Buscar

PODER NORMATIVO E AGENCIAS REGULADORAS

Prévia do material em texto

4. O PODER NORMATIVO DAS AGÊNCIAS REGULADORAS
4.1 Agências Reguladoras e o seu Poder Normativo
No atual modelo governamental de Estado Neoliberal, onde o Estado permite a livre-iniciativa, mas regula a atividade econômica como forma de garantir o bem comum, as agências reguladoras têm a função de interferir no espaço à que elas estão destinadas.
As autarquias foram criadas pela necessidade do prolongamento do braço estatal, descentralização administrativa, com elas foram criadas as agências reguladoras, que nada mais são que autarquias especiais, pois possuem autonomia acentuada devido ao seu poder normativo.
As agências reguladoras têm prerrogativa de intervenção estatal no domínio econômico e competência de intervenção (regulação) específica.
Deve-se ressaltar a palavra específica, pois, faz-se necessário esclarecer que o poder normativo mencionado destina-se apenas à regulação de atuação em alguns setores, como por exemplo: a saúde, através da ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária – Lei 9.782/99), cuja finalidade é de proteger a saúde da população, exercendo controle, sob vigilância sanitária da produção e comercialização de produtos e serviços relacionados (medicamentos, alimentos, cosméticos, laboratórios, planos de saúde, etc.). 
Tal descentralização administrativa se deve a necessidade de compatibilizar a atuação do Estado com a complexidade técnica e a especialização do momento atual da sociedade, para atender a finalidade do Estado.
4.2 A constitucionalidade do poder normativo, o redimensionamento do princípio da legalidade e a releitura do princípio da tripartição de poderes.
No entanto, o poder normativo dessas agências devem ser nos moldes e limites legais da lei que as criaram, por isso que, apesar de não terem subordinação hierárquica, são submetidas ao controle finalístico (legalidade).
Para não haver delegação pura da função de legislar, o legislador precisa dar normas gerais (Standards), meramente habilitadoras, o suficiente que dê respaldo às normas criadas posteriormente pelas agências, dando-lhes constitucionalidade. São as Chamadas leis-quadro (lois-cadre), que são próprias das matérias de particular complexidade técnica e dos setores suscetíveis a constantes mudanças econômicas e tecnológicas, devido a dinamicidade da sociedade contemporânea e suas relações sociais e econômicas. 
Diante deste quadro social, constata-se o despreparo técnico do Poder Legislativo sob matérias de circunstâncias especiais que exigem alto conhecimento, surge então a necessidade de adaptação dos princípios da legalidade e da tripartição dos poderes e junto, a necessidade de delegação normativa, permitindo que o Poder Executivo também legisle, para que a atuação do Estado de adéqüe ao dinamismo e à complexidade Social.
Em concordância com o artigo em questão e visto que vivenciamos um Estado Democrático de Direito, regidos pela Constituição denominada cidadã, no tocante aos direitos, garantias e valores fundamentais nela mencionados e exigidos, em que todo o ordenamento jurídico é pautado, é perfeitamente aceitável a linha de raciocínio dos autores quando abordam o assunto “A constitucionalidade do poder normativo das agências reguladoras na ótica do redimensionamento do princípio da legalidade”, pois, com o neoconstitucionalismo surgiu a exigência de cumprir o que constituição, agora com força normativa, trazia em seu escopo. Para isso a produção normativa tem que ser compatível com o que a constituição impõe.
No entanto, as agências reguladoras precisam estar em harmonia com a constituição para a concretização do bem comum, com a finalidade de atender o equilíbrio econômico, a justiça social e a dignidade humana. Caso isso não ocorra, estará claramente ferindo a constituição que é expressa quando versa sobre a competência do Poder Legislativo de legislar. Porém, quando há harmonia, não se pode falar que o poder normativo atribuído as agências reguladoras é inconstitucional ou que esteja usurpando a função de legislar, pois o Poder Legislativo continua fazendo o que sempre fez: edita leis, frequentemente com alto grau de abstração e generalidade.
O poder normativo das agências reguladoras é conditio sine qua non para atual ação estatal, trabalhando num sistema de freios e contra-pesos como forma de neutralidade para o bem comum.
Outro motivo gerador da necessidade do poder normativo das agências reguladoras, é a sabida deficiência do Poder Legislativo, que, como já mencionado anteriormente, não só falta conhecimento técnico dos parlamentares, como também pela lentidão no processo legislativo muitas vezes gerada pela defesa de interesses próprios dos parlamentares.
Portanto, é mister dizer que há constitucionalidade no poder normativo das agencias reguladoras na ótica do redimensionamento do princípio da legalidade, pois elas são meios alternativos para que o Estado realize o que se propôs de maneira a atender o que a constituição impõe, com agilidade e técnica necessária, refletindo assim sua própria eficiência sem ferir a tripartição dos poderes.
Aluna: Elaine Burin Marques
RA: 22849

Continue navegando