Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Dimensão Humana e Contemporânea - UVB Faculdade On-line UVB79 Aula 15 Sociedades Plurais e o Mundo dos Negócios Objetivos da Aula Os objetivos desta aula visam permitir a você compreender as dimensões do atual desenvolvimento brasileiro em consonância com o processo de globalização do mundo. Para tal, pretende-se enfocar as distorções sociais e econômicas presentes em nosso país, as quais o tornam profundamente desigual, e com enormes desafios ainda por serem resolvidos. Ao final desta aula, você deverá estar apto a comparar organizações e suas tipologias, do ponto de vista sociológico: as instituições do Estado e da sociedade civil, empresas e economia. Além disso, você deverá ser capaz de analisar o processo de globalização e suas implicações para o homem contemporâneo. Apesar do desenvolvimento econômico e social que o Brasil atravessa atualmente, nosso país ainda é considerado um país do Terceiro Mundo. Assim, a sociedade brasileira deve ser considerada uma sociedade plural, tendo em vista sua formação e diferenças culturais, econômicas, políticas e sociais. Segundo Darcy Ribeiro (2000), a formação das classes sociais no Brasil têm na sua cúpula dois grupos conflitantes, porém complementares. São eles: o patronato de empresários, que exerce o poder por meio da riqueza e exploração, e o patriciado no qual o poder é exercido por cargos, como por exemplo: os generais, deputados, bispos, líderes Dimensão Humana e Contemporânea - UVB Faculdade On-line UVB80 sindicais e outros. Todos ávidos pelo poder, no sentido de definir o destino dos outros. Entretanto, segundo o autor, nesta mesma cúpula, décadas depois surgiu um outro grupo. Este grupo é composto pelas empresas estrangeiras, ou seja, as multinacionais, que passaram a organizar o principal setor das classes dominantes, empregando tecnocratas, controlando a mídia, e influenciando a opinião pública. Em seguida, ainda segundo Ribeiro, vamos encontrar abaixo desta grande cúpula o que ele denominou de classes intermediárias, que são formadas pelos pequenos oficiais, profissionais liberais, policiais, professores, baixo clero (padres), entre outros. Todos voltados às ordens das classes dominantes. Todavia, nas classes intermediárias encontramos os rebeldes que insurgiram contra o sistema. Assim, ainda enfatiza o autor, um pouco mais abaixo, encontram-se as classes subalternas, composta pela aristocracia operária, ou seja, são os trabalhadores especializados e que têm empregos estáveis, pequenos proprietários, arrendatários e gerentes de grandes propriedades rurais. Por último, abaixo de tudo isto fica a grande massa das classes oprimidas, ou seja, os marginais – formados por negros e mulatos -, moradores das favelas e periferias das cidades. “São os enxadeiros, os bóias-frias, os empregados na limpeza, as empregadas domésticas, as pequenas prostitutas, quase todos analfabetos e incapazes de organizar-se para reivindicar. Seu desígnio histórico é entrar no sistema, o que sendo impraticável, os situa na condição da classe intrinsecamente oprimida, cuja luta terá de ser a de romper com a estrutura de classes. Desfazer a sociedade para refazê-la. (RIBEIRO, 2000: 209) Desta forma, resume ainda o autor, esta estrutura de classes organiza e engloba todo um povo, procurando perpetuar a ordem social vigente, sob o comando das classes dominantes. Em geral, as classes oprimidas Dimensão Humana e Contemporânea - UVB Faculdade On-line UVB81 estão conformadas com sua vida miserável, pois não conseguem se articular para se defrontar com os poderosos. Neste sentido, fica claro a distância social, econômica e cultural que se alastra pelo Brasil,no que tange às classes ricas e às classes pobres. Além desta questão, encontramos a discriminação que pesa sobre os negros, mulatos, índios e brancos muito pobres, pois estes formam o bolsão dos excluídos da vida social, uma vez que não conseguem se inserir no sistema de produção, tão pouco no mercado de trabalho. Entretanto, devemos ressaltar que, atualmente, os empresários – apesar de serem das classes dominantes –, não estão mais preocupados em explorar seus subordinados. Uma vez que querem de fato uma sociedade melhor, mais equilibrada, mais justa, e para isto procuram estabelecer parcerias com outros setores da sociedade civil, bem como com o Estado. O mundo dos negócios tem-se tornado cada vez mais ético, pois passou a defender a democracia no intuito de minimizar a distância social e econômica. Portanto, pode-se dizer que, a sociedade brasileira é, de certa forma, plural, porque ao mesmo tempo em que encontramos regiões ricas e desenvolvidas, e evoluídas economicamente – e que bem poderíamos afirmar serem do Primeiro Mundo -, detectamos, por outro lado, em outras regiões do país, um certo atraso econômico, uma pobreza e miséria absurdas, os quais nos remetem, sem dúvida, a sermos considerados como um país do Terceiro Mundo, ou seja, um país subdesenvolvido ou em vias de desenvolvimento. Houve uma época, em que o Brasil era denominado nos anos 90, como “três brasis” , ou seja, apesar das desigualdades havia uma melhoria salutar. Uma parte do Brasil se assemelhava à Bélgica (a parte rica): Distrito Federal, Espírito Santo, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo, Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Outra parte se aproximava da Índia (a parte pobre): Acre, Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Pará, Dimensão Humana e Contemporânea - UVB Faculdade On-line UVB82 Pernambuco, Paraíba, Piauí, Rio Grande do Norte, Sergipe. Por último, tínhamos o setor intermediário considerado a Bulgária: Amazonas, Amapá, Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso, Rondônia e Roraima. “O Brasil é já a maior das nações neolatinas, pela magnitude populacional, e começa a sê-lo também por sua criatividade artística e cultural. Precisa agora sê-lo no domínio da tecnologia da futura civilização, para se fazer uma potência econômica, de progresso auto-sustentado. Estamos nos construindo na luta para florescer amanhã como uma nova civilização, mestiça e tropical, orgulhosa de si mesma. Mais alegre, porque mais sofrida. Melhor, porque incorpora em si mais humanidades. Mais generosa, porque aberta à convivência com todas as raças e todas as culturas e porque assentada na mais bela e luminosa província da Terra.” (RIBEIRO: 2000, pp. 454-455) Este termo foi utilizado pelo economista Edmar Bacha e pelo PNDU – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Entretanto, apesar da denotação de Terceiro Mundo, o Brasil – país em desenvolvimento -, participa da globalização, e vem caminhando paulatinamente rumo ao desenvolvimento econômico. Porque neste momento, o mundo todo está conectado a uma nova rede econômica e tecnológica, e o Brasil está amplamente inserido também dentro do contexto das novas tecnologias, da pesquisa e da informação. Na aula de hoje, enfocamos a questão da pluralidade na sociedade brasileira. Vimos os diversos estratos sociais que compõe a nossa sociedade, bem como a definição dos seus papéis, sobretudo a distância social e econômica que influencia a vida dos brasileiros. Apesar de ser uma país do Terceiro Mundo e em vias de desenvolvimento, o Brasil está inserido no contexto da globalização, tanto do ponto de vista tecnológico/científico, quanto econômico. Dimensão Humana e Contemporânea - UVB Faculdade On-line UVB83 Referências Bibliográficas RIBEIRO, Darcy. “O Povo Brasileiro”. São Paulo, Companhia das Letras, 2000.
Compartilhar