................................ 20 
Guerras e Guerrilhas .......................................................................... 21 
Os Pioneiros e a Industrialização em Alagoas .................................... 24 
A Era Vargas ....................................................................................... 27 
Período Pré-Colombiano 
Quando o Brasil foi descoberto, a terra que constitui hoje o Estado de 
Alagoas, era um mundo de mata virgem, onde viviam índios nativos. 
Rios perenes, muito peixe, frutas, animais soltos. Enfim, a flora e a 
fauna exuberantes, enchiam os olhos dos portugueses que foram 
chegando para iniciar o processo de colonização. 
A grande quantidade de lagoas em seu litoral, fez com que os 
colonizadores batizassem logo a região de Alagoas. Elas continuam 
embelezando a paisagem típica do Estado, se constituindo em pontos 
de atração turística e ainda em sustento de milhares de alagoanos, que 
tiram dela, o peixe e o sururu, molusco típico, consumido não só pelos 
pobres, mas presente na mesa dos ricos, da classe média e dos bares e 
restaurantes. 
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Professor Rodrigo Donin 
 
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Esse pedaço de terra brasileiro, entre o Litoral e o Sertão, pertencia a 
Capitania de Pernambuco, comandada pelo donatário Duarte Coelho, 
que em visita ao Sul, deparou-se com o rio São Francisco. Lá, edificou 
um forte e deu origem a cidade de Penedo, comprovadamente o 
primeiro núcleo habitacional de Alagoas. Hoje, é uma cidade das mais 
importantes do Estado. Durante várias décadas, foi a mais progressista 
do interior. Perdeu para Arapiraca na segunda metade deste século. 
Mas continua imponente, com seu casario colonial, seu povo culto, seu 
potencial turístico e sua economia que cresce a cada dia. 
Imaginemos Alagoas nos tempos do descobrimento do Brasil! Da foz 
do São Francisco a Maragogi: índios nativos como os Caetés e os 
Potiguaras. Nus, livres, vivendo da caça e da pesca, falando língua 
própria, usufruindo dessa beleza natural, com rios e lagoas sem 
poluição. Um povo festeiro, cultuando suas tradições. Era feliz e livre 
da presença do branco português, que aqui chegou para marginalizá-
lo, exigir que aprendesse sua língua, sua religião e seus costumes. 
Todos perderam a identidade, e se tornaram escravos da ganância dos 
colonizadores, que só queriam extrair a riqueza da terra e enviar para 
Portugal. 
Nossos índios eram vaidosos, festeiros e valentes. Adoravam se pintar 
com várias cores, dançar e cantar. Achavam o nariz chato um 
importante requisito de beleza. No Sul eram os Caetés e suas sub-
tribos, como a dos Caambembes, instalada em Viçosa. No Norte, os 
Potiguaras. 
Esses nativos alagoanos eram bronzeados do sol escaldante, moravam 
em cabanas de palha, reunidas em forma de aldeias e viviam da caça e 
da pesca. Promoviam festas, utilizando-se de instrumentos musicais 
como corneta, flauta e maracá. Em combate, atiravam sobre o inimigo, 
flechas envenenadas e sobre as aldeias, flechas com algodão 
inflamado, para incendiá-las. 
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Professor Rodrigo Donin 
 
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As índias alagoanas trabalhavam muito. Fiavam algodão para 
confeccionar cordas e redes e ainda fabricavam vasos de barro para 
uso doméstico. O adultério era considerado crime. 
Nas aldeias, todos se reuniam em forma de República. O chefe maior 
era o Cacique, escolhido entre os mais velhos e respeitados. O Pajé era 
o conselheiro espiritual. Nas grandes crises, eles se reuniam em 
conselhos, denominados Carbés. 
 
Colonização 
A primeira expedição ao Sul da Capitania de Pernambuco, foi 
conduzida pelo próprio donatário, Duarte Coelho, que saiu do Recife 
beirando o litoral até chegar a foz do rio São Francisco. De lá, rio acima, 
deparou-se com um local privilegiado pela natureza, com o rio cheio de 
pedras. Edificou um forte e deu origem a povoação de Penedo. 
Duarte Coelho, segundo os historiadores, era dotado de muita 
capacidade administrativa e devotado a causa do governo português. 
Suas cartas ao Rei Dom João III, eram verdadeiros relatos sobre a 
riqueza da capitania, suas paisagens e os índios. Fundou Olinda, fez 
aliança com os índios e iniciou o plantio da cana-de-açúcar, dando 
origem aos primeiros engenhos. 
Mas toda essa extensão de terras, entre o Litoral e o Sertão precisava 
ser colonizada. Aí surge a figura de um alemão: Cristhovan Lintz, depois 
aportuguesado para Cristovão Lins. Ele vivia em Portugal, onde casou-
se com Adriana de Hollanda, filha do holandês Arnault de Hollanda e 
da portuguesa Brites Mendes de Vasconcellos Hollanda. O casal 
desembarcou no Recife, na primeira metade do século do 
descobrimento (XVI) e ganhou uma imensa sesmaria, compreendendo 
o Cabo de Santo Agostinho até o vale do rio Manguaba. 
O segundo colonizador foi o português Antonio de Barros Pimentel, 
casado com Maria de Hollanda Barros Pimentel, irmã da mulher de 
Cristovão Lins. Ele chegou ao porto da Barra Grande (Maragogi), ainda 
com a roupa que usava na Corte, em Lisboa. Era um nobre, 
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descendente de uma das mais importantes famílias de Portugal, 
originária da cidade de Viana, mas com os seus ancestrais surgidos na 
Espanha. Ganhou uma sesmaria que compreendia as terras entre os 
rios Manguaba, passando pelo Camaragibe e chegando ao rio Santo 
Antonio, em São Luiz do Quitunde. Construiu engenhos de açúcar e 
criou gado. 
A sesmaria que compreendia às margens das lagoas Mundaú e 
Manguaba, pertencia ao português Diogo Soares, enquanto em São 
Miguel dos Campos, o dono das terras era Antônio de Moura Castro e 
as de Penedo, comandadas por Rocha Dantas. Outras sesmarias de 
menor porte, foram surgindo em vários pontos de Alagoas. 
 
Os Engenhos 
A História de Alagoas é a história pela posse da terra. Doadas as 
sesmarias, os novos proprietários procuraram logo fazer a derrubada 
das matas e plantar cana-de-açúcar, surgindo os engenhos banguês 
que sustentaram a economia alagoana durante quatro séculos, até 
serem substituídos pelas usinas. 
Os primeiros engenhos surgiram nos vales dos rios Manguaba, 
Camaragibe e Santo Antônio, na região Norte de Alagoas. A terra fértil, 
logo adaptou-se a essa nova atividade. E, assim, começa a formar-se a 
chamada aristocracia açucareira, com as grandes famílias dominando a 
economia. 
O escritor Manoel Diegues Júnior, em seu livro O Banguê das Alagoas, 
faz um relato apaixonado dessaatividade que iniciou o processo de 
desenvolvimento sócio-econômico e cultural da Comarca, Capitania e 
Província de Alagoas. Mostra os costumes e tradições, a religiosidade, 
o domínio político, o folclore saído dos engenhos, enfim, um estudo de 
sociologia rural, que deveria ser lido por todos aqueles que realmente 
se interessam pela História desse povo bom, trabalhador, honesto e 
hospitaleiro, que é o alagoano. 
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Os engenhos banguês das Alagoas eram movidos a animais. Produziam 
o açúcar, o mel e a rapadura. Logo que eram construídos, seus 
proprietários procuravam também edificar uma Igreja. A casa grande 
emoldurava a beleza da paisagem típica da região. Algumas eram 
luxuosas, com móveis e objetos importados. A senzala, onde viviam os 
escravos amontoados; a bagaceira; a casa de purgar; o armazém 
(empório comercial) e outras edificações, formavam um povoado. 
Os primeiros engenhos foram construídos por Cristovão Lins, o alemão 
que se constituiu no verdadeiro colonizador de Alagoas. Ele batizou 
logo com os nomes de Escurial, Maranhão e Buenos Aires. Ficavam no 
atual município de Porto Calvo, que ele também fundou na segunda 
metade do século XVI. 
Depois foram surgindo outros engenhos, já com o segundo 
colonizador, Antônio de Barros Pimentel, casado com Maria de 
Hollanda, irmã da mulher de Cristovão Lins. Esse casal fixou-se às 
margens do rio Camaragibe, terras hoje pertencentes aos municípios 
de Matriz de Camaragibe e Passo de Camaragibe. Mas a sua sesmaria 
atingia ainda o vale do rio Santo Antônio, onde também edificou 
engenhos, como o próprio Engenho Santo Antônio, que funcionou por 
mais de três séculos, até ser transformado na atual e moderna Usina 
Santo Antônio, em São Luiz do Quitunde, desde a década de 1950, 
pertencente a família Correia Maranhão. 
Outros engenhos foram surgindo nos vales dos rios São Miguel, 
Coruripe, Mundaú e Paraiba. E a atividade dominou a economia 
alagoana. O açúcar seguia para a Europa através do porto do Francês, 
saindo dos engenhos em lombo de boi ou burro, atravessando montes 
e rios, até chegar a vila do Pilar, e daí, seguindo em barcaças, passando 
pela velha capital (atual Marechal Deodoro) e atingir o porto. 
Hoje, o transporte é rápido e seguro. Das usinas, saem os caminhões-
tanque, com o açúcar a granel, atravessando estradas asfaltadas e 
chegando à Maceió, onde é descarregado no Terminal Açucareiro do 
Porto de Jaraguá em fração de minutos, saindo por uma esteira rolante 
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e chegando ao porão dos navios, para daí seguir para a Europa, 
América do Norte, Ásia, África e outros Continentes, garantindo a 
Alagoas uma boa posição (segundo lugar a nível nacional) na produção 
de açúcar, perdendo apenas para São Paulo. 
 
Terra Prometida 
A fertilidade da terra que depois transformou-se em Capitania, 
Província e Estado de Alagoas, atraía muita gente. E, com o avanço da 
invasão de outros povos europeus ao Brasil, logo esse pedaço da então 
Capitania de Pernambuco, ficou muito visado. 
Primeiro foram os franceses, que chegaram para explorar o pau-brasil. 
Não passaram muito tempo, mas deixaram uma marca: a construção 
do primeiro porto, que ficou conhecido como Porto dos Franceses, 
aproveitado depois como único porto da região, para o transporte do 
açúcar em demanda a Portugal. E foram quase três séculos com esse 
local contribuindo decisivamente com o progresso de Alagoas, até o 
surgimento do Porto de Jaraguá. Hoje, ainda existe um resquício 
aquela época: a carcaça de um navio francês, que, quando a maré está 
baixa, fica bem visível. E esse curto período vivido pelos invasores, 
imortalizou-se na História e está com o nome na “boca do povo”. É a 
praia do Francês, a mais badalada do litoral alagoano, conhecida no 
país e no mundo, como uma das mais bonitas do Brasil. Pertence ao 
município de Marechal Deodoro, distante poucos quilômetros da 
capital. 
Mas a fase mais duradoura dessas invasões, foi mesmo a dos 
holandeses, que transformaram a Capitania de Pernambuco no Brasil 
Holandês. E muito contribuíram para o seu desenvolvimento, embora 
Alagoas não tenha experimentado essa fase de apogeu, que restringia-
se mais ao Recife e Olinda. Por aqui, foi mais destruição, como ocorreu 
com a Vila de Santa Maria Madalena da Lagoa do Sul (atual Marechal 
Deodoro), completamente incendiada pelos holandeses, que ainda 
tentaram fazer o mesmo em Santa Luzia do Norte, não conseguindo, 
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devido a ação rápida de seus moradores, liderados por dona Maria de 
Souza. Em Penedo, construíram um forte, depois destruído pelos 
brasileiros e portugueses, que não queriam qualquer lembrança dessa 
fase. 
Um outro episódio que marcou a presença dos holandeses em Alagoas, 
foi a Batalha da Mata Redonda, uma alusão ao local (hoje pertencente 
ao município de Porto de Pedras) onde ocorreu a mais sangrenta 
batalha entre holandeses, portugueses e brasileiros, vencida pelos 
primeiros, por ter um maior arsenal e maior contingente de homens. 
Mas os holandeses liderados por Maurício de Nassau, muito fizeram 
por Pernambuco. A cultura, a educação, o avanço na agricultura e na 
pecuária. Enfim, uma civilização que eles queriam formar, e 
transformar numa colônia desenvolvida. Construíram pontes (ainda 
existentes), teatros e outras grandes obras no Recife, cidade que ainda 
hoje lembra esse período de desenvolvimento cultural e econômico. É 
notório o gosto pela cultura do povo pernambucano, notadamente de 
Recife e Olinda. Por lá, surgem movimentos culturais que se expandem 
Brasil afora. O próprio frevo é criação dos pernambucanos. 
Os holandeses eram protestantes (evangélicos), mas não impunham 
essa religião aos brasileiros que eles já dominavam. Assim a religião 
católica continuou sendo forte na Capitania. Preocupavam-se com a 
educação, implantando métodos avançados de alfabetização para 
crianças e adultos. 
Maurício de Nassau, foi inegavelmente o maior administrador que o 
Brasil já teve. Era organizado, trabalhador e extremamente ético, 
qualidades que os demais donatários portugueses não possuíam, 
optando mesmo pela exploração, a escravidão dos negros e índios e o 
aumento da produção de açúcar para enviar a Portugal. 
 
As Vilas 
Quando o primeiro donatário da Capitania de Pernambuco, Duarte 
Coelho visitou o Sul do seu domínio, deslumbrou-se com a região do 
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baixo São Francisco, parando num local e dando início a povoação de 
Penedo. Lá construiu um forte , e daí em diante, foram surgindo novos 
moradores, culminando com o aparecimento da primeira vila fundada 
em Alagoas. 
No século XVII, já despontando como a mais importante vila do Sul da 
Capitania de Pernambuco, foram sendo construídas as primeiras 
Igrejas e o convento, além de prédios diversos. Terra fértil, logo foi 
atraindo agricultores que plantavam todo tipo de lavoura, além do 
crescimento rápido da pecuária. O comércio expandiu-se. Penedo já 
era a mais importante vila, bem mais desenvolvida do que a chamada 
“cabeça-de-comarca”, a vila de Alagoas (atual Marechal Deodoro). 
Hoje, Penedo esbanja progresso. Detém um comércio bem 
movimentado, várias agências bancárias, ligações com o país e o 
mundo através do DDD/DDI, indústrias de álcool e outros setores; uma 
sólida formação cultural, com várias escolas de primeiro e segundo 
graus, além de uma Faculdade, jornal, rádios, teatro e festas 
tradicionais. O Relatório Estatístico de Alagoas, de 1998, aponta uma 
população de 40.554 habitantes na cidade e mais13.888 na zona rural. 
É tombada pelo Patrimônio Histórico Nacional. Durante vários anos, foi 
a mais desenvolvida cidade do interior alagoano, perdendo esse posto 
para Arapiraca, na década de 1960. Sua decadência, começou quando 
foi construída a ponte sobre o rio São Francisco, em Porto Real do 
Colégio, ligando Alagoas a Sergipe. A travessia de carros e passageiros, 
ainda continua na cidade, ligando-se ao outro lado do rio, através do 
rio. Mas o movimento mais intenso mesmo ficou por conta da ponte 
rodoferroviária. 
Mas aos poucos, a cidade foi soerguendo sua economia, e hoje é 
importante centro econômico e de turismo cultural. Durante alguns 
anos, realizava o Festival de Cinema, atraindo artistas e intelectuais de 
várias partes do país. Mantém o Festival de Tradições Culturais, a Festa 
do Bom Jesus dos Navegantes, Gincana de Pesca e Arremesso, Penedo 
Fest e outros eventos de significativa importância socioeconômica, 
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como seminários, congressos, simpósios, peças de teatro, etc. Suas 
Igrejas, seus sobrados e a beleza do rio São Francisco atraem muitos 
turistas, que dispõem de bons hotéis, restaurantes e passeio de barcos 
pelo rio, indo até a foz, na praia do Peba. 
Ainda no século XVII, emancipa-se o Povoado de Porto Calvo, 
tornando-se a segunda Vila. Sua Igreja, concluída em 1610, garantiu o 
título de primeira Freguesia fundada em Alagoas, antes da de Penedo. 
Preserva ainda seu alta-mor, todo em madeira, com a imagem de 
Nossa Senhora da Apresentação (sua padroeira), do Cristo crucificado e 
de Nossa Senhora da Conceição. 
Palco da luta dos holandeses pela colonização de Pernambuco, Porto 
Calvo ergue-se em uma colina, onde abaixo um imenso vale cortado 
pelo rio Manguaba, é ocupado por canavial, pastagem e lavouras de 
vários tipos. Terra fértil, logo foi atraindo novos moradores. E a vila 
cresceu, esbanjou progresso, mas foi decaindo ao longo dos séculos, 
somente ressurgindo no atual. Hoje, detém um comércio em franca 
ascensão, agências bancárias, sistema de telefonia fixa e celular e toda 
a infraestrutura para se desenvolver mais ainda. O Relatório Estatístico 
de Alagoas, versão 1998, aponta uma população de 24.150 habitantes, 
sendo 12.798, na cidade. Pouca coisa lembra o seu passado. A Igreja 
de Nossa Senhora da Apresentação, é a única construção secular. 
Alguns sobrados construídos no início do século XX e, ainda o Alto da 
Forca, onde dizem ter sido enforcado um dos seus filhos mais ilustres: 
Domingos Fernandes Calabar. 
A terceira povoação fundada em Alagoas, foi Santa Maria Madalena da 
Lagoa do Sul, alusão a lagoa Manguaba, onde está edificada às suas 
margens. A Lagoa do Norte, é a Mundaú, que banha Maceió, Coqueiro 
Seco, Santa Luzia do Norte e Satuba. A vila foi crescendo e, logo no 
século XVIII tornou-se cabeça-de-comarca, espécie de capital. Quando 
da invasão holandesa, foi quase toda destruída, com suas casas sendo 
incendiadas pelos invasores. Mas, recuperou logo, e cresceu 
novamente. Na emancipação política de Alagoas, já com o nome de 
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Alagoas, foi escolhida como capital da nova Capitania. Perdeu espaço 
para Maceió, que surgiu no século XVII, através de um engenho 
banguê. 
Seu patrimônio histórico é rico em beleza arquitetônica, como o 
Convento e o Museu de Arte Sacra; a matriz de Nossa Senhora da 
Conceição; o Palácio Provincial; a casa onde nasceu o marechal 
Deodoro; a cadeia pública e tantos outros monumentos, além do 
casario colonial e a beleza da lagoa Manguaba. 
Hoje, é uma cidade em pleno desenvolvimento socioeconômico, com 
boa rede de educação e saúde (possui uma Escola Técnica Federal e 
colégios de primeiro e segundo graus), além de hospitais e postos de 
saúde. Detém o Distrito Multifabril, com várias fábricas, gerando 
empregos e impostos para os cofres públicos, além da usina Sumaúma 
(açúcar e álcool). Figura entre o quarto maior município arrecadador 
de ICMS. É importante centro turístico, com seu patrimônio histórico 
intocável, e a praia do Francês, conhecida em todo o país. Sua 
população, segundo o Relatório Alagoas, é de 28.215 habitantes, sendo 
17.451, na área urbana. 
A quarta povoação fundada, foi Santa Luzia do Norte, às margens da 
Lagoa Mundaú. Quase era destruída pelos holandeses, mas a força de 
sua população liderada por dona Maria de Souza, impediu a invasão. 
Eles recuaram e a vila continuou em seu ritmo normal. Muitos anos 
depois, foi rebaixada condição de vila, ficando pertencendo à Rio 
Largo, só se emancipando na década de 1960. Hoje, dispõe de uma 
importante fábrica de fertilizantes e investe também no turismo. 
Detém uma população de 6.397 habitantes, sendo 5.139, na cidade. 
 
Palmares – Grito de liberdade 
Os negros africanos, que chegavam aos montes aos engenhos de 
Alagoas, logo que foi autorizado o tráfego negreiro, viviam como 
escravos, sendo maltratados, e trabalhando para enriquecer o patrão 
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branco. Obviamente que eram revoltados e procuravam a todo custo, 
conquistar a liberdade. 
Era preciso que surgisse um líder da raça, que incentivasse os demais a 
lutar pela tão sonhada liberdade. E, assim entra em cena, Ganga 
Zumba, que levou um grupo de negros para um local distante dos 
canaviais, no alto da Serra da Barriga, no atual município de União dos 
Palmares. Os engenhos localizavam-se nos vales dos rios Manguaba, 
Camaragibe e Santo Antônio. A notícia foi se espalhando e a cada dia, 
chegavam mais negros fugitivos. 
Logo batizaram o local de Quilombo dos Palmares. Terra fértil, boa 
para o plantio de qualquer tipo de lavoura, foi se tornando um 
importante centro produtor. Os negros construíram uma verdadeira 
civilização, assim como era na África. Ganga Zumba se constitui-a no 
Chefe de Governo e tinha seus Ministros. Formou-se então uma 
verdadeira República Parlamentarista. Um avanço na época. Lá, eles 
viviam livres, falavam seu próprio idioma, não eram maltratados pelos 
brancos e podiam cultuar suas tradições religiosas e festivas. 
 
Vez por outra, os portugueses, brasileiros e até os holandeses, 
tentaram acabar com esse refúgio dos negros. Não conseguiram. A 
população negra era mais numerosa e organizada. O tempo foi 
passando, e Ganga Zumba já não conseguia ter forças para liderar a 
comunidade. Na tradição africana, a hereditariedade era passada de tio 
para sobrinho. E, assim ele escolheu um desses sobrinhos: Zumbi, um 
jovem negro, forte, educado por um padre de Porto Calvo, que logo 
afeiçou-se a causa da liberdade, integrou-se ao Quilombo, e tornou-se 
o maior líder revolucionário da História do Brasil, finalmente 
reconhecido por decreto assinado pelo presidente Fernando Henrique 
Cardoso, em 20 de novembro de 1995, exatamente quando o país 
reverenciava os 300 anos de sua morte. 
Zumbi era um líder nato. Sua companheira Dandara, uma mulher forte, 
guerreira, que liderava o grupo feminino. Organizado, logo pôs ordem 
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no Quilombo, nomeando seus assessores e distribuindo tarefas para 
toda a população, que era preparada para a batalha. Quando esse dia 
chegava, ninguém dormia. O quilombo fervia. Eram homens, mulheres 
e crianças de prontidão para o ataque. E foram vários. 
Por quase um século o Quilombo dos Palmares resistiu. Mas em 
novembro de 1695, os brancos conseguiram subir à Serra da Barriga. 
Era um grupo numeroso e fortemente armado, liderado por Domingos 
Jorge Velho e Bernardo Vieira. O sangue jorrou. Milhares de negros 
foram barbaramente assassinados. Zumbi conseguiu fugiracompanhado de alguns de seus companheiros. Lutou até o fim, 
quando viu tudo que construiu ser destruído e seus irmãos de cor, 
sendo mortos. Um quilombola, Antônio Soares, foi capturado e, 
mediante a promessa de Domingos Jorge Velho de que seria libertado 
em troca da revelação do esconderijo do líder, Zumbi foi encurralado e 
morto em uma emboscada, a 20 de novembro de 1695. A cabeça de 
Zumbi foi cortada e conduzida para Recife, onde foi exposta em praça 
pública no Pátio do Carmo, no alto de um mastro, para servir de 
exemplo a outros escravos. 
Existem duas versões sobre a morte de Zumbi. A primeira é a de que 
ele suicidou-se, pulando de um precipício na Serra da Barriga. Mas os 
historiadores da época, afirmam que ele foi assassinado mesmo, 
depois de alguns dias da destruição total do Quilombo. Sua cabeça foi 
cortada e levada ao Recife, para ser exposta ao público como um 
troféu. Depois de três séculos, essa data vem sendo lembrada como o 
Dia Nacional da Consciência Negra. A cada ano, centenas de negros e 
brancos sobem a Serra da Barriga nesse dia, para reverenciar Zumbi e 
sua raça. 
O local é tombado pelo Patrimônio Histórico Nacional. Mas precisa 
melhorar sua infraestrutura. Foi construída uma vila cenográfica, 
lembrando o próprio Quilombo. No alto da serra, existe uma estátua, 
lembrando a figura do líder maior, mastro para bandeiras e muito 
espaço, com o verde predominando por todos os lados. Além, é claro, 
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de um bonito visual para toda a zona da Mata. É uma das mais altas 
serras do Estado. 
 
Calabar – Herói ou Traidor? 
A sociedade açucareira foi o grande motor da economia da colônia nos 
primeiros tempos. A Coroa até relegava a propulsão da produção a 
parceiros econômicos. A Holanda tinha, acima de tudo, a 
responsabilidade do investimento, do refino, do transporte e da 
comercialização do produto na Europa. Isso irá possibilitar que a 
Holanda enquanto parceira comercial da coroa portuguesa permaneça 
com amplos interesses até o controle dos territórios metropolitanos e 
coloniais por parte da Espanha. Era o início da União Ibérica ou 
Hispania, período relacionado a crise de sucessão do trono português 
pelo desaparecimento de dois Reis D. Sebastião (que desaparece 
numa batalha no Marrocos sem deixar herdeiros) e seu sobrinho D. 
Henrique (que também deixa o trono sem herdeiros) 
O período da Hispania, de 1580 a 1640, representa para o Brasil e 
Portugal um período bastante conturbada que afeta diretamente os 
privilegiados na produção do açúcar e gera como consequência a 
tomada dos territórios brasileiros pela Holanda (Invasões Holandesas) 
e o declínio da produção do açúcar e sua respectiva substituição pela 
economia aurífera, como descobrimento do Ouro em 1693 na região 
das Minas Gerais. 
Chamava-se Domingos Fernandes Calabar, um mulato filho de dona 
Ângela Álvares, nascido na Vila de Porto Calvo. Estudado, rico e com 
espírito de liderança, avançou no seu tempo. Mesmo assim, ainda era 
discriminado pelos brancos portugueses e brasileiros, por sua condição 
de mestiço e filho bastardo. Possuía engenhos de açúcar, muito 
dinheiro, estudou em Olinda, era culto e muito bem informado. 
Quando da Invasão Holandesa à Porto Calvo, lutou ao lado de seus 
conterrâneos contra esses invasores. Mas logo foi percebendo que eles 
tinham um projeto de colonização muito mais avançado e ético do que 
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o dos portugueses. Não contou conversa: passou para o lado dos 
holandeses. 
Começa então, a história desse bravo alagoano, que alguns 
historiadores afirmam ter sido traidor, mas que ele próprio nunca se 
considerou assim. Deixou uma carta-testamento, mostrando a sua 
decisão. Nela, alegava que não se considerava traidor, porque o Brasil 
não era uma pátria. E que o projeto dos holandeses era muito melhor 
para os brasileiros. Mas não foi compreendido, obviamente. 
Calabar viveu as experiências mais desastrosas daquelas época. 
Acompanhava os holandeses em suas batalhas, destruindo engenhos e 
fazendas. Sabia que tudo aquilo que acontecia era porque seus 
conterrâneos não aceitavam a proposta de colonização dos invasores, 
optando mesmo pelos portugueses, já que eram descendentes destes. 
Por conhecer Recife e seu avançado projeto de desenvolvimento 
econômico-cultural, queria que tudo aquilo fosse implantado em Porto 
Calvo e Penedo. Não conseguiu. Seus conterrâneos venceram. Mas ele 
deixou bem patente em sua carta, que preferia derramar seu sangue 
por uma causa justa, que ele abraçou, do que viver sob o domínio 
mesquinho dos portugueses, que só queriam mesmo explorar os 
brasileiros. Foi morto e esquartejado, com partes do seu corpo 
distribuídas pelas ruas da Vila de Porto Calvo. Mas, os holandeses 
conseguiram recuperar tudo e fizeram o seu enterro com honras 
militares. Passou para a História da Holanda, como herói. A História do 
Brasil, o considera um traidor. Mas era escrita pelos portugueses. Na 
Holanda, ele é um herói. Existe até uma praça no Centro de Amsterdã, 
com seu nome, além de livros e documentos que comprovam as idéias 
de colonização desse bravo alagoano. 
Hoje, Porto Calvo só tem como monumentos para lembrar a sua 
importância na História de Alagoas, a Igreja Matriz de Nossa Senhora 
da Apresentação, inaugurada em 1610 (existe no alto de sua fachada, 
essa data), com seu alta-mor em madeira, originalíssimo e as imagens 
da sua padroeira, de Cristo crucificado, de Nossa Senhora da Conceição 
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e outras. É a mais antiga freguesia de Alagoas. Para lembrar Calabar, 
existem: o chamado Alto da Forca, onde dizem que ele foi enforcado, o 
Fórum, além de um clube, um bar e restaurante que levam o seu 
nome. Mas, o importante mesmo é a luta dos filhos da terra para 
resgatar a memória desse conterrâneo. São publicados livros e outros 
periódicos, enaltecendo a sua figura. A esperança é de que um dia, ele 
seja finalmente considerado Herói Nacional, como foi Zumbi, outro que 
os portugueses também consideravam como traidor. 
 
Rumo à Independência 
O progresso do Sul da Capitania de Pernambuco conhecido como 
Alagoas, fez com que sua população fosse logo desejando a 
independência. Mas nada era fácil. No início da segunda década do 
século XVIII, foi criada a Comarca de Alagoas, sob a jurisdição da 
Capitania de Pernambuco, e nomeado o primeiro Ouvidor Geral: José 
da Cunha Soares. 
Por não existir cursos jurídicos no Brasil, esse cargo era destinado a 
quem fosse mais letrado, com espírito de liderança. Transformava-se 
em comandante da Justiça, da Política e da Economia. E no período de 
mais de um século, entre 1711 a 1817 (ano da sua emancipação 
política), Alagoas teve 17 ouvidores-gerais. 
Foi exatamente na segunda metade do século XVIII, que surge Maceió, 
de um engenho de açúcar denominado Massayó. A palavra é de origem 
indígena, significando terra alagadiça, que deu origem ao riacho com o 
mesmo nome. O engenho, de propriedade de Apolinário Fernandes 
Padilha, localizava-se na atual Praça Dom Pedro II, com o engenho 
propriamente dito, a casa de purgar, a senzala, a casa grande e a 
capelinha em louvor a São Gonçalo, que ficava no meio do morro do 
Jacutinga (Ladeira da Catedral). Durou poucos anos. Ficou em fogo 
morto e o povoado foi crescendo. Surgiram novos moradores, que logo 
foram construindo suas casas e formando um arruado. Em 5 de 
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dezembro de 1815, o povoado é elevado a categoria de Vila, 
desmembrando-se da Vila de Alagoas (atual Marechal Deodoro).Surgiram ainda as povoações de Anadia, Atalaia, Camaragibe, São 
Miguel dos Campos, Poxim e Porto de Pedras. A Comarca tinha como 
sede a vila de Alagoas, atual Marechal Deodoro, uma espécie de 
capital, já com suas Igrejas monumentais, ainda hoje preservadas. 
Penedo, Porto Calvo e Santa Luzia do Norte, eram as outras vilas, que 
continuavam crescendo e atraindo novos moradores. 
Ainda no século XIX existiam em Alagoas as vilas de Água Branca, Mata 
Grande, Pão de Açúcar, Traipu, Piranhas, Palmeira dos Índios, São 
Miguel dos Campos, Quebrangulo, Assembleia (Viçosa), Imperatriz 
(União dos Palmares), São José da Laje, Murici, São Luiz do Quitunde, 
Coqueiro Seco e Pilar. 
 
A Traição que deu Certo 
A Comarca de Alagoas já esbanjava progresso, provocando ciumeira 
em meio as lideranças da Capitania de Pernambuco. Nas duas 
primeiras décadas do século XIX, já apresentava-se em condições de se 
tornar independente. Mas os donatários não aceitavam. Afinal, era 
daqui que eles abocanhavam uma boa parcela da arrecadação de 
impostos, além da grande produção de açúcar dos nossos engenhos. 
O Ouvidor Batalha, sempre sonhava em transformar Alagoas em 
Capitania e, ser o seu primeiro governador. Aproveitou a Revolução 
Pernambucana, que tinha como objetivo libertar-se de Portugal e, 
iniciou seu plano. Os revolucionários já haviam conquistado o apoio da 
Paraíba e Rio Grande do Norte. Faltava Alagoas e Sergipe (Comarcas), 
além da Bahia e Ceará. 
Um emissário foi enviado do Recife a Salvador, para tentar conquistar 
esse tão sonhado apoio. Passando por Alagoas, propagava os ideais 
revolucionários e conquistava alguns adeptos. Mas o Ouvidor Batalha 
não se encontrava na sede da Comarca e sim na vila de Atalaia, já em 
campanha em prol da emancipação política de Alagoas. 
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O emissário que trouxe a notícia para Alagoas e seguiu para Sergipe e 
Bahia, foi o Padre Roma. Aqui, encontrou um apoio de peso: o 
Comandante das Armas, Antonio José Vitoriano Borges da Fonseca, 
que atendendo ao pedido do Padre Roma, autorizou a destruição dos 
símbolos de Portugal e colocou em liberdade todos os presos. Passou 
por cima da autoridade maior da Comarca: o Ouvidor Batalha. Escreveu 
ao Conde D’Arcos, governador da Bahia, informando sobre os ideais da 
Revolução Pernambucana e seu apoio, pedindo o dele. Não conseguiu. 
Arrependeu-se de ter seguido os conselhos do Padre Roma. Era tarde 
demais. 
Em Atalaia, o Ouvidor Batalha, aproveitando os tumultos, escreve ao 
Conde D’Arcos comunicando-lhe das medidas que resolveu tomar: 
desmembrou a Comarca de Alagoas da jurisdição da Capitania de 
Pernambuco, enquanto durasse a revolução, e auto-nomeou-se 
governador provisório. Contou com o apoio que precisava, e venceu a 
batalha. Dias depois, Alagoas separou-se definitivamente de 
Pernambuco. Mas ele não conseguiu o que tanto sonhava: ser seu 
primeiro governador. 
O decreto assinado por Dom João VI, em 16 de setembro de 1817, 
emancipando Alagoas de Pernambuco, transformando a Comarca em 
Capitania, estabeleceu como capital a vila de Alagoas (atual Marechal 
Deodoro) e nomeando como primeiro governador, o português 
Sebastião Francisco de Melo e Póvoas, que acabara de governar a 
Capitania do Rio Grande do Norte. 
Ao desembarcar no porto de Jaraguá, o governador encantou-se com a 
vila de Maceió. Foi recebido com muitas festas e, hospedou-se no 
sobrado de um português na esquina das ruas do Comércio e 
Livramento, onde hoje funciona a Ótica Flamengo. 
Sua posse aconteceu na matriz de Nossa Senhora da Conceição, na 
capital, numa solenidade com muita pompa, autoridades diversas e 
muitos discursos. Mas o governador não gostou muito do aspecto 
urbano da antiga vila, sempre priorizando Maceió. 
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E essa opção pela vila ao invés da capital, fez com que várias 
autoridades protestassem. Os de Alagoas (Marechal Deodoro) não 
aceitavam sob hipótese alguma, a instalação de repartições públicas na 
vila de Maceió, enquanto o próprio governador e várias outras 
personalidades políticas, econômicas e culturais, preferiam mesmo que 
os principais órgãos públicos fossem instalados em Maceió, por ser 
mais desenvolvida que a capital, possuir um movimentado porto e toda 
a infra-estrutura de uma capital. E assim foi feito. 
Melo e Póvoas instalou a Junta de Administração e Arrecadação da 
Real Fazenda, o Quartel Militar e a Alfândega. Ciumeira geral. 
Maceió crescia a olhos vistos. O governador, mandou que fosse 
elaborada uma planta urbana, para proporcionar um novo visual a vila. 
O traçado das ruas e das praças e os melhoramentos necessários. E 
assim surgiram as ruas do Comércio, do Sol, Livramento, Boa Vista, 
Moreira Lima, Augusta, Nova, Alegria e as praças Dom Pedro II e 
Martírios. O traçado continua o mesmo. Nunca houve alargamento, 
mudando apenas a arquitetura das casas. 
O governador afastou-se do cargo em fevereiro de 1822, retornando à 
Portugal. Criou-se uma junta governativa formada por Antonio José 
Ferreira, José de Souza Melo, Nicolau Paes Sarmento, Manoel Duarte e 
Antonio de Hollanda Cavalcante, que permaneceu até a independência 
do Brasil, quando a Capitania foi transformada em Província. 
 
A Província de Alagoas 
Quando da independência do Brasil, Alagoas já esbanjava progresso, 
tendo o açúcar, como seu carro-chefe. Dezenas de engenhos 
produziam e exportavam através do Porto de Jaraguá. Os governadores 
passaram a ser denominados presidentes. E o primeiro deles, nomeado 
por Dom Pedro I, foi o pernambucano Nuno Eugênio de Lossio, que 
instalou o Conselho de Governo e autorizou as eleições para deputados 
e senadores. 
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O segundo presidente, foi o mineiro Cândido José de Araújo Viana 
(Marquês de Sapucaí), que ficou no cargo apenas cinco meses, período 
em que instalou o Correio Provincial. É substituído por Miguel Veloso 
da Silveira Nóbrega e Vasconcelos, que determinou a criação de 
câmaras municipais nas cidades e vilas. 
E novos governantes, chegavam e saiam em pouco tempo. Eram 
baianos, pernambucanos, mineiros, paulistas, gaúchos e de outras 
províncias, que não se adaptavam por aqui e terminavam renunciando. 
Novas vilas foram surgindo nessa primeira fase de Alagoas como 
Província. Em 13 de outubro de 1831, emanciparam-se de Atalaia, as 
vilas de Assembleia (atual Viçosa) e Imperatriz (União dos Palmares), 
ambas na zona da Mata alagoana. 
Também nesse período, ocorreu a chamada Cabanada Selvagem, 
revolta dos índios de Jacuípe, na região Norte da Província, contra o 
assassinato de seu cacique, provocando muitos conflitos e 
assassinatos, além de destruição de engenhos e fazendas. 
Em 1831, surge o primeiro jornal impresso de Alagoas, mais 
precisamente em Maceió: o Iris Alagoense. Teve duração curta, porque 
o coronelismo imperava naquela época. Seu principal redator sofreu 
um atentando, escapando por milagre e, decidindo-se mudar-se para 
Recife. Depois, o nome foi substituído por O Federalista Alagoense, já 
impresso em Maceió. A vila já estava com ares de capital. Tinha até 
jornal, enquanto a capital propriamente dita (Alagoas, atual Marechal 
Deodoro) entrava em processo de decadência. Em 1849, mais uma 
conquista de Maceió (já como capital): o primeiro estabelecimento de 
ensino secundário: Lyceu Alagoano, ainda hoje funcionando com nome 
original, depois de se chamado Colégio Estadual de Alagoas. 
Nos primeiros anos do Brasil independente, Alagoas “fervia”. Eram 
constantes conflitos entre brasileiros e portugueses. A Confederação 
do Equador, que explodiu em Pernambuco, chegou por aqui, tendo o 
apoio do senhor de engenhoManuel Vieira Dantas e sua mulher Ana 
Lins, de São Miguel dos Campos. Houve muita perseguição aos 
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revolucionários e ela entricheirou-se em seu engenho em São Miguel 
dos Campos, lutando até o fim do conflito, tornando-se uma das 
heroínas de Alagoas. 
A notícia da abdicação de Dom Pedro I, chegou a Alagoas e provocou 
mais brigas entre brasileiros e portugueses. Os primeiros, 
representando a imensa maioria, em caminhada pelas ruas de Maceió, 
atacam o Quartel, apoderando-se de munições e chegam a prender 
lideranças portuguesas. Os manifestantes apoiavam a abdicação, por 
ser Dom Pedro II, brasileiríssimo. Enfim, o trono do Brasil, com um 
brasileiro. 
Dessa época (1822-1831), restam poucas reminiscências: Igrejas e 
conventos em Penedo, Marechal Deodoro e Porto Calvo. Em Maceió, o 
antigo forte de São João, atualmente um quartel do Exército, no Centro 
da cidade; o próprio traçado das ruas (obviamente que, com as 
edificações com arquiteturas diferentes); o porto de Jaraguá: a Igreja 
daquele bairro e, só. Tudo foi mudando aos poucos, preservando-se 
apenas os monumentos mais importantes. 
 
Maceió, capital de Alagoas 
Desde os tempos do primeiro governador, Sebastião Francisco de Melo 
e Póvoas, Maceió já esbanjava progresso, provocando ciumeira entre 
os habitantes da velha Alagoas, a capital da Capitania e depois 
Província. O próprio governador, passava mais tempo na vila do que na 
capital. E, decidiu instalar as principais repartições públicas em Maceió. 
As mais importantes lideranças políticas daquela fase, eram: Tavares 
Bastos (na capital) e Cansanção de Sinimbu (em Maceió). Chegou-se a 
se formar uma verdadeira guerrilha, que ficou conhecida como Lisos e 
Cabeludos, provocando tumultos generalizados e mortes. 
No governo de Agostinho da Silva Neves, a situação agravou-se. Ele 
também permanecia mais em Maceió do que na capital da província. O 
ano de 1839 foi o pior de todo o período dessa administração. O 
presidente, chegou a ser preso por ordem do major Mendes da 
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Fonseca, na capital. Solto, encaminhou-se ao porto do Francês, com 
ordem para deixar Alagoas. Mas pediu ao condutor do navio que 
fizesse o caminho de volta, dirigindo-se ao porto de Jaraguá. Ao 
chegar, foi recebido com muita festa pela população, liderada por 
Sinimbu, já auto-nomeado presidente da Província, enquanto na 
capital, Tavares Bastos, considerava-se também, presidente. Mas o 
titular, resolveu a questão de uma vez por todas. No dia 9 de dezembro 
de 1839, assina o decreto transferindo a capital da velha Alagoas 
(Marechal Deodoro) para Maceió. O fim de um sonho que tornou-se 
realidade, por justiça mesmo. Afinal, a vila era muito mais importante 
do que a capital da Província. 
A cada dezembro, os maceioenses comemoraram duas datas festivas: 
o dia 5, lembra 1815, quando o povoado foi elevado a categoria de vila 
(município de hoje) e o dia 9, a transferência da capital, a data mais 
importante, porque era o acontecimento mais esperado naquela 
época. 
 
Guerras e Guerrilhas 
Alagoas sempre foi palco de conflitos e sua fama de terra violenta 
correu o país. No século XIX, surgiram vários desses conflitos. Na briga 
pela disputa da capital entre Marechal Deodoro e Maceió, consagrou-
se dois alagoanos: Cansanção de Sinimbu e Tavares Bastos. Surgiu daí a 
chamada Guerra dos Lisos e Cabeludos, respectivamente 
conservadores e liberais. Era uma espécie de partidos políticos. 
Os Lisos, comandados por Tavares Bastos, denunciavam que 
Cansanção de Sinimbu queria dominar Alagoas, formando uma 
verdadeira oligarquia. O dia 4 de outubro de 1844, foi “um dia de cão” 
em Maceió. Os Lisos invadiram Maceió e comandaram um tiroteio no 
Centro, que durou duas horas. 
Ainda na década de 1840, surgem os temidos irmãos Moraes, que, para 
vingar a morte do pai, formaram um bando semelhante ao de Lampião, 
espalhando o terror por toda Alagoas. Para alguém morrer, bastava 
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que o bando desconfiasse que este pertencia ao partido dos 
Cabeludos. A primeira vítima foi um tenente de Quebrangulo. 
Os irmãos Moraes, dividiam o ódio pelos assassinos do pai, aos 
integrantes dos Cabeludos. Tentaram matar o Barão de Atalaia, que 
diziam encontrar-se no Sertão de Pernambuco. Não encontraram o 
alvo, mas mataram um rapaz inocente, que estava na casa onde 
deveria se encontrar o Barão. 
Durante a Guerra do Paraguai, Alagoas enviou cerca de 3 mil homens 
para combate, inclusive toda a família Mendes da Fonseca (Deodoro e 
seus irmãos). A mãe, dona Rosa da Fonseca, vibrava com as notícias de 
vitória do Brasil, e demonstrava essa alegria, exibindo panos brancos 
nas janelas de sua casa na velha cidade de Alagoas. Mas três de seus 
filhos morreram em combate. Para ela, um ato de heroísmo. No final, o 
Paraguai ficou destruído. O que importava para o Brasil era mesmo 
acabar com aquele pequeno país, que na época adotava um sistema 
semelhante ao socialismo do século XX. O povo paraguaio, sempre teve 
espírito cívico. Quando surge algum ditador, procura derrubá-lo do 
poder. Assim fizeram com Alfredo Stroesner e mais recentemente com 
Raul Cubas. Ambos se refugiaram no Brasil. 
Nas décadas de 1920/30, o terror foi espalhado no Sertão alagoano 
com as sucessivas passagens de Lampião e seu bando, que evitavam as 
cidades por onde o trem passava. Mas, foi a polícia alagoana, que 
conseguiu acabar com essa fase de violência, matando Lampião, Maria 
Bonita e quase todos os cangaceiros, numa gruta, do outro lado do rio 
São Francisco, na localidade conhecida como Angicos. 
Os chefes políticos sempre dominaram Alagoas, espalhando a violência 
em várias regiões. Sempre ficavam impunes. Detinham o poder político 
e econômico. Muitos episódios marcaram a História de Alagoas, 
envolvendo famílias violentas. Os Malta, de Mata Grande, fizeram 
história, brigando entre si: Maia, de Pão de Açúcar; Teixeira, de Chã 
Preta; Mendes, de Palmeira dos Índios; Novaes, de Santana do 
Ipanema; Fidelis, de Pindoba; Calheiros, de Flexeiras; Tenório, de 
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Quebrangulo (de onde surgiu o lendário Tenório Cavalcante, mais 
conhecido como o “homem da capa preta”, que migrou para o Rio de 
Janeiro, aterrorizando a Baixada Fluminense, com sua famosa 
metralhadora: a Lourdinha. 
Essas famílias, brigavam entre sí, por questões de terra e política. 
aterrorizando os moradores das cidades, que, temiam ser mortos. Em 
Mata Grande, os Malta brigavam entre primos, irmãos, tios e outros 
parentes, provocando tiroteios em plena rua. Ninguém se atrevia a 
abrir a porta. Sempre foram temidos e se orgulhavam disso. Pindoba, 
sempre foi dominada pelos Fidelis, que aterrorizaram a pequena 
cidade. Não é mais. Muitos morreram, outros estão presos e, os 
sobreviventes, já não seguem o que seus antecessores fizeram. 
Matavam friamente os pobres coitados, que “olhassem atravessado” 
para um deles. Mas, essa fase também vem acabando. Muitos desses 
valentões já morreram, e os descendentes, já não mais seguem essa 
atitude burra, em desuso no mundo moderno em que vivemos. 
Outro episódio que ficou na história, ocorreu mais recentemente, 
envolvendo as famílias Calheiros e Omena, com sucessivos crimes, 
aterrorizando Maceió. O cabo Henrique, da Polícia Militar, para vingar 
a morte do pai, juntou seus irmãos (Omena) para matar os integrantes 
de uma porção violenta da família Calheiros, que assinam-se Cavalcanti 
Lins, com base na cidade de Flexeiras. Assassinatos sucessivos entre as 
duas partes, erammanchetes dos jornais na época. 
No Sertão alagoano, surgem dois personagens, que aterrorizaram o 
Estado com sucessivos crimes: Floro e Valderedo. Iniciaram a matança 
por questão de vingança, e aos poucos, os assassinatos foram se 
sucedendo, culminando com uma espécie de bando, quase semelhante 
ao de Lampião. 
No final do século passado, surgiu um outro bando, que aterrorizou o 
Sertão. Era de Marcos Capeta, um jovem revoltado, que assassinou 
dezenas de pessoas em várias cidades de Alagoas, Sergipe, Bahia e 
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Pernambuco. Sempre conseguiu fugir da polícia. Mas foi morto pela 
PM baiana em agosto de 1999. 
Vez por outra, surgiam famílias que dominavam a política e a economia 
em seus municípios, envolvendo-se em questões de terras, culminando 
com muita violência. Aos poucos, o coronelismo vai acabando, graças a 
democracia, com a liberdade de imprensa e as denúncias feitas, 
envolvendo figuras importantes do mundo político e econômico, que 
acabam abandonando esse lado violento e engajando-se ao mundo 
globalizado, competitivo e criativo, ao lado dos chamados emergentes, 
que são pessoas pobres, que cresceram economicamente e se 
tornaram líderes e poderosos. 
 
Os Pioneiros e a Industrialização em Alagoas 
Na época da colonização de Alagoas, os pioneiros foram: o alemão 
Cristovão Lins, fundador dos três primeiros engenhos, em Porto Calvo, 
e o português Antônio de Barros Pimentel, que fundou engenhos nos 
vales dos rios Camaragibe e Santo Antônio. Depois foram surgindo 
novas famílias, como os Mendonça, com seus engenhos de açúcar e 
fazendas de criação de gado. 
Mas só no século XIX, surge a indústria urbana em Alagoas. Em 1859, o 
Barão de Jaraguá, fundou a primeira fábrica de tecidos: a de Fernão 
Velho, ainda hoje existente. É o avanço da industrialização em Alagoas. 
Depois foram surgindo outras fábricas têxteis, como a de Saúde, da 
família Nogueira (Maceió): Vera Cruz, em São Miguel dos Campos 
(Contonifício João Nogueira) ainda funcionando: Alexandria, em 
Maceió, da família Lôbo e outras em Penedo e Pilar. Rio Largo cresceu 
com o avanço dessa atividade, através do comendador Teixeira Basto 
(duas fábricas), avançando mais ainda depois da administração do seu 
genro Gustavo Paiva, um verdadeiro construtor do progresso de 
Alagoas, que implantou naquela cidade, a mais avançada legislação 
trabalhista do Estado. Os operários tinham moradia, com conforto e 
toda infraestrutura (energia elétrica e água canalizada), escolas de boa 
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qualidade para os filhos; assistência médica; cinema, clube social, 
quadras de esportes, com piscina (uma novidade na época) e a garantia 
de salários e dia e todos os benefícios sociais possíveis. 
Outro pioneiro da indústria em Alagoas, foi o português Jacintho Nunes 
Leite, que se estabeleceu em Bebedouro (ainda existe o casarão da 
família, bem preservado). Instalou indústrias (foi proprietário da 
fábrica de Fernão Velho); Os primeiros bondes da capital; energia 
elétrica e água canalizada, em Bebedouro e outros benefícios. O bairro, 
era naquela época (e até as primeiras décadas do século XX) o mais 
nobre de Maceió. Verdadeiras mansões emolduravam a paisagem que 
margeava a lagoa Mundaú, proporcionando um bonito visual aos 
passageiros do trem que passava pelo local. 
Na última década do século XIX, é a vez das usinas. Já havia sido 
abolida a escravidão. Os engenhos estavam enfrentando uma grave 
crise, com os escravos livres, tendo que ser remunerados. Os velhos 
coronéis abandonavam a atividade, procurando outras mais rentáveis e 
que empregasse menos gente. 
Em 1891, surge a primeira usina de Alagoas: a Brasileiro, em Atalaia, 
fundada pelo Barão de Vandesmant, um francês, que apaixonou-se por 
Alagoas e aqui implantou uma moderna tecnologia, com a usina 
dispondo de toda a infraestrutura tecnológica importada da Europa. E, 
deu um novo perfil a atividade: os trabalhadores passaram a ser 
operários, com moradia bem estruturada, assistência médica, 
extensiva aos familiares: legislação trabalhista avançada e 
aposentadoria. A usina funcionou até 1958. 
Na mesma década de 1890, surge a segunda usina: Leão, no antigo 
Engenho Utinga, em Rio Largo. A família Amorim Leão, também avança 
no tempo, implementando um novo estilo de produção, com base no 
incentivo ao trabalhador. Venceu. Ainda hoje a usina é comandada 
pela família, já na quinta geração e misturada a família francesa 
Dubeaux. 
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A terceira usina fundada em Alagoas, foi em São José da Laje: Serra 
Grande, aproveitada de um antigo engenho banguê. O coronel Carlos 
Benigno Pereira de Lyra, foi outro pioneiro na industrialização 
alagoana. Pernambucano, fixou-se com a família naquela região e fez 
História. Dava total assistência aos seus empregados, produzia um 
açúcar de excelente qualidade, e já com a usina em poder de seu filho, 
Salvador Lyra, na década de 1930, lançou-se no mercado, o álcool 
como combustível, com a marca Usga (iniciais da usina). Foram 
instaladas bombas em São José da Laje, Maceió e Recife. Um sucesso, 
que incomodou as multinacionais. Com o poder de pressão, esses 
estrangeiros exigiram do então presidente Getúlio Vargas que acabasse 
com esse projeto da usina alagoana. Foram atendidos. E o álcool 
deixou de ser combustível, para só retornar na década de 1970, com a 
criação do Proálcool (Programa Nacional do Álcool), pelo então 
presidente Ernesto Geisel. 
Também no início do século XX, surge outro verdadeiro pioneiro da 
indústria em Alagoas: o cearense Delmiro Gouveia, que havia saído do 
Recife, depois que provocou muita confusão por lá, fruto de sua 
audácia, inteligência e criatividade, que incomodavam os empresários 
e políticos locais. Lá, na capital pernambucana, ele fundou o Mercado 
do Derby, uma espécie de shopping center do século XIX. 
Desembarcando em Penedo, navegou rio acima até chegar próximo à 
Cachoeira de Paulo Afonso, encantando-se com a paisagem e resolvido 
ficar. Bem próximo, no povoado Pedra, fundou a primeira fábrica têxtil 
do Sertão alagoano. Também incomodou os estrangeiros, já que 
concorria com a linha Corrente (inglesa). Implantou uma verdadeira 
revolução industrial em plena região da seca. Venceu. Pedra tornou-se 
uma cidade industrial, com a vila operária e toda a infraestrutura 
moderna, onde os operários eram bem tratados pelo patrão, 
recebendo toda assistência social possível. Luz elétrica, um avanço no 
início do século XX. Nem a capital dispunha desse benefício. E Delmiro 
levou a energia elétrica a Pedra, através da Cachoeira de Paulo Afonso, 
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onde ele fundou a primeira Hidrelétrica do Nordeste, hoje ainda 
esbanjando progresso e tecnologia. Foi assassinado em 10 de outubro 
de 1917, quando lia jornal na varanda de seu chalé. O crime chocou 
Pedra e todo o Sertão alagoano. Dois suspeitos, foram presos (ex-
empregados da fábrica). Mas a dúvida continuava. Ninguém achava 
que fossem aqueles pobres coitados, admiradores do ex-patrão e até 
compadres. Tinha “costa quente” por trás de tudo. Mas foram esses 
ex-operários que pagaram a conta. Um morreu na cadeia e o outro 
ficou até o fim da sua pena. Mas a família nunca se conformou e 
reabriu o processo, já depois dele morto. Venceu. Foi a primeira 
sentença pós-morte, onde o culpado foi julgado inocente. Coisas de 
Alagoas mesmo. 
A fábrica de Delmiro Gouveia passou por vários donos. Na década de 
1980, chegou ao estágio de pré-falência, levando o proprietário ao 
suicídio. Mas, recuperou-se.Foi adquirida pelo empresário Carlos Lyra, 
e hoje é uma das mais modernas do país. 
 
A Era Vargas 
Quando o Brasil foi sacudido pela Revolução de 1930, levando o 
gaúcho Getúlio Vargas ao poder, Alagoas era governada por Álvaro 
Paes. A agitação política se restringia mais as grandes cidades. Inicia-se 
a fase dos interventores nomeados pelo presidente da República. 
Foram nove, em 15 anos da Era Vargas, que exerciam o cargo 
obedecendo as decisões do chefe da Nação. 
O primeiro desses interventores foi o sergipano Hermílio de Freitas 
Melro, que passou um ano no poder, sendo substituído por Luiz de 
França Albuquerque, alagoano de Viçosa, seguido do capitão Tasso 
Tinoco, Afonso de Carvalho e Temístocles Vieira de Azevedo. As 
eleições para deputados são realizadas em 1933, elegendo-se seis 
alagoanos: Manoel de Goes Monteiro, Izidro Teixeira de Vasconcelos, 
José Afonso Valente de Lima, Antonio de Melo Machado, Armando 
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Sampaio Costa e Álvaro Guedes Nogueira, representantes do Estado, 
na Assembléia Constituinte, que promulgou a Constituição de 1934. 
Quem mais se destacou como interventor, foi o jurista Osman Loureiro, 
também eleito governador nas eleições de 1935, permanecendo no 
cargo até 1937 quando deu-se o Golpe do Estado Novo. Nesse período 
de dois anos, como representante eleito pelo povo, fez várias obras e 
liberou recursos para as áreas de educação, saúde e segurança pública. 
Depois, já na ditadura, voltou a ser interventor. 
Passaram ainda pela interventoria: José Maria Correia das Neves, Ismar 
de Goes Monteiro e Antonio Guedes de Miranda. Acaba assim a Era 
Vargas em Alagoas, iniciando-se o processo de redemocratização, com 
as eleições gerais de 1946. 
A ditadura de Vargas provocou muitas prisões de alagoanos, que 
defendiam a democracia. O escritor Graciliano Ramos, já famoso na 
época, foi preso no Rio de Janeiro. Esse episódio, gerou o livro 
Memórias do Cárcere, um best-seller. 
Apesar da ditadura, o povo adorava Getúlio, que implantou a 
Legislação Trabalhista, criou o salário mínimo (muito valorizado na 
época) e o voto da mulher. Alagoas viveu nas interventorias, 
satisfatoriamente. No Estado Novo não existia Congresso nem 
Assembléia. Portanto, gastos com deputados e senadores não era 
preocupação do governo. A arrecadação servia para pagar 
suficientemente os salários dos funcionários públicos 
 
Fonte: ALAGOAS, Estado de. Disponível em: http://www.estado-de-
alagoas.com/historia-de-alagoas-guerras-e-guerrilhas.htm. Acesso em: 
Fev. de 2017. 
 
 
 
 
Exercícios Complementares – História de Alagoas 
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Estado de Alagoas: colonização, povoamento, sociedade e indústrias. 
 
1) No território alagoano, os engenhos de açúcar: 
 
a) dependiam da participação da mão-de-obra escrava. 
b)estavam dominados pelos interesses do mercado interno. 
c) conseguiram se desenvolver com a ajuda do trabalho indígena. 
d) pouco representaram para a economia do Nordeste. 
e) tiveram seu auge na economia do século XVI. 
 
2) Minha profissão é ser alagoano, já que, no momento, estou sem 
trabalho e passo os meus dias jogando baralho. Sou um homem do 
povo. Meu nome é ninguém. 
Ledo Ivo, Calabar (Um poema dramático) 
 
Analisando a formação e povoamento de Alagoas, podemos afirmar 
que: 
a)Penedo foi um dos primeiros povoamentos colonizados, fundado em 
1575, dando inicio à civilização do couro. 
b)Porto Calvo foi o primeiro povoamento na zona da mata, baseado no 
trabalho escravo de índios, onde a cultura da cana de açúcar foi 
iniciada, mas logo substituída pela criação de gado. 
c)A civilização de couro, em Alagoas, se inicia com a expansão da 
colonização de Penedo, que não conheceu a escravidão negra e sim a 
servidão do índio de aldeia, baseada na lavoura da cana de açúcar e 
dos seus engenhos. 
d)Fundada como Vila Madalena de Sumaúna (hoje, Marechal 
Deodoro), teve seu povoamento fortalecido por sua proximidade com 
o mar, onde servia de entreposto para o transporte de gado e açúcar. 
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e)Em Porto Calvo o povoamento ocorreu movido pela força do 
trabalho escravo, desenvolvendo a civilização do couro (expressão do 
historiador Capistrano de Abreu). 
 
3) No século XVII, no atual território do estado de Alagoas, ocorreu a 
maior revolta de escravos realizada no Brasil e que se tornou 
célebre pela capacidade de estruturar economicamente a 
comunidade de libertos e de resistir ao cerco dos senhores e das 
autoridades. 
Esse importante fato 
histórico corresponde 
A) à Revolta de Penedo, cujo líder foi Duarte Coelho. 
B) à Revolta dos Emboabas, sob a liderança Caramuru. 
C) ao surgimento do Quilombo de Trindade, cujo líder foi Arariboia. 
D) à Revolta dos Malês, cujo líder foi Ganga. 
E) ao surgimento do Quilombo dos Palmares, cujo líder foi Zumbi. 
 
4) Tendo pertencido a Pernambuco na maior parte do período colonial 
brasileiro, Alagoas adquiriu autonomia em 1817, quando se 
transformou em província por decisão do governo central, sediado no 
Rio de Janeiro. Essa emancipação política da região foi 
interpretada como 
A) forma de incentivar a introdução da cultura da cana-de-açúcar na 
região. 
B) recompensa ao donatário Duarte Coelho por sua lealdade ao rei. 
C) estratégia para derrotar os quilombolas de Palmares. 
D) gesto de gratidão do rei pela luta do povo alagoano para 
expulsar os holandeses do Nordeste. 
E) represália do poder central à Insurreição Pernambucana de 1817. 
 
5) Movida por disputas pelo controle político da província de Alagoas, 
Maceió assistiu a um conflito, em que não houve participação 
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popular, mas que promoveu grandes tumultos para a população. O 
fato narrado acima pode ser descrito como: 
a)Guerra contra os papa-méis. 
b)Guerra dos cabanos. 
c)Cabanagem. 
d)Revolta dos lisos versus cabeludos. 
e)Revolta do Quebra-quilo. 
 
 
6) O Quilombo dos Palmares foi o mais célebre dos locais de 
resistência criados pelos africanos escravizados no Brasil. Assinale a 
alternativa abaixo que indica a localização correta do Quilombo dos 
Palmares: 
a) Serra da Mantiqueira 
b)Serra do Mar 
c) Serra da Barriga 
d) Serra da Canastra 
e) Serra dos Pirineus 
 
7) O quilombo dos Palmares se transformou em um importante fato 
histórico através do qual, atualmente, o movimento negro brasileiro 
buscar manter viva a memória da resistência dos africanos 
escravizados contra a exploração vivenciada durante toda a história de 
ocupação do território que hoje chamamos de Brasil. 
Sobre os fatos relacionados ao quilombo dos Palmares, indique a 
alternativa abaixo que está incorreta: 
a) Em 1694, sob a liderança do bandeirante paulista Domingos Jorge 
Velho, as forças oficiais começaram a impor a desarticulação de 
Palmares. 
b) O governador de Pernambuco, Aires Sousa e Castro, e Zumbi, 
importante líder palmarino, assinaram o chamado “acordo de 1678” ou 
“acordo de Recife”. 
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c) A prosperidade e a capacidade de organização desse imenso 
quilombo representaram uma séria ameaça para a ordem escravocrata 
vigente. Não por acaso, vários governos que controlaram a região 
organizaram expedições que tinham por objetivo estabelecer a 
destruição definitiva de Palmares. 
d) Instalado na serra da Barriga, atual região de Alagoas, Palmares se 
transformou em uma espécie de confederação, que abrigava os vários 
quilombosque existiam naquela localidade. 
e) Pelo acordo de Recife, o governo pernambucano reconhecia a 
liberdade de todos os negros nascidos em Palmares e concedia a 
utilização dos terrenos localizados na região norte de Alagoas em troca 
da promessa de que o quilombo não recebesse mais nenhum africano 
fugido. 
Letra B. O líder palmarino que assinou o acordo de Recife foi Ganga 
Zumba, e não Zumbi. 
 
GABARITO 
 
1. E) ao surgimento do Quilombo dos Palmares, cujo líder 
foi Zumbi. 
2. E) represália do poder central à Insurreição Pernambucana de 
1817. 
3. a) dependiam da participação da mão-de-obra escrava. 
4. a)Penedo foi um dos primeiros povoamentos colonizados, 
fundado em 1575, dando inicio à civilização do couro. 
5. d)Revolta dos lisos versus cabeludos. 
6. c) Serra da Barriga 
7. b) O governador de Pernambuco, Aires Sousa e Castro, e Zumbi, 
importante líder palmarino, assinaram o chamado “acordo de 
1678” ou “acordo de Recife”. 
 
 
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