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CASO CONCRETO DIREITO INTERNACIONAL GISLAINE


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7 - O reconhecimento é um ato unilateral através do qual um sujeito de direito internacional, sobretudo o Estado, constatando a existência de um fato novo (Estado, Governo, situação ou tratado), cujo evento de criação não teve sua participação, declara, ou admite implicitamente, que o considera como sendo um elemento com quem manterá relações no plano jurídico. Trata-se, portanto, de ato afirmativo que introduz o fato novo nas relações jurídicas entre os sujeitos de direito internacional.
As características do Reconhecimento: formulação de pedido da parte interessada; ato unilateral (exceção: proibição por parte do Conselho de Segurança da ONU), irrevogável e discricionário daquele que reconhece o novo Estado ou Governo; pode ser tardio ou prematuro.
A Natureza Jurídica: constitutiva, ou atributiva (o reconhecimento é requisito fundamental na constituição do fato novo), e declarativa (o fato novo independe de intenções ou apreciações de terceiros).
 RESPOSTA - 9
Diante da consulta feita pelo Brasil ao órgão de solução de controvérsias de determinada Organização Internacional , decide o órgão no sentido de considerar abusiva a prática de medidas antidumping que tem com o objetivo neutralizar os efeitos danosos à indústria nacional causados pelas importações objeto de dumping, por meio da aplicação de alíquotas específicas, a de valor em ou de uma combinação de ambas - aplicadas pelos EUA na exportação de suco de laranja brasileiro de laranjas pelo Brasil, determinando que as sobretaxas ao produto no s últimos quatro anos terão d e ser retiradas em um prazo
máximo de nove meses, tornando o produto novamente competitivo.
Essa foi a primeira vez que os EUA desistiram de um processo na OMC antes de esgotar todas as possibilidades de apelação. O fato foi comemorado pelo Itamaraty como uma inclinação do governo americano de rever um a prática comum nas relações comerciai s, o chamado "zeroing" ou "zeramento.
Com relação a hipótese acima, responda justificadamente:
1)Qual é a organização internacional cujo órgão d e solução de controvérsias teria competência para deliberar sobre o caso em questão? Fundamente.
R: A OMC é a instituição competente para deliberar sobre a fiscalização e regulamentação do comercio mundial . Pois sua função é regulamentar e fiscalizar o comercio mundial, resolver conflitos comerciais entre países membros, gerenciar acordos comerciais tendo como parâmetro a globalização da economia, cri ar situações e momentos para que seja firmados acordos comerciais internacionais e supervisionar o cumprimento desses acordos.
2)Teria a Corte Internacional de Justiça competência para decidir a controvérsia sobre a prática de medidas antidumping? Explique e justifique.
R: Não, pois a capacidade de agir das organizações internacional limitam -se a os seus objetivos e funções. Segundo o art. 34 do Estatuto da CIJ as controvérsias que podem ser submetidas à CIJ são aquelas que podem vi r a constitui r ameaça à paz e a segurança internacional .
3)A decisão proferida obriga os EUA? Se negativa a resposta, porque então cumpre a decisão? Justifique sua resposta.
R: Uma decisão da OMC, enquanto recomendação, não possui caráter obrigatório, todavia em nome do princípio pacta sunt servanda, o Estado membro de um tratado se obriga a respeitar as obrigações contidas no seu texto .
10 - O litígio se dá entre Portugal e Índia. O primeiro Estado aparelhou perante a Corte
Internacional de Justiça procedimento judicial internacional contra o Estado indiano, relativo a certos direitos de passagem pelo território deste último Estado de súditos portugueses
(militares e civis), assim como de estrangeiros autorizados por Portugal com a intenção de dirigir-se a pontos encravados situados perto de Damão, para acesso aos encraves de Dadra e Nagar-Aveli. O Estado português alega que havia um costume [internacional] local que concedia um direito de passagem pelo território indiano a seus nacionais e às forças armadas até Dadra e Nagar-Aveli. A alegação de fundo é a de que o Estado indiano quer anexar estes dois territórios portugueses, ferindo seus direitos soberanos sobre eles. Os indianos sustentam que, segundo o Tratado de Pooma, realizado em 1779 entre Portugal e o governante de Maratha e posteriores decretos exarados por este governante, os direitos portugueses não consistiam na soberania sobre os mencionados encraves, para os quais o direito de passagem é agora reclamado, mas apenas num "imposto sobre o rendimento".
Quando o Reino Unido se tornou soberano naquele território em lugar de Maratha,
encontraram os portugueses ocupando as vilas e exercendo um governo exclusivo. Os
britânicos aceitaram tal posição, não reclamando qualquer tipo de soberania, como
sucessores de Maratha, mas não fizeram um reconhecimento expresso de tal situação ao
Estado português. Tal soberania foi ace ita de forma tácita e subsequentemente reconhecida pelo Estado indiano, portanto as vilas Dadra e Nagar-Aveli foram tidas como territórios encravados portugueses, em território indiano.
A petição portuguesa coloca a questão que o direito de passagem foi largamente utilizado durante a soberania britânica sobre o Estado indiano, o mesmo ocorrendo no período pós-britânico. Os indianos alegam que mercadorias, com exceção de armas e munições, passavam livremente entre o Porto de Damão (território português) e ditos encraves, e que exerceram seu soberano poder de regulamentação impedindo qualquer tipo de passagem, desde a derrubada do governo português em ditos encraves. (Pereira, L. C. R. Costume Internacional: Gênese do Direito Internacional. Rio de Janeiro: Renova, 2002, p. 347 a 349 – Texto adaptado).
Diante da situação acima e dos dados apresentados, responda:
1) De acordo com entendimento da Corte Internacional de Justiça, qual a fonte de
direito internacional Público é aplicável a fim de dar solução ao litígio?
RESPOSTA: A fonte aplicável ao litígio apresentado entre Portugal e Índia, pa ra dar- lhe
solução, segundo entendimento da Corte Internacional de Justiça é o costume regional.
2) Como ela é definida?
RESPOSTA: Ela é definida como costume regional, também denominado de local, que diz respeito a pedido de permissão para transposição territorial, o qual tem sido
reconhecido pela jurisprudência e doutrina internacionais, a exemplo do caso em tela
sobre direito de passagem entre Portugal e Índia, julgado na CIJ em 1960, no qual se
reconheceu, também, a possibilidade de estabelecimento de costume em sentido
contrário em razão da desobediência recíproca a costumes preestabelecidos (costumes
"contralegem"). Os costumes apresentam essencialmente dois elementos. O elemento material (ouobjetivo) que se constitui na repetição de atos, também chamados precedentes; e o elemento psicológico (ou subjetivo), identificado pela expressão latina opinio juris sive
necessitatis. O primeiro elemento pode ser analisado em várias dimensões (tempo de
repetição do ato; número de Estado que o praticam etc). Aqui convém perceber que o
ato costumeiro é praticado por dois Estados: Índia e Portugal, ainda que o primeiro
tenha estado sob o jugo colonial da Grã-Bretanha. Dessa forma identifica-se a
localidade do precedente, de modo tal a sustentar a existência de um Costume
Internacional local (e não de caráter geral), caso entenda-se que contemporaneamente
existatambém o elemento subjetivo. Este representa a idéia de necess idade,
obrigatoriedade e consentimento entre os Estados praticantes dos precedentes. No
caso citado, a prática adotada pelos Estados leva a crer que existe um costume
internacional local. Entretanto o direito de passagem deve se limitar ao trânsito de
mercadorias e indivíduos civis e não de forças armadas, po lícia militarizada, armas e
munições.