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FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DO ENSINO DE GINÁSTICA RÍTMICA E ARTÍSTICA SUMÁRIO Unidade 1: História da Ginástica: concepções, métodos e escolas .............................................. Unidade 2: História da ginástica ................................................................................................... Unidade 3: Regulamentação básica da ginástica artística ........................................................... Unidade 4: Esportes Ginásticos: teorias, objetivos e prática. ....................................................... Unidade 5: Terminologias aplicadas na ginástica artística. .......................................................... Unidade 6: Segurança na ginástica artística................................................................................. INTRODUÇÃO Assumir a postura de um profissional que se apresente como mediador do conhecimento é compreender a diversidade e as complexidades que surgem na individualidade de cada educando diante de suas necessidades e potencialidades. Estudar em EaD não é uma tarefa tão fácil como muitos pensam, os desafios são constantes. Vale ressaltar que esta modalidade também permite muitas vantagens na aquisição de um curso superior, como a possibilidade da interatividade entre colegas, tutores e técnicos administrativos que auxiliam na construção da aprendizagem dentro do conforto de sua casa. O Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) disponibiliza uma gama de recursos, tecnologias da comunicação e ferramentas de apoio à aprendizagem que permitem a interação acima, entre elas estão: fóruns, chats, videoconferências, simulações e exercícios on-line. Não poderíamos esquecer que muitas pessoas gostam de ler e estudar o material de maneira física, fazendo suas anotações, grifos e dialogando com os autores a partir de comentários ou apresentando dúvidas para serem sanadas pelo tutor ou para serem compartilhada com os colegas. Buscando mais uma alternativa para apoiar os(as) alunos(as) em seus estudos, esta coletânea foi elaborada com o objetivo de facilitar a impressão de todos os capítulos de livros que estão disponibilizados no Ambiente Virtual de Aprendizado (AVA) para quem deseja estudar no material físico sem precisar imprimir os arquivos separados por unidades. Desta forma, o aluno poderá ter acesso a todos os textos que serão fundamentais para as atividades da disciplina em um só material. Bom trabalho e aproveite cada instante da oportunidade de construir conhecimento, pois este é um pilar fundamental para sua formação. Um abraço, Equipe Pedagógica Fundamentos Ginásticos da Atividade Física Rodrigo de Azevedo Franke História da ginástica: concepções, métodos e escolas Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Descrever a construção histórica da ginástica e sua relação com a educação física. � Elencar as principais escolas europeias de ginástica e suas principais características. � Enumerar e classificar os diferentes métodos da ginástica. Introdução A ginástica como ferramenta para trabalhar o corpo, aperfeiçoar a apti- dão física ou até mesmo melhorar capacidades cognitivas e comporta- mentais, com caráter competitivo ou não, data de muitos anos atrás. Na antiguidade, a ginástica começou a ser usada como forma de exercitar o corpo independentemente de uma necessidade de sobrevivência. Essa ideia evoluiu de tal modo dentro da sociedade que a ginástica foi inserida dentro das escolas e clubes esportivos, além de espaços criados especificamente para ela, passando, assim, a sofrer influência de diversos métodos de sistematização oriundos de países europeus. Neste capítulo, você vai estudar a evolução histórica da ginástica e sua relação com a educação física, conhecer e classificar os diferentes métodos de ginástica, bem como as principais escolas europeias e suas particularidades. A construção histórica da ginástica e sua relação com a educação física Podemos dizer que a ginástica tem seus primeiros registros na Pré-história, período em que as práticas corporais eram usadas para fins de sobrevivência. Exercícios como escaladas, arremessos, golpes e saltos eram realizados para aperfeiçoar a caça e a pesca, além do cultivo na agricultura. A melhora na aptidão física era crucial, já que a necessidade de ataque e defesa era vital e diária. Com a evolução do tempo e da estrutura da sociedade, a ginástica passou a ser planejada com o objetivo de exercitar o corpo para diversos fins, e não somente visando à sobrevivência. Na Grécia Antiga, o termo “ginástica” é criado (gymnastiké: forma de fortalecer o corpo; gymnádzein: treinar nu, forma como os gregos se exercitavam), referindo-se à arte de treinar o corpo e melhorar as capacidades físicas, com diferentes objetivos: desempenho militar, rituais culturais, competições esportivas, atividade estética, dentre outros. Era dada grande importância à formação humana dos indivíduos e, por isso, muitos professores buscavam aliar formação intelectual e exercícios, numa relação de associação entre corpo e mente. Na Grécia Antiga, com o nascimento dos Jogos Olímpicos, a ginástica passou a ser utilizada pela primeira vez como uma atividade esportiva, a fim de atestar qual atleta obtinha o melhor desempenho dentro de uma determinada modalidade. Na Figura 1, o estádio olímpico de Atenas, local onde eram realizadas as competições. Figura 1. Estádio olímpico de Atenas. Fonte: hurricanehank/Shutterstock.com. História da ginástica: concepções, métodos e escolas2 Na Roma Antiga, a ginástica era encarada de uma forma bem diferente. Seu o objetivo único e exclusivo eram os treinamentos militares. O culto ao corpo, as competições e o caráter pedagógico dos exercícios gímnicos per- deram espaço, já que a intenção era preparar os soldados e a população em geral para as guerras, comuns no período e na região, através de exercícios que fortalecessem o corpo e simulassem golpes de combate corpo a corpo, além do manuseio de armas. No período histórico seguinte, com a queda do Império Romano e a ins- tauração da Idade Média, os valores que regiam a sociedade da época estavam fortemente ligados à Igreja Católica. Naquele momento, o corpo tinha conotação pecaminosa, e por isso o culto à beleza não era aceito. Por essa razão, a prática de exercícios estava intimamente ligada ao desenvolvimento de valências físicas para a guerra e à consequente conquista de novos territórios (Cruzadas). Os Jogos Olímpicos, inclusive, foram proibidos em determinado momento da Idade Média e só foram retomados próximo ao século XX. Após o período da Idade Média surgiu o Renascimento, um movimento cultural que substituiu de forma profunda os valores medievais vigentes, reincorporando os padrões vigentes na Antiguidade com as sociedades greco- -romanas, tais como: o culto ao corpo belo, à estética e à beleza, além dos procedimentos gímnicos como forma de trabalhar o corpo não somente visando a luta e a guerra, mas também o bem-estar e a evolução intelectual. Avançando nessa linha do tempo, nos séculos XVIII e XIX a ginástica passa a ter maior importância dentro da sociedade. O desenvolvimento da área na Europa é grande, principalmente em países como França, Suécia e Alemanha, centros que seriam referência mundial no que diz respeito à evo- lução da ginástica e à forma como ela deveria ser ensinada para a população. O processo de imigração foi fundamental para o crescimento das escolas de ginástica europeias. Conforme a sistematização e a implementação da ginástica evoluíam muito nos grandes centros europeus, os imigrantes que colonizavam outros países, como os do continente americano, influenciavam na forma como a ginásticaera vista e vivida nesses lugares antes mesmo da prática ganhar relevância mundial. 3História da ginástica: concepções, métodos e escolas A ginástica foi, portanto, inserida aos poucos no currículo escolar como parte da formação intelectual dos cidadãos. No Brasil não foi diferente. A reforma Couto Ferraz, realizada em 1851, marcou o início da obrigatoriedade do ensino de educação física nas escolas que pertenciam ao município da corte. O momento foi delicado, pois os pais não aprovaram a medida por acreditar que a disciplina não tinha grande exigência intelectual. Apesar da resistência, a medida foi mantida e a ginástica passou a fazer parte do currículo escolar. Influenciada por diferentes escolas europeias, era a base das aulas de educação física, sendo muitas vezes tratada como um sinônimo dessa disciplina. O grande objetivo da implementação da ginástica era formar indivíduos fortes e capacitados para as mais diferentes atividades, fossem elas laborais ou esportivas. Além disso, havia também o desejo de desenvolver um padrão moral pautado no perfil europeu, que era baseado na disciplina e no trabalho. Entretanto, com o passar dos anos, a ginástica perdeu força nas aulas de educação física, que passaram a ser, cada vez mais, guiadas pela prática de esportes, sobretudo os coletivos. Essa mudança ocorreu principalmente por causa da expansão e popularização desses esportes, além do fato de as aulas de ginástica envolverem muitos exercícios de repetição, o que tornava as aulas entediantes e monótonas quando comparadas com o caráter competitivo e dinâmico que envolvia a prática de esportes. Dessa forma, como podemos perceber, a ginástica foi moldada ao longo dos diversos períodos históricos, sofrendo mudanças na forma como era encarada e nos objetivos que levavam as pessoas a praticá-la. Um ponto de extrema importância e que deve ser detalhado é o surgimento das escolas europeias que influenciaram a forma como a ginástica foi implantada e funciona no Brasil até hoje. No próximo tópico, explicaremos como surgiram essas escolas, quais eram os países envolvidos e quais as características de cada uma. As conquistas da seleção brasileira de futebol em 1958, 1962 e 1970 tiveram grande influência na mudança do perfil das aulas de educação física no país, que passaram a adotar cada vez mais o perfil desportista, devido ao clamor popular e ao sentimento de euforia e patriotismo perante as conquistas da equipe. História da ginástica: concepções, métodos e escolas4 As principais escolas europeias e suas características A ginástica, tal qual a conhecemos hoje, com suas diversas variações, surgiu na Europa durante o século XIX. Três centros foram mais relevantes no seu processo de inserção: a França, com o movimento do oeste; a Alemanha, com o movimento do centro; e a Suécia, com o movimento do norte (VIEIRA et al., 2013). A união dos métodos criados por cada um desses movimentos sustenta, até hoje, as bases da ginástica no mundo. Isso porque, apesar de apresentarem particularidades e diferenças entre si, também tinham algumas características em comum, como almejar o aumento da força, o perfil higiênico e a melhora da disposição na vida cotidiana. A Inglaterra também teve papel importante nesse período; contudo, o perfil da escola inglesa era voltado para a prática de esportes e jogos coletivos, tendo papel fundamental na implantação e criação das regras de diversos esportes, difundidos pelo mundo inteiro e populares até hoje. O diretor da escola de rugby na Inglaterra, Thomas Arnold, é considerado o “pai” do esporte por ter criado normas para a prática de várias atividades esportivas e formalizado a organização de clubes e associações (SCARSI, 2012). Alguns valores eram considerados muito importantes, como a colaboração entre companheiros e o respeito às normas de cada modalidade e aos adversários. Cabe também mencionar também a Dinamarca, que seguiu o movimento do norte juntamente com a Suécia, na Escandinávia, já que, graças a Franz Nachtegall, esse país foi o primeiro a considerar a ginástica como disciplina integrante do currículo escolar. Como as principais escolas europeias responsáveis pelo desenvolvimento da ginástica e sua influência no Brasil foram a alemã, a sueca e a francesa, veremos, agora, uma descrição mais detalhada de cada uma delas. A escola alemã de ginástica Nascida entre o final do século XVIII e início do século XIX, a escola alemã de ginástica tinha como principal objetivo o desejo de formar indivíduos fortes e capazes, tomados por um espírito patriótico e nacionalista. Havia a crença de que a prática de exercícios físicos estava estritamente relacionada com o processo de educação, pois exercia grande influência sobre a mente 5História da ginástica: concepções, métodos e escolas e as atitudes dos cidadãos. Pautados nas ciências biológicas como forma de embasar a ginástica e formar indivíduos capazes, podemos destacar dois criadores do método alemão de ginástica: Johann Christoph Friedrich Guts Muths (1759-1839) e Friedrich Ludwig Christoph Jahn (1778-1852). Guts Muths acreditava que a ginástica deveria ser realizada todos os dias e por todos os indivíduos, inclusive mulheres e crianças, uma vez que elas representavam, respectivamente, as geradoras dos filhos da pátria e o futuro da nação. O governo seria o responsável por organizar a ginástica, como forma de educar as pessoas sobre seus corpos e sobre o ambiente em que vivem. Por sua vez, Jahn incorpora, além disso, um forte caráter militar à ginástica alemã. Seu método, conhecido como “Turnen”, logo ganha a admiração da classe governante, justamente por ter caráter patriótico, exigir execuções ordenadas e trabalhar com uma forte relação de disciplina e subordinação por parte dos praticantes com o responsável por ministrar os exercícios. Por acreditar na possibilidade real do acontecimento de uma guerra, Jahn estimulava a prática de jogos e lutas, além de implantar equipamentos para a prática dos exercí- cios, fato que o levou a ser considerado o criador da ginástica com aparelhos (SOARES, 2001). Tanto Guts Muths quanto Jahn tinham por objetivo atingir grandes massas com sua metodologia de ginástica e, a partir desse ponto, formar o caráter e o ideal patriótico dos cidadãos alemães. Com uma abordagem um pouco distinta, podemos destacar outro importante incentivador da ginástica na Alemanha: Karl Adolf Spiess (1810-1858). Spiess preocupou-se de forma mais contundente com a inserção da ginástica nas escolas. A seu ver, deveria existir um momento próprio para a prática dessas atividades, que respeitavam uma sequência lógica e específica: exercícios livres, exercícios de suspensão, exercícios de apoio e ginástica coletiva. Para Spiess, essas atividades seriam a melhor forma das crianças alcançarem o equilíbrio entre aptidão física e suas almas. No Brasil, a metodologia da ginástica alemã foi uma das primeiras a ser reproduzida. Isso ocorreu principalmente por conta do processo de imigração na região sul do país, pois, uma vez que os imigrantes tinham a ginástica como um hábito de vida, esse hábito foi levado para as regiões em que passaram a viver. Além disso, o método alemão norteou as práticas corporais no exército brasileiro de 1860 até 1912, quando foi substituído por outra escola europeia de ginástica: a francesa. Nas escolas, a ginástica alemã foi incorporada em 1870 e perdurou até meados de 1920, quando também foi substituída por outra metodologia de ensino da ginástica: a sueca. História da ginástica: concepções, métodos e escolas6 A escola sueca de ginástica A escola sueca de ginástica tinha um viés um pouco diferente da escola alemã, principalmente pelo fato de envolver um maior caráter pedagógico, e não autoritário. As duas escolas tinham pontos em comum, como a formação de cidadãos mais capazes (servir à nação) e com boa aptidão física (ameaça de guerras), entretanto, a escola sueca tinha como objetivo maiorformar indiví- duos livres de vícios, como o alcoolismo, que era um problema presente na sociedade da época, e trabalhar aspectos mentais e morais. Dessa forma, seria possível ter uma população capaz de servir ao país da melhor forma possível, o que era fundamental naquele momento, uma vez que a Suécia passava por um processo de desenvolvimento industrial e a mão de obra da população era a peça-chave para garantir o sucesso dessa fase e a evolução do país. Pehr Henrik Ling (1776-1839) é o responsável por ditar as ideias por trás do método sueco de ginástica. Baseado em um espírito nacionalista, forma- dor e anatômico, Ling considera que a ginástica sueca pode ser dividida em quatro tipos. � Ginástica pedagógica ou educativa: considerada a forma mais de- mocrática da atividade, pois não tinha restrição quanto à idade, sexo, capacidade física ou condição social. Seu principal objetivo era formar indivíduos livres de vícios, doenças e com bom padrão postural. � Ginástica militar: baseada na ginástica pedagógica, visava exercitar gestos de luta e combate, como a manipulação de espadas de esgrima e o manuseio de armas de fogo, para que os cidadãos fossem capazes de combater em uma possível guerra. � Ginástica médica ou ortopédica: também era embasada na ginástica pedagógica e tinha como objetivo prevenir ou até mesmo curar doenças e vícios através de exercícios específicos para cada condição. � Ginástica estética: assim como os demais tipos, trabalha o aspecto pedagógico de maneira contundente. Nesse tipo de ginástica, eram priorizados movimentos leves e a dança, que agregavam beleza e har- monia aos corpos. No Brasil, a escola sueca de ginástica foi incorporada por Rui Barbosa, que refutou a prática alemã de ginástica em detrimento da sueca. Logo houve receptividade positiva por camadas importantes da sociedade, como políticos e intelectuais, já que a fundamentação pedagógica dessa escola era conside- 7História da ginástica: concepções, métodos e escolas rada a mais adequada para a formação das crianças das escolas primárias e secundárias. A escola francesa de ginástica Por fim, a escola francesa de ginástica foi idealizada por Francisco Amorós y Ondeano (1770-1847) com forte ideal higiênico, a fim de formar pessoas saudáveis. O método pedagógico, com forte caráter de organização e disciplina (GOELLNER, 1992), se baseava em atividades simples e naturais, como nadar, correr e saltar, além da prática de hipismo, ciclismo, dança e exercícios calistênicos de repetição. Um dos principais objetivos do método francês era construir um homem idealizado, amplamente evoluído em diversos aspectos de sua formação ética, intelectual, social e física. Portanto, o método tinha por base dois alicerces: o ideal higiênico e o ideal militar. Aspectos psicológicos ou sociais eram, de certa forma, ignorados na condução das aulas. Dentre outras características dessa escola, podemos ressaltar também a intenção de atuar no processo educativo e na potencialização da produtivi- dade dos cidadãos, formando sujeitos completos (militarmente, moralmente e socialmente) e que servissem como uma boa força de trabalho no processo de industrialização que se instaurava. No Brasil, o método francês de ginástica foi amplamente utilizado no exército, substituindo o método alemão. Entretanto, por ser considerado um método com fundamentação científica, foi defendido por intelectuais como uma forma de ensino e como uma influência a ser adotada por professores modernos. Sendo assim, o método foi amplamente utilizado na década de 1940 no ensino primário, secundário e até mesmo superior. A ginástica francesa foi a primeira metodologia legalmente reconhecida e adotada nos currículos escolares brasileiros no ano de 1931, através do Regulamento Número 7 da Educação Física, numa tradução do Règlement Général d’Éducation Physique. Além disso, o método tinha forte caráter nacionalista, o que era visto como um ponto positivo para a sua aplicação no Brasil. Isso porque alguns intelectuais acreditavam que era preciso forjar a identidade do brasileiro, a fim de formar uma nação mais coesa e que empregasse maior energia para o desenvolvimento econômico. Como é possível observar, apesar de algumas características peculiares a cada uma das escolas europeias de ginástica, um objetivo é claro e comum a História da ginástica: concepções, métodos e escolas8 todas elas: a formação de sujeitos fortes e com bom desenvolvimento intelectual, capazes de produzir e fomentar a economia do país, bem como defendê-lo frente a determinadas situações. Além disso, essas escolas europeias fundamentaram o surgimento de diferentes métodos de ginástica e, consequentemente, esportes gímnicos que se consolidaram como modalidades esportivas tradicionais e que são populares até hoje. Vamos falar sobre eles no próximo tópico. No vídeo disponível no link a seguir, de autoria de Ronald Turíbio, podemos ter um breve resumo sobre o surgimento do método de ginástica europeu. https://goo.gl/xx2v8b Os diferentes métodos de ginástica Com a consolidação da ginástica como uma forma de exercício físico e sua consequente popularização, surgiram diferentes métodos de ginástica, com diferentes características e objetivos a serem trabalhados. A ginástica passou a ser utilizada em programas de condicionamento físico, como ferramenta de formação ou como modalidade esportiva. Dentre as importantes vertentes dessa atividade, podemos destacar as seguintes: ginástica de condicionamento físico; ginástica para todos (ginástica geral); ginástica natural; e ginástica competitiva. Ginástica de condicionamento físico Mais abrangente e popular, é o método que utiliza a ginástica para o de- senvolvimento das valências físicas, melhora do condicionamento físico e funcionamento adequado do corpo. Engloba exercícios práticos, seja em espaços propícios, como academias de ginástica, ou em locais públicos, como parques e praças. Uma de suas principais características é a sistematização do exercício físico através do controle de variáveis como repetições, número de séries, intensidade do estímulo, frequência de treinos, intervalos de descanso, entre outros. 9História da ginástica: concepções, métodos e escolas Devido ao diferente perfil das pessoas que buscam se exercitar, surgiram diferentes modalidades de ginástica para o condicionamento físico. Muitas se tornaram extremamente populares e são realizadas por uma grande parcela da população. Dentre elas, podemos destacar: � ginástica calistênica: exercícios gímnicos que envolvem o peso do pró- prio corpo como resistência, como suspensões em barra, por exemplo; � ginástica de academia: aulas normalmente desenvolvidas em grupo, podendo ter diferentes enfoques, como flexibilidade, condicionamento cardiorrespiratório ou reforço muscular; � ginástica local: exercícios de resistência que trabalham segmentos específicos do corpo, de acordo com a condução do professor; � ginástica em meio aquático: exercícios resistidos conduzidos em piscinas, com menor grau de impacto, como jogging aquático e hidroginástica. Como exemplo de atividade de ginástica de condicionamento, temos: aulas em grupo ministradas em academia (spinning, jump, funcional, crossfit, alon- gamento, grupo de corrida), musculação, aulas de treino resistido localizado, exercícios com peso do corpo e natação. Ginástica para todos (ginástica geral) A ginástica para todos, conhecida antigamente como ginástica geral, é um método extremamente democrático e abrangente, pois envolve elementos de diversas vertentes da ginástica: artística, rítmica e de trampolim, além de dança, expressões rítmicas e atividades livres e espontâneas dos participantes. Respeitando a individualidade e o limite de cada um, esse método não possui contraindicação, visto que não é preciso grande capacidade técnica para executar os gestos e nem uma grande aparelhagem para realizar a aula. Como exemplo de ginástica paratodos, basta pensarmos em uma aula que englobe diversas influências dos métodos competitivos de ginástica, expressões de dança e folclore, presença (ou não) de música, que envolva a utilização de materiais e uma coreografia. História da ginástica: concepções, métodos e escolas10 Ginástica natural A ginástica natural envolve atividades consideradas básicas e que podem ser realizadas com qualquer habilidade motora elementar e em qualquer ambiente. Como exemplo, podemos citar jogos lúdicos. Além disso, esse tipo de ginástica pode ter uma relação entre prática corporal e o meio no qual o sujeito está inserido, com técnicas de relaxamento e respiração. É um bom método para ser trabalhado com crianças e adolescentes, em escolas ou parques, ou, ainda, uma forma de realizar práticas que exijam autocontrole, autoconhecimento e concentração. Alguns elementos de lutas orientais, como o judô e o jiu-jitsu, bem como atividades de meditação e autoconhecimento, são bons exemplos de atividades de ginástica natural. Atividades com elementos da ioga ou tai chi chuan, em contato com a natureza, são bons exemplos de prática de ginástica natural. Ginástica competitiva A ginástica competitiva é um método seletivo, que tem como objetivo atestar, por meio de eventos esportivos e campeonatos, aqueles indivíduos que conse- guem apresentar melhor desempenho dentro de uma determinada modalidade. Não se trata de um método democrático como a ginástica para todos, já que normalmente é utilizado em clubes que visam o bom desempenho em competições. Por conta do insucesso, algumas pessoas não evoluem dentro de uma determinada modalidade. Como formas de ginástica competitiva, podemos citar: � ginástica artística: engloba exercícios com diferentes aparelhos (argolas, barras e cavalo) ou apresentação no solo; � ginástica rítmica: trabalha com diferentes artefatos (arco, bola, bastão ou corda) em uma coreografia; 11História da ginástica: concepções, métodos e escolas � ginástica acrobática: envolve a realização de exercícios de agilidade, força e equilíbrio ritmados por uma música; � ginástica de trampolim: envolve a realização de uma série de saltos com o implemento de um trampolim; � ginástica aeróbica: combina elementos de ginástica clássica com dança e resistência. O site da Confederação Brasileira de Ginástica reúne informações sobre eventos e regulamento de cada uma das modalidades competitivas da ginástica, além de infor- mações sobre as seleções das modalidades artística, rítmica e de trampolim. Confira! http://www.cbginastica.com.br/ Neste capítulo, foi possível ter uma visão mais abrangente sobre a evolução histórica da ginástica, desde os seus primórdios até os dias atuais. É difícil precisar quando essa modalidade de fato “nasceu”; contudo, sua evolução a partir da Antiguidade já pode ser mais bem analisada. A Europa foi onde os métodos foram criados e difundidos em outras regiões do mundo, não sendo diferente no Brasil. Esse processo foi muito forte no início do século XX e abriu as portas para a implantação da ginástica nas escolas através das aulas de educação física. Posteriormente, surgiram diferentes métodos de ginás- tica, inclusive os competitivos, que se tornaram mais populares. Cabe, então, salientar a importância de conhecer o processo histórico do nascimento de uma modalidade de exercício para que seja possível compreender melhor a forma como esse mesmo método funciona nos dias atuais. GOELLNER, S. V. O método francês e a educação física no Brasil: da caserna à escola. 1992. 223 f. Dissertação (Mestrado em Ciências do Movimento Humano)– Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 1992. Disponível em: <http://www.lume. ufrgs.br/handle/10183/1322>. Acesso em: 15 jun. 2018. História da ginástica: concepções, métodos e escolas12 SCARSI, D. Ginástica escolar: a prática da ginástica escolar nas aulas de Educação Física. 2012. 38 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Licenciatura no Curso de Educa- ção Física)–Universidade do Extemo Sul Catarinense, Criciúma, 2012. Disponível em: <http://repositorio.unesc.net/handle/1/1119>. Acesso em: 15 jun. 2018. SOARES, C. Educação física: raízes europeias e Brasil. Campinas: Autores Associados, 2001. 143 p. VIEIRA, M. B. et al. A importância da ginástica enquanto conteúdo da Educação Física escolar. Lecturas: Educación Física y Deportes, Buenos Aires, año 18, n. 180, mayo 2013. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/efd180/a-importancia-da-ginastica. htm>. Acesso em: 15 jun. 2018. Leitura recomendada BREGOLATO, R. A. Cultura corporal da ginástica. 3. ed. São Paulo: Ícone, 2008. 232 p. (Coleção educação física escolar: no princípio da totalidade e na concepção histórico- crítico-social, 2). 13História da ginástica: concepções, métodos e escolas METODOLOGIA DA GINÁSTICA Vanessa Dias Possamai História da ginástica Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Analisar a evolução histórica da ginástica: terminologia, conceituação de movimento, descrição de exercício e classificações. � Discutir a origem e a evolução histórica da ginástica e a teoria e a prática das diversas formas de ginástica. � Identificar as principais escolas ou métodos de ginástica, sua influência na atualidade e suas dimensões pedagógicas. Introdução Desde o fim do século XIV até os dias de hoje, todos os sistemas e as escolas de ginástica que se difundiram pelo mundo ocidental tiveram objetivos específicos similares, que orientaram e caracterizaram essa atividade física. Esses objetivos se definiram e fixaram-se com vistas a assegurar a educação do homem sob a perspectiva da saúde, pelo ajuste do desenvolvimento e da coordenação dos movimentos corporais. A ginástica moderna encontrou nos fundamentos racionais e positivos o caminho para sua evolução, preconizando, assim, uma visão do exercício físico controlada, racional para os aclamados objetivos sanitários, militares, obreiros-laborais, competitivos e estéticos. Como consequência dessa evolução anunciada, a ginástica passa a ser um modelo a ser seguido pelo esporte de rendimento ou como recurso de formação corporal e moral. Neste capítulo, você vai estudar sobre a evolução da história da gi- nástica, as diferentes formas de ginásticas, além das principais escolas que influenciaram e ainda influenciam na atualidade. Terminologia da ginástica Terminologia é a nomenclatura oficial e a técnica utilizada na educação física e na ginástica, de acordo com autores especializados em anatomia, biomecâ- nica, ginástica e treinamento desportivo. Sabotta (2000), em seu atlas sobre anatomia, define o seguinte. � Posição anatômica: posição ereta com todas as partes corporais vol- tadas para a frente, inclusive as palmas das mãos. Usada como ponto de partida para os movimentos dos segmentos corporais. A partir da posição anatômica, os planos e os eixos de movimento são base para compreensão dos movimentos articulares. � Planos anatômicos: planos cardinais são três planos imaginários de referência que dividem o corpo em metades da mesma massa ou peso: ■ plano sagital (Figura 1a) – ou plano cardinal anteroposterior) divide o corpo verticalmente em metades direita e esquerda, com cada metade tendo o mesmo peso; ■ plano frontal (Figura 1b) – divide o corpo verticalmente em metades anterior e posterior com pesos iguais; ■ plano transverso ou horizontal (Figura 1c) – divide o corpo em me- tades superior e inferior de mesmo peso. � Eixos anatômicos: quando um segmento corporal se move, ele sofre um deslocamento angular em torno de um eixo imaginário de rotação que passa por meio da articulação à qual este segmento está ligado. São três eixos de referência para a descrição do movimento humano, a cada um é orientado perpendicularmente um dos três planos de movimento: ■ eixo anteroposterior ou sagital – perpendicular ao plano frontal; ■ eixo transverso ou frontal ou lateromedial– perpendicular ao plano sagital; ■ eixo longitudinal ou vertical – é perpendicular ao plano transverso. � Movimento: a partir da posição anatômica – movimentos primários que ocorrem nos planos: ■ plano sagital – flexão, extensão e hiperextensão; ■ plano frontal – abdução e adução; ■ plano transverso – rotação. História da ginástica2 Figura 1. Posição anatômica mais os eixos para base dos exercícios de movimento: (a) plano sagital, (b) plano frontal e (c) plano transverso. Fonte: Adaptada de Sebastian Kaulitzki/Shutterstock.com. (a) (b) (c) Os movimentos nas articulações também são descritos por termos espe- cíficos. A partir da posição anatômica, os movimentos para frente de uma parte em relação ao restante do corpo são chamados flexão. Quando esse movimento ocorre no plano frontal é chamado de flexão lateral ou inclinação (para movimentos do tronco e coluna). O movimento da mesma parte do corpo para trás é chamado extensão. Na abdução, as estruturas se movem lateralmente para longe do plano sagital mediano enquanto na adução se movem em direção ao plano sagital mediano. Para os dedos das mãos e dos pés, os termos adução e abdução são usados referencialmente a um plano frontal que passa ao longo do dedo médio da mão, ou do segundo dedo do pé, respectivamente. O movimento ao redor de um eixo longitudinal de uma parte do corpo é chamado rotação. Na rotação medial (ou interna), a superfície anterior do membro roda medialmente en- quanto a rotação lateral (ou externa) gira a superfície anterior lateralmente. Os movimentos que combinam flexão, extensão, adução, abdução rotação medial e lateral (por exemplo, o movimento de pás de ventilador feito na articulação do ombro) são chamados de circundução. 3História da ginástica Algumas articulações realizam movimentos específicos. Na região das vértebras cervicais, ocorre um deslizamento mínimo das vértebras em direção ao plano anterior que chamamos de movimento de translação. Quando as vértebras cervicais deslizam em direção ao plano posterior, eliminando sua curvatura natural, ocorre o movimento de retração. Ocorre uma flexão lateral na região das vértebras cervicais e lombares quando o segmento corporal se desloca no plano sagital. Os ossos do ombro são mantidos juntos por meio de três articulações: esternoclavicular (clavícula e manúbio esternal), acromioclavicular (clavícula e escápula) e glenoumeral (úmero e escápula), que formam o que chamamos de cintura escapular. Assim, quando ocorre uma elevação da cintura escapular, a articulação acromiocla- vicular desloca-se para cima ao mesmo tempo em que a escápula realiza uma rotação medial em que a fossa glenoide olha para cima e o ângulo inferior da escápula desliza lateral e anteriormente sobre o tórax. Quando ocorre uma depressão da cintura escapular, a articulação acromio- clavicular dirige-se para baixo e simultaneamente a escápula faz uma rotação lateral ou inferior, que é o movimento da fossa glenoide que a faz olhar para baixo deslizando medial e posteriormente sobre o tórax. Na posição anatômica, a articulação rádio-ulnar está em supinação (palma da mão voltada para o plano anterior), e no momento que ela se volta para o plano posterior ocorre a pronação. Quando os cotovelos estão posicionados a 90° e as palmas das mãos estão voltados para cima, ocorre a supinação, e quando as palmas das mãos estão voltadas para o solo, ocorre a pronação. Alguns autores falam em prono-supinação, porque o que ocorre durante esse movimento é o cruzamento do rádio e da ulna na sua parte medial, o que só é possível pela concavidade existente nesses dois ossos. Isso permite um perfeito encaixe. A pelve realiza dois movimentos: a anteversão ou báscula anterior e a retroversão ou báscula posterior. O ponto tomado como referência é a espinha ilíaca anterossuperior. Quando ela se dirige para o plano anterior, temos uma anteversão, e quando o sentido for o plano posterior, teremos uma retroversão. Na articulação do tornozelo, ocorrem outros dois movimentos específicos: a eversão e a inversão. Na eversão ocorre uma elevação da borda lateral do pé, enquanto que na inversão ocorre uma elevação da borda medial do pé. Natureza do movimento e sua classificação Para Dallo (2007), o movimento corporal é a expressão de vida do ser humano e sua forma de comportamento mais primitiva. Constitui o dado e a expressão fundamental de sua existência e de sua conduta global. É o meio essencial de História da ginástica4 subsistência no mundo físico e de integração no meio sociocultural: toda a atividade humana associa-se, de um modo ou de outro, ao movimento. Aqui nos referimos especialmente ao movimento como manifestação motora que se concretiza nas mudanças de posição e/ou deslocamentos globais ou parciais do corpo, seus segmentos ou componentes, ou seja: o movimento corporal observável no exterior. Todavia, levamos em conta outros fatores, mesmo que esses movimentos se expressem de forma externa, como: gênese, caráter, forma de realização, aspectos biológicos e aspectos psicossociais (SACRAMENTO; CASTRO, 2001). O movimento pode apresentar, igualmente, ação e manifestação física, meio de ação para a satisfação de necessidades e para o cumprimento de tarefas, obrigações ou outras formas de atividade, em cumprimento de funções ou de objetivos materiais e concretos ou simbólicos de diferentes índoles (trabalho, jogo, esporte, guerra, dança, teatro, passeio, cuidado pessoal, vida cívica, vida social e relação interpessoal – saudação, aplauso, abraço, etc.). Podemos descrever os exercícios da seguinte forma. 1. Fases do exercício: � Posição de partida/posição inicial. � Movimento ou exercício propriamente dito/execução. � Posição final. � Repetições. 2. Dosagem do exercício: � Partir do exercício simples ao complexo. � Respeitar as faixas etárias e os níveis de desenvolvimento. � Diversificar o maior número de segmentos corporais, ou seja, os grupos musculares. 3. Formação: � Indica o modo de disposição dos alunos no espaço físico de realização da atividade física. � Deve ser definida no início da aula ou a cada atividade proposta: ■ formações lineares – em uma única fileira, em coluna, em corredor e em zigue-zague; 5História da ginástica ■ formação circulares – círculo de direita e de esquerda, círculo de costas para o centro, círculo de frente para o centro concêntrico no mesmo sentido ou contrários, semicírculo e círculo concêntrico; ■ formações geométricas – trapézio e losango; ■ formação livre. 4. Deslocamentos (locomoções): � Em reta, zigue-zague, triângulo, retângulo, losango, quadrado, círculo, elipse, serpentina, espiral, arcos, laços e oito. 5. Descrição de exercício: � Exercício deve ser descrito em três momentos principais. ■ Posição inicial: os exercícios podem ser iniciados em várias posições, e as posições iniciais podem ser classificadas em principais (funda- mentais) e derivadas. Veja a seguir as posições básicas principais. – Em pé: pés em contato com o solo unidos, joelhos estendidos, coluna ereta, membros superiores ao longo do corpo, cabeça ali- nhada à coluna e olhar na linha do horizonte. – Sentado: glúteos apoiados sobre uma superfície, membros infe- riores estendidos em contato ao solo. – Ajoelhado: joelhos fletidos apoiados sobre uma superfície. – Decúbito: todo o corpo apoiado sobre uma superfície – dorsal (de costas), de frente (ventral) e de lado (lateral). – Apoio: mãos em contato ao solo – frontal (de frente para o solo), dorsal (de costa) e lateral (de lado). ■ Desenvolvimento (trajetória do segmento corporal): descrição do movimento que será realizado pelo segmento corporal. Essa descrição pode incluir a direção, o ritmo e o número de repetições. ■ Posição final: posição que o corpo deverá estar ao final de cada exercício, que pode, ou não, ser a mesma que a posição inicial. Esses movimentos naturais ou habilidades específicas do ser humano, quando analisados etransformados, visam ao aprimoramento da perfor- mance do movimento, entendida aqui de acordo com vários objetivos, como: economia de energia, melhoria do resultado, prevenção de lesões, beleza do movimento, entre outros. Eles passam a ser considerados como movimentos História da ginástica6 construídos (exercícios) ou habilidades culturalmente determinadas. Por exem- plo, um movimento próprio do homem, como o saltar, foi sendo estudado, transformado e aperfeiçoado ao longo dos tempos, para alcançar os objetivos de cada um dos esportes em que ele aparece: salto em altura, em distância e triplo no atletismo, cortada e bloqueio no voleibol, salto sobre o cavalo na ginástica artística, salto “jeté” na ginástica rítmica desportiva, entre outros. Os movimentos gímnicos (exercícios) constituem o conteúdo específico da ginástica e podem ser classificados conforme a seguir. � Elementos corporais: passos, corridas, saltos, saltitos, giros, equilí- brios, ondas, poses, marcações, balanceamentos e circunduções. � Exercícios de condicionamento físico: para o desenvolvimento de força, resistência, flexibilidade, etc. (exercícios localizados). � Exercícios acrobáticos: rotações – no solo, em aparelhos; reversões – no solo, em aparelhos; suspensões – em aparelhos; e pré-acrobáticos. O Discóbolo (lançador de discos), famosa estátua do escultor grego Míron (455 a.C.), é uma representação de um atleta momentos antes de lançar um disco. Essa imagem demonstra o corpo em seu momento de máxima tensão e harmonia, balanceamento e simetria das proporções corporais. Essa imagem virou o símbolo do curso de educação física. História da ginástica Conceituar ginástica nos dias atuais torna-se uma tarefa um tanto quanto difícil, sem nos remetermos à história, pois ela se caracteriza como um conteúdo que teve seu conceito, suas características e seu entendimento marcados por contextos que vão da expressão do corpo como arte até a busca da autossu- peração. A palavra em grego gymnastiké significa “arte ou ato de exercitar o corpo para fortificá-lo e dar-lhe agilidade”. O prefixo grego gímnos significa “nu, despido”, “arte de exercitar o corpo nu”. Exercitar o corpo nu, livre de qualquer vestimenta ou acessório, trouxe na origem da palavra ginástica uma enorme possibilidade para as práticas corporais (LORENZINI, 2005). 7História da ginástica A história da ginástica confunde-se com a história do homem. No homem pré-historico, a atividade física tinha papel relevante para a sua sobrevivên- cia, expressa principalmente na necessidade vital de atacar e defender-se. O exercício físico de caráter utilitário e sistematizado de forma rudimentar era transmitido por meio das gerações e fazia parte dos jogos, rituais e festividades. Na Antiguidade, principalmente no Oriente, os exercícios físicos aparecem nas várias formas de luta, na natação, no remo, no hipismo, na arte de atirar com o arco, como exercícios utilitários, nos jogos, nos rituais religiosos e na preparação guerreira de maneira geral. Na Grécia, nasceu o ideal da beleza humana, o qual pode ser observado nas obras de arte espalhadas pelos museus em todo o mundo, em que a prática do exercício físico era altamente valori- zada como educação corporal em Atenas e como preparação para a guerra em Esparta. Em Roma, o exercício físico tinha como objetivo principal a preparação militar. Num segundo plano, a prática de atividades desportivas como as corridas de carros e os combates de gladiadores estavam sempre ligados às questões bélicas. Na Idade Média, os exercícios físicos foram a base da preparação militar dos soldados, que durante os séculos XI, XII e XIII lutaram nas Cruzadas empreendidas pela Igreja. Entre os nobres, eram valorizadas a esgrima e a equitação como requisitos para a participação em Justas e Torneios, jogos que tinha como objetivo “enobrecer o homem e fazê-lo forte e apto”. Há ainda registros de outras atividades praticadas nesse período, como o manejo de arco e flecha, a luta, a escalada, a macha, a corrida, o salto, a caça e a pesca e os jogos simples e de pelota, um tipo específico de futebol, e de raquete. O exercício físico na Idade Moderna, considerada simbolicamente a partir de 1453, quando da tomada de Constantinopla pelos turcos, passou a ser altamente valorizado como agente de educação. Vários estudiosos da época, dentre eles inúmeros pedagogos, contribuíram para a evolução do conhecimento da edu- cação física com a publicação de obras relacionadas à pedagogia, à fisiologia e à técnica. A partir daí surgiu um grande movimento de sistematização da ginástica (PAOLIELLO, 2008). A Idade Contemporânea (início da segunda metade do século XVIII) é o período em que surgem as primeiras sistematizações dos exercícios físicos/ ginástica, e com elas as bases fundamentais da educação física atual e também da educação pública estatal, principalmente a educação francesa, que mais tarde irá influenciar a organização escolar pública no Brasil. História da ginástica8 Escolas de ginásticas e dimensões pedagógicas A ginástica foi uma das primeiras formas de encarar o exercício físico de forma diferenciada. O período entre 1800 e 1900 marcou o surgimento de quatro específicas formas de encarar os exercícios físicos. Antes disso, alguns autores relatam que as formas comuns de exercício físico eram os jogos populares, as danças folclóricas e regionais e o atletismo – a origem da atual ginástica começa a partir daí. Fenômeno urbano, a ginástica, a ‘‘redescoberta’’ dos exercícios físicos nesse período está intimamente relacionada ao advento de uma sociedade que se afasta do mundo natural, se industrializa, se aglomera em centros em que a circulação das pessoas, dos humores, dos ‘‘miasmas’’ encontra os mais diferentes obstáculos: casas mal arejadas, ruas estreitas e roupas excessivas e apertadas. Ela se desenvolve, portanto, como resposta a uma sociedade vista por médicos e pedagogos como decadente, fraca, degenerada e imóvel. Em um momento em que a população e, principalmente, a saúde da população passam a ser vistas como um requisito básico para o bom governo e para o desenvolvimento de um Estado forte. Os exercícios físicos regrados apare- cem, portanto, como uma resposta aos males derivados dos novos modos de vida em ascensão na sociedade europeia e como reflexo de novas políticas que passarão a entender esse corpo também como um espaço de sua atuação (QUITZAU, 2015). Foram quatro “escolas” de origem europeia que, no século XVIII, desen- volveram e disseminaram seus métodos e especificidades práticas. Apesar de cada escola apresentar suas particularidades, tinham algumas finalidades idênticas, como regenerar a raça (não nos esqueçamos do grande número de mortes e doenças), promover a saúde (sem alterar as condições de vida) e desenvolver a vontade, a coragem, a força, a energia de viver (para servir à pátria nas guerras e na indústria) e, finalmente, a moral (que nada mais é do que uma intervenção nas tradições e nos costumes dos povos). A seguir, veja as principais características das escolas. � Alemã: ■ Corridas, saltos, arremessos e lutas semelhantes aos da Antiga Grécia. ■ Exercícios ginásticos, trabalhos manuais e jogos sociais – ginástica natural. ■ Movimentos rítmicos. ■ Jogos e exercícios: correr, saltar, arremessar e lutar. Utilização de aparatos utilizados como barras para suspensão. 9História da ginástica ■ Exercícios militares com fins pedagógicos integrados ao currículo escolar: eficiência corporal. � Sueca: ■ Ginástica e literatura: instigar a força e a coragem do povo para a defesa da pátria. ■ Ginástica dividida em quatro partes, com objetivos interdependentes: médica, militar, pedagógica e estética. ■ Tem como base o uso de aparelhos (exemplo: espaldar e banco sueco). � Francesa: ■ Exercícios militares, que objetivam aumentar as potencialidades dos jovens, e uso dos aros, da escada de cordas, da máquina para testar força e do trapézio.■ Exercícios físicos de caráter médico-higienista. ■ Medir, experimentar e comparar – economizar energias – bases fisiológicas. � Inglesa: ■ Ginástica pouco difundida. O esporte foi considerado o grande meio para promover a educação, por meio de jogos esportivos: organização, regras, técnicas e padrões de conduta. No Brasil, a educação física sofreu grande influência das escolas de gi- nástica. Rui Barbosa considerou, na época, o método sueco o mais apropriado para ser implantado nas escolas, em razão do seu caráter educacional. Porém, foi o método francês que mais se destacou, sendo oficialmente implantado nas escolas. Dimensões pedagógicas da ginástica e a influência na atualidade O termo método estabelece uma forma de organizar e empregar formas e meios, com a finalidade principal de atingir os objetivos propostos. Em nosso caso específico, de métodos para aplicação de exercícios ginásticos, é condição fundamental que sejam estabelecidos procedimentos de aplicação do método (SCHIAVON; NISTA-PICCOLO, 2001). História da ginástica10 Os principais procedimentos são os seguintes. � Organização: parte do princípio de que para toda aplicação de um método existe um processo organizacional de conteúdos. � Explicação: embasado no fato de transmitir ao aluno de forma precisa e progressiva os conteúdos inerentes aos exercícios ginásticos a serem executados durante uma aula ou sessão. � Demonstração: procedimento fundamental para as aulas de ginástica, pois certamente potencializará o procedimento anterior, o da explicação. Este procedimento é dividido nas seguintes etapas: ■ repetição – para que o movimento seja realizado com a técnica correta mínima necessária; ■ correção – para que o movimento tenha grande eficiência e mínimo de gasto energético; ■ progressão – para que o aluno venha a executar movimentos mais complexos no decurso natural do tempo destinado às aulas. Os métodos ginásticos podem ser entendidos como um primeiro esboço de sistematização científica da atividade física, pois apresentam um conjunto sofisticado de prescrições e justificativas desenvolvidas por meio do conhe- cimento científico do corpo e do movimento. Historicamente, a partir de propostas pedagógicas diversas, se desenvolveram vários grandes métodos relacionados a uma sistematização científica das atividades físicas no mundo ocidental. Esses métodos foram fundamentados a partir de relações cotidianas, divertimentos, festas culturais e espetáculos corporais, agregando ordem e disciplina (DARIDO; RANGEL, 2005). Os métodos apresentavam particularidades de seus países de origem, porém acentuavam finalidades e semelhanças, tais como regenerar as populações, promover a saúde, combater vícios gerais e posturais e acentuar a eficiência dos gestos executados. Tinham como principais propostas transformar e desenvolver nos indivíduos a vontade, a coragem, a força e a energia de viver. 11História da ginástica Para saber mais sobre a história, a evolução, os campos de atuação e outros assuntos ligados à ginástica, acesse os links a seguir. www.ginasticas.com www.cbginastica.com.br Evolução da ginástica: após escolas de ginástica até os dias atuais As primeiras sistematizações de aulas de ginásticas em toda a Europa se caracterizam segundo os métodos propostos pelas “Escolas de Ginástica” a que está inserida. Outras ginásticas surgiram quase que na mesma época que os métodos europeus. Após a Segunda Guerra Mundial, começa a ser incentivada a pesquisa e a prática corporal acarretada pela grande influência do desporto na educação física e a ginástica se incluiu nesse processo. A ginástica se constituiu com códigos e características específicas: vinculada a um regulamento e às Fede- rações, que regem esses regulamentos, organizam campeonatos, dentre outras funções, e tem finalidade competitiva, como qualquer outro desporto. Duas ginásticas foram resultados desse processo de “desportivização” da ginástica, sendo elas a ginástica artística e a ginástica rítmica. O movimento de despor- tivização da ginástica continuou surgindo com outras duas denominações da ginástica desportiva: ginástica acrobática e ginástica aeróbica, As manifestações das ginásticas desportivas, ao invés de competitivas, têm normas e códigos muito específicos, mas não necessariamente são exe- cutadas exclusivamente em competições, além disso, podem ter um caráter de apresentação, principalmente no ambiente escolar ou na iniciação esportiva em clubes e associações. Os tipos de ginásticas existentes são regularizados pela Federação Internacional de Ginástica (FIG), que é a organização mais antiga e mais abrangente na área da ginástica. São algumas delas: ginástica artística, ginástica rítmica, ginástica acrobática, ginástica aeróbica, ginástica de trampolim e ginástica para todos. Contudo, nos dias atuais, com a grande preocupação do ser humano em relação à vida mais saudável, à qualidade de vida, ao prolongamento da ex- História da ginástica12 pectativa de vida e à beleza, juntamente com outros fatores socioeconômicos, começou a se observar um aumento das chamadas “academias de ginásticas”, porém, elas surgem aproximadamente na década de 30, só chegando no Brasil em meados da década de 60. Algumas são definidas na literatura, porém, outras surgiram há aproximadamente uma década no Brasil e não se encontram em registros catalográficos, somente em catálogos de academias ou de cursos: � ginástica localizada; � ginástica step; � ginástica de alongamento; � G.A.P. (glúteo, abdominal e perna); � hidroginástica; � pilates. Campos de atuação da ginástica Em razão da grande abrangência da ginástica, o estabelecimento de um con- ceito único para ela restringiria a compreensão desse imenso universo que a caracteriza como um dos conteúdos da educação física. Essa modalidade, no decorrer dos tempos, tem sido direcionada para objetivos diversificados, ampliando cada vez mais as possibilidades de sua utilização. Portanto, a fim de facilitar o seu entendimento, foram organizados cinco grandes grupos com o intuito de apresentar os seus principais campos de atuação (Figura 2). � Ginásticas de condicionamento físico: englobam todas as modalidades que têm por objetivo a aquisição ou a manutenção da condição física do indivíduo normal e/ou do atleta. Exemplo: ginástica de academia. � Ginásticas de competição: reúnem todas as modalidades competitivas. Exemplos: ginástica artística, ginástica rítmica e outras. � Ginásticas fisioterápicas: responsáveis pela utilização do exercício físico na prevenção ou no tratamento de doenças. Exemplos: reeducação postural global (RPG) e pilates. � Ginásticas de conscientização corporal: reúnem as novas propostas de abordagem do corpo, também conhecidas por técnicas alternativas ou ginásticas suaves, que foram introduzidas no Brasil a partir da década de 1970, tendo como pioneira a antiginástica. A grande maioria desses trabalhos teve origem na busca da solução de problemas físicos e posturais. Exemplo: ioga. 13História da ginástica � Ginásticas de demonstração: é representante desse grupo a ginástica geral, cuja principal característica é a não competitividade, tendo como função principal a interação social entre os participantes. Figura 2. Campos de atuação da ginástica e as respectivas modalidades. Fonte: Souza (1997, p. 26). GINÁSTICA DE CONDICIONAMENTO FÍSICO DE COMPETIÇÃO FISIOTERÁPICA DE DEMONSTRAÇÃODE CONSCIENTIZAÇÃO CORPORAL Localizada Aeróbida Musculação Step etc. Artística Rítmica desportiva Acrobática Aeróbica Roda ginástica Trampolim acrobático Tumbling Minitrampolim etc. Ginástica geral (engloba qualquer modalidade gímnica com objetivo demonstrativo) Antiginástica Eutonia Feldenkrais Bioenergética etc. Reeduc. postural global Cinesioterapia Isostrechting etc. DALLO, A. R. A ginástica como ferramenta pedagógica: o movimento como agente de formação. São Paulo: Universidade de São Paulo,2007. DARIDO, S. C.; RANGEL, I. C. A. (Coord.). Educação Física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan, 2005. LORENZINI, A. R. O conteúdo ginástica em aulas de educação física escolar. In: SOUZA JÚNIOR, M. (Org.). Educação física escolar: teoria e política curricular, saberes escolares e proposta pedagógica. Recife: EDUPE, 2005. PAOLIELLO, E. Ginástica geral: experiências e reflexões. São Paulo: Phorte, 2008. História da ginástica14 QUITZAU, E. A. Da ‘Ginástica para a juventude’ a ‘A ginástica alemã’: observações acerca dos primeiros manuais alemães de ginástica. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 37, n. 2, p. 111-118, 2015. SACRAMENTO, A.; CASTRO, L. Anatomia básica: aplicado à educação física. Canoas, RS: Editora Ulbra, 2001. SCHIAVON, L.; NISTA-PICCOLO, V. l. A ginástica vai à escola. Movimento, v. 13, n. 3, p. 131-150, set./dez. 2007. SOUZA, E. P. M. de. Ginástica geral: uma área do conhecimento da educação física. 1997. Tese (Doutorado em Educação Física)- Faculdade de Educação Física, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 1997. Leituras recomendadas ALMEIDA, R. S. A ginástica na escola e na formação de professores. 2005. Tese (Doutorado em Educação)- Faculdade de Educação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2005. AYOUB, E. Ginástica geral e educação física escolar. Campinas: Unicamp, 2004. BRAUNER, V. L. P. Novos sistemas de aulas de ginástica: procedimentos didáticos (?) na formação dos professores. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, v. 28, n. 2, p. 211- 219, jan. 2007. BREGOLATO, R. A. Cultura corporal da ginástica: livro do professor e do aluno. 2. ed. São Paulo: Ícone, 2006. CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE GINÁSTICA. [2018]. Disponível em: <www.cbginastica. com.br>. Acesso em: 27 out. 2018. FEDERAÇÃO DE GINÁSTICA ARTÍSTICA, RÍTMICA, TRAMPOLIM, AERÓBICA E ACRO- BÁTICA DO RIO GRANDE DO SUL. [2018]. Disponível em: <www.ginasticars.com.br>. Acesso em: 27 out. 2018. GAIO, R.; GÓIS, A. A. F.; BATISTA, J. C. F. (Org.). A ginástica em questão: corpo e movimento. São Paulo: Phorte, 2010. GINÁSTICAS.COM. 2014. Disponível em: <www.ginasticas.com>. Acesso em: 27 out. 2018. MARCASSA, L. Metodologia do ensino da ginástica: novos olhares, novas perspectivas. Pensar a Prática, v. 7, n. 2, p. 171-186, jul./dez. 2004. MELO, V. A. de; PERES, F. de F. A gymnastica no tempo do império. Rio de Janeiro: 7Letras, 2014. NETTO, E. S.; NOVAES, J. Ginástica de academia: teoria e prática. Rio de Janeiro: Sprint, 1996. PAOLIELLO, E. Ginástica geral: experiências e reflexões. São Paulo: Phorte, 2008. PAULSEN, F.; WASCHKE, J. Sobotta: atlas de anatomia humana. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000. v. 1 e 2. 15História da ginástica Conteúdo: Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer as modalidades gímnicas de solo. � Descrever as ginásticas de aparelho, suas características e modalidades. � Identificar as modalidades que compõem o grupo de ginástica não competitiva. Introdução As modalidades gímnicas se manifestam de diferentes formas, seja no âmbito lúdico, de prática ou no alto rendimento. Em seu processo de desenvolvimento histórico, a ginástica evoluiu até a dimensão que co- nhecemos hoje, com esportes e atividades amplamente realizadas em academias e espaços específicos para práticas corporais diversas. Os exercícios físicos que envolvem práticas ou esportes ginásticos abrangem um grande leque de possibilidades de movimentos e trabalho de valências físicas, desde força e potência até coordenação e equilíbrio. Além disso, podem ou não utilizar diversos tipos de aparelhos (as moda- lidades que não fazem uso são as atividades de solo). Vale observar que, além das modalidades competitivas de ginástica, que realizam campeo- natos mundiais e integram os Jogos Olímpicos, também são reconhecidas pelo órgão internacional as práticas de caráter não competitivo, a exemplo da Ginástica Para Todos (GPT), de grande importância no processo de popularização e difusão da ginástica pelo mundo. Neste capítulo vamos descrever as modalidades ginásticas de solo e as modalidades ginásticas de aparelho, com suas características e exemplos, além de apresentar as modalidades não competitivas. Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática2 Modalidades gímnicas de solo A ginástica é reconhecida como um esporte extremamente abrangente, envol- vendo os mais diversos movimentos, valências físicas, elementos e aparelhos em suas distintas modalidades. Entre elas, é muito comum a prática de co- reografias no solo. A seguir, vamos abordar cada uma delas, com um breve relato histórico, além da apresentação dos seus principais objetivos e das suas características mais peculiares. Ginástica artística A ginástica artística é caracterizada como uma modalidade gímnica que en- globa diversos aparelhos (NUNOMURA; PIRES; CARRARA, 2009), sendo que uma de suas vertentes é o solo. O solo consiste na execução de acrobacias e movimentos gímnicos realizados por meio de uma coreografia ditada por uma música. Os movimentos empregados consistem basicamente em deslo- camentos, saltos, rodantes, rolinhos, execução de elementos de dança, entre outros. Além do solo, também trabalha com os seguintes aparelhos: cavalo com alças, barra fixa, barras paralelas, barras assimétricas, argolas, trave e mesa. A forma de realizar o aquecimento na ginástica artística varia conforme a modalidade específica. As que envolvem maior participação dos membros superiores normalmente demandam alongamentos e exercícios de mobilidade para essas articulações. O mesmo conceito se aplica às modalidades que exigem mais dos membros inferiores. Além disso, são realizados exercícios de aquecimento (corridas, saltos, etc) para aumentar a frequência cardíaca e o aporte sanguíneo para os músculos. A ginástica artística integra os Jogos Olímpicos desde o ano de 1900, em Paris, como parte da rotina geral; desde o ano de 1932, em Los Angeles, como modalidade individual para os homens e desde o ano de 1952, em Helsinque, para as mulheres. O Campeonato Mundial de Ginástica Artística, realizado desde 1903, também é um evento de extrema importância na modalidade. As competições podem ser disputadas de forma individual ou por equipes, com julgamento das notas sob responsabilidade de comissões de arbitragem que avaliam as atletas através de um código de pontos. Os árbitros consideram o valor da série e a execução da série. A nota final será a soma desses dois critérios. 3Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática Algum tempo atrás a Ginástica Artística era conhecida como Ginástica Olímpica. Confira nesse artigo de Myriam Nunomura, Vilma Leni Nista-Piccolo e Grupo Eunegi, na Revista Brasileira de Ciência e Movimento, uma análise das definições e algumas peculiaridades sobre cada uma delas. https://goo.gl/8mG9sG Ginástica rítmica A ginástica rítmica é uma das modalidades de solo mais difundidas e co- nhecidas no mundo. É praticada somente por mulheres, apesar de existir um movimento propondo implantar a ginástica rítmica masculina. Essa modalidade é caracterizada pela execução de movimentos de beleza, elasticidade, equilíbrio e desenvoltura, combinando elementos de ginástica e dança, podendo utilizar aparatos como fitas, arcos, bolas, cordas e maças (LANARO; BÖHME, 2001). O aquecimento envolve basicamente exercícios de alongamento muscular, corridas, saltos e movimentos específicos com cada um dos aparelhos a serem utilizados. É esporte olímpico desde o ano de 1984, em Los Angeles, e tem seu cam- peonato mundial realizado desde o ano de 1963. Também a ginástica rítmica pode ser disputada por equipes ou individualmente, julgada por duas equipes de arbitragem, os árbitros de dificuldade e os árbitros de execução, com a nota final correspondendo à soma desses dois critérios. Ginásticaacrobática A ginástica acrobática envolve a realização de diversos movimentos acrobá- ticos, como saltos, giros, rodantes, além de movimentos de sustentação. É sempre realizada com algum parceiro, não usa aparelhos e envolve valências fundamentais na ginástica, como força, equilíbrio e coordenação. Os aquecimentos são semelhantes àqueles executados na modalidade de solo da ginástica artística, com alongamentos, exercícios de resistência, mobilidade e aquecimento geral. https://goo.gl/8mG9sG Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática4 É uma das modalidades de solo que não integra o calendário olímpico, mas realiza seu campeonato mundial, organizado pela Federação Internacional de Ginástica (FIG), desde 1974. As provas são executadas em um tablado de doze metros quadrados e a comissão de arbitragem avalia a execução de séries estáticas, dinâmicas e mistas, com a realização de figuras, lançamentos e diagonais. Ginástica de trampolim Criada em 1936, nos Estados Unidos da América, por George Nissen, a ginástica de trampolim consiste na realização de uma série de saltos acrobáticos de alto grau de dificuldade, com movimentos envolvendo giros nos eixos longitudinal, laterolateral e anteroposterior. No Brasil, a modalidade foi promovida pelo professor José Filho, a partir de 1975. O aquecimento envolve exercícios de alongamento e uma sequência de saltos menos complexos. Foi integrada aos Jogos Olímpicos recentemente, no ano de 2000, nas Olimpíadas de Sydney, na Austrália, enquanto o campeonato mundial da mo- dalidade é realizado desde 1964. Utiliza como aparelho somente o trampolim (também conhecido como cama elástica), que consiste em uma tela de nylon com área de 5 m x 3 m. Os árbitros julgam elementos da série livre e da série obrigatória, com nota final resultante desses dois critérios. Os ginastas podem se apresentar individualmente ou na forma sincronizada, em que os atletas realizam uma mesma série de saltos ao mesmo tempo, mas em trampolins diferentes. A ginástica de trampolim (Figura 1) é uma das modalidades mais apreciadas pelo público. Isso porque as apresentações envolvem movimentos de grande comple- xidade e o atleta atinge alturas consideráveis devido à capacidade de propulsão do trampolim. 5Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática Ginástica circense As modalidades de origem circense integram a categoria de exercícios de Educação Física relacionados a atividades expressivas e artísticas. Datam de muitos anos mas sofrem preconceito, marginalizadas por parte da população, que considera seus praticantes como desocupados, pessoas de baixo nível, pedintes, vagabundos, entre outros adjetivos pejorativos. Esse cenário está mudando. Países da Europa tem atletas reconhecidos em grupos de ginástica circense que realizam excursões por todo o mundo. Além disso, algumas escolas vêm implantando a prática circense nos currículos escolares. No Brasil, embora a mudança seja mais lenta e recente, também há escolas que começam a incorporar essa prática aos seus programas pedagógicos (BORTOLETO, 2003). Essa modalidade aproveita uma extensa variedade de movimentos influen- ciados por diferentes práticas corporais (GONÇALVES; LAVOURA, 2011). Existem as práticas que envolvem o equilíbrio, como as pernas de pau e o monociclo; as que envolvem os malabarismos, com a utilização de bastões e arcos, por exemplo; as acrobáticas de solo, com a execução de pirâmides humanas e paradas de mão; e as acrobáticas aéreas, com movimentos no trapézio e no tecido. Figura 1. Ginástica de trampolim. Fonte: Eugene Onischenko/Shutterstock.com. Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática6 A ginástica circense não é uma modalidade olímpica e nem mesmo de ginástica reco- nhecida pela FIG. No entanto, sem dúvida, é uma prática muito rica em possibilidades de variação e criação de movimentos com implementos externos. Dentre as atividades circenses mais conhecidas e que mais despertam a curiosidade do público, as pernas de pau têm grande destaque. Confira nesse artigo, publicado por Marco Antonio Coelho Bortoleto, na Revista Motriz, um pouco sobre a definição, as possibilidades de aplicação e as consequências da prática dessa modalidade de origem circense. https://goo.gl/TgRmkt Duas práticas de origem circense vem se tornando cada vez mais popu- lares em academias ou espaços de apresentação. Estamos falando do Tecido Circense e da Lira Circense. O Tecido Circense consiste na realização de acrobacias em suspensão em um tecido, com giros, inversões do corpo ou mesmo saltos (SOARES; BORTOLETO, 2011). O tecido fica preso pelas suas extremidades e o artista realiza movimentos atrelado ao mesmo, sem equipamentos de segurança (alguns utilizam resina para aumentar a aderência com o tecido), dependendo exclusivamente de sua capacidade e habilidade para evitar possíveis acidentes. Já a lira circense consiste na execução de movimentos acrobáticos com a utilização de um arco suspenso. O atleta realiza movimentos de suspensão no arco, o que exige muito da força muscular e do equilíbrio. Assim como no Tecido Circense, não existe um aparato de segurança que mantenha o executor preso ao arco em caso de uma eventual queda. Além do tecido e da lira, podemos citar outros aparelhos comumente uti- lizados na ginástica circense: monociclo, trapézio, perna de pau e malabares. https://goo.gl/TgRmkt 7Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática � Monociclo — caracteriza-se por ter apenas uma roda e exigir muito do equilíbrio do praticante. Seu surgimento tem relação com os primeiros modelos de bicicleta, em que havia uma grande diferença no diâmetro da roda traseira em relação à dianteira. O condutor fica sentado em um banco ligado à única roda, com os pés apoiados nos pedais. É necessário movimento constante para se manter equilibrado. As apresentações costumam ser enriquecidas pela realização simultânea de exercícios de malabares ou ainda pelo equilíbrio em bases reduzidas. � Trapézio — consiste em uma barra de ferro acoplada em duas cordas suspensas no teto ou no alto de uma estrutura metálica. O atleta se mantém suspenso utilizando as mãos ou os membros inferiores enquanto realiza movimentos pendulares com o trapézio. A partir dos movimentos pendulares, realiza transições de um trapézio para outro, com ou sem o auxílio de um companheiro. Para fins de segurança, há uma tela de nylon que faz o papel de trampolim, caso um dos atletas caia do trapézio. � Perna de pau — caracteriza-se pelo uso de um aparato que aumenta a estatura do atleta circense, exigindo muito do equilíbrio para se manter em pé. A perna de pau pode ser utilizada de duas formas distintas: com apoio somente para os pés ou com apoio para os pés e para as mãos (maior comprimento). A segunda forma é de mais fácil execução mas é pouco comum nos circos. � Malabares — consiste na manipulação de alguns objetos (pinos, bolas, argolas, etc) que são arremessados para o ar, de uma mão para outra, sem que o executante os deixe cair. Essa modalidade exige muito da coordenação motora e da habilidade em equilibrar objetos por parte do atleta circense. O nível de dificuldade varia de acordo com o número de objetos manipulados ou com a destreza que exigem como, por exemplo, no uso de objetos em chamas. As formas de aquecimento empregadas na ginástica circense não diferem tanto daquelas utilizadas nas demais modalidades de ginástica. Normalmente desenvolvem-se exercícios de alongamento, mobilidade e aquecimento espe- cíficos (movimentos presentes em cada prática). Com relação ao processo de aprendizagem, é importante que os atletas possam começar experimentando formas mais simples de execução, como por exemplo, a utilização de uma perna de pau menor ou, ainda, com uma base maior, para que o equilíbrio seja mais fácil. Com o tempo, o atleta é capaz de avançar, passando dos processos mais simples para os mais complexos. Esportes ginásticos: teorias, objetivose prática8 Modalidades de ginástica de aparelhos Vimos que existem diversas formas de praticar ginástica sem o uso de apa- relhos específicos. Contudo, cabe ressaltar que as modalidades que exigem esses aparatos são muito populares e tem importância gigantesca na Educação Física e no meio esportivo. Vamos abordar agora essas modalidades e suas particularidades, conhecendo as principais características e como os atletas ou alunos interagem com os aparelhos. Seu uso em exercícios de ginástica, exigindo movimentos específicos e coordenados dos executantes, foi implementado pelo alemão Friedrich Ludwig Christoph Jahn (1778-1852), um dos maiores influenciadores da escola alemã de ginástica, considerado o pai dos aparelhos de ginástica. Com o tempo, se tornou cada vez mais popular e passou a realizar competições específicas para cada aparelho. As modalidades de ginástica que necessitam de aparelhos envolvem di- ferentes categorias de ginástica artística, exceto o solo, sendo elas: o cavalo com alças, as argolas, as barras paralelas, a barra fixa, as barras assimétricas, a trave olímpica e o salto sobre o cavalo. Vamos abordar a seguir a principais características de cada um, dimensões, principais atletas e principais movi- mentos realizados numa rotina de exercícios. Cavalo com alças O cavalo com alças consiste em um corpo estreito, com duas alças acopladas em sua parte superior. Fica a 1,5 metro do chão, tem 1,6 metro de comprimento e 35 centímetros de largura. As alças estão a 12 centímetros do corpo do apa- relho e estão separadas entre si por uma distância de 45 centímetros. É de uso exclusivo da categoria masculina, sendo um esporte olímpico desde a primeira edição dos jogos, no ano de 1896, em Atenas. A característica fundamental dessa modalidade é que, ao longo de toda a série, somente as mãos do atleta podem tocar o aparelho. Portanto, a exigência de força e resistência muscular é enorme, bem como coordenação para realizar os complexos movimentos exigidos. São realizados movimentos de giros, tesouras, volteios, parada de mãos e saltos (saída do aparelho), sendo que diversos atletas acreditam que esse é o aparelho da ginástica artística com maior grau de dificuldade entre todos. Descontos ao longo da série são computados em caso de falta dos movimentos obrigatórios, toques de pernas no cavalo, perda de postura de pernas e perda de contato com o aparelho. O chinês Xiao Qin e o húngaro Zoltan Magyar são dois dos principais nomes do esporte. 9Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática Argolas Esse aparelho consiste em duas argolas suspensas em uma grande estrutura de ferro, situadas a 2,75 metros do solo e distanciadas entre si por 50 centímetros. A estrutura de ferro tem 5,8 metros de altura. Assim como o cavalo com alças, é de uso exclusivo da categoria masculina e é um esporte olímpico desde o ano de 1896 nos jogos de Atenas. As argolas são de execução extremamente difícil e exigem altos níveis de força e potência muscular, bem como de con- trole, já que não pode haver movimento excessivo das argolas, o que gera descontos na nota final do ginasta. Outro critério importante de desconto é o tempo mínimo de sustentação em posições estáticas, que deve ser de dois segundos. Tempos inferiores caracterizam a posição como não mantida. O atleta alcança a posição inicial nas argolas com auxílio do treinador, e durante a rotina, executa movimentos como crucifixo, vela e parada de mãos, além de saltos, que caracterizam a saída do atleta. Dentre os nomes mais importantes do esporte, podemos citar o italiano Yuri Cechi, o chinês Yibing Chen e o brasileiro Arthur Zanetti, campeões mundiais e olímpicos na modalidade. Barras paralelas Esse aparelho consiste em dois barrotes em paralelo, fixados a dois suportes de metal. As barras possuem 3,5 metros de comprimento e estão situadas a 1,75 metro do solo. Ainda, a distância que separa as barras é de aproximadamente 50 centímetros, mas passível de alteração, considerando-se dimensões físicas do atleta. Assim como os dois aparelhos citados anteriormente, teve sua pri- meira aparição nas olimpíadas de Atenas em 1896 e é de execução exclusiva dos homens. Também exige muito da força e equilíbrio do atleta, que executa movimentos como giros, parada de mãos, elementos de sustentação e saltos. Caso não percorra toda a extensão das barras, o competidor será penalizado com perda de pontos. Dentre os atletas reconhecidos na modalidade, podemos citar o chinês Li Xiaopeng e o japonês Sawao Kato. Barra fixa Também essa modalidade teve início já na primeira edição dos jogos olímpicos e é executada somente por homens. Consiste em barra fixa numa estrutura metálica, a 2,8 metros do solo, com 2,4 metros de comprimento. Exige muita velocidade do atleta na execução dos movimentos, com o corpo em movimento constante durante toda a série. Alguns elementos básicos presentes na rotina de Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática10 exercícios de barra fixa são os giros ao redor da barra, as trocas nas pegadas, as largadas e as retomadas da barra. Os movimentos são executados tanto no sentido anterior quanto no sentido posterior, sendo as séries curtas, com tempo limite de 30 segundos. Podemos citar, como grandes nomes da modalidade, os japoneses Takashi Ono e Mitsuo Tsukahara. Barras assimétricas As barras assimétricas consistem em duas barras fixadas em uma estrutura de metal, em diferentes alturas. Essas alturas podem variar, mas a primeira costuma ficar a 2,36 metros do solo e a segunda a 1,57 metro. O compri- mento de ambas é sempre de 2,4 metros. É uma modalidade olímpica desde os Jogos Olímpicos de Berlin, no ano de 1936, e pode ser executada somente por mulheres, criada como variação das barras paralelas masculinas. Exige muito da velocidade, força e coordenação da executante, tendo implementos de segurança para possíveis quedas, como colchões. Dentre os movimentos e elementos que compõe uma rotina nas barras assimétricas, podemos citar a transferência do corpo da barra superior para a inferior, a transferência do corpo da barra inferior para a superior, giros e movimentos de largada e retomada de uma mesma barra. A atleta pode sofrer descontos em sua pontuação em caso de quedas, postura desalinhada do corpo e pausas entre os exercícios. Algumas das atletas de maior destaque nessa modalidade são as romenas Nadia Comaneci e Daniela Silivas. Nadia Comaneci foi uma das maiores ginastas da história do esporte. Ela é mundial- mente reconhecida por diversos feitos ao longo de sua carreira e talvez um dos mais marcantes, tenha sido em Montreal, no Canadá, no ano de 1976, quando pela primeira vez na história, uma ginasta conseguiu a marca de uma nota perfeita, uma nota dez. Confira no vídeo disponível no link a seguir o desempenho da romena nas barras assimétricas. https://goo.gl/obycxT https://goo.gl/obycxT 11Esportes ginásticos: teorias, objetivos e prática Trave olímpica A trave consiste em uma barra com 5 metros de comprimento e apenas 10 centímetros de largura, situada a 1,25 metro do chão. Teve sua estreia em Jogos Olímpicos no ano de 1952, em Helsinque, na Finlândia. Modalidade exclusiva da categoria feminina, se caracteriza pela imensa exigência de equilíbrio e coordenação por parte da ginasta. Alguns dos elementos que compõe a série na trave são os giros de 360 graus, os saltos na trave, giros e saltos para sair e entrar na trave. No caso de desequilíbrios exagerados, queda da trave ou ainda a falta de elementos obrigatórios, a atleta sofrerá descontos na sua pontuação final. O tempo limite para a atleta realizar a sua série é de um minuto e meio. Dentre os grandes nomes do esporte que podemos citar, temos a romena Nadia Comaneci e a holandesa Sanne Wevers. Salto sobre o cavalo Essa modalidade da ginástica artística apareceu pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de Atenas, em 1896, para os homens, e nos Jogos Olímpicos de Helsinque, em 1952, para as mulheres.
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