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Dimensão Humana e Contemporânea - UVB
Faculdade On-line UVB18
Aula 3:
A Sociedade Capitalista: Classes 
Sociais, Estado e Ideologia.
Objetivos desta aula 
O aluno desenvolverá habilidades e atitudes suficientes para:
 Interpretar a sociedade contemporânea e suas 
transformações
 Analisar os diferentes atores sociais, seus conflitos, 
interesses, valores e posicionamentos ideológicos na 
sociedade contemporânea.
 Ler e desenvolver o gosto pela leitura de textos 
interpretativos sobre o homem e sua história.
 
Introdução
A sociedade capitalista emergiu a partir do século XIX. Nela 
encontramos três características distintas: as classes sociais, burguesia 
e operariado. Também encontramos como particularidades o estado 
democrático e a ideologia.
 
As Classes Sociais
Devemos ressaltar que o capitalismo é um sistema econômico que 
se caracteriza pela propriedade privada dos meios de produção – 
máquinas, matérias-primas, instalações. Neste sistema, a produção e a 
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distribuição de riquezas são regidas pelo mercado, no qual, os preços 
são determinados pelas regras da oferta e da procura.
Sendo assim, o capitalista, ou seja, o proprietário dos meios de 
produção, compra o trabalho de terceiros, isto é, de trabalhadores 
assalariados, para produzir bens que, após serem vendidos, lhe 
permitem recuperar o capital investido e obter um excedente, 
chamado lucro, que não é repassado ao trabalhador, pois ele vende 
sua força de trabalho pelo quanto o capitalista dispuser a pagar, o 
salário.
No âmago da sociedade capitalista coexistem duas classes sociais. 
São elas: classe burguesa e operária, também denominada por Karl 
Marx como classe proletária.
A classe burguesa é formada pelos proprietários dos meios de 
produção, aqueles que detém os recursos e capital usados para 
produzir mercadorias e utilidades; são os governantes, capazes de 
controlar e gestar o poder, as atividades de trabalho e o modo de vida 
dos outros.
A classe operária ou proletária é constituída pelos não-proprietários 
– aqueles que não detém os meios de produção –, os trabalhadores 
assalariados, que Marx considera como uma classe explorada e 
dominada pela burguesia.
Assim, vamos ter uma tensão constante entre as classes sociais. 
Isto é por que as desigualdades não estão atreladas apenas a um 
diferencial de riqueza, mas a um material, pois os indivíduos de uma 
determinada classe social compartilham das mesmas situações, que 
incluem valores, comportamentos, costumes, regras, etc.
Estas diferenças econômicas e sociais geram também uma diferença na 
atribuição de poder. Frente à alienação¹ da classe operária, a burguesia 
desenvolveu diversas formas de dominação, entre elas a dominação 

¹Alienação: falta de 
consciência dos problemas 
políticos e sociais. 
(Dicionário Aurélio). Para 
Marx, o homem torna-
se alienado pelos meios 
de produção, ou seja, 
pelo trabalho maçante e 
repetitivo.
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política pela apropriação de poder do Estado, no intuito de legitimar 
seus interesses sobre a forma de leis, planos políticos e econômicos. 
Marx classificou a tensão entre as classes sociais, como luta de 
classes. Segundo Marx, em O Manifesto do Partido Comunista (1998: 
4 e 5), “homem livre e escravo, patrício ou plebeu, senhor feudal e servo, 
mestre de corporação e companheiro, em suma, opressores e oprimidos, 
estiveram em constante antagonismo entre si, travando uma luta 
ininterrupta, umas vezes oculta, outras aberta – uma guerra que sempre 
terminou ou com uma transformação revolucionária de toda a sociedade 
ou com a destruição das classes em luta.”
Neste sentido, se a classe operária tornasse-se consciente de seus 
verdadeiros interesses políticos, sociais e econômicos, ela poderia se 
organizar e tomar o poder da classe burguesa, ou seja, dos capitalistas.
O Estado
A formação do Estado capitalista, constitucional e democrático 
desenvolvido no século XIX teve uma influência substancial do 
Iluminismo.
A idéia de Estado como uma entidade cuja legitimidade se baseia na 
representatividade – na democracia –, da sociedade foi um grande 
avanço em relação à idéia de monarquia absolutista, quando o Estado 
deixa de ser governado por um rei. O Estado mudou, tornou-se uma 
instituição abstrata com relações precisas dentro da sociedade, 
criando a circulação de leis e de riquezas. Mas, não apenas isso, criou 
também a circulação de poder.
 A Democracia
Quando nos referimos ao Estado capitalista, devemos fazer uma 
observação sobre a democracia.
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O ideal democrático acompanha o Estado capitalista e, atualmente, a 
maioria dos países é regida por este sistema. 
A democracia é por excelência o regime que se baseia nos preceitos 
liberais, isto é, no liberalismo. Esse conjunto de idéias considera os homens, 
por natureza, iguais politicamente e juridicamente. Liberdade e justiça são 
direitos de todos os cidadãos, todos os homens são iguais perante a lei.
A democracia é considerada o regime do povo, baseado no sufrágio 
universal, nos direitos do cidadão. É o regime da representatividade. 
A representação política é uma forma de delegação de direitos e 
privilégios a um grupo de pessoas, para que elas exerçam o poder, em 
nome do povo, nas funções legislativas ou executivas. 
Ideologia
Existem várias definições propostas para a ideologia. Num sentido 
amplo, ideologia é o conjunto de idéias ou opiniões sobre algum ponto 
sujeito a discussão.
Segundo Chauí (1980: 113), “a ideologia é um conjunto lógico, sistemático 
e coerente de representações (idéias e valores) e de normas ou regras (de 
conduta) que indicam e prescrevem aos membros da sociedade o que 
devem pensar e como devem pensar, o que devem valorizar e como devem 
valorizar, o que devem sentir e como devem sentir, o que devem fazer e 
como devem fazer. Ela é, portanto, um corpo explicativo (representações) 
e prático (normas, regras, preceitos) de caráter prescritivo, normativo, 
regulador cuja função é dar aos membros de uma sociedade dividida 
em classes uma explicação racional para as diferenças sociais, políticas 
e culturais, sem jamais atribuir tais diferenças à divisão da sociedade 
em classes, a partir das divisões na esfera da produção. Pelo contrário, a 
função da ideologia é a de apagar as diferenças, como as de classe, e de 
fornecer aos membros da sociedade o sentimento da identidade social, 
encontrando certos referenciais identificadores de todos e para todos, 
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como por exemplo, a Humanidade, a Liberdade, a Igualdade, a Nação, 
ou o Estado”.
Neste sentido, podemos observar que a ideologia procura nos 
“ensinar” a pensar e a agir dentro da sociedade. Procura assegurar 
determinados tipos de relações entre os homens, ou seja, o indivíduo 
deve adaptar-se às exigências da sociedade.
Outro fator, as diferenças entre as classes e os conflitos sociais devem 
ser “camuflados”, na tentativa de justificar as diferenças existentes, 
isto é, estabelecer a coesão dos homens ou mesmo manter a função 
de dominação de uma classe social sobre a outra.
Nesta aula, pudemos verificar determinados aspectos da sociedade 
capitalista, a profunda diferença e desigualdade entre as classes 
sociais. O estado capitalista é pautado no liberalismo e no lema “todos 
os homens são iguais perante a lei”.
Porém, mais importante, estudamos a noção de ideologia, que trouxe 
à tona novamente a reflexão das diferenças entre as classes através dos 
conflitos sociais e a questãoda “harmonia social” e da coesão social.
Na próxima aula vamos abordar a Sociedade Pós-Industrial: a estratificação 
social, seus conflitos, interesses e valores na sociedade contemporânea.
Referências Bibliográficas
BOBBIO, Norberto. Dicionário de Política, Brasília, Editora 
Universidade de Brasília, 12ª edição, 1999.
CHAUÍ, Marilena. O que é Ideologia, São Paulo, Brasiliense, 1980.
MARX, Karl. O Manifesto do Partido Comunista, São Paulo, Cortez, 
1998.

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