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TEORIA GERAL DO PROCESSO ➢ Essa disciplina é nova. ➢ Estuda conceitos básicos/fundamentais que servirão para qualquer processo em espécie. 1. Direito material e direito processual ➢ O direito material (substancial ou substantivo) é aquele que regula o que chamamos de, na linguagem do autor Chiovenda, "os bens da vida", materiais e imateriais. Ex.: direito público e direito privado. O direito material utiliza-se do processo para ser tutelado. ➢ O direito processual (ou adjetivo) é aquele que regula a criação do próprio Direito. ▪ O Direito tem a peculiaridade de regular sua própria criação, que é o direito processual. ➢ Sob a ótica do processo jurisdicional, o direito processual vem depois do direito material, sendo o complexo de normas jurídicas e princípios que regem o exercício conjugado da jurisdição pelo Estado-juiz, da ação pelo demandante e da defesa pelo demandado. Sendo um instrumento a serviço do direito material. Vendo o processo por outro ponto de vista, ele vem antes do direito material, porque para, por exemplo, o Código Civil existir, ele passou por todo um processo legislativo. Na matéria TGP vamos focar no processo jurisdicional. ▪ Às vezes, a própria regra é o processo (ex.: Código de Processo Civil). ➢ Em um processo, a norma individualizada é a sentença. ➢ Kelsen afirma que o costume não é norma, apenas quando o juiz diz que é. Para o professor, o costume é norma e irá nortear a decisão do juiz, porque está fundado na sociedade. ➢ A jurisprudência é cada vez mais afirmativa, sendo, no Brasil, cada vez mais um sistema de precedentes. ➢ O processo regula a criação de normas jurídicas. ➢ Tudo em um processo gira em torna da sentença; mais para frente, pode se desenvolver no sentido da atuação. ▪ A sentença é a declaração. A atuação é a concretização/efetivação do direito, que nem sempre ocorre, já que existem as sentenças chamadas de autossuficientes ou afirmativas que são aquelas que encerram, por si só, o processo. Ex.: sentença declaratória (ex.: declaração de paternidade) ou sentença puramente constitutiva. ➢ Uma sentença pode tratar de direito processual, direito material ou dos dois. ▪ Os processos que não tratam de direito material (exceção) são chamados de processos ao quadrado. ● Ex.: ação rescisória, que tem o objetivo de impugnar a coisa julgada (aqui o mérito é igual ao direito processual). Obs: na coisa julgada não cabe recurso, mas cabe ação rescisória em caso de incompetência absoluta do juiz por exemplo. ⋅ Rescinde/anula uma sentença, instaurando um novo processo. ● No Brasil, a revisão criminal (equivalente ao processo rescisório, mas no Processo Penal) só pode ser admitida a favor do réu. ➢ Um processo pode ser extinto por uma questão processual (vício; ex.: perda do prazo, juiz materialmente inepto (ex:quando uma ação de família é julgada por um juiz do trabalho), sem análise do mérito (direito material). ➢ Um processo também pode ser extinto sem exame do mérito através da vontade das partes. ➢ Um recurso visa anular por defeito ou reformar uma sentença. 2. Processo e mérito ➢ O mérito está dentro do processo. É o que o autor alega, o fundamento de um pedido que, normalmente, é de direito material. O autor delimita o mérito quando alega os fatos. O mérito do processo se refere à causa de uma demanda, no sentido de motivo, motivação, razão, fundamento e pedido – pretensão do sujeito diante do juiz, que tecnicamente é chamada de pedido, e o motivo de querer aquilo. O mérito é uma relação anterior ao processo. ➢ O processo é uma relação entre autor, juiz e réu. O primeiro ato do processo, que inicia a demanda, normalmente, é denominado de petição inicial. Uma vez que a petição foi entregue ao juiz, temos o processo. Antes disso, tudo o que existia era de direito material, por isso que mérito, normalmente, é igual ao direito material; e excepcionalmente pode ser direito processual.O processo começa pela provocação de alguém, o autor, ao juiz, com demanda mencionada na petição. O juiz não pode decidir sem ouvir o réu.Excepcionalmente, em situações de urgência, o juiz pode conceder liminares sem ouvir o réu previamente, mas garantindo o direito de ouvi-lo posteriormente. A defesa do réu e as provas giram em torno da demanda, por isso ela funciona como um limite natural, sobretudo no direito penal. O réu só pode se defender se tiver conhecimento das alegações feitas na demanda. No processo civil, o réu pode demandar, sobretudo em casos de interesse público. Ele pode demandar quando a defesa dele tem uma conexidade com a própria causa. Por exemplo, ao invés de apenas se defender, o réu vira autor, e o autor inicial vira réu. Ex.: ações de trânsito, ações possessórias. Por isso, criou-se a teoria dos jogos que afirma que o processo é uma incógnita. O processo também é uma relação jurídica, alguns requisitos processuais deverão ser analisados, como tempestividade, legitimidade das partes, provas, etc. A relação processual exige verificação de validade e invalidade, inclusive dos atos processuais. A defesa não é necessariamente de direito material ou do mérito, ela pode e deve levantar questões processuais. Os atos do juiz também podem ser controlados por instâncias superiores. A sentença é um ato processual. ▪ Princípio da inércia: o juiz não pode agir por conta própria, não pode iniciar o processo, mesmo que for algo de interesse público. Isso está relacionado com a imparcialidade. 3. Tutela jurídica Antes de o Estado conquistar para s o poder de declarar o direito no caso concreto e promover a sua realização prática, houveram 3 fases distintas, a saber: ➢ Autotutela Nas fases primitivas da civilização, não existiam órgãos estatais que com soberania e autoridade garantisse o cumprimento do direito, nem haviam leis gerais e abstratas. Assim, a própria repressão aos atos criminosos ocorriam por meio da vingança privada. E quando alguém pretendia obter algo que outrem o impedisse de obter, ambos resolviam tal conflito através da força. São traços fundamentais da autotutela: ▪ Atuar fora da tutela jurisdicional. ▪ O próprio indivíduo busca reparar a violação do seu direito. ▪ É proibida no sistema jurídico; é conduta criminalizada. ● Por exceção, é permitida (ex.: legítima defesa), mas pode sempre ser controlada judicialmente. ⋅ Há controvérsias sobre os limites da exceção, ou da constitucionalidade dela. ▪ Para Wilson, pode ser unilateral ou bilateral. ● Na unilateral, o próprio indivíduo age em favor de si. ● Na bilateral, as duas partes chegam a um acordo (dentro ou fora do processo), mediante renúncia, reconhecimento ou transação. Transações são concessões recíprocas, as duas partes cedem alguma coisa. A autotutela bilateral também pode ocorrer por meio de mediação.(para alguns autores a autotutela bilateral seria a autocomposição e não como Wilson pensa de ser autotutela). Obs.: não é conveniente que o juiz que julgará o processo posteriormente seja o mediador. ⋅ O acordo é uma manifestação de vontade e, por isso, pode ser viciado (anulação do ato). ⋅ O acordo não pode ser reformado, tem força de coisa julgada (“venire contra factum proprium”). ⋅ A revisão é possível se surgirem fatos supervenientes que alterem a relação jurídica. Podem haver revisões continuadas. ⋅ A rescisão ocorre quando uma sentença é anulada e outra é auferida; desconstitui-se uma sentença porque a prova que fundamentou é falsa. ▪ Não pode haver autotutela punitiva criminal. ▪ O Estado usa o poder de autotutela quando é conveniente (ex.: punição de servidores públicos); quando não é, ele usa o Judiciário, mesmo que o problema tivesse que ser resolvido pela via administrativa. ● Havendo a necessidade de autotutela, pode existir uma falta de interesse de agir. ➢ Tutela jurisdicional Existem, atualmente, pretensões que devem ser necessariamente sujeitas ao exame judicial para que possam ser satisfeitas, quais sejam: as que se referem a direitos e interesses regidos pela indisponibilidade. Por exemplo, o direito de punir do Estado não pode se dar sem umprocesso judicial. ▪ É o padrão, visto que a autotutela, em geral, não é permitida. ▪ Toda autotutela pode ser auferida pela via jurisdicional por aquele que sofreu a autotutela de outrem (ex.: aferir se realmente houve legítima defesa). ● A autotutela, mesmo do Estado, não é definitiva. 4. Norma processual ➢ O direito do sistema brasileiro (civil law) tem por fonte normativa, fundamentalmente, a lei; mas não com exclusividade, a lei não é a única fonte do direito. ➢ O Direito Processual se insere no campo do Direito Público. ➢ Conceito ▪ É aquela que regula o exercício da função jurisdicional. ▪ A norma que regula a criação de outra é a norma processual. ➢ Classificação da normas processuais ▪ De organização ● Tratam da criação e estrutura dos órgãos judiciários e seus auxiliares. Vão definir, por exemplo, locais, criar ou extinguir varas, etc ● Cada estado tem uma lei cujo nome é Lei de Organização do Judiciário (nome do Estado), definindo as comarcas, número de juízes em cada uma delas etc. ● Comarca é a dimensão territorial da atividade de um juiz. ▪ Em sentido estrito ● Não sendo de organização, entra aqui. Cuidam do processo como tal, atribuindo poderes e deveres processuais. ▪ Procedimentais ● Quem legisla em matéria processual no Brasil é o Poder Legislativo Federal. ● Uma norma de procedimento se trata do caminho a percorrer; difere de processo, é a regulação de uma relação jurídica mediante de atos para chegar ao fim. O procedimento estrutura o processo determinando tempo, lugar e modo. Ex: é através de normas procedimentais que eu sei que o ingresso de uma ação de usucapião ocorre na Vara Cível. ● Porém tal distinção entre processo e procedimento esbarra no conceito moderno de processo como entidade complexa de que fazem parte processo e procedimento. Assim, as normas sobre procedimento também são processuais. Para Ada Pellegrini a CF. acatou as distinções entre processo e procedimento ao dar à União a competência legislativa privativa de legislar sobre direito processual e a competência concorrente aos estados-membros para legislar sobre procedimentos em matéria processual. Obs.: lei nacional é aquela que se aplica para todo o país, em todos os aspectos (ex.: Código Civil, Código Penal). O nome federal, em sentido amplo, é aplicado em sentido impróprio, porque abrange o sentido de nacional (toda lei nacional é federal) e de federal em sentido estrito. Uma lei federal em sentido estrito é aquela que só se aplica à União (ex.: Lei das Licitações em caráter geral, lei específica dos servidores públicos federais). ➢ Característica fundamental do processo e da norma processual: está dentro do Direito Público. ➢ Tecnicidade: em decorrência da instrumentalidade do direito processual ao direito material, as normas processuais possuem um caráter técnico. ➢ Natureza política e ética: o processo e , portanto, as normas processuais são instrumentos éticos e políticos, já que ficam profundamente vinculados aos valores fundamentais e aos princípios básicos de ordem política que permeiam a sociedade. 5. Norma processual no tempo Uma lei que nasce tende a ficar no ordenamento jurídico. Mas existem excessões, de normas temporárias criadas para regular situações jurídicas instantâneas. A regra é que o processo tem tempo para começar, mas não tem tempo para acabar, já que tem diversos atos a serem praticados e até mesmo as próprias partes podem retardar o tempo do processo.A questão é: se surge uma lei nova, ao longo do processo, qual deve ser aplicada? Processos findos não possuem relevância nessas situações. ⋅ Sentença autossuficiente é aquela que dispensa qualquer medida executiva. Ex.: anulação de um contrato; divórcio. ⋅ Se a sentença não for autossuficiente, para o processo ser considerado findo, é necessário uma conduta da outra parte. Ex.: sentença condenatória. ● Processos a começar também não possuem interesse jurídico, será aplicada a regra em vigor no dia que o processo começa. ● Processos pendentes são aqueles que estão em curso, ainda que seja para o fim de uma execução. São esses que interessam para o tema. Já que a norma processual é limitada ao tempo seguem as regras de direito processual intertemporal podendo ocorrer 3 situações distintas quando uma nova lei surge ao processo: 1) Se a nova lei surgiu e o processo já estava finalizado, não modifica nada, já que deve-se respeitar a coisa julgada, o direito adquirido e o ato jurídico perfeito. Nas sentenças autossuficientes, não é necessário fazer mais nada, com a sentença o processo já se acaba. Se a sentença não for auto suficiente para que o processo finde é necessário haver um comportamento da outra parte. Ex: sentenças condenatórias em que se pede para pagar algo. Se o réu não cumpre é necessário que o juiz dê executoriedade a isso ( há uma fase executória da sentença). 2) Se surgiu uma nova sei e o processo está a começar, o juiz vai aplicar a nova lei no momento em que o processo começar. 3) Se surgir uma nova lei havendo processos pendentes, ou seja, processos em curso ainda que para o fim de execução ou de julgamento de recurso, o juiz deve sempre observar o princípio da irretroatividade das leis: a lei nova só entra em vigor dali para frente, não podendo valer para o passado (exceto no processo penal em que a nova lei mais benéfica ao réu pode valer para o passado). Existem 3 teorias para solucionar isso, a saber: A- TEORIA DA UNIDADE PROCESSUAL: O processo é um só, e deve-se aplicar somente uma lei, a nova ou a velha, observando-se a irretroatividade das leis. Ex: se o processo surgiu em 16/03 e uma nova lei surgiu em 17/03, aplica-se de acordo com essa teoria a lei antiga a todo o processo. Para Wilson há uma certa racionalidade nessa teoria, pois ela traz segurança jurídica. Mas foi criticada, já que existem processos em que a lei nova é aplicada (ex: processo penal) e todos os atos anteriores teriam que ser ajustados a essa lei nova. B- TEORIA DAS FASES PROCESSUAIS: É uma espécie de teoria das fases mitigada. Aqui há fases autônomas (postulatória, instrutória, decisória, recursal e executória) cada uma suscetível, por si só, de ser disciplinada por uma lei diferente. Em suma, aplica-se a lei em vigor do início até o final da fase. Ex: se uma lei nova surge no meio de uma fase decisória, nesta fase decisória continua-se aplicando a lei antiga, e ao chegar na próxima fase aplica-se a lei nova. C- TEORIA DO ISOLAMENTO DOS ATOS PROCESSUAIS: É a que prevalece no Brasil atualmente. A lei nova não atinge os atos processuais já praticados, nem seus efeitos, mas se aplicam aos atos processuais a praticar. Entende-se que o processo é uma unidade, mas há um complexo de atos isolados: a sentença é um ato, o despacho é outro, a intimação outro, o recurso outro… Ela não é tão absoluta assim, há algumas reservas. Ex: Se uma sentença foi proferida no dia 10/03/2016 com o CPC velho em vigor, sendo as partes intimadas da sentença no dia 12/03/16 e o recurso de apelação de acordo com o velho CPC é de 15 dias , mas surge um novo CPC no dia 17/03/16, que aumenta o prazo do recurso de apelação para 20 dias, agora eu vou ter 15 ou 20 dias para recorrer? O meu direito de recorrer nasce na intimação, por isso segue o prazo de 15 dias para recorrer. ➢ Fontes da norma processual ▪ Do ponto de vista hierárquico, a maior fonte é a Constituição. ▪ Considerando o contexto internacional ou comunitário, pode-se falar em normas internacionais. ▪ Os códigos também constituem fontes, assim como as leis ordinárias (existem várias leis processuais que se encontram fora dos códigos, como, por exemplo, a lei do mandado de segurança, lei do habeas data, lei do mandado de injunção) ▪ Os próprios tribunais possuem poder normativo, quando a Constituição atribui a eles a competência para edição dos seus regimentos internos. 6. Norma Processual no espaço Princípio da Territorialidade: implica sempre na aplicação da lei do local. A justificativa política para essa regra é que a jurisdição- poder de dizer o direito- é manifestaçãode soberania do Estado. Já a justificativa prática é de que existiriam grandes dificuldades na aplicação de normas estrangeiras com tradições, sistemas e normas distintas. Em outras palavras, no Brasil, só são aplicadas as normas processuais brasileiras. A Jurisdição e o Poder Soberano do Estado, não podem ser regulados por lei estrangeira. Há um problema a ser considerado no processo, que é o da cooperação internacional; o processo está tramitando perante a Justiça em um país, e ele solicita à Justiça de outros país a parte de determinados atos, e fica a dúvida de qual lei será aplicada. ● O entendimento prevalecente é de que, estando no Brasil, se aplica a lei brasileira. ▪ Carta rogatória trata de como se dará a comunicação entre juízes de países diferentes. ▪ Outro problema que pode surgir em função do espaço é o problema da sentença estrangeira; em princípio, ela poderá produzir efeitos no Brasil. ● Se o obrigado a cumprir a sentença está em outro país, o procedimento é de homologação da sentença; homologação é um procedimento específico para que o Tribunal brasileiro com jurisdição para isso (STJ) execute a sentença. ● O interessado vai requerer a execução da sentença estrangeira como se fosse de um juiz brasileiro. Em relação à alimentos, desde que haja Tratado, se autoriza um procedimento diferente: o interessado encaminha a documentação e a solicitação por via diplomática e, depois de encaminhada ao Ministério Público Federal, para promover a ação aqui, como substituto processual do alimentando, essa ação proposta aqui tem que ser na Justiça Federal e aqui se executa. 7. Interpretação da norma processual Na visão de Wilson normas não se interpretam, o que se interpreta são os conflitos, os casos jurídicos. Segundo Machado Neto não se interpreta pedaços de papéis, fatos ideais. Por isso, que cada caso é um caso e as decisões de certa forma são distintas. Para Wilson os precedentes acabam por determinar uma uniformidade nas decisões. Hoje pode-se dizer não só de um fundamento legislativo mas também na fundamentação em precedentes. Recaséns Siches nos fala que o direito no fundo se refere a uma imposição inexorável, já que chegando ao juiz a norma terá que ser cumprida. Assim o juiz no fundo é o grande intérprete das normas, já que tem autoridade para isso. As soluções jurídicas envolvem uma lógica própria, distinta da lógica matemática. É uma lógica do razoável, já que podem ter diversos entendimentos sobre o mesmo assunto desde que todos sejam razoáveis. Quanto mais aberto os conceitos, mais espaço para a especulação há. 8. Princípios Jurídicos Todo direito se rege muito por princípios. Em matéria processual isso se torna ainda mais importante, já que o direito processual é rico em princípios. Para Alexy todo princípio é uma norma. Isso já está de certa forma pacificado na doutrina. Os princípios para Wilson são normas pois resolvem conflitos. Quando 2 princípios estão em colisão eles devem ser harmonizados, não se anula um deles. Mas no caso concreto um pode prevalecer sobre o outro. Ex: o contraditório pode ser sacrificado se sopesado em relação ao direito à vida. 9.Princípios Constitucionais: Por muito tempo se estudou o processo de uma dimensão meramente técnica, se esquecendo do processo em sua dimensão constitucional. É inegável o paralelo existente entre a disciplina do processo e o regime constitucional em que o processo se desenvolve. Hoje em dia há uma tendência de constitucionalizar todos os ramos do direito. Há quem fale até num direito processual constitucional. Existem alguns princípios constitucionais gerais, a saber: ● Princípio do Estado de Direito ou do Estado Constitucional: ● Princípio Democrático: não pode haver democracia sem justiça. ○ O julgamento das demandas, mesmo quando o Estado é parte, tem que se dar por juízes regularmente investidos. ○ Como a maioria dos juízes não é eleito pelo povo, vem a pergunta de se no processo existe o Estado Democrático de Direito. Para o professor, no Brasil não funcionaria um sistema de juízes eleitos pelo povo. ● Princípio da Socialidade: não pode haver democracia sem justiça social.Existe na sociedade brasileira diversas pessoas necessitadas. Por isso é necessário que existam mecanismos de justiça gratuita e a Defensoria Pública. ● Princípio da Igualdade: tratar a todos de forma igual (igualdade formal). Porém, a absoluta igualdade jurídica não elimina as desigualdades econômicas, por isso para também deve-se tratar os desiguais na medida de sua desigualdade (igualdade material ou proporcional). O legislador regula esse campo buscando esse esforço. As partes merecem tratamento igualitário para que possam fazer valer em juízo as suas razões. O juiz deve dar um tratamento distinto ao desigual (do ponto de vista socioeconômico), para tentar equilibrar o sistema. Tanto o juiz como o legislador deve aplicar o princípio da igualdade. ● Princípios Constitucionais Processuais: Princípio do Devido Processo Legal ou do Devido Processo de Direito: Devido processo legal é aquele regulado pela lei. Tem um significado amplíssimo no processo. Devido processo pois devido nos termos de uma sociedade sócio-política. É o princípio genitor; derivante, pois dele irradiam todos os outros princípios. É munido de garantias concretas, não só presentes na lei. O devido processo é vc garantir os princípios dentro da lei. Consequentemente o magistrado é o destinatário de tudo isso. Possui 2 vertentes: a processual ou procedimental- as próprias normas processuais devem ser consentâneas ao devido processo legal, o procedimento tem que ser garantista. Também há uma conotação substancial, pois se refere a toda ordem política, eu não posso ter leis absurdas. Todo legislador precisa ter em mente que as leis que ele edita têm que ser razoáveis e sensatas. No fundo no fundo tudo é processo lato sensu, pois a lei é feita através de um processo. Art. Quinto “LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”; art. Quinto inciso LV - “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes” e indiretamente o XXXV - “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Toda vez que violarem qualquer princípio processual também viola-se o do devido processo legal. O magistrado também é destinatário desse princípio. Princípio do juiz natural: Você não escolhe o juiz, a escolha é aleatória, através de um sorteio feito pelo distribuidor. O juiz natural é aquele anterior aos fatos, pré-constituído. Todo indivíduo deve e só pode ser julgado por um juiz competente. A CF dispõe quanto ao princípio no Art. 5°, XXXVII - “não haverá juízo ou tribunal de exceção;" e Art. 5°, LIII - “ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”. Alguns juízes podem ser suspeitos no processo. Ele também regula quem é o substituto legal dos juízes. Não tendo nada na lei como atender ao princípio? Através do sorteio. Tem um artigo na lei de alimentos que diz o seguinte o autor da ação de alimentos pode escolher a vara que ele vai propor a ação. Isso não é inconstitucional, pois o direito à vida se sobrepõe ao princípio do juiz natural. A fome da criança é mais urgente. No entanto, após a atuação do juiz no período de liminar a ação será distribuída. Na conexão não há excessão desse princípio. Quanto ao foro de eleição a Caixa Econômica Federal não pode fazer o contrato e colocar no contrato fica eleito o foro da justiça estadual de Salvador a resolução de conflitos. Aqui pode-se consertar retirando a parte de estadual, pois a caixa econômica é federal. Aqui não se escolhe o juiz, há uma competência relativa em que não se escolhe o foro, nem o juiz. Se escolhesse o foro num lugar com mais de um juiz, haveria uma violação da CF. Se o lugar só tem um juiz aí não há violação. Está ligado à jurisdição.Faltando o juiz e não tendo nada na lei, para atender o princípio do juiz natural,a escolha do juiz deve ser feita pelo juiz. O foro de eleição, ou seja, o foro do contrato, significa escolher a comarca sobre a qual a lide será julgada, não infringindo o princípio do juiz natural, uma vez que é escolhida a comarca e não o juízo. O juiz de garantias é aquele que atua antes do próprio processo quando necessário Princípio da Inafastabilidade do Controle Jurisdicional Garante o direito de ação ou um direito de porta de entrada na justiça. Artigo quinto, inciso XXXV - “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”. Quando há ameaça a tutela jurisdicional é inibitória. Já quando a lesão, de fato já ocorreu a tutela jurisdicional é repressiva/ressarcitória.Existem princípios que também são garantias. O fato de ser uma garantia não significa dizer que não é um princípio. Nem todo princípio é uma garantia, mas há princípios que são também garantias (juiz natural, devido processo legal). Tem relação com o tema limites jurisdicionais, pois algumas pessoas se questionam se todas as lesões ou ameaças a direitos são passíveis de controle jurisdicional. Entendia-se que os direitos de segunda geração não eram exigíveis judicialmente, era um problema que deveria ser resolvido pelo Estado. Segundo a doutrina da exegese, o juiz é a boca da lei. Aquilo que for seara da Administração o juiz não poderia “entrar”, sob pena de o juiz invadir a atividade administrativa. A teoria dos 3 poderes servia como argumento para essa doutrina. Como resolver os conflitos que envolvem a administração pública? Quando ela estivesse atuando numa posição igual ao do cidadão (privatística) não teria problema, o problema seria quando atuasse em atividades numa posição de Estado. Essa teoria é conservadora, porém ainda é utilizada por parte do Judiciário. Hoje em dia, direitos sociais são passíveis de controle do Judiciário, mas há quem ainda defenda o contrário dizendo que os juízes estão gerindo o orçamento, interferindo nas decisões administrativas. Na Revolução Francesa, havia um conflito entre o cidadão e o Estado. Como resolver as situações se o judiciário não podia intervir em conflitos que envolvem a administração pública? Os revolucionários criaram uma justiça administrativa fora do sistema judiciário. O Brasil não adotou o sistema de justiça Administrativa Essa justiça foi tão marcante que prevalece na Europa até hoje. Esse é um sistema de jurisdição próprio, independente, que não integra o poder executivo. Há 3 sistemas jurídicos: um em que a Corte Constitucional fica fora do poder Judiciário, que não integra o poder judiciário nem os outros poderes para resolver situações de controle de constitucionalidade. Um modelo em que não se precisa de corte constitucional, e o controle é resolvido caso a caso (controle difuso) qualquer juiz pode e deve declarar uma lei Inconstitucional. No Brasil esse controle é feito pelo poder Judiciário. Há também o controle concreto que integra o judiciário. Na Argentina não há controle concentrado de constitucionalidade, só o difuso. Ainda há os Tribunais de Contas que são tribunais administrativos específicos ligados a questão das contas do poder administrativo, tanto da administração direta quanto da indireta. A questão da jurisdição política ou parlamentar, como é o caso do impeachment em que há um julgamento no legislativo de um conflito. Aqui no Brasil há tribunais administrativos também porém não são jurisdicionais, ex: Conselho de Contribuintes, Jari, Carf. Se um fiscal lhe autua você pode ir direto para o Poder Judiciário. O cidadão tem a opção de buscar esses órgãos ou o Poder Judiciário. A CF anterior exigia que o indivíduo resolvesse primeiro pela via administrativa para depois entrar pelo Judiciário. O que não se admite é que o Estado reconheça seu direito e depois entre na via Judiciária, mas o cidadão, mesmo não tendo seu direito reconhecido por esses órgãos pode buscar a via jurisdicional. Wilson dúvida da inconstitucionalidade disso, pois isso desafogaria o Poder Judiciário e ressalvando-se os casos urgentes seria interessante. O Stf já declarou a inconstitucionalidade das ... trabalhistas. Nos julgamentos políticos (impeachment,aprovação das contas de um prefeito pelo Tribunal de Contas) há uma flexibilidade para questões processuais se a garantia de defesa não foi processualmente correta. Aí seria possível recorrer ao Judiciário. Em casos de decisão de jurisdição não judicial a princípio o judiciário não tem jurisdição nos casos de Mérito mas quando eles forem evidentemente antijurídico, sem fundamentos jurídicos, somente políticos aí o Judiciário poderia atuar. Há 2 órgãos no Brasil que não fazem parte do poder judiciário, mas tem jurisdição: O Senado e os Tribunais de Contas. O TCU julga em primeira instância as contas presidenciais com o nome de “ parecer prévio” e em segunda instância o Congresso Nacional também deve julgar essas contas. Nesse caso o julgamento do Poder Judiciário se limita à questão formal, sem julgamento de mérito, já que tais órgãos têm jurisdição de base constitucional. Princípio do contraditório e da ampla defesa (Artigo quinto, inciso LV) “LV - aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes.” Contraditório é o direito de ser ouvido pelo juiz, garantindo o direito de defesa. Assim se dará a ambas as partes a possibilidade de expor suas razões, de apresentar suas provas e de influir sobre o convencimento do juiz. Em princípio o contraditório deve ser respeitado, mas ele pode ser postergado por liminares, para garantir um outro direito fundamental que por ponderação foi considerado mais urgente. Aqui a decisão é provisória, se for necessário ela pode ser revertida. O postulante encaminha sua postulação ao juiz, agora é necessário ouvir as duas partes. Postulante e postulado (obs: as vezes o réu pode ser postulante. Normalmente o postulante é o autor e o postulado é o réu. O réu geralmente é aquele contra quem se postula. ). O direito de contestação é a expressão máxima do contraditório. Por sua vez, a defesa tem que ser ampla, a mais ampla possível. Começa pelo direito de contestação. No sentido estrito a ampla defesa se refere ao direito de se defender e é ligado ao demandado, ou seja, contra aquele que se propõe uma ação. No sentido amplo, é de defesa do direito que qualquer pessoa possui de postular acerca dos direitos que ela possui de forma ampla. Mas o direito de defesa não pode ser abusivo, por exemplo, um advogado não pode requerer provas procrastinatórias. Princípio da proibição de produção de prova obtida por meios ilícitos. (artigo quinto inciso XII e LVI) “LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos;” “XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal; (Vide Lei nº 9.296, de 1996)” É também uma garantia. As provas não podem ser obtidas por meios ilícitos. É um dispositivo que visa combater escutas clandestinas, a prática de tortura, o furto de um documento por parte, principalmente, do Estado-Polícia, mas também, de qualquer um no processo. Para Wilson, se o único meio que você tem para provar algo é ilícito você poderia usar, vedado os meios ilícitos extremos. Teoria dos Frutos da Árvore Envenenada: as provas em si não foram obtidas por um meio ilícito, mas na cadeia sucessória para obtê-la houve um ato ilícito, ou seja, não fosse o veneno, não haveria o fruto. Para o professor, a prova posterior, aparentemente lícita, não deveria ser admitida (esse também é o entendimento da jurisprudência).Segundo essa teoria se a prova originária (árvore) for ilícita, todas as provas (frutos) derivadas dela serão ilícitas, mesmo que aparentemente sejam lícitas. Nessa matéria é preciso distinguir prova obtida por meioilícito de prova ilegal em sentido estrito que é aquele que a lei veda em determinada situação (ex: lei 8213 em matéria previdenciária que diz que não se admite em processos para fins de aposentadoria prova exclusivamente testemunhal, deve haver algum começo de prova material). Princípio da Publicidade (art. 93, IX da CF) “ todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)” A publicidade tem a finalidade de inibir a conduta arbitrária de uma autoridade pública, sobretudo no processo. O processo é público, não é somente das partes. A presença do público nas audiências e a possibilidade do exame dos autos por qualquer pessoa representam o mais seguro instrumento de fiscalização popular sobre a obra dos magistrados, promotores, defensores e advogados. Wilson a atividade da polícia deveria ser filmada para evitar os atos de repressão policial brutal, controlando os atos da polícia. A publicidade se refere a dois aspectos: os atos processuais em geral, que tem dois lados, o processo escrito em si, os autos, aos quais todos têm acesso, e a disposição eletrônica dos processos (sem que haja manipulação); o outro aspecto se refere aos atos processuais orais, como as audiências. Wilson defende que o processo eletrônico deveria ser disponibilizado a todos sem que ele seja alterado. Se o processo está em segredo de justiça, as pessoas não podem ter acesso, só as partes e o advogado. Os atos processuais orais também fazem parte da publicidade. As sessões dos tribunais, como o tribunal do júri são orais também. O juiz pode limitar a publicidade para não haver tumultos. É importante ressaltar que a publicidade não pode ser confundida com o sensacionalismo que afronta a dignidade da pessoa humana. O juiz pode limitar a publicidade por razões de segurança (júri de uma pessoa famosa ou caso de grande repercussão), podendo dar preferência a estudantes de Direito, profissionais da área, imprensa, ou até mesmo quem chegar primeiro. Obs- Medida cautelar no meio jurídico é um procedimento que visa evitar prejuízo imediato ou futuro. Tal medida é obtida fazendo-se um pedido ao juiz através de petição escrita por advogado, informando as razões de seu receio, bem como demonstrando o porquê acredita ser “dono” do direito que reclama, de forma que o pedido seja atendido. É muito importante definir os limites do princípio da publicidade, pois há danos irreparáveis decorrentes dele. Princípio da fundamentação das decisões judiciais (art. 93, IX) As decisões administrativas também devem ser fundamentadas de maneira clara e razoável. Segundo Wilson esse princípio se fundamenta nos direitos e garantias individuais, embora não esteja inserida nessa parte. É preciso falar da teoria da decisão judicial para entender o princípio: quem traz a pretensão para o juiz é a parte, mas até então não se sabe se há realmente direito ou não. Quanto o réu constata, sua pretensão é de resistência à demanda do autor. Normalmente os fatos exigem provas; já que os supostos fatos jurídicos estão contestados, é preciso ir para as provas, e assim chegar na decisão. Contudo, no processo, no meio do caminho, antes da decisão final, é possível que existam outras decisões. Um processo pode ser extinto de plano, indeferindo uma petição inicial porque é inepta; pode dar uma decisão mandando emendar porque falta algo imprescindível e, não sendo emendado, o processo pode ser extinto. As provas não são direitos absolutos – o juiz pode negar o direito às provas legítimas e lícitas; mas pode ser que, no caso concreto, as provas sejam desnecessárias, e utilizadas como forma de procrastinação, encarecendo e prolongando o processo. Uma sentença pode ser autossatisfativa/autossuficiente (não exige um cumprimento) ou não, ainda que exista ou não recurso. O processo cognitivo é aquele de incerteza jurídica, que possui uma decisão definitiva. Se o processo não foi extinto por questão processual, chega-se no mérito. Sentença de prestação exige um cumprimento o qual, a princípio, pode ser voluntário. Caso a parte não cumpra, haverá a fase executiva, que forçará a parte a cumprir.Os atos dos juízes são de 2 tipos: despachos que são atos de pronunciamento, ou seja de mero expediente. e decisões. As decisões podem ser interlocutórias ou finais.( sentença no sentido estrito). Razoável é aquilo que pode ser aceito pela comunidade, até porque no âmbito judicial a fundamentação é o fator de legitimidade que o juiz não teria (o voto popular). Num caso quem traz a fundamentação para o juiz é a parte que diz que tem um direito, mas no fundo no fundo formula uma pretensão fundamentando-o. A pretensão do réu é de resistência à demanda do autor. No processo no meio do caminho podemos ter uma série de decisões: é possível indeferir uma petição inicial por ela ser inepta. Em quase todos os processos pede-se liminares. No processo civil há a cumulação de pedidos, ou seja, as mesmas partes podem estar envolvidas em 2 situações jurídicas diferentes. A lei permite que você cumule as duas. O processo não tem só uma decisão, pode ter várias e o juiz deve fundamentar todas, sobretudo uma decisão final. A sentença só é final em relação aquele juiz, mas como a lei permite recursos e mais do que isso a dupla instância obrigatória, o processo pode prosseguir. A sentença pode ser auto satisfativa ou não. Uma sentença deve ter 3 elementos: o relatório- é o que Wilson chama de um relatório de descrição, exposição do caso. Existem falsos relatórios; a fundamentação- seria aquela parte da sentença onde o juiz vai apresentar os motivos claros do dispositivo. Citar um artigo de lei não é fundamentar. Fundamentar é deva ter as teses jurídicas trazidas pelo réu e pelo autor. E dizer por que recusou a pretensão de uma das partes.Apresentar conceitos gerais também não é fundamentar. O porque envolve 2 aspectos: a questão fática, pois deve-se analisar as provas, ou as regras de ônus da prova se as provas não forem conclusivas. E a questão jurídica. dispositivo- é aquela parte da sentença em que o juiz vai efetivamente deliberar,segundo a doutrina majoritária. O juiz pode dar uma sentença em que ele rejeita ou aceita o pedido do autor. Um dispositivo é direto quando o juiz repete o que o autor diz. Um dispositivo é indireto quando o juiz se reporta ao que o autor está pedindo e não explicitando o que ele disse na sentença. O processo cognitivo é um processo de maior grau de incerteza jurídica (ele é ou não um delinquente?) esse processo vai ter uma decisão definitiva ou condena ou absolve. No processo executivo já se tem uma certeza jurídica. Se falar relatório ou fundamentação a sentença é nula para a doutrina majoritária. E se faltar sentença sem dispositivo é inexistente para a maioria da doutrina. No fundo a fundamentação não existe para Wilson. Quando eu estou fundamentando eu já estou dispondo para Wilson. Uma sentença que termina na fundamentação por completo no fundo no fundo se o caso for claro já é válida para Wilson. Não tem como isolar a fundamentação do dispositivo. Para Wilson o dispositivo puro é coisa oca, não se sabe do que se trata. Isso é qualquer coisa menos uma sentença. Já se o juiz deve fundamentar consistentemente já se pode chegar a um resultado. Para Wilson a falta de fundamentação é ato inexistente, pois num Estado de direito ela é essencial. A fundamentação também deve ser um ato de racionalidade. Existe um recurso chamado embargos de declaração que afasta as contradições da sentença e tem um prazo de 5 dias no processo civil. Para Wilson se a fundamentação estiver em um sentido e um dispositivo em outro deve-se modificar o dispositivo e não reformar a fundamentação. O erro no dispositivo é um erromaterial, didático. A fundamentação é elemento essencial para existência do ato e não para a validade do ato, diferentemente da doutrina majoritária. Se um ato não existe jamais vai existir coisa julgada. Se faltar para Wilson o relatório, ele pode até ser dispensado, pois como o caso é próprio processo ele não necessário. Ele é apenas didático, não é garantia nenhuma. Tanto é assim que as leis dos juizados especiais dispensam o relatório. O importante do relatório é que ele permite que a sociedade entenda melhor a decisão. Para Wilson se faltar dispositivo na sentença o ato é inexistente. Obs: o Tribunal do júri é uma excessão do sistema, pois por ser um julgamento popular e legítimo não precisa de fundamentação. Para Wilson é um erro aceitar a não fundamentação do tribunal do júri, pois é contrário ao estado democrático de direito. Princípio da recorribilidade com duplo grau de jurisdição( CF, art. quinto, inciso LV) Significa o direito que a parte vencida tem de ter pelo menos um recurso para uma instância superior. A recorribilidade pura seria para a mesma instância, por isso se fala em recorribilidade com duplo grau de jurisdição, porque o recurso se dá para um tribunal superior. Esse princípio está implícito na CF. Historicamente, tivemos na Constituição Imperial. No art. 5, LV, garante-se às partes os meios e recursos a elas inerentes – alguns autores entendem que isso trata do duplo grau de jurisdição. Outro entendimento é de que a existência dos tribunais na Constituição já consagra esse princípio. Existem autores, ainda, que entendem que o princípio não existe, por não estar explícito no texto constitucional. O debate surge quando aparece alguma lei que não admite o duplo grau de jurisdição. Ao reconhecer o princípio, não estamos afirmando que ele é absoluto. Quando falamos em duplo grau, a causa já começou numa primeira instância, ainda que de segundo grau, e foi para outra. O recurso é uma crítica à decisão judicial. Para Wilson se a causa foi decidida se baseando em precedentes pacificados, não haveria necessidade de a parte que perdeu recorrer. Para ele deve-se demonstrar o erro da decisão no momento de recorrer. Os tribunais regionais ou estaduais podem funcionar como a instância originária. Assim como os tribunais superiores e o STF. Princípio do processo em tempo razoável Com uma emenda CF o art quinto incluiu o inciso 78. O processo deve começar e terminar num tempo razoável. Exige-se um tempo médio em função da causa, e qual seria esse tempo que se pode esperar. Porém não há um padrão objetivo, mas deve-se ter um sentimento de tempo razoável. É um princípio aberto, pois não há como quantificar o que é tempo razoável. processo tem que demorar, mas não deve demorar excessivamente. O processo pode se estender por conta das próprias partes (dilações indevidas), pois aquele que está com vantagens práticas quer protelar o processo (aplicação de multas para quem está litigando de má-fé). As intimações do poder público são pessoais, o que protela ainda mais o processo. Princípio da efetividade das decisões Os juízes têm que fazer tudo que for necessário para que suas decisões sejam cumpridas. Se o sistema não funcionar nesse plano ele se torna um desastre. Wilson sustenta que se a parte está desacatando uma decisão judicial o juiz deve até mesmo ameaçar a parte à uma detenção civil, devendo fazer tudo para evitar isso. Tem um grau de relatividade, pois o sistema tem que conviver com situações excepcionais. Ex: em alguns casos de dívida, há indivíduos que não tem bens e eles não podem ser exigidos se ele não os tem. Mas se a dívida for alimentar você pode forçar mediante prisão. O processo pode ser rápido e não eficaz, ou demorado e eficaz. Prova até aula de hoje. Princípios Processuais 1- Princípio da Iniciativa das partes O Judiciário é um poder inerte como fundamento de sua imparcialidade em qualquer matéria, até mesmo constitucional. Mas tendo processo o juiz pode alegar a inconstitucionalidade da lei de ofício. Ele se expande pelo caráter dispositivo do processo, o juiz tem que se limitar ao que as partes pediram, à pretensão delas e não pode pedir a pretensão que as partes não pediram. Já quanto às provas o juiz não precisa se limitar as provas trazidas. 2-Impulso oficial O juiz não pode começar o processo, mas pode e deve dar impulso ao processo, sobretudo para evitar dilações. É o poder que o juiz tem de impulsionar oficialmente o processo. O juiz dá impulso ao processo a partir de atos que são ou que não praticados. 3-Lealdade processual O processo é um jogo, mas deve-se coibir o litigante de má-fé. O juiz pode aplicar medidas punitivas contra o litigante de má-fé. 4-Oralidade Há certos atos no processo que tem que ser orais. Se concentra na audiência ou no julgamento dos tribunais. Assim, alguns atos podem ser orais ou escritos, normalmente a defesa pode ser escrita ou oral. 5-Imediatidade A oralidade leva a esse princípio. É o contato direto do juiz com as partes de forma imediata. 6-Concentração da causa A ideia é de que, por exemplo, não fazer mais de uma audiência, mas concentrar tudo numa só. Na prática cada dia é um dia. 9.Princípio da preclusão Os prazos são preclusivos, o processo é um caminhar para frente. Tem prazos que não são preclusivos por exceção. Se a parte não praticar um ato dentro do prazo, precluiu. Se eu não contestei no prazo revelia, se eu não. Dois exemplos deixam claro esse princípio: a defesa e o recurso – se não realizados dentro do prazo, perde-se o direito. Teoria da Jurisdição e da Competência Cap 3, 4, 19 do livro de Wilson O tema da jurisdição para Wilson está ligado ao direito processual constitucional. Jurisdição é um tema de direito constitucional, pois estamos tratando de atribuição de poder na função de legislar, na função executiva, na visão de administrar e na função de julgar. O poder não se divide, o poder é uno, é soberano para Wilson essa afirmação está correta, mas na visão de Montesquieu dentro de um contexto efetivamente democrático temos que dividir o poder internamente em órgãos distintos, que deve ser ocupado por pessoas distintas para que haja uma funcionalidade do sistema. Por isso, a CF diz que os poderes devem ser independentes e harmônicos. No Brasil, há uma crise entre poderes. O Estado existe como uma realidade, mas também é uma abstração. É o Brasil que responde nos tribunais internacionais, é o Brasil que responde se um dos estados-membros tiver pego empréstimos no exterior. Então nós falamos do legislativo municipal, estadual e federal. Jurisdição é um poder que também se subdivide. A Jurisdição não é única no sentido de ter um órgão único. A jurisdição é una, é soberana e aí vem uma frase de que “ todo juiz tem jurisdição” até aqui não tem erro “para tudo, pois pode faltar algum juiz competente”. Aqui há um erro. Para Wilson a jurisdição tem limites internos e externos. Se eu aplicar a palavra competência em sentido amplo essa frase estaria correta. Mas para Wilson há um conceito restrito de competência, se não a jurisdição se confundiria com a jurisdição. Afinal, não há como falar em funções únicas, senão isso afetaria a própria autonomia dos poderes. O judiciário legisla por meio das súmulas vinculantes, dos precedentes vinculantes (sistema inglês e americano) e também administra. Ele participa do processo legislativo quando manda sua proposta de orçamento e quando vai criar ou extinguir cargos tendo a iniciativa para esta última hipótese. Wilson o controle de constitucionalidade não é função legislativa do STF. Jurisdição dos juízes também é limitada, e a limitação é recíproca. A Jurisdição não é exercida somente pelo Judiciário. Fundamentalmente é, mas o Legislativo, por exemplo, também tem uma função judiciária como ocorre no caso de impeachment. No momento da ditadura surgiu a escola da exegese que pregava uma limitação doutrinária dos juízes (construção de que o juiz é a boca da lei). Para Wilson isso acaba trazendo julgamentos injustos e como o juiz tem autonomia ele pode simlegislar. Se um poder não pode interferir no outro, se o juiz julgar na seara administrativa ele está invadindo o poder Executivo. Obs: O mito dos 3 poderes: será que nós temos somente 3 poderes? Há quem fale que isso é uma mitologia. Se nós admitidos que o poder é fracionado internamente, percebemos que não temos só 3 poderes. Ex: Alguns países, como a França, a Espanha e Portugal possuem um tribunal constitucional não judicial, pois não integra o poder judiciário. Assim ele seria o que senão um poder a mais? Além disso, alguns países possuem tribunais administrativos não judicial (tratam de direito previdenciário, fiscal, eleitoral, em suma direito público, exceto constitucional nos litígios que envolvem o Estado como parte da relação) que também formariam um outro poder. Em sistemas não democráticos a jurisdição pode ser entregue à um só órgão. Numa democracia a jurisdição deve ser entregue a órgãos distintos e autônomos. Hoje podemos dizer que o Executivo é o único poder que não tem jurisdição. O Brasil não segue o mítico número 3 em matéria de jurisdição, pois há função jurisdicional fora do poder judiciário jurisdição política ou parlamentar, quando o legislativo julga o impeachment. Em termo de poderes isso não aumenta o número, pois já está dentro do legislativo. Assim, nem todo juiz tem jurisdição para tudo, portanto a jurisdição se limita. Outra jurisdição fora do poder Judiciário é o julgamento das condutas do administrador em matéria de contas. O Tribunal de Contas tem as mesmas garantias e os mesmos impedimentos para julgar assim como os juízes. Ele julga contas em caráter autônomo, sem ser vinculado ao poder Legislativo para Wilson. Qualquer particular pode ser julgado pelo TC. Só quem tem jurisdição de contas é o tribunal de contas. Caso da conta dos executivos que ele dá um parecer prévio para Wilson isso não seria meramente opinativo, e sim, um julgamento em primeiro grau. Aqui aumenta o número de poderes para Wilson. O Ministério Público em princípio não é um poder é um órgão autônomo com funções atípicas. Porém, como a Constituição atribui além da função de o MP ser um potencial postulante de ações, ele também tem a função opinativa, tem uma função investigativa de instaurar inquérito civil. Assim, para Wilson como o MP tem todas essas funções ele também é um poder. Excepcionalmente se for uma questão grosseira, aí o Judiciário poderia entrar se as contas forem manifestamente ilegais. Se a jurisdição é um poder ela seria una, mas para Wilson ela não é una pois há um STF em que há na CF as atribuições dele, dentre elas as de controle de constitucionalidade difuso e concentrado e outras matérias. Então tudo que está na CF atribuído ao STF é jurisdição exclusiva dele (jurisdição judicial). Nós temos as justiças especializadas, como o Brasil é uma federação achamos prudente criar uma justiça federal em primeiro grau (interesses da união, suas autarquias e suas empresas públicas) os Tribunais Regionais Federais em segundo grau. Há também a justiça do trabalho em 3 instâncias- Justiça do Trabalho, TRT e TST (o constituinte criou na CF um órgão específico para julgar as causas trabalhistas. Há também a justiça eleitoral em 3 instâncias juízes e juntas eleitorais, tribunais eleitorais e superior tribunal eleitoral que é uma justiça também da União. A justiça militar engloba as juntas militares e o Superior Tribunal Militar que é órgão de segundo grau para Justiça da União. A Justiça estadual é remanescente e é também jurisdição judicial comum e há também os tribunais de justiça do segundo grau. O STJ e o órgão de terceira instância que abrange a justiça estadual e a federal. Jurisdição é a atribuição do poder pela Constituição. Para ele isso não é problema de competência, e sim, de jurisdição. Competência em sentido restrito é a aquilo que a lei infraconstitucional atribui aos juízes num segundo plano na área de jurisdição de cada um. Se você for propor uma ação primeiro consulte a CF para saber qual o juiz tem a jurisdição adequada para essa causa. A competência é a divisão se a causa será em Salvador, em Petrolina, se fica na Bahia, tudo isso fica para lei infraconstitucional. Se a sua causa é Federal ela será aonde tem vara tributária em Salvador ou todo mundo julga tributariamente? A competência pode ser dividida por critérios materiais, de valor. Para Wilson o nome correto seria conflito de jurisdição e não de competência. O STF também não tem jurisdição para tudo, apenas para o que a CF. atribui exclusivamente a ele. Justiça do trabalho se percebe uma diversidade orgânica, pois são 3 instâncias. Competência é competir, na hipótese que pode ser um juiz de mesma jurisdição concorre com o outro. Graus e instâncias são limites constitucionais para Wilson. O TJ é um órgão de jurisdição estadual. Quem quer buscar a competência não busque na CF, busque na lei. Limites da Jurisdição e da Competência Essencialmente o tema da competência é um tema de limite de órgãos, pois eu posso ter diversos órgãos com igual jurisdição. Então a jurisdição é também limitada. 1) Instâncias: Primeira instância- Trabalhista, Federal, Estadual, Militar, Eleitoral? A causa é federal então só quem tem jurisdição são os juízes federais. A competência da justiça federal é definida pelos regimentos dos tribunais. Jurisdição é uma função do Estado que tem a finalidade de pacificação social. As desigualdades sociais que geram os conflitos. Por mais que seja avançada no ponto de vista socioeconômico sempre haverá uma margem de conflito. Jurisdição é substituir os sujeitos em conflito com imparcialidade chegando a decisões justas. A ideia nuclear da jurisdição é ninguém ser juiz em causa própria. Se eu resolver meu conflito com a minha mão isso não é a ideia moderna de jurisdição. Deve haver um terceiro imparcial. Os juízes são agentes públicos do próprio Estado, então como explicar essa questão: agentes do Estado, julgando o próprio Estado? A solução para isso é aplicar a separação dos Poderes. A Jurisdição também tem notas específicas: a) a substituição ou substitutividade: o Estado-juiz substitui os sujeitos em conflito. Não basta substituir, esse terceiro também deve ser imparcial (Chiovenda). B) imparcialidade: daí a ideia de independência, não só orgânica mas também pessoal do juiz. Assim, os juízes tem garantias como a vitaliciedade e a inamovibilidade que os dão autonomia. C) jurisdição é poder, função e atividade ao mesmo tempo, D) a finalidade da jurisdição é a paz social, é solucionar os conflitos; E) Atribuição judicial pressupõe existência de lide. Toda atuação judicial pressupõe lide? Existe um tipo de jurisdição denominada voluntária que ocorre em situações que não há lide (função administrativa do poder judiciário. Para Wilson isso é função jurisdicional e não administrativa). Obs: Lide- pressupõe um processo instaurado. Numa questão sem jurisdição não há lide, pois não existe ação. O conceito de lide está associado ao conceito de ação. F) Inércia: o juiz só atua se for provocado, não pode atuar diretamente, por iniciativa própria. Isso é fundamental pois se o juiz tomar a iniciativa de alguma coisa vai para o “ lixo” o processo. A própria parte que busque seu direito. G) Definitividade: em algum momento o processo tem que parar. Por mais que haja recursos há um limite lógico. Chega um tempo que há a coisa julgada - a decisão se torna imutável. Mas, fala-se que nada é absoluto, assim a definitividade tem um grau de relatividade. Em matéria criminal a coisa julgada não pode ser absoluta, pois o réu possui uma série de garantias e ele pode a qualquer tempo abrir a discussão acerca da coisa julgada. Sem definitividade a jurisdição nunca iria chegar ao fim. A coisa julgada se relaciona com a segurança jurídica. Aí estão as ideias chaves da jurisdição. Princípios Jurisdicionais 1- Juiz natural: É um princípio também ligado a jurisdição. 2- Inafastabilidade do Controle Jurisdicional: Toda lesão a direito é passível de controle pelo Poder Judiciário. Quando falamos de miséria, falamosde Direitos Sociais. 3- Investidura: é um mecanismo judicial por meio do qual os juízes ocupam os cargos. No segundo grau a investidura se dá por e merecimento. Os juízes do tribunal do quinto constitucional são investidos politicamente por eleições diretas. No STJ é por eleição. Se não estiver investido nos termos da CF. O juiz não o é. 4- Princípio do Duplo Grau de Jurisdição Significa o direito que a parte vencida tem de ter pelo menos um recurso para uma instância superior. A recorribilidade pura seria para a mesma instância, por isso se fala em recorribilidade com duplo grau de jurisdição, porque o recurso se dá para um tribunal superior. 6-Princípio da Publicidade Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação 7-Princípio da inevitabilidade: Significa que a jurisdição se impõe por si mesma. Assim quando for necessária, é um problema de soberania, independente da vontade das partes. 8-Princípio da indeclinabilidade: É uma Garantia de acesso ao poder judiciário. Ou seja, ninguém pode negar o acesso ao poder judiciário. O juiz não pode se negar a julgar. Essa garantia é de acesso, não significa que seja de acesso à justiça, pois esta é um termo mais amplo. Esse conceito de justiça chega a entrar no âmago da decisão em si mesma. Juiz sem jurisdição e juiz sem competência: Os atos praticados por juiz que não tenha jurisdição serão inexistentes, são decisões que nunca passam em julgado. Já os atos praticados por juiz que tem jurisdição e não tem competência, são atos nulos. O sistema de jurisdição é orgânico, tem uma série de órgãos, e esses órgãos são ocupados por agentes, que são pessoas, o Estado sempre age através de pessoas físicas. Atribuição da jurisdição No caso da jurisdição, os juízes exercem cargos que são previamente constituídos segundo a Constituição. Portanto, a atribuição da jurisdição é feita pela CF. A Constituição dá os traços gerais, mas algumas coisas a lei que regula (ex.: a Constituição diz a composição do STF, mas não diz quantos juízes federais haverão). A Constituição dá alguns critérios gerais para a investidura. A investidura pode ser administrativa ou política. É administrativa quando se segue um procedimento de natureza administrativa; o cargo não é administrativo, é político, porque a função jurisdicional, lato sensu, é política. Judiciário como órgão político: Todo órgão de decisão é órgão político. E isso advém da concepção de poder, pois toda decisão de emana de um órgão dotado de poder, é em si uma decisão política. Assim, nesse sentido, o judiciário é um órgão político, pois como órgão dotado de poder de determinar, ou não determinar as decisões de outro poder, logo ele é um órgão político, não no sentido de político, como governante, eleito pelo povo, através do voto secreto, direto e universal. A investidura do supremo, por exemplo, é uma investidura política, porque quem decide é uma única pessoa quem decide – o presidente. É política quando, por exemplo, o presidente da república indica um ministro para o STF. O processo de escolha para o STJ também é uma investidura política. Para os juízes de carreira no Brasil, a investidura é administrativa, porque ele faz concurso como qualquer servidor público. Isso não transforma o juiz em servidor público comum; ele continua sendo agente político, apenas o critério de escolha foi administrativo. Para ser desembargador, um juiz de primeiro grau tem os dois critérios: ascensão por antiguidade ou por merecimento. Por antiguidade é um desdobramento da investidura administrativa, mas é outra investidura, porque é outro cargo; é estritamente administrativo. Para o professor, a ascensão por merecimento deveria ser uma decisão administrativa, mas acaba sendo, muitas vezes, um critério político. Sendo o processo administrativo, deve-se fundamentar a decisão por merecimento. A escolha por antiguidade e por merecimento é feita alternadamente. Nos tribunais de segundo grau e superiores, temos ainda o quinto constitucional, e aí, sim, o critério é político e deve ser citado como comparação à ascensão por merecimento do juiz de carreira. O juiz do quinto é o juiz que era do Ministério Público ou era advogado. Na eleição, a pessoa faz a sua inscrição e a OAB e o MP indicam nomes, e ocorre uma eleição interna, resultando numa lista de 6 nomes. O tribunal pega a lista e vota, e essa votação é feita pelos membros do tribunal. A escolha também é feita alternadamente. A investidura é totalmente encerrada quando: ▪ Princípio da Aderência ao território ● É um caso bem típico de limite da jurisdição. Cada juiz só pode exercer sua jurisdição nos limites territoriais delimitados para essa jurisdição. Isso não significa que ele não pode julgar alguém que se encontra no Rio Grande do Sul. No entanto, ele não pode julgar um litígio em outra comarca. A aderência ao território é exigida, até para os particulares. ● O juiz atua em um determinado território limitado. Ex.: um juiz nacional tem a limitação do território brasileiro. ● Para fins de entender a aderência ao território, essa questão nacional só vale para os tribunais nacionais (ex.: STF, STJ, TST...). ● Na área estadual, o espaço de atuação de cada tribunal é o seu próprio estado. ● É necessário distinguir a atuação de um juiz territorialmente com a eficácia de sua decisão; a sentença que o juiz dá tem eficácia no Brasil inteiro, apesar de ele ter uma área de atuação restrita. Ex.: a decisão de um juiz de Salvador vale no Brasil todo, mas ele só pode atuar na cidade de Salvador. ● Se choca com um princípio da indelegabilidade da jurisdição; ao mesmo tempo que a jurisdição é indelegável, ela tem que se limitar a aderência ao território. Segundo o princípio da indelegabilidade da jurisdição se um ente tem uma função dada pela constituição ele não pode delegar para a outro ente. Quem delega o poder de jurisdição é a constituição. Quando a constituição atribui ao Congresso o poder de editar normas, não é uma delegação, mas sim uma atribuição. O Congresso não pode abdicar dessa atribuição em face de outro órgão. ● O princípio da aderência é tão fundamental que, mesmo numa divisão interna local no mesmo município, se houver um mesmo juiz no mesmo local com a mesma competência, a aderência do juiz se limita a sua vara. ● Se houver dificuldade prática entre indelegabilidade e aderência, quando se precisa praticar atos em outros territórios, se faz por acordo por meio de carta precatória. ⋅ Existem casos que alguns atos precisam ser delegados ⋅ Obs.: há diversos casos de delegação, que mostram que os juízes podem ter suas atribuições delegadas. No entanto, a delegação só pode ser para atos materiais, podendo até haver uma decisão interlocutória, no entanto, a decisão final, cabe unicamente ao juiz competente. Isso em nome do princípio da aderência ao território. Quando o juiz sucede o outro que foi transferido para outra comarca, isso não é delegação. ⋅ O sistema de jurisdição é orgânico, tem uma série de órgãos, e esses órgãos são ocupados por agentes, que são pessoas, o Estado sempre age através de pessoas físicas. ♦ No caso da jurisdição, os juízes exercem cargos que são previamente constituídos segundo a Constituição. ♦ A Constituição dá os traços gerais, mas algumas coisas a lei que regula (ex.: a Constituição diz a composição do STF, mas não diz quantos juízes federais haverão). ♦ A Constituição dá alguns critérios gerais para a investidura. ♦ A investidura pode ser administrativa ou política. ♦ É administrativa quando se segue um procedimento de natureza administrativa; o cargo não é administrativo, é político, porque a função jurisdicional, lato sensu, é política. ➢ Político é quem detém um cargo político e, portanto, ojuiz é um agente político. ➢ O problema é apenas de grau; como a função administrativa e a função legislativa têm um caráter amplamente político, a questão política é mais transcendente. ➢ Quanto mais o caso a ser decidido for complexo, maior a visão da questão de natureza jurídica. ➢ Isso fica evidente quando um órgão como o STF está decidindo um tema como uma ADI; está se analisando um ato de outros órgãos políticos. ♦ É política quando, por exemplo, o presidente da república indica um ministro para o STF. ➢ O processo de escolha para o STJ também é uma investidura política. ♦ Para os juízes de carreira no Brasil, a investidura é administrativa, porque ele faz concurso como qualquer servidor público. ➢ Isso não transforma o juiz em servidor público comum; ele continua sendo agente político, apenas o critério de escolha foi administrativo. ♦ Para ser desembargador, um juiz de primeiro grau tem os dois critérios: ascensão por antiguidade ou por merecimento. ➢ Por antiguidade é um desdobramento da investidura administrativa, mas é outra investidura, porque é outro cargo; é estritamente administrativo. ➢ Para o professor, a ascensão por merecimento deveria ser uma decisão administrativa, mas acaba sendo muitas vezes um critério político. Sendo o processo administrativo, deve-se fundamentar a decisão por merecimento. ➢ A escolha por antiguidade e por merecimento é feita alternadamente. ♦ Nos tribunais de segundo grau e superiores, temos ainda o quinto constitucional, e aí, sim, o critério é político e deve ser citado como comparação à ascensão por merecimento do juiz de carreira. ➢ O juiz do quinto é o juiz que é do Ministério Público ou é advogado. ➢ Na eleição, a pessoa faz a sua inscrição e a OAB e o MP indicam nomes, e ocorre uma eleição interna, resultando numa lista de 6 nomes. ➢ O tribunal pega a lista e vota, e essa votação é feita pelos membros do tribunal. ➢ A escolha também é feita alternadamente. ESPÉCIES DE JURISDIÇÃO O conceito tradicional de Jurisdição afirma que por tratar-se de problema de soberania, seria "Una". No entanto o professor defende que a Jurisdição está constitucionalmente dividida entre várias secções do Poder Estatal. Esse seria o problema do fracionamento INTERNO da Jurisdição (há também a Jurisdição supra estatal, como é o caso dos tribunais internacionais). O conceito de Jurisdição então transcender o conceito de soberania. A discussão sobre espécies de Jurisdição está no plano dos organismos judiciários (atribuições constitucionais), só podendo a CF instituir novos órgãos jurisdicionais. O problema do fracionamento interno da jurisdição: Para Wilson não tem como haver um sistema de jurisdição única. A fonte desse fracionamento da jurisdição, é a constituição. A CF não cria o órgão em si mesmo, ela apenas institui. Se ficasse tudo para a lei resolver, seria um problema legal. Qual a justiça competente? Em rigor, essa é uma colocação contraditória. O correto seria dizer qual a jurisdição “competente”? Todo juiz tem jurisdição: é mentira, nem todo juiz tem jurisdição. Um juiz de primeiro grau, por exemplo, não pode julgar ADIN. Só quem pode é o STF. Quanto a matéria: a jurisdição se divide internamente em cível, trabalhista, eleitoral, federal, penal, etc. Quanto ao organismo judiciário: Jurisdição absoluta: A absoluta culmina na nulidade. Jurisdição relativa: Por exemplo, apresentar no juiz errado entra em preclusão. Aqui se quebra a nulidade. Se o autor entra com a petição no órgão errado, e o réu aceita, o efeito da jurisdição relativa é quebrado. Quando a coisa julgada for julgada por um juiz incompetente, cabe ação rescisória. Para a tese, de Wilson, com o novo CPC, acabaria com a rescisória. A tese de Wilson, seria para que na falta da rescisória, caiba sentença declaratória de inexistência. Quanto a hierarquia: é um problema de jurisdição ou de competência? É um problema de jurisdição, isso porque na verdade, há uma hierarquia nos órgãos cuja finalidade é garantir o princípio do duplo grau de jurisdição. Outros doutrinadores defendem que a hierarquia seria problema de competência (Wilson defende que seria um problema de Jurisdição, havendo na quebra da hierarquia um defeito de inexistência). O juiz de primeiro grau não pode julgar um recurso por respeito a hierarquia. E ele só pode recusar um recurso se ele for intempestivo. E mesmo assim, a parte ainda pode recorrer através do Agravo – instrumento, para que o tribunal analise a decisão do juiz quanto a tempestividade da causa. No caso do recurso, o juiz de primeiro grau não irá julgar o recurso, irá julgar o juízo de admissibilidade. Quando o juiz julgar o recurso – há um juízo de mérito. Pois no recurso, o juiz de primeira instância não tem jurisdição para julgar o mérito. Recursos extraordinários lato sensu: abrange os recursos extraordinários em sentido estrito. E o recurso especial. A esses recursos cabe ao supremo tribunal federal julgar. Instituto da prova emprestada: se os fatos forem os mesmos, e os atos instrutórios foram colhidos conforme o devido processo legislativo, pode-se pegar os atos de um processo e usar em outro. Quanto aos entes encarregados: Jurisdição privada ou não estatal: É a Arbitragem. É válida pois é reconhecida pelo Estado por lei específica. A sentença do árbitro tem o mesmo valor da sentença do juiz, a única restrição é quanto à atuação do direito (o árbitro pode dar qualquer tipo de sentença, porém a sentença arbitral deve ser meramente declaratória para ter aplicabilidade imediata. Nos casos de prestação constitutiva sem nenhuma prestação também há aplicabilidade imediata. Nos casos de sentença de prestação a tutela executiva da mesma deve ser exercida pelo Poder Judiciário). Jurisdição estatal: É aquela mesma... Jurisdição comunitária: É o caso da comunidade européia e seus tribunais comunitários. Jurisdição Internacional: São também tribunais comunitários, porém a Jurisdição se resume aos casos sobre direitos humanos. Apenas os membros do tribunal (que assinaram seus termos de vinculação) estão sujeitos a ele. O Brasil está vinculado ao TIDH (Tribunal Internacional dos Direitos do Homem). Há países em que o Poder Executivo tem Jurisdição, é o caso do Contencioso Administrativo. É a chamada Jurisdição Administrativa: Nesses Estados as causas de natureza administrativa (incluindo-se as questões tributárias) são julgados por órgãos com o mesmo status das justiças especiais brasileiras, ou seja, fazem coisa julgada nos temas a eles reservados (exceto em questões constitucionais, claro). Jurisdição voluntária: algumas correntes negam que não existe jurisdição e muito menos voluntária. A jurisdição voluntária consiste na tutela estatal de interesse privados. São direitos privados que precisam ser levados diante ao Estado juiz para produzir efeitos. Ex: interditar alguém. Uma das características da jurisdição voluntária, é a contrariedade. O juiz pode tomar decisões contra a vontade das partes, ou até mesmo, tomar a a iniciativa de um processo. Art. 1129 CPC- 02. Art. 1160 CPC- 02: o juiz pode tomar a iniciativa do processo. Possibilidade de decisão fundamentada na equidade: art. 1109, o juiz decidirá o pedido no prazo de 10 dias. A partir disso, essa norma está mais atenta ao caso concreto. Art. 1103 ao 1111: vão ser enunciados uma série de regras gerais. Há vários procedimentos de jurisdição voluntária. Jurisdição contenciosa ou involuntária: Já a jurisdição contenciosa pressupõe uma lide, um conflito entre as partes. Há um caso e há uma lide, que faz nascer um processo judicial, no qual o indivíduo irá pedir que o sujeito pague o que lhe deve. Ou seja, pessoas com interesse antagônico. Há uma série de regras gerais colocadas no código, que será adequado a cada caso. Um acordo não transforma uma jurisdição contenciosa em voluntária e a contestação não transforma a jurisdição voluntária em contenciosa. Deve-se avaliar o objetivo do processo para determinar se é voluntária ou contenciosa. A jurisdição voluntária como administração pública de interessesprivados: para alguns autores ela não seria uma jurisdição pois não há um conflito, nem uma decisão em caráter substitutivo. Seria uma atividade, meramente, administrativa. Ela nega também o caráter de voluntariedade, pois já que não há o caráter de substitutividade. Assim pela falta de substitutividade, é que é negado o caráter jurisdicional à jurisdição voluntária.Obs.: nem todo caso de jurisdição voluntária irá necessitar de parecer do ministério público. A jurisdição voluntária como atividade jurisdicional: é falso se dizer que na jurisdição voluntária não há conflito jamais. Na verdade, pode-se se dizer que o conflito não é o elemento mais importante, no entanto, não é correto aferir que há a ausência dele. Para alguns autores também não haveria coisa julgada. Art. 1111 CPC: “a sentença poderá ser modificada”, faz com que grande parte dos doutrinadores acredita que a sentença da jurisdição voluntária não faz coisa julgada. No entanto, é óbvio que a jurisdição voluntária faz sim coisa julgada, isso porque, mesmo que o juiz denegasse uma sentença, se não fizesse coisa julgada, o indivíduo poderia entrar com a ação diversas vezes. Cláusula rebus sic stantibus: tanto a jurisdição voluntária, quantos os negócios jurídicos estão sujeitos a cláusula “rebus sic stantibus”. Geovane verde: A única definição possível se baseia no aspecto subjetivo, isso porque a jurisdição se baseia na tarefa do juiz que pode decidir em caráter substitutivo, imperativo e definitivo. Se a sentença da jurisdição voluntária não fosse jurisdicional, ela seria depois julgada por um juiz como na sentença administrativa. O juiz atua para atender interesse privado como um terceiro imparcial. E ela atua sim, para integrar à vontade entre as partes, embora essa atuação seja para solucionar interesses convergentes. Pontes de Miranda: para ele existe sim uma ação de jurisdição voluntária, pois tanto admite-se a jurisdição voluntária, quanto o direito de ação. Outro problema: é dizer que na jurisdição normal há partes, e na jurisdição voluntária não há partes, mas sim interessados. No entanto, isso é falacioso, isso porque em algumas situações há sim, como chamar os interessados de partes. Divórcio pelo tabelião: pode ser contestado judicial por ser um ato administrativo. Já no divórcio determinado pelo juiz não há necessidade de pleiteá-lo judicialmente. Classificação de Leonardo Greco: há várias categorias de jurisdição voluntária pode ter uma espécie reptícia: quando se restringe a registrar documento e comunicar manifestação de vontade. Declaratório, quando o magistrado fala da existência ou não da relação jurídica, constitutivo, aqueles que há a criação, modificação ou interdição de direito, executória, Limites internacionais da jurisdição: há vários limites internos. Mas há também limites na soberania, limites internacionais dos países, isso se baseará da conveniência (quando os conflitos forem relevantes para o país) e viabilidade. Mesmo uma causa que fosse importantíssima o Brasil para resolver, mas se a pessoa não tiver em nosso território, não poderá sobreviver. Art. 88 DO CPC: delimita a competência do Brasil para resolver conflitos de interesse. Limites internacionais de caráter pessoal: os limites atribuídos às pessoas de caráter diplomático, pois eles têm imunidade diplomática. Distinção entre jurisdição e competência: jurisdição: atribuída abstratamente aos órgãos jurisdicionais pela constituição. Competência: É a quantidade de jurisdição atribuída a cada órgão em si. Organização Judiciária Federal e Estadual ➢ Última instância: STF ➢ Terceira instância: STJ e TST e TSE ➢ Segunda instância: TRF e TJs, TRTs e TRE, STM. e Tribunal Militar ➢ Primeira instância: Justiça Federal e Justiça estadual, Justiça do Trabalho, Juízes eleitorais e Justiça Militar Federal e Justiça Militar Estadual. ➢ Da JF cabe recurso para o STJ assim como a JE que cabe recurso para o TJ e do TJ para o STJ da JF se houver matéria constitucional pode se pular direto para o STF. Mas da Justiça Estadual não se pode pular direto para o STF mesmo sendo a matéria constitucional. ➢ No TRE. Há a composição de 2 juízes de direito (juízes estaduais), 2 desembargadores, 1 juiz federal ou desembargador se a sede do TRF for a mesma do TRE e 2 advogados, eleitos sem a participação da OAB, saindo a lista da Justiça Estadual. Todos os juízes aqui são temporários. ➢ O TSE que também é temporário é composto de 3 ministros do STF, 2 do STJ e 2 advogados sendo eleitos pelo STF. ➢ A JF é uma justiça da União assim como a J Eleitoral e a JT. ➢ Como nós temos Exército, Marinha e Aeronáutica que são da União temos uma justiça militar federal e um órgão de primeiro grau colegiado. ➢ Quem uniformiza o entendimento jurisprudencial é o STJ que abrange a JE e a JF. ➢ Para Wilson o STM não é de terceiro grau, e sim, de segundo, pois da Justiça Militar cabe recurso direto para o STM. ➢ O recurso extraordinário para o STF só discute questões constitucionais. ➢ O recurso especial julga questões infraconstitucionais e é destinado ao STJ. ➢ Se houver um efetivo maior que 2000 pode-se criar um Tribunal Militar. Na Bahia é o TJ que julga casos militares em sede de recurso. Assim se não houver um efetivo maior que isso quem julgará em segundo grau esses casos é o TJ. ➢ A justiça estadual é remanescente. Ex: casos de família não tem uma justiça própria, logo se não for interesse federal, quem irá julgar é a justiça estadual. ➢ O interesse federal é algo definido pela constituição. ➢ Justiça Militar, eleitoral e Trabalhista é uma justiça específica e especial ➢ O tribunal do júri ocorre na própria JF ou JE e cabe recurso para o TRF e o TJ, respectivamente. Se houver questão constitucional cabe recurso para o STF. E se for questão infraconstitucional cabe recurso para o STJ. Competência: A competência é a regulação na lei (infraconstitucional). Após identificar a jurisdição posteriormente se identifica a competência. Ex: quem é o juiz federal competente? A Lei de Organização do Estado Judicial da Bahia define a competência da justiça estadual. A Jurisdição é matéria constitucional. Obs: Existem varas do consumidor na JF e na JE. Se o caso envolver uma empresa Federal será julgada na JF. Ex: Caixa Econômica Federal. Teoria da Competência 1. Conceito Para Wilson, nem todo juiz tem jurisdição, mas tem competência. Trilogia do processo: ação, jurisdição e processo. Incompetência absoluta: em regra não extingue o processo. Aqui o juiz remete para o juiz competente. Salvo em juizados especiais que em vez de mandar para o juízo competente ele extingue o processo. O juiz pode declarar de ofício. O tribunal pode através de recurso decretar a incompetência absoluta. Se, no entanto, houver a decisão de mérito sem ninguém perceber a incompetência, torna-se coisa julgada. A partir daí não há mais incompetência absoluta, pois, a coisa julgada faz sanar a incompetência. No Brasil pode-se pleitear dentro do prazo de 2 anos através da ação rescisória ou revisão criminal o desfazimento da coisa julgada. Quando há uma decisão de um órgão incompetente, seus atos não têm validade, mas tem existência. Incompetência relativa: o réu deve arguir, se ele não arguir o juiz não pode declarar de ofício. 2. Critérios determinativos 2.1 Territorial É a delimitação territorial da competência. Gera incompetência relativa. 2.2 Material É em razão da matéria, ou seja dentro da jurisdição pode haver uma subdivisão de competência interna por matéria entre as diversas varas( ex: vara de família, cível, comercial). Ela é material se for realmente de competência. Se for material de trabalho × matéria federal isso é problema de jurisdição. Gera incompetência absoluta. 2.3 Valor É o Valor econômico é uma pena pequena com valores pequenos? Existem juizados especiais em matéria criminal e em matéria cível que julgam causas de pequeno valor. O juizado é um microssistema dentro dos outros existentes. Existem juizados federais e estaduais. Antigamente existiam tribunais de alçada, em que se julgam
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