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44Aula Planejamento Estratégico - identificar e analisar os elementos essenciais do planejamento estratégico 3 A ul a 4 - P la ne ja m en to E st ra té gi co Bem, até aqui você estudou muito sobre estratégia empresarial, ciclo de vida do produto e fatores críticos de sucesso da organização, não é mesmo? Teve também a oportunidade de se aprofundar verdadeiramente na matriz de Porter... Mas agora é um outro momento: você terá que estudar o passo-a-passo da criação do plano estratégico na empresa! Veja que interessante! Além do compromisso de conquistar e reter clientes satisfeitos, as organizações bem-sucedidas devem estar sempre prontas a se adaptar a mercados em contínua mudança. Vamos estudar a palavra cenários. 1 – Cenários Cenários são ferramentas para nos ajudar a fazer projeções num mundo de grandes incertezas. A palavra vem do termo teatral inglês scenery – roteiro de um filme ou peça. Esta é, sem dúvida, uma das etapas mais importantes do planejamento estratégico! Aqui procuramos enxergar o comportamento do ambiente. Por exemplo, a leitura ambiental ou o desenho dos cenários permite-nos observar atualmente, de um lado, o processo de globalização ou crise econômica, cujos reflexos mais presentes são a integração dos mercados e a maior competição baseada em inovação, que já se faz sentir de perto em todos os mercados. A leitura ambiental envolve cinco objetos de análise: o econômico, o social, o político, o tecnológico e o cultural. Esse conjunto, como já vimos, denomima-se macroambiente. Toda e qualquer organização é afetada pelo macroambiente; algumas de forma mais intensa, outras em níveis menos turbulentos. A dinamicidade do ambiente provoca movimentos rápidos que impelem a ameças e oportunidades para a empresa. Conhecer os objetos de análise e como se comportam é tarefa para um gestor estratégico! Percebemos, assim, que os cenários são os diversos comportamentos das variáveis externas que afetam direta ou indiretamente a empresa. Dentre as finalidades de estabelecer os cenários, destacamos: a) Realizar a leitura ambiental; b) Identificar as mudanças que poderão ocorrer no médio e longo prazos; c) Identificar as ameaças e oportunidades; d) Conhecer as tendências sociais, políticas, econômicas, tecnlógicas e culturais; e) Antecipar-se nas decisões estratégicas. O planejamento estratégico orientado ao mercado cumpre exatamente essa função, pois busca conservar uma flexibilidade viavel de seus objetivos, Introdução habilidades e recursos, enquanto mantém o compromisso com o lucro, o crescimento e sua missão organizacional. O estabelecimento de um planejamento estratégico de marketing envolve estas atividades: 1. Definição da missão corporativa; 2. Análise da situação atual; 3. Formulação de objetivos; 4. Formulação de estratégias; 5. Implementação, feedback e controle. 2 – Missão corporativa Qual o nosso negócio? Quem é o cliente? O que tem valor para o cliente? A missão corporativa deve responder a essas perguntas aparentemente simples, mas que estão entre as mais difíceis que uma corporação terá que responder. Exemplo: “O propósito da Motorola é atender de maneira honrosa as necessidades da comunidade, oferecendo produtos e serviços de qualidade superior a um preço justo e fazê-lo de modo a obter um lucro adequado para possibilitar crescimento da empresa como um todo e com isso fornecer a oportunidade para que nossos funcionários e acionistas alcancem objetivos pessoais razoaveis.” A missão deve ainda ser definida em termos de necessidades, e não produtos. Assim a Xerox não quer fabricar copiadoras, mas ajudar a melhorar a produtividade dos escritórios e a Missouri-Pacific Railroad não quer dirigir ferrovias, mas movimentar pessoas e bens. As melhores missões são aquelas guiadas por uma visão utópica de realização, uma espécie de sonho impossível que fornece um direcionamento a longo prazo. 3 – Análise da situação atual Aqui se apresentam os dados históricos relevantes sobre mercado, empresa e produto; faz-se uma análise de como o composto mercadológico tem sido usado e tem-se uma visão de como a concorrência tem atuado. Nesse momento é imprecindivel o bom uso da Pesquisa de Mercado. A análise SWOT e outras ferramentas de marketing são também usadas aqui para revelar o panorama macro e microambiental. 4 – Formulação de objetivos Com a análise da situação atual feita, o mercadólogo está ciente de seus pontos fortes e fracos, assim como das ameaças e oportunidades oferecidas pelo mercado. Pode então traçar seus objetivos, que devem sempre ser mensuráveis e bem difinidos, de modo a permitir seu acompanhamento. Usualmente temos primeiro um objetivo financeiro que é convertido em objetivos mercadológicos. 5 5 A ul a 4 - P la ne ja m en to E st ra té gi co 1. Objetivo financeiro: Atingir lucro líquido de R$ 1.500.000 e fluxo de caixa de R$ 2.000.000 em 2007. 2. Objetivos mercadológicos: Atingir receita em vendas de R$ 15.000.000 em 2007, o que representaria crescimento de 5% sobre o ano anterior. Para isso, será necessário alcançar volume de vendas de 70.000 unidades, o que representa uma participação de 2% do mercado. Os objetivos traçados servirão como termômetro para o sucesso da organização. 5 – Formulação de estratégias Este é o coração do planejamento estratégico de marketing. Aqui são definidas com clareza quais estratégias de marketing serão usadas para seus produtos, serviços ou marca. Esse é um universo tão vasto que varia desde a criação de uniformes para a equipe de atendimento até uma completa reengenharia do produto. Nesse momento, o composto de marketing é revisto, de modo a definir quais atitudes práticas serão tomadas em relação a cada um dos 4Ps. Quais ferramentas serão implementadas, corrigidas ou abandonadas. O número de estratégias possíveis é limitado apenas pela criatividade e experiência do profissional de marketing, e o maior desafio costuma ser a adequação à verba disponível. Cada elemento estratégico deve responder às perguntas: • O que será feito? • Porque será feito? • Quando será feito? • Quem fará? • Quanto custará? Exemplo: Em fevereiro de 2007. a Salomon Calçados participará da Feira Internacional de Calçados em Chicago (EUA). Essa estratégia visa melhorar o relacionamento e a percepção dos revendedores para com a empresa. Thiago Mendes, diretor de promoções, será o responsável. O projeto está orçado em R$ 10.000. 6 – Implementação, feedback e controle A última parte do planejamento estratégico é aquela que cuida de acompanhar a implementação das estratégias e o sucesso em atingir os objetivos e a missão da empresa. Tipicamente, as estratégias e orçamentos são fixados por mês ou trimestralmente. Deve-se analisar os resultados obtidos em cada período e identificar os negócios que não estejam alcançando as metas estabelecidas. Identificando-se as falhas, deve-se então tomar as medidas necessárias para melhorar seu progresso. Vamos estudar mais o planejamento estratégico, agora, reforçando a definição de conceitos, correto? 6.1 – Definição de Negócio “Definir o negócio é explicar o âmbito de atuação da empresa” (Pagnoncelli, 1992, p. 77). “O conceito do negócio é a organização de informações em um documento, tendo em vista definir, de modo claro e exato, o tipo de negócio que se pretende explorar, a clientela que se pretende atingir, os produtos e o serviço que se pretende oferecer, entre outros” (Belluci , 1996, p. 20). Identificada a oportunidade do negócio e coletadas as informações sobre ela, o futuro empreendedor precisa ordenar essas informações em um conceito, que deve descrever claramente a necessidade do grupo de clientes a que ele pretende atender com algo, produtoou serviço, que sabe fazer, a um custo que esses clientes estão dispostos a pagar (Degen, 1989, p. 38). 6.2 – Missão, filosofias, objetivos e estratégias 6.2.1 – Missão “A missão é a determinação do motivo central do planejamento estratégico, ou seja, a determinação de aonde a empresa quer ir” (Oliveira, 1992, p. 71). “A definição de missão da empresa é o ponto inicial para as macroestratégias e macropolíticas a serem estabelecidas, bem como fornece a direção em que a empresa vai implementar-se e determina os limites dentro dos quais será escolhida a postura estratégica relevante” (Oliveira, 1992, p. 72). “A missão de uma empresa consiste na linha de atividades que ela pretende seguir. A missão estabelece os limites de atuação da empresa e o campo dentro do qual ela pretende crescer e competir” (Lopes, 1976, p. 27). A missão é a razão de ser da empresa, determina qual o negócio, quais as atividades a serem desenvolvidas, áreas de atuação, tradições e filosofias da empresa. Para a definição da missão da empresa, deve-se utilizar como ponto de partida análise e interpretação das seguintes questões: qual a razão da existência da empresa? Qual a natureza do negócio? Quais as atividades em que a empresa deve concentrar esforços no futuro? A missão tem como função orientar e delimitar a ação empresarial; representa um horizonte no qual a empresa decide atuar; deve ser definida em termos amplos e refletir a análise feita no ambiente organizacional; deve ser a razão pela qual a empresa existe. É de fundamental importância, pois através dela serão canalizados todos os esforços, para que a organização não persiga propósitos conflitantes. 6.2.2 – Visão 7 7 A ul a 4 - P la ne ja m en to E st ra té gi co A declaração de visão é a declaração da direção em que a empresa pretende seguir ou um quadro do que a empresa deseja ser. Trata-se ainda da personalidade e do caráter da empresa. Assim, a declaração de visão de uma empresa deveria refletir as aspirações da empresa e suas crenças. Os leitores da declaração de visão de uma empresa poderão interpretar seu negócio como uma pessoa: como alguém de quem eles gostam, em quem confiam e acreditam. A declaração de visão da empresa ajuda esses leitores a visualizar sua empresa como você a vê, não como uma forma impessoal ou apenas algumas palavras em um pedaço de papel. A declaração de visão não estabelece ou expressa fins quantitativos, mas provê motivação, uma direção geral, uma imagem e uma filosofia que guiam a empresa. Além de apontar um caminho para o futuro, faz com que você queira chegar lá. Deve representar as maiores esperanças e sonhos da sua empresa. Pode-se tomar os seguintes passos para criar a declaração de visão de uma empresa: Selecione um pequeno grupo de funcionários dedicados de vários níveis • de sua empresa; Peça ao grupo que identifique os valores da empresa, ou seja, o conjunto • de crenças e princípios que orienta as atividades e operações da empresa, independente de seu porte; Abra um espaço para que as pessoas manifestem livremente suas ideias; • Quando a equipe estiver satisfeita com seu trabalho, acrescente detalhes • finais e envie à alta gerência. Para que a declaração de visão cumpra seu papel, é fundamental que seja adotada e promovida pela alta gerência da empresa. Dessa forma, o processo de declaração de visão é feito de maneira que todos os níveis da empresa possam colaborar, o que garante maior credibilidade à sua declaração. Certifique-se ainda de que a declaração de visão de sua empresa corresponde à realidade da empresa. Nada é pior do que criar uma visão que tem mais a ver com a fantasia do que com o futuro. Visões fantasiosas geram apenas confusão e alienação entre todos os envolvidos. O quadro a seguir mostra alguns exemplos de empresas que têm visão. “Ser a melhor... nos serviços aos nossos clientes, garantindo sua paz de espírito e enriquecendo sua qualidade de vida através de nossa parceria na gestão dos riscos que eles enfrentam” – The Allstate Corporation (empresa de seguros). “Nosso negócio é preservar e melhorar a vida humana. Todas as nossas ações devem ser avaliadas com base em nosso sucesso em lograr esse objetivo” – Merck, Inc. (indústria farmacêutica). “Garantir que nossos clientes sempre voltem em busca de boa comida, serviço atencioso e clima agradável” – The Applewood Café (pequeno restaurante). “Mudar o mundo através da tecnologia” – Apple Computer, Inc. (Indústria de Computadores). “Ser reconhecida como instituição de referência em suas ações de extensão e cultura, em sintonia com os fins da universidade pública” – Pró-Reitoria de Extensão e Cultura da Universidade Federal de Viçosa. 6.2.3 – Filosofia/Princípios “A filosofia de uma empresa tem por objetivo definir esforços para atingir um mínimo de satisfação, mas não necessariamente para excedê-lo” (Oliveira, 1992, p. 39). “Princípios são balizamentos para o processo decisório e para o comportamento da empresa no cumprimento de sua missão” (Pagnoncelli, 1992, p. 143). Segundo Lopes (1978, p. 30), as diretrizes são os princípios (ou série de princípios) estabelecidos de forma a possibilitar o atingimento dos objetivos estimados pela empresa. São guias de raciocínio que canalizam as decisões com o intuito principal de atender os objetivos. Assim, como os objetivos são os fins, as diretrizes balizam os meios para atingi-los. As filosofias correspondem às características únicas, distintas e subjetivas, implícitas ou explícitas, delimitadoras para fins desejáveis. O nível que define a satisfação é aquele que o tomador de decisões está disposto a fixar, e frequentemente é o mínimo necessário. As filosofias são as responsáveis pela tendência e inclinação geral dos negócios da empresa. As empresas podem utilizar outras palavras para focar o mesmo tema: credo, valores, políticas, princípios, diretrizes e filosofias, dentre outros. 6.2.4 – Objetivos “Objetivos são os resultados futuros que o empresário pretende atingir. São os alvos que a empresa seleciona e busca atingir, dentre de um certo espaço de tempo” (Lopes, 1976, p. 30). “Objetivos são aqueles fins que a organização busca através de sua existência e operações” (Hampton, 1990, p. 168). Segundo Oliveira (1992, p. 144), os objetivos servem para definir finalidades da empresa: 9 9 A ul a 4 - P la ne ja m en to E st ra té gi co fornecem às pessoas sentimento específico e adequado de seu papel na • empresa; dão consistência à tomada de decisão entre grande número de diferentes • administradores; estimulam o empenho e a realização baseada em resultados esperados; • fornecem a base para as ações corretivas e controle; • descrevem os resultados pretendidos pela organização.• Os objetivos estratégicos são desenvolvidos e formalizados para definir uma orientação direcionada para as tarefas globais e áreas específicas. Há dois tipos distintos de objetivos: os de curto prazo e os de longo prazo. Os objetivos de curto prazo são definidos por um período de um até três anos e tendem a ser mais específicos. Os objetivos de longo prazo são definidos por um período de três a cinco anos; são mais abrangentes. Segundo Certo e Peter (1993, p. 88) são identificadas oito áreas-chave de atuação dos objetivos: Posição no mercado: posição em relação aos concorrentes. • Inovação: qualquer mudança feita para melhorar métodos de condução • do negócio. Produtividade: quantidade de bens ou serviços produzidos pela • organização. Níveis de recursos: quantidade dos diversos recursos mantidos pela • organização. Lucratividade: capacidade da organização em obter receitas. • Desempenho e desenvolvimento do administrador:qualidade do • desempenho do administrador. Desempenho e atitude do empregado: qualidade do desempenho do • pessoal não-administrativo. Responsabilidade social: objetivo de melhorar o bem-estar da sociedade.• Normalmente, as definições de objetivos são regidas por quatro pontos principais: crescimento, rentabilidade, produtividade e qualidade. 6.2.5 – O planejamento estratégico O planejamento estratégico do negócio pode ser dividido em etapas, conforme mostra a figura 1. A partir da visão e missão da empresa, pode-se estabelecer ações que serão implementadas, analisadas e acompanhadas, visando atingir os objetivos e metas estipulados. Para isso, elabora-se uma estratégia corporativa. O plano de negócios de uma empresa deve contemplar, de forma objetiva, essa formulação estratégica da empresa. “A finalidade das estratégias é estabelecer quais serão os caminhos, os cursos, os programas de ação que devem ser seguidos para serem alcançados os objetivos e desafios estabelecidos” (Oliveira, 1992, p. 174). Com a evolução do mercado, não só diminui a diferenciação entre os concorrentes, como também os padrões de gastos, de consumo, de qualidade, de controle, entre outros, fazendo-se necessárias mudanças estratégicas significativas; portanto, é indispensável que as estratégias competitivas tenham como características a flexibilidade e a adaptabilidade. Atenção: As estratégias envolvem planos focados em alcançar os objetivos. Até a próxima aula!!!
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