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4ª Aula IED Ciência do Direito Material Complementar Profa Copiar

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1 
 
Centro Universitário do Distrito Federal – UDF 
Departamento/Faculdade de Direito 
Graduação Direito 
 
Disciplina: Introdução ao Estudo do Direito 
Profª. Mestra: Andréa Peixoto 
Turmas: 2º/2017 
 
BIBLIOGRAFIA UTILIZADA: 
FERRAZ JR, Tersio Sampaio. Introdução ao estudo do direito: 
técnica, decisão, dominação. 9ª edição. São Paulo: Editora Atlas, 
2016. 
- MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do direito. 32ª 
ed. rev. e atual. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015. 
 
PRINCIPAIS PARADIGMAS EPISTEMOLÓGICOS DO 
DIREITO. 
- O direito é ou não uma ciência? 
- Lembra-nos o Prof. Sidio Rosa Junior, em seu artigo estudado: 
“Epistemologia: decorre de epistéme (ciência) + log[ia] (estudo), ou 
seja, estudo da ciência”. 
 
10 A CIÊNCIA DO DIREITO DE ANDRÉ FRANCO MONTORO. 
- Já para André Franco Montoro1, analisar o Direito como ciência, 
enseja a busca pela Epistemologia Jurídica e para tanto, utiliza-se 
de 5 (cinco) acepções diferentes do termo “Direito” (p. 57-58). 
 
1MONTORO, André Franco. Introdução à ciência do direito. 32ª ed. rev. e atual. São 
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015. 
2 
 
- São elas: “O direito não permite o duelo” - significando aqui que 
“direito” se refere “a norma, a lei, a regra social obrigatória”; 
 
“O Estado tem o direito de legislar” – de acordo com o autor, 
“‟direito‟ significa a faculdade, o poder, a prerrogativa que o 
Estado tem de criar leis”; 
 
“A educação é direito da criança” – o que se mostra nesta frase é 
que “direito” será “o que é devido por justiça”; 
 
“Cabe ao direito estudar a criminalidade” – essa acepção indica 
“direito” como “ciência, ou mais exatamente, a ciência do direito”; 
 
“O direito constitui um setor da vida social” – “direito” aqui “é 
considerado como fenômeno da vida coletiva. Ao lado dos fatos 
econômicos, artísticos, culturais, esportivos, etc., também o direito é 
um fato social”. 
 
10.1 Direito como norma. 
- De acordo com Montoro (p. 58-59) citando Clóvis Bevilaqua, o 
conceito de Direito pode ser entendido como “uma regra social 
obrigatória”; citando Aubry e Rau “O Direito é o conjunto de 
preceitos ou regras, a cuja observância podemos obrigar o homem, 
por uma coerção exterior ou física.” 
 
- E nesse aspecto, o direito-norma se subdivide para Montoro em: 
 
 
3 
 
a) direito positivo e direito natural; 
b) direito estatal e direito não estatal (social). 
 
 
10.1.1 Direito positivo e Direito natural. 
- Delimita Montoro os conceitos: “O Direito positivo é constituído 
pelo conjunto de normas elaboradas por uma sociedade 
determinada, para reger sua vida interna, com a proteção da força 
social.” 
 
- Já Direito natural, para o autor, “significa coisa diferente. É 
constituído pelos princípios que servem de fundamento ao Direito 
positivo” (p. 59). 
 
- O Direito natural dá fundamento ao Direito positivo, pois “é 
constituído por aquelas normas que servem de fundamento a este, 
tais como: „deve se fazer o bem’, „dar a cada um o que lhe é 
devido’, „a vida social deve ser conservada’, „os contratos devem 
ser observados‟, etc”. 
 
- Segundo Montoro, no raciocínio de Kelsen, as normas do Direito 
natural “são de outra natureza e de estrutura diferentes das do 
Direito positivo” (p. 59). 
 
- O Prof. Térsio Sampaio Ferraz Jr complementa: “A influência dessa 
dicotomia (direito positivo versus direito natural), no direito 
contemporâneo, provem do século XVIII. O período do racionalismo 
4 
 
jurídico [...] concebeu o saber jurídico como uma sistematização 
completa do direito a partir de bases racionais, isto é, 
fundamentado em princípios da razão. Em consequência, o direito 
natural aparecia como um conjunto de direitos e deveres que 
aplicavam às relações entre os seres humanos de forma análoga à 
que ocorre com o direito posto, o direito positivado ou pelos 
costumes ou pela decisão expressa da autoridade 
institucionalizada. Nessa época, o direito natural até então uma 
disciplina moral, ganhou certa autonomia e transformou-se numa 
genuína disciplina jurídica. Pressupunha-se uma espécie de 
duplicação do sistema jurídico: por trás ou por cima das relações 
jurídicas estabelecidas por normas postas, admitia-se o conjunto 
dos direito naturais. Essa ideia permitiu, então, uma separação 
entre direito e moral (assim, por exemplo, em Pufendorf, 
Thomasius, Kant), concebeu-se o primeiro, em oposição à segunda, 
pela noção de compulsão ou poder de compulsão exteriorizada por 
normas enquanto comandos objetivos” (2016, p. 134). 
 
- E prossegue: 
“Essa autonomia do direito natural em face da moral e sua 
superioridade diante do direito positivo marcou, propriamente, o 
início da filosofia do direito como disciplina jurídica autônoma. 
Isso foi assim até as primeiras décadas do século XIX. Depois, a 
disciplina sofre um declínio que acompanha o declínio da própria 
ideia de direito natural” (p. 134). 
 
- E mais: 
5 
 
“Na ciência dogmática do direito, porém, embora a ideia esteja até 
hoje sempre presente (por exemplo, na fundamentação do direito 
subjetivo na liberdade), a dicotomia, como instrumento 
operacional, isto é, como técnica para a descrição e classificação de 
situações jurídicas normativamente decidíveis, perdeu força. Sua 
importância mantém-se mais nas discussões sobre política jurídica, 
na defesa dos direitos fundamentais do homem, como meio de 
argumentação contra a ingerência avassaladora do Estado na vida 
privada ou como freio às diferentes formas de totalitarismo” (p. 
135). 
 
- E finaliza: 
“Uma das razões do enfraquecimento operacional da dicotomia 
pode ser localizada na promulgação constitucional dos direitos 
fundamentais. Essa promulgação, o estabelecimento do direito 
natural na forma de normas postas na Constituição, de algum 
modo „positivou-o’. E, depois, a proliferação dos direitos 
fundamentais, a princípio, conjunto de supremos direitos 
individuais e, posteriormente, de direitos sociais, políticos, 
econômicos aos quais se acrescem hoje direitos ecológicos, direitos 
especiais das crianças, das mulheres etc. provocou, 
progressivamente, sua trivialização. Uma coisa se torna trivial 
quando perdemos a capacidade de diferenciá-la e avaliá-la, quando 
ela se torna tão comum que passamos a conviver com ela sem nos 
apercebemos disso, gerando, portanto, alta indiferença em face das 
diferenças” (Luhmann apud Ferraz Jr, 2016, p. 135). 
 
6 
 
10.1.2 Direito estatal e não estatal. 
- Avisa Montoro (p. 60) que semelhante distinção há entre o direito 
estatal e o direito não estatal (conhecido também como “direito 
grupal” ou “direito social”). 
 
- Ainda segundo o autor, direito estatal aqui se aplicaria 
“geralmente às normas jurídicas elaboradas pelo Estado, para reger 
a vida social, como por exemplo o Código Civil, a Constituição, o 
Código Comercial, as demais leis federais, estaduais e municipais 
[...]” (p. 60). 
 
- Já o direito não estatal – adverte o autor que juntamente com o 
direito estatal “existem outras normas obrigatórias, elaboradas por 
diferentes grupos sociais e destinadas a reger a vida interna desses 
grupos”. 
 
Ex:. O direito universitário, o direito esportivo, o direito religioso 
(canônico, muçulmano, etc). (idem). E acrescenta: “os estatutos, 
regulamentos e demais normas que regulamentam a vida deuma 
universidade, quando elaborados por esta, constituem um direito 
autônomo: o direito universitário”. 
 
10.2 Direito como faculdade. 
- Admite Montoro que nessa acepção o direito como faculdade é 
igualmente conhecido como “direito-poder” (p. 62). 
 
7 
 
- Indica que por vezes o direito é “empregado para designar o poder 
de uma pessoa individual ou coletiva, em relação ao determinado 
objeto” (idem). 
 
Ex:. Direito a usar um imóvel ou cobrar uma dívida – são exemplos 
de “direito-faculdade” ou “direito subjetivo”. 
 
- O direito ou a prerrogativa de agir é uma facultas agendi. Já o 
direito-lei, em oposição ao primeiro, é uma norma agendi. 
 
- Montoro citando Meyer sintetiza essa classificação do direito como 
“o poder moral de fazer, exigir ou possuir alguma coisa”. Citando 
Ortolan: “faculdade de exigir dos outros uma ação ou inação”. 
Citando Kant: “a faculdade de exercer aqueles atos, cuja realização 
universalizada não impeça a coexistência dos homens”, por fim, em 
Ihering: “é o interesse protegido pela lei” (p. 62). 
 
- Explica o autor que quanto à expressão “direito subjetivo” quer 
dizer que o “direito nessa acepção é realmente um poder do sujeito. 
É uma faculdade reconhecida ao sujeito ou titular do direito” 
(idem). 
 
10.3 Direito como justo. 
- Nessa terceira acepção “direito” correlaciona-se com o conceito de 
justiça. 
 
8 
 
- De acordo com o autor, devemos distinguir igualmente dois 
sentidos diversos (p. 63): 
a) “Direito” na acepção de justo, designa o bem “devido” por 
injustiça. Por exemplo, quando dizemos que “o salário é direito do 
trabalhador”, o termo “direito” significa “aquilo que é devido por 
justiça”. 
b) Noutro sentido, “direito” como “justo” significa a 
“conformidade” com a justiça. Por exemplo: quando o autor diz que 
“não é direito condenar um anormal”, ele quer dizer que tal 
condenação não está em conformidade com a justiça. 
 
- Prossegue: o significado da primeira acepção pode ser 
denominado de “justo objetivo”, “porque direito, nesse caso, é 
aquele bem que é devido a uma pessoa por uma exigência da 
justiça. Nesse sentido o respeito à vida é devido a todo homem, o 
pagamento é devido ao vendedor, a aposentadoria é devida ao 
empregado, o imposto é devido ao Estado, etc” (p. 63). 
 
- De acordo com o autor, o termo “direito”, é empregado no sentido 
de “justo objetivo”, ”[...] corresponde com exatidão, [a]o vocábulo 
jus. E significa o que é devido por justiça” (p. 64). 
 
Ex:. “Direito” na Declaração Universal dos Direitos Humanos. 
 
- Na segunda acepção, o conceito de justiça quer dizer em 
conformidade com a justiça. Para o autor, direito é sinônimo de 
9 
 
justo, “mas justo aí significa um qualificativo. Indica a 
conformidade com as exigências da justiça” (idem). 
 
Ex:. “Direito é tudo que é reto, na ordem dos costumes” (Liberatore 
apud Montoro). 
 
10.4 Direito como ciência. 
- Nessa acepção, segundo Montoro, a palavra direito é utilizada para 
designar a “ciência do direito”. 
 
- Assim, para ele, “quando falamos em estudar „direito‟, formar-se 
em direito, doutor ou bacharel em direito, método ou objeto de 
direito, é no sentido de „ciência‟ que empregamos a palavra” (p. 64). 
 
- Montoro cita então o “clássico conceito Celso (??)”: “Direito é a 
arte do bom e do justo”(“jus est ars boni et aequi”) e traz também o 
conceito de Hermann Post: “Direito é a exposição sistematizada de 
todos os fenômenos da vida jurídica e a determinação de suas 
causas” (idem). 
 
10.5 Direito como fato social. 
- Aqui, “numa perspectiva distinta das anteriores”, o termo direito 
remonta os fatos sociais. 
 
- Acerca dessa definição, afirma que é principalmente utilizada 
“pelos sociólogos, mas também pelos juristas” (p. 64). 
 
10 
 
- Para os sociólogos, prossegue Montoro, o direito é “considerado 
um setor da vida social, independentemente de sua acepção como 
norma, faculdade, ciência ou justo. E, como setor da vida social, 
deve ser estudado sociologicamente. É dentro dessa perspectiva 
que se situa a Sociologia do Direito” (p. 65). 
 
- Citando Gurvitch qualifica o direito como “uma tentativa para 
realizar, num dado meio social, a ideia de justiça, através de um 
sistema de normas imperativo-atributivas” (idem). 
 
- Para finalizar, Montoro faz um esquema acerca das principais 
acepções acima estudadas (p. 66): 
 
Direito norma = {Direito positivo; Direito natural; Direito estatal e 
Direito não estatal} 
 
Direito faculdade = {Direito-interesse; Direito-função} 
 
Direito-justo 
Direito ciência 
Direito fato-social = {Direito por justiça/conforme a justiça}. 
 
 
11 ANALOGIA E DIREITO 
- Passa, então, Montoro a minuciar detalhadamente o que seria a 
analogia em relação ao direito (p. 67). 
 
11 
 
- Primeiramente, o autor nos adverte sobre as três possibilidades 
terminológicas na lógica da analogia: unívoca (“é o termo que se 
aplica a uma única realidade” – Ex:. livro, homem, vegetal); 
equívoca (“se aplica a duas ou mais realidades radicalmente 
diversas” – ele exemplifica com o termo o “lente” aplicado ao 
professor2 e ao vidro refrativo) e análoga (“termo que se aplica a 
diversas realidades que apresentam em si certa semelhança. O 
termo análogo é, assim, intermediário entre o unívoco e o 
equívoco” – Ex:. “direito” que quer dizer a lei, a faculdade, a 
ciência, o justo, o fato social). 
 
- O autor divide os termos análogos em 3 (três) categorias (espécies 
de analogia): 
a) analogia intrínseca ou de proporção própria (“relação de 
proporcionalidade” ao vocábulo); 
b) analogia extrínseca, de relação ou de atribuição (relação de 
dependência causal entre os termos); 
c) analogia metafórica ou de proporção imprópria ou figurada 
(além da significação direta e própria, há também a aplicação a 
outras realidades). 
 
 
APLICAÇÃO DOS PRINCÍPIOS DA ANALOGIA ÀS DIVERSAS 
SIGNIFICAÇÕES DO DIREITO. 
 
 
2 “O lente” significaria “alguém que sabe”, “alguém que sabe ensinar”. Já “a lente”, tem-
se por vidro refrativo. 
12 
 
- Neste tópico avisa-nos o autor que trabalhará com o exame de 2 
(dois) casos de analogia de relação: 
1ª) Analogia entre as significações fundamentais do termo 
“direito” e 
2ª) Analogia entre os significados do Direito positivo e Direito 
natural. 
 
11.1 Analogia entre os significados fundamentais do direito. 
- Inicia Montoro a nos relembrar as 5 principais acepções do termo 
“direito” já visto anteriormente: direito-norma; direito-faculdade; 
direito-justo; direito-ciência e direito fato-social (p. 69). 
 
- Segundo o autor “Há entre essas diferentes significações uma clara 
analogia de relação, isto é, o vocábulo „direito‟ aplica-se de forma 
principal a uma dessas acepções e estende-se às demais, em virtude 
das relações reais – e não apenas metafóricas – que existem entre 
essas expressões” (idem). 
 
- Direito-norma – avisa-nos Montoro que acerca do “primado do 
direito-norma” tem-se um dos problemas que divide autores e 
correntes jurídicas. 
 
- Para a corrente majoritária, formada por juristas como: Marcel 
Planiol, Ripert, Colin, Capitant, De Ruggiero, Hans Kelsen, Clóvis 
Bevilaqua, entre outros, o direito “é, em primeiro lugar, um 
conjunto de normas, leis ou regras jurídicas” (p. 69). 
 
13 
 
- Assim, “Direito-norma” para o autor “seria o analogado 
principal”. E será dessa forma que “a maioria dos autores 
modernos” irá enxergar. 
 
- Para Planiol: “apalavra direito designa o conjunto de leis ou 
regras jurídicas aplicáveis à atividade dos homens” (p. 69). 
 
- De acordo com De Ruggiero: “o direito é a norma das ações 
humanas na vida social, estabelecida por uma organização soberana 
e imposta coativamente à observância de todos” (p. 69-70). 
 
- Para Kelsen: “O direito é a norma primária, que estabelece a 
sanção” (p.70). 
 
- Direito-faculdade - Alerta Montoro que há outros autores que 
enxergam no “direito-faculdade” (também conhecido como direito 
subjetivo) como o analogado fundamental. 
 
- Nesse sentido, Savigny: “O direito considerado na vida real (...) 
nos aparece como um poder do indivíduo” (idem). 
 
- Para o autor, o direito subjetivo “constitui a base de todo o direito 
privado e o ponto de partida das modernas construções do direito 
público” (p. 70). 
 
- A esse ponto, Montoro adverte sobre a corrente doutrinária que 
elabora o direito dessa forma: Ihering (“a luta pelo direito”); Jayme 
14 
 
de Altavilla (“Origem dos direitos dos povos”); Kant; Hegel entre 
outros para os quais “o direito é fundamentalmente liberdade” 
(idem). 
 
- Nessa corrente o autor acrescenta também a chamada “doutrina 
egológica do direito.”3 
 
- Direito-fato social – Acerca da sociologia do direito, nos ensina 
Montoro a partir das palavras de H. Lévy-Bruhl “o direito é o 
fenômeno social por excelência” e “mais do que a religião, mais do 
que a língua, mais do que a arte, ele revela a natureza íntima do 
grupo social” (p. 71). 
 
- Citando Roscoe Pound: “O controle exercido pela aplicação da 
força de que dispõe uma sociedade politicamente organizada” 
(idem). 
 
- Montoro observa que “a tendência ao sociologismo jurídico 
predomina hoje de certa forma nos Estados Unidos e na [ex-] União 
Soviética” (p. 71). 
 
 
3 Leciona Montoro que tal formulação é de autoria do jurista argentino Carlos 
Cóssio: “A conclusão básica da teoria egológica é que „o direito é conduta e não 
norma’, escreve um dos autorizados seguidores da doutrina [...], o professor Machado 
Neto [...]. Para a concepção egológica, o direito não é forma, mas ‘conduta humana 
em interferência intersubjetiva’ (relacionamento entre sujeitos ou “egos”, daí a 
designação da doutrina “egológica”). E entre as modalidades fundamentais desse 
relacionamento intersubjetivo que caracteriza o direito está a ‘faculdade’ ao lado da 
‘prestação’, do ‘ilícito’ e da ‘sanção’ que com ela se relacionam” (p. 70-71). 
15 
 
- E prossegue: “nos Estados Unidos essa orientação é representada 
pela escola da jurisprudência sociológica de Benjamin Cardozo, 
Roscoe Pound, Gray, Llevelyn e outros. Na antiga URSS o 
sociologismo era de vinculação marxista; o jurista soviético Stutchka 
define o direito como „um sistema de relações sociais que 
corresponde aos interesses da classe dominante e está defendido 
pela força organizada dessa classe‟” (p. 71). 
 
- Direito-ciência – avisa Montoro que diversos juristas enxergam no 
direito, primeiramente, uma ciência. 
 
- Citando W. Holmes: “a previsão do que os tribunais decidirão é o 
que entendo por direito” (idem). 
 
- Essa previsibilidade4 é, para o autor, conhecimento, estudo, 
ciência. 
 
- Citando Ulpiano5: “a ciência do justo e do injusto”. 
 
- Define Montoro: “na mesma linha situam-se, em geral, os mestres 
que consideram naturalmente o direito como disciplina a ser 
estudada e transmitida às novas gerações” (p. 71). 
 
 
4 Aqui podemos fazer uma ligação com o que o Prof. Térsio Sampaio Ferraz Jr. chama 
de “o problema da decidibilidade” da ciência jurídica. 
 
5 Eneo Domitius Ulpianus foi um dos mais célebres juristas romanos do 2º século após 
Cristo. 
16 
 
Obs:. Aqui podemos nos lembrar do visto em Térsio Sampaio e 
Wolkmer em que não seria a passagem geracional (em outras 
palavras: o ensinamento passado de pai/mãe filhas/os) que nos 
permite afirmar que o direito é uma ciência. Mas seus elementos 
internos (objeto, método, controle dos resultados, finalidade) e su 
autonomia cientifica alguns possíveis classificadores do direito 
como ciência. 
 
- Direito-justo ou devido – nessa perspectiva o direito é visto 
fundamentalmente como “o justum, isto é, o „justo-objetivo‟ ou o 
„devido por justiça’”. 
 
- Em seguida Montoro afirma: “É essa a concepção tradicional que 
nos vem do Direito Romano e é modernamente reafirmada por 
ilustres juristas, como Geny, Villey, Engisch e outros” (p. 71). 
 
- Prossegue o autor: “A função do juiz e do jurista, em suas 
diversas atividades, consiste sempre em descobrir ‘o direito’, isto é, 
„o justo‟ e assegurá-lo. A lei (lex) não se confunde com o direito 
(jus). A lei (direito-norma) não é propriamente „o direito‟, mas uma 
de suas fontes. O „direito subjetivo’ também não é a rigor o direito, 
mas o poder de exigi-lo ou seu reconhecimento. Da mesma forma, o 
direito-fato social e o direito-ciência são claramente acepções 
derivadas, vinculadas ao justum” (p. 72). 
 
- E ainda (litteris): 
17 
 
“A norma ou lei é chamada „direito‟, porque ela estabelece ou deve 
estabelecer o que é justo. A faculdade é denominada „direito‟ 
porque ela é, de certa forma, o poder de exigir o justo ou seu 
reconhecimento. Da mesma forma, a Ciência do Direito é assim 
chamada porque ela é o conjunto de conhecimentos que tem por 
objeto o justo e suas manifestações. E o direito como fato social é, 
também, uma acepção derivada. Ele é o setor da realidade social 
que tende para a realização da justiça”6 (p. 72). 
 
- O autor então passa a fundamentar e sustentar seu discurso a 
partir de enxertos de autores diversos de épocas distintas (p. 72): 
 
 
6 Aqui podemos nos lembrar e comparar os autores que já vimos e suas posições. 
Assim, para Marcus Faro de Castro: “Direito como um conjunto amplo de 
fenômenos sociais” (p. 23). Acerca do direito acadêmico elucida Castro (p. 19): 
“Conjunto de representações intelectuais sobre diversos aspectos de um amplo 
campo de fenômenos sociais.” 
Já para Antonio Carlos Wolkmer citando Michel Foucault e Nicos Poulantzas nas 
relações entre Direito e Poder, afirma: “Direito e Poder estão gradual e intimamente 
interligados sob formas de controle menos violentas, muito mais sutis e disciplinares. 
Antes mesmo do entendimento do Direito como prática ou conduta normatizada, o 
discurso jurídico ocupa um espaço privilgiado na relação, no exercício e na reprodução 
do poder” (p. 78-79). 
Luiz Magno Bastos Jr. dialogando com o Prof. Térsio Sampaio Ferraz Jr, discorre 
acerca de um modelo teórico que consiga gerar a compreensão “[d]o direito a partir de 
um complexo sistema comunicacional que visa controlar e regular comportamentos, e, 
por conseguinte, que concebe uma ciência do direito de cunho notadamente 
tecnológico, centrada no problema da decidibilidade dos conflitos” (p. 43-44). 
 
 
18 
 
- Justiniano7 e seu Jus. (p. 72). 
 
- Ulpiano8 e sua definição “clássica” de justiça (idem). 
 
- François Geny9: “no fundo de todo o conteúdo do direito, 
encontra-se, como noção fundamental, a de justo” (p. 72-73). 
 
- Como esse último autor assevera “[...] inclui em si não apenas 
preceitos de justiça particular, distributiva ou comutativa, mas 
também as exigências do bem comum e da justiça social, „com 
 
7 De acordo com o sítio “Bizantinística” do doutorando em Estudos Bizantinos João 
Vicente de MedeirosPublio Dias, Justiniano (Flavius Petrus Sabbatius Justinianus) foi 
um imperador que reinou entre 527-565 d. C. descrito por alguns como o último dos 
grandes imperadores de Roma. Seu império se estendeu onde hoje é a península 
Hispânica, passando pelo Mediterrâneo Oriental até a península Arábica e o Mar 
Negro. A capital era Constantinopla (hoje Turquia). O motivo do interesse em 
mencionar Justiniano na atualidade se dá em razão de ter recompilado as leis 
romanas desde o império Adriano (117 a 138 d.C.) até seu governo, intitulando seu 
vasto trabalho de “Corpus Juris Civilis”, contendo o Código de Justiniano (chamado 
de Codex – uma junção de todas as constituições imperiais desde o governo de 
Adriano), o Digesto ou Pandectas (comentários dos grandes juristas romanos), o 
Institutas (descrito como um manual aos estudantes do direito) e por fim as Novelas 
ou Autenticas (contendo as constituições elaboradas a partir de 534 d.C.). 
Disponível em: 
https://imperiobizantino.com.br/2011/10/16/um-ensaio-sobre-o-legado-do-imperador-
justiniano-527-565/ 
Ver também em: 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Justiniano 
Último acesso em: 22/03/16. 
 
8 De acordo com fontes pouco confiáveis disponíveis na internet, Ulpianus teria sido 
um “famoso jurisconsulto romano”. Eneo Domitius Ulpianus, (150 a 223 d.C.), afirmam 
que “sua obra influenciou fundamentalmente a evolução dos direitos romano 
e bizantino”. 
Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Ulpiano 
Último acesso em: 22/03/16. 
 
9 Jurista francês do século XX (1861-1959). 
19 
 
a finalidade de assegurar a ordem essencial à manutenção e ao 
progresso da sociedade humana’” (p. 73). 
 
- Por fim, cita Karl Engisch: “algo que está por detrás da lei e que 
nós nos propomos chamar simplesmente DIREITO” (p. 73). 
 
- Para o autor, “[...] o justo objetivo é a acepção fundamental do 
direito”(idem). 
 
- Porém, alerta que na atualidade “essa noção vem sendo muitas 
vezes esquecida e substituida pela preeminência do direito-norma” 
e assim considerando preferencialmente “não o conteúdo ou 
matéria do direito, mas seu aspecto formal ou obrigatoriedade” (p. 
73). 
- Orientação positivista (positivismo jurídico) e formalismo 
jurídico (p. 74). 
- Humanismo jurídico e sua concepção de justiça (p. 74). 
O direito é dar o devido “a cada um, indivíduo ou sociedade, 
segundo um princípio fundamental de igualdade, simples, ou 
proporcional” (idem).

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