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CONTRATOS- PARTE GERAL Roteiro n°4 Professora: Laura Dutra de Abreu 5° Período Direito 1- Princípios de Direito Contratual: 1.1- Horizontalização dos Direitos Fundamentais: Segundo Daniel Sarmento, entusiasta da “eficácia horizontal dos direitos fundamentais”, a aplicação destes direitos e princípios nas relações entre os particulares “é indispensável no contexto de uma sociedade desigual, na qual a opressão pode provir não apenas do Estado, mas de uma multiplicidade de fatores privados, presentes em esferas como o mercado, a família, a sociedade civil e a empresa”. De acordo com o Ministro Gilmar Mendes, do STF, “as cláusulas gerais são a porta de entrada dos valores constitiucionais nas relações privadas”. 1.2- Princípio da Função Social do Contrato: > Atenua ou reduz o alcance do Princípio da Autonomia Privada. > Enunciado n° 23 CJF - Art. 421: a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, não elimina o princípio da autonomia contratual, mas atenua ou reduz o alcance desse princípio quando presentes interesses metaindividuais ou interesse individual relativo à dignidade da pessoa humana. > Teoria do Estatuto Jurídico do Patrimônio Mínimo, criada por Luiz Edson Fachin, que visa essa interação entre os direitos patrimoniais e os direitos de personalidade. Ex: artigo 426 NCC. > Autonomia Privada--� liberdade e dignidade da pessoa humana. O direito existencial prevalece sobre o patrimonial. > Para Francisco Amaral “ emprestar ao direito uma função social significa considerar que os interesses da sociedade se sobrepõem ao do indivíduo, sem que isso implique, necessariamente, a anulação da pessoa humana, justificando-se a ação do Estado pela necessidade de se acabar com as injustiças sociais”. > Para Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald, após a Segunda Guerra Mundial os ordenamentos jurídicos começaram a perceber que a todo o direito individual deveria necessariamente corresponder uma função social. Essa conjuntura histórica e social vai dar origem a uma nova concepção acerca dos contratos privados, levando o Estado a criar mecanismos de intervenção nos negócios individuais. > Para Stolze e Pamploma, devemos imaginar, por exemplo, um contrato para a instalação de uma indústria. Tal negócio não pode ser avaliado apenas sob o prisma formal dos seus pressupostos de validade ( agente capaz, objeto lícito, forma prescrita ou não defesa em lei). E seus reflexos ambientais? E seus reflexos trabalhistas? E seus reflexos sociais? E seus reflexos morais (no âmbito dos direitos de personalidade)? O contrato, para referidos autores, para ser chancelado pelo poder judiciário deve respeitar regrar formais de validade jurídica, mas , sobretudo, normas superiores de cunho moral e social, que, por serem valoradas pelo ordenamento como inestimáveis, são de inegável exigibilidade jurídica. Com isso, pode-se depreender que o fenômeno da socialização do contrato (função social) e o reconhecimento da boa-fé objetiva são mais do que simples parâmetros interpretativos, traduzindo, sobretudo, normas jurídicas (princípios) de conteúdo indeterminado e natureza cogente, que devem ser observadas pelas partes no contrato que celebrarem. > Vide Artigo 421 NCC. >Projeto de Lei 276/ 2007- Léo Alcântara- mudança do dispositivo do artigo 421 do NCC. Essa sugestão se deu por Antônio Junqueira de Azevedo e Álvaro Villaça de Azevedo (USP). O texto teria a seguinte formulação: “A liberdade contratual será exercida nos limites da função social do contrato”. > Portanto, neste aspecto a liberdade contratual (limitação do conteúdo do contrato por força de norma de ordem pública) estaria intimamente limitada pela função social dos contratos. > Vide artigo 2035, § único NCC. > Inconstitucionalidade do referido artigo? Fere ato jurídico perfeito, direito adquirido e coisa julgada? Vide artigo 6° LINDB. > Artigo 5°, XXXVI, CF versus artigo 5° XXII e XXIII, CF- Para Maria Helena Diniz, “se o princípio da função social dos contratos e da propriedade são limitações de ordem pública ao contrato, sempre deverão ser aplicados pelos juízes e tribunais, sem que isso seja uma aceitção da retroatividade da lei”. > Alguns autores dizem ser uma retroatividade justificada, em consequência à proteção dos preceitos de ordem pública. > Se relaciona com o artigo 170, III, CF. > Enunciado n 300 CJF/ STJ: Art. 2.035. A lei aplicável aos efeitos atuais dos contratos celebrados antes do novo Código Civil será a vigente na época da celebração; todavia, havendo alteração legislativa que evidencie anacronismo da lei revogada, o juiz equilibrará as obrigações das partes contratantes, ponderando os interesses traduzidos pelas regras revogada e revogadora, bem como a natureza e a finalidade do negócio. 1.2.1- Eficácia Interna e Externa da Função Social dos Contratos: > O sentido interno (função intrínseca) se relaciona com as partes contratantes. Exemplo: vedação da onerosidade excessiva, mitigação da força obrigatória dos contratos, proteção dos direitos individuais relativos a proteção da dignidade da pessoa humana, etc. > O sentido externo (função extrínseca) se relaciona para além das partes contratantes. Ex: função socio-ambiental do contrato. > Para Paulo Nalim: “a função intrínseca está relacionada com a observância de princípios novos pelos titulares contratantes. Já, a função extrínseca, se rompe com o aludido princípio da relatividade dos efeitos dos contratos”. a) intrínseco: o contrato visto como relação jurídica entre as partes negociais, impondo-se o respeito à lealdade negocial e à boa-fé objetiva, buscando-se uma equivalência material entre os contratantes; b) extrínseco: o contrato em face da coletividade, ou seja, visto sob o aspecto de seu impacto eficacial na sociedade em que fora celebrado. > Vide Enunciado 360 CJF/STJ: – Art. 421. O princípio da função social dos contratos também pode ter eficácia interna entre as partes contratantes. > Vide Enunciado 22 da I Jornada de Direito Civil: 22 - Art. 421: a função social do contrato, prevista no art. 421 do novo Código Civil, constitui cláusula geral que reforça o princípio de conservação do contrato, assegurando trocas úteis e justas. > Venosa e Fernando Noronha, por exemplo, reputam que a função social dos contratos, somente tem efeitos entre as partes, eficácia interna > Tereza Negreiros e Humberto Theodoro Júnior, por exemplo, entendem que a função social dos contratos, somente tem efeitos extrínsecos. > Jose Simão, MHD, Tartuce, Nelson Nery, Fachin, Stolze, Palmplona, Rosenvald, dentre outros, o entedem como dupla função. Em um plano civil-constitucional, acorde com o magistral J. J. Gomes Canotilho, que denominou o princípio da vedação ao retrocesso ou do não retrocesso social, princípo este que assegura que o reconhecimento dos direitos sociais e econômicos, uma vez obtendo um determinado grau de realização, passam a constituir, simultaneamente, uma garantia institucional e um direito subjetivo, não podendo e não devendo retroceder na esfera da nova ordem jurídica. Para Pablo Stolze e Pamplona, esse pensamento se aplica ás relações contratuais, mormente, ao princípio da função social do contrato. Exercício: Questões do Exame Oral de Magistratura Federal do TRF da 3ᵃRegião (2005) 1- Diferencie Liberdade de Contratar e Liberdade Contratual 2- Como se compatibilizam esses princípios com a função social do contrato? 3- O princípio da função social do contrato é aplicável aos contratos anteriores ao NCC?
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