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Princípios da Antibioticoterapia com foco na odontologia & Resistência microbiana: · Antimicrobianos - mecanismo de ação: · Histórico Penicilina – 1° antibiótico, fungo penicílio inibia o crescimento da bactéria - Antimicrobianos para bactérias/ antibacteriana: inclui antibióticos (antimicrobianos produzidos de maneira natural, ex: penicilina) e quimioterápicos (produzidos sinteticamente) *A partir de antimicrobianos naturais os laboratórios induzem modificações nas moléculas produzindo os antimicrobianos sintéticos. · Ação dos antimicrobianos - Bactericida – ação de morte = redução brusca de células vivas/ viáveis e estabilidade de células totais (células morrem, mas a célula continua na cultura, sendo contada no número de células totais) - Bacteriostático – ação estática = impede o crescimento da bactéria, estabilização no número de células totais e viáveis - Bacteriolítico – ação lítica = declínio brusco de células viáveis e totais, porque a célula sofreu lise (não tem a célula integra para ser contada) · Uso clínico dos antimicrobianos: · Terapêutico: o paciente está com a doença, usado no tratamento · Profilático: o paciente não tem a doença, usado na prevenção *Profilaxia mais discutida na odontologia: Profilaxia para endocardite bacteriana: - Mais provável resulte na exposição frequente aleatória associada a atividades diárias do que causada em procedimentos odontológicos - Previne um número reduzido - Risco de eventos adversos do uso - Manutenção da saúde e da higiene bucal pode reduzir a incidência de bacteriemia, sendo mais importante que a profilaxia antibiótica. · Prescrição de antimicrobianos: deve ser embasada e engloba a natureza infecciosa da doença, suspeita clínica e condição do paciente Não uso: infecção localizada, sem evidências de disseminação, sem presença de sinais sistêmicos Prescrição: manifestação sistêmicas da infecção: linfadenite, celulite, trismo, febre, taquicardia, inapetência · Check list para a prescrição de antibacterianos: 1- Existe infecção? (Febre sozinha não define) 2- Trata-se de uma infecção bacteriano? (Por que prescrever antimicrobiano se o agente etiológico é um vírus?) 2.1- Há indicação clínica para prescrição? (Descrita a cima) 3- Qual fármaco escolher? 3.1- O fármaco deve atuar frente ao microrganismo suspeito – devemos saber o agente etiológico da infecção e a eficiência tendo em vista a resistência de microrganismo a um fármaco 3.2- O fármaco deve atingir o foco infeccioso – deve considerar os abcessos, que dificulta a presença do antimicrobiano e dele atingir adequadamente o microrganismo 3.3- Qual via de administração empregar? 3.4- Qual tratamento empregado? (Dose e tempo) – devemos considerar a idade, peso e condição de resposta e fisiológica do paciente Regra: Uso de antibiótico com cautela · Toxicidade seletiva – antimicrobiano deve ser o mais tóxico possível para o microrganismo e menos tóxico possível para o ser humano. - Alvos para ação do antimicrobiano: · Parede bacteriana - representa uma alta toxicidade seletiva uma vez que seres humanos não possuem essa · Ribossomos bacterianos - ribossomos são diferentes: bacterianos 70S, humanos 80S · Enzimas envolvidas no metabolismo do folato – humano não possui · Enzimas envolvidas na replicação do DNA – enzimas um pouco diferentes da bactéria para as do ser humana · Espectro de ação: Quanto tipos diferentes de microrganismos o antimicrobiano possui ação. Exemplo: Tetraciclina – largo espectro de ação Vancomicina – baixo espectro de ação · Antimicrobiano ideal: Deve possuir ação antibacteriana seletiva, não produzir efeitos adversos graves, não induzir resistência bacteriana, ser bactericida, ser eficaz via oral e parenteral (facilidade de administração) e ser capaz de atingir o sítio de infecção. · Antimicrobiano de escolha: considera o paciente também Deve ser o mais ativo, o menos tóxico para o paciente, o de melhor custo e dependente de local da infecção e estado do paciente em relação a doença. · Mecanismo de ação dos antimicrobianos: 1- Interferência na síntese de parede celular - Boa toxicidade seletiva - Parede celular constituída por camada de peptideoglicanos - Síntese da parede celular: N- Acetil murâmicos produzem na célula se ligam nos N-acetilglicosamina e são carreadas para o exterior da célula por um carreador transmembrana, moléculas se unem formando polímero de peptideoglicanos e esses se unem pelas ligações cruzadas pelo pentapeptídeo dos N-acetil murâmico. - Qualquer etapa da síntese pode sofrer interferência pelos antimicrobianos de inibição da síntese da parede celular, assim diferentes microbianos atuam em diferentes pontos da síntese. · Beta-lactâmicos (tem em comum um anel beta-lactâmicos, componente ativo): antimicrobiano que interfere na síntese *Tipos: ~Penicilinas naturais ~Penicilinas semi-sintéticas: 1. Resistente a ação das beta-lactamase (enzima produzida por bactérias que quebram o anel beta-lactâmico) 2. De amplo espectro, exemplo: ampicilina e amoxilina ~Associação de beta-lactâmico (antimicrobiano) e inibidor da beta-lactamase (coadjuvantes) ~Cefalosporinas: 1° Geração- natural/ antibiótico Outras gerações são semi-sintéticas, a fim de ampliar o espectro ~Monobactâmicos: exemplo- Aztreonam, uso restrito a nível hospitalar ~Carbapenêmicos: uso restrito a nível hospitalar · Glicopeptídeos (antimicrobiano que interfere na síntese da parede celular) - Açúcar associado a grupo de aminoácidos -Moléculas grandes – apresentam dificuldade de atravessar a membrana externa da bactéria para atuar na parede, no caso das bactérias gram-negativas (sendo essas resistentes) - Restritos ao gram-positivos · Cicloserina: - Uso tópico na forma de pomadas, gel, porque possuem baixa toxicidade -Bactericida · Bacitracina - Uso tópico na forma de pomadas, gel, porque possuem baixa toxicidade -Bactericida 2- Interferência nas funções da membrana · Polimixinas (colistinina, polimixina B) - Bactericida - Ação de morte bacteriolítica: o antimicrobiano induz a formação de poros na membrana, e a célula se rompe por lise - Restrito a bactérias gram-negativos pela facilidade de interação com membranas por ser anfipático - Uso clínico restrito, altamente tóxicos (nefrotóxicos) 3- Interferência na síntese proteica - Várias classes de antimicrobianos atuam em diferentes etapas da síntese proteica. - Antimicrobianos possuem ação bacteriostática (as bactérias não dependem da síntese proteica - Pode ter ação bactericida (dose dependente) em alta dose, exemplo: classe macrolídeos. 4- Interferência no metabolismo de ácidos nucléicos-DNA: -Classes: Quinolonas (efetiva em bactérias gram-negativas), rifampicina e metronidazol (muito utilizado na periodontia) 5- Interferência em reações enzimáticas (análogos estruturais): - Trimetoprim e sulfonamidas – interferem na síntese do folato (importante para a síntese de DNA e RNA) humanos absorvem da dieta Sulfametozaxol interfere na conversão de PABA em ácido didrofólico Trimetropim impede que o ácido didrofólico que pode ter sobrado se converta em ácido tetraidrofólico (juntamente com precursores de proteínas DNA e RNA formaria o DNA e RNA) -Bacteriostáticos -Amplo espectro -Alta toxicidade (porque os humanos não possuem essa rota metabólica) · Resistência microbiana: · A resistência ocorre porque as bactérias são expostas no ambiente a diferentes drogas antimicrobianos (acabam selecionando bactérias resistentes) na agropecuária que se utilizam em animas para que esses engordem, embora matem a maioria das bactérias algumas conseguem sobreviver e se multiplicar ficando cada vez mais resistente a qualquer medicamento, essa multirresistência aumenta pelas trocas genéticas, podendo matar muitas pessoas · Na saúde acontece pela utilização inadequada e quantidade utilizada, também acabam selecionando bactérias resistentes · Capacidade da bactéria de evitar a ação inibitória ou letal do antibacteriano. · Importância epidemiológica da resistência: - Maior morbidade/mortalidade -Menos opções terapêuticas – bactériasmultirresistentes - Maior custo (antimicrobianos mais caros, precaução de contato, adequação de área física – isolamento no hospital-, maior permanência no hospital - Ocorrência de sustos · Como acontece a resistência microbiana? - Seleção de algumas células resistentes Comunidade bacteriana que está causando a infecção, várias células, mas algumas são diferentes geneticamente por mutação, recombinação, ou variabilidade entre outros, quando entra em contato com antimicrobiano as células sensíveis a esse morrem e as células que possuem fatores de resistências, essas crescem e colonizam o indivíduo (menor quantidade de células sensíveis). Células resistente podem fornecer a resistência a outra bactéria de forma horizontal, além da forma vertical (crescimento). - Seleção por mutação: na multiplicação celular houve algum erro na replicação genética –mutação, célula foi selecionada e se multiplica. *tem níveis de resistências diferentes, altos e baixos - Todo fator limitante para a maioria é uma oportunidade para a minoria - Antimicrobiano mata células sensíveis a menor parte que é resistente permanece viva, essa parte se multiplica e cresce em número. Um segundo antimicrobiano mata as células sensíveis, e permanece a menor parte que são de células resistentes = superbactérias (resistentes ao 1° e 2° antimicrobiano utilizado) · Tipos de resistência bacteriana: · Resistência intrínseca - característica própria da espécie que acarreta a resistência, a bactéria não faz nada para se tornar - Micoplasmas (desprovidos de parede celular) – resistente a penicilina (interfere na parede celular) - Bacilos gram-negativos são intrinsicamente resistentes (por terem a membrana externa) ao antimicrobiano glicopeptídeos - Anaeróbios x Aminoglicosídeos - Enterococos x Cefalosporinas · Resistência adquirida – alteração/ variabilidade genética nas bactérias, podendo ser por recombinação ou mutação de genes já existentes, pode ocorrer no cromossomo ou plasmídeo -> resistência adquirida cromossômica (transmissão vertical dos genes) ou plasmidial (transmissão horizontal) · Classificação de resistência de acordo com a expressão e transferência na célula · Localização - Cromossômica - estabilidade genética, expressão com frequência constitutiva (sem vai ser produzida na célula) -Extracromossômica – plasmídeo facilmente mobilizado, transferência de uma célula bacteriana a outra (horizontal) - Transposon – transferência de material genético entre cromossomo e plasmídeo ou entre células (horizontal e vertical) · Transferência - Conjugação - Transdução - Transformação · Expressão - Constitutiva: bactéria tem a informação genética e sempre expressa essa em proteína ou enzima que realiza a resistência - Indutiva: bactéria tem a informação genética e expressa essa em proteína ou enzima que realiza a resistência quando é induzida a partir do contato com antimicrobiano, e somente assim expressa - Constitutiva/ Indutiva: bactéria produz constitutivamente a resistência, mas produz em quantidade baixa e não impacta assim a energia da célula, quando entra em contato com antimicrobiano, aumenta a expressão de proteínas que acarretam a resistência · Mecanismos gerais de resistência: 1- Inativação das drogas - bactérias produzem enzimas que inativam a droga Exemplo: beta-lactâmicos inativados pela beta-lactamase (enzima produzida por bactérias que quebram o anel beta-lactâmico), aminoglicosídeos, cloranfenico 2- Alteração da permeabilidade da membrana celular e efluxo da droga – impede a droga de entrar na célula ou deixa entrar e o coloca para fora novamente, a droga não realiza a ação antimicrobiana 3- Alteração dos alvos de ação – Droga entra, mas não consegue mais atuar, bactérias alteram enzimas e esses antimicrobianos não mais efetivos 4- Alteração nas vias metabólicas e em reações enzimáticas – bactérias podem alterar as rotas para conseguir o ácido fólico ou ter uma outra enzima ou uma outra rota que permite a conversão de PABA em ácido didrofólico e esse em ácido tetraidrofólico, fazendo com que o antimicrobiano (como Sulfametozaxol e Trimetropim) não seja mais efetivo · Disseminação da resistência a drogas - Transdução: bacteriófago injeta o gene por exemplo da tetraciclina, podendo esse gene ser funcional na transdução de cromossomo ou plasmídeo. Durante a replicação do gene a bactéria pode sofrer uma mutação associado ao gene de resistência - Conjugação: gene da resistência pode ser transferido para outra célula - Transformação: fragmentos de um DNA no ambiente, de uma outra bactéria morta são adsorvidas por uma bactéria e faz parte do genoma, promovendo a variabilidade genética podendo ou não expressar · Resistência aos Betalactâmicos: *Para um antimicrobiano podem ter vários tipos de mecanismo de resistências associados - Modificação de proteínas -Impermeabilidade da membrana celular - Produção de beta-lactamase · Inibidores de beta-lactamase - Somente eficaz na resistência beta-lactamase · Terapêutica antibacteriana: direciona de acordo com a susceptibilidade da bactéria agente da doença infecciosa - Bactéria resistente: é aquela capaz de crescer in vitro em presença da concentração média que a droga atinge no sangue do hospedeiro durante o tratamento quando administrada por via oral. A célula no teste do laboratório foi resistente para uma concentração da droga que é observada no soro do paciente - Bactéria sensível: não cresce em condição laboratorial na qual dosagem que o antimicrobiano chega no soro do paciente * Antimicrobiano vai ser efetivo para terapêutico quando a bactéria no laboratório for sensível *Quando a bactéria cresce na condição laboratorial, sendo essa resistente ao antimicrobiano, e esse não é efetivo OBS: * Concentração inibitória mínima (MIC) – menor concentração da droga que inibe o crescimento daquela bactéria específica– para falar que ela é sensível Diferentes concentrações da droga em contato com a cultura bacteriana, e observar a menor concentração da droga que não teve crescimento bacteriano ? Concentração bactericida mínima (MBC) - menor concentração da droga que · Testes de sensibilidade aos antibacterianos – Kirby-Bauer mais utilizado - Diferentes concentrações de antimicrobianos, incuba até o crescimento bacteriano e avalia a presença ou inibição do halos de inibição do crescimento, mede-se o diâmetro desses halos, e compara-se na tabela de acordo com o MIC de determinada bactéria e o tamanho do halo e determina se a bactéria é resistente, intermediária ou susceptível · Testes de sensibilidade aos antibacterianos – E-teste Uma tira é impregnada com várias concentrações de um antimicrobiano, pelo tamanho de zona de inibição formada já é possível determinar o MIC e assim determina se a bactéria é ou não resistente aquela concentração · Custos da resistência a drogas - Dobra o tempo de internação -Exige arsenal terapêutico mais caro (última geração) -Dobra a mortalidade e morbidade · Responsabilidade dos dentistas: - Prescrevem antibióticos de largo espectro (por causa da característica da microbiota bucal) - Terapia normalmente é empírica (Antibiograma não precede a prescrição) - Maior parte a prescrição é desnecessária de antibióticos *Acaba havendo seleção de linhagens resistentes e consequentemente transferência de genes resistentes entre as bactérias
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