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Trabalho de Core Curriculum
Comparação de Leis
Professor: Daniel	
Aluno(a): Karina Cristina C. Borges
Sistema jurídico Brasil x EUA
No Brasil, o direito possui influência no sistema romano-germânico, conhecido como Civil Law (direito civil).
O sistema Civil Law se baseia na lei devidamente positivada e codificada, ou seja, é a aplicação do direito com base no texto da lei, sendo que, na ausência de norma regulamentadora, ou quando o legislador for omisso, o Poder Judiciário se vale da jurisprudência (casos semelhantes já julgados pelo Poder Judiciário) para que o direito seja aplicado ao caso concreto.
Já o sistema Common Law (direito comum) possui influência no direito anglo-saxão, cuja denominação é dada à fusão dos povos germânicos (anglos, saxões e jutos) que se fixaram no sul e leste da Grã-Bretanha no século V.
Desta forma, “a Common Law se fundamenta na lei não escrita, no direito jurisprudencial e nos costumes; enquanto que a Civil Law se alicerça na lei devidamente positivada e codificada.
Sendo assim, o common law, consiste na aplicação do Direito baseado, principalmente, nas jurisprudências. Todavia, existe a lei, mas na análise e julgamento do caso, a jurisprudência é bem mais utilizada na corte norte-americana.
 A prática do Direito no Brasil
Ao analisarmos a organização judiciária brasileira, podemos observar que, se tratando da tramitação dos processos, o Poder Judiciário, regulado nos artigos 92 a 126 da Constituição Federal.
O poder Judiciário é constituído de diversos órgãos, tais como o Supremo Tribunal Federal (STF), que é a corte superior do país. Tal Corte tem como função principal zelar pelo cumprimento da Constituição, analisando casos de inconstitucionalidades, ou seja, se há alguma lei que seja contra aos princípios regidos pela carta Magna.
 Abaixo da Suprema Corte está o Superior Tribunal de Justiça (STJ), responsável por fazer uma interpretação uniforme da legislação federal, dentre outras atribuições elencadas no art.105 e incisos da Constituição Federal
O Poder Judiciário conta, ainda, com as unidades da Justiça Federal (comum), as quais se incluem os juizados especiais federais, bem como, a Justiça Especializada, composta pela Justiça do Trabalho, a Justiça Eleitoral e a Justiça Militar.
Já no âmbito da Justiça Estadual, esta inclui os juizados especiais cíveis e criminais, cuja competência se dá a cada um dos 26 estados brasileiros e do Distrito Federal, onde é localizada a capital do país.
Tanto na Justiça da União como na Justiça dos estados, os juizados especiais são competentes para julgar causas de menor potencial ofensivo e de pequeno valor econômico.
Em regra, os processos têm o seu tramite inicial nos órgãos de primeira instância, julgado por juízes singulares. Estando as partes insatisfeitas com a sentença, as mesmas podem exercer o que chamamos de Princípio do duplo grau de jurisdição.
Tal princípio consiste no fato de, a parte que estiver insatisfeita com a sentença, possa recorrer da decisão, buscando decisão que lhe seja favorável, realizado por meio de recursos.
Uma vez admitido, o recurso é remetido à segunda instância, ou seja, para o STJ (ou demais tribunais superiores), onde o caso será analisado e julgado por desembargadores.
Todavia, há casos em que o processo pode se originar na segunda instância e até nas Cortes Superiores, como por exemplo, casos de processos criminais contra autoridades que possuam prerrogativa de foro.
 Contudo, se tratando de matéria de violação de dispositivo constitucional ou de lei, inconformada com a decisão de segunda instância, chamada de Acórdão, a parte inconformada poderá recorrer á Suprema corte, o STF, que dará a palavra final em disputas judiciais no país em questões constitucionais.  
Outrossim, o problema enfrentado pelo judiciário brasileiro é a morosidade na tramitação dos processos, pois, devido a grande demanda de ações, o judiciário não consegue dar conta de milhares de demandas distribuídas todos os dias. Sem contar, a burocracia administrativa das serventias no que tange ao andamento dos processos, prazos longos, inclusive com o advento do Novo Código de Processo Civil, em vigência desde março/2016, em que os prazos que antes eram contados em dias corridos, passou-se a ser contado em dias úteis, o que prejudica ainda mais obter a solução do caso pela prestação jurisdicional.
O dia-dia dos profissionais do Direito se torna muitas das vezes cansativo e desestimulante, pois, além de enfrentarem dificuldades de terem acesso ao magistrado, advogados e estagiários encontram uma grande dificuldade por parte dos funcionários das serventias no que tange em obterem o andamento desejado do processo, que muitas das vezes dura mais de 10 anos e não é solucionado.
Em boa parte do tempo os profissionais do Direito não são valorizados pelo Poder Judiciário, que em muitos casos profere decisões que não são punitivas nem satisfatórias às partes, que precisam recorrer para ter o seu direito atendido.
 A prática do Direito nos EUA
Diferente do Brasil, a justiça americana não é uniforme como aqui e não há um órgão que a controle, como no Brasil, o qual possui o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Nos EUA, cada um dos 50 Estados possui autonomia para regular a justiça norte-americana, ou seja, são as Constituições Estaduais que definem a forma, os tribunais, o ingresso de ações, as custas processuais, etc.
Sendo assim, não há um órgão que exerça o controle nacional, nos moldes do nosso Conselho Nacional de Justiça.
No Brasil somos regidos pela Constituição Federal, sendo esta a lei maior do nosso país, porquanto, nos EUA, cada Estado possui sua própria constituição.
No Brasil, as regras que não estão de acordo com o texto da Carta Magna não podem ir contra suas normas jurídicas, sob pena de tais normas serem declaradas inconstitucionais pelo guardião da Constituição Federal, o STF.
 Voltando as normas jurídicas dos EUA, de acordo com o professor da PUC/PR, Vladimir de Freitas, “somente um elo de união dos tribunais, chamado Conference of State Court Administrators (COSCA), criado em 1955, que busca aperfeiçoar o funcionamento dos Tribunais Estaduais.
  Sendo assim, é praticamente impossível analisar a sistemática prática do Poder Judiciário de todos os estados norte-americanos, pois teríamos que abordar cada um dos seus sistemas.
 Por tal motivo, utilizaremos como exemplo, o Estado do Colorado, capital Denver, localizado no centro do país.
 Enquanto no Brasil para ser juiz de direito é necessário que seja aprovado em concurso público para a magistratura, nos EUA os juízes participam de eleição, promovendo campanhas, arrecadando fundos e submetendo-se ao voto popular.
Todavia, não há eleições no Estado do Colorado, cujo sistema se define por uma Comissão composta por três advogados e quatro pessoas do povo, que ao surgir uma vaga para juiz, ocorre uma entrevista com os candidatos, onde são examinados seus currículos.
Após o sistema de filtragem dos candidatos, são recomendados três nomes ao governador, que irá escolher um dos candidatos indicados.
Diferente do Brasil, onde o juiz começa como substituto, cuja estabilidade ocorre após dois anos, tornando seu cargo vitalício, nos EUA, após exercer as funções por determinado período, o juiz se submete a uma eleição para que possa se manter no cargo, cujo prazo varia conforme o grau de jurisdição, como por exemplo, “um juiz distrital (1ª. Instância) deverá ser confirmado depois de seis anos nas funções e um Justice da Suprema Corte Estadual depois de 10 anos.”.  
            Nos EUA, os graus de jurisdição são estabelecidos na Constituição Estadual, sendo que, a Suprema Corte Estadual atua de acordo com a Suprema Corte Federal dos EUA, escolhendo os recursos os quais considera relevante.
O duplo grau de jurisdição norte-americano se perfaz no órgão chamado Tribunal de Apelação, cujos casos, em sua maioria absoluta são decididos em última instância. Todavia, as decisões dos Tribunais Estaduais, em regra geral, são definitivas.
Comoem toda regra há exceção, apenas dois recursos foram conhecidos e providos na Suprema Corte Federal, nos últimos vinte anos. Portanto, ao contrário do que ocorre no Brasil, o Tribunal Estadual dá a última palavra em matéria de lei estadual.
Outra diferença do sistema brasileiro é que nos EUA, há juízes municipais, que são indicados pelo prefeito e julgam pequenas causas, tais como ofensas às leis de trânsito, furtos dentro de lojas e crimes de menor potencial ofensivo.
Se houver inconformidade da parte contra a decisão, esta poderá recorrer ao Tribunal de Apelação Estadual, que conforme abordado anteriormente, dará a sua última palavra sobre o caso.
Há ainda, os juízes de condados, os quais decidem pequenas infrações criminais e ações civis até US$ 15 mil. Havendo recurso contra suas decisões o mesmo será examinado pelo juiz distrital.
Não é apenas no Brasil que há juizados especiais, popularmente conhecidos como juizados de pequenas causas. Nos EUA, dentro das County Courts (condado da corte) há os Juizados Especiais conhecidos como Small-Claims Courts (pequenas reivindicações á Corte), que decidem questões civis até US$ 7,5mil. Nelas atuam os magistrates, qual seja, os juízes que possuem menor graduação.
No Brasil, há o prazo de dois anos para atuar na presidência do tribunal, todavia, nos EUA não há prazo.
Nos EUA, há avaliação dos juízes são avaliados por uma “Comissão de Performance Judicial, que avalia a integridade, os conhecimentos, pontualidade, a prática de sentenças (não o mérito) e outros requisitos.”.  
 Importante ressaltar, que nos EUA sempre há participação dos cidadãos e de advogados, diferente do que acontece no Brasil. Tal comissão chama-se Comissão Disciplina Judicial, a qual é formada por 10 membros, sendo quatro cidadãos, dois advogados, dois juízes distritais e dois juízes de condado. Esta Comissão é responsável por investigar se os juízes estão cometendo faltas administrativas ou desrespeito ao Código de Ética.
LEGISLAÇÃO FRANCESA X BRASIL
            Em 1989, com o advento da Lei Doubin, a França, após os Estados Unidos e a Província de Alberta (Canadá), foi um dos primeiros países a adotar algum disciplinamento jurídico do instituto da franquia empresarial.
            Atualmente, esse instituto é regulado no art. L. 330-3 do Código Comercial, que impõe ao franqueador a entrega de um documento de informações verazes acerca da rede de franquia em negociação, no prazo de vinte dias antes da formalização de qualquer compromisso entre as partes (assinatura do contrato de franquia ou antecipação de alguma importância). Trata-se do princípio da transparência − full and fair disclosure −, isto é, do princípio da revelação total e veraz dos dados empresariais.
            O teor desse documento, denominado Documento de Informação Pré-Contratual (Documento Doubin), está definido no Decreto n° 91-337, de 4 de abril de 1991. O franqueador deve fornecer dados que revelem a identidade da sociedade (sede social, forma jurídica, capital, registro na junta comercial ou inscrição no órgão de fiscalização do exercício profissional do corpo de diretores, referências bancárias); o estado real de sua marca (número e data do depósito de marca, etc.); as demonstrações financeiras anuais da sociedade; a duração, as condições de renovação, de resilição e de cessão do contrato proposto; o campo das exclusividades; e o histórico da rede. Se uma empresa houver deixado de fazer parte da rede ao longo do ano precedente ao da entrega do Documento Doubin, dele deve constar o motivo (expiração, resilição ou anulação do contrato de franquia).
            O franqueador que não obedece ao prazo legal de vinte dias para a entrega do Documento Doubin, sujeita-se à cominação da pena de multa. A multa, para as pessoas físicas, é de, no máximo, 10.000 F (1.500 euros)2, podendo chegar a 20.000 F (3.000 euros), na reincidência; enquanto que, para as pessoas jurídicas, o valor máximo da multa é igual ao quíntuplo daquele previsto para as pessoas físicas. No entanto, se reincidente, a multa aplicável à pessoa jurídica pode atingir o décuplo do valor estabelecido para as pessoas físicas.
            É de salientar que o Código Civil, no capítulo do efeito das obrigações e, em especial, na seção que cuida dos danos resultantes da inexecução das obrigações, estabelece:
            Art. 1.152.
Quando o contrato define que aquele que o deixar de cumprir pagará uma certa importância a título de indenização por danos, o lesado não pode ser indenizado pela outra parte com uma quantia exorbitante nem inferior.
            Não obstante, o juiz pode, mesmo de ofício, atenuar ou aumentar a multa que tinha sido contratada, se ela é manifestamente excessiva ou irrisória. Toda determinação contrária será considerada não-escrita.
            Como se percebe, no caso da inexecução de obrigação por uma das partes, esse dispositivo defende o cidadão francês contra o recebimento de uma indenização irrisória, quando credor, ou contra o pagamento de uma quantia exorbitante, quando devedor. Desse modo, se houver descumprimento de uma das cláusulas do contrato de franquia por parte do franqueador, está assegurado pelo art. 1.152 que a indenização a ser recebida pelo franqueado não será irrisória. Analogamente, se o franqueado deixar de executar uma obrigação, o mesmo art. 1.152 garante que a indenização a ser paga pelo franqueado não será excessiva.
            Note-se que, naquele País, o contrato de franquia deve estar em conformidade com o direito francês, o direito comunitário e o Código Europeu de Deontologia da Franquia (1972). Segundo esse Código, o franqueador é o iniciador de uma rede de franquia constituída por ele próprio e por franqueados, sendo que a disposição do franqueador é a de assegurar a perenidade. Além de outras obrigações, as duas partes sempre devem agir com equidade em seu relacionamento mútuo.
 LEGISLAÇÃO BRASILEIRA
            O direito brasileiro adota normas internacionalmente reconhecidas, tais como a Circular de Oferta de Franquia e o contrato escrito. A Lei n° 8.955, de 15 de dezembro de 1994, que disciplina o instituto da franquia empresarial, prevê a obrigatoriedade da apresentação de Circular de Oferta de Franquia (COF) por parte do franqueador. O prazo fixado na norma brasileira é de dez dias. A Circular de Oferta de Franquia corresponde ao Documento Doubin previsto na legislação francesa.
            O art. 4°, parágrafo único, da Lei n° 8.955, de 1994, define que, na hipótese de descumprimento do prazo legal de dez dias da entrega da COF, "o franqueado poderá argüir a anulabilidade do contrato e exigir a devolução de todas as quantias que já houver pago ao franqueador ou a terceiros por ele indicados, a título de taxa de filiação e royalties, devidamente corrigidas pela variação da remuneração básica dos depósitos de poupança mais perdas e danos". Esse dispositivo "aplica-se, também, ao franqueador que veicular informações falsas na sua circular de oferta de franquia, sem prejuízo das sanções penais cabíveis.
            No direito civil, mencione-se que não existe preceito idêntico ao art. 1.152 do Código Napoleônico na Lei n° 3.071, de 1° de janeiro de 1916 − Código Civil Brasileiro − CCB, em vigor, cujo art. 159, que dispõe sobre a obrigação de reparar o dano, é imperfeito por apresentar essa lacuna legal de não coibir o pagamento de valores excessivos ou ínfimos. Hoje, no ordenamento jurídico brasileiro, quanto ao aspecto substancial, não há garantia plena contra abusividade, exceto na norma consumerista. Contudo, essa proteção existe, de maneira tênue, no art. 916 e seguintes e, do ponto de vista processual, no art. 644, parágrafo único, da Lei n° 5.869, de 11 de janeiro de 1973 − Código de Processo Civil. O art. 924 do CCB permite ao juiz determinar a redução proporcional da pena estipulada (multa ou indenização) apenas na hipótese de descumprimento parcial da obrigação de uma das partes contratantes.
            Na Lei n° 10.406, de 10 de janeiro de 2002 − Código Civil−, que vigerá a partir de 11 de janeiro de 2003, a combinação dos arts. 186, 187, 402 a 405, 476, 478, 778 e 927 tem resultado pouco semelhante ao disposto no art. 1.152 do Código Civil Francês.
            De qualquer modo, essa disposição do direito francês concede ao juiz plena liberdade para rever os valores contratados, o que não ocorre na Lei n° 3.071, de 1916, nem na Lei n° 10.406, de 2002. Em suma, no ordenamento jurídico brasileiro, não há proteção tão ampla contra abusividade quanto na França.
 DA EXCLUSIVIDADE TERRITORIAL
            Nenhum dos dois países impõe a exclusividade territorial. Não obstante, na França, a maioria dos contratos de franquia a preveem. Esta cláusula permite ao franqueado desenvolver sua empresa com maior serenidade, pois lhe é assegurado que o franqueador não procurará vender os mesmos produtos através de um outro intermediário no território de atuação que lhe é reservado. Entretanto, a extensão do território inicialmente definido pode evoluir (o mais frequentemente no sentido de uma redução), em função da estratégia comercial do franqueador, de sua notoriedade e de sua clientela. Sem embargo, o descumprimento da cláusula de exclusividade territorial pelo franqueador pode ensejar o pagamento de indenização por danos ao franqueado e até mesmo a resilição do contrato, se o juiz considerar que se trata de cláusula essencial do contrato.
            O Regulamento (CE) nº 2.790, de 22 de dezembro de 1999, limita o campo das exclusividades territoriais. Com essa norma, o franqueador não pode proibir seus franqueados de proceder às operações de publicidade fora de seu território exclusivo, visto que essa publicidade não é pessoal. Concretamente, isso significa que os franqueados podem conduzir campanhas de publicidade para afixação de outdoors fora de seu território, mas não podem enviar correspondências pessoais aos consumidores. De modo análogo, o franqueador não pode colocar obstáculo à criação de um site na Internet para um franqueado, visto que isso está em conformidade com as obrigações previstas no contrato e não prejudica a imagem da marca. Em compensação, o franqueado não pode enviar e-mail publicitário aos internautas situados fora de seu território.
            O art. 3°, X, da Lei n° 8.955, de 1994, determina que, na Circular de Oferta de Franquia, seja especificado se é garantida ao franqueado exclusividade ou preferência sobre determinado território de atuação e, caso positivo, em que condições (alínea a); e se há possibilidade de o franqueado realizar vendas ou prestar serviços fora de seu território ou realizar exportações (alínea b).
            No Brasil, pode ser incluída a cláusula de exclusividade territorial nos contratos de franquia. O fato é que, muitas vezes, o franqueado, ao avaliar a minuta de contrato proposta, não observa a omissão dessa modalidade de cláusula ou não considera relevante tal aspecto, ou ainda, não logra a inclusão dessa cláusula durante a fase de negociação dos termos contratuais com o franqueador. Dessa forma, o franqueado pode escolher livremente a franquia que lhe convier, exercendo o seu livre-arbítrio. Trata-se do respeito à livre escolha e à liberdade de contratar, inerentes à livre iniciativa. Parece-nos, salvo melhor juízo, não haver como propor, mediante projeto de lei, a exclusividade territorial − delimitação do território de atuação de cada franqueado −, pois tal decisão cabe às partes.
LEGISLAÇÃO URUGUAIA X BRASIL
Na legislação brasileira encontra-se o princípio do devido processo legal expresso na Constituição Federal de 1988, que, diga-se de passagem, foi a primeira constituição brasileira a fazer referência ao referido princípio em seu texto. A nossa Lei Fundamental, em seu art. 5º, LIV, assim prevê o princípio em estudo: “ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal”. Analisando este artigo da Magna Carta brasileira, notamos que se refere a “bens” e “liberdade” como objetos jurídicos por ela tutelados, e desta forma incidindo na lei processual civil e penal. Sabemos que a existência deste princípio inserido na própria Constituição não prejudica a decretação da prisão preventiva, pois se analisarmos os requisitos da mesma, notamos que esta privação de liberdade visa à garantia do próprio processo e da aplicação da lei penal. Portanto, desde que observado o que prevê o art. 312 do Código de Processo Penal, a decretação da prisão preventiva não fere a lei maior; mas é importante que fique claro que a prisão preventiva é exceção no sistema penal brasileiro, e não a regra, principalmente após as alterações no Código de Processo Penal operadas pela Lei nº 12.403, de 2011, que criou as chamadas “medidas cautelares diversas da prisão”.
No ordenamento jurídico uruguaio, encontramos tal princípio expresso na própria Constitución de la República, em seu art. 12: “Nadie puede ser penado ni confinado sin forma de proceso y sentencia legal”. No Código del Proceso Penal, também encontramos em seu artigo 1º: “(Debido proceso legal). – No se aplicarán penas ni medidas de seguridad sino en cumplimiento de una sentencia ejecutoriada emanada de Tribunal competente, en virtud de un proceso seguido en forma legal”.
Neste ponto já se podem distinguir algumas diferenças básicas entre a previsão legal deste princípio nos dois países. Enquanto o legislador brasileiro fez previsão somente na Constituição Federal, o legislador uruguaio fez a devida previsão em sua Magna Carta, em linhas gerais, e de maneira um pouco mais detalhada em seu Código de Processo Penal. Outro aspecto que difere é que o dispositivo uruguaio não faz referência a “bem” ou “propriedade”, dando tutela à liberdade individual somente.
Mas a diferença mais importante não está na maneira em que este princípio encontra-se expresso na lei de um ou de outro, ou se aqui se tutela a propriedade e lá não. O ponto crucial deste comparativo é a questão como este princípio é respeitado no processo penal de cada país. Como foi dito anteriormente, no Brasil, quando falamos em prisão preventiva falamos numa exceção à regra. No Uruguai a realidade é bem diferente...

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