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MpMagEst Direito Civil – Familia José Simão Data: 20/06/2013 Aula 12 MpMagEst – 2013 Anotador(a): Carlos Eduardo de Oliveira Rocha Complexo Educacional Damásio de Jesus RESUMO SUMÁRIO 1. Dissolubilidade do casamento 1. DISSOLUBILIDADE DO CASAMENTO 1.1. Introdução. O casamento no Brasil era indissolúvel por preceito constitucional. Em 1977 aprova-se a emenda constitucional número 09 que retira a indissolubilidade do texto constitucional e em dezembro de 1977 aprova-se a lei 6.515 que regulamenta o divórcio. Pelo sistema da constituição de 1988, tínhamos duas espécies de divorcio: a) Divórcio direito: exigia uma separação de fato do casal por mais de 02 anos; b) Divorcio indireto (ou por conversão): estando junto o casal, o sistema não admitia o divórcio direto sendo necessária a prévia separação judicial ou extrajudicial (desde que os cônjuges não tivessem filhos menores e capazes). O prazo para conversão era de 01 ano contado do trânsito em julgado da sentença de separação ou da escritura pública de separação. A existência da separação judicial era justificada pela doutrina com o seguinte argumento: como a separação judicial só põe fim sociedade conjugal e não ao vínculo, se o casal se arrependesse dela, poderia restabelecer a sociedade conjugal (simples petição aos autos ou escritura pública) não precisando de novo casamento. A separação permitia uma reflexão e o arrependimento. Os dados do IBGE mostravam que a esmagadora maioria dos casais não se arrependia partindo para o divórcio. O grave inconveniente do sistema dúplice, é que o casal passava por dois processos litigiosos e havendo briga o que atrasava o rompimento do vínculo por muito tempo. 1.2. Emenda Constitucional 66 de 2010, modificou o art. 226, §6º da Constituição: O parágrafo passou a ter a seguinte redação: “o casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio”. Com a reforma a doutrina concluiu que não mais tem a exigência de prazo, ou seja, o casal não precisa de 02 anos de separação de fato para o divórcio (podem casar e divorciar no mesmo dia) e os separados judicialmente ou extrajudicialmente, não tem que aguardar 01 anos para a conversão. 1.3. Questões polêmicas: (i) O instituto da separação judicial ou extrajudicial desapareceu do sistema com a emenda 66? O que se discute é se os casais podem optar pela separação ou necessariamente devem se valer do divorcio. 2 de 3 Obs.: as pessoas já separadas judicialmente ou extra, podem se valer da conversão em divórcio, pois não mudam de estado civil em razão da emenda 66 (doutrina pacífica). Primeira corrente Ibdfam (Paulo Lobo e Rodrigo da Cunha Pereira): a separação desaparece do sistema, pois tinha objetivo a apuração da culpa dos cônjuges o que se torna impossível após a emenda 66. Ainda a separação não era um fim em si, mas um meio para o divórcio que se torna inútil com o fim dos prazos. Segunda corrente (Mario Delgado, Regina Beatriz Tavares da Silva): a separação está mantida no sistema, pois não houve revogação do texto do código civil e a reforma constitucional não afeta os código civil pois não tratou do tema da separação. Obs.: a resolução 35 do CNJ que regulamentou a lei 11.441/07 (separação e divórcio extrajudicial) mantém o instituto da separação. Na quinta jornada de direito civil aprovou-se um enunciado prevendo a manutenção da separação. Apesar da polêmica, os índices do IBGE indicam que a separação praticamente desapareceu e no poder judiciário há forte tendência de apoio à primeira corrente. (ii) A culpa desapareceu do direito de família? Primeira corrente Ibdfam (Maria Berenice Dias e Rodrigo da Cunha Pereira): a culpa desapareceu para todos os efeitos, ou seja, não cabe discussão de culpa em direito de família. Segunda corrente (Mário Delgado e Regina Beatriz): como a separação litigiosa permanece no sistema, a culpa permanece produzindo todos os seus efeitos. Terceira corrente (Simão e Tartuce): a culpa desapareceu para o debate quanto ao fim do casamento, ou seja, não se admite discussão de culpa para rompimento do vínculo conjugal. Contudo, a culpa permanece para alimentos e dano moral. Obs.: quanto ao nome, por ser direito da personalidade, o artigo 1.578 não produz qualquer efeito, ou seja, cabe exclusivamente ao cônjuge decidir se mantém ou não o sobrenome que recebeu do outro quando se casou. “Art. 1.578. O cônjuge declarado culpado na ação de separação judicial perde o direito de usar o sobrenome do outro, desde que expressamente requerido pelo cônjuge inocente e se a alteração não acarretar: I - evidente prejuízo para a sua identificação; II - manifesta distinção entre o seu nome de família e o dos filhos havidos da união dissolvida; III - dano grave reconhecido na decisão judicial. § 1º O cônjuge inocente na ação de separação judicial poderá renunciar, a qualquer momento, ao direito de usar o sobrenome do outro. § 2º Nos demais casos caberá a opção pela conservação do nome de casado.” Efeitos da culpa: a) Valor dos alimentos e responsabilidade por seu pagamento Obs.: em regra, com o casamento, o cônjuge assume a primeira posição de devedor alimentar, contudo, se o cônjuge for culpado pelo fim do casamento retoma-se a ordem natural dos alimentos, ou seja, o cônjuge inocente só pagará alimentos ao culpado se este não puder prover seu próprio sustento (aptidão para o trabalho) não tiver parentes em 3 de 3 condições de prestá-los, hipótese em que o inocente paga o valor indispensável à subsistência art. 1.704, p. único: “Art. 1.704. Se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-los mediante pensão a ser fixada pelo juiz, caso não tenha sido declarado culpado na ação de separação judicial. Parágrafo único. Se o cônjuge declarado culpado vier a necessitar de alimentos, e não tiver parentes em condições de prestá-los, nem aptidão para o trabalho, o outro cônjuge será obrigado a assegurá-los, fixando o juiz o valor indispensável à sobrevivência.” b) O cônjuge inocente pode requerer que o culpado retire o seu sobrenome que recebeu quando do casamento, sendo que a lei traz exceções a este direito ex.: quando a perda comprometer a identificação da pessoa (Marta Suplicy, Lucinha Lins, etc) c) O cônjuge culpado responde por danos morais que causar ao inocente. (iii) Se o divórcio for pedido sem qualquer cumulação, não há como se evitar a sua decretação, pois é direito potestativo e irresistível. Se o divórcio vier cumulado com demais pedidos (alimentos, guarda e visita de filhos partilha de bens dano moral etc) as partes podem requerer decisão quanto ao divórcio que não depende de instrução probatória. A forma processual adequada pode ser a tutela antecipada segundo Cristiano Chaves de Faria ou a prolação de capítulo de sentença que decide apenas o divórcio segundo Cândido Rangel Dinamarco. Obs.: a única hipótese em que o divórcio pode não ocorrer, será uma nulidade do casamento ou anulabilidade cuja declaração o outro cônjuge requer. 1.4. Afeto como valor jurídico: Afeto não se confunde com amor. Em sentido psicanalítico, afeto vem de afetar, interferir, conviver. Amor e ódio são aspectos positivos e negativos do afeto. O afeto se revela na relação para com o outro, ou seja, em uma projeção. O tema do afeto surge com o texto de João Baptista Vilella, chamado Desbiologização da Paternidade, em que o autor defende que ser pai é uma função e não apenas contribuição de material genético. Próxima aula: Posse do estado de filho
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