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Revisão de TGP
Conceito de Direito Processual: é o conjunto de normas e princípios que regulamentam a função jurisdicional do Estado. 
*As funções do Estado são de natureza executiva, legislativa e jurisdicional. O processo se ocupa da função jurisdicional.
 - Função legislativa: elaborar leis de uma forma abstrata.
 - Função executiva: aplica as leis de uma forma parcial.
 - Função jurisdicional: decidir casos concretos via aplicação das leis em condição de imparcialidade.
O direito processual vai nos dizer o que devemos fazer quando um direito nosso for violado. Ele vai dar apoio ao direito material.
Posição Enciclopédica: (em qual categoria seria inserido o direito processual?)
Existe uma classificação que divide o direito em direito privado e direito público. 
 - Direito privado: regula as relações entre particulares (esses particulares interagem com uma relação de suposta igualdade - suposta igualdade porque uma parte é sempre mais fraca). Os ramos do direito que regulam essas relações (patrimoniais e extrapatrimoniais) são classificados como direito privado. Ex.: Direito Civil e Direito Empresarial.
 - Direito Público: regula as atividades do Estado e também regula a interação entre o Estado e o indivíduo. Os ramos do direito que são enquadrados como direito público são: D. Penal, D. Constitucional, D. Administrativo, D. Tributário, D. Previdenciário e etc.
O Direito Processual é um ramo do direito que será enquadrado no direito público (essa é a posição enciclopédica dele), ou seja, ele regula a interação entro o Estado e o indivíduo, mas para ser parte do direito público é preciso que o Estado atue em uma posição de supremacia em relação às partes. Significa dizer que ele tem o poder de arbitrar uma solução para o conflito, e, se preciso for, ele utiliza do seu poder coercitivo, da força, para fazer com que a solução dada por ele seja cumprida. 
O Direito Processual será considerado um ramo do direito público se o Estado interagir em uma posição de supremacia. Ex.: se um contrato é descumprido por uma das partes, a outra parte aciona o Estado, dando início a um processo com intuito de receber uma indenização. Nessa relação quem participa são as partes e o Estado na figura do juiz.
Obs.: o Estado não permite mais a autotutela da força, e ele passa a ter o monopólio da força.
Nos últimos anos estamos passando por um fenômeno de Constitucionalização do Direito. Significa que cada vez mais os ramos do direito passam a ser lidos e interpretados a luz da Constituição. Cada vez mais as normas típicas do direito público passam a ser aplicadas também para o direito privado. A influência cada vez maior do direito público no direito privado é chamada de Publicização do Direito Privado.
 Nessa versão mais pública do direito privado, os contratos têm que ser cumpridos desde que eles não sejam abusivos e sejam minimamente isonômicos (justo, equilibrado). O Estado vai intervir caso o contrato seja injusto, e vai tenta igualar a parte mais fraca à parte mais forte. O Estado vai limitar a liberdade contratual. 
Evolução científica do Direito Processual:
Atualmente o direito processual possui autonomia científica (assim como o DP, o DC e etc). Isso significa que ele possui conceitos e institutos próprios.
*Exemplos de Institutos típicos do direito processual:
 - recurso: é um instrumento de revisão das decisões judiciais, ele vincula o juiz a lei e também corrige os equívocos do juiz.
 - competência: atribuição/distribuição de funções, repartição de atribuições entre órgãos judiciários.
 - coisa julgada: é a imutabilidade da decisão, que surge com o esgotamento dos recursos cabíveis. Quando os recursos se esgotam a decisão entra em trânsito julgado.
Antigamente o D. Processual não possuía essa autonomia. O processo para a autonomia científica do direito processual:
 - 1ª fase: Fase Imanentista do Processo (D. Medieval até ½ do séc XIX): Nesses primórdios do direito o centro do sistema era o Código Civil. Não havia direito processual. Dentro do CC existem algumas normas procedimentais que eram associadas à idéia de burocracia. A doutrina costuma dizer que o processo era um mero apêndice do D. Civil, era uma pequena parte sem muita importância. Essas normas eram encaradas como sendo do direito privado porque pertenciam ao D. Civil. 
Então, o D. Processual na 1ªfase era do direito privado e não tinha autonomia científica. 
 - 2ª fase: Fase Científica (2ª metade do séc XIX): Foi uma ruptura com o modelo anterior. O grande marco é 1868. O autor Bullow escreveu uma obra que foi o marco dessa fase e ruptura com o movimento anterior. Ele desenvolveu a noção de que o processo deve ser encarado como uma relação jurídica que se desenvolve entre 3 sujeitos: o autor, o réu e o Estado (jurista), que atua em uma posição de supremacia. Com isso, o direito processual passou a ser encarado como direito público. E era preciso haver um esforço para construir conceitos e institutos para o processo. O direito processual dialoga com o direito material, mas não se confunde com ele.
 - 3ª fase: Fase instrumentalista do processo (2ª metade do séc XX): É o Estado atual. O direito processual é um instrumento à serviço do direito material, ele existe para dar efetividade ao direito material, e se preciso for utiliza a força pra isso. O marco dessa fase é a tomada de consciência de que o processo não tem fim em si mesmo, ele é um instrumento de apoio ao direito material e ele tem que alcançar bons resultados, pois só assim o processo se justifica (mas o processo não tem conseguido oferecer resultados, muitas vezes por causa da lentidão, da morosidade). A grande ponte dessa fase é identificar obstáculos e apontar soluções. O processo não tem oferecido bons resultados, e a preocupação dessa fase é identificar o que fazer para melhorar isso. Basicamente o problema é a lentidão, os processos demoram muito.
O grande marco dessa fase foi na década de 70, na Itália, onde se teve o desenvolvimento de um projeto chamado “Projeto Florença”, em que 2 professores atuaram: o Professor Mauro Cappellette e o Professor Bryant Garth. Eles conduziram uma pesquisa acadêmica que buscava identificar obstáculos que dificultavam o acesso à justiça e encontrar soluções para isso. O 1º momento dessa pesquisa foi um momento de diagnóstico, diagnosticar os reais problemas da justiça. Eles se preocuparam também em apontar soluções para os problemas encontrados.
Nesse projeto houve o desenvolvimento do que os 2 professores chamaram de “Ondas renovatórias do acesso a justiça”. Ou seja, os problemas e soluções foram divididos tematicamente em ondas. São elas:
 - 1ª Onda: como regra geral, o acesso à justiça custa caro. O processo é custoso por dois fatores: custas processuais e patrocínio jurídico. O somatório das custas processuais com o patrocínio jurídico é o que faz com que o processo seja caro.
-> O autor do processo tem que pagar uma taxa judiciária para dar início ao processo. As custas processuais funcionam como um freio a litigância aventureira,ou seja, serve para fazer o sujeito pensar duas vezes antes de dar início a um processo (o processo não pode ser barato porque senão as pessoas entrariam com processo por qualquer coisa). A lei também cria condições para aqueles não podem pagar as custas processuais.
-> O nosso sistema exige que para dar inicio a um processo a pessoa tenha um advogado, o patrocínio jurídico. A lei obriga que as pessoas tenham um advogado para processar porque elas precisam ter conhecimento jurídico, alguém para ajudar. Isso faz com que as pessoas que fazem parte do processo tenham as mesmas chances.
O efeito colateral que o custo alto do processo tem é que um grande contingente da população não terá condições de arcar com esses custos. Essas pessoas são chamadas pela lei de hipossuficientes. Então a 1ª onda se preocupa com o obstáculo econômico. Se a pessoa é hipossuficiente e tem um direito lesado é preciso identificar como driblar esse obstáculo.Para evitar que umas séries de lesões não cheguem ao Judiciário, foi estabelecido a isenção do custo de processo para os hipossuficientes, para essas pessoas é retirado o obstáculo financeiro. 
Essa 1ª onda influenciou também a CRFB/88, no art. 5º, LXXIV, a lei prevê a gratuidade de justiça para os hipossuficientes. A gratuidade da justiça é regulada por lei específica, a Lei 1060/50. Essa lei prevê uma figura chamada "afirmação de pobreza", ou seja, fixada a petição deve está uma afirmação que a pessoa realmente é hipossuficiente. Para frear um eventual abuso ou fraude, os juízes estão exigindo algum tipo de comprovação da real situação financeira do sujeito, mas isso não é exigência legal. Com a afirmação de pobreza e o comprovante de renda, o juiz vai analisar se concede ou não a gratuidade. Essa gratuidade vem para sanar os problemas das custas processuais, do primeiro elemento que faz o processo ser caro. 
E como resolver o problema do 2º elemento que faz o processo ser caro, o patrocínio jurídico? Os hipossuficientes também precisam de advogados. A 2ª medida que a lei toma é o patrocínio jurídico gratuito. No caso brasileiro o Estado arca com os custos do patrocínio jurídico via defensoria pública. É o defensor público quem vai ser o patrocínio jurídico do hipossuficiente. O defensor público tem que prestar assistência jurídica gratuita e integral (integral porque a assistência será dentro e fora do processo). 
Obs.: caso o hipossuficiente consiga gratuidade, ela será garantida até o final do processo. O novo CPC criou uma figura intermediária: se uma pessoa consegue arcar com os custos gerais do processo, mas surge um ato específico com o qual ela não consegue arcar, essa pessoa fica isenta desse ato. No Código antigo ou era isento de todo o processo ou não era. 
 - 2ª Onda: versa sobre os obstáculos organizacionais. É um 2º grupo de obstáculos que dificultam o acesso a justiça. O nosso processo tradicional é individualista, ele foi criado sobre o ponto de vista individual, foi pensado para resolver conflitos individuais, um sujeito litigando contra outro. Mas essa organização individualista traria problemas, porque nem toda lesão tem caráter individual, ou seja, existem lesões de ordem coletiva do direito, e isso seria um problema para o processo que tem caráter individual. Então, direitos de natureza coletiva que são lesados não seriam apreciados no Judiciário. Para superar esse problema, dentro do processo individual surgiu o processo coletivo. 
Processo coletivo: a lei passou a autorizar que certas entidades que fossem mais bem estruturadas e que tivessem mais recursos e informação pudessem ingressar em juízo com uma demanda tipicamente coletiva. Essas entidades vão propor o processo, são elas que vão representar a coletividade em juízo. Exemplo dessas entidades: MP, Defensoria Pública, Associação Civil, Entidades de Classe, OAB, Sindicato dos Trabalhadores.
Com isso mais um obstáculo é retirado, e além das pessoas hipossuficientes que têm direitos lesados, as lesões coletivas também poderão chegar ao Judiciário. 
A noção coletiva do processo traz como vantagem a economia processual (ao invés de vários processos serem julgados, apenas 1 será) e isonomia (harmonia de julgados, há um risco menor de decisões conflitantes).
 - 3ª onda: essa onda não se ocupa de um problema especificamente, ela vai ser uma onda mais ampla que as outras. Ela busca novos instrumentos que sirvam para a modernização do sistema e ela é chamada de “Novo Enfoque do Acesso a Justiça”.
Esse novo enfoque se manifesta de duas formas:
 A) Endoprocessual Olha para dentro do processo para encontrar novos instrumentos que possam ser utilizados para modernizar o processo como um todo. Nos últimos anos nós alcançamos dois instrumentos modernizantes:
 - JUIZADOS ESPECIAIS: (são regulados pela lei 9.099/95). Eles são responsáveis por julgar as pequenas causas, ou seja, as causas de menor valor e de baixa complexidade. Os processos que correm nos juizados especiais são gratuitos em 1ª estância, para que assim seja retirado o obstáculo custo benefício. Como os conflitos resolvidos nesses juizados são mais simples, os procedimentos também serão mais simples, mais informal, mais célere e terá o incentivo a chamada oralidade (vários atos podem ser praticados oralmente e não da forma escrita). O legislador usou essa perspectiva para que assim os conflitos de pequeno valor chegassem ao judiciário.
Nós temos os JEC’S, que são os juizados especiais civis, onde questões patrimoniais de baixo valor são julgadas. E também temos os JECRIM’S, que são os juizados especiais criminais, onde são julgados os crimes de menor potencial ofensivo. A diferença na prática entre os juizados especiais e os outros, é que nos especiais nós temos espaço para penas alternativas, como por exemplo, ao invés de prender, podemos cobrar multa.
Logo quando foram criados, os Juizados Especiais tiveram muito sucesso, principalmente os JEC’S, pois eles deram uma ampliação ao acesso à justiça. Mas atualmente, os juizados estão em crise, pois eles ficaram congestionados, eles não conseguem dar conta do número de demandas.
 - TUTELA ANTECIPADA: todo processo começa com a petição inicial e termina com a sentença, a questão é que do inicio ate o fim demora um tempo, que nós chamamos de tempo mínimo do processo. Porém existem certas situações nas quais a parte não poderá esperar esse tempo mínimo, pois ela se encontra em uma situação de urgência.
Para o direito, urgência significa risco de perecimento o direito, ou seja, risco de perder o seu direito. Temos como exemplo a saúde. E nesses casos é preciso um instrumento para resguardar essas situações.
Antigamente não havia nada, mas em 1994 foi criada TUTELA ANTECIPADA para driblar os males do tempo. A partir disso, quando temos uma situação de urgência a pessoa inclui na sua petição inicial um pedido de urgência e depois ela precisa provar a probabilidade da existência do seu direito, ou seja, provar que seu direito é pelo menos aparente e também provar o perigo da demora. Conseguindo provar essas duas coisas, o juiz concede a tutela antecipada. Mas isso não finaliza o processo. Depois de feito o que era urgente, o processo corre como qualquer outro, e a sentença que for dada vai servir para confirmar ou para revogar a tutela antecipada.
*Quando a tutela é revogada, todos os atos praticados devem ser desfeitos de forma de indenização ou de forma inatura.
Antes da tutela o juiz só julgava com base na certeza, mas agora ele pode correr riscos e decidir com base na probabilidade.
 B) Extraprocessual É um perspectiva externa ao processo. Nessa vertente a preocupação é o desenvolvimento dos chamados meios alternativos de solução de conflitos, ou seja, o processo não é o único meio de resolver conflitos. Criando outros meios, você acaba descongestionando o judiciário, pois as pessoas passam a ter mais opções. 
Todos esses meios alternativos encontrados tem em comum a “Cultura da Pacificação”, que é você criar incentivos para que soluções sejam criadas com base no consenso, acordo.
O modelo judicial é chamado de “Modelo de Adjudicação”, pois o Estado impõe a decisão judicial via emprego da força. E o modelo criado se chama “Modelo de Pacificação”, pois ele traz autonomia para as partes na construção da solução.
A vantagem desse novo modelo é que ele nos traz muito mais ganhos. Ganhos quantitativos (você reduz o número de processos que corre na justiça, ou seja, tem uma desobstrução dos canais judiciários) e ganhos qualitativos (nós temos mais propensão para o cumprimento espontâneo da solução, já que a decisão agrada as duas partes, pois a mesma foi construída pelas partes). 
*Críticas ao novo modelo: Owen Fiss faz um texto que aponta as críticas. Ele diz que as pessoas que vão negociar tendem estar em uma situação de desigualdade, então o acordo não vai ser tão “justo”, pois a parte mais forte pode impor sua vontade sobre a outra.
*Em 2010, o CNJ –que faz o controleexterno do judiciário, identifica problemas e busca soluções- cria a Res. 125, que previu a criação do CEJUSC’S (centro jurídico de solução de conflitos), ou seja, cada tribunal teria que criar setores para solucionar conflitos de modo consensual. E assim, todas as vezes que ocorre um conflito, as partes poderiam escolher entre o processo judicial ou CEJUSC’S’. Com essa resolução, isso se torna uma política comum. 
*Outro marco fundamental para o incremento desse método é o art. 3º, $ 3º do NCPC, que diz que os métodos consensuais devem ser incentivados por todos os operadores de direito.
*Também temos o art. 165, NCPC que reforça a Res. 125/10, ou seja, diz que os tribunais devem criar os CEJUSC’S, mas agora é com força de lei, antes era só a resolução.
Os meios alternativos criados são:
 -CONCILIAÇÃO: é o método consensual de solução de natureza que preza pela simplicidade e que por isso é utilizada pra conflitos mais singelos. A conciliação busca o meio-termo, significa dizer que cada uma das partes terá que fazer conceições recíprocas, ou seja, cada uma vai ter que ceder um pouco do queria inicialmente.
A conciliação pode ser exercida de duas formas: conciliação direta entre as partes (aquela conciliação espontânea, sem a intervenção do Estado, juiz, etc. As pessoas se encontram e resolvem) e conciliação guiada (a conciliação guiada pode ser via CEJUSC’S, que é quando a pessoa vai ao CEJUSC’S e eles indicam um conciliador que conduz essa pessoa de uma forma mais passiva, ele não se envolve tanto na solução. Ou então dentro do processo judicial, que é quando as partes dão inicio a um processo, mas dentro desse processo o juiz prevê a audiência de conciliação, onde as partes são guiadas e talvez haja a conciliação).
 -MEDIAÇÃO: também é um método consensual de solução de conflitos, porém é mais complexo e completo. Quando as partes querem fazer uma mediação elas vão para uma sessão de mediação que vai ser guiada por um mediador. O mediador tem o papel mais ativo na condução dessa sessão. Ele ouve as partes e tenta identificar as reais necessidades que as levaram lá, e ao fazer isso, ele atua auxiliando as partes a encontrarem um caminho. Ele não pode impor a solução, ele apenas indica. O que caracteriza a mediação é a autonomia das partes (a solução não é imposta a elas) e também o sigilo (ninguém vai ter acesso a solução, pois ela sigilosa).
*O processo judicial não possui sigilo.
A mediação é regulamentada pela lei 13.140/15 e essa lei prevê 3 modalidades de mediação:
MEDICAÇÃO EXTRAJUDICIAL: ocorre fora do processo judicial. Nela as partes podem designar um mediador de sua confiança que vai guiar a mediação. Se ao final das sessões as partes chegarem a um acordo, será lavrado um laudo de mediação (é um resumo do que foi discutido e da solução encontrada). Esse laudo serve como prova do teor do acordo, caso uma das partes não cumpra o que foi decidido, esse laudo ganha a eficácia de titulo executivo, que significa dizer que se o acordo não for cumprido a parte prejudicada por ir ao judiciário para pedir a execução do laudo. Ai então, o juiz vai ter a função de fazer valer o teor do acordo (ele não pode rediscutir o acordo).
Para ser mediador extrajudicial, a lei só exige que seja uma pessoa de confiança das partes e que possua a capacidade do mediador. O perfil desse mediador é escolhido pelas partes (se vai ser um advogado, engenheiro, psicólogo, etc). 
MEDIAÇÃO ADMINISTRATIVA: ela atua no âmbito administrativo e nesse âmbito deve haver setores internos de mediação, ou seja, você pode mediar com o Estado (é para o INSS, Detran e outros criarem setores de mediação).
MEDIAÇÃO JUDICIAL: dentro da estrutura do processo nós temos a possibilidade de ter uma audiência de mediação. Para o mediador judicial a lei prevê que tem que ter formação jurídica de no mínimo 2 anos e que também terá que passar por um curso de formação de mediador.
 -ARBITRAGEM: (é regulada pela lei 9.307/96 + 13.129/15). A arbitragem só cuida de questões patrimoniais, então, quando as partes estiverem em um conflito de natureza patrimonial, as partes podem celebrar um contrato de arbitragem e nesse contrato as partes podem escolher um arbitro privado que vai ter o poder de decidir o conflito com autoridade de decisão judicial. O arbitro tenta incentivar o acordo, mas se o acordo não for possível ele tem autoridade de decisão judicial.
A lei não prevê um perfil para o arbitro, ela só diz que tem que ser uma pessoa capaz e de confiança de ambas as partes.
As vantagens da arbitragem são: 
 × nós temos um instrumento mais rápido do serviço, já que o arbitro possui um tempo determinado por lei;
 × no contrato de arbitragem você pode prever uma clausula de sigilo;
 × temos um caráter mais consensual do que no processo normal, pois você pode definir quem vai julgar.
 × a arbitragem é uma forma mais especializada do conflito;
 × as partes podem negociar o procedimento (se vai ter recursos, etc).
A decisão do arbitro é irrecorrível ao judiciário e possui eficácia imediata (produz efeitos imediatos). Se uma das partes não cumprir a decisão do arbitro, a parte prejudicada leva a decisão ao judiciário para que ela seja executada ( de novo o juiz é um mero instrumento, ou seja, ele não pode rediscutir a decisão).
Fontes do Direito Processual:
Fontes do direito seriam aqueles materiais que o operador do direito utiliza como instrumento para conhecer, interpretar e suprir lacunas em relação as normas jurídicas. Nós temos uma classificação que divide as fontes do direito em:
 - FONTES FORMAIS DO DIREITO PROCESSUAL: são as fontes que tem caráter obrigatório. São materiais que o operador precisa utilizar. Consequentemente possui caráter vinculante, já que obriga o operador a utilizá-las. Como o nosso sistema jurídico é escrito, a nossa fonte formal por excelência é a lei lactu sensu.
As fontes formais do DP são:
Constituição ela é a principal fonte formal do direito. A nossa CF tem uma preocupação específica com o D. Processual, nela nós temos a chamada “tutela constitucional do processo”. A CF prevê os DF matérias e também os DF processuais, que são os direitos que o cidadão poderá exigir dentro do processo. Exemplos: garantia do contraditório, direito de ampla defesa, presunção da inocência, garantia da publicidade, garantia de duração razoável do processo, entre outros.
Ou seja, na nossa CF nós temos uma tutela constitucional do processo via previsão dos DF processuais, que por sua vez, constituem as garantias fundamentais do processo. É dessa forma que a CF funciona como nossa principal fonte formal do D. Processual.
Lei Federal o art. 22, I, CRFB diz que compete privativamente à lei federal legislar sobre processo. Ou seja, as leis estaduais e municipais não podem criar normas para o processo. A lei define isso porque caso contrário cada Estado e cada Município teria um D. Processual diferente. Então, a razão dessa lei é unificar os regramentos do processo para que ele seja igual em todo o país.
Lei Estadual tem uma pequena coisa a fazer sobre o processo. O art. 24, X e XI, CRFB diz que a lei estadual pode editar normas processuais complementares. Ou seja, ela não pode inovar o sistema, mas pode criar normas para complementar o sistema sem modificá-lo. Ela pode trazer normas para atender as peculiaridades do seu Estado, como por exemplo: trazer normas que digam o horário de funcionamento do fórum, criar um procedimento para desarquivar os autos do processo, etc.
Tratados Internacionais os T.I que versam sobre matéria processual são fontes formais do D. Processual.
Antigamente os T.I eram incorporados como lei ordinária federal. Mas a partir de 2004, os T.I que versam sobre DH em incorporados com hierarquia de emenda constitucional.
Então, o T.I que versa sobre o processo pode se encaixar nos dois lugares, dependendo do seu conteúdo. Vamos ter que analisar o teor da norma do processo que está no tratado.
*A maior parte dos casos, os T.I de processos,possuem caráter de emenda constitucional.
Regulamentos internos dos tribunais é uma lei de auto-organização dos tribunais. É uma lei que o próprio judiciário edita e que versa sobre sua organização. De certo modo, esses regimentos acabam desenvolvendo os processos.
ATENÇÃO: A medida provisória possui força de lei, mas não é fonte formal do processo, pois o próprio art. 62, CRFB veda que a medida provisória verse sobre D. Processual. Isso porque as medidas provisórias cuidam de situações de urgência e o processo não é tipicamente uma situação de urgência.
A medida provisória é fonte do Direito, mas não fonte do D. Processual.
 - FONTES MATERAIS DO DIREITO PROCESSUAL: são aquelas que não têm caráter vinculante, ou seja, não são obrigatórias. O interprete pode usar, mas ele não precisa usar essas normas. Elas costumam ser utilizadas para revelar o sentido, para interpretar e para suprir lacunas no ordenamento jurídico. Elas funcionam como um material de apoio para o sistema como um todo, ou seja, essa fonte ajuda o operador.
As fontes materiais do DP são:
Doutrina é composta pelas lições dos jurisconsultos sobre determinado tema jurídico. Elas servem para consultas cotidianas de estudantes de direito, os advogados na sua petição usa a doutrina como argumento de apoio, os juízes na sua sentença citam trechos de doutrinas para apoiar o seu argumento, etc. Ou seja, a doutrina é utilizada como um apoio.
Costume é uma conduta reiterada na sociedade que gera sensação de obrigatoriedade. Mesmo sem o mecanismo formal da vinculação, a sociedade, psicologicamente, entende que tal costume é obrigatório.
*O costume é uma norma efetiva que aspira validade formas, enquanto que a lei é o direito formal que aspira efetividade.
Nós temos 3 tipos de costume:
 - Secundum legem: aquele que atua conforme a lei.
 - Practer legem: opera na omissão da lei, ou seja, opera nas lacunas do sistema legal.
 - Contra legem: opera contra a lei. Esse costume não pode funcionar como fonte do direito, pois não pode existir esse caráter ab-rogatório da lei. Porém existem situações especiais nas quais eles podem ser utilizados. Ex: cheque pré-datado, pois a lei diz que o cheque é uma forma de pagamento a vista, mas as pessoas passaram a aceitar cheques pré-datados. Ou seja, temos um costume contra legem.
Analogia significa comparar. É encontrar uma solução via método comparativo. A analogia se torna útil em situações de omissões legislativas. Quando não temos uma lei que regulamente algum caso, o juiz pode usar a analogia para encontrar a solução.
PGD’S são o tempo todo invocados como fontes do direito. São aqueles princípios não escritos, mas que apesar disso orientam o sistema como um todo. Por exemplo: o princípio que diz “ninguém pode ser beneficiado pela própria torpeza”, ou seja, ninguém pode se beneficiar da sua própria má fé. Essa situação pode ocorrer na seguinte hipótese: se o Estado demora muito com o seu processo, a pessoa pode pedir uma indenização ao Estado. Mas se foi a própria pessoa que ficou atrasando o processo para atrapalhar a outra parte, ela não pode pedir indenização, ou seja, a pessoa não poderia se beneficiar da sua má fé. O juiz nesse caso poderia se valer desse princípio. 
Jurisprudência é o conjunto de decisões reiteradas dos tribunais sobre determinado tema jurídico. Pela tradição do nosso sistema, a jurisprudência não possui caráter vinculante e sim um caráter persuasivo, ou seja, elas podem ou não ser aplicadas. Mas apesar disso, os juízes mesmo não sendo obrigados a seguir, eles se acostumaram a seguir e isso a gente chama de “eficácia natural do sistema”.
Para a nossa tradição, a jurisprudência é fonte material. Mas ao longo do tempo, especificamente em 2004, as coisas mudaram. Em 2004 nós tivemos a EC 45/2004, que inseriu na CF o art. 103-A, que dava poder ao STF de editar as chamadas Súmulas Vinculantes.
*Súmula é um breve enunciado que resume uma jurisprudência consolidada. Ela ajuda a dar publicidade a alguns entendimentos. Os tribunais não são obrigados a editar uma súmula (ele faz se quiser) o que nos leva a poder ter jurisprudências consolidadas que não são súmulas.
Nós temos dois tipos de súmulas:
 - Súmula persuasiva: uma vez editada ela não vincula os outros juízes. Antes de 2004, todas as súmulas eram persuasivas, ou seja, o juiz seguia se ele quisesse. Qualquer tribunal pode editar esse tipo de súmula.
 - Súmula vinculante: foram criadas em 2004. Só o STF pode editar súmulas com caráter vinculante. Elas têm observância obrigatória por todos os juízes do país. Os requisitos dessa súmula são: ela só pode ser sobre matéria constitucional e precisa se aprovação de 2/3 de quorúm qualificado.
Então, depois de 2004, nós passamos a ter dois tipos de súmulas.
O STF pode editar os dois tipos de súmula. Se ela tiver o quórum qualificado ela é vinculante, se não tiver, é persuasiva.
No pós 2004, a jurisprudência passou a poder ser fonte material ou fonte formal, ou seja, ela passa a ter um papel duplo, onde as súmulas persuasivas e as jurisprudências consolidadas são fonte material e a súmula vinculante é fonte formal.
Em 2016 entra em vigor o NCPC, que toca de novo na jurisprudência. O NCPC dá o segundo passo rumo ao commum law. O art. 927 prevê um rol de precedentes vinculantes. Ou seja, o rol de precedentes vinculantes é ampliado. Esse rol é:
 - passa a ter caráter vinculante as antigas súmulas persuasivas do STF e STJ (sem necessidade quórum especial).
 - os entendimentos firmados nos Incidentes de Resolução de Demandas Repetitivas (I.R.D.R) também vão ter caráter vinculante. 
*I.R.D.R = é um instrumento novo que julga os processos em blocos. Em qualquer um dos processos que versem sobre o mesmo tema pode ser instituído o I.R.D.R. O processo onde foi situado o I.R.D.R será chamado de “processo paradigma” e apenas esse processo vai para 2ª instância, os demais processos ficarão suspensos. Uma vez fixada a tese no processo paradigma, ela será aplicada as demais processos que estão pendentes. Essa tese que foi fixada passa a ter um caráter vinculante. Então, caso surja um novo processo sobre o mesmo tema, o entendimento é vinculante ao juiz.
Logo, no pós-2016, a jurisprudência continua exercendo os dois papéis, mas aumentam as situações nas quais ela vai se tornar fonte formal, ou seja, ser obrigatória.
OBS: ao longo dos últimos anos, o nosso sistema da civil law, tem dado alguma força vinculante aos precedentes, adotando então algumas características da commum law. Os dois sistemas estão se juntando um pouco. A commum law está começando a dor força vinculante aos diplomas escritos.
Eficácia da Lei Processual no espaço e no tempo:
Que tipo de eficácia a LP costuma produzir? Essa eficácia é dividida em espaço (eficácia territorial) e no tempo (eficácia temporal).
 -Eficácia da LP no espaço (art. 16 NCPC): O território é um dos elementos formadores do Estado. A noção de território também vai ajudar a definir a eficácia da LP.
No nosso sistema nós adotamos o princípio da territorialidade, então, para os processos que tramitam no território nacional brasileiro, se aplica a LP brasileira.
Obs.: Extraterritorialidade: é a possibilidade de o juiz aplicar no caso concreto uma lei estrangeira. Mas só vale para casos que envolvam ramos do direito material. 
Ou seja, nós temos territorialidade para LP e a possível extraterritorialidade para leis de direito material.
Art. 13 da LINDB - se um determinado processo tramitar no Brasil e se nesse processo for necessário provar um fato que ocorreu no exterior, quanto ao ônus dessa prova (o regramento para a prova), aplica-se a lei estrangeira. Esse artigo é interpretado pela doutrina de duas formas: 
 1º: é possível admitir que o art.13 traz uma exceção expressa ao P. da Territorialidade. Ou seja, a regra geral é aplicar a LP brasileira para os processos que tramitam no Brasil, mas no caso do art.13, há uma exceção, será aplicada quanto ao ônus da prova, uma LP estrangeira. Essa primeira interpretaçãoconsidera que as normas de direito probatório são do direito processual e não do direito material, portanto, é uma exceção ao princípio da territorialidade.
 2º: Há uma parte da doutrina que entende que o art. 13 não traz uma exceção, porque para eles as normas de direito probatório são normas de direito material. E normas de direito material admitem a extraterritorialidade.
 -Eficácia Temporal da LP:  O art.14 do NCPC consagra a Teoria do Isolamento dos Atos Processuais.  Ele diz: "A lei processual não retroagirá e será aplicável aos processos pendentes respeitando-se os atos consolidados sob a égide da lei anterior". 
O fato dela não retroagir significa que os processos já finalizados não serão afetados pela nova LP (em nome da segurança jurídica). 
A LP nova será aplicada aos processos pendentes, ou seja, os processos em andamento serão afetados pela LP nova. Isso porque a LP possui eficácia imediata.
A LP nova deve respeitar os atos consolidados sob a LP antiga, ou seja, a LP não afeta os atos que já foram consolidados no processo de acordo com o regramento da LP antiga. A lei protege o ato jurídico perfeito, esse ato jurídico perfeito já consolidado não pode ser afetado pela LP nova.
Os processos a instaurarem, ou seja, aqueles que ainda não começaram, serão afetados pela LP nova.
Essa teoria se chama isolamento dos atos Processuais porque os atos serão isolados e alguns serão afetados pela LP nova e outros não serão afetados. Os atos não são tratados em bloco. 
*Exemplo: um processo está em curso e em algum momento o juiz profere sentença e ele exige que essa sentença seja publicada e no dia seguinte da publicação começa o prazo recursal (o prazo é de 15 dias). Durante o prazo, o NCPC entra em vigor e ele diz que o prazo recursal passa a ser de 10 dias. Nesse caso o NCPC não afeta o processo, pois ele deve respeitar os atos consolidados e no nosso exemplo, antes do NCPC entrar em vigor, já estava consolidado que o prazo era de 15 dias.
Garantias fundamentais do processo:
-> Tutela constitucional do processo (como a CF regula o processo).
A Constituição prevê os DF materiais, aqueles ligados ao ramo do direito material (como o direito à vida) e prevê também os DF Processuais (o processo serve para dar apoio e efetividade ao direito material).
A CF regula o processo via previsão de DF Processuais. Esses DF Processuais devem assegurados e respeitados dentro do Processo. O Estado é obrigado a garantir esses direitos.
A “garantia mãe” é o Devido processo legal (Art. 5, LIVI da CF). É chamada de garantia mãe, pois é dela que nascem as outras garantias. O DPL nasce com uma 1ª percepção que é o DPL substancial. O DPL de caráter substancial determina que uma pessoa só poderá perder seus bens e ser aprisionada se o seu julgamento tiver como base leis razoáveis.  
A outra percepção é o DPL processual. O caráter processual determina que uma pessoa só poderá perder seus bens e ser aprisionada se respeitada as garantias fundamentais do processo. O DPL processual funciona como um conjunto de regras mínimas que devem ser respeitadas dentro do processo (essas regras são as garantias fundamentais).
Segundo o professor Leonardo Grego, as garantias fundamentais do processo podem ser divididas em 2 grupos: 
 - Garantia individual: é aquela que é prevista visando proteger um direito subjetivo, individual, da parte. É um olhar mais específico, a visão é individual. Ex.: garantia do contraditório (assegura o direito de manifestação da parte).
 - Garantia estrutural: é aquela que é prevista com uma visão do todo, um olhar macro. A preocupação é com a organização judiciária como um todo. Ex.: garantia da publicidade (via publicidade é possível controlar a atividade do juiz, é possível saber quais foram as suas decisões). 
As garantias individuais do processo são:
 a) Imparcialidade do Juiz: (uma das garantias mais importantes ao lado do contraditório). O juiz imparcial é aquele que é equidistante das partes, ou seja, é o juiz que não está mais próximo de uma parte ou de outra, ele está exatamente no meio. É o juiz que está desinteressado da causa, que não vai contaminar a causa, ele julga conforme a lei. 
O ordenamento jurídico possui instrumentos para assegurar a imparcialidade. A LP regula 2 institutos que vão assegurar a imparcialidade do julgamento: o instituto da suspeição e o instituto do impedimento. Ambos são vícios da imparcialidade, a diferença entre esses institutos é a gradação desses vícios, a intensidade. O impedimento tem um vicio mais grave. 
 - Impedimento: a própria legislação vai estabelecer no art. 144, I do NCPC as situações em que o juiz vai está impedido de julgar. Exemplo dessas situações: juiz é parente (até 3º grau) de uma das partes, cônjuge ou companheiro de uma das partes, caso em que o próprio juiz é parte no processo.
Se o juiz está em alguma dessas situações, ele por incentivo próprio pode e deve se afastar do caso, é o impedimento de ofício. Se ele não se afastar, é a parte que vai ter que pedir o afastamento, e elas podem fazer em qualquer momento do processo. Mesmo que o processo já tenha acabado, a parte pode alegar o impedimento. Nesse caso os atos feitos por esse juiz serão anulados, e o processo terá que começar de novo (a lei resguarda a aparente imparcialidade e a efetiva imparcialidade).
 - Suspeição: está prevista no art. 145 do NCPC. É um vicio menos grave, e nesse caso o juiz é suspenso, mas ele pode vir a julgar o caso. O juiz pode ser suspenso quando ele for amigo íntimo de uma das partes, ou inimigo capital de uma das partes. 
Assim como no impedimento, no caso da suspeição o juiz pode e deve pedir por iniciativa própria de ofício o afastamento, e se ele não fizer, as partes podem alegar a suspeição do juiz. Mas neste caso a parte tem até 15 dias da data que descobriu a imparcialidade para pedir o afastamento do juiz. Se passar esse tempo, o juiz vai julgar o caso. 
*Toda vez que uma alegação que diz que o juiz é suspeito ou impedido é feita ela vai primeiro para as mãos do juiz, para que assim ele tenha mais uma chance de se afastar por iniciativa própria. Se ele não se afasta, a alegação sobre pra uma instância superior onde essa alegação vai ser julgada.
* Independência do juiz: (independência = atuação com autonomia).
O juiz independente é aquele que deve ter condição de atuar sem interferência externa, ele tem que ter liberdade de atuação de acordo com a sua convicção. Os órgãos externos que poderiam interferir são os demais poderes do estado. O juiz tem que ter liberdade para atuar sem a interferência dos demais poderes do Estado, seja de outros agentes do Judiciário, seja do Legislativo ou do Executivo. Especialmente, do Executivo. 
Há um conjunto de institutos previstos no Art. 95 da CRFB, que vai preservar a independência do juiz. Esses institutos são as chamadas “Garantias da Magistratura”. São elas:
Irredutibilidade de vencimentos: o salário do juiz não pode ser reduzido, os vencimentos dele são irredutíveis.
Vitaliciedade: o juiz tem que ter liberdade de atuação sem que precise pautar a sua atuação com receio de perder seu cargo. 
Assim que o sujeito ingressa no cargo de juiz, ele passa por um estágio probatório durante 2 anos, ele ainda não é vitalício no seu cargo. Isso serve para que o Estado verifique como esse juiz atua, verificar se ele é competente para tal cargo. Se o sujeito não cometeu nenhuma falta grave durante esses 2 anos de estágio probatório, ele passa a ser vitalício no cargo. 
Inamovibilidade (o juiz inamovível): o juiz não pode ser transferido de órgão sem que essa transferência se dê por vontade própria ou a não ser que haja razão de interesse público. 
Ex. de razão de interesse público: há 3 varas cíveis e apenas uma vara criminal. É desfeita uma vara cível e se faz uma nova vara criminal. O juiz que atuava na vara cível pode ir para a vara criminal.
Assim que ingressa no cargo de juiz, o juiz ainda não é inamovível, o sujeito ingressa na carreira com a qualidade de juiz substituto.Ele ainda não tem um órgão fixo de atuação, nesses primeiros anos de carreira, ele vai suprir necessidades eventuais. Ele esta sempre sendo transferido. A partir de um dado momento ele se torna juiz titular, aí ele será fixado em determinado órgão e será inamovível. 
Obs.: não existe um prazo para o juiz deixar de ser substituo.
Critérios para diferenciar imparcialidade do juiz de independência do juiz:
 1°) Imparcialidade do juiz é uma garantia individual do processo que afasta o juiz do caso concreto porque está preocupada com um litigante específico. J á a independência do juiz é uma garantia estrutural, o juiz deve ter liberdade para atuar com autonomia. 
 2°) A imparcialidade é avaliada caso a caso, é fruto de uma analise peculiar de cada causa. Já a independência é analisada através do conjunto da magistratura, que é revestido por todas as 3 garantias da magistratura. A partir do momento que as 3 garantias estão presentes o juiz é independente. 
 3º) os institutos que asseguram a imparcialidade é o impedimento e a suspeição. Os institutos que asseguram a independência são as garantias da magistratura. Ou seja, são resguardadas por institutos diferentes.
 b) Garantia do contraditório: está previsto no art. 5°, LV, da CRFB e o NCPC também faz menção ao contraditório nos arts. 9° e 10.
Basicamente, o Princípio do Contraditório significa influência e não surpresa.
A parte tem direito de influenciar a decisão do juiz, o juiz precisa dialogar com as partes antes de decidir. Para que haja o dialogo, toda vez que um ato processual for feito, as partes devem ter ciência desse ato, elas devem ser intimadas. E uma vez que isso acontece, as partes devem se manifestar em razão do ato praticado. Para que essa reação seja dada de modo adequado as partes tem que possuir um prazo suficientemente bom para se preparar. O contraditório no aspecto influencia significa que ninguém poderá ser afetado por uma decisão sem que antes haja a possibilidade de influenciar essa decisão. É a noção moderna, a noção do contraditório participativo (ciência + reação + prazo).
EX.: uma vez que o juiz deu a sentença (ato processual), ela deve ser publicada para que ambas as partes estejam cientes. Elas são intimadas (ciência) e abre-se o prazo para que elas apresentem recurso (reação), para que elas se manifestem.
No caso da antecipação de tutela, quando o juiz não tem como ouvir ambas as partes, quando não é possível que haja o contraditório prévio, o juiz concede uma tutela antecipada inaudita. Isso não inconstitucional porque o juiz está diante uma colisão de DF. Por exemplo, direito à vida vs direito ao contraditório prévio. É o direito material vs o direito processual. Para resolver esse conflito o juiz terá que ponderar, e decidir qual direito é mais relevante naquele caso concreto. O juiz deve proteger o mais relevante e ao mesmo tempo causar a menor restrição possível ao outro, e o modo de fazer isso é com o contraditório postergado, escutar as partes imediatamente após conceder a tutela antecipada. 
Art. 9° do NCPC: A regra é que o contraditório seja prévio, mas não se aplica aos casos de tutela provisória. 
Entretanto essa exceção não vale para todos os casso de tutela provisória. Nos casos de tutela antecipada em que for possível respeitar o contraditório prévio, o juiz assim deve fazer. O juiz tem que verificar o caráter da urgência, verificar se é uma simples urgência ou uma urgência urgentíssima. Se for uma urgência simples, ele deve respeitar o contraditório prévio e depois garantir o direito. Em caso de urgência urgentíssima, o juiz deve garantir o direito e postergar o contraditório. A tutela inaudita só é possível nesses casos de urgência. Toda vez que o juiz concede uma tutela inaudita ele deve adotar certas cautelas. A cautela inicial é um dever mais forte de fundamentação da sua decisão. O juiz deve especificar que está diante de uma colisão de DF, demonstrar quais são os DF que estão colidindo, e depois demonstrar qual foi o resultado da sua ponderação. Ele deve proteger o direito mais relevante, mas deve causar a menor restrição possível ao outro direito, e a forma de fazer isso é com o contraditório postergado.
O NCPC adicionou ao contraditório a noção de não surpresa – ART. 10 do NCPC. As partes não podem ser surpreendidas com uma decisão baseada em fundamentos não enfrentados pelas partes ao longo do processo. O produto final do processo tem que ser discutido entre as partes ao longo do processo. Qualquer decisão tem que ser fruto de prévio diálogo com as partes mesmo que o juiz possa apreciar de ofício certas questões. Mesmo que o juiz pudesse aprecias determinada questão por iniciativa própria, mesmo que ninguém tenha o provocado, ele deve respeitar o contraditório. 
 c) Ampla defesa - art. 5°, LV da CRFBE: essa garantia costuma ser trabalhada como uma continuação do contraditório. A ampla defesa continua com a ideia de participação. 
O primeiro aspecto da ampla defesa é assegurar as partes o direito de apresentar alegações. Ela é continuação do contraditório porque ninguém ganha o processo com apenas alegações. A ampla defesa também pressupõe o direito das partes de produzir provas.
Além disso, as faculdades Processuais devem ser desenvolvidas com igualdade, as partes devem ter as mesmas chances de sucesso final. A ampla defesa pressupõe alegar e provar com paridade de condições. 
Art. 7° do NCPC - exercício das faculdades Processuais em igualdade de condições. É a paridade de armas. O juiz deve conduzir o processo de modo que as partes tenham as mesmas chances de sucesso no final. Tanto o autor quanto o réu tem direito a ampla defesa. 
Para que as faculdades Processuais sejam conduzidas de modo equilibrado, as partes devem ser orientadas para isso. Logo, elas têm o direito do patrocínio técnico, as partes devem ser orientadas para o exercício das faculdades Processuais.
 d) Juiz natural: está previsto no art. 5°, LIII e XXXVII da CRFB.
Art. 5°, LII - ninguém será processado senão pela autoridade competente. O juiz natural nos remete a ideia de competência. 
O legislador criou uma espécie de divisões de tarefas nos órgãos judiciários, de modo a espalhar esses órgãos por todo território nacional, eles serão espalhados pelos Estados da Federação e também pelo Município desses Estados com mais população. Isso gera:
 1 - Divisões de atribuições entre eles;
 2- facilita o acesso à justiça das partes, elas podem litigar mais perto de casa. É um fator que minimiza o problema da distância. 
Cada um dos órgãos, segundo o legislador, vai receber uma competência, uma respectiva atribuição. Cada um fica responsável por julgar um tipo de demanda. 
Toda vez que uma demanda chega ao judiciário, não é possível escolher em qual juízo essa demanda vai correr. Quem vai julgar essa demanda é o órgão que está previamente previsto na lei que é competente para julgar esse caso. 
Primeiro existe uma lei que determina quem é responsável para fazer o que, quem processa uma demanda é a autoridade competente que esta previamente estabelecida pela lei. 
Isso é uma garantia porque se as pessoas pudessem escolher quem vai julgar a causa delas, isso possibilita o juízo de exceção. O juiz natural veda o juízo de exceção, a escolha do juízo. Quem julgará é o juízo competente para tal.
Art. °5, XXXVII - "não haverá juízo de exceção". O legislador pode alterar as regras de competência. Caso isso seja feito a nova regra só vai valer para novos casos, isso evita a manipulação do sistema.  
O princípio do juiz natural assegura o princípio da legalidade, vai julgar a demanda quem a lei determinar, traz uma noção de segurança. E assegura a igualdade de tratamento, porque a regra será aplicada para todas as pessoas que estiverem na mesma situação. Esse princípio assegura à igualdade, a isonomia, a segurança jurídica, o princípio da legalidade.
Art.43 do NCPC - “a competência será definida no momento de propositura da demanda, não sendo mais alterada por qualquer modificação de fato ou dedireito".
Prevê o princípio da perpetuação da jurisdição, esse princípio está diretamente associado à questão da competência e do juiz natural. 
Uma vez definida a competência pela regra vigente, isso não muda mais, a regra será a mesma. Ela não é mais alterada por qualquer modificação de fato (ex.: no curso do processo o réu mudou de domicílio, essa mudança não altera a competência) e de direito (ex.: no curso do processo o legislador altera a regra, isso não afeta a regra de competência desse processo, só de processos futuros). 
 e) Inércia: Funciona como se fosse uma orientação do processo como um todo.
Art. 2° do NCPC - "o processo começa por iniciativa da parte". Não se pode haver iniciativa do processo pelo juiz de ofício, ele não pode por iniciativa dele dar início a um processo. Porque se ele fizesse isso estaria se transformando em advogado da parte ou a própria parte. Ele já perderia sua imparcialidade, se ele pudesse tomar partido ele estaria protegendo mais uma das partes. Essa inércia do juiz resguarda a noção de imparcialidade. A inércia do juiz termina com a petição inicial, é ela que inicia o processo.
Art. 492 do NCPC: O juiz vai atuar nos limites dessa provocação que ele sofreu.
O elemento central da petição inicial é o pedido. Esse pedido é a intensidade da provocação que o juiz recebeu. O juiz só pode julgar nos limites do pedido feito a ele, ele não pode conceder quantidade diversa do que foi pedido a ele. O Juiz está vinculado ao pedido da parte. Isso ajuda a assegurar a imparcialidade do juiz. 
A atividade decisória do juiz está vinculada, limitada, ao pedido que lhe foi formulado. 
O princípio da adstrição ou da congruência entre pedido e sentença é um princípio que resulta da inércia. A sentença tem que refletir o pedido, tem que ser fruto do pedido.
Existem situações nas quais essa vinculação não é respeitada. Essas situações são chamadas de vício de julgamento. O vício de julgamento é o caso da má aplicação da vinculação entre pedido e sentença. Há 3 possíveis vícios de julgamento: 
1- Julgamento ultra petita (mais do que foi pedido): o julgamento passa a ser viciado porque o juiz concede além do que foi requerido a ele. Esse julgamento é passível de anulação, mas não é necessário anular todo o julgamento, a decisão será parcialmente anulada, é anulada a parte que excedeu o pedido.
2- Julgamento extra petita: o juiz julga totalmente fora do pedido. Essa decisão terá que ser integralmente anulada, é preciso um novo julgamento. 
3- Julgamento citra petita: o vício decisório é porque o juiz comete uma omissão. A providência tomada pela parte é recorrer da decisão e requerer que a omissão seja suprida. Ex.: você ingressa com uma demanda para dois pedidos e na sentença o juiz só aprecia uma, o outro ele silencia.
 f) Direitos do pobre/hipossuficiente: Art. 5º, LXXIV da CRFB + Lei 1060/50 + Art. 98/99 do NCPC
Ampla defesa é associada a noção de paridade de armas, que significa que as partes têm que receber um tratamento igual para que tenham as mesmas chances de sucesso no final do processo.
Se uma das partes for pobre, haverá uma dificuldade maior para a paridade de armas, porque o custo do processo impede que o pobre tenha as mesmas chances de sucesso. Para driblar esse obstáculo existe a concessão de gratuidade de justiça e é o Estado quem vai assumir os custos do processo para o hipossuficiente. Para obter a gratuidade de justiça a parte deve anexar aos autos a declaração de pobreza, ela tem que se auto declarar pobre. Para driblar os custos do processo também se tem o patrocínio jurídico. Essa função é exercida pela defensoria pública. Esses dois instrumentos funcionam para concretizar o direito do pobre de acessar a justiça e está em paridade de armas com a outra parte.
*Regime financeiro do processo (quanto o processo custa na prática?)
O custo do processo é composto pelo somatório de dois valores, dois elementos que estão previstos no art. 82 do NCPC vão compor o custo do processo.
1º - Custo pela simples movimentação da máquina judiciária:
Pelo simples fato da pessoa já está movimentando a máquina judiciária já é um custo. Assim que o processo se inicia, ele já custa porque as partes precisam adiantar o pagamento das despesas, se tem o ônus pelo adiantamento das despesas. Cabe ao autor adiantar o pagamento da chamada taxa judiciária. Cada Tribunal estipula quanto vai cobrar de taxa judiciária. Via de regra, ela varia entre 1% e 2% do valor da causa.
Após o inicio do processo, o seu desenvolvimento continua gerando custos. Cada ato específico que o autor e o réu vão requererem terá que ser pagos. Durante o processo caberá ao autor e ao réu o ônus de arcar com os atos processuais isolados (ex.: perícia, intimação de testemunhas e etc.). Quem paga é quem vai requerer cada um desses atos isolados. Durante o processo é o autor quem costuma requerer mais atos isolados. Os atos que o juiz de oficio manda praticar durante o processo, aqueles que não são requeridos nem pelo autor nem pelo réu, quem paga é o autor.
2º- Ônus da sucumbência: é o ônus da perda do processo. No final do processo se tem o acerto final, a parte que perdeu fica responsável por reembolsar os gastos que a outra parte adiantou. Se o réu vence, o autor terá que reembolsar o que o réu gastou a título de atos isolados, e o autor perde o que ele gastou com a taxa judiciária e com os atos judiciários. Se o réu perde, ele terá que reembolsar todos os custos adiantados pelo autor, taxa judiciária e os atos isolados, e o réu perde o que ele gastou com os atos isolados. A parte que perdeu, além de reembolsar todos os custos adiantados pela outra parte, terá que arcar com os honorários advocatícios da parte contrária. 
Os honorários advocatícios são fixados pelo próprio juiz no momento da sua sentença. Ele fixa no valor que varia entre 10% e 20% sobre o valor da condenação final. O juiz fixa o valor do honorário de acordo com a complexidade da causa. 
Temos dois tipos de honorários advocatícios:
Honorários advocatícios legais ou sucumbências: são os honorários que decorrem da lei. Esses honorários são fixados pelo juiz na sentença e o seu valor varia entre 10% e 20% do valor da causa.
Honorários advocatícios contratuais: são aqueles que a parte contrata com o seu advogado privadamente, fora do processo. Decorre de um contrato entre o advogado e seu cliente.
O advogado da parte que ganhar recebe o honorário contratual e o honorário legal recebe dois honorários advocatícios.
Honorário do advogado público: (ex.: AGU, PGE, PGM) o advogado público passa por um concurso público e recebe um salário fixo pago pelo Estado (o advogado particular não tem salário fixo). Até esse ano, se o advogado público vencesse a causa ele não recebia os honorários legais, esse valor era reinvestido no próprio órgão que ele integra. O NCPC alterou isso, no seu art. 85 §19 ele prevê o recebimento de honorários legais pelo advogado público.
Se uma das partes for hipossuficiente e for garantida a ela a gratuidade, ela fica dispensada de adiantar a taxa judiciária e fica isenta de arcar com os atos isolados durante o processo, quem arca é o Estado. Se a parte hipossuficiente perde no final ela fica dispensada de pagar reembolso e também não paga honorários do advogado.
Art. 98, §3º do NCPC – “se o hipossuficiente perde a causa os valores relativos ao custo do processo ficam com exigibilidade suspensa pelo prazo prescricional de 5 anos”. O NCPC diz que os hipossuficientes tem até 5 anos para arcar com os valores , se passar os 5 anos e o hipossuficiente não tiver como pagar, ele fica isento de arcar com os custos.
Art. 98 §5º do NCPC - Gratuidade para atos isolados: A parte tem condição de arcar com os custos do processo, mas durante o processo surge um ato isolado que a parte não pode pagar. A parte pode pedir gratuidade especifica para praticar esse ato isolado. E nesse caso é o Estado quem vai arcar com esse ato.
Art. 99 §4º do NCPC – É possível requerer a concessão de gratuidade caso a parte tenhaadvogado privado. A parte tem que justificar que o advogado está exercendo uma advocacia pro Bono. 
De acordo com o NCPC, pessoa jurídica pode pedir gratuidade, mas o juiz vai ser mais severo na apuração das provas para tal.
 g) Inadmissibilidade de provas ilícitas: o art. 5º, LVI, CF ; art. 157 , CPP e art. 369, NCPC vedam a utilização de provas ilícitas.
Provas ilícitas são as provas obtidas através da violação de DF, como por exemplo, confissão mediante tortura. E essas provas devem ser anuladas pelo juiz.
As questões probatórias no processo servem para provar as alegações e também para que o juiz se aprofunde sobre os fatos do caso. É através das provas que o juiz vai formar a sua convicção. Então, a prova é fundamental para o processo.
O nosso ordenamento jurídico não admite a utilização de provas ilícitas no processo, elas precisam ser imediatamente descartadas do processo (é isso que diz o art. 5º, LVI, CF). Isso significa então que ninguém pode ser condenado e julgado por uma prova ilícita.
A prova ilícita funciona como uma imposição de limites ao Estado. Limites esses direcionados a policia, MP e também ao juiz (pois ele não pode fundamentar sua decisão com provas ilícitas).
A CF impõe esses limites, mas cabe ao próprio judiciário coibir os excessos.
As provas ilícitas não podem ser usadas nem que elas comprovem que a pessoa é culpada, pois você não pode cometer uma ilegalidade para proteger outra.
O nosso ordenamento jurídico adota uma corrente restritiva em cerca das provas ilícitas. Então se a prova foi obtida por meio ilícito, ela não pode ser utilizada. Essa corrente protege o individuo contra o Estado e também cria a “Teoria dos Frutos Podres da Árvore Envenenada”, prevista no art. 157, CPP. Essa teoria fala da prova ilícita por derivação, que é quando a prova tem uma aparência ilícita, mas uma ação anterior a ela não é licita, o que acaba tornando a prova ilícita por derivação.
Essa teoria diz que a prova ilícita por derivação não pode ser utilizada, mas existem duas exceções nas quais elas podem ser utilizadas, que são:
1- descoberta inevitável: é quando você chega a uma conclusão de maneira ilícita, mas se você consegue provar que chegaria a mesma conclusão de maneira licita, a descoberta se torna inevitável. Então é quando a prova ilícita não é conclusiva, mas e chegaria na conclusão de outras formas.
2- descontaminação posterior: a prova ilícita por derivação pode ser usada se em um momento posterior ela sofrer uma descontaminação. Por exemplo: uma escuta ilegal mostra a pessoa culpada, depois dessa escuta a pessoa assume o crime, então houve uma descontaminação posterior.
Juridicamente nós resolvemos o problema das provas ilícitas retirando elas do auto do processo, mas nós temos um problema psicológico em relação a elas. 
Depois que o juiz se depara com a prova, ele psicologicamente não consegue se desvincular da prova.
O legislador tenta dar uma solução para isso: o art. 157, $ 4º CPP diz que o juiz que teve conhecimento a prova ilícita e a descartou, deve ser afastado do caso. Mas esse $ foi vetado, com o fundamento de que isso tornar o processo lento. Então atualmente nós temos um vazio legislativo, logo, nós não temos com o que fazer nesses casos.
*Existem outras duas correntes sobre a prova ilícita:
A segunda é a corrente intermediária (existe no Direito Alemão). Essa corrente diz que a principio a prova ilícita não pode ser usada, mas em certas condições pode. Essa corrente fala do Principio da Proporcionalidade e com base nesse principio as situações em que essas provas podem ser usadas, são:
 - gravidade do caso (se o caso for muito grave, a prova pode ser utilizada. Ex: achar um terrorista.)
 - dificuldade de provar por outros meios (ex: combate a corrupção)
 - imprescindibilidade da prova (quando a prova ilícita é imprescindível ao caso, ou seja, só com as outras provas não se chegaria a nenhuma conclusão).
A terceira corrente é a Permissiva e ela permite o uso das provas ilícitas com o argumento de que a busca pela verdade prevalece em relação a proteção da intimidade de uma pessoa.
As garantias estruturais do processo são:
 a) Motivação das decisões judiciais: (art. 93, X, CR e arts. 11 e 189, NCPC )
Todas as decisões do juiz devem ser justificadas, ou seja, elas devem ser fundamentas. 
O art. 93, IX, CF fala que toda decisão judicial tem que ser fundamentadas, caso contrário elas podem ser anuladas.
A fundamentação das decisões judiciais comporta uma dupla exigência:
1- o juiz tem que evidenciar as razões do seu convencimento, ou seja, ele tem que externar os motivos que o levou a decidir.
2- ele tem que demonstrar que levou todos os argumentos em consideração, mostrando porque e qual argumento escolheu e também mostrar porque e qual argumento ele não escolheu.
A importância da motivação na pratica é que ela funciona como uma forma de controle das ações do juiz (é como o juiz presta contas da sua atividade) e ela funciona como um embasamento para futuro recurso (tem que olhar para a fundamentação e encontrar um ponto central para o recurso).
O NCPC no art. 489 repete a importância da motivação e extrai um significado prático dela. O NCPC prevê a garantia da fundamentação estruturante das decisões judiciais. Ou seja, ele intensifica as fundamentações das decisões.
O excesso de causa nos traz uma fundamentação sintética e o NCPC não traz mais essa fundamentação sintética. Então não basta mais qualquer justificativa, para evitar a nulidade o juiz tem que dar uma fundamentação estruturante.
O NCPC determina que não será considera como devidamente motivada as decisões judiciais:
1- que indicar princípios vagos e que poderiam ser utilizados para fundamentar qualquer decisão (ou seja, a decisão não pode ser uma que dê pra ser utilizada em qualquer caso)
2- a decisão que não enfrentar todos os argumentos da parte.
3- quando o juiz deixa de se referir a um precedente vinculante anterior
4- a decisão que invocar um precedente vinculante de modo genérico (o juiz tem que mostrar que o precedente se molda no seu caso, ou seja, mostrar porque ele esta utilizando esse precedente no seu caso)
5- a decisão que deixar de aplicar um precedente vinculante sem a indicação das razões desse afastamento (o juiz tem que dizer porque não está usando o precedente).
 b) Publicidade: (arts. 11 e 189, NCPC e arts. 5º, LX e 93, IX, CRFB)
A regra geral do nosso sistema é de que o acesso aos autos de qualquer processo, o acesso às audiência e também o acesso ao julgamento do P. Judiciário moo um todo, deve ser franqueado a qualquer pessoa. Ou seja, qualquer pessoa pode ter acesso a essas coisas, mesmo que essa pessoa não seja parte do processo. Essa é a expressão máxima da garantia de publicidade.
Essa regra (de qualquer pessoa ter acesso ao processo) existe porque o constituinte entende que existe um interesse público e a necessidade de proteção desse interesse público se sobrepõem a proteção da privacidade das partes, por isso, a CF permite que a privacidade das partes fique em "segundo plano".
*Esse interesse público é o de controlar ou fiscalizar a atividade dos juízes. Quando o juiz publica suas decisões qualquer pessoa pode fazer uma fiscalização informal. Esse controle se dá pela publicação e também pela motivação, logo, uma garantia completa a outra.
O art. 37, CF regula a atividade da administração pública e diz que uma das garantias principais da administração pública é a publicidade. Publicidade significa transparência, ou seja, as pessoas devem poder ver o que está sendo feito.
Caso a garantia da publicidade não seja respeitada, o processo pode sofrer nulidade.
O art. 5º, LX, CF diz que a publicidade dos atos judiciais só poderá ser restritiva nos casos expressamente previstos em lei. E isso significa que o eventual segredo de justiça só pode ocorrer quando a lei autorizar.
O segredo de justiça é uma decisão que excepcionalmente determina que os autos do processo só podem ser vistos pelas partes, ou seja, não é mais qualquerpessoa que pode ter acesso. No segredo de justiça proteger a privacidade das partes é mais importante do que proteger o interesse público, ou seja, a lógica da publicidade é invertida.
O art. 189, NCPC nos diz quais são as situação em que o juiz pode decretar segredo de justiça. São elas:
 1- Direito de família -> são questões sensíveis e por isso pode ter segredo de justiça. São os casos de divórcio, disputa da guarda do filho, etc.
 2- Quando a decretação do segredo for condição necessária para proteger a privacidade das partes -> se o juiz verificar que no processo costa alguma informação/dado da parte que está protegido pela garantia da intimidade, o juiz pode decretar o segredo de justiça.
 3- Processos que versem sobre arbitragem em que cujo contrato constava uma cláusula de sigilo.
 4- Quando alguma razão de interesse público ou social justifica a decretação do segredo de justiça -> quando, por exemplo, em um processo se tem muita interferência externa da mídia ou da população que pode acabar atrapalhando ou influenciando a decisão do júri.
 c) Duplo Grau de Jurisdição: está diretamente ligado a um instituto do recurso. Então, quando em um processo for dada a decisão, as partes possuem o direito de recorrer (ou seja, pedir um reexame) e o seu processo vai sofrer um rejulgamento em uma instância superior.
O duplo grau pressupõe a existência de ao menos 2 decisões válidas e completas proferidas em um mesmo processo.
A importância desse duplo grau é que o recurso funciona como uma forma de correção de eventuais erros judiciais e também o recurso vincula o juiz à lei, pois se o juiz não cumprir a lei, a sua decisão será imediatamente reformada.
A CF não fala expressamente do duplo grau, porém mesmo assim pode-se afirmar que o duplo grau é uma garantia, pois implicitamente ele pode ser retirado da CF:
 - O art. 5º, LIV, CF prevê o devido processo legal, que é como de fosse o somatórios de todas as garantias, logo, o duplo grau (assim como qualquer outra garantia) poderia ser retirado implicitamente dessa garantia mãe.
 - O art. 99 e ss, CF preveem a existência dos tribunais e atribui funções para cada um deles, sendo que a principal função é julgar os recursos. Então disso podemos dizer que a CF implicitamente prevê a garantia do duplo grau também nesse artigo.
 d) Coisa Julgada: (art. 5º, XXXVI, CF)
A coisa julgada funciona ao mesmo tempo como um instituto técnico do processo e como uma garantia constitucional.
Coisa julgada é a imutabilidade da decisão e a decisão se torna imutável quando não cabe mais recurso a essa decisão.
O nosso elenco de recursos é finito, ou seja, você não pode recorrer pra sempre. Quando a possibilidade de recursos esgota nós temos a coisa julgada, ou seja, a decisão é imutável. Esse é o instituto técnico da coisa julgada.
A importância da coisa julgada é a segurança jurídica. Significa dizer quer uma hora eu tenho que dar uma decisão definitiva para dar um fim ao conflito. 
A coisa julgada funciona como garantia no sentido de que a parte vencedora, com a coisa julgada, não poderá mais ser importunada pela parte contrária sobre esse mesmo assunto.
Se o processo transitou em julgado e depois disso foi observado que havia um vicio nesse processo, o que ocorre?
 - Quando se refere a vícios simples: a coisa julgada tem uma eficácia sanatória, ou seja, a coisa julgada sana/apaga o vício. Então a decisão vai continuar valendo mesmo com o vício. 
 - Quando se refere a vícios muito graves: para esses vícios a lei prevê hipóteses de relatização da coisa julgada, ou seja, a decisão definitiva pode ser reexaminada. O art. 966, NCPC nos diz as situações nas quais o vício é muito grave, são elas:
 A. Impedimento do juiz;
 B. Incompetência do juiz;
 C. Corrupção do juiz;
 D. Prova nova (uma prova nova na qual a parte não tinha como ter acesso antes e essa prova nova pode mudar totalmente o processo).
*Se o vício estiver elencado nesse artigo, para você poder reabrir o caso a lei determina um prazo de dois anos seguintes para que a pessoa proponha a ação rescisória. Acabado esse prazo, nenhuma discussão poderá surgir e a gente passa a ter uma "coisa soberanamente julgada".
OBS: para o P. Civil é a ação rescisória com um prazo de dois anos e para o P. Penal é revisão criminal e ela não possui prazo.
 e) Igualdade/isonomia concreta: 
O art. 5º, CAPUT, CF nos traz uma forma genérica do Princípio da Igualdade dizendo que todos são iguais perante a lei. Essa igualdade é a igualdade formal, que é que todos devem receber do legislador o mesmo tratamento para que assim possam ter as mesmas condições. 
A igualdade formal no processo acaba nos levando a ideia de paridade de armas, que significa que as partes devem ter as mesmas chances de sucesso final e essa paridade de armas dele ser emitida pelo legislador e também pelo juiz.
A concepção mais moderada de igual passa a ser de isonomia concreta, que é a Igualdade Material. Essa concepção diz que a igualdade formal funciona quando as partes estão em um mesmo patamar, porém se já no estágio inicial existir uma desigualdade entre as partes, é preciso dispensar um tratamento desigual para igualar as partes, aplicando para isso a igualdade material. Ou seja, você trata os desiguais de forma desigual para que haja uma igualação.
Se a lei determina um tratamento desigual para as pessoas que estavam no mesmo patamar, essa lei é inconstitucional. Mas se as partes estiverem em um patamar diferente, a lei é constitucional.
Atenção: "A fazenda pública em juízo"
Toda vez que a fazenda pública (Estado) for figura em um processo ele recebe privilégios processuais. Alguns exemplos desses privilégios são:
Prazos alongados - art.183, NCPC: esse artigo diz que toda vez que o Estado figurar em juízo, os prazos processuais para ele serão computados em dobro. A justificativa para isso é que o Estado tem muita burocracia e muitos processos.
Honorários advocatícios da fazenda pública - art. 85,$4º, NCPC: se a parte perdedora for o Estado, os honorários fixados pelo juiz podem ser abaixo do mínimo legal, ou seja, abaixo de 10% do valor da causa. A justificativa para isso é que o dinheiro utilizado para pagar os homéricos será o do cofre público e se tirar muito dinheiro pode acabar atrapalhando os investimentos públicos.
Reexame necessário - art. 496, NCPC: esse reexame significa quando a fazendo pede um processo, mesmo que ela não recorra, o processo tem que obrigatoriamente subir para 2ª instância para ser revisado. A justificativa para isso é que o dinheiro utilizado será o do cofre público então é preciso uma confirmação de que essa decisão é mesmo a correta.
Regimes precatórios - art. 100, CF: as condenações da fazenda são feitas pelo regime precatório e isso significa que ela não paga imediatamente. A fazenda dá um título de crédito para a parte vencedora para que ela retire seu dinheiro no ano seguinte. Todos os precatórios são somados e inseridos no orçamento do ano seguinte. A justificativa para esse regime é que se a fazenda pagar imediatamente todas as causas que a fazenda perder, pode gerar uma instabilidade financeira. Mas o grande problema desse regime é que o precatório nunca é pago, pois a fazenda sempre adia o pagamento alegando a falta de dinheiro.
A pergunta que surge em relação a esses privilégios é: "O princípio da igualdade material é violado por esses princípios?”.
Nós temos duas respostas possíveis para ela:
Temos que observar se o estágio inicial é de desigualdade e se for temos que observar se no final essa igualdade foi resolvida. Com base nisso nossa resposta seria que no estágio inicial havia sim uma desigualdade sendo que a fazenda estava num patamar acima e o particular abaixo, então os privilégios foram dados a quem estava acima e isso só aumenta ainda mais a desigualdade. Logo, esses privilégios seriam inconstitucionais.
Esses privilégios são constitucionais, pois eles dão uma segurança maior ao dinheiro público. Eles garantem que esse dinheiro não será utilizadode maneira "fútil". 
O art. 12, NCPC trouxe a chama "ordem cronológica de julgamento".
Toda vez que um processo chegava ao juiz ele tinha um total controle da pauta, ou seja, ele poderia livremente escolher qual processo ele julgaria primeiro, então às vezes casos que chegavam primeiro eram julgados por último. 
Para resolver isso, o art. 12 determinou que os processos deveriam ser julgados de acordo com a ordem de conclusão, ou seja, os processos devem entrar em um fila e serem julgados cronologicamente. Porém há exceções, ou seja, em algumas situações o juiz pode julgar um processo sem respeitar a ordem cronológica. As exceções não:
- Casos de tutela de urgência
- Processos criminais
- Processos em que as partes realizem um acordo
- Preferências legais (ex: processo de um idoso)
Mas esse artigo sofreu uma alteração devido à pressão da magistratura, que alegava que ela perderia o controle da pauta. Então agora, o art. 12 diz que o juiz preferencialmente deve respeitar a ordem cronológica, ou seja, ele não é mais obrigado a respeitar essa ordem.
 f) Duração Razoável do Processo (art. 5º, LXXVIII, CF):
O legislador se preocupa com a morosidade do processo, então ele expressamente determina essa garantia, que também é chamada de garantia da "celeridade do processo".
A duração razoável é aquele tempo mínimo necessário para o respeito às garantias do processo e também para o adequado convencimento do juiz. Essa duração vale tanto pro mais quanto pro menos, ou seja, o processo não pode ser rápido demais e nem devagar demais.
Essa garantia é a mais difícil de ser concretizada, pois:
Nós temos vários motivos que geram a morosidade, como por exemplo: quantidade de processos, complexidade de certas causas, excessos de burocracia na lei, insuficiente material, baixa produtividade, abusos processuais, etc.
A CF assegura a garantia da duração razoável, mas não prevê uma consequência caso essa garantia não seja respeitada. 
A duração razoável é um direito de 2ª geração e isso significa que para ela ser garantida é preciso um investimento do Estado e isso é um fator que dificulta.
Existem duas doutrinas que falam sobre o critério para saber o que é uma duração razoável:
 Doutrina do prazo: diz que caberia ao legislador estabelecer prazos máximos de duração para cara tipo de processo. A vantagem dessa corrente é que ela preza uma segurança jurídica maior, porém o problema dela é que o legislador não consegue estabelece um prazo que se encaixe perfeitamente em todas as situações do mesmo tipo e também ele não consegue prever todos os tipos de causas diferentes que podem surgir.
 Doutrina do não prazo: é a doutrina adotada pelo Brasil. Ela diz que a definição de que o processo durou muito ou não, vai ser determinada pelo juiz nos casos concretos. Ou seja, cada caso vai ter uma definição diferente. Para que essa análise não fique muito em aberto, ela deve ser feita tendo como base três critérios:
 - a complexidade da causa.
 - o comportamento da autoridade pública ( deve ser verificado se eles cumpriram suas funções adequadamente).
 - comportamento das partes e dos advogados ( às vezes eles tentam atrasar o processo para atrapalhar a outra parte é isso dele ser verificado).

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