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HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL

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*
INTERPRETAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO
Profa. Jacyara Farias Souza
*
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
Hermenêutica constitucional – ciência que tem o objetivo de desenvolver métodos, princípios e técnicas científicas de exegese das constituições;
Interpretação ou exegese constitucional – ato de descortinar o sentido, significado e alcance das normas constitucionais, tomando como base métodos, princípios e técnicas científicas de exegese desenvolvidas pela hermenêutica (por em prática as criações hermenêuticas).
*
1.1 O Intérprete
O PAPEL DO HERMENEUTA;
O HERMEUTA SÓ IRÁ ATUAR ONDE EXISTIR DÚVIDA;
QUEM É O HERMENÊUTA: todos aqueles integrantes da sociedade e do Poder Público, àqueles que vivem sob a égide de uma Carta Magna são os seus legítimos intérpretes, segundo Haberle em “ A sociedade Aberta dos intérpretes da Constituição”.
EM CASO DE CONTRADIÇÕES SE BUSCARÁ A SOLUÇÃO DO APARENTE CONFLITO ATRAVÉS DA INTERPRETAÇÃO SISTEMÁTICA DOS PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS;
*
Interpretar é extrair o significado das expressões e no ramo do direito não é diferente da interpretação que se opera nas outras áreas. Assim, se utiliza os mesmos métodos de interpretação das demais normas jurídicas (gramatical, teleológico, semântico, histórico, etc.) ressalvados alguns princípios que lhe são próprios.
Todavia, não existe um critério pronto, acabado, matemático para levar o intérprete a dar relevância jurídica a alguns eventos e ignorar a outros;
*
O intérprete deve:
Romper a distância, aparentemente intransponível, entre a disciplina fria das normas constitucionais e a singularidade do caso a decidir; Ex: disposição do nepotismo, art. 37 caput da Constituição.
Desvendar o conteúdo dos enunciados constitucionais (buscar a vontade da Constituição);
Encontrar o espaço de decisão das normas constitucionais ( permite saber se um preceito constitucional pode ter seu sentido ampliado ou diminuído) Ex: art. 205 e o direito à educação.
*
1.2 Estágios da interpretação constitucional
A atividade interpretativa engloba momentos complementares, que equivalem a estágios componentes de uma mesma operação mental:
construção: enseja as mutações constitucionais;
Concretização (ou desmistificação) permite o preenchimento do campo da exegese da norma constitucional, de modo a tornar possível a resolução de problemas concretos;
Aplicação: último estágio do processo interpretativo.
*
1.3 As Mutações Constitucionais
Também é chamado de vicissitudes constitucionais;
Tema foi introduzido pela Profa. da USP Anna Cândida da Cunha Ferraz buscando diferenciar reformas de mutações constitucionais;
*
 REFORMA CONSTITUCIONAL
 É a modificação do texto constitucional através de mecanismos próprios definidos na própria Constituição (Emendas) alterando, suprimindo ou acrescentando artigos ao texto original, especialmente na redação.
 MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL
 É a alteração no sentido da norma, (na sua interpretação) seu significado, sem alterar fisicamente o texto constitucional. A transformação é verificada na interpretação da regra, o texto permanece inalterado.
*
A mutação constitucional é assim um processo dinâmico, informal e prospectivo das normas jurídicas.
Exemplos:
a) CP (Lei nº11.106/2005) onde foi alterada o conceito de “mulher honesta”;
b) Súmula 394 do STF;
c) Quarentena de entrada (93, I);
d) A anencefalia;
e) A competência da Justiça do Trabalho para julgar as ações decorrentes de indenização oriundas dos acidentes de trabalho.
*
 A Súmula 394 do STF enunciava que "cometido o crime durante o exercício funcional, prevalece a competência especial por prerrogativa de função, ainda que o inquérito ou a ação penal sejam iniciados após a cessação daquele exercício". 
Depois de vigorar por mais de 35 (trinta e cinco) anos, a sobredita Súmula foi cancelada, por unanimidade, em sessão plenária do STF, realizada em virtude do julgamento de uma Questão de Ordem suscitada no Inquérito 687-SP, iniciado em 30/04/1997, em que figurava como indiciado um ex-deputado federal. 
Nossa Corte Suprema impingiu interpretação restritiva aos dispositivos constitucionais e, por via oblíqua, infraconstitucionais no que tange à competência por prerrogativa de função, entendendo que desta somente podem se beneficiar aqueles que se encontrarem desempenhando cargo ou mandato que lhe garanta o foro especial. 
*
2. MÉTODOS DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
Conceito de Método:
 Segundo Canotilho a interpretação das normas constitucionais é formada por um conjunto de métodos desenvolvidos pela doutrina e pela jurisprudência com bases em critérios (ou premissas filosóficas, metodológicas ou epistemológicas) diferentes,mas em geral, reciprocamente complementares.
Existem métodos clássicos e os modernos, todos devem ser utilizados no manejo da interpretação constitucional.
A maioria dos métodos clássicos foi criada por Savigny no fim do século XIX;
*
2.1 Método Jurídico ou Hermenêutico Clássico - Constituição deve ser encarada com uma “lei”, valendo-se portanto dos métodos tradicionais dos hermeneutas.
Elemento genético (origem);
Elemento gramatical ou filológico;
Elemento lógico;
Elemento sistemático (controle);
*
e) Elemento histórico;
f) Elemento teleológico ou sociológico (fim);
g) Elemento popular;
h) Elemento doutrinário;
i) Elemento evolutivo (mutação constitucional).
ATRAVÉS DESTE MÉTODO BUSCA-SE O VERDADEIRO SENTIDO DA NORMA, TODAVIA, AS INTERPRETAÇÕES SEMPRE TRILHAM CAMINHOS PARA OS CASOS CONCRETOS.
*
MÉTODOS MODERNOS – releitura dos métodos tradicionais
2.2 MÉTODO TÓPICO-PROBLEMÁTICO- Se enxerga a Constituição como um sistema aberto de regras e princípios. Parte-se de um problema concreto para a norma, atribuindo-se à interpretação um caráter prático. (Theodor Viehwg)
(Específico para o geral)
*
2.3 MÉTODO HERMENÊUTICO CONCRETIZADOR (Hans-Georg Gadamer) – Parte da Constituição para o problema (do geral para o específico). Devendo o intérprete se valer dos seguintes pressupostos interpretativos:
Pressuposto subjetivo(partes);
Pressuposto objetivo (caso concreto);
Círculo hermenêutico (intérprete);
*
2.4 Método Científico-Espiritual (Rudolf Smend): A análise da norma parte da sua realidade social, não a sua literalidade. A Constituição é vista como algo dinâmico a ser renovado constantemente (fenômeno cultural).
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2.5 Método normativo-estruturante (Frederich Muller) – Por esse método não existe identidade entre a norma jurídica e o texto normativo. Isto porque o teor literal da norma, deve ser analisado à luz da concretização da norma em sua realidade social.
*
2.6 Método da Comparação Constitucional – A interpretação da Constituição se concretiza mediante comparação dos vários ordenamentos jurídicos. Segundo Savigny, tal processo se integraliza por meio dos seus quatro métodos (gramatical, lógico, histórico e sistemático).
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3. PRINCÍPIOS DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
Definição de Princípio;
Nem sempre precisam ser expressos;
Função dos Princípios:
Critérios de integração
Critérios de interpretação
Ofertam coerência ao sistema
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3.1 Princípio da Unidade da Constituição
O texto constitucional deve ser interpretado de forma a evitar contradições ou antinomias entre suas normas e os princípios pré-estabelecidos. Assim, a Constituição deve ser vista como um todo, de modo que os conceitos são integrados num sistema unitário. 
O STF já reconhece expressamente esse princípio (STF, RE 159.103-0/SP, Rel. Min. Celso de Mello).
*
Deste princípio decorrem:
a) todas as normas contidas numa Constituição formal têm igual dignidade, não há hierarquia dentro da Constituição, especialmente quanto as normas constitucionais orginárias;
b) não existem normas constitucionais originárias inconstitucionais (diferentemente da teoria alemã);
c) não existem interpretações contraditórias dentro do Texto constitucional, ele deve ser lido e interpretado deforma a evitar as eventuais discordâncias na interpretação.
*
3.2 Princípio do efeito integrador 
 Significa dizer que na resolução de problemas jurídico-constitucionais, deve-se dar primazia aos critérios ou pontos de vista que favoreçam a integração política e social.
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3.3 Princípio da máxima efetividade
 Proclama que a norma constitucional deve ser interpretada com um sentido que lhe dê maior eficiência. Nasceu ligado às normas programáticas, entretanto, hoje é princípio operativo em todas as normas constitucionais.
Hoje é invocado sobretudo no âmbito dos direitos fundamentais.
*
3.4 Princípio da Justeza ou da Conformidade Funcional
 O órgão encarregado de interpretar a Constituição não pode chegar a um resultado que subverta ou perturbe o esquema organizatório-funcional estabelecido pelo legislador constituinte. Assim, não pode o intérprete modificar o sentido estabelecido pelo legislador constituinte.
O STF como órgão máximo da interpretação constitucional será responsável por imbuir de força normativa à Constituição.
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3.5 Princípio da Concordância Prática ou Harmonização
 Também chamado de concordância prática, impõe a coordenação e a combinação prática de bens jurídicos em conflito ou em concorrência, bem como o sacrifício total ou parcial de uns em relação aos outros.
O fundamento da idéia de concordância decorre da inexistência de hierarquia entre os princípios.
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3.6 Princípio da Força Normativa da Constituição
 O intérprete deve valorizar as soluções que possibilitem a atualização normativa, a eficácia e a permanência da Constituição;
O intérprete deve oferecer máxima efetividade às normas constitucionais, respeitando-se a vontade da Constituição (Wille zur Macht);
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3.7 Princípio da Interpretação conforme a Constituição - Quando da existência de normas polissêmicas ou plurissignificativas (as que admitem mais de uma interpretação) se dê preferência à interpretação que lhes dê um sentido em conformidade com a Constituição.
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Assim, para que se proceda à interpretação:
a)devem existir vários campos de interpretação e um deles deve levar à interpretação conforme a Constituição;
b) a regra é a conservação das leis e não a declaração de inconstitucionalidade.
c) exclusão da interpretação contra legem;
d) existência de um espaço interpretativo que leve ao sentido da Constituição;
e) Rejeição ou não aplicação das normas inconstitucionais;
f) O intérprete não pode atuar como legislador positivo.
No Brasil, esse princípio é utilizado no controle de constitucionalidade das leis.
*
3.8 Princípio da Proporcionalidade ou Razoabilidade- É mecanismo de aferição de legitimidade das restrições de direitos e garantia de equilíbrio na concessão dos poderes.
É utilizado como sinônimo de bom senso, equidade, justiça, prudência, moderação, proibição de excessos, direito justo e valores afins;
*
É bastante utilizado na colisão dos valores constitucionalizados;
Pode-se destacar três importantes elementos:
Necessidade (exigibilidade);
Adequação (pertinência ou equidade);
Proporcionalidade em sentido estrito (máxima efetividade e mínima restrição);
*
Princípios Constitucionais que explicitamente adotam o Princípio da Proporcionalidade
Tal princípio não está expresso no plano constitucional, mas decorre do devido processo legal, em acepção substantiva –art. 5º, LVI);
Art. 2º, V da Lei nº 9.784/99:
“ A Administração Pública obedecerá, dentre outros, os princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade, proporcionalidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse público e eficiência.
Parágrafo único: Nos processos administrativos serão observados, dentre outros, os critérios de:
VI – adequação entre os meios e fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse público.
*
Art. 156 do CPP: “ a prova de alegação incumbirá a quem a fizer, sendo porém facultado ao juiz de ofício:
 I- ordenar , mesmo antes de iniciada a ação penal, a produção antecipada de provas consideradas urgentes e relevantes, observando a necessidade, adequação e proporcionalidade da medida.
*
4. TÉCNICAS DA INTERPRETAÇÃO CONSTITUCIONAL
Técnica da ponderação de valores (ou interesses): o intérprete deve avaliar qual o bem que deve ser priorizado;
Técnica da otimização dos princípios: procura tornar ótimo o conteúdo dos princípios, ampliando, reduzindo, harmonizando e compatibilizando os interesses em disputa;
Técnica da filtragem constitucional: (Santoro, 1938): sob essa técnica, toda a ordem jurídica deve ser lida e apreendida sob a lente da Constituição; 
Na CF/88: 
Evita incompatibilidades entre o velho ordenamento e o novo texto maior;
Possibilita saber se o direito infraconstitucional posterior ao advento de uma nova Constituição está em consonância com ela;
Faculta a interpretação e reinterpretação dos institutos dos diversos ramos do Direito à luz da Constituição;
Possibilita combater a inconstitucionalidade das leis e dos atos normativos;
Realizar a tábua de valores depositada nas Constituições.
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5. TEORIA DA ARGUMENTAÇÃO NA EXEGESE CONSTITUCIONAL (Apesar da sua importância não estabeleceu por si só um critério seguro para a exegese jurídica).
Tem-se alguns parâmetros:
A argumentação deve ser jurídica; (decisões jurídicas)
A argumentação deve ser universal; (busca da coerência)
A argumentação deve ser principalista; (recorre a princípios implícitos e explícitos)
A argumentação deve recorrer às técnicas da retórica: (i) argumento ab absurdum – se o exame de uma tese conduzir ao absurdo, um conclusão inaceitável, resta ao exegeta mudar o seu entendimento de uma proposição tida como verdadeira; (ii) argumento de autoridade – analisam a qualidade e quantidade do pensamento defendido.
*
Ainda permeiam nessa temática:
A interpretação inconstitucional de normas constitucionais;
A interpretação constitucional de leis inconstitucionais;
A interpretação conforme a Constituição:
Realizar a vontade da Constituição (rejeição ou não aplicação de normas inconstitucionais);
Harmonizar as leis ou os atos normativos com a Constituição (conservação das normas);
Buscar o sentido profundo das norma constitucionais (prevalência da Constituição);
Escolher o melhor significado das leis ou atos normativos em meio a tanto outros que eles possam apresentar ( espaço da interpretação).
*
6. TEORIA DOS PODERES IMPLÍCITOS
Teoria norte-americana que se fundamenta na idéia de que, para cada poder outorgado pela Constituição a certo órgão, são explicitamente conferidos amplos poderes para a execução desse poder. Se a Constituição pretende os fins, subentende-se que ela tenha conferido os meios para esse fim.
*
Decorre da razoabilidade e da proporcionalidade
Exemplos na jurisprudência pátria:
O STF reconheceu o poder implícito do TCU na concessão de medidas cautelares.
O STF reconheceu o poder implícito do TJ estadual em conhecer e julgar a reclamação para preservar a competência e a autoridade das suas decisões;
Dentro do âmbito dos poderes investigatórios do MP , o Parquet pode fundamentar a Denúncia em peças de informações obtidas pelo ele próprio. 
*
FIM.

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