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179808101317 DIR PROC CIVIL AULA 05

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PETIÇÃO INICIAL 
 
1. DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
O princípio da inércia da jurisdição impede que o juiz inicie um processo de ofício, devendo aguardar a manifestação da parte interessada, sendo extremamente excepcional a exceção a essa regra. 
A forma de materializar o interesse em buscar a tutela jurisdicional é a petição inicial, conceituada pela doutrina como peça escrita no vernáculo e assinada por patrono devidamente constituído em que o autor formula demanda que virá a ser apreciada pelo juiz, na busca de um provimento final que lhe conceda a tutela jurisdicional pretendida. 
 
A petição inicial tem duas funções: 
 
I. Provocar a instauração do processo; II. Identificar a demanda, decorrência natural da necessidade de menção às partes, causa de pedir e pedido. 
 
Essa segunda característica da petição inicial – indicar os elementos da ação – gera alguns efeitos processuais: 
 
Permite a aplicação do princípio da congruência, indicando os limites objetivos e subjetivos da sentença; 
Permite a verificação de eventual litispendência, coisa julgada ou conexão, quando comparada com outras ações; 
Fornece elementos para fixação da competência; 
Indica desde logo ao juiz a eventual ausência de alguma das condições da ação; 
Pode vir a influenciar na determinação do procedimento. 
 
Por tratar-se da peça que inicia o processo, permitindo o seguimento do procedimento mediante a citação do réu, e gerando todos os efeitos referidos, a lei processual exige que tal peça preencha alguns requisitos formais, o que torna a petição inicial um ato processual solene. 
A ausência de quaisquer deles pode gerar uma nulidade sanável ou insanável, sendo, na primeira hipótese, caso de emenda da petição inicial e, na segunda, de indeferimento liminar de tal peça. 
 
2. REQUISITOS ESTRUTURAIS DA PETIÇÃO INICIAL 
 
Os requisitos estruturais da petição inicial estão, primordialmente, elencados no art. 319, CPC, conforme a seguir. 
 
A petição deverá conter a indicação dos endereços, eletrônico e não eletrônico, do patrono que a subscreve e vir acompanhada de procuração (art. 287, CPC), dispensando-se sua juntada nas hipóteses do parágrafo único do dispositivo mencionado. 
Ademais, o art. 106, CPC, estabelece que quando postular em causa própria, incumbe ao advogado declarar, na petição inicial ou na contestação, o endereço, seu número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil e o nome da sociedade de advogados da qual participa, para o recebimento de intimações, além de comunicar ao juízo qualquer mudança de endereço. 
 
I. Juízo singular ou colegiado a que é dirigida a petição inicial 
 
O primeiro requisito previsto no art. 319, I, CPC, e que constará no topo da primeira página da petição inicial, é o juízo a que esta é dirigida. Sendo a primeira peça do processo, necessária é a indicação do juízo que a receberá nesse primeiro momento procedimental. A indicação do destinatário da petição é necessária para a remessa da petição inicial e formação dos autos perante o órgão pretensamente competente para o conhecimento da demanda. 
 
A indicação jamais será pessoal, mesmo quando a petição inicial for “distribuída por dependência”, ou ainda em comarca de vara única com somente um juiz, exigindo-se a indicação do juízo, e não do juiz (consequência do caráter impessoal do Poder Judiciário). 
 
Dessa forma, ainda que seja possível identificar o juiz que receberá a demanda, não será ele indicado no endereçamento, e sim o juízo que representa. Mesmo sabendo-se que será exatamente aquele juiz específico que receberá a petição inicial distribuída por dependência, não é correta a indicação pessoal do juiz. Apesar de incorreto do ponto de vista técnico, a indicação pessoal do juiz, desde que acompanhada da indicação do juízo, caracteriza mera irregularidade. 
 
II. Indicação das partes e sua qualificação 
 
Deve constar da petição inicial a qualificação das partes, com a indicação de nome completo, estado civil, existência de união estável, profissão, número do CPF ou do CNPJ, o endereço eletrônico e os respectivos domicílios e residências (art. 319, II, CPC). 
 
Tais elementos identificadores se prestam a duas funções principais: 
 
permitir a citação do réu e a individualização dos sujeitos processuais parciais, o que se mostrará importante para distingui-los de outros sujeitos e 
fixar com precisão os limites subjetivos da demanda e da futura e eventual coisa julgada material. 
 
Diante das razões justificadoras para a indicação de tais dados, o que importa na análise do preenchimento do requisito é se a irregularidade ou mesmo a ausência de algum deles gera alguma espécie de prejuízo ao réu ou ao processo. Sem a comprovação de efetivo prejuízo, não haverá nulidade, aplicando-se ao caso o princípio da instrumentalidade das formas. 
 
 A indevida troca de um nome por outro é mera irregularidade, podendo ser corrigida a qualquer tempo, se o verdadeiro réu recebe a citação e contesta regularmente a demanda. O mesmo ocorre com os dados pessoais do réu, que nem sempre serão de amplo conhecimento do autor. 
 
Caso o autor tenha conhecimento de dados adicionais que possam auxiliar na localização e individualização do réu, deve levar tais informações ao conhecimento do juízo na petição inicial. A indicação de número de RG, CPF e CNPJ era prática comum, tendo sido incluídos, estes dois últimos, na nova legislação. 
 
Pode-se, ainda, imaginar a indicação de locais onde a pessoa possa ser encontrada, como o local em que comumente desfruta seus momentos de lazer (bar, restaurante, clube social etc.) ou em que exerça função ou profissão (escritório, consultório, empresa etc.). Outra circunstância possível é a indicação do apelido do réu, ou seja, a forma como ele é conhecido na sociedade à qual pertence, o que poderá auxiliar o oficial de justiça a localizá-lo. 
 
O trabalho do patrono do autor nem sempre é fácil na indicação dos requisitos previstos pelo art. 319, II, CPC, considerando-se que nem sempre saberá com exatidão todos os dados do réu demandados pela lei. A indicação de informações não previstas em lei pode ser de extrema utilidade, ao menos para permitir que a citação seja realizada, restando ao próprio réu, em sua contestação ou qualquer outra espécie de resposta, regularizar sua qualificação, com a indicação de dados que faltaram à petição inicial por desconhecimento do autor. 
 
 Atenção! É possível demanda contra pessoa incerta, devendo-se proceder a um esboço de identificação, bem como requer a citação editalícia (art. 256, I, CPC). 
 
Os §§ 1º e 2º, art. 319, CPC, revelam uma preocupação do legislador com a dificuldade do autor em qualificar o réu, possibilitando seja requerido ao juiz diligências necessárias à obtenção das informações exigidas pela lei, bem como não ser o caso de indeferimento da inicial a ausência de dados do réu, desde que seja possível sua citação. Mais ainda, o § 3º estabelece que a inicial não será igualmente indeferida se a obtenção de tais informações tornar impossível ou excessivamente oneroso o acesso à justiça. Trata-se de dispositivo feito sob medida para hipótese de réus incertos, como nas ações possessórias movidas contra multidão de pessoas responsáveis pela agressão à posse. 
 
A indicação do estado civil das partes é importante em razão de normas processuais que exigem a presença de ambos os cônjuges em determinadas ações (art. 73, §§ 1º e 2º, CPC – ações reais imobiliárias), ou ainda o consentimento do cônjuge não litigante. Esse pressuposto processual poderá ser analisado à luz da petição inicial quando houver a exata indicação do estado civil das partes. 
 
Há uma interessante exceção à regra prevista pelo inciso ora em comento, qual seja, o litisconsórcio passivo multitudinário, que exige do autor a colocação no polo passivo da demanda de número considerável de pessoas (uma verdadeira multidão). Tomem-se como exemplo clássico as ações possessórias decorrentes de esbulho por grupos de pessoas. Nessas situações, semconseguir responsabilizar o “órgão” ou “entidade” à qual pertencem os invasores – já que esses maliciosamente evitam se constituir em pessoas jurídicas – seria nítida ofensa ao princípio do acesso à justiça exigir do autor a perfeita identificação e qualificação de cada um dos réus, ou ainda a indicação de suas profissões e residências. A solução é permitir a indicação de algumas pessoas que o autor consiga identificar ou ainda do líder do movimento, se identificável, em nítida mitigação do dispositivo legal. 
 
Por fim, ainda que se reconheça a existência de dificuldades na indicação de todos os dados exigidos pela lei quanto ao réu, o mesmo não ocorre relativamente ao autor, dado que este é o sujeito responsável pela contratação do patrono que elabora a petição inicial. Somente um desconhecimento considerável da lei ou a má-fé em omitir determinado dado podem explicar uma qualificação deficitária do autor, não se devendo admitir que a demanda prossiga com tal irregularidade. Será caso de emenda da petição inicial em 15 dias (art. 321, CPC), seguida de indeferimento (art. 330, VI, CPC) se o vício não for sanado. 
 
III. Os fatos e os fundamentos jurídicos do pedido 
 
Apesar de o art. 319, III, CPC, indicar como requisito da petição inicial “o fato” no singular, e os “fundamentos jurídicos do pedido” no plural, é pacífico o entendimento que a petição inicial pode perfeitamente ter um ou mais fatos e um ou mais fundamentos jurídicos. 
 
Trata-se da apresentação fática – causa de pedir próxima – e das consequências jurídicas que o autor pretende que tais fatos tenham no caso concreto – causa de pedir remota. 
 
Considerando que dos fatos nasce o direito, cumpre ao autor narrá-los e demonstrar a razão jurídica para que, em decorrência desses fatos, seja merecedor da tutela jurisdicional pretendida. 
 
Registre-se que a exigência da narrativa dos fatos constitutivos do direito do autor já em sua petição inicial se limita aos fatos jurídicos, também chamados de fato principais. Ainda que seja recomendável a narrativa também dos fatos simples, também chamados de fatos secundários, estes não fazem parte da causa de pedir, de forma que podem ser levados ao processo depois do momento inicial de propositura da demanda. 
 
IV. Pedido 
 
O Poder Judiciário não pode servir como mero órgão consultivo, devendo sempre ser chamado à atuação para entregar ao autor o que este pretender receber. Dessa forma, é requisito essencial da petição inicial a indicação de sua pretensão jurisdicional. 
 
O pedido pode ser analisado sob a ótica processual, conhecido como pedido imediato, representando a providência jurisdicional pretendida – condenação, constituição, mera declaração – que será sempre determinado; e sob a ótica material, conhecido como pedido mediato, é representado pelo bem da vida perseguido, ou seja, o resultado prático que o autor pretende obter com a demanda judicial, podendo ser relativamente indeterminado (pedido genérico – art. 324, § 1º, CPC). 
 
 Atenção! O pedido deve ser certo (art. 322, CPC), determinado (art. 324, CPC), claro (art. 322, § 1º, II, CPC) e coerente (art. 330, § 1º, IV, CPC): 
Certeza: não se admite, em regra, pedido implícito. Pedido certo é pedido expresso. 
Determinação: aquele delimitado em relação à qualidade e quantidade. Se contrapõe ao pedido genérico. 
Clareza: aquele formulado de maneira inteligível. 
Coerência: o pedido deve ser consequência jurídica prevista para a causa de pedir aduzida. 
 
Enquanto o autor pode pleitear diversas tutelas jurisdicionais diferentes e incalculáveis bens da vida, o réu, ao contestar a pretensão do autor, fará sempre o mesmo pedido: sentença de improcedência (sentença declaratória da inexistência do direito material alegado pelo autor). Em razão dessa circunstância se justifica que a sentença – desde que de improcedência e em demanda que não seja declaratória – possa ser de natureza diversa da natureza da demanda, fixada pelo pedido imediato do autor. 
 
 Atenção! O magistrado está limitado, na sua decisão, aos fatos jurídicos alegados e ao pedido formulado – não o está, porém, ao dispositivo invocado pelo demandante, pois é sua a tarefa de verificar se houve a subsunção do fato à norma, ou seja, verificar se houve incidência. O juiz pode decidir com base em norma distinta, preservados o direito afirmado e o pedido formulado – Para tanto, porém, deverá observar o disposto no art. 10, CPC, que lhe impõe o dever de consultar as partes. [7: DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. 17. Ed. – Salvador: Ed. Juspodivm, 2015. ]
 
V. Valor da causa 
 
O art. 291, CPC, estabelece que “a toda causa será atribuído um valor certo, ainda que não tenha conteúdo econômico imediatamente aferível”. Desse modo, ainda que o bem material objeto da pretensão do autor não tenha um valor economicamente aferível, é necessária a indicação de valor à causa, ainda que seja calculada de forma meramente estimativa. 
 
A exigência de atribuição ao valor da causa decorre de diversos reflexos que esse requisito gera sobre o processo: 
 
Determinação de competência do juízo segundo as leis de organização judiciária, como a fixação de competência dos “Foros Regionais”; 
Definição do rito procedimental (comum e sumaríssimo); 
Recolhimento das taxas judiciárias; 
Fixação do valor para fins de aplicação de multas, no caso de deslealdade ou má-fé processual; 
Fixação do depósito prévio na ação rescisória no valor correspondente a 5% do valor da causa (do processo originário – art. 968, II, CPC); 
Nos inventários e partilhas o valor da causa influi sobre a adoção do rito de arrolamento. 
 
A lei pode expressamente prever uma regra específica a respeito do valor da causa de determinadas ações judiciais, sendo nesse caso afirmado que existe um critério legal ao valor da causa. O art. 292, CPC, indica as regras específicas para o cálculo do valor da causa. 
 
VI. Provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados 
 
Caso os operadores do direito levassem a regra prevista no art. 319, VI, CPC, mais a sério, as petições iniciais viriam, a exemplo do que ocorria no extinto procedimento sumário, com a devida especificação de provas (assim, por exemplo, o autor já indicaria quais as testemunhas que pretende ouvir ou ainda os quesitos de perícia requerida). Acontece, entretanto, que atualmente o dispositivo legal não encontra tal aplicação, bastando ao autor a indicação genérica de todos os meios de prova em direito admitidos, para que o requisito seja considerado preenchido. 
 
Tal prática, já arraigada em nossa praxe forense, enseja ao juiz, na fase de saneamento do processo, a prolação de despacho para que as partes especifiquem as provas que pretendem produzir, indicando e justificando os meios de prova requeridos. É medida tomada pelos juízes justamente em decorrência da generalidade do protesto realizado na petição inicial, sendo bastante improvável – para não dizer impossível – que a parte no momento em que é instada a especificar provas requeira todos os meios de prova admitidos. 
 
Há doutrina que entende ser completamente inútil a exigência legal, afirmando não se poder entender que a ausência de requerimento de provas na petição inicial gere preclusão para o autor. Nesse entendimento, mesmo não tendo feito pedido de provas na petição inicial, a partir do momento em que o juiz intima as partes para a especificação de provas, poderá o autor livremente as requerer. O mesmo raciocínio seria aplicado ao réu quanto à exigência de requerer a produção de provas em contestação (art. 336, CPC). 
 
 Atenção! O STJ entende que, mesmo tendo sido realizado o pedido genérico na petição inicial (autor) ou contestação (réu), haverá preclusão da prova na hipótese de a parte não reiterar sua vontade de produzi-las no momento em que for intimada para especificá-las. [8: AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO ESPECIAL. INDENIZAÇÃOPOR DANOS MATERIAIS E MORAIS. PRODUÇÃO DE PROVAS. AUSÊNCIA DE ESPECIFICAÇÃO NO MOMENTO OPORTUNO. PRECLUSÃO. CERCEAMENTO DE DEFESA. NÃO OCORRÊNCIA. 1. Preclui o direito à prova quando, a despeito da existência de requerimento na contestação, a parte se omite quando intimada para especificação. 2. Agravo regimental desprovido. (AgRg no REsp 1536824/CE, Rel. Ministro JOÃO OTÁVIO DE NORONHA, TERCEIRA TURMA, julgado em 01/12/2015, DJe 11/12/2015) ]
Ainda que se entenda correto o entendimento que aponta a exigência do art. 319, VI, CPC, uma “ridícula inutilidade”, entendo ser interessante o requerimento genérico na petição inicial (bem como na contestação), não para evitar a preclusão, mas para permitir a alegação de cerceamento de defesa na hipótese de julgamento antecipado da lide. Em minha visão, o autor que deixa de pedir provas em sua petição inicial permite ao juiz um julgamento antecipado do mérito, sem que possa em grau de recurso alegar cerceamento de defesa, visto que nada requerendo em termos de produção de prova permite ao juiz o julgamento imediato, sem a necessidade de produção de provas. 
 
VII. A opção do autor pela realização da audiência de conciliação ou de mediação 
 
Trata-se da última exigência do art. 319, CPC, valendo destacar que a audiência só não será realizada se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual (art. 334, § 4º, I, CPC). Assim, havendo o requerimento pelo autor, na petição inicial, de sua realização, a postura do réu torna-se inútil, porque, mesmo não querendo a realização da audiência, dela não conseguirá se livrar. 
 
 Atenção! Não observado este requisito pelo autor, a petição não deve ser indeferida por este motivo, nem há a necessidade de o juiz determinar sua emenda. Deverá o juiz considerar o silêncio do autor como indicativo da sua não-oposição à realização da audiência de conciliação ou mediação. 
 
3. DOCUMENTOS INDISPENSÁVEIS À PROPOSITURA DA DEMANDA 
 
Determina o art. 320, CPC, que a petição inicial deverá ser instruída com os documentos indispensáveis à propositura da demanda. A ausência de tais documentos enseja a possibilidade de emenda da petição inicial, considerandose que o vício gerado pela não juntada de tais documentos é sanável. 
 
 Atenção! Como regra, deve-se produzir a prova documental no momento da postulação (art. 434, CPC), sendo possível a sua produção ulterior nas hipóteses do art. 435, CPC. 
 
Não ocorrendo a emenda com a juntada dos documentos indispensáveis à propositura da demanda, a petição inicial será indeferida (art. 330, IV, CPC). 
 
Caso o juiz só perceba a ausência de tais documentos após a citação do réu, não mais se admitirá o indeferimento da petição inicial, que deve ocorrer sempre liminarmente, mas diante da resistência do autor em não juntar aos autos tais documentos, o processo deve ser extinto sem resolução de mérito por falta de pressuposto processual (art. 485, IV, CPC). 
 
Documentos indispensáveis à propositura da demanda são aqueles cuja ausência impede o julgamento de mérito da demanda, não se confundindo com documentos indispensáveis à vitória do autor, ou seja, ao julgamento de procedência de seu pedido. Esses são considerados documentos úteis ao autor no objetivo do acolhimento de sua pretensão, mas, não sendo indispensáveis à propositura da demanda, não impedem a continuidade da demanda, tampouco a sua extinção com resolução do mérito. Numa demanda de divórcio, a certidão de casamento é um documento indispensável à propositura da demanda, porque sem esse documento é impossível o julgamento de mérito, o mesmo não se podendo dizer de um documento que comprove o adultério do cônjuge, que pode ser importante a parte que o apresente em juízo, mas cuja ausência não impedirá o julgamento de mérito da demanda. 
 
Registre-se que o STJ já permitiu o ingresso de ação revisional de contrato mesmo que o autor não apresente com a petição inicial uma cópia do contrato que se busca rever. É interessante porque, na sociedade massificada em que vivemos, com ampla presença dos contratos de adesão, é possível a elaboração de uma petição inicial nesse tipo de ação sem a necessidade de sua instrução com cópia do contrato celebrado entre as partes. Diante dessa nova realidade, o STJ entende pela viabilidade do pedido de exibição do contrato, ao invés de ser elaborado por meio de ação cautelar precedente de exibição de documento, seja elaborado incidentalmente, ainda que continue a acreditar ser o contrato documento indispensável à propositura da ação (Informativo 413/STJ: 3ª Turma, REsp 896.435/PR, rel. Min. Nancy Andrighi, j.27.10.2009). Há, porém, entendimento em sentido contrário (4ª Turma, REsp 1.262.132/SP, rel, Min. Luiz Felipe Salomão, j. 18.11.2014). 
 
4. POSTURAS DO JUIZ DIANTE DA PETIÇÃO INICIAL 
 
A demanda considera-se proposta na data em que a petição inicial foi protocolada (art. 312, CPC). 
Autuado e registrado os autos são encaminhados ao juiz, momento em que este deve conhecer de ofício a incompetência absoluta, determinando a remessa dos autos ao órgão competente. O juiz ainda pode: 
 
Determinar a emenda da petição inicial (art. 321, CPC); 
Indeferir a petição inicial (art. 330, CPC), nas seguintes hipóteses: 
Inépcia da petição inicial (art. 330, § 1º, CPC); 
Manifesta ilegitimidade de parte (art. 330, II, CPC);  Falta de interesse de agir (art. 330, III, CPC);  Ausência de emenda da inicial (art. 330, IV, CPC). c) Julgamento de improcedência liminar; 
d) Determinar a citação do réu. 
 
4.1. Emenda da petição inicial 
 
Em razão do caráter instrumentalista que norteia o processo civil moderno, a emenda ou complementação da petição inicial prevista no art. 319, CPC, ganha espaço. Sempre que for possível a escolha entre a emenda e indeferimento, o juiz deve optar pelo primeiro caminho, reservando-se o indeferimento para situações impossíveis de serem corrigidas ou saneadas. 
 
O STJ entende que a emenda da inicial é direito do autor, não podendo o juiz indeferir a petição inicial antes de oportunizar ao autor seu saneamento, sempre que isso se mostrar possível. 
 
De acordo com o art. 321, CPC, sempre que a petição inicial deixar de preencher os requisitos dos arts. 319 e 320, CPC, ou, ainda, apresentar defeitos ou irregularidades capazes de dificultar o julgamento do mérito, o juiz concederá o prazo de 15 (quinze) dias para que o autor emende a inicial. 
 
O juiz poderá ampliar esse prazo quando entendê-lo exíguo para o saneamento exigido (art. 139, VI, CPC). Na hipótese de ausência de indicação do endereço do patrono, o prazo para a emenda será, excepcionalmente, de 5 (cinco) dias (art. 106, § 1º, CPC). 
 
A decisão que determina a emenda da inicial (decisão interlocutória agravável por instrumento) deve ser, como qualquer decisão, devidamente motivada. 
 
O juiz deve indicar precisamente o vício que entende presente na inicial, justificando seu entendimento (art. 321, CPC). A omissão em indicar e justificar o vício deve ser afastada com a interposição de embargos de declaração. Tanto a doutrina quanto a jurisprudência entendem pela possibilidade de emendas sucessivas, abrindo-se mais de uma oportunidade para a emenda da inicial. Se a emenda se der de forma incompleta, também à luz do princípio da instrumentalidade das formas, é possível abertura de novo prazo para que complemente a primeira emenda. O limite das emendas sucessivas deve ser apreciado no caso concreto, não se podendo eternizar o início de um processo com sucessivas determinações de emendas cumpridas de forma falha. 
 
A possibilidade de emendas sucessivas deve ser analisada ainda à luz do disposto no art. 321, parágrafo único, CPC, ou seja, se o juiz determinar a emenda e o autor não agir positivamente, o único caminho viável ao juiz é o indeferimento da petição inicial. 
 
Se o autor não emendar a inicial, o juiz não poderá dar andamento à demanda, visto que no caso concreto se operou a preclusão pro iudicato. 
 
O STJ admite a emenda a destempo,o que torna o prazo impróprio, mas nunca a continuidade da demanda sem saneamento do vício. 
 
 Atenção! É possível a emenda da inicial após a contestação, desde que não enseje modificação do pedido ou da causa de pedir sem o consentimento do réu, quando então não seria emenda, mas alteração ou aditamento da petição inicial. 
 
A emenda da petição inicial, por mais interessante que seja a sobrevivência do processo, não poderá ser determinada na hipótese de outras posturas já terem sido tomadas. 
No caso de indeferimento da inicial ou julgamento liminar de improcedência (art. 332, CPC), será impossível a determinação da emenda da inicial por obstáculo material intransponível: extinção do processo. Mas, mesmo o processo não sendo extinto, o que ocorrerá com a determinação de citação do réu, já não mais será possível a emenda da inicial, operando-se a preclusão lógica para o juiz. 
 
4.2. Indeferimento da petição inicial 
 
Nas hipóteses em que o juiz se deparar com vícios insanáveis, de nada adiantará abrir prazo de 15 (quinze) dias ao autor para emendar a petição inicial, considerando-se que o autor não será capaz de sanar a irregularidade ou vício constatado no caso concreto. Nestes casos não restará alternativa ao juiz senão o indeferimento liminar da petição inicial, nos termos do art. 330, CPC, consistente em decisão judicial que obsta liminarmente o prosseguimento da causa, pois não se admite o processamento da demanda. 
 
Também deverá indeferir a inicial quando a emenda ou sucessão delas não tiver sido apta a sanar a irregularidade ou vício, ou nos casos de omissão do autor em realizar a emenda no prazo de 15 dias (art. 330, IV, CPC). 
 
 Atenção! O indeferimento da petição inicial é uma decisão judicial que não resolve o mérito da causa, limitandose a reconhecer a impossibilidade de sua apreciação (art. 485, I, CPC). 
 
O indeferimento pode ser total ou parcial: 
 No caso de indeferimento parcial, mesmo que tenha a decisão matéria de mérito como objeto, a doutrina majoritária entende tratar-se de decisão interlocutória, posto não haver a extinção do processo, recorrível por agravo de instrumento (art. 354, parágrafo único, CPC), ainda que não se tenha previsão expressa no art. 1.015, CPC.  No caso de indeferimento total, o pronunciamento será uma sentença, recorrível por apelação. 
 
Havendo indeferimento da inicial no Tribunal (em casos de competência originária) o recurso cabível dependerá de quantos julgadores participaram do julgamento. Sendo o julgamento monocrático, caberá agravo interno para órgão colegiado (art. 1.021, CPC). Tratando-se de decisão colegiada, caberá recurso especial e/ou recurso extraordinário, dependendo do caso. 
 
Tanto em primeiro grau como no Tribunal, só haverá indeferimento da inicial antes da citação do réu. Se o réu já foi integrado no processo, ainda que o juiz acolha uma das causas previstas no art. 330, CPC, não será o caso de indeferimento da inicial, sendo simplesmente o processo extinto sem resolução do mérito por ausência de condição da ação ou de pressupostos processuais positivos (ou negativos). 
 
Como regra, o juiz só pode modificar sua sentença nos casos de erros materiais ou de cálculo (de ofício) ou quando houver omissão, obscuridade ou contradição (embargos de declaração) (art. 494, CPC). Sendo, entretanto, uma sentença de indeferimento da inicial, o art. 331, CPC, prevê a possibilidade do juiz, diante da apelação do autor, se retratar em 5 dias (prazo impróprio). Caso haja retratação, a inicial não estará mais indeferida, e o processo seguirá regularmente, com a citação do réu. Caso não haja retratação, o réu será citado para oferecer contrarrazões ao recurso (art. 331, § 1º, CPC). Se a apelação for provida, o prazo para contestação começará a correr da intimação do retorno dos autos (art. 331, § 2º, CPC). Não tendo sido interposta apelação, e transitado em julgado a sentença, deverá o réu ser comunicado do trânsito em julgado da sentença proferida em processo para o qual ele não foi citado (art. 331, § 3º, CPC). 
 
4.3. Hipóteses de indeferimento da petição inicial 
 
1. Inépcia 
 
A petição será considerada inepta quando: 
 
faltar o pedido ou causa de pedir; 
da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; 
o pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses de formulação de pedido genérico; (IV) os pedidos forem incompatíveis entre si. 
 
O pedido com suas especificações e a causa de pedir (fatos e fundamentos jurídicos do pedido) compõem os elementos que identificam a ação, sendo exigência expressa do art. 319, III e IV, CPC. A importância dessa descrição na inicial deriva da necessidade de fixação dos limites objetivos da ação e da pretensão do autor, sem os quais o réu não poderá exercer ativamente seu direito de defesa. O julgamento do juiz também restará prejudicado caso o autor não indique tais elementos, posto que será impossível o órgão jurisdicional saber os limites da demanda, observando-se o art. 492, CPC. 
 
O inciso II, do § 1º, do art. 330, CPC, incluiu a elaboração de pedido genérico, quando for exigido o pedido determinado, como nova causa de inépcia da inicial. 
 
Eventual incompatibilidade lógica entre os argumentos e a conclusão também gera o indeferimento da inicial (art. 330, III, CPC). 
 
Por fim, a petição inicial não poderá conter pedidos incompatíveis entre si (art. 330, § 1º, IV, CPC). 
 
 Atenção! É preciso atenção para essa causa de inépcia da petição inicial, considerando-se que nem toda espécie de cumulação exige a compatibilidade dos pedidos. 
Havendo cumulação imprópria (subsidiária ou alternativa), não há problema em coexistirem pedidos incompatíveis, posto que apenas um dos pedidos formulados poderá ser satisfeito, não havendo nenhuma razão para o indeferimento da petição inicial. 
Havendo cumulação própria (simples ou sucessiva), pretende-se o acolhimento simultâneo de todos os pedidos formulados. Ocorre a cumulação simples quando as pretensões não guardam entre si relação de precedência lógica, ou seja, são autônomas, podendo ser analisadas independentemente uma da outra. Dá-se, por sua vez, a cumulação sucessiva quando os exames dos pedidos guardam entre si um vínculo de precedência lógica: o acolhimento de um pedido pressupõe o acolhimento do anterior. Neste caso, havendo uma incompatibilidade de pedidos e adotando-se um posicionamento mais instrumentalista do processo, seria caso de emenda da inicial, permitindo-se que o autor escolha entre os pedidos originalmente formulados. 
 
2. Manifesta ilegitimidade de parte 
 
Menciona o art. 330, II, CPC, que a parte deve ser “manifestamente ilegítima”, levando a crer que a mera ilegitimidade não seria o suficiente para o indeferimento. É claro que, se o juiz, ao analisar a petição inicial, se convencer da ilegitimidade de uma das partes – ou mesmo de ambas -, deverá indeferir a inicial. 
 
3. Falta de interesse de agir 
 
Ausência de interesse processual (art. 330, III, CPC). 
 
4. Não realização de emenda 
 
Por fim, o art. 330, IV, CPC, prevê que a inicial será indeferida quando não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321, CPC. Se não indicados o nome e endereço do patrono do autor e a irregularidade não for sanada quando dada a oportunidade de emenda (5 dias), a inicial será indeferida. 
 
5. JULGAMENTO DE IMPROCEDÊNCIA LIMINAR DO PEDIDO 
 
A improcedência liminar do pedido consiste na decisão jurisdicional que, antes da citação do demandado, julga improcedente o pedido formulado pelo demandante, com enfrentamento do direito material alegado (art. 332, CPC). 
 
É técnica aplicável a qualquer processo, sejam aqueles que se iniciam perante o juiz de primeira instância ou aqueles de competência originária de tribunal, nos quais sejam constatadas situações de manifesta improcedência do pedido, dispensando-se a citação do demandado, sem qualquer violação à garantia do contraditório. Tem como objetivo encerrar demandas repetitivas, típicas da sociedade de massa em quevivemos. 
 
São requisitos para julgamento de improcedência liminar do pedido: 
 
Dispensa de instrução probatória; 
Pedido formulado pelo autor que contraria enunciado de súmula do STF ou do STJ; 
Pedido que contraria acórdão proferido pelo STF ou pelo STJ em julgamento de recursos repetitivos; 
Pedido que contraria entendimento firmado em IRDR – incidente de resolução de demandas repetitivas; 
Pedido que contraria enunciado de súmula de TJ sobre direito local; 
Reconhecimento ex officio da ocorrência de prescrição ou decadência (art. 332, § 1º, CPC). 
 
RESPOSTAS DO RÉU 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A integração do réu à relação jurídica processual, por meio da citação, permite que o mesmo tenha ciência da existência da demanda movida contra ele. Ao mesmo tempo, realiza-se a intimação ao réu para que, querendo, apresente sua resposta no prazo legal. Dessa forma, a conjugação de citação e intimação traduz, de forma bastante clara, o fenômeno do “contraditório” no processo civil: informação da existência da demanda judicial e abertura de possibilidade de reação. 
 
Tradicionalmente, a resposta do réu constitui um ônus processual, considerando-se que o réu somente se manifestará se essa for sua vontade, que determinará também a forma de reação. A inércia do réu, algo absolutamente admissível no processo civil, gerará em regra sua revelia, fenômeno ligado à inexistência jurídica de contestação, com as limitações previstas no art. 345, CPC. 
 
Para além da contestação e da reconvenção, há outras formas que precisam ser destacadas, como a nomeação à autoria, chamamento ao processo, denunciação da lide, reconhecimento jurídico do pedido, impugnação ao valor da causa e impugnação à concessão dos beneficiários da assistência judiciária, desde que manejadas pelo réu e no prazo de defesa. Também pode se considerar espécie de resposta do réu a alegação de litisconsórcio multitudinário. 
 
2. CONTESTAÇÃO 
 
Trata-se do instrumento de exercício do direito de defesa, consistente na resposta defensiva do réu, representando a forma processual pela qual se insurge contra a pretensão do autor. 
 
O prazo para oferecimento de contestação é de quinze dias (art. 335, caput, CPC). Se o réu for Ministério Público (art. 180, CPC), ente público (art. 183, CPC), réu assistido pela Defensoria Pública (art. 186, CPC) ou litisconsorte com advogado diferente do outro litisconsorte (art. 229, CPC), o prazo é de trinta dias. 
 
 Atenção! O termo inicial do prazo deve observar o art. 335, CPC. 
 
A doutrina costuma dividir as matérias de defesa passíveis de alegação em sede de contestação em dois grandes grupos, cada qual com suas subdivisões: 
I. Defesas processuais: dilatórias, peremptórias e dilatórias potencialmente peremptórias; II. Defesas de mérito: defesas de mérito diretas e indiretas. 
 
2.1. Defesas processuais 
 
Doutrinariamente é também denominada como “defesas indiretas”, por não terem como objeto a essência do litígio, encontrando-se previstas no art. 337, CPC. 
 
Na praxe forense são tratadas como “defesas preliminares” em razão do local ideal dentro da contestação para serem alegadas (antes da defesa de mérito). Dizem respeito à regularidade formal do processo (instrumento), e não ao mérito, devendo o réu apontar os vícios que porventura comprometam a validade do procedimento. 
 
Tradicionalmente, são divididas em dilatórias (o acolhimento não põe fim ao processo, aumentando somente o tempo de duração do procedimento) e peremptórias (fazem com que o processo seja extinto sem a resolução de mérito). O professor Daniel Assumpção, além dessas, reconhece as defesas dilatórias potencialmente peremptórias (aquelas que, caso acolhidas, permitem ao autor o saneamento do vício ou irregularidade e a continuidade do feito; no caso de omissão do autor, a defesa toma natureza peremptória, gerando a extinção do feito sem a apreciação do mérito). 
 
Dilatórias: inexistência ou nulidade da citação (art. 337, I, CPC); incompetência do juízo (art. 337, II, CPC); conexão/continência (art. 337, VIII, CPC). 
Peremptórias: inépcia da petição inicial (art. 337, IV, CPC); perempção (art. 337, V, CPC); litispendência (art. 337, VI, CPC); coisa julgada (art. 337, VII, CPC); convenção de arbitragem (art. 337, X, CPC); falta de interesse de agir (art. 337, XI, CPC). 
Dilatórias potencialmente peremptórias: incapacidade de parte, defeito de representação ou falta de autorização (art. 337, IX, CPC); falta de caução ou de outra prestação, que a lei exige como preliminar (art. 337, XII, CPC); incorreção do valor da causa (art. 337, III, CPC); ilegitimidade de parte (art. 337, XI, CPC). 
 
2.2. Defesas de mérito 
 
Enquanto as defesas processuais têm por objeto a regularidade do processo, as defesas de mérito dizem respeito ao direito material alegado pelo autor. Na defesa de mérito o objetivo do réu é convencer o juiz de que o direito material alegado pelo autor não existe. É o conteúdo da pretensão do autor o objeto de impugnação por meio da defesa de mérito. 
 
2.2.1. Defesa de mérito direta 
 
O réu enfrenta frontalmente os fatos e os fundamentos jurídicos narrados pelo autor na petição inicial, buscando demonstrar que os fatos não ocorreram conforme narrado ou ainda que as consequências jurídicas pretendidas pelo autor não são as mais adequadas ao caso concreto. Desenvolve-se dentro dos fatos e da fundamentação jurídica que compõem a causa de pedir exposta pelo autor em sua petição inicial. 
 
2.2.2. Defesa de mérito indireta 
 
O réu, sem negar as afirmações lançadas pelo autor na inicial, alega um fato novo, que tenha natureza impeditiva, modificativa ou extintiva do direito do autor. Amplia-se, assim, o objeto de cognição do juiz, que passará a analisar fatos que não compõem originariamente a causa de pedir narrada pelo autor, não sendo incorreto afirmar que, a partir do momento de arguição desta espécie de defesa, o juiz passará a uma análise fática mais ampla daquela que originariamente estaria obrigado em razão da pretensão do autor. 
 
São fatos impeditivos aqueles que, anteriores ou simultâneos ao fato constitutivo do direito impedem que esse último gere seus regulares efeitos (contrato celebrado por incapaz ou com vício de consentimento). 
Os fatos extintivos são aqueles que colocam fim a um direito, sendo necessariamente posteriores ao surgimento da relação jurídica de direito material (prescrição, pagamento, remissão da dívida etc.). 
Já os fatos modificativos são, necessariamente, posteriores ao surgimento da relação de direito material, atuando sobre a relação jurídica de direito material, gerando sobre ela uma modificação subjetiva ou objetiva (cessão de crédito sem ressalva, com a modificação do credor, no primeiro caso, e novação objetiva e parcelamento da dívida no segundo caso). 
 
3. PRINCÍPIO DA IMPUGNAÇÃO ESPECÍFICA DOS FATOS 
 
Segundo o art. 341, CPC, serão presumidos verdadeiros os fatos que não sejam impugnados especificamente pelo réu em sua contestação. 
 
A impugnação específica é um ônus do réu de rebater pontualmente todos os fatos narrados pelo autor com os quais não concorda, tornando-os controvertidos e, em consequência, fazendo com que componham o objeto da prova. 
 
O momento de tal impugnação, em regra, é a contestação, operando-se a “preclusão consumativa” se apresentada essa espécie de defesa o réu deixar de impugnar algum dos fatos alegados pelo autor. 
 
Não se aplica o ônus da impugnação especificada ao advogado dativo, ao curador especial e à Defensoria Pública 
(art. 341, parágrafo único, CPC), que podem elaborar contestação por “negativa geral”. 
 
E mesmo que o réu não possa se valer da “negativa geral”, os três incisos do art. 341, CPC, preveem exceções ao princípio da impugnação específica dos fatos, impedindo que um fato alegado pelo autor que não tenha sido impugnado especificamente seja presumido verdadeiro: 
 
Fatos a cujo respeito não se admitir a confissão (direitos indisponíveis); 
Petição inicial desacompanhadade instrumento público que a lei considere da substância do ato (certidão de casamento, certidão de óbito); III. Fatos que estejam em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto. 
 
4. PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE 
 
Consagrado nos arts. 336 e 342, CPC, no sentido de exigir do réu a exposição de todas as matérias de defesa de forma cumulada e alternativa na contestação. É também conhecido como “princípio da concentração da defesa”, fundamentado na ideia de “preclusão consumativa”, exigindo-se que de uma vez só, na contestação, o réu apresente todas as matérias que tem em sua defesa, sob pena de não poder alegá-las posteriormente. A cumulação é eventual porque o réu alegará as matérias de defesa indicando que a posterior seja enfrentada na eventualidade de a matéria defensiva anterior ser rejeitada pelo juiz. 
 
A exigência de cumulação de todas as matérias de defesa na contestação faz com que o réu se veja obrigado a cumular defesas logicamente incompatíveis, como, por exemplo, alegar que não houve o dano, mas que, na eventualidade de o juiz entender que houve o dano, não foi no valor apontado pelo autor. 
 
Há, também, as exceções previstas nos incisos do art. 342, CPC, as quais podem ser alegadas após a apresentação da contestação, referentes a: 
 
matérias defensivas relativas a direito superveniente (fato ou situação jurídica que surgiu após a apresentação da defesa e que é relevante para o julgamento da causa); 
matérias que o juiz pode conhecer de ofício (de ordem pública, decadência, prescrição); 
matérias que, por expressa previsão legal, podem ser alegadas a qualquer tempo e grau de jurisdição (decadência convencional). 
 
5. RECONVENÇÃO 
 
É o exercício do direito de ação do réu dentro do mesmo processo em que primitivamente o autor originário tenha exercido o seu direito de ação. 
 
Em regra, o réu só se opõe às alegações do autor, ou seja, somente se defende; entretanto, em alguns casos, o réu poderá formular uma pretensão em face do autor (“contra-ataque”), exercendo o direito de ação, passando a figurar como se fosse um verdadeiro autor. 
 
A reconvenção é uma mera faculdade, podendo o réu que deixar de reconvir e ingressar de forma autônoma com a mesma ação que teria ingressado sob a forma de reconvenção. 
 
As condições e pressupostos de uma reconvenção são as mesmas de qualquer ação (legitimidade das partes e interesse de agir). Relativamente à legitimidade de partes, a novidade é a de que o art. 343, §§ 3º e 4º, CPC, passa a prever, de forma expressa, que a reconvenção pode ser proposta contra o autor e um terceiro, e que a reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro. Aplica-se, aqui, a regra do litisconsórcio multitudinário (art. 113, §§ 1º e 2º, CPC). 
 
Entretanto, por se tratar de uma medida de caráter incidental, além das condições e pressupostos comuns a qualquer ação, deve preencher alguns pressupostos e condições específicas: 
 
Litispendência: para que exista reconvenção, é indispensável que exista a demanda originária; a reconvenção é demanda nova em processo já existente; 
Forma: o art. 343, CPC, estabelece que a contestação e reconvenção sejam apresentadas em única peça processual, podendo o réu reconvir independentemente de contestar (art. 343, § 6º, CPC). 
Identidade procedimental: a lei exige que haja uma compatibilidade procedimental entre a ação principal e a reconvenção. A ação originária e a ação reconvencional seguirão juntas, sendo, inclusive, decididas por uma mesma sentença; 
Competência: o juízo da ação originária é absolutamente competente para a ação reconvencional, de modo que, sendo a competência absoluta dessa ação diferente da ação originária, será proibido o ingresso de ação reconvencional, devendo a parte ingressar com a ação autônoma perante o juízo absolutamente competente; 
Conexão: a reconvenção deverá, obrigatoriamente, ter conexão com os fundamentos de defesa ou com os fundamentos da demanda proposta pelo autor (art. 343, caput, CPC). 
 
 Observações: 
 
Apresentada a reconvenção, e não sendo caso de indeferimento liminar, o autor reconvindo será intimado, na pessoa do seu advogado, para responder no prazo de 15 (quinze) dias. A resposta mais comum será a contestação à reconvenção – e sua ausência gera o efeito da revelia – mas nada impede outras espécies de resposta além da contestação, como a denunciação da lide e o chamamento ao processo. 
 
A reconvenção da reconvenção, em tese, é possível. Parte da doutrina entende que seu cabimento está condicionado às hipóteses de reconvenção com fundamento na conexão com os fundamentos de defesa (Dinamarco e Marinoni). Reconvenções sucessivas poderão ser inadmitidas no caso concreto com fundamento na economia processual sempre que o juiz entender que mais uma reconvenção prejudicará significativamente o andamento procedimental. 
 
6. REVELIA 
 
A revelia é um ato-fato processual, consistente na não apresentação tempestiva da contestação. Em outras palavras, ocorre a revelia quando o réu, citado, não aparece em juízo apresentando sua resposta, ou, comparecendo ao processo, não apresenta sua resposta tempestivamente. A revelia produz os seguintes efeitos: [9: DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento. 17. Ed. – Salvador: Ed. Juspodivm, 2015. ]
 
Efeito material: presunção de veracidade das alegações de fato formuladas pelo autor (art. 344, CPC); 
Os prazos contra o réu revel que não tenha patrono nos autos fluirão da data de publicação do ato decisório no órgão oficial (art. 346, CPC); 
Preclusão em desfavor do réu do poder de alegar algumas matérias de defesa (ressalvadas aquelas previstas no art. 342, CPC; 
Possibilidade de julgamento antecipado do mérito da causa, caso se produza o efeito material da revelia (art. 355, II, CPC). 
 
Em regra, todavia, cabe ao autor o ônus de provar os fatos constitutivos do seu direito. Nem mesmo quando há revelia do réu há a procedência automática dos pedidos, podendo o juízo examinar se as alegações formuladas na inicial encontram o mínimo de verossimilhança para considerá-las verdadeiras. (AREsp Nº 1.002.761 - MT (2016/0276803-7), Relatora: Ministra MARIA ISABEL GALLOTTI, julgado em 01/02/2017, DJe 03/02/2017) 
 
Assim, “a revelia, que decorre do não oferecimento de contestação, enseja presunção relativa de veracidade dos fatos narrados na petição inicial, podendo ser infirmada pelos demais elementos dos autos, motivo pelo qual não acarreta a procedência automática dos pedidos iniciais.” (REsp 1335994/SP, Rel. Ministro RICARDO VILLAS BÔAS CUEVA, TERCEIRA TURMA, julgado em 12/08/2014, DJe 18/08/2014) – grifo nosso. 
 
PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES E JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO 
 
SANEAMENTO E FASE DE SANEAMENTO. AS PROVIDÊNCIAS PRELIMINARES 
 
Diante da apresentação, ou não, da resposta do réu, inicia-se uma fase do procedimento comum que se denomina de “fase de saneamento” ou “fase de ordenamento do processo”. 
 
Durante este período, o magistrado, se for o caso, deve adotar providências que deixem o feito apto para que nele seja proferida uma decisão, chamada de “julgamento conforme o estado do processo” (art. 347, CPC). 
 
A atividade de saneamento do magistrado, porém, não se esgota nessa fase, que se caracteriza, apenas, pela concentração de atos de regularização do processo. É que desde o momento em que recebe a petição inicial, pode adotar medidas para regularizar eventuais defeitos processuais – a determinação de emenda da petição inicial (art. 321, CPC) e a possibilidade de controle a qualquer tempo das questões relativas à admissibilidade do procedimento (art. 485, § 3º, CPC) são exemplos disso. O dever de o magistrado sanear o processo deve ser exercido ao longo de todo o procedimento, mas há uma fase em que a sua atuação revela-se mais concentrada. 
 
A “fase de saneamento” inicia-se após o escoamento do prazo de resposta do réu. No entanto, é possívelque, após esse momento, a “fase postulatória” se prolongue, pois o réu pode ter reconvindo ou denunciado a lide a um terceiro. É possível, ainda, que o autor requeira a modificação do pedido ou da causa de pedir, com o consentimento do réu, com base no art. 329, II, CPC. Os primeiros atos da “fase de saneamento” podem coincidir, portanto, com a prática dos últimos atos da fase postulatória. 
 
As “providências preliminares” que podem ser adotadas são, basicamente, as seguintes: 
 
tendo sido apresentada defesa indireta, deve o juiz intimar o autor para apresentar a sua réplica, em 15 (quinze) dias (arts. 350/351, CPC), que consiste na manifestação deste último sobre os fatos novos deduzidos pelo réu em sua defesa. Se a defesa for direta, não haverá intimação para a réplica. Se o autor trouxer documentos na réplica, o réu deverá ser intimado para manifestar-se sobre eles, em 15 (quinze) dias, conforme regra do art. 437, § 1º, CPC. 
se o réu apresentar defesa direta, mas trouxer documentos, deve o juiz intimar o autor para manifestar-se sobre eles, no prazo de 15 (quinze) dias (art. 437, § 1º, CPC). 
se há defeitos processuais que possam ser corrigidos, inclusive aqueles relacionados aos requisitos de admissibilidade do procedimento, deve o juiz providenciar a sua correção, fixando, para tanto, prazo não superior a 30 (trinta) dias (art. 352, CPC). 
se houver revelia, deve o juiz verificar a regularidade da citação. 
se, não obstante a revelia, a presunção de veracidade não se tiver produzido, o autor será intimado para especificar as provas que pretenda produzir em audiência (art. 348, CPC). O prazo para especificação das provas é de 5 (cinco) dias, aplicando-se a regra supletiva do art. 218, § 3º, CPC, tendo em vista o silêncio da lei sobre o assunto. 
se a revelia decorrer de citação ficta ou se o réu revel for preso, será designado curador especial (art. 72, II, CPC). 
se o réu reconveio, o autor será intimado para contestá-la, em 15 (quinze) dias. 
se o réu promoveu uma denunciação da lide ou um chamamento ao processo, o juiz adotará as providências inerentes a essas intervenções, tal como determinar a comunicação do terceiro cujo ingresso no processo se pleiteia. 
se o réu requerer a revogação da justiça gratuita, o juiz, após ouvir o autor, decidirá a respeito. Revogado o benefício, caberá agravo de instrumento (arts. 101 e 1.015, V, CPC). 
se houver alegação de incompetência, o juiz decidirá sobre a sua competência. Se reconhecer a sua incompetência, determinará a remessa dos autos ao juízo competente. 
o juiz decidirá sobre eventual impugnação ao valor da causa apresentada pelo réu na contestação. 
o magistrado deve verificar se é o caso de intervenção do Ministério Público (art. 178, CPC), da Comissão de Valores Mobiliários (CVM, art. 31, Lei nº 6.385/1976), do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE, art. 118, Lei nº 12.529/2011) ou de qualquer outro órgão/entidade cuja presença o processo seja obrigatória, por força de lei. 
 
JULGAMENTO CONFORME O ESTADO DO PROCESSO 
 
O “julgamento conforme o estado do processo” pode ter diversos conteúdos. 
Como já consignado, depois de cumpridas as “providências preliminares”, ou não havendo necessidade delas, o juiz examinará os autos para que tome uma dessas decisões: 
 
extinção sem julgamento do mérito (art. 485, c/c art. 354, CPC); 
resolução do mérito, em razão de autocomposição total (art. 487, III, c/c art. 354, CPC); 
resolução do mérito em razão de decadência ou prescrição (art. 487, II, c/c art. 354, CPC); 
julga antecipadamente o mérito da causa (art. 355, c/c art. 487, I, CPC); 
profere decisão de saneamento de organização do processo, com ou sem audiência para produzi-la em cooperação com as partes (art. 357, CPC); 
 
JULGAMENTO ANTECIPADO DO MÉRITO 
 
Conforme visto, após as providências preliminares, o magistrado deve proferir uma decisão, que se denomina “julgamento conforme o estado do processo”. 
 
O julgamento antecipado do mérito é uma das possíveis decisões que podem ser tomadas neste momento do procedimento. Trata-se de decisão de mérito em que o magistrado decide o objeto litigioso, julgando procedente ou improcedente a demanda formulada. Perceba-se que em outras duas variantes do “julgamento conforme o estado do processo” há, também, exame de mérito: 
 
a) extinção por autocomposição (reconhecimento da procedência do pedido, transação ou renúncia ao direito sobre o que se funda a demanda, art. 487, III, CPC); b) extinção pelo reconhecimento da prescrição/decadência (art. 487, II, CPC). Nessas situações, só há julgamento de mérito nos casos da letra “b”. Nos casos da letra “a” há homologação da autocomposição, sem julgamento. 
 
Assim, como se vê, o julgamento conforme o estado do processo pode implicar decisão de mérito tomada com base em qualquer dos incisos do art. 487, CPC. 
 
O julgamento antecipado do mérito é uma decisão de mérito, fundada em cognição exauriente, proferida após a fase de saneamento do processo, em que o magistrado reconhece a desnecessidade de produção de mais provas em audiências de instrução e julgamento (provas orais, perícia e inspeção judicial). Diz o caput do art. 355, CPC que “O juiz julgará antecipadamente o pedido, proferindo sentença com resolução de mérito”. Aqui, o juiz entende ser possível proferir decisão de mérito apenas com base na prova documental produzida pelas partes. 
 
O julgamento antecipado do mérito é uma técnica de abreviamento do processo. É manifestação do princípio da adaptabilidade do procedimento, pois o magistrado, diante de peculiaridades da causa, encurta o procedimento, dispensando a realização de toda uma fase do processo. 
 
É bom frisar que o adjetivo “antecipado” justifica-se exatamente no fato de o procedimento ter sido abreviado, tendo em vista as particularidades do caso concreto. 
 
O art. 355, CPC, prevê as hipóteses em que se admite o julgamento antecipado do mérito. É preciso, porém, fazer algumas anotações sobre esse artigo: 
 
em primeiro lugar, o “princípio da cooperação” impõe que o magistrado comunique às partes a intenção de abreviar o procedimento, julgando antecipadamente a lide. Essa intimação prévia é importantíssima, porquanto profilática, pois, a uma, evita uma decisão-surpresa, que abruptamente encerre o procedimento, frustrando expectativas das partes; a duas, se a parte não concordar com essa decisão, deve registrar o inconformismo , nos temos do art. 278, CPC – se não o fizer, não poderá, posteriormente, alegar, na apelação, cerceamento de defesa pela restrição que se fez ao seu direito à prova, em razão da preclusão. 
 
essa possibilidade de abreviação do procedimento deve ser utilizada com cautela e parcimônia, não só porque pode implicar restrição ao direito à prova, mas também porque, sem a audiência de instrução e julgamento, podem os autos subir ao tribunal, em grau de recurso, com fraco conjunto probatório. Como é de praxe, em órgãos colegiados a realização de atividade de instrução probatória complementar é mais rara, sendo possível que, diante de um processo “mal-instruído”, o tribunal resolva anular a sentença, para que se reinicie a atividade probatória – e isso não é desejável. 
 
o inciso I, do art. 355, CPC autoriza o julgamento antecipado quando não for necessária a produção de provas em audiência, ou seja, quando a prova exclusivamente documental for bastante para a prolação de uma decisão de mérito. 
 
cabe julgamento antecipado se houver revelia. Para que isso aconteça, é preciso que a revelia tenha implicado a presunção de veracidade dos fatos afirmados pelo autor – e, por isso, não haja necessidade de produção de mais provas, pela incontrovérsia dos fatos (art. 374, III, CPC) – e o revel ainda não tenha intervindo no processo, solicitando a produção de provas nos termos do art. 349, CPC. 
 
não se permite que o juiz, no julgamento antecipado do mérito, conclua pela improcedência, sob o fundamento de que o autor não provou o alegado. Se o magistradoconvoca os autos para julgamento antecipado, é porque entende provados os fatos alegados. Entende, enfim, que não há necessidade de prova. Essa decisão impede comportamento contraditório do juiz (venire contra factum proprium); há preclusão lógica para o magistrado, que, então, não pode proferir decisão com aquele conteúdo. A sentença de improcedência por falta de prova, em julgamento antecipado do mérito, além de violar o dever de lealdade processual, a boa-fé objetiva (art. 5º, CPC) e o 
“princípio da cooperação” (art. 6º, CPC), poderá ser invalidada por ofensa à garantia do contraditório, em sua dimensão de direito à prova. 
 
quando for o caso, o “julgamento antecipado não é faculdade, mas dever que a lei impõe ao julgador”, em homenagem aos princípios da duração razoável do processo e da eficiência. 
 
admite-se o julgamento antecipado “parcial” do mérito (art. 356, CPC), cuja decisão é impugnável mediante agravo de instrumento (art. 356, § 4º, CPC). 
 
SANEAMENTO E ORGANIZAÇÃO DO PROCESSO Conteúdo da decisão saneadora 
 
Se não for caso de extinção do processo sem julgamento do mérito, nem de extinção do processo com julgamento do mérito (prescrição/decadência, autocomposição ou julgamento antecipado do mérito), deverá o juiz proferir uma decisão de saneamento e organização do processo. 
 
Há, pois, nessa decisão, um capítulo decisório em que se reconhece a admissibilidade do processo (juízo declaratório) e outro capítulo decisório em que se fixam os pontos controvertidos e se delimita a atividade de instrução (juízo constitutivo). Em suma, o órgão jurisdicional: 
 
– resolverá questões processuais pendentes, se houver; 
– delimitará as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória, especificando os meios de prova admitidos; 
– definirá a distribuição do ônus da prova, observado o art. 373; IV – delimitará as questões de direito relevantes para a decisão do mérito; V – designará, se necessário, AIJ. 
 
Audiência de saneamento e organização em cooperação com as partes (art. 357, § 3º, CPC): trata-se de regra que concretiza o princípio da cooperação (art. 6º, CPC). 
 
Embora a previsão seja apenas para causas complexas, nada impede que o juiz a determine em causas não tão complexas. O saneamento compartilhado tende a ser mais frutuoso sempre. 
 
Acordo de organização do processo (art. 357, § 2º, CPC): as partes podem levar ao juiz, para homologação, uma organização consensual do processo. Temos, aqui, um negócio bilateral, em que as partes chegam a um consenso em torno dos limites do seu dissenso, ou seja, as partes concordam que controvertem sobre tais ou quais pontos, delimitando consensualmente as questões jurídicas que reputam fundamentais para a solução do mérito. Nada impede que, nesse acordo, se encartem outros negócios processuais, típicos (convenção sobre ônus da prova, p.e.) ou atípicos (art. 190, CPC). 
 
Calendário processual (art. 191, CPC): trata-se de agendamento para a prática de atos processuais, feito de comum acordo entre partes e órgão julgador e em atenção às particularidades da causa. Normalmente relacionado à prática de atos instrutórios, pode ter por objeto atos postulatórios, decisórios e executórios. O calendário pode ser fixado em qualquer etapa do procedimento. 
 
Questões 
 
31. Sobre a petição inicial, é INCORRETO afirmar: 
 
A indicação do valor da causa consiste em uma faculdade da parte, quando se tratar de ações que não tenham conteúdo econômico imediato. 
A petição inicial será instruída com os documentos indispensáveis à propositura da ação. 
A petição inicial poderá ser formulada com pedido genérico, nas situações em que não for possível determinar, de modo definitivo, as consequências do ato ou do fato ilícito. 
A petição inicial será indeferida quando lhe faltar pedido ou causa de pedir. 
Antes de efetivada a citação, o autor poderá aditar o pedido, correndo à sua conta as custas acrescidas em razão dessa iniciativa. 
 
32. Assinale a alternativa correta. 
 
Cabe ao réu manifestar-se precisamente sobre os fatos narrados na petição inicial, e, se não o fizer, como regra geral presumir-se-ão verdadeiros os fatos não impugnados. 
Em homenagem ao princípio da economia processual e da celeridade, as chamadas preliminares de mérito podem ser reconhecidas de ofício do juiz. 
O réu poderá impugnar o valor da causa na própria contestação. Veda-se, porém, a impugnação à gratuidade judiciária no bojo da referida peça processual, sendo necessária a manifestação do réu em peça autônoma. 
Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz determinará que o autor altere a petição inicial para a substituição imediata do réu. 
Havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a contestação poderá ser protocolada no foro de domicílio do réu, fato que será comunicado ao juiz da causa por meio de carta precatória. 
 
33. A reconvenção: 
 
Não pode ser proposta contra o autor e, concomitantemente, contra terceiro. 
Não pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro. 
Não pode ser proposta sem que seja oferecida contestação. 
Não depende do pagamento de custas, de acordo com previsão expressa na lei processual vil. 
Não impede o prosseguimento do processo se houver desistência da ação. 
 
34. Ocorrendo a revelia 
 
poderá o autor alterar o pedido, ou a causa de pedir, bem como demandar declaração incidente, independentemente de nova citação do réu. 
poderá o réu intervir no processo em qualquer fase, recebendo-o no estado em que se encontrar. 
reputar-se-ão verdadeiros, de modo absoluto, os fatos afirmados pelo autor. 
não poderá o réu participar da audiência de instrução e julgamento que venha a ser designada. 
deverá o juiz, necessariamente, julgar o processo antecipadamente, dada a veracidade presumida dos fatos alegados pelo autor. 
 
Analise a afirmação a seguir e indique se ela está CERTA ou ERRADA. 
Sempre que o juiz entender necessário, determinará a intimação do autor para apresentar réplica à contestação, no prazo de 15 (quinze) dias. 
 
Sobre a decisão de saneamento do processo, indique a alternativa correta. 
 
Após a decisão de saneamento deverá o juiz tentar a conciliação das partes, determinando, após, as provas a serem produzidas. 
Não sendo hipótese de julgamento antecipado do mérito, de julgamento antecipado parcial do mérito ou mesmo de extinção do processo, o juiz resolverá, se houver, as questões processuais pendentes, delimitará as questões de fato sobre as quais recairá a atividade probatória e as questões de direito relevantes para a decisão do mérito, especificando os meios de prova admitidos e definirá a distribuição do ônus da prova, se necessário designando audiência de instrução e julgamento. 
Como se trata de decisão interlocutória, o recurso cabível, acolhidas ou não as preliminares levantadas pelo réu, será sempre o de agravo de instrumento. 
Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito, o juiz não deverá sanear e sim sentenciar desde logo o processo. 
A inversão do ônus da prova pode se dar, inclusive, após a realização da audiência de instrução e julgamento, desde que previamente consultadas as partes. 
 
37. Analise as proposições a seguir e indique qual delas está de acordo com a Lei 13.105/2015 (Novo Código de Processo Civil). 
 
A lei processual civil não admite a prolação de decisões parciais de mérito. 
É possível o julgamento antecipado do mérito quando o réu for revel, ocorrer o efeito material da revelia e não houver requerimento de prova no tempo e forma legais. 
Realizado o saneamento, as partes têm o direito de pedir esclarecimentos ou solicitar ajustes, no prazo comum de 15 (quinze) dias, findo o qual a decisão se torna estável. 
Saneamento é ato exclusivo do juiz, não podendo ser realizado em cooperação com as partes. 
O julgamento antecipado parcial do mérito gera decisão executável desde logo, independentemente de caução, salvo se houverrecurso contra ela interposto. 
 
38. As regras gerais sobre provas, de acordo com o Novo Código de Processo Civil, permite-nos concluir que: 
 
Somente os meios legais são hábeis para demonstrar a verdade dos fatos. 
O princípio dispositivo é mitigado no que se refere à produção de provas, pois caberá ao juiz determinar, mesmo que de ofício, as provas necessárias à formação de seu convencimento. 
O poder instrutório no processo civil é restrito à prova de fatos afirmados por uma parte e confessados pela outra. 
O ônus da prova cabe, em regra, à parte economicamente mais forte. 
Não é permitido, segundo a redação do Novo Código de Processo Civil, a distribuição dinâmica do ônus da prova, situação autorizada somente pelo Código de Defesa do Consumidor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
GABARITO: 
 
A. 
A. 
E. 
B. 
E. 36) B. 37) B. 
38) B. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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