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HISTÓRIA DA ARQUITETURA NO BRASIL Profª. Ms. Arq. Mariangela Vinciguerra Curso de Arquitetura e Urbanismo Universidade Paulista - UNIP A ARQUITETURA DA MINERAÇÃO ANTECEDENTES HISTÓRICOS 1 1500 ~1530 Período Inicial de Ocupação Primeiros aglomerados – função de defesa – litoral, modestas feitorias (embriões urbanos) 2 1530 ~1580 Primeiros Assentamentos Primeiros assentamentos – donatários / colonizadores, controlados pela coroa. 3 1580 ~1640 Período Felipino Período de dominação espanhola 4 1640 ~1700 Restauração Portuguesa Retomada do poder português 5 1700 ~1750 Urbanismo Minerador Descoberta de ouro ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – LOCALIZAÇÃO ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – LOCALIZAÇÃO Até o final do século XVII, o acesso à região mineradora interiorana, a partir do Rio de Janeiro por barco até Parati e daí serra acima, onde encontrava o Caminho dos Bandeirantes vindo de São Paulo. Surge então o Caminho Novo. A partir de então, muitas variações foram criadas, caminhos e descaminhos, estes fugindo dos registros para controle estabelecidos pela Coroa. Esses descobrimentos, que ocorreram por volta de 1696, deram início às explorações de Ouro Preto, São João del Rey, Mariana e Sabará como principais pontos mineradores. Na lista dos centros de grande produção vinham à seguir Cuiabá, descoberta em 1718; Itajubá, em 1723; Rio das Contas, em 1724, e Vila Boa de Goiás, em 1726, descobrimento de diamantes em 1730, em Diamantina; em 1744, em Paracatú, e finalmente, em 1747, em Vila Bela da Santíssima Trindade, no Mato Grosso. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – HISTÓRIA A descoberta do ouro vai provocar uma corrida de aventureiros sedentos de riqueza fácil à região das minas. O surgimento de uma forma diferente de ocupação espacial, até então desconhecida na colônia portuguesa da América. O processo minerador, pelo seu próprio caráter de organização, não comporta o estabelecimento da população de forma rural ou isolada. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – HISTÓRIA FIGURA– O sítio urbano de Ouro Preto implantado: bairros, arruamento e topografia. Fonte: SILVA (2004) FIGURA – Ilustração do “caminho-tronco” feita pelo arquiteto Sylvio de Vasconcellos; termo criado por ele. Fonte: SALCEDO (2007, p.117)editado pela autora. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – HISTÓRIA o trabalho da mineração e o seu controle pelo estado, através da cobrança dos inúmeros impostos a ela associados, passam a exigir um tipo de organização no qual o agrupamento urbano vem a ser um elemento de fundamental importância. Temos, então, com o início da exploração do ouro em Minas Gerais, a instalação de uma população eminentemente urbana, que se opõe a uma outra, de cunho rural, existente nos períodos iniciais da ocupação territorial brasileira. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – HISTÓRIA A OCUPAÇÃO DO ESPAÇO URBANO Em decorrência da forma como os pontos de mineração se organizavam, entrincheirando-se junto ao próprio local do trabalho, utilizando as bocas das minas como abrigo. Não houve dificuldade alguma na formação dos primeiros povoados, que se estabeleceram tendo como referências principais a estrada, que geralmente margeava os cursos d’água, e a capela, construída e ocupada de forma democrática e coletiva, onde era mantido um tosco oratório de viagem. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Formação das cidades no período minerador, Ouro Preto: ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO A Estrada Formação das cidades no período minerador, Ouro Preto: ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO A Estrada Com relação ao abrigo e o estabelecimento dos primeiros descobridores, a urbanização da região mineradora passa a ser efetiva à medida que a corrida de aventureiros em busca do ouro se torna uma constante, fazendo com que a distribuição e a ocupação de áreas urbanas passe a ter um caráter mais definitivo a partir dos primeiros sinais de estabilidade da economia. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO FIGURA– Mariana implantado: bairros, arruamento e topografia. A Estrada ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO FIGURA– Mariana implantado: bairros, arruamento e topografia. A Estrada ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO FIGURA– Mariana implantado: bairros, arruamento e topografia. Os primeiros núcleos implantados junto aos pontos de mineração recebiam o nome de “arraial” e, eram estabelecidos a curta distância uns dos outros, estando, na maioria das vezes, separados por densas matas e tendo como ponto comum a proximidade ou mesmo a ligação direta com o caminho geral. A Estrada ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO a estrada que, fazendo a ligação entre eles, promovia o abastecimento de gêneros vindos principalmente de São Paulo e do Rio de Janeiro Estrada, vira Rua Direita A Estrada ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Panorâmica da cidade de Pirenopólis tirada durante um vôo, 1940. Fonte: Peixoto A Estrada O elemento primordial e determinante no que se refere às primeiras fixações de mineradores: adaptação à conformação irregular do terreno, seguiam as meias encostas, acompanhavam as curvas impostas pelos cursos d’água ou lançavam-se de cumeada, já que as regiões ricas em depósitos auríferos são caracterizadas por uma topografia marcadamente acidentada. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Ouro Preto Mariana Tiradentes A Estrada Para um maior controle do escoamento da produção aurífera, e consequentemente para tentar impedir o contrabando de pedras, era reduzido o número de estradas que faziam o contato da população mineradora com o exterior das áreas de mineração. Se por um lado isso facilitava o controle, por outro contribuía para o isolamento dessa população, o que gerou mais tarde uma cultura própria, característica dessa região, diferente de tudo o que aconteceu no restante da colônia. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Tiradentes A Estrada O contato com a estrada era fundamental na vida do mineiro, sendo fonte de alimentos, de notícias e de informações, além de estabelecer o contato direto entre um centro minerador e outro, entre um arraial ou vila e qualquer outro núcleo de mineração. Isso dava ao núcleo uma conformação mais longilínea, faz com que a rua principal seja geralmente o aproveitamento da própria estrada ou de alguma outra via que será, no entanto, sempre paralela a ela. Mesmo apresentando uma série de elementos característicos da organização urbana litorânea, a presença da influência portuguesa é, de certa forma, bastante acentuada nos núcleos mineradores. A utilização da estrada como eixo principal de estrutura e organização é elemento tradicionalmente conhecido em território português. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO A Estrada A Estrada Nacional como elemento estruturante fundamental da região, juntamente com a rua Direita, o largo e a igreja, um dos principais elementos de organização do tecido urbano desse núcleo da costa Vicentina portuguesa. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Até a década de 1950, a cidade de Pirenopólis conservou sua morfologia, e poucas alterações se fizeram notar. A rua da Direita - antiga rua das Bestas, que constituía desde o primeiro momento o eixo mais integrado, pois era a rua que ligava a entrada da cidade ao seu principal monumento, a Igreja Matriz. A Estrada Rua direita em década de 1930, Pirenópolis A construção das residências foi um elemento fundamental de estruturação urbana na região mineira. O partido típico das residências, de um único pavimento, construídas parede-meia e perpendicularmente ao arruamento.São aqui vistos como a mais autêntica herança ibérica, trazendo para o interior da colônia questões como: estabilidade construtiva, simplificação da estrutura de cobertura, e um modo bem característico de organização dos espaços internos, que se apresentam quase que padronizados. Eram implantadas no limite entre o lote e o espaço público, definem e dimensionam a rua, determinando também o caráter e a paisagem interna do núcleo. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO A Estrada ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Goiás Tiradentes Mariana Ouro Preto Na urbanização das regiões mineradoras, observa- se a semelhança com as implantadas tanto em Portugal quanto no litoral brasileiro, no que se refere à participação do edifício na determinação do espaço urbano. Nos aglomerados urbanos tanto portugueses quanto brasileiros implantados junto ao mar, as construções estão geralmente grudadas umas nas outras, em decorrência basicamente da falta de terrenos disponíveis no interior das fortificações ou por questões relacionadas com a defesa. Nas regiões mineradoras, as edificações encontram-se da mesma forma amontoadas, sendo que aí são outras as razões utilizadas como justificativa: geralmente só existe uma rua, que deve ser aproveitada em toda a sua disponibilidade, o que vai forçar uma redução exagerada das testadas dos terrenos, não restando outra forma de construir a não ser parede-meia. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO A Estrada Sendo assim, em decorrência da migração que acontece de forma incontrolada, provocando uma certa disputa pelos locais mais valorizados, as cidades vão surgir de uma forma espontânea, sem planejamento ou ordem predeterminada. A divisão e ocupação dos terrenos disponíveis vai ser caracterizada pela pressa, o que faz com que o seu uso se apresente até mesmo intuitivo. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO As ruas, condicionadas pela topografia acidentada da região, adaptam-se a isso da melhor maneira possível, acompanhando e se ajustando às ondulações e curvas do terreno, provocando uma estruturação do espaço urbano que, mesmo não apresentando preocupação com a defesa, reproduz o modelo medieval das cidades da metrópole (topo dos morros – defesa). ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Ouro Preto Rua direita em década de 1930, Pirenópolis O caminho principal, ou caminhos principais, cedo ou tarde recebiam ordenações que os transformavam em espaços institucionalizados, garantindo localização privilegiada para o comércio e abastecimento e não mais tratados apenas como espaços de produção, mas já subordinados a controle de ocupação urbana voltados para a reprodução. A rua Direita, herança portuguesa tão encontrada nas cidades mineiras, reflete as tentativas de normatização e ordenação desse espaço urbano em formação. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Igreja da Boa Morte Casa da Comissão Casa de Câmara e Cadeia Igreja do Rosário Igreja do Bom Fim Cemitério ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO As ruas eram chamadas rua da Matriz, da Câmara ou da Praça não porque nelas estivessem estas construções, mas sim porque eram caminhos que a elas levavam. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO VISTA DA RUA DO ROSÁRIO, FIM DO SÉCULO XIX, CHEGANDO AO LARGO DO ROSÁRIO, TENDO A IGREJA NO SEU FIM.(PIRINÓPOLIS) VISTA DO LARGO DA MATRIZ, PIRINÓPOLISE as igrejas aparecem externas às quadras, como finalizações ou coroamentos do caminhar, dispostas nos largos, nos entroncamentos, ou mesmo ladeando as ruas pelo alto, impondo ao caminhar quase medieval visões barrocas valorizadas pelos monumentos religiosos. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Formação das cidades no período minerador, Ouro Preto: ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Assim, os núcleos urbanos da mineração coloniais não são obra do acaso. Antes, são inicialmente determinados pela atividade de exploração mineratória. A Estrada As descobertas ou primeiros achados expressivos de ouro definiam o assentamento e implicavam também a construção imediata de capelas: toscas que inicialmente fossem, nos morros, outeiros ou encostas adjacentes onde depositar as imagens trazidas na empreitada e agradecer aos santos de proteção, ao Cristo ou à Virgem. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO A Capela Passo aberto na Rua Direita Tiradentes Os arraiais se organizavam então em torno das capelas e se estendiam pelos caminhos de acesso às áreas de mineração. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO A Capela Assim, o tecido urbano resultante era via de regra linear, compondo-se espontaneamente à medida que caminhava a mineração e se fortaleciam suas interligações. Dada a distribuição do ouro em várias grotas e córregos, senão distantes entre si pelo menos separadas por acidentes geográficos, diversas eram as nucleações que surgiam ao longo dos caminhos. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO A Capela Passo perto da Igreja do Rosário - Tiradentes Com o aumento da população, a proximidade entre esses núcleos originais vai gerar, através de um processo urbano denominado conurbação, o surgimento de aglomerados maiores, dando início a vilas e arraiais mais estruturados. É assim que, com a união dos pequenos arraiais de “Cabeças”, “Pilar”, “Padre Farias”, “Piedade”, entre outros, vai surgir Vila Rica, atual Ouro Preto. Nesse caso, a estrada passa a ser o eixo ou a via urbana principal. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Em Goiás, ao contrário, cada pequeno núcleo, se prospera, dando origem, sozinho, a um aglomerado maior e, futuramente, a uma vila. Não existe aqui, como em Minas Gerais, uma preocupação com a fixação mais estável. Em decorrência da rapidez com que o ouro se esgota. Pela mobilidade da população se torna intensa por todo o território, Descobertas de pontos diferentes, como Santa Rita e Cachoeira, atribuídos a Antonio da Silva Cordovil, ou mesmo o caso de Manoel Rodrigues Tomar que, após sair de Vila Boa (Sant’Ana à época), vai ser o responsável pelos descobertos e pelo povoamento de Meia Ponte, São José e Água Quente. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO A exploração do ouro proporcionou a Goiás uma ocupação territorial concentrada na região centro-norte e nordeste, com alguns pontos no sudeste, deixando totalmente vazios o norte, o sul e o sudoeste, que somente seriam ocupados no século seguinte, em decorrência da agropecuária, tendo visto a total inexistência do metal nessas regiões. Temos, pois, que nos três primeiros anos de ocupação do território goiano, representados pelos últimos da década de 1720, foram fundados, além de Sant’Ana, os arraiais de Barra, Ferreiro, Ouro Fino, Santa Rita, Anta e Santa Cruz. Mais de quinze núcleos surgem na década seguinte, tendo início aí o processo de diminuição dos descobertos, com dez núcleos implantados na década de 1740, quatro na de 1750 e apenas um na de 1760. A década de 1770 encerra o ciclo com cinco novos descobertos. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO A elevação do povoado à categoria de Vila, simbolizada pelo pelourinho e representada pela Casa de Câmara e Cadeia, significaria a institucionalização do território urbano na medida em que os aforamentos eram sistematizados, sobre eles incidindo impostos locais importantes para a receita do Senado da Câmara. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Diante da fragilidade do poder central e de sua impossibilidade de dar resposta rápida às necessidades dos espaços da fronteira mineradora, foi a Igreja Católica, com seus desdobramentos laicos nas Ordens Terceiras, a principal responsável pela organização sócio-espacial urbana. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO CAPELA DE NOSSASENHORA DA CONCEIÇÃO CAPELA DE NOSSA SENHORA DAS MERCÊS CAPELA DE NOSSA SENHORA DOS PRAZERES Capela da Cruz das Almas De outro, o sentimento religioso multiplicando as capelas e igrejas e assim organizando o espaço (proto)urbano, desde os seus primórdios nos arraiais, até sua maturidade em freguesias e paróquias organizadas. De um lado, a dinâmica da produção, a competição pelo subsolo, a concentração ao longo dos córregos, determinando os espaços de produção segundo a ambição da riqueza, do ouro. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Igreja N Senhora do Rosário Santuário de Nossa Senhora da Conceição São Francisco de Assis As Ordens Terceiras desempenharam papel central na organização do espaço urbano colonial mineiro. Livres da tutela direta da Igreja oficial suportada pela Coroa Portuguesa, transformaram- se em instrumentos importantes da organização comunitária, ganhando eventualmente nítido caráter classista. Incentivadas como alternativa organizacional à centralização da Igreja oficial, apresentavam vantagens também para a Coroa na medida em que enfraqueciam o poder eclesiástico na colônia, além de reduzir custos e transferir para as próprias comunidades diversas tarefas e obrigações funcionais e financeiras. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Igreja Nossa Senhora do Carmo, Mariana Sylvio de Vasconcellos identifica quatro fases ou etapas da edificação religiosa nas minas que espelham a organização social urbana ali privilegiadamente manifesta. No início, face à a pequena diferenciação social gerada pelo garimpo de aluvião foram construídas capelas dedicadas à invocação de santos, de um único altar em arquitetura de barro e madeira, de caráter “romântico-barroco”. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Passo aberto na Rua Direita Tiradentes A segunda etapa, entre as décadas de 1710 e 1750, caracterizou-se pela estabilização do povoado/vila, com a definição das classes sociais sob a hegemonia da burguesia comercial em formação, expressando uma união em torno da construção das igrejas matrizes dedicadas à invocação do Santíssimo Sacramento, muitas vezes mediada pelo culto da Virgem Maria e abrigando santos nos altares laterais. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Igreja da Matriz - Vista Frontal -Tiradentes Igreja da Matriz - Vista Lateral, Tiradentes Interior da Igreja da Matriz Tiradentes A terceira etapa, de 1750 ao final do século, é caracterizada pela fase rococó com predominância de mestres, artesãos, e artistas nativos, e expressa a maturidade do monumento religioso no centro urbano. Iniciaram-se as construções de pedra, tendo como marco a Matriz de Caeté, construída por Manuel Francisco Lisboa, em 1755. As classes e grupos sociais urbanos, já fortemente diferenciadas e marcadas por conflitos e rivalidades, optaram pela reconstrução e/ou construção de novas capelas dedicadas aos santos representativos das ordens terceiras e/ou ligadas a grupos étnicos, distinguindo assim os segmentos sociais e deixando as matrizes em relativa decadência e abandono. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Igreja N Senhora do Rosário – Ouro Preto-MG igreja dos doze profetas” localizada em Congonhas do Campo - MG. A partir do século XIX, a decadência, a quarta fase prolongada das minas provocou a paralisação das construções e redução da diferenciação social, com a retomada da cooperação da comunidade novamente reunida na antiga matriz, com fraca tendência neoclássica. Vasconcellos usa o exemplo expressivo de Ouro Preto para enfatizar o paralelismo entre a organização urbana e a organização social em torno das capelas e matrizes: “O ciclo evolutivo social, tão bem traduzido pelo interesse religioso que, das capelas, passa às matrizes para, depois, voltar às igrejas filiais, corresponde perfeitamente ao desenvolvimento material e econômico da Vila. Nasce a povoação dos arraiais isolados que tendem a se agrupar, depois, em um centro constituído por sua praça principal, para, mais tarde, estende-se novamente à periferia.” ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Em Goiás, é útil observar que, sendo o trabalho de mineração desenvolvido de forma bastante rudimentar, a transformação das beiras de rios em verdadeiros lamaçais era algo praticamente inevitável. Assim, com o intuito de fugir da quantidade de insetos nocivos que aí passavam a se desenvolver, esses primeiros ranchos eram construídos a uma certa distância da água e, não o suficiente para descaracterizar a propriedade. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Localizavam-se portanto no extremo oposto do terreno em relação ao local de exploração, e foi dessa forma que surgiram as primeiras ruas conformadoras do núcleo urbano tendo, em um primeiro momento, a função de favorecer o acesso individual às datas. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Seguindo ainda a forma tradicional mineradora, em um local mais alto e plano, com a mesma rusticidade das habitações, implantava-se uma capela, dedicada à invocação do santo do dia da instalação do assentamento. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Catedral da cidade de Goiás, a Igreja de Santana começou a ser construída em 1743 pelo Ouvidor Geral de Goiás, Manoel Antunes da Fonseca, que resolveu demolir a antiga capela que existia no mesmo lugar para edificar outra compatível com crescimento da cidade A antiga igreja do Rósario dos pretos (Salvador) foi erguida em 1734 por Antônio Pereira Bahia. Em 1934 foi construída a atual igreja pelos dominicandos. Uma das características fundamentais de nossas cidades do período colonial é, sem sombra de dúvidas, a irregularidade apresentada pela conformação urbana. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Também em Vila Boa, como aconteceu nas Gerais, a conformação do terreno junto aos pontos de mineração, aliada ao movimento da população mineradora demarcando os caminhos, vai ser a grande responsável pela sua morfologia. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Sendo assim, o terreno acidentado, a necessidade de estabelecimento junto às lavras e o surgimento de pontos de convergência provocando uma diversidade de núcleos dinâmicos, como os largos das igrejas, as ruas de comércio, posteriormente a Casa de Fundição e também a da Câmara, definem como um centro minerador, um núcleo irregular, com uma certa linearidade e atividades girando em torno desses pontos de concentração. ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO Largo da Igreja do rosário Largo da Igreja matriz – sant´ana, palácio conde dos arcos, Coreto, igreja boa morte Largo da Cadeia - Casa de câmara e cadeia e chafariz Cruz do anhanguera e casa da Cora Coralina Estrada para São Paulo Estrada para Cuiabá ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – ESPAÇO URBANO ARQUITETURA DA MINERAÇÃO – REFERÊNCIAS COELHO, Gustavo Neiva. O Espaço Urbano em Vila Boa. Goiânia: UCG, 2001. REIS FILHO, Nestor Goulart. Evolução Urbana do Brasil 1500-1720. São Paulo: Pini, 2001. MONTE-MOR, Roberto Luiz de Melo. A fisionomia das cidades mineradoras. Belo Horizonte:UFMG, 2001.
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