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Gramática_Histórica_aula.02

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Gramática Histórica -conceitos iniciais
Socorro Brandão
COUTINHO, Ismael de Lima. Pontos de Gramática Histórica. Rio de Janeiro: Ao livro Técnico, 2005.
Texto: LINGUAGEM, LÍNGUA E DIALETO
Márlia Da Silva Castro Lima (UERJ)
http://www.filologia.org.br/anais/anais_134.html
 
LINGUAGEM é o conjunto de sinais de que a humanidade intencionalmente se serve para comunicar as suas idéias e pensamentos. 
A linguagem constitui o apanágio do homem. Com isto está de acordo o próprio Darwin, que assim se externa: "A linguagem articulada pertence especialmente ao. homem, se bem que, como os outros animais, possa ele exprimir as suas intenções por gritos inarticulados, por gestos e pelos movimentos dos músculos da face" (1). 
Acha Hovelacque que ela deve ser sempre invocada como sinal distintivo do ser humano: "É a faculdade da linguagem articulada que se deve invocar, de modo definitivo, para distinguir o homem dos seus irmãos inferiores" (2). 
Onde quer que ele se encontre, em estado selvagem ou civilizado, revela sempre o conhecimento de um sistema especial de sinais articulados, o que importa dizer, usa uma linguagem própria. 
A busca pela origem e como se processa a linguagem ainda não encontrou uma explicação clara e se confunde com a religião, resumindo a linguagem como dom divino. Portanto a linguagem é a faculdade humana através da qual o homem se comunica.
 O animal possui também sinais fônicos  e, por meio desses sinais é possível uma comunicação de sentimentos, como por meio de outros sinais. Nenhum animal, contudo, tem capacidade de expressão imediata do pensamento pelo som. 
Só metaforicamente se pode afirmar que os animais possuem linguagem. Os sons que eles emitem não passam de ruídos uniformes, designativos dos vários sentimentos de dor, espanto, alegria, de que estão possuídos. 
O aparelho fonador do homem, só ele, apresenta a complexidade exigida para a· emissão de uma variedade extraordinária de sons, com os quais lhe é possível exprimir todas as modalidades do pensamento.
Área da linguagem
  Tem-se admitido que não se pode precisar a sede exata da faculdade da linguagem. Os indicadores direcionam a localização na região compreendida entre a base da terceira circunvolução frontal e da primeira temporal do cérebro. 
De seres humanos, é o hemisfério esquerdo, que geralmente contém as áreas de linguagem especializada. Enquanto isso vale para 97% das pessoas destras, a cerca de 19% dos canhotos têm as suas áreas de linguagem no hemisfério direito e como muitos como 68% deles têm algum habilidades de linguagem na esquerda e o hemisfério direito. 
  
Os Centros Cerebrais da Linguagem, no hemisfério esquerdo, comportam estruturas que processam as palavras e as frases, assim como estruturas que asseguram a mediação entre os elementos do léxico e a gramática. As estruturas neuronais que representam os conceitos são repartidas entre os hemisfério direito e esquerdo, em numerosas regiões sensoriais e motoras. A zona das palavras pensadas corresponde às áreas de Broca e de 
Conhecer a origem da linguagem é um desejo desde a  remota antiguidade. Na bíblia há a citação da  Torre de Babel e em Gêneses “No início era o verbo...”, onde Deus ( o ser criador ) ordena que surjam as coisas.
 O homem necessita conhecer para nomear. 
  A linguística procura investigar a organização e  o funcionamento das diversas línguas existentes, estabelecendo relações entre essas línguas e as sociedades e homens que as produzem e utilizam. 
Saussure estabeleceu, além da distinção língua/fala ( é o uso que cada indivíduo faz da língua comunitária ), uma oposição fundamental para os estudos da linguagem: a diacronia e a sincronia.
Dicotomias
A diacronia analisa a língua a partir da sua evolução ao longo do tempo. Contar a história da língua portuguesa, mostrando suas diferentes fases evolutivas é fazer linguística diacrônica. 
  A sincronia procura explicar o funcionamento de uma língua dado momento do tempo, sem se preocupar com a evolução da linguagem, mas apenas com a sua maneira de ser. Descrever como é a língua portuguesa falada no Brasil, hoje, é fazer linguistica sincrônica
Saussure estabelece a "análise estruturalista" e quatro pares de conceitos dos quais a linguística atualmente não prescindiria para seus estudos:
 
Esses quatro pares de conceitos são consensualmente chamados dicotomias, por serem definidos um em relação ao outro, e por não serem compreendidos de maneira fiel se estudados isoladamente. 
Daí temos sincronia e diacronia, língua e fala, significante e significado, paradigma e sintagma.
 
Sincronia x Diacronia
A primeira das dicotomias saussureanas é a Sincronia versus Diacronia. Para entendê-la, nada melhor que remontar a origem dessas palavras: ambos os termos são gregos, sendo sincronia construído de syn "juntamente" e chrónos "tempo", significando "ao mesmo tempo", enquanto em diacronia parte-se de dia "através" e chrónos "tempo", significando "através do tempo". 
A linguística diacrônica estudaria, pois, a língua e suas variações histórico-temporais, enquanto a linguística sincrônica estuda a língua em um certo momento, sem importar sua evolução temporal. Não importa para a sincronia, por exemplo, que "caligrafia" tenha significado, em um certo tempo, "escrita bela", pois que, ao contrário da diacronia, aquela se preocupa com a língua isolada do seu processo de mudanças históricas.
 
O conceito de língua
...é bastante amplo, englobando todas as manifestações da fala. 
Há variações que não são  decorrentes do uso individual da língua, mas sim, de outros fatores. Esses fatores podem se: 
  * Geográficos: há variações entre formas que a língua portuguesa assume nas diferentes regiões em que é falada. As variações regionais constituem os falares e os dialetos. 
  * Sociais: o português empregado pelas pessoas que tem acesso à escola e aos meios de instrução, difere do português empregado pelas pessoas privadas de escolaridade.
 O idioma é um instrumento de dominação e discriminação social.
Também são socialmente condicionadas certas formas de língua que alguns grupos desenvolvem a fim de evitar a compreensão pôr parte daqueles que não pertencem ao grupo. 
O emprego dessas formas de língua proporciona o reconhecimento fácil aos integrantes de uma comunidade restrita, seja um grupo de estudantes, seja uma quadrilha de contrabandistas.
Assim se formam gírias, variantes linguísticas sujeitas a contínuas transformações. 
  * Profissionais: línguas técnicas. Essas variantes têm seu uso praticamente restrito ao intercâmbio técnico de engenheiros, médicos, químicos, linguísticos etc. 
  *Situacionais: em diferentes situações comunicativas, um mesmo indivíduo emprega diferentes formas da língua. 
  Falar ou escrever também implica profundas diferenças na elaboração de mensagens. 
   A tal ponto chegam essas variações que acabam surgindo dois códigos distintos, cada qual com suas especialidades: a língua falada e a língua escrita. 
Quanto ao uso...
Quanto ao uso, as línguas são classificadas em vivas, mortas ou extintas.
 
VIVAS, as que estão servindo de instrumento diário de comunicação entre os indivíduos de uma nação, como o português, o francês, .etc . 
MORTAS, as que já não são faladas, mas deixaram documentos escritos, como o latim e o grego literários.
 
 EXTINTAS, as que desapareceram, sem deixar memória documental,c omo o indo-europeu.
  A língua só conserva o seu aspecto uniforme enquanto é falada pôr um pequeno agrupamento humano. 
   
Quanto mais dependente politicamente estiver a região, menos distante se acha da capital ou sede do poder central, mais facilidade houver de comunicação com ela, tanto maior será a resistência da língua em manter a sua unidade. Quebrados os laços políticos ou enfraquecida a ação da metrópole, começam logo surgir diferenças locais, que darão em resultado, no decorrer dos anos, a formação de dialetos. 
  “Dialeto é a variedade (ou vertente) regional ou social de uma determinada
língua. Também se denomina linguajar. 
De acordo com a definição regional de uma língua ou ainda, são línguas regionais que apresentam entre si coincidências de traços linguísticos essenciais”. 
  Ocorrem variações linguísticas de ordem geográfica, chamadas de regionalismo, dialetos. 
  Isso acontece porque em algumas regiões de um país certas expressões e mesmo construções são preferidas a outras; quando tais diferenças se aprofundam deixa-se de falar em regionalismo e fala-se em dialeto. 
  
Em sua origem, toda língua é um dialeto que, pôr circunstâncias várias, consegue predominar. 
 Língua e dialeto são pois, termos relativos. 
O SISTEMA GENEALÓGlCO
O SISTEMA GENEALÓGlCO mais seguido outrora, classificava as “Línguas em oito grandes famílias ou grupos: 
indo-chinês; 	
 cajre ou banlo; 
 dravídico; 	
 camítico; 
 malaio-polinésico; 	
 semíticó,' 
 uralo-altaico; 	8) árico ou indo-europeu
 O SISTEMA GENEALÓGICO tem por fundamento a comunidade de origem de um grupo de línguas, que constituem assim uma verdadeira família
As línguas da América
As línguas da América estão todas compreendidas, por sua origem, no grupo boreal (l). 
 Destes, importa destacar o árico ou indo-europeu pela excepcional civilização a que atingiram os seus atuais representantes. 
 Divide-se o grupo ÁRICO ou INDO-EUROPEU em dois grandes ramos: o asiático e o europeu. 
 O asiático compreende: 1) o ÍNDICO, que se subdivide em VELHO (védico e sânscrito) e MÉDIO (pali e prácritos, de que se derivam os modernos dialetos falados na Índia, como o hindi, o bengali, o marata, o panjabi, o hindustani, o biari, o concani e o oriá, etc.); 2) o IRÂNICO, que se sub­divide em ANTIGO (velho persa, zende ou avéstico) e MÉDIO (huzvareche e parsi, de que provêm os atuais falares da Pérsia e adjacências, como o o8sf!ta, o tat, o curdo, o talich e o persa); 3) o ARMÊNIO; 4) o HITITA (2); 5) o TOCARIANO (3). 
O europeu compreende: 1) o GREGO,que se subdivide em ANTIGO (dialetos eólio, jônico, ático, árcado-cipriota, dórico) e MODERNO ou ROMAICO; 2) o ITÁLICO (osco, umbro e latim, de que se originaram as línguas novilatinas ou românicas); 3) o CÉLTICO, que abrange o antigo gaulês e se subdivide em GAÉLICO (irlandês, manquês e primitivo escocês ou erse) e BRITÔNICO (galês, córnico e bretão ou armoricano); 
4) o BÁLTICO (velho prussiano, lituânio e letão ou lético); 5) o ESLA VO, que compreende o GRUPO ORIENTAL (russo,ucraniano e russo branco), o GRUPO OCIDENTAL (checo, eslovaco, polaco, só"bio, e polábio) e o GRUPO MERIDIONAL (búlgaro antigo e moderno, macúlônio, servo-croata e esloveno); 6) o GER­MÂNICO, de que fazem parte o gótico, o GRUPO SETENTRIONAL ou NÓRDICO (islandês, norueguês, sueco e dinamarquês) e o OCIDENTAL (alto-alemão, de que procedem o alemão literário; baixo-alemão, de que se derivam o neer­landês e o alemão popular; frisão e anglo-saxão, de que decorre o inglês); 7) o ALBANÊS. 
AS Línguas Românicas

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