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FACULDADE BRASILEIRA MULTIVIX CURSO DE GRADUAÇÃO EM BIOMEDICINA BEATRIZ RIGHETTE CAPICHE RESISTÊNCIA BACTERIANA SÃO MATEUS – ES 2021 BEATRIZ RIGHETTE CAPICHE RESISTÊNCIA BACTERIANA SÃO MATEUS – ES 2021 Trabalho apresentado à disciplina Microbiologia Geral e Imunologia Básica do Curso de Graduação em Biomedicina da Faculdade Brasileira- MULTIVIX, como requisito para avaliação. Orientadora: Manuela Reis SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................04 2 RESISTÊNCIA BACTERIANA ...............................................................................05 3 MECANISMOS DE RESISTÊNCIA BACTERIANA ................................................06 3.1 ALTERAÇÃO DA PERMEABILIDADE DA MEMBRANA ......................................06 3.2 ALTERAÇÃO DO SÍTIO DE AÇÃO DO ANTIMICROBIANO ...............................06 3.3 BOMBA DE EFLUXO ...........................................................................................07 3.4 MECANISMO ENZIMÁTICO ................................................................................07 5 CONCLUSÃO .........................................................................................................08 6 REFERÊNCIAS ......................................................................................................09 4 1 INTRODUÇÃO A resistência bacteriana é a capacidade das bactérias de resistir a sua destruição por um antibiótico. Em 1928, Alexander Fleming descobriu um antibiótico chamado penicilina e desde então o uso de antibióticos vem salvando muitas vidas. Após essa descoberta, muitos outros já foram descobertos ao longo desses 93 anos. Com o uso em largas escala e muitas vezes indiscriminado dos antibióticos, os cientistas começaram a perceber que muitas doenças não eram mais resolvidas como antes. Isso aconteceu porque algumas bactérias se tornaram resistentes aos medicamentos disponíveis. A resistência pode acontecer por diversos fatores, mas um dos mais importantes é o uso de concentrações mais baixas do que o necessário para o tratamento de uma doença, ou escolha do antibiótico incorreto. Este trabalho tem como objetivo estudar sobre a resistência bacteriana, porque acontece, como evitar e a compreender os mecanismos envolvidos no desenvolvimento da resistência. 5 2 RESISTÊNCIA BACTERIANA A resistência bacteriana é um fenômeno da evolução, que ocorre quando bactérias sofrem mutações que as tornam resistentes a um medicamento. Assim, quando o tratamento com o antibiótico é feito, essas bactérias sobrevivem, enquanto as bactérias sensíveis (não resistentes) morrem. Consequentemente, o antibiótico normalmente utilizado no tratamento contra determinado tipo de bactérias passa a não ser mais eficaz, tornando o combate à infecção mais difícil e demorado, levando muitas vezes a uma piora no caso clínico do paciente. Quando um antibiótico é eficaz, a bactéria tem sua taxa de multiplicação diminuída ou é eliminada completamente do organismo, mas as bactérias resistentes são capazes de proliferar, independentemente da presença do antibiótico. A principal causa do surgimento de bactérias resistentes é o uso indiscriminado de antibióticos. O uso indiscriminado é quando se utiliza desses medicamentos sem orientação médica, a famosa automedicação, ou quando se faz o tratamento sem seguir as orientações: consumindo bebidas alcoólicas, não seguindo à risca os horários e dias prescritos ou terminado o tratamento antes da hora. Esses fatores contribuem para a seleção de bactérias resistentes, capazes de se multiplicar mais fácil e rapidamente, transmitindo seus genes de resistência para as próximas gerações. Além disso, é possível que ocorram novas mutações no material genético dessas bactérias, dando origem às superbactérias, que são resistentes a mais de um tipo de antibiótico. A organização mundial da saúde (OMS) estima que, se nenhuma medida for tomada, as superbactérias poderão causar 10 milhões de mortes até 2050, se tornando a principal causa de mortes em todo o mundo. A resistência bacteriana aos antibióticos pode ser evitada por meio de atitudes simples, como por exemplo: utilizar antibióticos apenas com recomendação médica; seguir o tempo e a dose, conforme a orientação médica, mesmo após o desaparecimento dos sintomas; não interromper o tratamento com antibióticos mesmo que haja melhora ou desaparecimento dos sintomas; utilizar antibióticos específicos para o tratamento da infecção. 6 3 MECANISMOS DE RESISTÊNCIA BACTERIANA A resistência bacteriana pode ser dividida de duas formas: intrínseca (natural) ou adquirida. A resistência natural tem características das espécies bacterianas, quando esses microrganismos são naturalmente resistentes a certos tipos de antibióticos. Ela não necessita de estruturas de atuação de antimicrobianos ou sua impermeabilidade. A resistência adquirida acontece por meio de uma alteração em nível genético da célula, de natureza cromossômica, pelos processos de mutação, transdução e transformação. Existem quatro grandes mecanismos de resistência aos antibióticos que são: Alteração da permeabilidade da membrana, Alteração do sítio de ação do antimicrobiano, Bomba de efluxo e Mecanismo enzimático. 3.1 ALTERAÇÃO DA PERMEABILIDADE DA MEMBRANA Esse mecanismo é observado quando as modificações genéticas nas proteínas da membrana diminuem a entrada do antimicrobiano para o interior da célula, conferindo resistência. É uma característica exclusiva das bactérias Gram-negativas, a membrana interna é constituída por fosfolipídios e membrana externa por lípidos, possuindo também a presença de uma proteína chamada porina no qual ela permite a entrada de certas substâncias no interior da célula bacteriana, por difusão na bicamada fosfolipídica, assim, mutações causadoras de diminuição na produção de porinas ou mesmo alteração estrutural nessas enzimas levam à redução da permeabilidade celular. 3.2 ALTERAÇÃO DO SÍTIO DE AÇÃO DO ANTIMICROBIANO Outra forma de resistência bacteriana é pela modificação da molécula da ação dos antibióticos. O sítio de ação no qual o antibiótico foi criado para atuar pode ser modificado de maneira que a sua estrutura possa apresentar baixa ou nenhuma afinidade pelo agente antibacteriano. Por exemplo, a bactéria Staphylococcus aureus pode adquirir o gene de resistência mecA e produzir uma nova proteína de ligação à penicilina. Essas proteínas são necessárias para a síntese da parede celular bacteriana e são os alvos dos antibióticos β-lactâmicos. A nova proteína de ligação à penicilina tem baixa afinidade para os antibióticos β-lactâmicos e, portanto, é resistente aos 7 medicamentos, e as bactérias sobrevivem ao tratamento. Este tipo de resistência é a base do MRSA (Staphylococcus aureus resistente à meticilina). Às vezes, as bactérias podem produzir uma variante diferente de uma estrutura de que necessita. Por exemplo, as bactérias resistentes à vancomicina formam uma parede celular diferente em comparação com as bactérias suscetíveis. O antibiótico não é capaz de interagir tão bem com esse tipo de parede celular. As bactérias às vezes podem produzir enzimas que são capazes de adicionar diferentes grupos químicos aos antibióticos. Isso, por sua vez, proíbe a ligação entre o antibiótico e seu alvo na célula bacteriana. 3.3 BOMBA DE EFLUXO Bombas de efluxo são capazes de bombear ativamente do meio intracelular para o extracelular, os antibióticos para fora da célula reduzindo assim a concentração de antibióticos dentroda célula bacteriana. Em alguns casos, as mutações no DNA bacteriano podem fazer com que a bactéria produza mais de uma determinada bomba, o que, por sua vez, aumenta a resistência. As bactérias podem produzir bombas que ficam em sua membrana ou parede celular e podem transportar uma variedade de compostos, como moléculas de sinal e nutrientes. Esse mecanismo é originalmente observado em tetraciclinas, mas também é responsável pela resistência a praticamente todas as classes de antibióticos. As bactérias que geralmente apresentam essa característica atuam como se fossem bombas de efluxo para eliminar substâncias tóxicas. 3.4 MECANISMO ENZIMÁTICO É o principal mecanismo de resistência adquirida contra antibióticos beta-lactâmicos (penicilinas, cefalosporinas, etc.). As bactérias agem pela produção de enzimas que irá desativar ou destruir o fármaco, impedindo o mesmo de fazer efeito. Existem enzimas bacterianas que podem inativar os antibióticos. Um exemplo é a β-lactamase que destrói o componente ativo (o anel β-lactâmico) das penicilinas, antibióticos extremamente importantes para o tratamento de infecções humanas. Nos últimos anos, as bactérias que produzem β-lactamases de espectro estendido, as chamadas bactérias produtoras de ESBL, se tornaram um grande problema. Eles podem degradar um amplo espectro de antibióticos β-lactâmicos, às vezes também os medicamentos de último recurso disponíveis para infecções por essas bactérias. 8 5 CONCLUSÃO Considera-se que a resistência bacteriana é um fenômeno crescente que vem sendo enfrentado mundialmente. No Brasil, segundo dados da Anvisa, cerca de 25% das infecções registradas são causadas por organismo resistentes. No mundo todo, as infecções bacterianas matam 700 mil pessoas por ano. Como foi estudado anteriormente, existem vários mecanismos que fazem a bactéria se tornar resistente a determinados antibióticos. O uso excessivo e inadequado dos antibióticos e outros antimicrobianos é a principal causa dessa resistência, pois o seu uso irracional ajuda a acelerar esse processo. Quanto mais resistentes é uma bactéria, mais difícil é seu tratamento, já que há cada vez menos antibióticos capazes de tratar aquela infecção. A resistência, é, e sempre será, um problema a ser combatido, tornando uma preocupação para todos os profissionais de saúde e público em geral. Portanto, deve- se prestar atenção nas medicações que toma e sempre utilizar sob prescrição médica, fazendo seu uso corretamente, sem contar que utilizar antibióticos por conta própria é arriscado para a sua saúde e para a saúde de todos no futuro. 9 6 REFERÊNCIAS BLACK, Laura J.; BLACK, Jacquelyn G. Microbiologia Fundamentos e perspectivas. 10ª Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. Https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/atm_racional/modul o1/res_principais.htm. Acesso: 12/04/2021. Https://www.anvisa.gov.br/servicosaude/controle/rede_rm/cursos/rm_controle/opas_ web/modulo3/mecanismos.htm. Acesso em: 12/04/2021. Https://www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/noticias-anvisa/2020/resistencia- microbiana-saiba-o-que-e-e-como-evitar. Acesso em: 15/04/2021. Https://www.pfizer.com.br/noticias/ultimas-noticias/o-que-e-resistencia-bacteriana. Acesso em: 15/04/2021.
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