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Memoriais AULA 4 Prática Simulada III

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ____ VARA CRIMINAL DA COMARCA DE CURITIBA – PR.
PROCESSO Nº :
	JORGE, já qualificado nos autos do processo em epígrafe, vem na presença de V. EXA., através de seu advogado abaixo assinado, na forma do artigo 403, §3º, do código de processo penal, oferecer os presentes
					
				 	MEMORIAIS
Com base nos fatos e fundamentos ora expostos:
	I) DOS FATOS
	
	O Réu foi denunciado pela suposta prática de dois crimes de estupro de vulnerável previstos nos artigos 217-A, na forma do Art 69, Código Penal, com a circunstância agravante do Art 61, II, “L”, CP, pois teria constrangido sexualmente a jovem de nome Analisa, menor de 14 anos à pratica de sexo oral e vaginal.
	II) DO MÉRITO
	
	II – A) DO FATO ATÍPICO 
Para Rogério Greco, na parte geral de sua doutrina
“Para os que adotam um conceito analítico do crime, o mesmo é composto pelo fato típico, pela ilicitude e pela culpabilidade. E para que haja tipicidade é preciso que haja quatro requisitos: conduta resultado nexo de causalidade tipicidade. Assim, se alguém age (conduta) de forma a causar a alguém (nexo de causalidade) algum dano (resultado), só nos resta saber se existe tipicidade para que o ato possa ser considerado típico.
 ERRO DO TIPO
	
		Dispõe o artigo 20, do CP, que: 
Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
	§ 1º. É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. 
Segundo o Rogério Grego em sua doutrina:
Erro é a falsa representação da realidade ou o falso ou equivocado conhecimento de um objeto (é um estado positivo). Ignorância é a falta de representação da realidade, ou o completo desconhecimento do objeto (é um estado negativo). Apesar dessa distinção, erro e ignorância são tratados de forma idêntica pelo Direito Penal. Seus efeitos são idênticos. No erro de tipo o sujeito comete ou está cometendo o crime e, por algum motivo qualquer, não sabe disso. Erro de tipo é o erro que recai sobre as elementares, circunstâncias ou qualquer dado que se agregue a uma determinada figura típica. Ocorre um erro de tipo quando alguém não conhece, ao cometer o fato, uma circunstância que pertence ao tipo legal. O erro de tipo é o reverso do dolo do tipo: quem atua “não sabe o que faz”, falta-lhe, para o dolo do tipo, a representação necessária. Se o agente tem uma falsa representação da realidade, falta-lhe a consciência de que pratica uma infração penal e, dessa forma, resta afastado o dolo que, como vimos, é a vontade livre e consciente de praticar a conduta incriminada. Entretanto, se o erro for evitável (ou inexcusável), o agente responderá a título de culpa se houver previsão legal para tanto. 
A vítima frequentava bares de adulto o que facilitou a indução do réu ao erro, as suas vestes não eram compatíveis com a sua idade, onde qualquer pessoa acreditaria ser uma pessoa maior de 14 (quatorze) anos de idade, de maneira alguma o Réu estava em situação de embriaguez. Acreditava que no local só pudesse ser frequentado por maiores de 18 anos, Art. 20, 1º, CP, Art. 386, III, CPP c/c Art. 217 –A.
II – B) DA INEXISTÊNCIA DE CONCURSO
Não há o que se falar em concurso de crimes, o Art. 217-A, CP descreve: 		
Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14 (quatorze) anos”. Sendo um tipo misto alternativo, no que ocorre o sexo vaginal e oral, é um único crime, e com isso, incide em redução de pena.
II – C) DA AUSÊNCIA DA CIRCUNSTÂNCIA AGRAVANTE
Caso V. EXA., não entenda, deverá excluir a circunstância agravante. As testemunhas de defesa afirmaram que o réu não se embriagou, logo deverá ser afastada essa circunstancial, com base no Art. 61, II, “L” CP – “ São circunstâncias que sempre agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: 
II – D) DOS ANTECEDENTES DO RÉU
É importante destacar que o réu é primário, possui residência fixa, e inclusive está respondendo o processo em liberdade.
Caso V. EXA., considere os bons antecedentes em caso de condenação do réu, que seja no mérito, Art. 59, CP, que seja fixado a pena base.
II – E) DO REGIME SEMI ABERTO
Considerando a vida pregressa do réu, ele deverá ser condenado a pena mínima de 8 anos, assim sendo ele terá direito ao regime de pena semi aberto, conforme Art. 33, § 1, “b” - 
Art 33 caput “A pena de reclusão deve ser cumprida em regime fechado, semiaberto ou aberto. A de detenção em regime semiaberto, ou aberto, salvo necessidade de transferência a regime fechado.” §1º”b” c/c §2º, ‘b” Considera-se: Regime semiaberto a execução da pena em colônia agrícola, industrial ou estabelecimento similar. As penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado, observados os seguintes critérios e ressalvadas as hipóteses de transferência a regime mais rigoroso: “b” – O condenado não reincidente, cuja a pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito), poderá, desde o princípio, cumpri-la em regime semiaberto.
O Art. 2º da lei 8072/90 é inconstitucional, por ser o réu primário, ele tem direito a inicialmente fechado, cabendo o semiaberto, inclusive já teve um julgado sobre a inconstitucionalidade desta lei.
.EMEN: HABEAS CORPUS. ATENTADO VIOLENTO AO PUDOR COM VIOLÊNCIA PRESUMIDA. CRIME HEDIONDO. DELITO COMETIDO ANTES DA EDIÇÃO DA LEI 11.464/1997. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE DO ART. 2.º, § 1º, DA LEI Nº 8072/1990 PELO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. MODIFICAÇÃO DA FORMA DE CUMPRIMENTO DA PENA. REGIME INICIAL FECHADO. POSSIBILIDADE. CIRCUNSTÂNCIAS JUDICIAIS DESFAVORÁVEIS. ORDEM DENEGADA. 1. A declaração de inconstitucionalidade do art. 2º, § 1º, da Lei nº 8.072/90 pelo Supremo Tribunal Federal, não modificou o regime inicial para os condenados por crimes hediondos, mas, tão somente, a forma de cumprimento da pena, que antes era integralmente no regime fechado, hoje, assegurada a forma progressiva. 2. No caso, o regime fechado deve ser mantido por ser o mais adequado à repressão e reprovação do delito, pois, embora a pena privativa de liberdade tenha sido fixada em patamar inferior a 8 anos de reclusão, as circunstâncias judiciais foram consideradas desfavoráveis ao paciente, tanto que a pena-base foi estabelecida acima do mínimo legal. 3. Habeas corpus denegado. ..EMEN:
(HC 201200389545, MARCO AURÉLIO BELLIZZE, STJ - QUINTA TURMA, DJE DATA:22/05/2012 ..DTPB:.)
III – DOS PEDIDOS
Isto posto requer a V. Exa., a absolvição do réu com base no Art. 386, III, CPP;
Caso V. Exa., rejeite o pedido absolutório, deverá afastar ou indeferir o concurso material de crimes previstos no Art. 69, CP;
Que seja indeferida a circunstância agravante, prevista no Art. 61, II 2, “L”, CP; 
Em caso de condenação que a pena seja fixada no mínimo legal, na forma do Art. 59, CP;
Por fim, que seja fixado o regime semiaberto, para cumprimento da pena com base no Art. 33, §2º, “b”, CP
Nestes termos,
Pede deferimento.
				Curitiba, 29 de abril de 2014.
ADVOGADO:
OAB/UF:

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