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Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes Aplicações de Estruturas de Concreto Armado Aula 02: Dimensionamento de Elementos Lineares à Força Cortante Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes Conceito • No dimensionamento de uma viga de Concreto Armado geralmente o primeiro cálculo feito é o de determinação das armaduras longitudinais de flexão. O dimensionamento da armadura transversal para resistência à força cortante é geralmente feito em seguida. • O dimensionamento à força cortante é muito importante, pois a ruptura de uma viga nunca deve ocorrer por efeito de força cortante, por ser freqüentemente violenta e frágil. Modelos de Cálculo • Existe uma infinidade de teorias e modelos para análise de vigas de concreto sob força cortante, desenvolvidos geralmente com base na analogia de treliça ou de campos de compressão de concreto. • Destaques: – Modelo de treliça clássica; – Modelo de treliça generalizada. Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes • O modelo inicial de treliça, desenvolvido por RITTER e MÖRSCH, tem sido adotado pelas principais normas do mundo como a base para o projeto de vigas à força cortante. Modelos de Cálculo – Norma Brasileira • No caso específico da norma brasileira NBR 6118, ela admite dois modelos para cálculo da armadura transversal resistente à força cortante nas vigas: – Modelo de Cálculo I - treliça clássica de Ritter-Mörsch, que pressupõe ângulo fixo θ = 45° para a inclinação das diagonais comprimidas (bielas de concreto); – Modelo de Cálculo II - admite a chamada “treliça generalizada”, onde o ângulo θ pode variar de 30° a 45. Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes Regiões de análise • As vigas usuais de concreto armado são constituídas, basicamente, por regiões contínuas (regiões B). Todavia, regiões descontínuas (regiões D) ocorrem nas proximidades dos pontos de aplicação de força (reações de apoio e forças concentradas). Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes Comportamento resistente • Considere a viga biapoiada submetida a duas cargas concentradas iguais e eqüidistantes dos apoios: – Nos trechos entre as cargas o único esforço solicitante é o momento fletor; – Nos trechos de comprimento a atuam momento fletor e esforço cortante. Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes • Elemento infinitesimal entre as cargas – A tensão normal ssssx é obtida em função do momento fletor: • Abaixo da LN: ssssx é positiva (tração); • Acima da LN: ssssx é negativa (compressão). Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes – A componente ssssy é desprezada na teoria de vigas esbeltas. ssssx – tensão principal. • Nos trechos onde há esforço cortante: – Surgem tensões de cisalhamento ttttxy=ttttyx; – ssssx e ttttxy são obtidas em função do momento fletor e do esforço cortante com as fórmulas clássicas da Resistência dos Materiais; – As tensões principais ssss1 e ssss2 estão inclinadas em relação ao eixo da viga. – Na altura da LN, o ângulo de inclinação θ=45º. Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes – Até a primeira fissura, a viga se encontra no Estádio I – Análise clássica; – Quando a tensão principal ssss1 atinge a resistência à tração do concreto, surge uma fissura inclinada e a viga entra no Estádio II. Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes Trajetórias das tensões principais – Trecho entre as cargas: fissuras verticais – cortante nulo; – Trecho entre carga e apoio: fissuras inclinadas; Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes Estádio I Seções fissuradas – Estádio II Perto dos apoios – Estádio I Quase toda a extensão – Estádio II Modos de ruína • Numa viga de concreto armado submetida a flexão simples, vários tipos de ruína são possíveis, entre as quais: 1. ruínas por flexão; 2. ruptura por falha de ancoragem no apoio; 3. ruptura por esmagamento da biela; 4. ruptura da armadura transversal; 5. ruptura do banzo comprimido devida ao cisalhamento; 6. ruína por flexão localizada da armadura longitudinal. Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes 1. Ruína por flexão • Nas vigas dimensionadas nos domínios 2 ou 3, a ruína ocorre após o escoamento da armadura, ocorrendo abertura de fissuras e deslocamentos excessivos (flechas), que servem como “aviso” da ruína. • Nas vigas dimensionadas no domínio 4, a ruína se dá pelo esmagamento do concreto comprimido, não ocorrendo escoamento da armadura nem grandes deslocamentos, o que caracteriza uma “ruína sem aviso”. Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes 2. Ruptura por falha de ancoragem no apoio • A armadura longitudinal é altamente solicitada no apoio, em decorrência do efeito de arco. • No caso de ancoragem insuficiente, pode ocorrer o colapso na junção da diagonal comprimida com o banzo tracionado, junto ao apoio. • Ruptura brusca; • O deslizamento da armadura, pode causar ruptura por cisalhamento da alma. No entanto, a ruptura não decorre da força cortante, mas sim da falha na ancoragem do banzo tracionado na diagonal comprimida, nas proximidades do apoio. Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes • Efeito de arco: – O efeito de arco ocorre nas regiões D próximas aos apoios, para onde as forças (concentradas ou distribuídas) são conduzidas diretamente por um campo de tensões de compressão em forma de arco. Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes – Nas vigas usuais, o efeito de arco pode absorver então uma parcela das ações atuantes; – Provoca um aumento da resistência ao cisalhamento em vigas compactas; – Contudo, ressalta-se que o arco precisa se apoiar em um banzo tracionado bastante rígido. 3. Ruptura por esmagamento da biela • No caso de seções muito pequenas para as solicitações atuantes, as tensões principais de compressão podem atingir valores elevados, incompatíveis com a resistência do concreto à compressão com tração perpendicular (estado duplo). Tem-se, então, uma ruptura por esmagamento do concreto (ver figura). • A ruptura da diagonal comprimida determina o limite superior da capacidade resistente da viga à força cortante, limite esse que depende, portanto, da resistência do concreto à compressão. Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes 4. Ruptura da armadura transversal 3. Ruptura por esmagamento da biela 4. Ruptura da armadura transversal • Corresponde a uma ruína por cisalhamento, decorrente da ruptura da armadura transversal (ver figura slide anterior). • Tipo mais comum de ruptura por cisalhamento, resultante da deficiência da armadura transversal para resistir às tensões de tração devidas à força cortante, o que faz com que a peça tenha a tendência de se dividir em duas partes. Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes 5. Ruptura do banzo comprimido devida ao cisalhamento • No caso de armadura de cisalhamento insuficiente, essa armadura pode entrar em escoamento, provocando intensa fissuração (fissuras inclinadas), com as fissuras invadindo a região comprimida pela flexão. • Isto diminui a altura dessa região comprimida e sobrecarrega o concreto, que pode sofrer esmagamento, mesmo com momento fletor inferior àquele que provocariaa ruptura do concreto por flexão (ver figura). Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes 5. Ruptura do banzo comprimido devida ao cisalhamento 6. Ruína por flexão localizada da armadura longitudinal 6. Ruína por flexão localizada da armadura longitudinal • A deformação exagerada da armadura transversal pode provocar grandes aberturas das fissuras de cisalhamento. O deslocamento relativo das seções adjacentes pode acarretar na flexão localizada da armadura longitudinal, levando a viga a um tipo de ruína que também decorre do cisalhamento (ver figura no slide anterior). Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes Modelo de treliça • O modelo clássico de treliça foi idealizado por Ritter e Mörsch, no início do século XX, e se baseia na analogia entre uma viga fissurada e uma treliça. • Considerando uma viga biapoiada de seção retangular, Mörsch admitiu que, após a fissuração, seu comportamento é similar ao de uma treliça, formada pelos elementos: Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes • Banzo superior – cordão de concreto comprimido; • Banzo inferior – armadura longitudinal de tração; • Diagonais comprimidas – bielas de concreto entre as fissuras; • Diagonais tracionadas – armadura transversal (de cisalhamento). Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes Modelo de treliça – Hipóteses básicas • Essa analogia de treliça clássica considera as seguintes hipóteses básicas: – fissuras, e portanto as bielas de compressão, com inclinação de 45°; – banzos paralelos; – treliça isostática; portanto, não há engastamento nos nós, ou seja, nas ligações entre os banzos e as diagonais; – armadura de cisalhamento com inclinação entre 45° e 90°. Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes Modelo de treliça – imperfeições da analogia • Porém, resultados de ensaios comprovam que há imperfeições na analogia e treliça clássica. Isso se deve principalmente a três fatores: – a inclinação das fissuras é menor que 45°; – os banzos não são paralelos; há o arqueamento do banzo comprimido, principalmente nas regiões dos apoios; – a treliça é altamente hiperestática; ocorre engastamento das bielas no banzo comprimido, e esses elementos comprimidos possuem rigidez muito maior que a das barras tracionadas. Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes Modelo de treliça • Para um cálculo mais refinado, tornam-se necessários modelos que considerem melhor a realidade do problema. Por esta razão, como modelo teórico padrão, adota-se a analogia de treliça, mas a este modelo são introduzidas correções, para levar em conta as imprecisões verificadas. Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes Dimensionamento ao esforço cortante – Treliça de Mörsch • Nesse modelo imagina-se que, após a fissuração, o esforço cortante é equilibrado pela associação: – bielas comprimidas de concreto; – diagonais tracionadas acompanhando as trajetórias das tensões principais – estribos; Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes • No modelo original, Mörsch admitiu que as bielas de compressão estivessem inclinadas a 45º em relação ao eixo da viga – Treliça Clássica: – sabe-se que a teoria clássica da treliça fornece uma armadura transversal superior à necessária. Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes Estribos inclinados Estribos verticais Treliça generalizada de Mörsch Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes • Na figura indica-se um trecho de viga submetido ao esforço cortante V d e a treliça em seu interior: – Ângulo de inclinação das bielas – θ; – Ângulo dos estribos – α; – Braço de alavanca obtido no dimensionamento à flexão simples – z; – Distância entre duas bielas sucessivas: Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes Região fissurada por ação de MSd e VSd Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes • Considerando o equilíbrio da seção: – a força resultante das tensões e compressão na diagonal comprimida pode ser escrita como : Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes – A tensão na diagonal comprimida: Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes Reescrevendo: A ruína da viga, no caso de ruptura da diagonal comprimida, pode ocorrer de modo típico à ruína por força cortante-tração, com a tração provocada pela aderência com os estribos. Considerando: Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes Fator de redução da resistência de cálculo do concreto indicado no CM – CEB-FIP (1990), em virtude das tensões no concreto não serem uniformes. Coeficiente que leva em conta a redução de resistência do concreto em região com tração na direção perpendicular, que é o caso da diagonal comprimida. • No caso de se adotar o Modelo Clássico da Treliça, com o ângulo de inclinação da diagonal comprimida θ = 45º e estribos perpendiculares ao eixo longitudinal do elemento estrutural (α = 90º), resulta: • A equação é a indicada na ABNT NBR 6118:2003 para a verificação da compressão da diagonal comprimida quando se adota o Modelo de Cálculo I. Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes Equação para cálculo da área da armadura transversal Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes • Analisando o polígono de força em equilíbrio e observando que a força Rsw é a resultante das tensões de tração nos estribos inclinados de ângulo α em relação ao eixo longitudinal da viga, distribuídos no comprimento indicado, pode-se escrever: Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes • A força resistente de um estribo é calculada por: Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes • Pelo esquema de distribuição das barras da armadura transversal, o número de barras da armadura transversal distribuídas no trecho de comprimento ac pode ser calculado por: – sendo que s é o espaçamento entre os estribos medido ao longo do eixo do elemento estrutural linear. • Considerando: Aplicações de Estruturas de Concreto Armado - Profª. Hileana Fernandes • A força resistente resultante é dada: • Manipulações matemáticas: • No caso do Modelo I no qual se adota θ = 45º a equação pode ser escrita como:
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