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por Ayoub (2003) como, provavelmente, devidos à nossa história recente e também porque a modalidade ginástica não é uma manifestação da cultura corporal muito difundida em nosso país. Além disso, podem ser incluídos fatores tais como: a pouca estrutura para a prática das modalidades ginásticas em nosso país e também a dificuldade de formação profissional com competências para trabalhar nesta área. 21 Re vi sã o: K le be r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 06 /0 7/ 20 16 GINÁSTICA GERAL Constata‑se, no entanto, que apesar de todas as dificuldades enfrentadas, houve avanços, e a participação do Brasil em eventos internacionais tem crescido significativamente. Nunomura e Tsukamoto (2009) apresentam alguns fatores que colaboraram para a ampliação do desenvolvimento da GG no Brasil: • a adesão de professores universitários a esse campo de conhecimento em suas aulas de ginástica geral nos cursos de educação física; • a organização de festivais por diferentes instituições; • a participação do Brasil na Gymnaestrada; • a implantação da GG em diversos clubes, escolas e associações; • a criação de grupos de GG com diferentes públicos: ex‑atletas, crianças, idosos, portadores de deficiências diversas, alunos de escolas e universitários etc. Tais fatores têm contribuído, ainda que de forma tímida, segundo os autores citados, para o desenvolvimento dessa modalidade no Brasil. A partir de 2006, a FIG determinou que o nome ginástica geral fosse substituído por ginástica para todos, visando difundir e caracterizar de forma mais efetiva a compreensão de que sua prática deve ser absolutamente adaptada às características de seus praticantes e enfatizar a importância da compreensão dessa manifestação como uma vivência inclusiva e de demonstração, ou seja, não há caráter competitivo nos eventos que se organizam para as manifestações. A referida nomenclatura, no entanto, não foi assumida por todas as esferas que participam do universo ginástico; pode‑se observar essa referência nos currículos universitários, por exemplo, que não trocaram o nome da disciplina dos cursos de graduação. O princípio da ginástica para todos deve ser a liberdade na utilização, tanto dos fundamentos quanto das possibilidades de manifestação dos elementos corporais, bem como dos materiais e equipamentos que fazem parte dessa vivência. Seguem ainda este princípio o número de participantes, as vestimentas e a idade dos participantes. Na Unidade III falaremos especificamente sobre o tema. 3.1.1 Benefícios das ginásticas De acordo com a obra de Toledo (2001), apresentaremos a seguir os princípios e valores que devem ser desenvolvidos nas aulas, treinos e nos eventos de ginástica geral. São eles: • Valorização cultural Os elementos da cultura, assim como as vivências dos indivíduos, devem ser utilizados como fatores fundamentais para a criação das aulas e das coreografias. Nessas vivências, a integração dos diferentes elementos da cultura corporal deve ser explorada e estimulada como possibilidade de aprofundamento do conhecimento e da valorização da cultura regional. 22 Re vi sã o: K le be r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 06 /0 7/ 20 16 Unidade I • Diversidade A liberdade na utilização dos materiais, das vestimentas, dos elementos corporais e das manifestações da cultura, além da valorização das potencialidades individuais, sem desconsiderar a importância do grupo, permitem que a educação para o respeito à diversidade ocorra da melhor maneira possível, ou seja, através das vivências e das experiências do grupo. Nesse sentido, o conceito de diversidade extrapola todos os limites da teoria e passa a fazer parte das práticas cotidianas do grupo, colaborando para o crescimento e o fortalecimento deste. Portanto, ginástica geral é uma prática educativa. • Regras simples Os princípios da ginástica geral visam ampliar ao máximo a efetiva participação dos praticantes isso significa dizer que todos são responsáveis e que a colaboração de todos é fundamental para o grupo. Para tanto, é importante que os elementos fundamentais de sua prática sejam amplamente reconhecidos. A ausência de competição, a indefinição do número de participantes, bem como de faixa etária e também do sexo dos praticantes, deve servir de estímulo à criatividade. Apesar do reconhecimento de que ginástica geral é, antes de tudo, ginástica, a possibilidade de construção de diferentes propostas é ilimitada! • Criatividade A inexistência de elementos corporais obrigatórios amplia significativamente as possibilidades criativas da ginástica geral, pois não há “protocolos” a serem seguidos. Somem‑se a isso a oportunidade de utilização dos mais diversos materiais e a adaptação de aparelhos ou a utilização não usual dos aparelhos oficiais das diferentes modalidades das ginásticas e a liberdade na construção das coreografias, pode‑se esperar que as propostas e as apresentações de ginástica geral sejam muito criativas. Aliás, faz parte da expectativa dos participantes e do público frequentador de eventos de ginástica geral serem surpreendidos pelas performances inéditas e criativas dos grupos. Afinal, não podemos esquecer que o princípio básico da GG é a alegria e o prazer em sua prática e fruição. • Interação social Participar de grupos ou de eventos de ginástica geral é, primordialmente, relacionar‑se. O convívio e o encontro com os outros deve possibilitar a ampliação das percepções da diversidade de manifestações e de indivíduos que devem ser incluídos. Cooperar é uma condição fundamental na ginástica geral a prática é feita com o outro e não contra o outro. Assim, colaborar com a participação do outro, criar diferentes possibilidades de execução dos movimentos, adaptar materiais e equipamentos são parte do processo de construção das coreografias, que devem ser elaboradas sempre em função do grupo e das suas características, possibilidades e limitações. Outra característica importante é a troca de conhecimentos e de experiências com os outros grupos participantes dos eventos. Oficinas, workshops e vivências são partes importantes destes eventos, 23 Re vi sã o: K le be r - Di ag ra m aç ão : M ár ci o - 06 /0 7/ 20 16 GINÁSTICA GERAL pois são os momentos em que as experiências são compartilhadas e as diferentes manifestações culturais podem ser socializadas. 4 ESTRUTURA E FUNCIONAMENTO DA GINÁSTICA 4.1 Estrutura da ginástica Para melhor entender a ginástica, é necessário analisar sua estrutura organizacional no mundo. Mas antes de entrarmos na estrutura da FIG (Federação Internacional de Ginástica), falaremos um pouco dos campos de atuação da ginástica. Souza e Ayoub (2012) dizem que, devido à grande abrangência da ginástica, no decorrer dos tempos foram criadas várias modalidades com objetivos diversificados, ampliando cada vez mais as possibilidades da sua utilização, representadas em cinco grupos e seus respectivos campos de atuação: • ginásticas de condicionamento físico: englobam todas as modalidades que têm por objetivo a aquisição ou a manutenção da condição física do indivíduo (normal ou atleta). Step, localizada, GAP, abdominais, musculação, Método Pilates, aulas do sistema body etc.; • ginásticas de competição: reúnem todas as modalidades competitivas. Ginástica artística, ginástica rítmica, ginástica aeróbica esportiva, ginástica acrobática, trampolim acrobático e suas variações de provas; • ginásticas fisioterápicas: responsáveis pela utilização do exercício físico na prevenção ou no tratamento de doenças; • ginásticas de conscientização corporal: reúnem as novas propostas de abordagem do corpo, também conhecidas por técnicas alternativas ou ginásticas suaves. Têm como