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tcc com introdução e considerações finais em 2 de maio

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1 INTRODUÇÃO 
O trabalho tem por tema: O Regime de Repartição Simples – e a Garantia das Aposentadorias Futuras, que foi selecionado para ser abordado, tendo em vista a sua relevância social na viabilidade e manutenção do atual regime de financiamento previdenciário utilizado pelo Brasil, bem como se sua eficácia em garantir os benefícios de aposentadorias aos seus segurados poderá ser perpetuamente mantida. O presente trabalho se projeta a analisar junto à Previdência Social o regime de Repartição Simples, utilizado para captação de contribuições e fornecimento de benefícios previdenciários, vez que insurgem contra o tema diversas discussões sobre a viabilidade do mesmo. A importância temática se justifica além da curiosidade científica, estimulada pela relevância do direito previdenciário para a sociedade, o interesse do bem-estar social da população sem capacidade laborativa que em suma maioria sobrevive do benefício ofertado pelo Estado.
O objetivo geral deste trabalho é demonstrar as peculiaridades do atual sistema de financiamento previdenciário, bem como a complexidade para se garantir futuras aposentadorias.
Para ser alcançado o referido objetivo será apresentado no desenvolvimento deste trabalho o resultado obtido a partir de uma extensa pesquisa bibliográfica sobre o tema, lastreada nos principais autores que se destacam sobre o tema.
O primeiro capítulo fará uma abordagem sobre a previdência social brasileira, identificando sua função social na garantia do bem-estar social da população fora da capacidade laborativa além de definir sua natureza jurídica.
O segundo capítulo traz uma abordagem dos diferentes tipos de financiamento da seguridade social explicitando as características dos regimes por repartição simples e por capitalização.
O terceiro capítulo traz a baila os princípios basilares presentes na Previdência Social.
O quarto capítulo exteriorizará os maiores desafios enfrentados pela previdência em sua manutenção apresentando o déficit previdenciário e seus responsáveis, a falta de uma idade mínima para percepção do benefício e as reformas necessárias.
O quinto capítulo fará uma exposição de três tipos reformas diferente efetuadas no Chile, na Argentina e na Polônia.
No sexto e último capítulo, será feita uma análise da possibilidade em se manter regras diferenciadas por gênero e/ou função para obtenção do benefício previdenciário.
2 A PREVIDÊNCIA SOCIAL 
A seguridade social no Brasil funda-se em três ramos essenciais seus segurados: A previdência Social, a Assistência Social e a Saúde.
Partindo dos princípios constitucionais que regem as relações humanas nos países civilizados, temos como a base principiológica a diginidade da pessoa humana, principio pelo qual toda a sociedade deve possuir condições existenciais mínimas de uma a vida digna, e como pilar desta dignidade, em termos de seguridade social, nos deparamos com a necessidade de se receber uma aposentadoria que possa minimamente garantir as necessidades básicas de uma vida. Assim o Estado através da seguridade social, em especial a previdência, é o principal responsável pela manutenção da sociedade, fora da idade laborativa, em patamar digno de sobrevivência garantindo assim o bem-estar social.. Para TSUTIYA, o bem-estar social “[...]Baseava-se no princípio de que o Estado Democrático tem o dever de assegurar a cada cidadão um nível de vida suficientemente digno, colocando acima de tudo o bem-estar social”.[1: TSUTIYA, A. M. Curso de direito da seguridade social. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2011, p. 51]
A previdência, principal ramo da seguridade social, direito fundamental de segunda geração, é a responsável por salvaguardar a sociedade, garantindo aos seus segurados, recursos de subsistencia quando, o seu filiado, por algum motivo vem a ser impedido de prover seu sustento através do trabalho remunerado, os chamados riscos, ou contingências sociais. A Constituição da República Federativa do Brasil – CFRB, em seu artigo 201 elenca que os chamados riscos sociais, como por exemplo: idade avançada, morte, invalidez, acidente, doença, maternidade, desemprego, prisão e a existência de dependentes, os quais os brasileiros estão submetidos no decorre de sua vida. Neste mesmo sentido defende IBRAHIM que: “Riscos sociais são as adversidades da vida a que qualquer pessoa está submetida, como risco de doença ou acidente, tanto quanto eventos previsíveis, como idade avançada – geradores de impedimento para o segurado providenciar sua manutenção.” [2: IBRAHIM, F. Z. Curso de direito previdenciário. 19. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2014, p. 26]
Para Piketty: 
Apesar de todos os defeitos, e sejam quais forem os desafios que eles enfrentam, o fato é que são esses sistemas de aposentadoria pública que permitem a todos os países desenvolvidos erradicar a pobreza na terceira idade, que ainda era endêmica até os anos 1950-1960. Junto com o acesso à educação e à saúde, as aposentadorias públicas são a terceira revolução social fundamental financiada pela revolução fiscal do século XX.[3: PIKETTY, T. O capital no século XXI. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2014. p. 597]
A Previdência Social pode ser considerada como uma espécie de poupança forçada, imposta com finalidade de garantir àqueles que que são seus segurados, após cessado a sua capacidade laborativa uma renda suficiente para a vivência em sociedade.
Desta forma, podemos observar que o Estado é o principal financiador do sistema através da redistribuição de renda. Mas para que o Estado possa efetivamente garantir esse bem-estar social é preciso analisar como é feita a obtenção e distribuição dos recursos de financiamento do sistema previdênciário de forma que o mesmo possa atender seus princípios e finalidades, mesmo diante de tantos desafios. 
2.1 Natureza Jurídica 
	Embora semelhante aos contratos de seguros privados, de natureza contratual, os segurados também fazem contribuições em prol de uma proteção a adventos que possam impossibilitar a subsistência, mas a principal diferença entre a Previdência social e os seguros privados está na sua copulsoriedade de filiação não sendo possível livre pacto entre as partes. Segundo IBRAHIN:
Em verdade, a natureza jurídica dos regimes básicos previdenciários é Institucional ou estatutária, já que o Estado, por meio de lei, utiliza-se de seu Poder de Império e cria a figura da vinculação automática ao sistema previdenciário, independente da vontade do beneficiário. Por isso o seguro social é vinculado ao ramo Público ou social do Direito (Direito Previdenciário), ao contrário do seguro tradicional, que é vinculado ao ramo privado (Direito Civil).[4: IBRAHIN, op cit, p. 24]
Então não é correto comparar seguro privado com Previdência social, visto que sua natureza jurídica não é contratual, pois, exceto no caso do segurado facultativo, é excluída qualquer tipo de vontade do futuro beneficiário, sendo então definida sua natureza jurídica como Institucional. 
3 SISTEMAS DE FINANCIAMENTO DA SEGURIDADE SOCIAL
Em todo o mundo existem dois tipos de financiamento em seguridade social: o sistema solidário (mais comumente conhecido por sistema de repartição simples) e o sistema de capitalização. Basicamente, a maioria dos países adotou em suas previdências o sistema de repartição simples O mesmo se pode dizer em relação ao sistema previdenciário brasileiro, umvez que dentro desse regime, “há o conhecido pacto intergeracional, isto é, os trabalhadores de hoje custeiam os benefícios dos aposentados atuais, dentro do mesmo exercício”, mas o sistema de capitalização vem cada vez mais sendo incorporado aos regimes solidários e em alguns países até mesmo o substituindo por completo em virtude dos diversos problemas que o sistema solidário apresenta, o que será melhor explicado adiante.[5: IBRAHIN, op cit, p. 40]
O regime previdenciário por Repartição Simples
No Brasil, como na maior parte do mundo, o regime previdenciário que se adotou foi o regime de repartição simples, que tem como linha centrala solidariedade entre todos os filiados (segurados) do sistema, ou seja, os pagamentos dos benefícios dos aposentados desse sistema são custeados por todos os contruibuintes em ativdade. Quando os atuais contribuintes chegarem a sua inatividade seus beneficios, do mesmo modo, serão arcados pelos novos contribuintes que adentrarão ao sistema, e assim sscessivamente. Afirma IBRAHIN, que “Quanto ao regime de financiamento do sistema previdenciário brasileiro, temse que no regime de repartição, os segurados contribuem para um fundo único, responsável pelo pagamento de todos os beneficiários do sistema”. Nesse mesmo sentido GIAMBIAGI expõe que:[6: Ibidem, p. 40]
No caso da repartição, a sua concepção filosófica é a de entender a previdência social como um sistema solidário, por meio do qual há uma estrutura de transferências de uma parte da sociedade para outra, particularmente dos adultos para os idosos e dos indivíduos de boa saúde para os inválidos, sendo o atendimento dos grupos sociais necessitados uma função do Estado, custeada pelos demais grupos da sociedade.[7: GIAMBIAGI, F. Finanças Públicas: teoria e prática no Brasil. 2. ed. São Paulo: Campus, 2000, p.277.]
Embora amplamente difundido nos regimes de financiamento das segridades sociais em todo o mundo, este tipo de regime é preterido nos sistema previdenciários privados, uma vez que não possui instrumentos que garantam o pagamento dos benefícios sem uma correlação com as contribuições.
Regime previdenciário por Capitalização
Diferentemente do sistema por repartição simples que é baseado na solidariedade, o sistema previdenciário por capitalização é caracterizado por sua individualidade, ou seja, as contribuições dos trabalhadores vão para uma conta individualizada onde as mesmas são capitalizadas baseadas nas regras do mercado financeiro. Assim cada segurado, contribuirá exclusivamente para sua aposentadoria, o que desencadeará uma maior equidade entre o custeio das contribuições e os seus respectivos benefícios na inatividade. A lógica do regime de capitalização é que o benefício recebido pelo aposentado seja proporcional ao que ele tenha contribuido, sendo assim mais justo que o solidário, onde normalmente o benefício é maior que a contribuição realizada por seus contribuintes, o que será aprofundado mais a frente.
Hoje, no Brasil, o regime de capitalização só e realizados nos planos previdenciais privados, complementares sem compulsoriedade ao benfício previdencial público. [8: GIAMBIAGI, op. cit, passim.]
Esse regime é pouco difundido, principalmente por não ser compulsório constitucionalmente, ficando restrito a pequenas camadas da população, normalmente com maior poder aquisitivo.
4 PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS BASILARES DA PREVIDÊNCIA SOCIAL
Ao se analisar a previdência social sob a ótica dos princípios, pode-se verificar que durante todo o século XX foi sendo aperfeiçoado no mundo, em especial através da Organização Intenacional do Trabalho – OIT, os princípios basilares da previdência diante de todos os novos paradigmas que as sociedades passaram a se deparar. Serão expostos alguns dos principais princípios:
4.1 Universalidade de cobertura
Um dos mais relevantes princípios no campo previdenciário, a universalidade da cobertura, sem sombra de dúvidas é um dos grandes desafios de qualquer sistema público previdenciário, o foco deste princípio é garantir ao máximo a quantidade de segurados abrangidos pelo sistema, sendo segundo MESA-LAGO um “[...]um istrumento para abolir a pobreza”.[9: MESA-LAGO, Carmelo. As reformas de previdência na América Latina e seus impactos nos princípios de seguridade social. Trad. Secretaria de Políticas de Previdência Social – Brasília: Ministério da Previdência, 2007, p. 20 e 21.]
A OIT estimou que “os sistemas de seguridade social, na maioria dos países em desenvolvimento, cobrem menos da metade dos empregados assalariados”. Notadamente, verifica-se que não adianta possuir um sistema previdenciário sustentável em que a maior parte da população não esteja segurada. Segundo MESA-LAGO:[10: Ibdem. p. 20 e 21.]
Em 2000, a OIT declarou que a extensão da cobertura é o maior desafio enfrentado pelos sistemas de seguridade social. Para fazer frente a esse desafi o e aos problemas antes explicados, em 2001, a Conferência acordou renovar a campanha para melhorar a cobertura e estendê-la aos necessitados, embora cada país deva determinar uma estratégia nacional que alcance a seguridade social para todos. “A fun-ção prioritária do Estado é facilitar, promover e estender a cobertura da seguridade social”; “devemos dar prioridade máxima às políticas e iniciativas que contribuam com a seguridade social, àquelas pessoas que não estejam cobertas pelos sistemas vigentes.[11: Idem.]
No Brasil, embora o número da população ocupada com proteção previdenciária venha em uma crescente desde 2001, 3 em cada 10 brasileiros não contam com a cobertura previdenciária conforme pode ser observado no Anexo A. Se analisarmos somente os trabalhadores da iniciativa privada os dados são mais preocupantes, segundo a PNAD, em 2016 somente a metade dos brasileiros possuiam cobertura, conforme o Anexo B.[12: BRASIL. Previdência Social. Evolução da Proteção Social e Impactos sobre a Pobreza – 1992 a 2013, 2014. Disponível em:< http://www.previdencia.gov.br/wp-content/uploads/2015/01/grafico.jpg> . Acesso em 03 abr. 2017, 03:27:00.][13: BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, PNAD Contínua, 2016. Disponível em: <https://i0.wp.com/estadominimo.com/wp-content/uploads/2017/03/CLT-1.png?resize=768%2C936> . Acesso em 03 abr. 2017, 03:39:00.]
Igualdade, equidade ou uniformidade de tratamento
Tal princípio sugere que não deverá haver no sistema previdenciário tratamentos diferenciados em razão de sexo, raça, função, etc, seguindo as premissas da Declaração Universal de Direitos Humanos, sendo considerado discriminatório qualquer diferenciação, em 2001, a OIT deu destaque ao tema gênero alegando que as nações deveriam basear suas previdências nas igualdades entre homens e mulheres. Porém notório é que ampla maioria dos países há um sistema diferenciado entre homens e mulheres na atualidade, mas esta difereciação vem cada vez mais perdendo força, muito pelo avaço cultural e do empoderamento feminista. [14: MESA-LAGO, op. cit, passim.]
No Brasil, além das distorções de gênero, tambem há diversas outras disparidades de tratamento, como por exemplo, a diferenciação entre os regimes público e privado, onde notoriamente há uma série de privilégios para o primeiro grupo em detrimento ao segundo. Pode-se observar claramente tal distorção no Anexo C, enquanto o déficit per capta no pagamento dos benfícios dos aposentados dos regimes privados foi de R$ 5.130,00, o do setor público foi de R$ 78.526,00, ou seja em média o servidor público consome 15 vezes mais que o setor privado evidentiando total afronta a este princípio.[15: BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, PNAD Contínua, 2016. Disponível em: <https://i0.wp.com/estadominimo.com/wp-content/uploads/2017/03/CLT-1.png> . Acesso em 04 abr. 2017, 17:08:00.]
Sustentabilidade financeira
Assim como a universalidade de cobertura, a sustentabilidade financeira é um dos princípios fundamentais em qualquer sistema previdenciário. Este princípio visa garantir que o sistema previdenciário seja capaz de garantir, de forma justa e adequada, a devida distribuição dos benefícios sem que seja necessário onerar outras áreas, ou seja, o que se arrecada deve ser suficiente para os pagamentos, não deve haver déficit. A Convenção 102 da OIT estipulou que:
O Estado deve assegurar a realização periódica dos estudos e cálculos atuariais necessários para o equilíbrio fi nanceiro e, em qualquer caso, antes de toda modifi cação de prestações, contribuições e impostos... O custo das prestações e dos gastos de administração deve ser fi nanciado de maneira coletiva por meio de contribuições ou impostos, ou ambos...[16: MESA-LAGO,op. cit, p. 33.]
Equilíbrio atuarial significa que o Estado deve a todo momento analisar e balancear os benefícios e suas respectivas fontes de custeio. No sistema solidário de rapartição como todos contribuem para um único fundo, o gestor do sistema deve manter as finanças superavitárias, mas se a pirâmide etária da população se inverte – como está ocorrendo – o desequilíbrio financeiro acaba se tornando insustentável, como será apresentado em momento oportuno. 
Irredutibilidade do benefício
Este princípio visa assegurar que o poder de compra de um benefício previdenciário não seja depreciado. Existe dois tipos de irredutibilidade: a nominal e a real. A primeira leva a compreensão que um trabalhador que se aposente com R$ 2.000,00 não poderá ter seu benefúcio reduzido para R$ 1.900,00 por exemplo. Mas se fosse considerado somente a irredutibilidade nominal a eficácia deste princípio não seria atingido.
Está expresso na Constituição Federal, em seu artigo 201, § 4, que será assegurado o reajustamento dos benefícios para preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, conforme critérios definidos em lei, assim deve ser observado o valor real do benefício no ato de sua concessão, então a verdadeira irredutibilidade, é a real, ou seja, o poder aquisitivo na concessão do benefício deve ser mantido, com reajustes regulares. 
5 DESAFIOS DA PREVIDÊNCIA 
A garantia das aposentadorias no Brasil pode estar sendo comprometida diante dos diversos problemas em que a nossa sociedade vem passando nos últimos anos. A “pirâmide etária”, essencial para a estabilidade previdenciária no sistema de repartição simples está mudando e com essa mudança novos desafios devem ser confrontados. Mas o que esperar da previdência? E o que a previdência deve proporcionar aos seus segurado?
Em geral as pessoas esperam muitro mais da previdencia social, do que ela realmente se propõe a oferecer. O sistema protetivo colima o fornecimento de meios mínimos para a continuidade existêncial digna do beneficiário, e não a conservação de sua renda original ou seu padrão de vida.[17: IBRAHIM, op. cit, p. 26]
Somente um em cada quatro brasileiros realmente se preocupa com aposentadoria, segundo mostra estudo feito pela Universidade de Oxford. E o estudo complementa: metade das pessoas querem mesmo é relaxar e descansar quando se aposentarem. Mas, segundo o estudo, o brasileiro não tem o hábito de poupar, diferente do americano, onde sete em cada 10 possuem uma previdência privada desde cedo. 
A garantia do bem-estar social, assim como propciar uma vida digna após o período de vida laboral deve ser o objetivo central do Estado no campo previdenciário e não propiciar vantagens em demasia para alguns setores em detrimento de outros.[18: GIAMBIAGI, op. cit, passim.]
5.1 O déficit previdenciário
Hoje, o que o governo arrecada não é suficiente para custear os beefícios, sendo necessário o Tesouro Nacional subsidiar a previdência. Conforme pode ser observado no Anexo D desde 2003, ano após ano, a previdência apresenta déficit. Em 2016, segundo informações do Ministério da Previdência, a diferença entre o que se arrecadou e o que se desembolsou com o pagamento de benefícios previdenciários resultou em um “rombo” de aproximadamente R$ 152.000.000.000,00 (cento e cinquenta e dois bilhões de reais), Um crescimento de quase 60% em relação ao ano anterior. Gastou-se 8,2% do Produto Interno Bruto (PIB) com o pagamento de benefícios. Segundo cálculos do Ministério do Trabalho e Previdência Social (MTPS), estimasse que em 2060, 18% do PIB será usado somente para cobrir o déficit previdenciário. [19: BRASIL. Ministério da Fazenda, Não há déficit na previdência social, é isto mesmo?, 2016. Disponível em <http://blogs.oglobo.globo.com/eissomesmo/post/nao-ha-deficit-na-previdencia-social-e-isso-mesmo.html> . Acesso em 04 abr. 2017, 17:29:00.][20: BRASIL. Ministério da Previdência, RGPS-déficit da previdência social em 2016 foi de R$ 151,9 bilhões, 2016. Disponível em <http://www.previdencia.gov.br/2017/01/rgps-deficit-da-previdencia-social-em-2016-foi-de-r-1519-bilhoes/> . Acesso em 04 abr. 2017, 17:29:00.]
Para cada um real de aporte pelo tesouro na previdência em virtude desse déficit, é um real a menos que poderia ser utilizado em outros setores, como na saúde e na assistencia social, e continuar nesta trajetória é colocar em risco o país.
5.1.1 Taxa de reposição do benefício
Taxa de reposição é a porcentagem do salário de contribuição ao qual o benficiário fará juz no início do seu benefício, ou seja, se o trabalhador tem um salário médio R$ 2000,00 (dois mil reais) e aposenta com o benefício de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais) a taxa de retorno será de 75%. A taxa de retorno média no Brasil, hoje está em 76% segundo a OCDE, acima de países como Finlândia, Noruega e Suécia, conhecidos pelos seus Estados de bem-estar social, como pode ser observado no Anexo F. Porém, mais importante que a taxa de reposição certamente é a quantidade de benefícios percebidos em contrapartidas aos números de contribuições, o que será melhor detalhado no item. 5.1.2.2.[21: AFONSO, Luís Eduardo. 2016, in: COSTA, daiane. Com mudança na Previdência, receber o teto será impossível. 2016. Disponível em <http://oglobo.globo.com/economia/com-mudanca-na-previdencia-receber-teto-sera-praticamente-impossivel-20608274> . Acesso em 04 abr. 2017, 18:00:30.]
5.1.2 O problema demográfico
Sem dúvidas o fator demográfico deve ser análisado de forma ímpar em contexto onde cada detalhe se torna essencial para estabilidade de um sistema previdenciário. O Ministério do Planejamento, divulgou os seguintes dados:
A despesa do governo geral com previdência no Brasil equivalia a 10,7% do PIB, em 2002, [...]. Os gastos previdenciários no Brasil são também mais elevados do que a média dos países da OCDE (gráfico 2.A.). Por outro lado, a proporção da população brasileira com idade acima de 65 anos era de 5,4% em 2003, maior apenas que a do México (5,2%). Já nos Estados Unidos essa proporção era de 12,4%. Os gastos previdenciários guardam estreita relação com a proporção da população acima de 65 anos. [...] . Os gastos com previdência social no Brasil correspondem à metade das despesas sociais do governo geral, enquanto que na OCDE essa relação é de aproximadamente um terço. Esses gastos tendem a crescer na medida em que a parcela idosa da população brasileira aumentar, o que chama a atenção para a necessidade de se conter a elevação das despesas previdenciárias.[22: BRASIL. Ministério da Previdência, 2017. Disponível em < http://www.previdencia.gov.br/2017/01/rgps-deficit-da-previdencia-social-em-2016-foi-de-r-1519-bilhoes/>. Acesso em 04 abr. 2017, 18:27:00.]
Espera-se de um país jovem como o nosso que as despesas previdenciárias sejam pequenas, porém, como pode ser visto no Anexo G, obrasil gasta cerca de 11% do PIB com previdencia, patamar parecido com o da Polônia, porém o país Europeu possui o dobro da população idosa, já a Itália, gasta 15% do PIB com cerca de 30% da população em idade de aposentadoria.[23: TAFNER, Paulo. Previdência Social no Brasil: desajustes, dilemas e propostas, 2015. Disponível em <https://www.insper.edu.br/wp-content/uploads/2015/11/Insper_nov-2015_vf_vre.pdf/>. Acesso em 04 abr. 2017, 18:33:00. ]
Os dados apresentados geram angústia, o IBGE estima que que em 2050 haverá 66,5 milhões de idosos, número 3,4 vezes maior que o registrado em 2010, enquanto que a população em idade de trabalho serão 128 milhões, mesmo patamar de 2010 conforme Anexo H. Teremos 3,5 vezes mais número de aposentados que o atual, com o mesmo número de contribuintes, ou seja, o déficit, que hoje já é grande, se multiplicará.[24: TAFNER, op cit, passim.]
A diminuição de natalidades
Outro aspecto importante a ser observado é o número de nascimentos. Para a sustentabilidade do sistema de repartição simples é necessário que, dentre outros fatores, a base de contribuintes seja maior que a de beneficiários (formato de pirâmide), poréma realidade mostra que as famílias vem diminuindo.
Segundo pesquisa do IBGE, a proporção de famílias formadas por casais sem filhos cresceu 33% no Brasil entre 2004 e 2013. Ao longo desse período, houve queda de 13,7% na proporção dos casais com filhos (de 50,9% para 43,9%). Já o número de casais sem herdeiros cresceu de 14,6% para 19,4%. Em 2013, uma em cada cinco casais brasileiros não tinha filhos, de acordo com a Síntese de Indicadores Sociais 2014.[25: MENDONÇA, Heloísa. Queda de nascimentos no Brasil desafia o equilíbrio da economia. 2015. Disponível em <http://brasil.elpais.com/brasil/2015/02/17/politica/1424196059_041074.html>. Acesso em 04 abr. 2017, 19:26:00.]
A entrada da mulher no mercado de trabalho, também é forte fator de influencia na diminuição de natalidades, uma vez que cada vez mais as mulheres vem atrasando a maternidade e em alguns casos até optam por não terem filhos em prol de uma maior dedicação profissional.
A expectativa de vida
Sem dúvida, o princpal fator demográfico para uma previdência, a expectativa de vida é fundamental em qualquer análise sobre previdência. Hoje a expectativa de vida do brasileiro é de 76 anos de idade.
Estima-se que nos próximos 20 anos a população de idosos será de 30 milhões no Brasil, representando aproximadamente 13% da população. De acordo com dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) em 2000 o número de pessoas com mais de 60 anos era de 14.536.029, enquanto em 1991 eram 10.722.705. Tais números refletem, numa visão previdenciária, o crescimento do número de beneficiários do regime. E a isso se soma o fato de, com a diminuição da taxa de fecundidade, a população de idosos estar crescendo mais que a população de crianças (futuros contribuintes do sistema previdenciário). Aliado a tudo isso ainda se tem o aumento da longevidade dos idosos, que se beneficiam dos avanços da ciência e em decorrência disso vivem mais e com mais saúde, ampliando a expectativa de vida e, consequentemente, o tempo em que receberão o benefício da aposentadoria.[26: BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Perfil dos idosos responsáveis pelos domicílios no Brasil: 2000. Rio de Janeiro; 2002. Disponível em <http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/ 25072002pidoso.shtm> . Acesso em 04 abr. 2017, 22:23:00.]
Só que mais importante que a expectativa de vida ao nascer é a expectativa de sobrevida do indivíduo ano chegar a idade de aposentadoria. De acordo com o IBGE, o brasileiro que chega aos 65 anos, idade de aposentadoria da maioria dos países da OCDE, possui uma expectativa de sobrevida até os 83 anos como mostra o Anexo I. [27: BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas, PNAD Contínua, 2016. Disponível em:< https://i0.wp.com/estadominimo.com/wp-content/uploads/2016/12/expectativa-de-sobrevida.png>. Acesso em 04 abr. 2017, 20:09:00.]
5.2 Idade de aposentadoria
Segundo O Ministério da Previdência não há hoje uma idade mínima para aposentadoria hoje no Brasil, então quando homem completa 35 anos de contribuição e a mulher 30, já é possível dar entrada no benefício, tornando o país o 2º colocado no ranking dos países com menor média de idades nas aposentadorias, aos 55 anos. O Anexo J exibe a média de idade de aposentadoria nos países da OCDE que é de 64 anos, enquanto em países como Noruega e Israel exigem uma idade de 67 anos, já na América Latina, Argentina, Chile e México exigem uma idade de 65 anos.[28: BRASIL. Previdência Social, 2017. Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/servicos-ao-cidadao/todos-os-servicos/aposentadoria-por-tempo-de-contribuicao/>. Acesso em 04 abr. 2017, 20:57:00.][29: OCDE. 2016. Disponível em: <https://i0.wp.com/estadominimo.com/wp-content/uploads/2016/12/idade-m%C3%A9dia-de-aposentadoria.png>. Acesso em 04 abr. 2017, 21:32:00.]
Diante dos dados apresentados é evidente que o Brasil possui um dos mais benéficos sistema previdenciário, no que diz respeito a idade de aposentadoria, sendo este também um dos fatores que desestabilizam o sistema por repartição simples. 
5.3 As reformas
Diante do paradigma apresentado no regime por Repartição simples perante todas as dificuldades em se manter exequivel a garantia de benefícios previdenciários, em especial, no desequilíbrio entre contribuições e benefícios, os governos devem adaptar-se as mudanças que ocorrem nas sociedades, adequando os sistemas previdenciários conforme as necessidades, e nesssas mudanças dois tipos de reformas são possíveis: as não estruturantes e as estruturantes.
5.3.1 As reformas não estruturantes
Em todo o mundo, com a finalidade de se reequilibrar financeiramente os fundos previdenciários decorrentes de déficits, os países vêm fazendo reformas não estruturantes em seus sistemas através de: aumento na arrecadação previdenciária, abolição de privilégios a categorias especiais e até mesmo aumentar a dificuldade para poder ser aposentar.
 Aumento na arrecadação de contribuições previdenciárias
Quando um sistema previdenciário apresenta déficit, um dos recursos utilizados para aumentar a arrecadação é o aumento nos percentuais de contribuições previdenciárias, porém há de se ter um cuidado, pois se o aumento for demasiadamente grande, poderá ser gerado efeito inverso ao esperado, pois poderá ser um incentivo a informalidade, se o encargo do empregador for maior, o mesmo pode vir a ter que demitir, por outro lado se o aumento da parte do empregado, este pode considerar ser mais vantajoso o trabalho informal, e assim diminuindo as quantidades de contribuintes, bem como deixando dessegurado o trabalhador indo de encontro ao princípio da universidade de cobertura.
 Abolição de privilégios a categorias especiais
É evidente que algumas categorias demandam uma atenção especial nos regimes previdenciários. Mas para que possamos diferenciar estas categorias, necessário é que dois fatores principais existam: a disponibilidade de recursos (um sistema superavitário); e que o privilégio a ser dado a esta categoria seja irrizório perante o todo, de forma a não onerar os demais contribuintes, peguemos os professores por exemplo, a eles são garantidos a aposentadoria com 5 anos a menos de contribuição que um trabalhador comum, mas o tamanho da categoria acaba por fugir a segunda regra, o impacto financeiro é muito grande.
Quando o sistema é deficitário financeiramente, a tendência é que se diminua as aposentadorias especiais, colocando grupos distintos em um mesmo regramento. De fato tal ajuste é justificável, pois o critério para se atribuir a especialidade entre uma função e outra é bastante questionável, afinal entre um professor dando aulas dentro de uma sala com ar-condicionado e um operário da construção civil desempenhando suas funções em meio as intempéries climáticas, quem deveria ter tratamento diferenciado?
 Aumento da dificuldade para concessão de benefícios
Outra forma para se equilibrar o sistema previdenciário é aumentar a rigorosidade para se obter o referido beneficio. Nesse tipo de reforma são mudadas as regras para se obter o direito de aposentadoria, como por exemplo o aumento da idade mínima para se aposentar, ou a quantidade de contribuições necessárias para tal. Este tipo de reforma visa diminuir a quantidade de beneficiários e assim diminuir as despesas, bem como aumentar as receitas, pois aumenta a amplitude contribuintes em idade laborativa. 
 Diminuição do limite do valor do benefício
Outra forma de se diminuir os custos com a previdencia é diminuir o teto dos benefícios. No Brasil, embora algumas categorias como os servidores públicos e militares ainda tenham privilégios neste item, o regime geral vem tendo seu teto de benefícios reduzidos ao longo do tempo. No Anexo K é possível observar que o teto do benefício vem sistematicamente diminuindo ao longo dos anos. Até o ano de 1989 o teto era de 20 salários mínimos. Em 1994, o limite era de 9,6 salários mínimos, enquando que em 2016, o teto caíra a 5,9 salários. [30: BRASIL. Previdênciasocial, 2017. Disponível em: <http://www.previdencia.gov.br/ servicos-ao-cidadao/informacoes-gerais/historico-valor-salario-minimo-teto-contribuicao//>. Acesso em 04 abr. 2017, 22:33:00.]
De fato a diminuição do valor do benefício é uma das melhores formas de se diminuir o déficit, até mesmo por que, diferente do que a população pensa, a função da previdência não é garantir o último salário do trabalhador, mas sim a sua proteção social, quando o mesmo já não pode contar com o seu próprio trabalho para se sustentar. 
Embora as reformas não estruturantes no sistema de repartição simples aliviem as contas por um tempo, verfica-se que as mesmas não são suficientes para estancar os problemas de equilibrio, levando de tempos em tempos a necessidade de novas mudanças, causando a sensação de insegurança de que cada vez mais será dificil a garantia das aposentadorias.
5.3.2 Reformas estruturantes 
Os primeiros sistemas de previdência tiveram seus conceitos baseados em longo prazo - como deve ser - seguindo previsões financeiras e demográficas que não se confirmaram. Logo, o equilibrio de custeio vem sendo a cada ano comprometido com o aumento de despesas, levando a diversos Estados a modificarem de forma radical seus sistemas de previdência. Mas qual seria o modelo ideal que service de referência para uma padronizaçao global? Infelizmente não há como responder este questionamento, pois o que deu certo em um país, não necessariamente dará certo em outro, diante das inúmeras diferenças financeiras, demográficas, políticas e sociais inerentes a cada país, bem como o regime e o momento em que se encontre. 
Uma reforma estrutural é uma guinada, parcial ou total no regime contributivo, ou seja, a substituição do regime de repartição pelo sistema de capitalização, ou trabalhando em conjunto os dois sistemas. Por exemplo: estabelecendo um teto de um ou dois salários mínimos no sistema governamental de repartição simples e transferindo o que passar desse limite para a iniciativa privada no regime de capitalização. [31: GIAMBIAGI, op, cit, passim.]
Para IBRAHIN:
A exigência exacerbada da sociedade por um Estado com proteção plena acaba por gerar somente o gigantismo do mesmo, com mais prejuizos do que benefícios. O que deve existir é o estímulo à capitalização individual privada, em complemento à pública, com grandes vantagens para a poupança interna do país.[32: IBRAHIM, op. cit, p. 27 e 28.]
Para efeitos de comparação entre os dois regimes faremos a seguinte análise: [33: Nesta simulação foi desconsiderado a taxa de inflação.]
Para um advogado homem se aposentar por tempo de contribuição com o teto do RGPS são necessários 35 anos de contribuição totalizando 420 contribuições, para facilitar o entendimento arredondaremos o valor do teto do RGPS em R$ 5.000,00, como todo profissional autônomo se vincula ao RGPS, em regra, como contribuinte individual, a alíquota de contribuição do mesmo é de 20% sobre o rendimento auferido, limitado ao teto do regime, ou seja, nesta simulação a contribuição deste advogado seria de R$ 1.000,00. Ao se aposentar, no melhor dos cenários este advogado receberia um benefício de R$ 5000,00.
Se este mesmo profissional, ao invés de aderir ao sistema solidário de repartição do RGPS, decidisse capitalizar suas contribuições, usando por exemplo o título público mais conservador – O TESOURO SELIC – realizando os mesmos 420 aportes de 1000,00, sendo rentabilizados a 8% a.a., taxa equivalente a aplicada a poupança, totalizaria um capital acumulado de R$ 2.233.593,00 (dois milhões duzentos e trinta e três reais quinhentos e noventa e três reais) ao final dos 35 anos de contribuição, o que seria suficiente para garantir uma retirada mensal vitalícia de R$ 14.700,00, quase três vezes maior que o possível no RGPS, e sem onerar o Estado, uma vez que esse tipo de aplicação é gerida pelo setor privado. [34: BRASIL, Secretaria do Tesouro Nacional. Disponível em: <http://tesouro.fazenda.gov.br/tesouro-direto-calculadora>. Acesso em 04 abr. 2017, 23:59:00.]
Todavia, tal regime também possui seus óbices, pois se o contribuinte por algum motivo não conseguir uma quantidade apropriada de contribuições, sua reserva capitalizada poderá não ser suficiente para garantir uma renda suficiente para que o mesmo possa se manter em condições dignamente sustentáveis após seu período de vida laborativa, o que levaria ao Estado garantidor a necessidade de algum tipo de complementação financeira.
6 A EXPERIÊNCIA DE REFORMAS EM OUTROS PAÍSES
Para que possamos compreender e nos preparar com intuito de garantir nosso bem estar social após a idade laborativa, míster se faz uma análise sobre como é o sistema previdenciário adotado em outras nações para através de uma análise de erros e acertos possamos nos balizar em um ideal sistema sustentável e que possa alcançar os princípios inerentes a previdência social. 
6.1 Chile[35: GIAMBIAGI, op. cit, passim]
O Chile promoveu uma reforma estruturante na década de 80, adotando somente o sistema de capitalização em seu modelo previdenciário, sendo o mesmo totalmente privado. Cada trabalhador contribui para uma conta individualizada 10% de seu salário, além de uma contribuição de 3% que servem como seguro em caso de invalidez ou morte e taxa de admnistração pela operadora privada.
A administração é feita inteiramente pelo setor privado, cabendo ao Estado a regulação e fiscalização das seguradoras, o que acaba por diminuir o tamanho estatal, visto que este fica completamente desonerado de tais obrigações previdenciárias. 
A idade de aposentadoria é de 65 anos para homens e 60 anos para as mulheres. Por se tratar de um regime de capitalização, o valor do benefício depende do que o trabalhador contribuiu para sua conta individual. Nos casos onde onde os trabalhadores que contribuiram por mais de 20 anos e o valor acumulado ainda é inferior ao piso mínimo, o governo garante uma complementação do benefício custeada por outras fontes contributivas. Com relação a contribuição do empregador, a mesma foi extinta, com essa desoneração, aumentou-se o estímulo para ao emprego formal. 
Argentina[36: Ibidem, passim]
A argentina fez uma alteração estrutural menos brusca que o Chile, tendo dois tipos de pagamento de seus benefícios. Aos trabalhadores que cruzam a marca de 30 anos de contribuição é garantido um benefício definido, além de poder optar por um benefício complementar no regime de repartição governamental ou através de seguradoras privadas em contas individualizadas no regime de capitalização. 
O principal diferencial argentino foi propiciar a oportunidade de escolha entre manter a totalidade de suas contribuições para o governo, ou manter uma parte em iniciativa privada, num verdadeiro sistema misto de contribuição, desonerando o poder público de uma boa parte no fornecimento de benefícios além assegurar àqueles que desejarem um sistema totalmente garantido pelo estado.
Com relação a alíquota contributiva, são exigidos 27% de contribuição, sendo 16% dos empregadores e 11% dos empregados. 
6.3Polônia[37: GIAMBIAGI, op cit, passim]
De maneira semelhante ao regime argentino, a Polônia também possui dois regimes distintos, denominado “capitalização virtual”. O governo é responsável por todo o recolhimento das contribuições que são, em percentuais sobre o salário percebido, umas das mais altas do mundo, só que assim como a argentina um percentual de 9% do que se arrecada é destinado aos fundos de pensão privado, sendo limitadas as contribuições ao teto de 2,5 vezes o salário médio do país. O contribuinte tem a possibilidade de escolher qual dos fundos disponíveis será aplicado os 9% do regime de capitalização. A lógica desse sistema é o estímulo a permanência no mercado de trabalho uma vez que o benefício é estipulado pelo que o trabalhador contribuiu, e a sobrevida média da população. Assim quanto menor a diferença entre uma e outra maior seria o valor do benefício. A idade para poder se aposentar é de 62 anos para homens emulheres além de um tempo de contribuição de no mínimo 25 anos. Sendo garantido um benefício mínimo mesmo não se conseguinte um montante suficiente em sua conta individual. 
7 A POSSIBILIDADE DE SE MANTER REGRAS DIFERENCIADAS POR GÊNERO E/OU FUNÇÃO PARA SE APOSENTAR
A manutenção de regras diferenciadas no sistema solidário de repartição simples, notadamente é questionável diante das inúmeras subjetividades que se podem atribuir às categorias que devem ser beneficiadas, sendo também desaconcelhadas, muito em parte por que como vimos anteriormente o sistema é deficitário, logo conceder benefícios em um sistema que não se sustenta é, de certo modo, aumentar o risco da possibilidade de se conceder benefícios futuros. 
Em contrapartida ao regime solidário, no regime de Capitalização, tais diferenciações podem ser possíveis já que o sistema é mais justo, sendo o valor do benefício proporcional ao que se contribui durante a vida laborativa. Nesse sistema caso um trabalhador entenda que não possa mais trabalhar, poderá ele requerer seu benefício, que provavelmente será um pouco menor do que se continuasse a laborar, o que poderia ser amenizado com contribuições adicionais ou em alíquota superior, que aumentariam a base de contribuiçao. Assim, quem contribui com um valor a maior por menos tempo se equipararia com quem contribui com um valor menor por mais tempo sem onerar os demais contribuintes do sistema, visto tratar-se de contribuição individual. Nesse tipo de regime, também seria possível afastar a subjetividade entre funções uma vez que o benefício é fruto do que se contribui individualmente, e não da necessidade de outros contribuintes. 
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
	O desenvolvimento do presente estudo possibilitou uma análise de como o sistema de financiamento da Previdência Social Solidário por Repartição Simples está muito aquém do adequado para se garantir o provimento de aposentadorias, sendo este ineficiente, muito em parte por causa da falta de proporcionalidade com o que se contribui para percepção em relação ao que é proposto como benefício o que leva a um volumoso déficit financeiro, o qual exige do Estado à realocação de recursos de outras áreas para cumprir com sua obrigação previdenciária.
	Buscou-se verificar se o regime por Repartição Simples poderia garantir as futuras aposentadorias, mas a análise mostrou que esse tipo de financiamento, só se sustenta em um contexto muito específico, com a uma base de contribuintes extremamente maior que a de beneficiários, condição essa que já não é atendida, em nosso país, desde o final da década de 90. Além disso, foi possível verificar que a abrangência desse seguro social é muito pequena (50% da população na iniciativa privada) o que foge ao princípio da universalidade de cobertura, eivando uma grande parcela da sociedade de tal benefício no momento de maior necessidade de amparo estatal.
No que tange aos desafios enfrentados nesse regime pode-se concluir que o mesmo acaba por depender de constantes reformas a fim de equalizar seu persistente déficit, o que acaba por aumentar a insegurança jurídica, visto que a falta de definição corrobora para o aumento de informalidade e consequente perda da qualidade de segurado. 
Pode-se observar que alguns países lograram êxito realizando reformas estruturais, migrando total ou em parte para o regime por capitalização, o que pode servir de paradigma. 
Não foi possível comprovar a possibilidade da diferenciação por gênero e/ou função nesse regime, pois conceder privilégios em um sistema que já não se sustenta só aumenta o risco de colapso do mesmo, o que leva a necessidade de um regramento único.
Tentou este autor esclarecer sem aspiração de exaurir o estudo do Regime de Repartição Simples – e a Garantia das Aposentadorias Futuras, pois não seria possível tal façanha nesse singelo trabalho de conclusão de curso.
Finalizando é importante enfatizar que no estudo para demonstrar as peculiaridades do atual sistema de financiamento previdenciário, bem como a complexidade para se garantir futuras aposentadorias, foram analisadas e posteriormente confirmadas as hipóteses levantadas, com ressalva ao questionamento de que seria possível a concessão de privilégios por diferenciação de gêneros e/ou função, mas ficando o assunto em aberto para futuras pesquisas que possam corroborar com aperfeiçoamento desse tão importante tema.
 
 
 
ANEXO A – EVOLUÇÃO DA PROTEÇÃO PREVIDECIÁRIA DA POPULAÇÃO OCUPADA
ANEXO B – TRABALHADORES PROTEGIDOS PELA CLT NO SETOR PRIVADO 
ANEXO C – TRABALHADORES PROTEGIDOS PELA CLT NO SETOR PRIVADO
ANEXO D – EVOLUÇÃO DO DÉFICIT DA SEGURIDADE SOCIAL
ANEXO F – TAXA DE REPOSIÇÃO 
ANEXO G – GASTOS COM PREVIDÊNCIA (% DO PIB)Fonte: OCDE
ANEXO H – MUDANÇAS DEMOGRÁFICAS
ANEXO I – EXPECTATIVA DE SOBREVIDA EM DIFERENTES IDADES
ANEXO J – IDADE DE APOSENTADORIA NOS PAÍSES DA OCDE
ANEXO K – HISTÓRICO DO LIMITE DO TETO DOS BENEFÍCIOS DO INSSFonte: Ministério da Previdência Social

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