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Trabalho hermenêutica Konrad Hesse A força Normativa da Constituição

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE- ICM MACAÉ
BACHARELADO EM DIREITO
A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO
KONRAD HESSE
 Macaé, 01 de novembro de 2017
UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SOCIEDADE- ICM MACAÉ
BACHARELADO EM DIREITO
 Grupo: Bárbara Macieira Ribeiro Macedo 
 Danielle Scarpi Costa
 Isabele da Silva Celestino
 Júlia Martins Rocha
 Luiz Felipe Lucas Barbosa
 Stheffany Carvalho Pinto
 Tayná Vieira dos Santos
 Thaisa Cristina da Silva Rangel
 Vanessa Cuba dos Santos Zonias
 Vitor da Silva Abreu
 Trabalho orientado pela professora Letícia Leidens
com intuito de obter nota em avaliação da disciplina Hermenêutica e Argumentação Jurídica.
Macaé, 01 de novembro de 2017
SUMÁRIO
SOBRE O AUTOR .........................................................................................................00
1. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................01
 1.1 A CONSTITUIÇÃO E SUA NORMATIZAÇÃO................................................01
 1.2 DIREITOS FUNDAMENTAIS............................................................................02
2. A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO.....................................................02
 2.1. ORGANIZAÇÃO.................................................................................................02
 2.2. LIMITAÇÃO........................................................................................................03
 2.2.1 Formas de Limitação.....................................................................................04
 2.2.2 Tarefa e alcance das limitações.....................................................................05
 2.2.3 Limitação em relações de status especiais....................................................06
 2.3 CONCEITO E PECULIARIDADE DA RELAÇÃO DE PODER ESPECIAL..06
 2.4 PROTEÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS............................................07 
 2.4.1 Proteção contra escavação interna...................................................................07
 2.4.2 Proteção pelo poder judicial............................................................................08
 2.5 QUESTÕES DE EFEITO E RELIZAÇÃO DE DIREITOS FUNDAMENTAIS........................................................................................................09
 2.5.1 Direitos fundamentais e administração jurídico-privada pública....................09
 2.5.2 O significado dos direitos fundamentais para relações jurídicas nas quais o Estado não participa diretamente....................................................................................09
 2.5.3 Realização e asseguramento de direitos fundamentais por organização e procedimento...................................................................................................................11
3. CASO CONCRETO....................................................................................................11
4. CONCLUSÃO............................................................................................................12
5. BIBLIOGRAFIA........................................................................................................13
SOBRE O AUTOR
 Konrad Hesse nasceu em 29 de janeiro de 1919. Foi um jurista alemão e, em 1956/57, foi professor de Direito Público na Faculdade de Direito da Universidade de Freiburg com a conferência inaugural: “A força normativa da constituição”. De 1975 a 1987 exerceu a função de juiz constitucional no Tribunal Constitucional Federal Alemão em Karlsruhe. Em 1987 também de aposentou como professor universitário. Konrad faleceu em 28 de março de 2005. 
 Suas principais obras são: “A força normativa da Constituição” (1959); “Elementos de Direito Constitucional da República Federal da Alemanha” (1999); e “Direito Constitucional e Direito Privado” (1998). A obra “A força normativa da constituição”, analisada nesse trabalho, foi traduzida, no Brasil, pelo ministro Gilmar Mendes.
 Konrad Hesse teoriza a Constituição como a ordem jurídica fundamental e aberta da comunidade. Sua função é buscar a unidade política do Estado e de tal da própria ordem jurídica. É a concordância tácita e a simples aceitação realizada mediante compromisso e acordo que são tratadas pela unidade de atuação a qual não está preexistente. A unidade política surge a partir de uma cooperação articulada. A constituição tem o atributo de constituir, estabilizar, racionalizar e limitar o poder e, esses atributos, garantem a liberdade individual. A Constituição está direcionada a solucionar as diversas críticas ocorridas historicamente além de dever continuar aberta ao tempo. Apesar de aberta ao tempo, ela não se desfaz em uma absoluta dinâmica, porque estabelece também o que não deve ficar em aberto: os fundamentos da ordem da comunidade, a estrutura estatal e o procedimento pelo qual hão de se decidir os conteúdos deixados em aberto. A força e a eficácia da Constituição se dão pela capacidade de atuar no âmbito político e histórico, além de sua própria vontade, que, por sua vez, procede da consciência da necessidade e do valor de uma ordem específica e normativa que evitasse o arbítrio; da convicção de que esta ordem imposta é não só legítima, mas que também necessita de contínua legitimação, da convicção de que se trata de uma ordem a realizar, frente aos atos de vontade daqueles inseridos no processo constitucional. 
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INTRODUÇÃO
1.1 A Constituição e sua normatização
 A complexidade do ordenamento jurídico é um fator que, por vezes, obstaculiza conflitos cotidianos ainda mais diversos. Em virtude disto, é tarefa árdua para a hermenêutica jurídica interpretar o caso concreto com coerência, adequando as normas que compõem o ordenamento aos fatos materiais que exibem a realidade.
 Konrad Hesse, jurista alemão, aprofunda a discussão analisando a proteção aos direitos fundamentais no que tange a esse processo hermenêutico, demonstrando a intrínseca relação entre tais direitos e o constitucionalismo, cujo objetivo é limitar o poder estatal. Previamente, porém, é relevante elucidar o entendimento e a caracterização da Constituição para Hesse.
 Na concepção do teórico, a Constituição não é um mero documento subordinado pela realidade político-social, mas sim um instrumento capaz de satisfazer as demandas da sociedade em todos os aspectos: político, social e jurídico. Para tanto, preceitua-se que a Constituição jurídica escrita e a realidade político social devem ser consideradas reciprocamente, de modo a não limitar-se à análise de um contexto meramente prescritivo ou unicamente factual, promovendo uma integração entre o mundo do “ser” e o do “dever ser”. 
 Não restrito a conceber a existência de fatores reais do poder enquanto relevantes para o contexto concreto, a capacidade da própria Constituição em regular e limitar tais fatores é reconhecida. O que preconiza a admissão de uma força normativa da Constituição, capaz de motivar e ordenar a vida do Estado. Em síntese, a realidade exteriorizada pelas forças políticas e sociais é acompanhada por essa força normativa da Constituição.
 Nesse sentido, defende-se que não haja intervenções no texto constitucional, uma vez que interferências constantes modificando as normas tornam suscetível a ineficácia das mesmas.
 Outro aspecto relevante na abordagem de Konrad Hesse é a subordinação da força ativa da Constituição à realização, de fato, da norma imposta, à orientação segundo tais 
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normas eà possibilidade de identificar a vontade de concretizar a ordem imposta. Destarte, a força ativa da Constituição depende da presença da vontade de poder e da vontade de constituição, que visa priorizar os princípios constitucionais e parte de três vertentes: a necessidade de uma ordem normativa inquebrantável, a compreensão de que essa ordem constituída representa mais do que uma ordem legitimada pelos fatos e a eficácia através do concurso da vontade humana. 
 Direitos fundamentais
 Direitos fundamentais são direitos básicos a todos os cidadãos de determinada nação. Dividem-se em direitos básicos individuais, sociais, políticos e jurídicos que são previstos na Constituição Federal. Não existe uma origem concreta nem uma definição objetiva para direitos fundamentais, embora as três principais correntes jusfilosóficas tenham dado suas interpretações. 
 Hoje o consenso geral é de que estes direitos resultaram de um gradual processo histórico e sociológico. Sendo assim, defende-se, majoritariamente, que o estabelecimento dos direitos fundamentais leva em consideração o contexto histórico-cultural de determinada sociedade. Podem, então, os direitos fundamentais de diferentes países divergirem, de acordo com as particularidades culturais e históricas de cada civilização.
 Os direitos humanos e os direitos fundamentais tem a mesma essência, no entanto, o primeiro está num plano internacional e o segundo num plano interno, sendo estabelecido e regulamentado pela Constituição Federal. 
A FORÇA NORMATIVA DA CONSTITUIÇÃO
2.1 ORGANIZAÇÃO JURÍDICA
 Um direito fundamental torna-se eficaz apenas se possuir uma organização jurídica das condições de vida e âmbitos de vida que eles devem garantir. No geral, os direitos fundamentais carecem dessa organização. 
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 Essa organização é, em primeiro lugar, tarefa da legislação. Para garantir tal organização jurídica pode-se ter um encargo constitucional expresso, o qual obrigará o legislador a regular os “pormenores”. Como exemplo, temos o artigo 4, alínea 3 da Constituição alemã, que diz: “Ninguém poderá ser obrigado, contra a sua consciência, ao serviço militar com armas. A matéria será regulamentada por uma lei federal.” A organização pode também mostrar-se necessária, independente de um encargo específico. Para esse caso temos o artigo 3 alínea 2, da mesma Constituição, que diz: “Homens e mulheres têm direitos iguais. O Estado promoverá a realização efetiva da igualdade de direitos das mulheres e dos homens e empenhar-se-á pela eliminação de desvantagens existentes.
 Essa necessidade de organização levanta a questão de que apenas como liberdades jurídicas, dependentes do Direito, e não como naturais, as liberdades jurídico-fundamentais podem ganhar realidade. Cabe ao legislador, portanto, uma tarefa positiva em relação aos direitos fundamentais. A partir desse momento entende-se que a organização de direitos fundamentais é idêntica a concretização de direitos fundamentais.
 Um ponto importante a ressaltar nessa questão de organização e concretização, é a existência de diversos casos em que a instauração de direitos fundamentais foi dada antes mesmo da promulgação de uma lei. O desenvolvimento do princípio da igualdade de direitos é um grande exemplo. Ele foi concretizado nos tribunais cíveis antes mesmo de sua promulgação.
 Por fim, organização não é semelhante à autorização para limitação dos direitos fundamentais. Ocasionalmente, porém, a Lei Fundamental, em alguns casos de reservas de regulação, confunde as passagens entre organização e limitação. Ao estabelecer limites na lei acerca de uma sucessão hereditária, por exemplo. 
2.2 Limitação
 As liberdades jurídico-fundamentais são liberdades jurídicas e, como tais, sempre determinadas materialmente, limitadas. 
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 É importante na limitação dos direitos fundamentais considerar a Constituição escrita, já que os direitos fundamentais são pautados na Constituição, podendo, portanto, seus limites serem baseados somente nela. A aceitação de limitações não-escritas para os direitos fundamentais deve ser feita com muita cautela.
Formas de limitação
 Cada direito fundamental encontra seu limite principalmente lá onde termina seu alcance material. Essa limitação está no próprio “âmbito da norma”, como no caso do artigo 4 alínea 1, que diz: “A liberdade de crença, de consciência e a liberdade de confissão religiosa e ideológica são invioláveis.” Observa-se que o próprio artigo já, em sua matéria, limita a liberdade, tratando apenas da liberdade de “fé”. Em segundo lugar, pode ser uma restrição por ordens normativas adicionais que estão contidas na garantia dos direitos fundamentais, como é o caso do artigo 4, alínea 3 (“Todos os alemães têm o direito de se reunirem pacificamente e sem armas, sem notificação ou autorização prévia.” ) que adiciona, expressamente, a norma que obriga a passividade e a que impede o porte de armas, no direito fundamental de liberdade de organização. 
 Os direitos fundamentais podem ainda serem limitados por outras normas. Muitas vezes, essas normas limitadoras são da própria Constituição, seja expressamente, seja conforme o objeto. Quando o legislador normaliza os limites traçados pela Constituição em leis ordinárias, ele comprova só declarativamente limites já traçados. Esta comprovação, por estar relacionada diretamente a Constituição, está sujeita ao exame pelo Tribunal Constitucional. 
 E muitas vezes, os limites aos direitos fundamentais são traçados pela constituição juntar uma reserva legal à garantia jurídico fundamental. 
 Reservas legais é um tipo de limitação que os direitos fundamentais podem ser submetidos. A Lei Fundamental pode ser restringida “por lei” ou “com base na lei”. A primeira, o legislador postula a limitação, no segundo caso o legislador normaliza os pressupostos para que outros órgãos possam realizar a limitação. No caso das reservas legais é também assunto do legislador determinar os limites dos direitos fundamentais, sendo inadmissível uma limitação autônoma pelos poderes executivo ou judiciário. 
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 Reservas legais podem autorizar limitações de direitos fundamentais de uma forma mais genérica, assim pode ser chamada também de reserva legal simples, esta utiliza de formas menos precisas, submetendo o direito fundamental à aplicação de conceito ou instituto jurídico que necessita de um melhor detalhamento. Como exemplo temos o artigo 5 alínea 2 da Lei Fundamental alemã, que diz: “Estes direitos têm por limites as disposições das leis gerais, os regulamentos legais para a proteção da juventude e o direito da honra pessoal”. 
 Reserva legal qualificada seria aquela a qual possui uma limitação que já está normatizada na lei, ou seja, possui já um determinado fim e assim, fica mais difícil para o legislador instituir alguma limitação, ou mesmo aplicar a um caso concreto semelhante, mesmo que não possua a mesma matéria particular regulada. Assim, este tipo de reserva estabelece condições especiais, vai além da lei. Como exemplo, dado pelo autor, temos o artigo 2 alínea 2, segundo o qual: “Todos têm o direito à vida e à integridade física. A liberdade da pessoa é inviolável. Estes direitos só podem ser restringidos em virtude de lei.”
 Sendo apenas a Constituição, através de leis ordinárias e leis qualificadas, que limita os direitos fundamentais, a Constituição procura determinar de forma obrigatória essas leis, mas ao mesmo tempo dar abertura às possíveis mudanças. Por ser muito ampla é impossível apenas a Constituição regular todas as limitações dos direitos fundamentais em suas diferenciações, e por isso esta entidade legitima ao Legislador esta tarefa.
Tarefa e alcance das limitações 
 As limitações servem para proporcionar uma coordenação dos direitos de liberdade e de outras condições de vida essenciais, a norma deixa de ser vaga ou ambígua e passa a ter uma situação particular positivada e com isso consolida o ordenamento e a futura eficácia no caso concreto. A Constituição possui uma parte pequenada regulação e da coordenação, assim dá-se ao legislador a tarefa de criar formas diferentes de possibilidade de limitação. 
 No entanto, o legislador não pode em suas determinações pontuar normas contra o núcleo da norma fundamental. Existe uma tarefa de concordância prática que mesmo as normas fundamentais e limitadoras declaram e colidam em uma matéria, deve-se 
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analisá-las com um intuito de se chegar a uma eficácia ótima. Para melhor esclarecimento, “A tarefa de concordância prática requer a coordenação “proporcional” de direitos fundamentais e bens jurídicos limitadores de direitos fundamentais” (Hesse, Kanrad). 
 Os limites da limitação admissível de direitos fundamentais pelo legislador devem ser tratados separadamente dos limites do controle judicial dessa limitação. Levando em conta as reservas legais ordinárias, o legislador está autorizado a determinar os bens jurídicos em benefício dos quais um direito fundamental pode ser limitado. O juiz, por sua vez, não deve substituir a concepção da maioria nos corpos legislativos pela sua própria concepção, a menos que a liberdade de decisão do legislador, pautada na ordem democrática da Lei Fundamental, deva ser mais limitada do que a Constituição o prevê.
2.2.3 Limitação em relações de status especiais 
 As limitações - ou possibilidades de limitações - de direitos fundamentais expostas anteriormente afetam o status jurídico-constitucional geral, sendo obrigatórias para qualquer pessoa. Pelo contrário, os direitos fundamentais, neste caso, não podem ser limitados mais além do que aquelas possibilidades de limitação se estendem, além do fato de que há limitações que valem somente para determinadas pessoas, o que expressa uma relação de poder especial.
2.3 CONCEITO E PECULIARIDADE DA RELAÇÃO DE PODER ESPECIAL
 São relações que fundamentam uma relação mais estreita do particular com o Estado e possuem deveres especiais, que ultrapassam os direitos e deveres gerais do cidadão. Relações especiais desta índole podem ser fundamentadas ou por adesão voluntária (ex: relação de funcionário) ou por requerimento com base em uma lei (ex: relação do aluno de escola primária sobre a base de sua obrigação escolar).
 Por inserir o particular em um âmbito de vida especial, tais relações produzem efeito fundamentador de status, de modo que a relação de poder especial, em correspondência com o status cívico geral, deve ser qualificada como status especial. Todavia, não pode haver status especial uniforme, uma vez que a semelhança consiste no fato de que eles modificam o status cívico geral.
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 As relações de status especiais e as ordens em que elas ganham configuração jurídica não poderiam cumprir suas funções na vida da coletividade, se os direitos fundamentais gerais se mantivessem intactos no status especial. As relações especiais são aqueles que "restringem” os direitos fundamentais de indivíduos em determinados ambientes. Em casos, por exemplo, de um funcionário que devido à exigência da descrição profissional tem sua liberdade de expressão "limitada" ou de um preso que tem sua liberdade retirada, direitos fundamentais de qualquer individuo. Essas só podem ser resolvidas com o status especial, que não extingue a validade dos direitos. O status especial tem dois pressupostos básicos: deve fazer parte da ordem constitucional; e deve requer uma limitação dos direitos fundamentais, somente em caso em que é admissível. 
2.4. PROTEÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS
 A Lei Fundamental concebe significado especial aos direitos fundamentais, aspirando protegê-los e conservar sua existência e sua eficácia. Tal proteção dos Direitos fundamentais, na Constituição Alemã, analisada por Konard Hesse, cabe ao art 19[Restrição dos direitos fundamentais – Via judicial] da Constituição Alemã. 
Proteção contra escavação interna
 A proteção dos direitos fundamentais busca, primeiramente, impedir o aproveitamento abusivo ou excessivo das reservas legais, o que conduziria para que os direitos fundamentais não cumprissem sua função objetiva. Busca impedir que as relações que fundamentam uma relação mais estreita do particular com o Estado (“relações de poder especiais”) limitem muito determinados direitos fundamentais. A alínea 1 do artigo acima estabelece a proibição de leis individuais restritivas de direitos fundamentais, ao estabelecer que “um direito fundamental possa ser restringido por lei ou em virtude de lei, essa lei tem de ser genérica e não limitada a um caso particular.” No entanto, ele não é capaz de oferecer proteção eficaz na medida em que a maioria das leis afetam apenas um grupo de pessoas, ou de fatos limitados, de modo que elas só se deixam demarcar com o auxílio do critério de universalidade de leis individuais. Além disso, pode uma lei cujo objeto é individual, ser formulada geral e abstratamente.
 Já a parte: “a lei terá de citar o direito fundamental em questão, indicando o artigo correspondente” do referido artigo tem a tarefa de servir à clareza jurídica e de cumprir 
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uma função de advertência. A pretensão do artigo é obrigar o legislador à consideração cuidadosa dos direitos fundamentais.
 A Lei Fundamental também opõe às limitações excessivas dos direitos fundamentais, a barreira de que “em nenhum caso, um direito fundamental poderá ser violado em sua essência”. Essa barreira esta relacionada a uma concordância prática. Considera-se que tal barreira foi excedida quando um direito é limitado sem um motivo suficiente, pois se considera que essa limitação não é proporcional. Uma limitação é abusiva, segundo a concordância prática, quando o direito limitado deixa de desenvolver eficácia na vida da coletividade. O “conteúdo essencial” do direito fundamental, que não pode ser limitado, começa lá onde as possibilidades de limitação admissíveis terminam. 
 Por fim, uma limitação dos direitos fundamentais que elimina quase ou completamente uma liberdade garantida jurídico-fundamentalmente para o particular, será desproporcional. Há, no entanto, alguns casos em que essa limitação, mesmo que aparentemente abusiva, não viola a Lei Fundamental, por ser proporcional. É o exemplo da ordem de interdição de um doido perigoso em um estabelecimento fechado.
A proteção pelo poder judicial
 Como maneira de assegurar os direitos fundamentais, o direito alemão, analisado por Hesse, prevê um controle amplo de sua observância pelo poder judiciário. Tal controle serve concomitantemente para uma proteção jurídica individual, portanto para a realização dos direitos fundamentais como direitos subjetivos, e para sua proteção como ordem integrante da ordem objetiva da coletividade. 
 A garantia do direito fundamental, pela via judicial, está prevista expressamente no trecho: “Toda pessoa, cujos direitos forem violados pelo poder público, poderá recorrer à via judicial.”. O termo “poder público” refere-se, segundo o autor, ao poder executivo no exercício de faculdades soberanas. E a “via judicial” é a via por um tribunal.
 A Lei Fundamental assegura também a efetividade da proteção jurídica, exigindo um controle judicial eficaz em todas as instâncias. 
 O artigo ao estabelecer que “se não se justificar outra jurisdição, a via judicial será a dos tribunais ordinários”, não garante que a vítima de um direito fundamental violado 
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possa recorrer ao Tribunal Constitucional Federal, ao restringir a via judicial aos tribunais ordinários. Segundo as leis, seguindo o princípio geral da subsidiariedade, deve antes da interposição do recurso constitucional, ser esgotada regularmente a via judicial. Tal recurso também carece de aceitação para a decisão, na medida em que lhe cabe significado jurídico-constitucional fundamental. Por fim, o controle de norma judicial-constitucional, também protege os direitos fundamentais no seu âmbito objetivo.
Questões de efeito e realização dos direitos fundamentais
2.5.1 Direitos fundamentais e administração jurídico-privada pública
 O autor afirma que, no âmbito da vinculação dos poderes públicosaos direitos fundamentais está claramente respondida no artigo 1 da Lei Fundamental alemã, onde os direitos fundamentais estão ligados aos poderes legislativo, executivo e o judiciário.
 Quanto à relação entre o poder executivo e os direitos fundamentais, cria-se uma problemática nas formas do direito privado, caracterizada pelo envolvimento ativo no processo econômico para de lucro, com a finalidade de fortalecer o poder financeiro do Estado, para este, ter condições de realizar a manutenção básica para seu funcionamento. Seguindo no mesmo raciocínio, o autor foi incisivo ao declarar que não existe tarefa fiscal, em que o vencimento apropriado requer uma dispensa de algum direito fundamental. A Constituição só conhece estatalidade constituída, pois é importante para os direitos fundamentais não só as formas, mas também a configuração material da atividade estatal.
2.5.2 O significado dos direitos fundamentais para relações jurídicas nas quais o Estado não participa diretamente
 O Estado tem por dever estatal, fazer o possível para resguardar os direitos fundamentais, preservando um bem jurídico de violações e ameaças antijurídicas, sobretudo por privados (pessoas), mas também de outros Estados (poderes).
 Em alguns momentos, a realização do dever de proteção faz com que seja preciso algumas intervenções em posições, que são protegidas juridicamente, de terceiros.
 Uma questão levantada é, até que ponto, o dever de proteção por parte do Estado corresponde a um direito subjetivo do cidadão no sentido de uma pretensão individual 
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processável. Tal pretensão implica no desenvolvimento com precisão suficiente do direito objetivo. Para que o Estado cumpra seu dever, ele deve se tornar ativo, a qual, na via judicial e com o recurso constitucional, possa ser feita valer. 
 Um “efeito diante de terceiros” dos direitos fundamentais não nasce, quando o poder público, para o cumprimento de suas tarefas, serve-se de um privado: aqui, os poderes estatais não se podem livrar de sua vinculação aos direitos fundamentais por eles designarem a um privado o exercício de uma tarefa, tanto mais quando eles deixam a cargo dele a decisão sobre o emprego de meios de poder estatal.
 “Efeito diante de terceiros” não entra em consideração na medida em que garantias, conforme o seu conteúdo, não podem ser influentes sobre a relação entre privados. 
 Se os direitos fundamentais, como direitos subjetivos, são direitos de defesa contra poderes estatais, então isso univocamente fala contra um “efeito diante de terceiros”. Também disto, que direitos fundamentais são dados positivamente para a atualização, não pode ser concluído um “efeito diante de terceiros”, tanto menos que é importante para a Constituição livre. Tampouco permite, finalmente, a qualidade dos direitos fundamentais como prescrições de competência negativa, a aceitação de um “efeito diante de terceiros”, de modo que só pode ficar duvidoso se os direitos fundamentais, como elementos da ordem jurídica total da coletividade, também são decisivos para a configuração das relações jurídicas privadas.
 A relação de privados entre si é caracterizada por todos os participantes em forma igual terem parte na proteção dos direitos fundamentais, enquanto aos poderes públicos, em sua relação para com o cidadão, tal proteção não cabe. Uma vinculação aos direitos fundamentais geral direta de privados não iria estender-se tão longe como aquela dos poderes estatais porque direitos fundamentais iriam produzir efeitos regularmente a favor e a custa de ambos os participantes de uma relação jurídica, de modo que uma “vinculação aos direitos fundamentais” somente se deixa fundamentar sobre a base de direitos fundamentais que se limitam mutuamente e a aceitação que uma vinculação somente existe aos direitos fundamentais limitados nesta forma.
 Os direitos fundamentais, em geral, não podem vincular diretamente privados. Deve-se ter em conta que sua função como princípios objetivos da ordem total está em 
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questão. Sempre é importante só a garantia de um padrão mínimo de liberdade individual, não a redução geral da liberdade a esse padrão mínimo. 
 Ao contrário, os direitos fundamentais influenciam as prescrições jurídico-privadas tanto mais eficazmente quanto mais se trata da proteção da liberdade pessoal contra o exercício de poder econômico ou social. 
2.5.3 Realização e asseguramento de direitos fundamentais por organização e procedimento.
 Os direitos fundamentais cumprem sua função através de regulações de organização e procedimento sendo que esses são influenciados pelo mesmo. A organização e o procedimento possibilitam satisfazer as condições de liberdade humana que são alteradas no estado moderno. O Estado prevê e distribui o direito fundamental, crescendo-se assim uma dependência estatal. Com isso, também se preocupa com a provável colisão entre o direito de liberdade e as posições do direito fundamental. O mesmo equivale à situação de uma escassez de liberdade. 
 O intuito disso é que o direito de liberdade seja distribuído independentemente da mesma forma para todos, assim evitando o desnivelamento onde uns recebem tudo e outros recebem nada.
CASO CONCRETO
Um caso muito polêmico que foi motivo de diversos debates tanto no âmbito político como jurídico no Brasil, foi a promulgação da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) 241. Ela tem o objetivo de criar um teto de gasto para evitar que a despesa cresça mais que a inflação. Sua vigência prevista é de 20 anos, sendo que a partir do décimo ano, será possível fazer revisão.
Seu alcance previsto é nos Orçamentos Fiscal, da Seguridade Social e para todos os órgãos e Poderes da União. A partir de 2018, saúde e educação seguirão a correção da inflação prevista para os demais setores. Em 2017 a saúde terá 15% da receita corrente líquida e a educação 18% da arrecadação de produtos. Quem não respeitar o teto ficará impedido de, no ano seguinte, dar aumento salarial, contratar pessoal e criar novas 
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despesas. Algumas despesas não vão se sujeitar ao teto, como as transferências constitucionais e gastos para realização de eleições.
Para apoiadores a PEC é uma vitória na medida em que o Estado muda de forma histórica a sua política fiscal. Procurando tratar de forma equilibrada sua receita e sua despesa. Já para críticos, a PEC restringe o direito fundamental a educação e saúde garantidos nos artigos 205 e 196 respectivamente. Pois a prestação atual desses serviços pelo Estado é muito precária. Seria inconcebível limitar o aumento das despesas nesses setores a uma correção inflacionária dada a extrema necessidade que a população tem e carece desses serviços. 
 Em suma, tomando uma posição crítica, a PEC 241 é de certa forma uma limitação de dois direitos fundamentais: a educação e a saúde. 
CONCLUSÃO
 Hesse ao desenvolver seu trabalho opõe-se a análise realizada anteriormente por Ferdinand Lassale sobre a Constituição. Para Lassale a Constituição é formada pelos fatores reais do poder, isto é, relações de poder militar, social, econômico, e intelectual. Em outras palavras, os fatores reais compõem a constituição real enquanto a constituição jurídica é apenas um pedaço de papel limitado aos fatores reais do poder. Essa ideia da Constituição é a principal diferença do trabalho de Hesse que enxerga a Constituição como um documento com força normativa. A Constituição, para Hesse, não é meramente composta por relações de poder dominantes. Ele acreditava que a Constituição não se tornava ativa só pela adaptação de normas para os fatores reais do poder, mas também pela vontade de constituição, que seria a vontade humana de obedecer às lei. 
 Pelo entendimento do grupo a concepção de Hesse é essencial para a manutenção e efetivação dos direitos fundamentais. A Constituição guarda as diretrizes de um Estado e estabelece as liberdades fundamentais como liberdades jurídicas, de forma a garantir os direitos fundamentais e possibilitar sua exigência e reparação em casos de violação. Aideia defendida por Hesse, de uma Constituição com força normativa e não como um mero documento identificado como uma “folha de papel” é importante para assegurar os direitos fundamentais, ainda mais em um momento de conturbação política. 
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BIBLIOGRAFIA
HESSE, Konrad. A Força Normativa da Constituição.
Carvalho, Kildare Gonçalves(2014). Direito Constitucional: Teoria do Estado e da Constituição; Direito Constitucional positivo. São Paulo: Editora Del Rey, 15ª edição. 
Alessi, Gil. Entenda o que é a PEC 241 (ou 55) e como ela pode afetar sua vida. Disponível em: https://brasil.elpais.com/brasil/2016/10/10/politica/1476125574_221053.html. Acessado em 30 de outubro de 2017.
Borges, Clarissa. A Força normativa da constituição: pensamento de Konrad Hesse. Disponível em: http://www.conteudojuridico.com.br/artigo,a-forca-normativa-da-constituicao-pensamento-de-konrad-hesse,55122.html. Acessado em 27 de outubro de 2017.
Lima, Iara; Lança João. A força normativa da constituição e os limites à mutação constitucional. Disponível em: www.direito.ufmg.br/revista/index.php/revista/article/viewFile/P.0304-2340.2013v62p275/253. Acessado em 25 de outubro de 2017.

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