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CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 1 www.pontodosconcursos.com.br Olá, amigo(a) concurseiro(a)! Iniciaremos agora nossa Aula 02 de Direito Comercial para o concurso de AFRFB e AFT 2013. O tema de hoje está inserido no item 5 do edital: 5. Sociedade limitada. Sociedades por ações. Aproveite bem esse material. Estude bastante para que venha a aprovação. Estamos aqui para ajudar. Vamos à aula! 1 – SOCIEDADE LIMITADA As regras que regem a sociedade limitada são hoje previstas nos arts. 1.052 a 1.087 do Código Civil de 2002, que revogou tacitamente o antigo Decreto 3.708/1919, que dispunha sobre esse tipo de sociedade, uma vez que o novo Código passou a regular integralmente a matéria (art. 2.º, § 1.º, da Lei de Introdução às normas do Direito Brasileiro – Decreto-Lei 4.657/1942: “A lei posterior revoga a anterior quando expressamente o declare, quando seja com ela incompatível ou quando regule inteiramente a matéria de que tratava a lei anterior.”). A limitada é uma sociedade contratual (isto é, constituída por um contrato social) (art. 1.054), cujo capital é dividido em quotas, que podem ser iguais ou desiguais, as quais são subscritas pelos sócios (quotistas) da entidade, cabendo uma ou diversas a cada um deles (art. 1.055). A subscrição é uma promessa do sócio de integralização (realização) do valor da sua quota, por meio da entrega de dinheiro, bens ou créditos que formarão o capital da sociedade. Professor, qual o certo, QUOTA OU COTA? Qualquer um dos dois termos pode ser usado. Safo? CONHECIMENTO ESSENCIAL: Ao contrário do que ocorre na sociedade simples, é vedada na limitada a contribuição de sócio por meio da prestação de serviços (art. 1.055, § 2.º) (vedação comum a todas as sociedades empresárias). Caso a realização se dê em bens, todos os sócios responderão solidariamente pela sua exata estimação, pelo prazo de cinco anos, a partir do registro da sociedade (art. 1.055, § 1.º). Vejamos um exemplo. Seja uma sociedade limitada cujo capital é dividido em 1.000 quotas, todas com o mesmo valor, e cujos três únicos sócios são Fulano, Beltrano e Sicrano. Fulano é o titular de 100 quotas, Beltrano, de 300 quotas e Sicrano, de 600. Nada impede que as participações de cada sócio na sociedade sejam diferentes. O peso que cada um tem nas deliberações da sociedade depende justamente de sua participação no capital social. No exemplo, Sicrano, por ter a maioria das quotas, tem preponderância nas tomadas de decisão e controla a sociedade. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 2 www.pontodosconcursos.com.br As limitadas são o tipo mais comum de sociedade no nosso país. Isso se deve ao fato de que a responsabilidade subsidiária de todos os sócios pelas obrigações sociais é, como o nome diz, limitada. A responsabilidade é SUBSIDIÁRIA – lembre-se – porque os sócios só respondem com seu patrimônio depois de esgotados todos os bens da sociedade (benefício de ordem). E é limitada porque os sócios somente respondem até o montante do capital por eles subscrito e ainda não integralizado (art. 1.052). Assim, se todos os sócios da limitada já tiverem realizado integralmente suas quotas, isto é, já tiverem entregado dinheiro ou bens à sociedade em montante correspondente ao valor de suas respectivas quotas, nenhuma responsabilidade terão mais quanto às dívidas sociais, restando-lhes apenas auferir suas parcelas de lucros e participar da administração e da fiscalização da sociedade. No entanto, todos respondem solidariamente pela parte do capital social ainda não integralizada, independentemente de quem seja o sócio que não realizou a parcela (art. 1.052). Veja este exemplo: SÓCIO CAPITAL SUBSCRITO PARCELA REALIZADA PARCELA A REALIZAR Fulano R$ 100.000 R$ 100.000 0 Beltrano R$ 300.000 R$ 200.000 R$ 100.000 Sicrano R$ 600.000 R$ 100.000 R$ 500.000 Total R$ 1.000.000 R$ 400.000 R$ 600.000 Caso a sociedade não seja capaz de saldar suas obrigações, os sócios serão chamados a quitar as dívidas da entidade, até o limite do capital não integralizado, que, no exemplo, é de R$ 600.000. Como dito, todos os sócios são responsáveis solidários por esse valor, independentemente de já terem integralizado suas respectivas quotas, o que significa que qualquer um deles pode ser demandado pelos credores pela integralidade da dívida, após o completo esgotamento do patrimônio da sociedade. No entanto, aquele que pagar a dívida em montante superior à proporção de seu saldo a integralizar, ficará com direito de regresso contra os demais. No nosso exemplo, se a sociedade deixa uma dívida de R$ 600.000 e Fulano a quita integralmente, ele terá direito de reaver R$ 100.000 de Beltrano e R$ 500.000 de Sicrano. Se a SOCIEDADE, depois de consumido todo seu patrimônio, deixar ainda uma dívida superior a R$ 600.000, os credores poderão cobrar dos sócios somente até esse valor, suportando o montante que exceder a parcela não integralizada. Em outras palavras, ficarão no prejuízo quanto à quantia que exceder os R$ 600.000. Note ainda que, se todo o capital da sociedade já estiver integralizado, nenhuma responsabilidade restará aos sócios pelas dívidas sociais. Assim, esse tipo de sociedade dá uma segurança muito grande aos sócios, pois eles sabem que, se o empreendimento CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 3 www.pontodosconcursos.com.br fracassar e o capital já estiver inteiramente realizado, perderão no máximo o valor que entregaram em realização do valor de suas respectivas quotas. Deu pra sacar? O nome LIMITADA é exatamente porque LIMITA a responsabilidade dos sócios. Antes da nova lei era assim: o empresário individual respondia integralmente pelas dívidas de sua atividade econômica, ou seja, caso o patrimônio de sua “empresa” não fosse suficiente para saldar as dívidas o empresário teria que arcar com toda a dívida com seu patrimônio pessoal. Essa insegurança faz com que haja muitas sociedades “fakes” (gostou do termo?...risos). Como assim? Existem muitas pessoas que exercem suas atividades sozinhas, mas não são empresários individuais por medo de perder o patrimônio pessoal, então elas pegam alguém para fazer sociedade (um irmão, a mulher, um cunhado, etc...) mas se você ler o contrato social vai ver assim: capital social dividido em 99% para um sócio e 1% para o outro. Esse sócio de 1% geralmente não faz nada na sociedade, ou seja, na prática o sócio com 99% é um empresário individual, porém para não responder com seus bens, ele faz uma sociedade LIMITADA. Deu pra entender? Então, o legislador, sabiamente (tardou, mas não falhou), instituiu recentemente o EMPRESÁRIO INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA. Em aula posterior, veremos com mais detalhes essa nova modalidade. PARÁGRAFO INTERESSANTE: Vale destacar ainda que limitada é a responsabilidade dos sócios, não a da sociedade. Esta sempre responde integralmente com seu patrimônio pelas dívidas sociais. Esgotado os bens da sociedade, o patrimônio dos sócios pode ser atingido, até o limite das quotas a integralizar. Se algum sócio não integralizar sua quota, tornar-se-á remisso e os demais sócios poderão tomar a quota para eles próprios ou transferi-la a terceiros, excluindo o remisso da sociedade e devolvendo-lhe o que houver integralizado até então (caso haja integralizado alguma parcela). Nesse caso, serão deduzidos do valor da devolução os juros de mora (atraso) cabíveis, as prestações estabelecidas no contrato e outras despesas decorrentes do fato (art. 1.058). Podem, alternativamente, apenas reduzir a quotado sócio remisso ao montante já realizado, promovendo a consequente redução do capital social (art. 1.004, par. único). A titularidade das quotas confere ao sócio DIREITOS PATRIMONIAIS, como o recebimento de lucros e a partilha dos bens da sociedade, em caso de liquidação da entidade, e DIREITOS PESSOAIS, como a participação na administração da sociedade e o poder de fiscalização dos negócios sociais. Na limitada, não pode haver distribuição de lucros com prejuízo do capital social, ainda que isso seja autorizado pelo contrato social. Caso isso ocorra, o Código Civil estabelece que os sócios devem promover a reposição dos lucros à CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 4 www.pontodosconcursos.com.br sociedade (art. 1.059). Trata-se do PRINCÍPIO DA INTANGIBILIDADE DO CAPITAL SOCIAL. Como regra, a limitada é uma sociedade de pessoas, regendo-se por suas regras próprias e, supletivamente, pelas regras aplicáveis às sociedades simples. Mas o contrato poderá determinar que a limitada será regida subsidiariamente pelas normas das sociedades por ações (Lei 6.404/1976), com o que ela será uma sociedade de capital (art. 1.053, par. único). Nesse caso, não poderá haver impedimento ao ingresso na sociedade de terceiro estranho como sócio, seja como adquirente de quotas sociais, seja como sucessor de sócio que tenha falecido. Do mesmo modo, será possível a penhora das quotas. Você lembra? Vimos a diferença entre sociedade de pessoas e sociedade de capital na aula passada... A penhora é um ato processual de apreensão dos bens do devedor, no bojo de um processo de execução, para posterior alienação judicial e entrega do valor arrecadado ao credor (exequente) que move a ação contra o devedor (executado). Essa ação tem lugar quando o devedor não quita voluntariamente suas obrigações. Sendo o sócio executado por dívidas pessoais, suas quotas sociais representam bens que podem ser penhorados e alienados em juízo para a quitação dessas dívidas. O indivíduo que adquirir as quotas se tornará o novo sócio da sociedade. Como a penhora das quotas se destina à sua alienação, ela só é possível, em princípio, nas sociedades de capital, em que os demais sócios não podem se opor à entrada de novos integrantes nos quadros sociais. Veja como a Esaf já cobrou os assuntos expostos até agora: 1 - (ESAF/DEFENSOR PÚBLICO/CE/2002) Na sociedade por quotas de responsabilidade limitada: A) não pode ser aplicada, no caso de omissão do seu estatuto social, a lei das sociedades anônimas; B) a sociedade não pode adquirir suas próprias quotas; C) o sócio remisso não pode ser excluído da sociedade; D) limitada é a responsabilidade do quotista, mas não a da sociedade. A letra A é incorreta porque o ato constitutivo da limitada é o contrato social, não o estatuto social. O contrato pode prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima. Sendo omisso o contrato, aplicar-se-ão subsidiariamente as regras da sociedade simples. A letra B está errada porque, se a limitada aplicar supletivamente as normas das companhias, ela terá a possibilidade de adquirir suas próprias quotas, pois o art. 30 da Lei 6.404/1976 prevê a possibilidade de a sociedade anônima adquirir as próprias ações. E isso mesmo não havendo regra semelhante prevista no Código Civil. Na letra C, vimos que o sócio remisso pode sim ser excluído da sociedade, CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 5 www.pontodosconcursos.com.br recebendo de volta o que houver integralizado até então. Finalmente, a letra D é o gabarito, porque a sociedade sempre responde integralmente com seu patrimônio (responsabilidade ilimitada). Os sócios é que tem responsabilidade limitada ao valor das quotas ainda não integralizadas. Gabarito: D 2 - (ESAF/AUDITOR TCE-PR/2003) A sociedade limitada prevista no Novo Código Civil, Lei nº 10.406/2001, altera a disciplina atual das limitadas para: a) torná-las pequenas anônimas. b) dar-lhes estrutura típica. c) redesenhar o controle da sociedade. d) facilitar a ação das minorias societárias. e) dificultar a criação de sociedades de pequeno porte, notadamente aquelas entre marido e mulher, que facilitam a separação patrimonial. Nessa questão, a letra B é acertada, pois, com o Código Civil de 2002, houve uma definição mais clara e precisa da estrutura da sociedade limitada, estabelecendo-se, por exemplo, regras mais detalhadas sobre a administração da entidade, a existência de um Conselho Fiscal e quóruns diferenciados para as deliberações dos sócios, dependendo do assunto tratado (veremos tudo isso à frente). A letra A é errada, pois o novo Código não tornou as limitadas pequenas sociedades anônimas, já que cada um desses tipos societários possui seu regramento próprio, em que pese a possibilidade de aplicação supletiva das regras das companhias às limitadas. Na letra C, não houve, com o novo Código, redesenho do controle da sociedade, que continua a ser exercido pelo sócio ou grupo de sócios que detiver a maioria das quotas. A letra D não está errada, já que o Código Civil prevê alguns mecanismos de proteção aos minoritários inexistentes no antigo Decreto 3.708/1919, como a possibilidade de os sócios minoritários elegerem um dos membros do Conselho Fiscal da limitada (veremos isso adiante). Entretanto, ela não é a opção que melhor responde a questão, já que a finalidade do novo regramento no Código foi atribuir toda uma estrutura típica às limitadas, e não apenas proteger minoritários. Finalmente, a letra E é errada, pois as normas das limitadas não dificultam a criação de sociedades de pequeno porte, antes a facilitam, pelo caráter limitado da responsabilidade dos sócios. Gabarito: B O CONTRATO SOCIAL da limitada deve conter, no que couber, as cláusulas obrigatórias previstas para o contrato da sociedade simples (arts. 1.054 e 997), bem como a firma social ou a denominação da entidade CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 6 www.pontodosconcursos.com.br (lembre-se de que a limitada pode adotar ambas as formas de nome empresarial). O nome empresarial deve conter a palavra “limitada” ou a abreviação “Ltda.”, pois sua omissão acarreta a responsabilidade solidária e ilimitada dos administradores que assim empregarem a firma ou a denominação da sociedade (art. 1.158, § 3.º). A firma deverá conter o nome de um ou mais sócios, desde que pessoas físicas (art. 1.158, § 1.º). Se for adotada a denominação, ela deverá designar o objeto da sociedade, podendo conter o nome de um ou mais sócios ou o nome de fantasia (art. 1.158, § 2.º). Aí você pensa: nome empresarial é um assunto um pouco irrelevante para cair em prova... é aí que você se engana... pois cai... então, atenção... A quota é indivisível em relação à sociedade (art. 1.056), mas é possível haver condomínio (dois ou mais sócios terem o domínio da quota). Nesse caso, um dos condôminos será o representante da quota, a quem caberá o exercício dos direitos referentes à propriedade (domínio) da fração do capital. Caso a quota componha espólio de sócio falecido, o inventariante exercerá esses direitos (art. 1.056, § 1.º). Os condôminos de quota indivisível respondem solidariamente pela sua integralização, sem prejuízo da regra comum de solidariedade de todos os sócios pela integralização de todo o capital, vista anteriormente (art. 1.056, § 2.º). A indivisibilidade da quota em relação à sociedade não subsiste no caso de sua alienação pelo sócio (art. 1.056, 2.ª parte), que pode, nesta hipótese, cedê-la, total ou parcialmente, a outra pessoa(haverá a formação de um condomínio, em caso de cessão parcial). FIQUE ATENTO, TEM QUE SABER ESSE PARÁGRAFO TODO: Se o contrato nada disser a respeito, a alienação poderá ser feita a outro sócio, independentemente de audiência dos outros, ou a terceiro estranho aos quadros sociais, se não houver, neste caso, oposição de titulares de mais de um quarto do capital social (art. 1.057). A cessão só terá eficácia quanto à sociedade e a terceiros a partir da averbação do respectivo instrumento, subscrito pelos sócios que anuíram (concordaram) à cessão (sócios anuentes). Vale lembrar que o cedente (alienante) responde solidariamente com o cessionário (adquirente), perante a sociedade e terceiros, pelas obrigações que tinha como sócio, pelo período de dois anos depois de averbada a modificação do contrato (art. 1.003, par. único). O que exatamente significa dizer que a cessão da quota só terá eficácia após a averbação? Significa que os efeitos da alienação só surgirão após seu registro na Junta Comercial, o que dá publicidade ao ato. Antes disso, aqueles que negociarem com a entidade não terão, em princípio, como saber que houve alteração dos quadros sociais. Se, por exemplo, o alienante (ex-sócio) CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 7 www.pontodosconcursos.com.br realizar algum negócio com terceiros, antes da averbação, estes poderão exigir o cumprimento do que foi acordado, já que a alteração societária só terá eficácia, em relação a eles, após a averbação da cessão da quota. Vale frisar que a possibilidade de que os demais sócios se oponham à cessão da quota a cessionário não sócio só ocorrerá se a limitada for uma sociedade de pessoas. Caso ela seja uma sociedade de capital, não caberá oposição dos sócios ao ingresso de estranhos nos quadros da sociedade. 3 - (ESAF/AFT/2010) Sobre as quotas da sociedade limitada, assinale a opção correta. a) Os sócios podem realizar suas quotas mediante prestação de serviços. b) Não integralizada a quota do sócio remisso, os outros sócios podem tomá-la para si ou transferi-la a terceiros, nos termos da lei. c) O capital pode ser dividido somente em quotas iguais. d) As quotas são consideradas divisíveis em relação à sociedade. e) Pela exata estimação dos bens dados em realização das quotas responde apenas o respectivo sócio. A letra A é incorreta porque, nas limitadas, a contribuição do sócio, isto é, o modo de integralização de suas cotas, não pode ser em serviços, por expressa proibição do art. 1.055, § 2.º, do CC/2002. A letra B é correta (gabarito), pois, se o sócio remisso (em mora quanto à integralização) não regularizar a situação, os outros sócios poderão tomar as cotas para si ou transferi-las a terceiros, excluindo o primitivo titular (o remisso) e devolvendo-lhe o que ele houver pago, deduzidos os juros da mora, as prestações estabelecidas no contrato e as despesas incorridas. A letra C está errada porque, na sociedade limitada, o capital social pode ser dividido em quotas iguais ou desiguais, segundo o art. 1.055 do CC/2002. A letra D é também incorreta, pois o art. 1.056 do CC/2002 estabelece que a quota é indivisível em relação à sociedade, salvo para efeito de transferência. Finalmente, a letra E é falsa porque pela exata estimação de bens conferidos ao capital social respondem solidariamente todos os sócios, até o prazo de cinco anos da data do registro da sociedade (art. 1.055, § 1.º). Gabarito: B Administração da Limitada Inicialmente relembre-se que, como regra, a sociedade limitada é regida supletivamente pelas normas aplicáveis às sociedades simples. Assim, na ausência de regramento específico, devem-se consultar as regras que regem esse tipo de sociedade, apresentadas na aula passada (e que CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 8 www.pontodosconcursos.com.br estão nos arts. 997 e seg. do CC/2002), para saber qual a solução adequada ao caso em análise. Apenas se a limitada estabelecer a regência supletiva das regras das companhias à sua atividade é que se deverá buscar a solução na Lei das Sociedades por Ações (Lei 6.404/1976), cujas normas serão estudadas à frente. A sociedade limitada é administrada por uma ou mais pessoas físicas designadas no contrato social ou em ato separado (art. 1.060). O uso da firma ou denominação social é privativo dos administradores que tenham os necessários poderes (art. 1.064). Vale lembrar que o administrador da sociedade deverá ter, no exercício de suas funções, o cuidado e a diligência que todo homem ativo e probo costuma empregar na administração de seus próprios negócios (art. 1.011). O administrador designado em ato separado terá trinta dias para investir-se no cargo, o que se dará mediante termo de posse no livro de atas da administração. Não havendo a posse no prazo citado, a designação tornar- se-á sem efeito (art. 1.062). A partir da investidura, o administrador terá dez dias para requerer a averbação de sua nomeação no registro competente, fornecendo seus dados pessoais (art. 1.062, § 2.º) e respondendo, antes desse requerimento, pessoal e solidariamente com a sociedade pelos atos que praticar (art. 1.012). PRESTE BASTANTE ATENÇÃO AGORA: Os administradores da limitada podem ser sócios ou não sócios. A designação destes (não sócios) dependerá da aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o capital não estiver totalmente integralizado, e de dois terços, no mínimo (ou seja, o contrato pode estabelecer quórum maior), após a completa integralização (art. 1.061). Já a designação de administrador sócio, quando feita em ato separado, deve ser aprovada pela maioria absoluta (art. 1.076, II) (cuidado: todos esses quóruns de aprovação referem-se ao quantitativo do capital social e não dos sócios). Caso o administrador sócio já venha designado no contrato, não há que se falar em designação ou aprovação pelos demais membros da sociedade, pois a entidade já nascerá com esse assunto definido em seu ato constitutivo. Em resumo: DESIGNAÇÃO DE ADMINISTRADORES (quóruns de aprovação): Não sócio (capital não totalmente integralizado) � unanimidade Não sócio (capital totalmente integralizado) � 2/3 do capital Sócio (designado em ato separado) � maioria absoluta do capital Eis mais uma questão da Esaf abordando os assuntos apresentados até agora: 4 - (ESAF/AFT/MTE/2003) No novo modelo da sociedade limitada CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 9 www.pontodosconcursos.com.br a) continua sendo exigido que os administradores sejam necessariamente sócios. b) todas as deliberações que envolverem compra, alienação ou oneração dos bens do ativo permanente dependerão de prévia autorização por Assembleia Geral de sócios. c) qualquer sócio poderá ser excluído da sociedade, por voto da maioria dos demais, quando sua atuação estiver pondo em risco a continuidade da empresa. d) o contrato social poderá prever a regência supletiva pela lei das sociedades por ações. Não o fazendo, aplicar-se-ão sempre as regras da sociedade simples. e) no silêncio do contrato social, o sócio poderá ceder sua quota a não- sócios, desde que não haja oposição de mais de um quarto do capital social. A letra A é errada, pois, como vimos, os administradores da limitada podem ser sócios ou não sócios. Na letra B, você deve lembrar a regra das sociedades simples que diz que, no silêncio do contrato, os administradores podem praticar todos os atos pertinentes à gestão da sociedade, exceto a venda ou a oneração de bens imóveis, que dependem da decisão da maioria dos sócios, salvo se a operaçãocom imóveis constituir o próprio objeto da sociedade. Como as limitadas são regidas supletivamente pelas normas das sociedades simples, a regra acima se aplica àquele tipo de sociedade. Assim, as operações com bens móveis do ativo permanente não dependem de prévia aprovação dos sócios da limitada. A letra C é incorreta porque somente o sócio minoritário pode ser excluído pelo voto da maioria dos demais (maioria em termos de capital), em razão de ele estar pondo em risco a continuidade da empresa (o assunto desta alternativa ainda não foi visto e será abordado à frente). A letra D peca ao dizer que, não havendo previsão de regência supletiva pela lei das sociedades por ações, a limitada se regerá sempre pelas regras da sociedade simples, pois essas regras serão aplicadas também supletivamente, na lacuna das normas próprias das limitadas. Finalmente, a letra E é a correta, pois reproduz a regra que foi apresentada acima. Gabarito: E Se o contato social atribuir a qualidade de administrador a todos os sócios, essa qualidade não se estenderá de pleno direito às pessoas que ingressarem posteriormente na sociedade (art. 1.060, par. único), devendo haver decisão expressa para que os novos sócios sejam também designados administradores da entidade. Se o contrato for omisso, a administração da sociedade competirá SEPARADAMENTE a cada um dos sócios (administração disjuntiva), sendo que cada um poderá impugnar a CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 10 www.pontodosconcursos.com.br operação pretendida por outro, cabendo a decisão aos sócios, por maioria de votos (art. 1.013). O exercício do cargo de administrador termina pela sua destituição, a qualquer tempo, ou pelo término do prazo previsto para a função, se houver (a gestão do administrador pode ser por período determinado ou indeterminado), desde que não haja recondução. Esse prazo pode estar definido no contrato ou em ato separado (art. 1.063). A destituição do administrador que seja sócio e tenha sido nomeado no contrato exige a aprovação de sócios que detenham, no mínimo, dois terços do capital social, salvo disposição contratual diversa (art. 1.063, § 1.º). Nos demais casos (administrador sócio nomeado em ato separado ou administrador não sócio), a destituição é feita por maioria absoluta do capital social (art. 1.076, II). Em resumo: DESTITUIÇÃO DE ADMINISTRADORES (quóruns de aprovação): Sócio (nomeado no contrato) � 2/3 do capital Sócio (nomeado em ato separado) � maioria absoluta do capital Não sócio � maioria absoluta do capital O término do exercício do cargo de administrador deve ser averbado no registro competente, mediante requerimento apresentado nos dez dias seguintes ao da ocorrência (art. 1.063, § 2.º). Veja esta questão da Esaf sobre os assuntos acima: 5 - (ESAF/AFT/MTE/2006) A disciplina sociedade limitada, predisposta no Código Civil, a par de ter revogado o Decreto n. 3.708/1919, no que diz respeito aos administradores prevê que: a) pode ser destituído, sem motivação, qualquer sócio indicado no instrumento de contrato. b) não podem ser destituídos terceiros que, no instrumento de contrato, figurem como delegados de sócios. c) o instrumento de contrato não precisa nomear qualquer administrador, providência que será feita sempre por instrumento separado. d) não pode ser destituído o liquidante designado no instrumento de contrato. e) pode ser destituída qualquer pessoa nomeada administrador por instrumento separado. A letra A é errada porque a destituição de administrador da sociedade deve ser expressamente motivada, já que é medida que afeta diretamente os interesses da sociedade e do administrador. A letra B é incorreta, pois quaisquer administradores da limitada, sócios ou não CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 11 www.pontodosconcursos.com.br sócios, podem ser destituídos, respeitados os quóruns mínimos pra cada caso, apresentados acima. A letra C está errada porque diz que a nomeação de qualquer administrador será feita sempre por instrumento separado, sendo que o administrador sócio pode vir designado já no contrato social. Na letra D, o Código Civil prevê expressamente a possibilidade de destituição do liquidante da sociedade, independentemente de ter sido ou não designado no instrumento de contrato, variando-se apenas a forma de se promover a destituição, em função dessa diferença (art. 1.038, § 1.º) (veremos essa matéria na aula de dissolução e liquidação de sociedades). Não há dúvidas, por fim, de que a letra E está certa, pois, conforme visto acima, nas limitadas, qualquer administrador pode ser destituído de suas funções, tenha sido ou não nomeado por instrumento separado, respeitando-se os quóruns de aprovação da destituição para cada caso. Gabarito: E O administrador pode ainda renunciar a sua função, por meio de comunicação escrita à sociedade. Nesse caso, a renúncia produzirá efeitos, em relação à sociedade, a partir do momento em que ela receber a comunicação, e, em relação a terceiros, após a respectiva averbação e publicação da renúncia (art. 1.063, § 3.º). Caso a limitada seja supletivamente regida pelas regras das sociedades simples, aplicam-se a ela as hipóteses da teoria dos atos ultra vires, assunto visto na aula passada, eximindo-se a entidade de responsabilidade pelos atos do administrador que excedam os limites dos poderes de gestão, nos casos citados. Por outro lado, se o regime supletivo for o das sociedades anônimas, a limitada poderá responder também por atos dos administradores que sejam estranhos ao objeto social, resguardado o direito de regresso contra estes. Já reparou que todas as alterações importantes tem que ser averbadas ou registradas de modo que produza efeitos para terceiros? Fica a dica... Conselho Fiscal O contrato social da limitada pode instituir um Conselho Fiscal, composto de três ou mais membros e respectivos suplentes, sócios ou não, residentes no País, eleitos na Assembleia Anual de sócios (art. 1.066). Trata-se de órgão de existência facultativa, ao contrário do que ocorre nas companhias, em que obrigatoriamente deve haver um Conselho Fiscal (embora o funcionamento desse órgão lá possa não ser permanente – veremos isso futuramente). Aqui nesse parágrafo estão as informações mais importantes do Conselho Fiscal da Limitada. Depois não esqueça de compará- las com o Conselho Fiscal da Anônima, pois costuma ser objeto de CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 12 www.pontodosconcursos.com.br prova...Valeu? Lá no quadro resumo do final da aula você pode ver essa distinção bem representada. Não podem fazer parte do Conselho Fiscal as pessoas que não podem ser administradores, os membros dos demais órgãos da sociedade ou de outra sociedade por ela controlada, os empregados de quaisquer dessas sociedades ou dos respectivos administradores, e o cônjuge ou parente destes até o terceiro grau (art. 1.066, § 1.º). Os sócios minoritários que representem pelo menos um quinto do capital social possuem o direito de eleger, separadamente, um dos membros do Conselho Fiscal e o respectivo suplente (art. 1.066, § 2.º). Uma vez investido na função, o membro do Conselho Fiscal exercerá suas atribuições até a Assembleia Anual seguinte, salvo se, por qualquer razão, houver cessação (interrupção) de seu mandato antes da Assembleia (art. 1.067). A remuneração dos membros do Conselho Fiscal será fixada, anualmente, pela Assembleia dos sócios que os eleger (art. 1.068). Além de outras atribuições determinadas na lei ou no contrato social,os membros do Conselho Fiscal possuem as seguintes competências, a serem exercidas individual ou conjuntamente (art. 1.069): - examinar, pelo menos trimestralmente, os livros e papéis da sociedade e o estado da caixa e da carteira, devendo os administradores ou liquidantes prestar-lhes as informações solicitadas; - lavrar (registrar) no livro de atas e pareceres do Conselho Fiscal o resultado dos exames acima referidos; - exarar (registrar) no mesmo livro e apresentar à Assembleia Anual dos sócios parecer sobre os negócios e as operações sociais do exercício em que servirem, tomando por base o balanço patrimonial e o de resultado econômico; - denunciar os erros, fraudes ou crimes que descobrirem, sugerindo providências úteis à sociedade; - convocar a Assembleia dos sócios se a Diretoria retardar por mais de trinta dias a sua convocação anual, ou sempre que ocorram motivos graves e urgentes; - praticar, durante o período da liquidação da sociedade, os atos acima, tendo em vista as disposições especiais reguladoras da liquidação. As atribuições e poderes conferidos pela lei ao Conselho Fiscal não podem ser outorgados a outro órgão da sociedade, e a responsabilidade de seus membros obedece à regra que define a dos administradores (art. 1.070), qual seja, a de que eles respondem solidariamente perante a sociedade e os terceiros prejudicados, por CULPA no desempenho de suas funções (art. 1.016). CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 13 www.pontodosconcursos.com.br O Conselho Fiscal poderá escolher para assisti-lo (ajudá-lo) no exame dos livros, dos balanços e das contas, contabilista legalmente habilitado, mediante remuneração aprovada pela Assembleia dos sócios. Eis um item da Esaf sobre o Conselho Fiscal da limitada: 6 - (ESAF/PROCURADOR DF/2007) Sem prejuízo dos poderes da assembleia dos sócios, pode o contrato da sociedade limitada instituir Conselho Fiscal. Como visto, a limitada tem a faculdade de instituir, por previsão no contrato social, o Conselho Fiscal da sociedade, cujos membros são eleitos na Assembleia Anual de sócios. Gabarito: Certo Deliberações dos Sócios As decisões na sociedade limitada são tomadas pelos sócios, em reunião ou em assembleia, conforme previsto no contrato social (art. 1.072), por maioria dos votos (em regra), contados segundo o valor das quotas de cada um (art. 1.010). A deliberação em assembleia será obrigatória se a sociedade possuir mais de dez sócios (art. 1.072, § 1.º). Não obstante, a reunião ou a assembleia serão dispensáveis quando todos os sócios já tiverem decidido, por escrito, sobre a matéria que seria objeto delas. Caso o contrato social não discipline as regras das reuniões de sócios, aplicar-se-ão a elas as regras sobre a assembleia (que serão vistas abaixo). Aqui é preciso saber a diferença entre REUNIÃO e ASSEMBLEIA. Regra geral de votação: maioria de votos. A contagem é feita pela quantidade de cotas da cada sócio. Se você leu esse parágrafo e entendeu essas questões siga em frente, se não entendeu leia de novo. Risos... As deliberações tomadas conforme a lei e o contrato vinculam todos os sócios, ainda que ausentes ou dissidentes (discordantes) (art. 1.072, § 5.º). Por outro lado, as deliberações infringentes do contrato ou da lei tornam ilimitada a responsabilidade dos que expressamente as aprovaram (art. 1.080). Nenhum sócio, por si ou na condição de mandatário, pode votar matéria que lhe diga respeito diretamente (art. 1.074, § 2.º). Além de outros assuntos indicados na lei ou no contrato, dependem da deliberação dos sócios (art. 1.071): - a aprovação das contas da administração; CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 14 www.pontodosconcursos.com.br - a designação dos administradores, quando feita em ato separado (pois se feita no contrato social não há que se falar em deliberação dos sócios, uma vez que a sociedade já nasce com esse assunto definido); - a destituição dos administradores; - o modo da remuneração dos administradores, quando não estabelecido no contrato; - a modificação do contrato social; - a incorporação, a fusão e a dissolução da sociedade, ou a cessação do estado de liquidação (veremos os temas de operações societárias e de dissolução e liquidação de sociedades em aula específica); - a nomeação e a destituição dos liquidantes e o julgamento das suas contas; - o pedido de concordata (o CC/2002 ainda fala em concordata, mas hoje se deve entender a regra como relativa à recuperação judicial, prevista na nova Lei de Falências – Lei 11.101/2005, que substituiu o instituto da concordata. Estudaremos esse assunto na aula específica de falências). Quando os sócios decidirem realizar modificação do contrato, fusão da sociedade, incorporação de outra, ou dela por outra, terá o sócio que dissentiu o direito de retirar-se da sociedade (direito de recesso), nos trinta dias subsequentes à reunião (art. 1.077). Os sócios serão convocados pelos administradores nos casos previstos em lei ou no contrato social (art. 1.072). Como regra, o anúncio de convocação da assembleia de sócios deve ser publicado por três vezes, ao menos, no órgão oficial da União ou do Estado, conforme o local da sede da sociedade, e também em jornal de grande circulação (art. 1.152, § 1.º). Deve haver um intervalo de oito dias entre a data da primeira publicação e a da realização da assembleia, no caso da primeira convocação, e de cinco dias, quanto às posteriores (art. 1.152, § 3.º). Dispensam-se essas formalidades, contudo, quando todos os sócios comparecerem ou se declararem, por escrito, cientes do local, data, hora e ordem do dia (art. 1.072, § 2.º). No caso de pedido de concordata (leia-se: recuperação judicial), se houver urgência e com autorização de mais da metade do capital social, os administradores podem requerê-la preventivamente (isto é, antes que seja decretada a falência da entidade) (art. 1.072, § 4.º). A reunião ou a assembleia de sócios também podem ser convocadas (art. 1.073): - por sócio, quando os administradores retardarem a convocação, por mais de sessenta dias, nos casos previstos em lei ou no contrato; CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 15 www.pontodosconcursos.com.br -por titulares de mais de um quinto do capital, quando não atendido, no prazo de oito dias, pedido de convocação fundamentado, com indicação das matérias a serem tratadas; - pelo Conselho Fiscal (se houver), se a Diretoria (administradores) retardar por mais de trinta dias a convocação da assembleia anual (art. 1.078), ou sempre que ocorrerem motivos graves e urgentes. Para a instalação da assembleia dos sócios, exige-se a presença, em primeira convocação, de titulares de no mínimo três quartos do capital social, e, em segunda convocação, com qualquer número (art. 1.074). Admite-se a representação do sócio na assembleia por outro sócio ou por advogado, mediante instrumento de mandato (procuração) com especificação dos atos que o mandatário (procurador) está autorizado a praticar em nome do sócio mandante. A procuração deve ser levada a registro na Junta Comercial juntamente com a ata da assembleia (art. 1.074, § 1.º). A assembleia será presidida e secretariada por sócios escolhidos entre os presentes. Ao final, deverá ser lavrada a ata, no livro de atas da assembleia, contendo todos os trabalhos e deliberações realizadas, e assinada pelos membros da mesa e por todos os sócios participantes do evento que queiram assiná-la, devendo haver, contudo, assinaturas em número suficiente àobtenção do quórum mínimo necessário à aprovação das deliberações. Nos vinte dias seguintes, a ata deve ser apresentada ao Registro Público de Empresas Mercantis para arquivamento e averbação (art. 1.075). A assembleia dos sócios deve realizar-se ao menos uma vez por ano, nos quatro meses seguintes ao término do exercício social, com o objetivo de (art. 1.078): - tomar as contas dos administradores e deliberar sobre o balanço patrimonial e o de resultado econômico; - designar administradores, quando for o caso; - tratar de qualquer outro assunto constante da ordem do dia. O balanço patrimonial e o de resultado econômico devem ser postos, por escrito, à disposição dos sócios que não exerçam a administração até trinta dias antes da data marcada para a assembleia. Instalada a assembleia, esses documentos serão discutidos e votados pelos sócios, com exceção dos membros da administração e, se houver, os do Conselho Fiscal. Caso haja aprovação, sem reserva, das citadas demonstrações contábeis, os membros da administração e, se houver, os do Conselho Fiscal ficarão exonerados (livres) de responsabilidade, salvo se, nos dois anos seguintes, for detectado erro, dolo ou simulação por parte deles (art. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 16 www.pontodosconcursos.com.br 1.078). Ultrapassado esse período, o direito da assembleia de anular a aprovação das demonstrações restará extinto. Eis uma questão de concurso sobre os assuntos acima expostos: 7 - (CESPE/TABELIÃO/MT/2005) Acerca das sociedades limitadas, assinale a opção correta. a) Caso haja previsão no contrato social, na sociedade limitada, o sócio poderá integralizar suas quotas mediante prestação de serviços. b) Em sociedade limitada constituída por dezessete membros, o pedido de concordata dependerá de deliberação dos sócios, a qual deverá se dar, obrigatoriamente, em assembléia. c) A assembléia de sócios será semestral e, entre outras deliberações, serão tomadas as contas dos administradores. d) Se, no ato constitutivo de determinada sociedade limitada, houver a previsão de administração desta por pessoa estranha ao quadro de sócios, a deliberação pela nomeação desse administrador dependerá da aprovação de um total de sócios que detenham, no mínimo, três quartos do capital social, caso este já esteja integralizado. A letra A é errada, porque, nas sociedades empresárias, não se admite contribuição de sócio para a sociedade mediante prestação de serviços. A letra B está correta porque, nas limitadas, o pedido de concordata (leia-se hoje: recuperação judicial) depende sempre da deliberação dos sócios, em reunião ou em assembleia, conforme previsto no contrato social. Todavia, havendo mais de dez sócios (no caso da alternativa, dezessete), a deliberação em assembleia será obrigatória (art. 1.072). A letra C é incorreta, pois, na limitada, a assembléia dos sócios deve realizar-se ao menos uma vez por ano, nos quatro meses seguintes à ao término do exercício social (art. 1.078). Por fim, a letra D é errada porque a designação de administradores não sócios na limitada dependerá da aprovação da unanimidade dos sócios, enquanto o capital não estiver totalmente integralizado, e de dois terços, no mínimo, após a completa integralização (art. 1.061). Gabarito: B Quóruns de Deliberação Como regra, as decisões da limitada são tomadas pela maioria dos votos dos presentes (maioria simples). Todavia, para certos assuntos, o Código exige (e o contrato também pode exigir) a aprovação por quórum qualificado (mais rigoroso) (art. 1.076, III). É importante saber, para a prova, os índices mínimos de aprovação das deliberações da sociedade, alguns dos quais não estão previstos no capítulo das limitadas, mas na parte da Lei CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 17 www.pontodosconcursos.com.br referente às sociedades simples. Para facilitar o seu estudo, apresento o resumo a seguir. As deliberações dos sócios da limitada serão tomadas: - pela unanimidade do capital social, nos casos abaixo: • Designação de administrador não sócio, quando o capital social não estiver totalmente integralizado (art. 1.061); e • dissolução da sociedade que funcione por prazo determinado (art. 1.033, II � compare com o art. 1.033, III). - pelos votos correspondentes, no mínimo, a três quartos do capital social, nos seguintes casos: • modificação do contrato social (art. 1.076, I); • incorporação, fusão e dissolução da sociedade, ou cessação do estado de liquidação (art. 1.076, I); e • admissão de novos sócios (quando a limitada for uma sociedade de pessoas) (art. 1.057). Aqui, na verdade, o que não pode é haver a oposição de titulares de mais de um quarto do capital social. - pelos votos correspondentes, no mínimo, a dois terços do capital social, nos casos a seguir: • Designação de administrador não sócio, quando o capital social já estiver totalmente integralizado (art. 1.061); e • Destituição de administrador sócio nomeado no contrato social (art. 1.063, § 1.º). - pelos votos correspondentes a mais de metade do capital social (maioria absoluta), nos casos abaixo: • designação dos administradores sócios, feita em ato separado (art. 1.076, II); • destituição dos administradores (art. 1.076, II), exceto no caso de administrador sócio nomeado no contrato, que exige dois terços (ver acima); • modo de remuneração dos administradores, quando não estabelecido no contrato (art. 1.076, II); • pedido de concordata (leia-se: recuperação judicial) (art. 1.076, II); • dissolução da sociedade que funcione por prazo indeterminado (art. 1.033, III); e CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 18 www.pontodosconcursos.com.br • exclusão de sócio minoritário que esteja pondo em risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de inegável gravidade, desde que prevista no contrato social a exclusão por justa causa (art. 1.085). - pela maioria de votos dos presentes (maioria simples do capital social), nos seguintes casos: • aprovação das contas da administração (art. 1.071, I); • nomeação e destituição dos liquidantes e julgamento das suas contas (art. 1.071, VII); e • outros casos previstos em lei ou no contrato, se este não exigir maioria mais elevada (art. 1.076, III). Veja com a Esaf já cobrou o tema referente aos quóruns de deliberação: 8 - (ESAF/PFN/2005-2006/ADAPTADA) Na sociedade limitada, exige-se a concordância de três quartos do capital social para a mudança do objeto social, enquanto que na sociedade simples esta alteração deve ser unânime. A questão está certa porque a mudança do objeto da sociedade corresponde a uma modificação no contrato social. Como visto acima, na limitada exige-se a aprovação de, no mínimo, três quartos do capital social, para essa matéria. Já nas sociedades simples, o objeto social só pode ser modificado pela unanimidade dos sócios, uma vez que ele é cláusula obrigatória do contrato, conforme visto na aula passada. Gabarito: Certo 9 - (ESAF/PFN/2005-2006) Não havendo disposição em contrário no contrato, desejando o sócio ceder suas cotas, total ou parcialmente, a outro sócio ou a terceiro, poderá fazê-lo desde que não haja oposição de mais de um quarto do capital social. O item é errado, pois, no caso de cessão da quota a outro sócio, salvo disposição em contrário no contrato, não há necessidade de aprovação da cessão pelos demais, já que não estará havendo modificação dos integrantes do quadro social da entidade. Gabarito: ErradoAumento e Redução do Capital Para que a limitada possa aumentar seu capital social, ele deve estar totalmente integralizado (art. 1.081). Como o valor do capital é definido no CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 19 www.pontodosconcursos.com.br contrato social, seu aumento implica modificação do ato constitutivo, o que exige o quórum mínimo de três quartos do capital social, como visto acima. O primeiro passo ocorre com a deliberação dos sócios de aumentar o capital social. Até trinta dias após essa decisão, cada sócio poderá exercer o seu direito de preferência na aquisição das novas quotas a serem emitidas, na proporção das quotas de que já seja titular (art. 1.081, § 1.º). Se preferir, pode também ceder seu direito de preferência a outrem, mas, se o cessionário for estranho à sociedade (não sócio), não poderá haver a oposição de mais de um quarto do capital social, (mesma regra que ocorre quando se trata de cessão da própria quota que o sócio já possui) (art. 1.081, § 2.º). Se a cessão for feita a outra sócio, por outro lado, o negócio independerá da audiência dos demais. Deu pra entender? Vou repetir com outras palavras... Os sócios se reúnem e decidem aumentar o capital social de 100.000 para 120.000. Pergunta-se se algum dos sócios quer integralizar esses 20.000 para ter uma porcentagem maior na participação societária, esse é o direito de preferência, ou seja, na aquisição de novas cotas sociais os que já são sócios tem preferência, prevista pela lei, dessa compra. Decorrido o prazo da preferência, e assumida pelos sócios ou por terceiros a totalidade do aumento, haverá nova reunião ou assembleia dos sócios, para que seja definitivamente aprovada a modificação do contrato social (art. 1.081, § 3.º). BOM SABER: A sociedade pode também deliberar a redução do capital, nas seguintes hipóteses (art. 1.082): - se, depois de integralizado, houver perdas irreparáveis; e - quando se configurar excessivo em relação ao objeto da sociedade. No primeiro caso, a redução será realizada com a diminuição proporcional do valor nominal das quotas (art. 1.083). No segundo caso, a redução será feita por meio da restituição de parte do valor das quotas aos sócios, ou, se ainda não integralizadas, dispensando-se as prestações ainda devidas. Em ambos as situações, haverá também a diminuição proporcional do valor nominal das quotas (art. 1.084). Lembre ainda que a redução do capital pode ocorrer também no caso de exclusão de sócio remisso, conforme estudado anteriormente (art. 1.004, par. único). É possível que algum credor quirografário da sociedade (credor que não possui nenhuma garantia de sua dívida, como hipoteca, preferência legal, etc. Veremos a classificação creditória na aula de falências) se oponha à redução do capital, por entender que a redução prejudicará a capacidade da empresa de quitar a dívida. Nesse caso, se esse credor possuir título líquido CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 20 www.pontodosconcursos.com.br anterior à data da publicação da ata que aprovar a redução, ele terá noventa dias, contados da publicação, para manifestar sua oposição (art. 1.084, § 1.º). Assim, para que a redução do capital se torne definitivamente eficaz, é preciso que NÃO HAJA IMPUGNAÇÃO da decisão no citado prazo ou, havendo, seja provado que a sociedade efetuou o pagamento ao credor quirografário ou depositou judicialmente o respectivo valor. Só então poderá ser feita a averbação da ata que aprovou a redução no Registro Público de Empresas Mercantis, tornando efetiva a modificação do valor do capital (art. 1.084, §§ 2.º e 3.º). Esse artigo visa proteger o credor quirografário, que tem no capital social da sociedade devedora uma garantia de pagamento, se esse capital diminuir o credor pode ficar preocupado, achando que a sociedade talvez não tenha condições de arcar com essa dívida... Os outros tipos de credores não precisam ficar tão preocupados, pois geralmente eles têm algum tipo de garantia diferente do capital social. Resolução da Sociedade em Relação a Sócios Minoritários Já vimos que um sócio pode ser excluído judicialmente, mediante iniciativa da maioria dos demais sócios, por falta grave no cumprimento de suas obrigações ou por incapacidade superveniente (art. 1.030). Vimos também que o sócio que deixa de cumprir as obrigações estabelecidas no contato social (sócio remisso) também pode ser excluído pela maioria dos outros sócios (art. 1.004, par. único). Por fim, foi dito que o sócio declarado falido e aquele cuja quota tenha sido liquidada, em processo de execução, serão excluídos da sociedade de pleno direito (art. 1.030, par. único). Além dessas, há outra hipótese em que o sócio da limitada pode ser excluído da sociedade. Segundo o Código Civil, a maioria absoluta dos sócios (leia-se: maioria absoluta do capital social) poderá excluir da sociedade os sócios minoritários (a regra não se aplica aos majoritários, pois os demais sócios não atingiriam a maioria do capital) que estejam pondo em risco a continuidade da empresa, em virtude de atos de inegável gravidade, desde que esteja prevista no contrato social a exclusão por justa causa (art. 1.085). Essa exclusão deve ser determinada em reunião ou assembleia especialmente convocada para esse fim, e o acusado deve tomar ciência do fato em tempo hábil, para que lhe seja possível comparecer à reunião e exercer seu direito de defesa (art. 1.085, par. único). Exemplo: um limitada possui 5 sócios, cada um com 20% do capital social, sendo que 1 deles está gastando o dinheiro da sociedade com coisas desnecessárias ou não gosta muito de trabalhar e essas atitudes estão prejudicando o bom andamento no negócio e colocando em risco a continuidade da atividade... os outros 4 sócios, que juntos possuem a maioria do capital votante, conversam e decidem que aquele sócio precisa sair da sociedade e usam esse argumentos como justa causa. Essa exclusão não se dá de imediato, para proteger seu CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 21 www.pontodosconcursos.com.br direito o sócio que pode ser excluído tem o direito de ser avisado antes da reunião de exclusão, para poder se defender. Essa hipótese de exclusão por justa causa tem que estar prevista no contrato. Lembre ainda que a resolução da sociedade em relação a um sócio é o nome dado pelo Código Civil à chamada dissolução parcial da sociedade, conforme dito na aula passada. 10 - (ESAF/FISCAL DE RENDAS/SMF-RJ/2010) Sobre a sociedade limitada, marque a opção correta. a) A sociedade limitada pode adotar o tipo da sociedade simples. b) A sociedade limitada, independentemente de seu objeto, será sempre empresarial. c) O contrato social poderá prever a regência supletiva da sociedade limitada pelas normas da sociedade anônima. d) Na sociedade limitada, admite-se a contribuição consistente em prestação de serviços. e) O capital social divide-se sempre em quotas iguais, assim como ocorre com respeito às ações das companhias. A letra A está errada porque a sociedade limitada é sempre do tipo empresária. O que se admite é que a sociedade simples adote a forma limitada, com base no art. 983 do CC/2002. Neste caso, ela continuará a ser uma sociedade simples, apenas adotando as regras de funcionamento da limitada. Identifica-se esse tipo de sociedade com a expressão “S/S Ltda.” no nome empresarial. A letra B está errada porque a sociedade limitada, para ser considerada empresária, deve exercer atividade de empresa, isto é, atividade econômica organizada para a produção ou a circulaçãode bens ou de serviços (art. 966 do CC/2002). A letra C é verdadeira (gabarito), nos termos do art. 1.053, par. único, do CC/2002. A letra D é errada porque, nas sociedades limitadas, não se admite a contribuição de sócio mediante prestação de serviços (art. 1055. § 2.º). A letra E está incorreta porque o capital social da limitada pode ser dividido em quotas iguais ou desiguais (art. 1.055). Quanto às ações das companhias, o art. 11, § 2.º, da Lei 6.404/1976 estabelece que o valor nominal será o mesmo para todas as ações da companhia. Gabarito: C Bem, caro(a) concurseiro(a), visto o tema sobre as sociedades limitadas, vamos estudar agora as sociedades por ações. Ufa, quanta coisa... Dá uma respirada, bebe uma água e vamos com tudo para o próximo tópico. Se você acha que fizemos pouco exercício até CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 22 www.pontodosconcursos.com.br aqui, não se preocupe, pois a última aula será só de exercícios e poderemos treinar bastante, aproveite por enquanto a parte teórica. 2 – SOCIEDADES POR AÇÕES Sugiro bastante atenção nesse tópico, pois esse é um assunto recorrente de prova de concurso público. Não se preocupe, pois não é um assunto complicado, por isso mesmo vale a pena dar uma boa estudada nesse item. Qualquer dúvida entre no fórum e desabafa. Essa parte da matéria é interessante pois tem um pouco a ver com o dia a dia de cada um de nós. Quem aqui investe na bolsa? Qual o tipo de sociedade que é a PETROBRAS? Lembra da regra do direito administrativo sobre sociedade de economia mista e empresa pública e suas diferenças? Então, se você reparar esse é um assunto que faz parte de nosso cotidiano. Vamos lá... As sociedades por ações são aquelas que possuem seu capital dividido em ações (ao contrário das demais sociedades, cujo capital é dividido em quotas). Em função disso, seus sócios, isto é, as pessoas titulares das ações que compõem o capital, são chamados de acionistas. Abrangem dois tipos societários: a sociedade anônima – S.A. ou companhia – Cia. (arts. 1.088 e 1.089 do CC/2002 e Lei 6.404/1976) e a sociedade em comandita por ações – C/A (arts. 1.090 a 1.092 do CC/2002 e arts. 280 a 284 da Lei 6.404/1976). 11 - (ESAF/AFRFB/2012) Na SOCIEDADE LIMITADA, o capital é dividido em ações, regendo-se pelas normas relativas à sociedade anônima, e opera sob firma ou denominação. Nessa alternativa encontramos a descrição legal da Sociedade em Comandita Por Ações e não da Sociedade Limitada. Art. 1.090. A sociedade em comandita por ações tem o capital dividido em ações, regendo-se pelas normas relativas à sociedade anônima, sem prejuízo das modificações constantes deste Capítulo, e opera sob firma ou denominação. Gabarito: Errada 12 - (ESAF/AFRFB/2012) Na SOCIEDADE ANÔNIMA OU COMPANHIA, tomam parte sócios de duas categorias: pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os obrigados somente pelo valor de sua quota. Nesse caso podemos ver que a alternativa relatou a definição da Sociedade em Comandita Simples, conforme está no próprio Código Civil em seu artigo 1.045. CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 23 www.pontodosconcursos.com.br Art. 1.045. Na sociedade em comandita simples tomam parte sócios de duas categorias: os comanditados, pessoas físicas, responsáveis solidária e ilimitadamente pelas obrigações sociais; e os comanditários, obrigados somente pelo valor de sua quota. Gabarito: Errada 13 - (ESAF/AFRFB/2012) Na SOCIEDADE EM COMANDITA POR AÇÕES, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. Essa alternativa trouxe a caracterização perfeita da Sociedade Limitada. Art. 1.052. Na sociedade limitada, a responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. Gabarito: Errada 3 – SOCIEDADE ANÔNIMA A sociedade anônima (companhia) rege-se pela Lei 6.404/1976 (Lei das Sociedades por Ações), aplicando-se a ela o regramento do Código Civil somente nos casos omissos (lacunas) daquela Lei (art. 1.089 do CC/2002). Você já deve conhecer a Lei 6.404/1976, uma vez que ela é estudada na disciplina Contabilidade Geral (principalmente os arts. 175 a 205). No nosso curso, porém, vamos estudar apenas os aspectos desse diploma referentes ao Direito Comercial (Empresarial). A companhia é uma sociedade de capital, isto é, a pessoa do acionista não é importante para a formação do quadro social, bastando que ele seja um contribuinte do capital, financiando a empresa. Em função disso, as ações são livremente negociáveis, uma vez que os acionistas não podem se opor à entrada de novos sócios nos quadros da entidade. Do mesmo modo, não há óbice a que os herdeiros do acionista falecido se tornem titulares das ações, nem que um acionista tenha suas ações penhoradas em processo de execução. Tais vedações só podem ocorrer nas sociedades de pessoas. A companhia é também uma sociedade estatutária ou institucional, pois seu ato constitutivo é o estatuto social (art. 2.º, § 2.º, da Lei 6.404/1976 – no estudo das S.A., ao contrário do que vínhamos fazendo, quando nada for dito, o dispositivo legal será referente à Lei 6.404/1976). CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 24 www.pontodosconcursos.com.br Geralmente as S.A., pela sua complexidade, desenvolvem atividades econômicas de grande vulto. Todavia, a Lei permite que uma companhia tenha por objeto único a sua participação como sócia de outras sociedades. Ainda que não esteja prevista no estatuto, essa participação é facultada à companhia como meio de realizar o seu objeto social, ou, ainda, para beneficiar-se de incentivos fiscais (art. 2.º, § 3.º). Lembre-se, contudo, de que a S.A. é considerada uma sociedade empresária (mercantil, segundo a lei), qualquer que seja seu objeto, o qual será definido no estatuto social (art. 2.º, §§ 1.º e 2.º). SABER ESSA DIFERENÇA DE RESPONSABILIDADE DOS SÓCIOS OU ACIONISTAS ENTRE A SOCIEDADE LIMITADA E A SOCIEDADE ANÔNIMA: Nas sociedades anônimas, a responsabilidade do acionista é limitada ao preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir, enquanto não integralizadas (art. 1.º). Havendo a completa realização de suas ações, o sócio não terá mais nenhuma responsabilidade pelas dívidas sociais. Não há aqui, portanto, a responsabilidade solidária de todos os sócios pela parcela do capital não realizada, que se observa nas sociedades limitadas. Eis uma questão de prova: 14 - (CESPE/CONTADOR/FUB/2009) No caso das sociedades anônimas, a responsabilidade dos acionistas limita-se ao valor nominal das ações subscritas ou adquiridas e, se as ações não tiverem valor nominal, ao valor patrimonial. O item é errado porque, nas sociedades anônimas, a responsabilidade do acionista é limitada ao preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir, e não ao valor nominal ou ao valor patrimonial (veremos essas formas de avaliação das ações à frente). Gabarito: Errado O nome empresarial da S.A. é a denominação, acompanhada da expressão “sociedade anônima” ou sua abreviatura (“S.A”), no começo, meio ou fim do nome, ou da palavra “companhia” ou “Cia.”, esta não podendo ser utilizada ao final (art. 3.º), para evitar confusão com a expressão “e companhia” ou “& Cia.” utilizada na razão social de certas sociedades para indicar a existências de outros sócios. Lembre que a denominação éconstituída por uma expressão de fantasia e o objeto social da sociedade, podendo conter ainda o nome do fundador, acionista ou outra pessoa que tenha concorrido para o êxito da empresa (art. 3.º, § 1.º). Vejamos alguns exemplos: - Supermercado Paulista S.A.; CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 25 www.pontodosconcursos.com.br - Sociedade Anônima Tecidos Brasil; - Laboratório Dr. André Andrade S.A.; - Cia. Brasil de Remédios. Obviamente a denominação não pode ser idêntica a outra já existente (princípio da exclusividade). Caso isso ocorra, a sociedade que primeiro tiver registrado o nome pode requerer administrativamente à Junta Comercial as medidas cabíveis ou ingressar em juízo para exigir eventuais perdas e danos decorrentes do fato (art. 3.º, § 2.º). SABER BEM: A companhia pode ser classificada em aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão (ações, debêntures, bônus de subscrição, etc. – estudaremos esses títulos de investimento adiante) estejam, respectivamente, admitidos ou não à negociação no mercado de valores mobiliários (mercado de capitais), ou seja, conforme ofereçam ou não suas ações e demais títulos ao público (art. 4.º). Você me pede: Peraí professor, explica melhor essa diferença... Eu te falo, não fique muito preocupado nesse caso, pois quando cai esse tipo de pergunta em prova é só saber essa diferença que está na LEI. Olha só abaixo... Veja uma questão sobre o assunto: 15 - (CESPE/Analista Judiciário/TRT 6.ª REGIÃO/2002) A sociedade anônima é considerada aberta ou fechada conforme os valores mobiliários de sua emissão sejam admitidos ou não à negociação no mercado de valores mobiliários, sendo condição essencial para a referida negociação, na hipótese de companhia aberta, o correspondente registro desses valores mobiliários na Comissão de Valores Mobiliários. O item está certo porque apresenta a correta definição de companhia aberta ou fechada. Quanto à necessidade de registro dos valores mobiliários na Comissão de Valores Mobiliários (CVM), veremos adiante que a Lei exige tal requisito por ocasião da subscrição pública das ações da companhia aberta. Gabarito: Certo O mercado de valores mobiliários é formado pela Bolsa de Valores e pelo Mercado de Balcão. A primeira é uma entidade privada formada por associações de corretores, na qual se exerce a negociação de valores mobiliários no mercado. É um mercado secundário, pois somente se negociam na Bolsa valores já emitidos pelas sociedades. Já o Mercado de Balcão é um mercado primário e secundário, pois as instituições que o integram subscrevem (lançam no mercado) valores mobiliários, além de CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 26 www.pontodosconcursos.com.br comercializar os já existentes. Nele são realizadas outras operações financeiras com esses tipos de valores que não são de competência da Bolsa. Esses investimentos que fazemos pela internet por meio de alguma corretora é a operação na Bolsa de Valores, e não Mercado de Balcão. Porém quando os valores mobiliários são negociados só no Mercado de Balcão a Sociedade também é ABERTA. Para que uma S.A. possa operar como companhia aberta, isto é, possa negociar publicamente seus valores mobiliários, é necessário que ela tenha autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), autarquia federal que supervisiona e controla o mercado de capitais. Nenhuma distribuição pública de valores mobiliários poderá ser feita no mercado sem prévio registro na CVM (art. 4.º, § 2.º). O fato de a companhia ser fechada não significa que ela não pode negociar seus valores mobiliários. Mas só poderá fazê-lo mediante contatos pessoais com os compradores, sem a utilização da estrutura do mercado de capitais (oferta pública). Frise-se ainda que uma S.A. pode nascer aberta e posteriormente se converte em fechada e vice-versa. E aí sacou tudo até aqui? Constituição da Companhia A constituição da companhia depende do cumprimento dos seguintes requisitos preliminares (art. 80): - subscrição, pelo menos por duas pessoas, de todas as ações em que se divide o capital social; - realização, como entrada, em dinheiro, de no mínimo 10% do preço de emissão das ações subscritas, salvo para companhias em que a lei exija porcentual maior (ex.: para instituições financeiras esse percentual é de 50% – art. 27 da Lei 4.595/1964); - depósito, no Banco do Brasil ou em outro banco autorizado pela CVM, da parcela do capital realizada em dinheiro, no prazo de cinco dias a partir do recebimento das quantias. Uma vez feito o depósito bancário da parcela em dinheiro do capital, a sociedade só poderá movimentá-lo após haver adquirido personalidade jurídica (art. 81). Caso isso não ocorra em seis meses da data do depósito, o banco restituirá as quantias depositadas diretamente aos subscritores (art. 81, par. único). Enquanto a companhia estiver em constituição, sua denominação deverá ser aditada da cláusula “em organização” (art. 91). CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 27 www.pontodosconcursos.com.br A constituição da entidade pode ser feita por subscrição pública (art. 82) ou particular (art. 88). A subscrição pública é feita quando os fundadores da sociedade ofertam as ações ao público em geral, o que só pode ser feito após prévio registro da emissão das ações na CVM. A oferta pública deve ser efetuada com o auxílio de uma instituição financeira intermediária (art. 82). Já a subscrição particular é feita apenas pelos fundadores, que se reúnem para criar a sociedade e adquirir eles mesmos todo o capital social. Na primeira hipótese, a companhia será aberta; na segunda, fechada. No caso de subscrição pública, o pedido de registro na CVM deverá conter (art. 82, § 1.º): - estudo de viabilidade econômica e financeira do empreendimento; - projeto do estatuto social; e - prospecto da sociedade, assinado pelos fundadores e pela instituição financeira intermediária, que mencionará as bases da companhia e os motivos que justificam a expectativa de bom êxito do empreendimento (art. 84). Atendidas essas exigências, as ações serão emitidas e ofertadas ao público, que as subscreverá com o auxílio da instituição financeira intermediária. Após subscrito todo o capital social, os fundadores convocarão a Assembleia Geral para deliberar sobre a constituição da companhia e, se for o caso, promover a avaliação de eventuais bens fornecidos para a integralização do capital (art. 86). A instalação dessa Assembleia, em primeira convocação, exige a presença de subscritores que representem, no mínimo, metade do capital social. Em segunda convocação, a instalação se dará com qualquer número (art. 87). O subscritor pode fazer- se representar por procurador com poderes especiais (art. 90). Na assembléia de constituição, cada ação, independentemente de sua espécie ou classe, terá direito a um voto. Como a subscrição dos novos sócios, no momento da oferta pública, ocorreu mediante a análise do projeto do estatuto social, este não poderá ser modificado nesta primeira assembleia, nem mesmo com o voto da maioria do capital social (art. 87, § 2.º). Não havendo oposição de mais da metade do capital, será declarará a constituição da companhia, procedendo-se, a seguir, à eleição dos primeiros administradores (diretores e membros do Conselho de Administração) e membros do Conselho Fiscal (estudaremos os órgãos da S.A. adiante). A ata da reunião deverá ser levada a registro (art. 87, §§ 3.º e 4.º). Já a constituição da companhia porsubscrição particular pode ser feita por meio de Assembleia Geral ou escritura pública, considerando-se fundadores todos os subscritores (art. 88). No primeiro caso, serão entregues CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 28 www.pontodosconcursos.com.br à assembleia o projeto do estatuto, assinado por todos, e as listas ou boletins de subscrição de todas as ações. Se houver assembleia, devem ser observados os procedimentos da assembleia de subscrição pública, acima citados (art. 88, § 1.º). Tanto na assembleia como na escritura pública, o subscritor pode fazer-se representar por procurador com poderes especiais. Após a constituição da S.A., deverá haver o arquivamento e a publicação dos atos constitutivos em órgão oficial do local de sua sede. Nenhuma companhia poderá funcionar sem que sejam tomadas essas providências (arts. 94 e 98). Os primeiros administradores são solidariamente responsáveis perante a companhia pelos prejuízos causados pela demora no cumprimento dessas formalidades complementares à constituição da entidade (art. 99). Como regra, a companhia não responde perante terceiros pelos atos praticados pelos primeiros administradores, antes da regular constituição da entidade, mas a Assembleia Geral pode deliberar em contrário (art. 99, par. único). Observe esta questão de prova sobre a constituição da companhia: 16 - (CESPE/EXAME DE ORDEM/OAB-GO/2007.1) Acerca da constituição das companhias, assinale a opção correta. a) A constituição por subscrição pública dar-se-á por assembléia de constituição ou por escritura pública. b) Na constituição de uma sociedade anônima, são necessárias pelo menos 7 pessoas para a subscrição de todas as ações em que se divide o capital social fixado no estatuto. c) Na assembléia de constituição da companhia, cada ação dá direito a um voto, independentemente de sua espécie ou classe. d) Na constituição de qualquer companhia, é necessário o prévio registro da emissão dos valores mobiliários na Comissão de Valores Mobiliários (CVM). A letra A é errada porque a constituição da companhia por subscrição pública não pode se dar por escritura pública, deve ocorrer por meio de Assembleia Geral. A letra B é incorreta, já que bastam dois sócios para restar atendido o requisito da pluralidade de sócios (art. 80, I). A letra C é o gabarito, pois vimos que, na assembleia de constituição da sociedade anônima, cada ação, independentemente de sua espécie ou classe, terá direito a um voto. E a letra D é incorreta porque apenas na constituição das companhias abertas é necessário o prévio registro da emissão dos valores mobiliários na CVM. Gabarito: C CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 29 www.pontodosconcursos.com.br Acionistas Uma pessoa pode se tornar acionista da S.A. por meio da subscrição do capital, seja no momento da fundação da entidade, seja em momento posterior, quando houver aumento do capital social, ou por meio da aquisição de ações, em negociação direta com outro acionista. A responsabilidade do acionista, como visto, limita-se à realização de suas ações. Se for titular de ações já integralizadas, nenhuma responsabilidade lhe restará. Por outro lado, é obrigação do acionista realizar, nas condições previstas no estatuto ou no boletim de subscrição, as ações que subscreveu ou adquiriu, sob pena de se tornar remisso (art. 106). Ainda que o acionista negocie suas ações, ele continuará responsável solidariamente com o adquirente pela integralização das ações alienadas, por até dois anos após a transferência (art. 108). A responsabilidade do acionista pela integralização refere-se ao valor de emissão das ações (valor fixado pela própria sociedade quando do lançamento das ações). É que as ações podem ser avaliadas segundo vários critérios: - valor nominal: resultado da divisão do valor do capital social pelo número de ações que o compõem; - valor patrimonial: resultado da divisão do valor do patrimônio líquido pelo número de ações; - valor negocial: valor resultante da negociação entre vendedor e comprador da ação; - valor econômico ou de mercado: montante estipulado pelos analistas do mercado de capitais, com base em análises econômicas; e - valor de emissão: valor estabelecido pela própria companhia, por ocasião da subscrição. É vedada a emissão de ações por preço inferior ao seu valor nominal, quando este valor vier expresso no estatuto social (art. 13). Por outro lado, se o valor de emissão for maior que o nominal, a diferença paga pelo acionista subscritor será destinada a uma reserva de capital (art. 13, § 2.º) (lembra-se da reserva de capital de ágio na emissão de ações, estudada na Contabilidade Geral?). Não havendo valor nominal expresso no estatuto, ainda assim, parte do preço de emissão pode ser destinada à formação da reserva de capital (art. 14, par. único). O estatuto ou o boletim de subscrição devem especificar o montante mínimo de integralização e o prazo para o respectivo pagamento, ou o acionista não poderá ser considerado remisso. Havendo omissão do estatuo ou boletim, a sociedade efetuará chamada, por meio de, pelo menos, três publicações na imprensa, fixando prazo de, no mínimo, 30 dias para o pagamento. Se o acionista, mesmo assim, não integralizar suas ações, ficará CURSO ONLINE - DIREITO COMERCIAL AFRFB/AFT 2013 PROFESSOR LUCIANO OLIVEIRA E CADU CARRILHO– AULA 02 30 www.pontodosconcursos.com.br de pleno direito constituído em mora (atraso), sujeitando-se ao pagamento dos juros, da correção monetária e da multa previstos no estatuto, não podendo ser a multa superior a 10% do valor da prestação (art. 106, §§ 1.º e 2.º). Verificada a mora do acionista, a companhia poderá, à sua escolha (art. 107): - executar judicialmente o acionista, servindo o boletim de subscrição e o aviso de chamada como título executivo extrajudicial (não pode haver processo de execução sem título executivo judicial ou extrajudicial); ou - mandar vender as ações em bolsa de valores, por conta e risco do acionista inadimplente (ou seja, serão cobrados dele os custos da alienação). Neste caso, se, após descontados os custos, os juros, a correção monetária e a multa, houver saldo remanescente (diferença entre o valor negocial e o de emissão), este será entregue ao ex- acionista (art. 107, § 2.º). Os acionistas possuem direitos essenciais (que não podem ser suprimidos) e não-essenciais (que podem ser suprimidos) em relação à companhia. São direitos essenciais dos sócios da companhia (art. 109): - participação nos lucros da sociedade; - participação no acervo da companhia, em caso de liquidação; - fiscalização da gestão dos negócios sociais; - direito de preferência para a subscrição de ações, partes beneficiárias conversíveis em ações, debêntures conversíveis em ações e bônus de subscrição (estudaremos esses títulos à frente), na proporção do número de ações que possuírem (art. 171). O prazo para exercício desse direito é fixado pelo estatuto ou pela Assembleia Geral, sendo no mínimo de 30 dias (art. 171, § 4.º). O acionista poderá ceder a terceiros seu direito de preferência (art. 171, § 6.º); e - direito de retirada (recesso) da sociedade, quando for dissidente (discordante) de certas decisões tomadas pela sociedade, mediante o reembolso do valor de suas ações (arts. 45 e 137). Como exemplo de direito não-essencial, podemos citar o direito de voto na Assembleia Geral, já que, como veremos, algumas ações (ações preferenciais) podem não dar o direito de voto ao acionista que as detenha. Os direitos não-essenciais podem ser suspensos pela Assembleia Geral, caso o
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