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DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA

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3 A DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA 
 
 Haja vista, um a das características principais d a personalidade jurídica é a sua total 
autonomia em relação aos membros, pessoas naturais, que a constituem. “Essa independência 
revela-se no patrimônio, nas relações jurídicas e na responsabilidade civil, sabido que o novo 
ente não responde pelos atos de seus membros, nem estes por atos daquele, salvo expressa 
disposição legal ou contratual.”
 
 
 Mas os atos praticados em nome da pessoa jurídica são, necessariamente, efetivados 
pelas pessoas naturais que a constituem, que a presentam, fazendo da personalidade jurídica, 
muitas vezes, um véu para encobrir atos ilícitos ou abuso de direitos. 
No ordenamento jurídico brasileiro, a desconsideração da personalidade jurídica é um 
instituto relativamente novo, que ainda precisa de algumas regulamentações, principalmente 
no campo processual. Mas a história do instituto remete a outros ordenamentos, que já 
previram situações semelhantes em outras épocas
A desconsideração da personalidade jurídica no Código Civil 
 
Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, 
ou pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério 
Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas 
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios 
da pessoa jurídica (art. 50 do CC)
O juiz está autorizado a ignorar a autonomia patrimonial da pessoa jurídica sempre que 
esta é manipulada na realização de fraudes, seja no desvio de sua função social, ou seja, 
utilizada contrariamente às suas finalidades, seja em casos de confusão patrimonial entre o 
patrimônio da pessoa jurídica e das pessoas naturais que a constituem, ou entre a pessoa 
jurídica e outra pessoa jurídica
Esse desvio de função da pessoa jurídica traz à mente a figura do negócio indireto, que 
pode ser definido como aquele em que as partes se propõem a alcançar uma finalidade que 
não é a finalidade típica, segundo a lei, do negócio jurídico escolhido. O negócio indireto 
pode ser lícito ou ilícito , e sua nulidade não est á na causa, e sim no fim perseguido pelas 
partes. A disregard doctrine surgiria, então, como um recurso jurídico contra essa utilização 
indireta da pessoa jurídica
O abuso do direito corresponde a um mau-uso do direito, ou seja, “ao exercício normal 
de um direito, estando o seu titular, todavia, desviando o fim econômico-social para o qual 
aquele direito foi criado.”
Aspectos processuais da desconsideração da personalidade jurídica 
 
A desconsideração da personalidade jurídica trata-se de um poder que é expressamente 
outorgado ao jui z, condicionado ao requerimento da parte ou do Ministério Público, e cuja 
utilização não atingirá sit uações processuais já constituídas ou direitos processuais 
adquiridos, mas, sim, implicará a constituição de novas s ituações juríd icas.
 
Conceito de pessoa jurídica e os efeitos de sua 
personalidade 
 
Pessoas jurídicas são entidades a que a lei empresta personalidade, 
capacitando-as a serem sujeitos de direitos e obrigações. A sua principal 
característica é a de que atuam na vida jurídica com personalidade diversa da 
dos indivíduos que as compõem, ou seja, adquire autonomia patrimonial, pois 
todo acervo de bens da sociedade não se confunde com o patrimônio particular 
de cada membro da sociedade. 
Ante esta certeza, os administradores, não raros, excedem os limites legais, 
praticando atos que se consideram abusivos da personalidade jurídica. 
 
A aplicação da teoria da desconsideração da personalidade jurídica é 
instrumento necessário para proteger as sociedades, que passam a sofrer as 
consequências da má gestão exercida por seus empreendedores/investidores, 
que praticam atos impróprios aos objetivos sociais, desviando a finalidade da 
sociedade, a teoria em referência é um recurso que deve ser aplicado sempre 
que a pessoa jurídica for utilizada a fins estranhos ao seu interesse social e 
coletivo. 
 
Todavia, quando se fala em desconsiderar a personalidade jurídica não se trata 
de despersonalizar a sociedade, ou seja, anular os atos por ela praticados na 
forma da lei (CC, arts. 45 e 985). É superar a personalidade, no caso concreto, 
para atingir os sócios da pessoa jurídica, deixando, porém, a sociedade 
exercer suas atividades para o fim que foi criada. 
 
3. Finalidade da desconsideração da personalidade jurídica 
 
A utilização da desconsideração da personalidade jurídica deve ser aplicada 
aos casos previstos em lei, e não de forma ampla ou genérica. 
Em muitas situações os sócios ou acionistas administradores das sociedades, 
sejam elas de capital ou pessoas, acabam agindo com excesso de poder ou 
má-fé, contrariam o contrato e estatuto social da sociedade, ou até mesmo as 
leis. Nestas situações seria justa a utilização da desconsideração da personalidade, para alcançar os bens particulares dos representantes da pessoa jurídica. 
 
Diante da má utilização da pessoa jurídica a teoria da desconsideração da 
personalidade jurídica visa a servir de escudo protetivo aos credores, para 
coibir os sócios e administradores a não agirem de forma fraudulenta contra 
terceiros. A teoria da penetração, como também é denominada, enseja aí 
corrigir o abuso praticado. 
 
Todavia, a teoria da desconsideração estará sempre protegendo os tipos 
societários existentes, dando ao magistrado autonomia para descaracterizar a 
separação dos bens particulares dos sócios, e transferindo as estes a 
responsabilidades pessoais pelos prejuízos causados contra terceiros que 
poderão requerer a aplicação da teoria sempre que houver abuso da 
personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela 
confusão patrimonial. 
 
3.1. Pressupostos de admissibilidade 
 
a) A teoria da desconsideração da personalidade jurídica é aplicada 
somente nas sociedades constituídas regularmente, providas de 
personalidade, ou seja, nas sociedades que praticaram todos os atos 
para sua existência legal (CC, arts. 45 e 985). 
b) Somente será aplicada nas sociedades, em que pelo menos um dos 
sócios tenha responsabilidade limitada. 
c) Para efetiva aplicação da teoria desconsideração da pessoa jurídica, há 
de se considerar os rudimentos que formam os requisitos de 
admissibilidade, tais como a fraude, o abuso de direito, o excesso de 
poder, a má administração, a confusão patrimonial e o desvio de 
personalidade. 
 
Importante destacar que o simples fato da sociedade se tornar infrutífera e 
insolvente não são elementos para aplicação da teoria da desconsideração 
da personalidade jurídica. É necessário à existência dos requisitos de 
admissibilidade mencionados a pouco para sua aplicação. 
 
4. Conclusão 
 
Diante do exposto, pode-se perceber que a teoria desconsideração da 
personalidade jurídica somente é aplicada mediante a caracterização do caso 
concreto em certos pressupostos de admissibilidade (teoria maior), ou seja, 
esta teoria não é aplicada a generalidade de casos que envolvem a sociedade 
empresária (teoria menor). Portanto, podemos concluir que com relação à 
autonomia patrimonial e personificação das sociedades, são regras no 
ordenamento pátrio e seu afastamento temporário uma exceção; a 
desconsideração da personalidade jurídica é exceção em nosso sistema 
jurídico.

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