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MECANISMOS DE RESISTÊNCIA BACTERIANA AOS ANTIMICROBIANOS MICROBIOLOGIA BÁSICA PROF.MARIANA CALDEIRA RODRIGUES ORIGEM DE RESISTÊNCIA AOS FÁRMACOS AVANÇO DA MEDICINA - ANTIBIOTICO DESENVOLVIMENTO DE RESISTÊNCIA – PREOCUPAÇÃO CRESCENTE ORIGEM DE RESISTÊNCIA AOS FÁRMACOS Os antibióticos representam, sob um determinado ponto de vista, uma doença para uma bactéria. Quando expostos a um novo antibiótico pela primeira vez, a suscetibilidade dos micróbios tende a ser elevada, assim como sua taxa de mortalidade. Nessas condições, apenas alguns poucos sobrevivem dentro de uma população de bilhões de indivíduos. Os sobreviventes normalmente apresentam alguma característica genética responsável por sua sobrevivência. RESISTÊNCIA AOS ANTIMICROBIANOS Com frequência bactérias utilizam mais de uma estratégia para evitar a ação dos antimicrobianos. A ação conjunta de múltiplos mecanismos pode produzir um acentuado aumento da resistência. Para adquirir resistência, a bactéria deve alterar seu DNA, material genético, que ocorre de duas formas: 1. indução de mutação no DNA nativo 2. introdução de um DNA estranho - genes de resistência - que podem ser transferidos entre gêneros ou espécies diferentes de bactérias. RESISTÊNCIA AOS ANTIMICROBIANOS A resistência a drogas frequentemente é carreada por plasmídeos ou por pequenos segmentos de DNA denominados transposons. Pode ser adquirida também mediante transformação, resultando em trocas de DNA cromossômico, com subsequente recombinação interespécies. RESISTÊNCIA AOS ANTIMICROBIANOS Mutações - transmitidas por mecanismos normais de reprodução, e as células filhas passam a carregar a característica genética dos micróbios parentais. alta taxa de reprodução das bactérias curto período de tempo para que quase toda a população passe a ser resistente ao novo antibiótico. CONCEITOS BÁSICOS resistência • é a forma que as bactérias encontram para neutralizar o efeito do antibiótico. Uma bactéria é considerada resistente a determinado antibiótico quando continua a multiplicar-se na presença de níveis terapêuticos desse antibiótico. tolerância • tolerância aos antimicrobianos é definida como a capacidade da bactéria mostrar-se sensível à concentração inibitória mínima (CIM) do antibiótico, porém apresenta-se com maior capacidade de sobreviver na presença da droga, ou seja, não sofre a ação da concentração bactericida mínima (CBM) habitual. Em termos práticos, a bactéria é incapaz de multiplicar-se, mas ainda pode permanecer viável no sítio da infecção. persistência • não são resistentes aos antibióticos mas continuam simplesmente a existir em um estado dormente ou inativo quando expostas ao tratamento antibacteriano. Estas bactérias mais tarde “despertam” quando esse tratamento se acaba, recomeçando suas tarefas prejudiciais. Esse mecanismo ainda não está claro!! CONCEITOS BÁSICOS Resistência Natural: decorrente de características inerentes à célula bacteriana e que já existe antes da exposição a um determinado antibiótico. Exemplos Anaeróbios: aminoglicosídeos; Aeróbios: metronidazol; gram +: polimixina; gram -: rifampicina. Resistência adquirida: surge quando cepas resistentes emergem de populações bacterianas originalmente sensíveis em geral, após exposição. Resulta de uma alteração genética. MECANISMOS BIOQUÍMICO DE RESISTÊNCIA MECANISMOS BIOQUÍMICO DE RESISTÊNCIA 1. DESTRUIÇÃO OU INATIVAÇÃO ENZIMÁTICA DA DROGA As β-lactamases hidrolisam a ligação amida do anel beta-lactâmico, destruindo, o local onde os antimicrobianos β-lactâmicos ligam-se às PBPs bacterianas e através do qual exercem seu efeito. O anel β-lactâmico (estrutura presente em alguns ATB), é alvo de enzimas β-lactamases que hidrolisam seletivamente essa estrutura. Antibióticos β- lactâmicos agem pela ligação à PBP (proteína de ligação à penicilina) membrana plasmática bacteriana Síntese de peptideoglicanos e a formação da parede celular. peptideoglicanos e a formação da parede celular. MECANISMOS BIOQUÍMICO DE RESISTÊNCIA 1. DESTRUIÇÃO OU INATIVAÇÃO ENZIMÁTICA DA DROGA • São enzimas codificadas em cromossomos ou sítios extracromossômicos através de plasmídeos ou transposons. Descritas numerosas β-lactamases diferentes. • Esses compostos (ácido clavulânico, sulbactam, tazobactam) foram combinados com as penicilinas para restaurar sua atividade Desenvolvidos β- lactâmicos capazes de se ligarem irreversivelmente às β-lactamases, inibindo-as. MECANISMOS BIOQUÍMICO DE RESISTÊNCIA 1. DESTRUIÇÃO OU INATIVAÇÃO ENZIMÁTICA DA DROGA BACTÉRIAS GRAM-NEGATIVAS Papel das β-lactamases na resistência bacteriana é complexo e extenso. Grande quantidade de enzimas; muitas delas inativam vários antimicrobianos β-lactâmicos Os genes que codificam essas β-lactamases estão sujeitos a mutações e são transferidos de modo relativamente fácil. β- lactamases de espectro estendido (ESBL), mediadas por plasmídeos, inativam as cefalosporinas de terceira geração e os monobactâmicos como ocorre em cepas de Klebsiella pneumoniae. MECANISMOS BIOQUÍMICO DE RESISTÊNCIA 1. DESTRUIÇÃO OU INATIVAÇÃO ENZIMÁTICA DA DROGA Afeta principalmente antibióticos que são produtos naturais: penicilinas e cefalosporinas. Grupos de antibióticos totalmente sintéticos, como as fluoroquinolonas, apresentam menor probabilidade de serem afetados dessa maneira, embora possam ser neutralizados de outras formas. MECANISMOS BIOQUÍMICO DE RESISTÊNCIA 1. DESTRUIÇÃO OU INATIVAÇÃO ENZIMÁTICA DA DROGA Algumas bactérias altamente adaptáveis chegaram a desenvolver resistência contra combinações de antibióticos que incluem o ácido clavulânico (inibidor de β-lactamases). Streptococcus pneumoniae, também desenvolveu resistência aos antibióticos β-lactâmicos. MECANISMOS BIOQUÍMICO DE RESISTÊNCIA 2. PREVENÇÃO DA ENTRADA NO SÍTIO-ALVO DENTRO DO MICRÓBIO (alteração da permeabilidade) A permeabilidade da membrana celular é essencial para que o antibiótico tenha o efeito desejado, quer seja bactericida quer bacteriostático. Alguns mutantes bacterianos modificaram a abertura das porinas de forma que os antibióticos são incapazes de entrar no espaço periplasmático. A permeabilidade dessa membrana reside na presença das porinas, que estabelecem canais específicos pelos quais as substâncias podem passar para o espaço periplasmático e, em seguida, para o interior da célula. Qualquer diminuição na função ou quantidade de porinas levará à resistência da bactéria ao antibiótico, baixando o nível de antibiótico no interior da bactéria. MECANISMOS BIOQUÍMICO DE RESISTÊNCIA 2. PREVENÇÃO DA ENTRADA NO SÍTIO-ALVO DENTRO DO MICRÓBIO (alteração da permeabilidade) Bactérias gram-negativas são relativamente mais resistentes a antibióticos devido à natureza de suas paredes celulares, que restringem a absorção de moléculas e seu movimento por aberturas denominadas porinas. A permeabilidade limitada constitui uma propriedade da membrana celular externa de lipopolissacarídeo das bactérias Gram-negativas. MECANISMOS BIOQUÍMICO DE RESISTÊNCIA 2. PREVENÇÃO DA ENTRADA NO SÍTIO-ALVO DENTRO DO MICRÓBIO (alteração da permeabilidade) A permeabilidade limitada é responsável pela resistência intrínseca dos bacilos Gram-negativos à penicilina, eritromicina, clindamicina e vancomicina e pela resistência de Pseudomonas aeruginosa ao trimetoprim. Uma alteração na porina específica da membrana celular externa de P. aeruginosa, pela qual o imipenem geralmente sedifunde, pode excluir o antimicrobiano de seu alvo, tornando P. aeruginosa resistente ao imipenem. MECANISMOS BIOQUÍMICO DE RESISTÊNCIA 3. ALTERAÇÕES NO SÍTIO-ALVO DA DROGA Alteração do local-alvo onde atua determinado antimicrobiano, de modo a impedir a ocorrência de qualquer efeito inibitório ou bactericida. As bactérias podem adquirir um gene que codifica um novo produto resistente ao antibiótico, substituindo o alvo original. Pequenas modificações no sítio podem neutralizar os efeitos dos antibióticos sem que ocorram alterações significativas nas funções celulares. MECANISMOS BIOQUÍMICO DE RESISTÊNCIA 3. ALTERAÇÕES NO SÍTIO-ALVO DA DROGA Staphylococcus aureus resistente à oxacilina e estafilococos coagulase-negativos adquiriram o gene cromossômico Mec A e produzem uma proteína de ligação da penicilina (PBP ou PLP) resistente aos β-lactâmicos, que é suficiente para manter a integridade da parede celular durante o crescimento, quando outras PBPs essenciais são inativadas por antibimicrobianos β-lactâmicos. Cepas de MRSA se tornaram resistentes porque desenvolveram uma PBP adicional, modificada. Os antibióticos continuam a inibir a ação da PBP normal. Contudo, a PBP adicional presente nas células mutantes, embora se ligue fracamente ao antibiótico, permite a síntese de uma parede celular adequada à sobrevivência do MRSA (Staphylococcus aureus resistentes à oxacilina ou meticilina) MECANISMOS BIOQUÍMICO DE RESISTÊNCIA 4. EFLUXO RÁPIDO (EJEÇÃO) DO ANTIBIÓTICO Bombeamento ativo de antimicrobianos do meio intracelular para o extracelular, isto é, o seu efluxo ativo, produz resistência bacteriana a determinados antimicrobianos. Certas proteínas na membrana plasmática de bactérias gram-negativas agem como bombas que expelem os antibióticos, impedindo que alcancem uma concentração efetiva. Mecanismo originalmente observado na tetraciclina, mas também é responsável pela resistência a praticamente todas as principais classes de antibióticos. As bactérias normalmente apresentam muitas dessas bombas de efluxo para eliminar substâncias tóxicas. PREVENÇÃO DA RESISTÊNCIA Prevenção da resistência Cumprir todo o tratamento prescrito Evitar ATB de amplo espectro de ação sem indicação, o que ajuda a diminuir as chances de que um antibiótico gere inadvertidamente resistência dentro da microbiota normal do paciente. Evitar prescrições desnecessárias e garantir que a escolha e a dosagem dos antimicrobianos sejam apropriadas à situação. Não usar um antibiótico prescrito para outra pessoa. Não utilizar sobras de antibióticos para tratar uma nova doença.
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