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O caráter criador da linguagem
A discussão e a consequente afirmação do caráter criativo da linguagem advêm da análise fenomenológica da própria linguagem: a linguagem pressupõe três condições para que possa se realizar, existir. Para que seja, a linguagem pressupõe a existência de um sujeito que fala, um objeto do qual se fala e se representa mediante a palavra e um interlocutor a quem ou com o qual se comunica falando. Antes dessa consciência, tão evidente, tradicionalmente se concebia uma visão dicotômica das funções da linguagem (Mondin, 1980, p. 140- 141).
de um lado, uma função descritiva, cognitiva, denotativa, representativa ou simbólica;
de outro, uma função emotiva, performativa, existencial ou pessoal.
Pela evidência da presença relacional do interlocutor, a linguagem, além das funções tradicionalmente concebidas, passa a apresentar a função comunicativa ou intersubjetiva nos confrontos da pessoa a que se dirige o discurso (Mondin, 1980, p. 142). No desenrolar das várias visões filosóficas através dos tempos, cada corrente privilegia ou dá maior importância a determinada função. O neopositivismo lógico, na filosofia analítica, sempre enfatizou a concepção da linguagem dentro de uma função denotativa (descritiva, cognitiva, lógica e objetiva).
É como se a linguagem pudesse indicar com precisão a verdade da realidade e demonstrá-la. Esta, inclusive, seria a intenção de Wittgenstein em um primeiro momento, como vimos anteriormente. Essa função se realizaria através da realização da linguagem científica, dotada de clareza e objetividade. Essa função da linguagem seria, numa visão positiva, comprovada experimentalmente. Vários pensadores de diversas escolas filosóficas levantaram argumentos contra essa concepção de função da linguagem.
	Argumento 1
	Argumento 2
	Argumento 3
	Pensadores afirmavam e mostravam que o critério de verificação experimental é postulado privado de fundamento. A verdadeira condição de cientificidade de uma teoria não é a sua verificabilidade, e sim sua fasificabilidade, isto é, a ciência cresce não pelas teorias de possíveis comprovações, mas sim pelas teorias de possíveis falsificações, o que provoca a retomada constante de pesquisa e a constante da pesquisa e a consequente criação do conhecimento (Popper, 1970, p.131).
	Pensadores afirmavam que a preferência pela linguagem científica não deve ser única, pois existem outras formas de linguagem tão ou mais importantes do que a científica: a linguagem filosófica (com a metafísica), a linguagem do senso comum, a linguagem artística, a linguagem religiosa etc.
	Pensadores destacava que “a preferência pela função descritiva ou cognitiva da linguagem é consequência de uma tradição intelectualista e racionaliza que foi extremamente danosa porque criou uma imagem deformada e empobrecida do homem” (mondem, 1980, p. 143).
Essa crítica se torna importante principalmente se nos situamos a partir do contexto da nossa cultura e da sociedade atual, que faz o culto da objetividade em função do convencimento imediato da imposição do consumismo tecnológico, apresentando como criativa uma determinada forma de linguagem (tecnológica), quando em sua própria realidade é limitada pelos ditames das definições das teorias científicas que a sustentam: nem sempre aquilo que imediatamente surge como novo pode ser considerado criativo em sua essência. O bem consumido imediatamente pode não estar sendo um avanço na proposta de realização do homem.
Além dessa função descritiva e cognoscitiva, a linguagem apresenta também uma função comunicativa, que, muitas vezes, está além da explicação de fenômenos, leis da natureza etc., mostrando o valor de afetos, sentimentos, e desejos (Mondin, 1980, p. 144). O ser humano não é fechado em si, como um objeto qualquer. A sua presença no mundo é surpreendente justamente porque não é objetiva. Não é uma presença meramente física e passiva.
Pelo uso da linguagem, o ser humano consegue ser significante diante dos outros e do mundo, que também se tornam significantes em relação a ele.
Pela fala, o exercício da língua, na expressão de linguagem, e hoje ajudado por tantas tecnologias e além delas, o homem pode se tornar criativo em relação à percepção do mundo em que vive com os demais. E o uso da linguagem nessa função não parte de posicionamentos de objetividade. Às vezes, se expressa dentro de condições de ambiguidades, como muitas vezes se concebe a própria realidade ou existência. As pessoas se exprimem dentro de contextos históricos, contextos transitórios, como no entendimento e na aceitação de determinados valores que, em certo contexto ou época, têm grande consideração e, em outras condições, podem se tornar desprezíveis (ou quase).
Além da função meramente descritiva, com qual podemos descrever objetos, está a comunicativa, com a qual podemos nos relacionar com o outro. A linguagem tem também função existencial. O exercício da linguagem serve para testemunhar a nossa existência (Mondin, 1980, p. 145). Pela linguagem podemos ter a consciência de que somos. Ter nome, por exemplo, e ser chamado por ele, traz a satisfação de poder ser presença diante de algo, de alguém e de si mesmo.
Carregar o nome do pai ou da mãe como sobrenome é quase a garantia da existência pela garantia de sua origem. As pessoas gostam de ser reconhecidas pelos seus nomes e ainda mais se regozijam ao perceber que seu nome tem reconhecimento amplo em sentido social pela notoriedade e fama que podem conseguir em determinada atividade. O modo próprio de falar de cada indivíduo, por si só, reforça e reafirma existencialmente a sua singularidade, seja na entonação da voz, no uso específico de determinadas palavras, seja na maneira como são ditas.
Fonte: http://bit.ly/1eYRgWI
Daí percebermos, sem muita dificuldade, a variedade de formas de linguagem também na diversidade de grupos sociais, como na linguagem religiosa, esportiva, artística etc. Além disso, em cada uma delas, podemos observar o fato de continuar prevalecendo a singularidade de linguagem dos indivíduos. Dessa forma, a linguagem reafirma constantemente a presença de cada indivíduo na existência, na sociedade, no mundo e na realidade.
A linguagem apresenta também uma função ontológica que a remete à sua própria origem, àquilo que ela é em si mesma. A linguagem, em sua origem, é anterior a qualquer expressão simbólica em termos convencionais. Os signos não a fundam; é ela que os cria. Ela tem uma força que funda o próprio ser das coisas, uma força criativa: busca a expressão essencial das coisas além de qualquer possibilidade de definição.
Essa linguagem está presente no mito. Surge a partir da vontade profunda do homem de dar sentido às coisas através de uma explicação que se estabelece além do domínio lógico-conceitual. Devido a isso, é muito difícil estabelecer se a verdade que o mito procura comunicar é uma verdade-fábula ou uma verdade-verdadeira.
Por isso, “a origem da linguagem e, mais ainda, do mito está envolvida em um véu de mistério, que nenhuma técnica filosófica ou psicanalítica conseguirá destrinchar” (Mondin, 1980, p. 149).
Como foi visto, no mundo em que vivemos, a visão da linguagem nas várias funções nos libertará do determinismo denotativo em que a cultura foi envolvida. Embora não se possa negar a importância da função descritiva, daí não se pode auferir que o ser humano deve expressar-se e expressar o mundo unicamente a partir de um viés racionalista.
A linguagem da ciência, na sua consequência de aplicação, que é a tecnologia, cada vez mais obscurece no ser humano a sua capacidade de imaginação, com a qual pode sempre se atrever a pensar a realidade de forma distinta do que é imposto. Na sua atividade de comunicação, de consciência de existência e do valor da linguagem em si, o ser humano se torna livre diante das definições de mundo que a cultura veicula no imediatismo de um conhecimento moldado a partir de uma linguagem altamente racionalizada e técnica, alienando o ser humano de sonhar com um mundo novo e melhor. Aí aparecea grande importância da filosofia e da arte como exercício dessa linguagem, talvez considerada a mais completa para a existência humana.
Linguagem, filosofia e arte
Fonte: http://bit.ly/1B0uesw
Sempre que se fala em linguagem, relacionando o termo à filosofia e à arte, a primeira ideia que surge sobre o assunto é a criatividade. A linguagem escrita ou falada, de cunho científico, de caráter objetivista, normalmente foi concebida carente de criatividade, no sentido de que o discurso sempre é elaborado de modo fechado, dentro de determinados princípios causais que são determinantes para que se possam tirar suas conclusões: por exemplo, a química se desenvolve dentro do princípio de que a matéria tem uma estrutura atômica; fundamentado nisso, o químico tira suas conclusões independentemente de se poder imaginar a existência de outra estrutura diversa, pois isso a que ele chegou e assumiu como ponto de partida foi aquilo que se pôde “observar”, no nível e nas condições possíveis.
Daí se pode compreender que a linguagem científica de estrutura lógico-matemática pode ser entendida, em sua forma de linguagem, como conceitual. Também a filosofia, por exemplo, produzida dentro dos parâmetros de objetivos e metodologias tradicionais, a partir de um realismo racionalista que vem desde Aristóteles, é normalmente concebida como conceitual, como ciência, no sentido de que ela parte do pressuposto de que o pensamento tem que se adequar às coisas, revelando-as naquilo que elas já são essencialmente, sem propor nada a acrescentar ou subtrair nelas.
Dentro do vasto e histórico desenvolvimento da filosofia, encontram-se também correntes filosóficas, como a fenomenologia, que valoriza dimensões do homem além da razão, como os sentimentos e as emoções, na construção do saber e na tentativa de compreensão nem sempre imediatamente possível da realidade.
A filosofia da linguagem opõe a essa característica de expressão conceitual na linguagem humana, que é atribuída à ciência e a determinadas filosofias, à característica denominada simbólica, que é própria da linguagem da arte e de determinadas filosofias, em busca da possibilidade do ser humano de se comunicar e atuar no meio onde vive, que num sentido de totalidade é a realidade onde está inserido. Nesse ponto, para fundamentar a dimensão criativa da linguagem simbólica, própria da arte e presente de modo muito expressivo na filosofia, seria oportuno diferenciar uma da outra, como faremos a seguir.
A linguagem simbólica se realiza através de analogias, isto é, semelhanças entre palavras e sons, palavras e coisas, ou de metáforas, criando um sentido além e, às vezes, diverso do que uma determinada coisa sugere na realidade (Chauí, 1997, p. 149).
Isso reforça, para ela, a ideia de criatividade, no sentido de que ela é capaz de expressar uma dimensão de realidade que ultrapassa o dado imediato que se pode perceber. Já a linguagem conceitual, pela sua base lógica e realista, não permite essa “liberdade de expressão”, pois é denotativa e, embora também possa ser conotativa, não permite esse uso livre da analogia, porque não é proposta sua permitir que o uso da imaginação suplante o determinismo desse realismo lógico.
A linguagem simbólica presente nas narrativas míticas, nos romances, na poesia não só permite como assume, como condição para que possa se realizar, o uso da imaginação. A imaginação é uma faculdade humana ou capacidade mental que permite a representação de objetos segundo aquelas suas qualidades que são dadas à mente através dos sentidos. Em filosofia, tais qualidades são chamadas de qualidades secundárias.
Essas qualidades são consideradas secundárias porque não estão mais concebidas na forma imediata da percepção sensível e, às vezes, se realizam além dessa percepção, mediante a combinação de percepções anteriores. Pela imaginação, o ser humano procura livremente criar uma realidade além da realidade imediata na qual está inserido. Poeticamente, o coração é concebido como morada do amor ou o instrumento para amar, além da determinação biológica de sua função, que é bombear o sangue para todo o organismo do ser vivo.
Fonte: http://bit.ly/1QJiblc
A linguagem simbólica é entendida com forte expressão de emoção e afetividade, ao passo que a linguagem conceitual, lógica, é concebida como uma “linguagem fria”, que se propõe a fazer afirmações somente dentro dos parâmetros da demonstração pautada pela coerência lógica. A linguagem simbólica não é tão exata assim, como, por exemplo, é usada pelo compositor e cantor Caetano Veloso quando canta que, na “matemática da vida”, em nível de sentimento, do amor, dois mais dois pode ser igual a cinco.
PARE E REFLITA
O que Caetano Veloso quis dizer com isso, senão atentar para a obscuridade da determinação do que é o sentimento humano em relação às situações de vida onde é exercido?
Ao contrário disso, a linguagem conceitual não admite essa obscuridade, como era a posição dos filósofos racionalistas modernos até o fim do século XVIII, que afirmavam que o uso da imaginação é a condição de mostrar, de modo confuso e, portanto, obscuro, a realidade que deveria ser apresentada de modo claro e distinto pela razão.
Com o uso da linguagem simbólica, o ser humano, usando imagens, pode realizar sínteses imediatas, como os gregos na mitologia garantiam a compreensão da explicação e do domínio do mar pela crença do Deus do mar, Posseidon, ignorando a análise e síntese causal que hoje a ciência faz para se alcançar o mesmo objetivo, mas situando-a a partir de linguagem conceitual.
A linguagem simbólica não se propõe a ser técnica como a linguagem conceitual. As palavras não têm o rigor na expressão das coisas; são livres para a interpretação a partir do que sugerem. Sua característica linguística é a polissemia: podem apresentar vários sentidos – e às vezes até contraditórios. A linguagem simbólica é envolvente, isto é, quem está em contato com ela passa a ser tocado pelo seu conteúdo e reage de forma emocional.
Já a linguagem conceitual nos mantém distanciados dela. Ela nos convence a partir de demonstrações lógicas, de ilações de pensamentos que podem estar muito distantes do que sentimos vivendo. Por isso, ler um romance pode ser algo prazeroso, enquanto ler um texto científico pode ser algo cansativo e até enfadonho.
Fonte: http://bit.ly/1B0uR5r
Fonte: http://bit.ly/1B0vwUz
Pela linguagem simbólica se procura conhecer o mundo em que vivemos por meio de um mundo que criamos, que pode ser projetado de maneira doce, terna ou trágica, mas que, de certo modo, nos toca no sentido de um posicionamento crítico em relação ao mundo real de onde partimos. George Orwell usou a metáfora dos animais de modo muito inteligente e original para fazer um forte questionamento da sociedade de sua época em termos da exploração do homem pelo homem, criticando de forma profunda o totalitarismo político (Orwell, 2000).
Na mais viva expressão da realidade pelo uso da faculdade da imaginação, o ser humano – seja na produção da arte, seja na produção de uma filosofia não sufocada por um contundente racionalismo – pode se estabelecer diante da realidade e buscar inspirações de formas de libertação associadas à produção da fantasia, alimentando depois pela busca da realização de sonhos aí nascidos o alcance de ideais que nascem do mais autêntico exercício da arte e da filosofia.
Isto se torna possível não somente devido a exemplos que a história revelou, mas principalmente pelo exercício da linguagem, que, assim como possibilita a denotação e a conotação da realidade a partir do uso da razão, permite também, na sua particularidade de ser simbólica, a possibilidade criativa do desejo constante do ser humano de, além de todo determinismo cultural, social, político, religioso, econômico, poder conotar, isto é, buscar um sentido mais inovador, projetando o futuro dessa mesma realidade na linha da procura pela perfeição.

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