Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Módulo de Legislação Educacional Edson Marques EXPEDIENTE Secretário de Educação Frederico da Costa Amâncio ● Secretário Executivo de Planejamento e Coordenação Severino José de Andrade Júnior Secretário Executivo de Educação Profissional Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra Secretário Executivo de Administração e Finanças Ednaldo Alves de Moura Júnior Secretária Executiva de Desenvolvimento da Educação Ana Coelho Vieira Selva Secretário Executivo de Gestão da Rede João Carlos Cintra Charamba ● Coordenação Pâmela Mirela do Nascimento Alves Jimenez George Bento Catunda Renata Marques de Otero Design Educacional Deyvid Souza Nascimento Maria de Fátima Duarte Angeiras Renata Marques de Otero Revisão de Língua Portuguesa Álvaro Vinícius Duarte Diagramação Izabela Cavalcanti ● Autor Edson Bezerra Marques da Silva Janeiro, 2017 M357p Marques, Edson. Progepe: Módulo de Legislação Educacional / Edson Marques. – Recife: Secretaria de Educação de Pernambuco, 2017. 54 p. Inclui referências bibliográficas. 1. Educação, legislação, coletânea, Brasil. I. Marques, Edson. II. Título. CDU – 37(81)(094) Catalogação na fonte Bibliotecário Hugo Carlos Cavalcanti, CRB4-2129 5 Sumário Introdução ........................................................................................................................................ 6 1.Sistema de Ensino .......................................................................................................................... 8 1.2 Autonomia dos Sistemas de Ensino ......................................................................................................10 1.3 Sistema de Ensino Estadual ..................................................................................................................11 1.4 Credenciamento de escolas .................................................................................................................13 1.5 Conceito de Rede de Ensino .................................................................................................................16 1.6 Portarias e Cadastros de Identificação de uma escola ..........................................................................17 1.7 Paralisação, extinção e descredenciamento de escolas ........................................................................20 1.7.1 Paralisação de escola ........................................................................................................................21 1.7.2 Extinção de escola ............................................................................................................................22 1.7.3 Descredenciamento de escola ..........................................................................................................24 1.8 Leis e normas educacionais ..................................................................................................................25 2.Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA ................................................................................. 28 2.1. Atos de Indisciplina e Atos Infracionais ..............................................................................................32 2.2 Medidas pedagógicas e disciplinares....................................................................................................34 2.3 Outras medidas de proteção para assegurar o direito à educação........................................................35 3.Processo de Classificação e Reclassificação .................................................................................. 39 3.1 Processo de Classificação .....................................................................................................................39 3.2 Processo de Reclassificação .................................................................................................................42 4.Elaboração Regimento Escolar...................................................................................................... 44 4.1 Documentos que compõem o processo para aprovação de regimento ................................................45 4.2 Orientações para redação de regimento escolar ..................................................................................46 Considerações Finais ....................................................................................................................... 50 Referências ..................................................................................................................................... 51 6 Introdução Prezado (a) Cursista, Bem vindo (a) ao Módulo de Legislação Educacional do Programa de Formação Continuada de Gestores Escolares (PROGEPE) – 2017. Nosso desafio é apresentar você ao universo da Legislação Educacional. Trata-se de um desafio mesmo! Pois o assunto nos direciona a um oceano de informações. Entretanto, nosso objetivo não é provocar insegurança, mas sim despertar o gosto pelo debate acerca da legislação educacional naqueles que pretendem ser diretores em escolas da Rede Pública Estadual de Ensino. Nosso entendimento é que não há problema em não conhecer determinadas normas educacionais. O problema consiste em não querer aprender sobre a temática em tela, o que não é o seu caso, uma vez que você está inscrito (a) neste Programa de Formação em ambiente virtual. Sendo assim, passamos a enxergar o desconhecimento como uma mola propulsora para a aprendizagem. Diante do desafio lançado, nosso compromisso é tornar a leitura sobre legislação educacional o mais palatável possível, com vistas a darmos vida ao texto da lei. E, sempre que possível, exemplificando e apresentado ao (à) cursista casos concretos do dia a dia da Gestão Escolar. Nosso curso de Legislação Educacional consta de dois módulos: Sistema de Ensino e Elaboração de Regimento Escolar. No primeiro módulo vamos abordar o conceito de Sistema de Ensino, o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e os procedimentos do processo de Classificação e Reclassificação. No segundo e último módulo trataremos sobre os procedimentos para elaboração de regimento escolar, no qual explanaremos a base legal, estrutura, formato, estética e daremos dicas sobre redação do texto jurídico. Os assuntos que vamos estudar são aqueles considerados estruturais enquanto conceito, como parâmetro e como princípios basilares. Os recortes de estudos que fizemos são essenciais para que 7 os futuros diretores escolares possam lidar com situações recorrentes na escola. Por fim, o que vamos estudar constitui pouco para o universo que é a Legislação Educacional, mas é um grande passo para um primeiro momento de formação continuada. Bons estudos! Recife, 13 de fevereiro de 2017 Edson Bezerra Marques da Silva 8 1.Sistema de Ensino Nesse processo de conhecimento sobre a gestão pública, em especial sobre a gestão de escolas públicas estaduais, é muito importante que você possa compreender o conceito de Sistema de Ensino, pois a escola é um elemento de composição do Sistemade Ensino. Neste sentido, vejamos o que nos diz o Conceito de Sistema contido no Dicionário Houaiss: 1 conjunto de elementos, concretos ou abstratos, intelectualmente organizado. [...] 1.2 conjunto de ideias logicamente solidárias nas suas relações [...] 2 estrutura que se organiza com base em conjuntos de unidades inter-relacionáveis por dois eixos básicos: o eixo das que podem ser agrupadas e classificadas pelas características semelhantes que possuem, e o eixo das que se distribuem em dependência hierárquica ou arranjo funcional [...]. S. Jurídico JUR conjunto de preceitos e instituições resultantes de uma origem comum que têm desenvolvimento metódico semelhante. (2001, p. 2585-2586). A Constituição Federal de 1988, no seu Art. 211, nos ensina que a União, os Estados e os Municípios têm autonomia para criarem seus próprios Sistemas de Ensino: Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino. § 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios. § 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. § 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino Legislação Educacional 9 fundamental e médio. § 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório. § 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular. (BRASIL, CF/1988). No que tange à organização e autonomia dos Sistemas de Ensino, a Legislação infraconstitucional reitera o entendimento de Sistema de Ensino, conforme dispõe a Lei Federal nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a chamada Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), em seu Art. 8º, que dispõe sobre a organização e autonomia dos Sistemas de Ensino: Art. 8º A União, os estados, o Distrito Federal e os municípios organizarão, em regime de colaboração, os respectivos sistemas de ensino. § 1º Caberá à União a coordenação da política nacional de educação, articulando os diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em relação às demais instâncias educacionais. § 2º Os sistemas de ensino terão liberdade de organização nos termos desta lei (BRASIL, LDBEN nº 9.394/96). O Art. 8º da LDBEN postula, no § 1º, que cabe à União, ou seja, ao Governo Federal, a incumbência de organizar a Política Nacional de Educação. Então, perguntamos: quem organiza a Política Nacional de Educação? Antes da Constituição de 1988, tal competência ficava a cargo do Conselho Federal de Educação, que atuava com base na antiga LDBEN (Lei Federal nº 5.692, de 11.08.1971). A partir da Constituição de 1988, com a aprovação da Lei Federal nº 9.394, de 20.12.1996, no Art. 9º, § 1º, a organização da Política de Educação Nacional continua a cargo da União, que, a partir do Conselho Nacional de Educação, aprova as citadas políticas públicas. Legislação Educacional 10 1.2 Autonomia dos Sistemas de Ensino A LDBEN, em seu Art. 10, confere competência aos Estados, enquanto entes federativos, de poderem gozar da prerrogativa de criarem suas próprias normas complementares para seus respectivos Sistemas de Ensino: Art. 10. Os estados incumbir-se-ão de: [...] III – elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância com as diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e coordenando as suas ações e as dos seus municípios; [...] V – baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; [...] (BRASIL, LDBEN nº 9.394/96). A LDBEN confere autonomia para Estados e Municípios criarem seus próprios Sistemas de Ensino, bem como também dispõe sobre os limites de atuação das instituições e órgãos educacionais, de modo que as ações dos Sistemas Estaduais e Municipais de Ensino devem sempre estar alinhadas com as normas e diretrizes nacionais de educação, emanadas do Conselho Nacional de Educação, conforme preceitua o Art. 10, inciso III, do aludido Diploma Legal. É importante registrar que a capacidade de autonomia dos Estados e Municípios não se confunde com o fator “Independência”. A autonomia do Sistema de Ensino não anula a capacidade de tomar decisões para regular o que lhe é peculiar, enquanto sistema de educação estadual ou municipal, porém tal capacidade de autonomia não pode ir de encontro com os preceitos hierárquicos emanados do Conselho Nacional de Educação. Da mesma forma, o Sistema de Ensino Municipal não pode normatizar algo que colida com os preceitos legais do Conselho Nacional de Educação (Sistema Federal de Ensino) e com as normativas do Conselho Estadual de Educação (Sistema Estadual de Ensino). Portanto, estamos falando de um todo “político e administrativamente orgânico”. Tratando de forma alegórica, teríamos o Conselho Nacional de Educação representando a cabeça; os Conselhos Legislação Educacional 11 Estaduais e o Conselho do Distrito Federal, o corpo em si; e os Conselhos Municipais, os braços e as penas. Ou seja, não há a parte mais importante do corpo, todas as partes são essenciais. Não há um conselho mais ou menos importante. Os Conselhos de Educação, seja em esfera federal, estadual, distrital ou municipal, são igualmente importantes. Os termos do Art. 17, da Lei Federal nº 9.394/1996, disciplinam quais são as instituições e órgãos que compõem o Sistema de Ensino Estadual, a saber: Art. 17. Os sistemas de ensino dos estados e do Distrito Federal compreendem: I – as instituições de ensino mantidas, respectivamente, pelo poder público estadual e pelo Distrito Federal; II – as instituições de educação superior mantidas pelo poder público municipal; III – as instituições de ensino fundamental e médio criadas e mantidas pela iniciativa privada; IV – os órgãos de educação estaduais e do Distrito Federal, respectivamente. Parágrafo único. No Distrito Federal, as instituições de educação infantil, criadas e mantidas pela iniciativa privada, integram seu sistema de ensino (BRASIL, LDBEN nº 9.394/96). 1.3 Sistema de Ensino Estadual A Constituição do Estado de Pernambuco, de 31 de outubro de 1991, no seu Art. 179, versa sobre o seguinte: Art. 179 O Estado organizará, em regime de colaboração com os municípios e com a contribuição da União, o sistema estadual de educação, que abrange a educação pré-escolar, o ensino fundamental e médio, bem como oferecerá o ensino superior na esfera de sua jurisdição, respeitando a autonomia universitária e observando as seguintes diretrizes e normas. [...]. (PERNAMBUCO. Constituição Estadual, 1991; grifos nossos). Legislação Educacional 12 E o mesmo Diploma Legal Estadual, no Art. 195, discorre sobre a organização do Conselho Estadual de Educação: Art. 195 O Conselho Estadual de Educação será organizado de maneira a assegurar seu caráter público, sua constituição paritária e democrática, sua autonomia em relação ao Estado e às entidades mantenedoras das instituições privadas, e a ele compete: I- apreciar, em primeira instância, os Planos Estaduais de Educação, elaborados pela Secretaria de Educação, com participação das Secretarias e órgãos municipais, respeitados os princípios estabelecidos nesta Constituição e no Plano Nacional de Educação; II - propor metas de desenvolvimento setoriais, buscando a erradicação do analfabetismo e a universalização do atendimento escolar em todos os níveis; III - acompanhar e avaliar a execução dos Planos Estaduais de Educação; IV - adequar as diretrizes gerais curriculares estabelecidas pelo Conselho Federal de Educação às especificidades locais e regionais. Parágrafo único. Os Planos Estaduais de Educação serão submetidos à aprovação pela Assembleia Legislativa (PERNAMBUCO. Constituição Estadual, 1991; grifos nossos). O Conselho Estadual de Educação do Estado de Pernambuco (CEE-PE) foi criado em 1963, pelo então governador Miguel Arraes de Alencar, a partir da Lei Estadual nº 4.591, de 1º de março de 1963 (PERNAMBUCO. DOE, de 02.03.1963), a qual criou o Conselho Estadual de Educação de Pernambuco. Com a aprovação da LDBEN de 1996, que representa o novo marco jurídico da legislação educacional, houve a necessidade de atualizar a lei que regula a existência do Conselho Estadual de Educação, para alinhar a legislação aos preceitos democráticos da Constituição Cidadã de 1988. Neste contexto, foi criada a Lei Estadual nº 11.913/2000, a qual alinhou o CEE-PE com a então nova LDBEN de 1996 e com a ideia de Sistema de Ensino Estadual: Legislação Educacional 13 Art. 2º Ao Conselho Estadual de Educação, além de outras atribuições que lhe forem conferidas por lei, compete: I - estabelecer normas relativas à adequação do Sistema Estadual de Ensino aos princípios das Constituições Federal e Estadual, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional e do Plano Nacional de Educação; [...] (PERENAMBUCO. Lei nº 11.913/2000). 1.4 Credenciamento de escolas Quando falamos de Sistema de Ensino, cabe observar o que versa a Lei Federal nº 9.394/1996, Art. 3º, inciso V, que estabelece como princípio a coexistência de instituições públicas e privadas. E a mesma lei federal, no Art. 19, incisos I e II, dispõe que as instituições de ensino são classificadas em duas categorias administrativas: públicas (estaduais ou municipais) e privadas (particulares, comunitárias, confessionais e filantrópicas). Diante de tal informação, precisamos consolidar as seguintes informações: 1) O Sistema de Ensino Estadual é responsável, dentre outras atribuições, por: I - apreciar, acompanhar e avaliar o Plano Estadual de Educação; II - criar suas próprias normas; com vistas a disciplinar o funcionamento de escolas de educação básica, sejam públicas ou privadas, em consonância com a legislação vigente; III - credenciar escolas públicas e privadas, seja na Educação Infantil (Creche e Pré-Escola), Ensino Fundamental e/ou Ensino Médio. Cabe registrar que a Secretaria de Educação do Estado tem competência para credenciar escolas estaduais para a oferta de todas as etapas de ensino: Educação Infantil (Creche e/ou Pré-Escola), Ensino Fundamental e/ou Ensino Médio. Já as escolas privadas, que requisitam o credenciamento para ofertar Educação Infantil (Creche e/ou Pré-Escola), também devem fazê-lo na Secretaria de Educação do Estado, exceto nos casos em Legislação Educacional 14 que o município tenha Sistema de Ensino próprio, criado por lei municipal. E ainda no caso das escolas privadas que desejam ofertar o Ensino Fundamental, seja nos anos iniciais (1º ao 5º ano) ou anos finais (6º ao 9º ano), bem como o Ensino Médio e suas respectivas modalidades, a competência para liberar o credenciamento da escola e/ou etapa e modalidade de ensino é da Secretaria de Educação do Estado (LDBEN, Art. 17, inciso III). 2) O Sistema de Ensino Municipal é responsável, dentre outras atribuições, por: I - apreciar, acompanhar e avaliar a execução do Plano Municipal de Educação; II - a criar suas próprias normas com vistas a disciplinar o funcionamento de escolas de educação básica, em consonância com a legislação vigente; II - credenciar escolas públicas municipais, seja na Educação Infantil (Creche e Pré-Escola), Ensino Fundamental e/ou Ensino Médio (desde que tenha atendido plenamente a oferta prioritária do Ensino Fundamental). A Secretaria de Educação do Município tem competência para credenciar escolas privadas que pleiteiam a oferta apenas da Educação Infantil (Creche e/ou Pré-Escola), desde que possua Sistema de Ensino próprio, aprovado por lei municipal (LDBEN, Art. 18, inciso II). A escola privada que desejar ofertar o Ensino Fundamental e/ou Ensino Médio deverá encaminhar o seu pleito apenas à Secretaria de Educação do Estado, independente do município ter ou não Sistema de Ensino. Os procedimentos para credenciar estabelecimentos de ensino, no âmbito do Sistema de Ensino Estadual, estão postulados na Resolução CEE-PE nº 03/2006 (PERNAMBUCO. DOE de 13.04.2006). Os Sistemas de Ensino Municipais possuem suas próprias normas de credenciamento, no entanto tais dispositivos que versam sobre processo de credenciamento devem estar em consonância com os preceitos da Resolução CEE-PE nº 03/2006. É pertinente destacar que a autorização de funcionamento de uma escola pública ou privada, para Legislação Educacional 15 qualquer etapa ou modalidade de ensino, só pode acontecer mediante publicação de portaria a ser publicizada no Diário Oficial do Estado, conforme está preceituado nos Arts. 8º e 9º da supracitada Resolução CEE-PE nº 03/2006. Caro cursista, abaixo temos um quadro sinótico que trata das competências de cada ente federado, no que tange ao processo de credenciamento de instituições de ensino da educação básica de natureza privada: CREDENCIAMENTO DE ESCOLAS PRIVADAS- EDUCAÇÃO BÁSICA ETAPAS E MODALIDADES DE ENSINO ENTES FEDERADOS MUNICÍPIOS ESTADOS DISTRITO FEDERAL Educação Infantil: Creche SIM (1) SIM (3) SIM Educação Infantil: Pré-Escola SIM (1) SIM (3) SIM Ensino Fundamental (1º ao 5º ano) NÃO (2) SIM,,, SIM Ensino Fundamental (6º ao 9º ano) NÃO (2) SIM,,, SIM Ensino Médio NÃO (2) SIM ,,, SIM EJA do Ensino Fundamental (Fases I, II, III e IV) (4) NÃO (2) SIM,,,, SIM EJA do Ensino Médio (Módulo 1º, 2º e 3º) (4) NÃO (2) SIM, ,, SIM Educação Profissional Técnica de Nível Médio (5) NÃO (2) SIM,,, SIM (1) Os Municípios só podem autorizar o funcionamento de Creche privadas (chamadas de “hotelzinho” pelos mantenedores) e de Pré-Escola, desde que tenham sistema de ensino municipal, com lei aprovada pela Câmara de Vereadores do Município. (2) Os municípios, SOB HIPÓTESE ALGUMA, podem autorizar o funcionamento de escolas privadas de Ensino Fundamental (anos iniciais ou anos finais) e/ou Ensino Médio e/ou de suas modalidades de ensino. (3) Os Estados só podem autorizar a Educação Infantil: Creche (para crianças de 0 a 3 anos de idade) e a Pré- Escola (para crianças de 4 a 5 anos de idade) apenas nos casos em que o município não possui sistema de ensino próprio, criado por lei municipal. A não observação de tal preceito legal, postulado no Art. 18, inciso II, da LDBEN, seria um ato de ingerência e desrespeito à competência exclusiva do município com sistema de ensino próprio. (4) A autorização para implementar a Educação de Jovens e Adultos (EJA) nas escolas privadas é concedida por solicitação protocolada no Conselho Estadual de Educação do Estado (CEE-PE), que, mediante análise e deferimento do processo,emite parecer sobre a implantação da modalidade da EJA, com base na Resolução CEE- Legislação Educacional 16 PE nº 02/2004 (DOE-PE de 06.05.2004), que, tendo parecer favorável, o processo segue para Secretaria de Educação do Estado, que, mediante aprovação de regimento escolar ou emenda regimental, publica portaria de autorização de funcionamento da EJA, no Diário Oficial do Estado. (5) A autorização para a oferta da Educação Profissional nas escolas privadas é concedida por solicitação protocolada no Conselho Estadual de Educação do Estado (CEE-PE), que, mediante análise e deferimento do processo, emite parecer autorizando a implantação da modalidade Educação Profissional Técnica de Nível Médio, para cursos técnicos, com base na Resolução CEE-PE nº 02/2016 (DOE-PE de 21.05.2016). Os Estados e os Municípios são competentes para autorizar suas próprias escolas, para qualquer etapa ou modalidade de ensino, desde que tenham sistema de ensino próprio. Entretanto, cabe registrar que os municípios que não possuem sistema de ensino próprio seguem as normas e diretrizes postuladas pelo Sistema de Ensino Estadual e, por analogia, pautam-se também em normas prescritas para as escolas da Rede Estadual de Ensino. 1.5 Conceito de Rede de Ensino O conceito de Rede de Ensino remonta a um entendimento equivocado, pautado no senso comum, no que tange às escolas privadas. É comum ouvirmos a expressão “Escolas da Rede Privada”, quando o correto seria dizer as “Escolas de natureza privada”. Por que o conjunto das escolas privadas não forma uma “Rede de Ensino Privada”? Pela razão de que elas têm mantenedores distintos, diretrizes curriculares e procedimentos pedagógicos diversos. Via de regra, não há elementos de unidade mínima em comum entre as outras escolas privadas que possuem mantenedores distintos. A Lei Federal nº 9.394/1996, no seu Art. 19, usa o termo “categorias administrativas” para referir-se a escolas públicas e privadas. O conceito de Rede de Ensino aplica-se às escolas que possuem o mesmo mantenedor e a mesma estrutura curricular. A Rede é formada por unidades que formam o conjunto de escolas, que possuem uma estrutura pedagógica e administrativa alinhada. Por exemplo, há escolas privadas nas quais a média anual para aprovação dos estudantes é 7,0; em outras, é 6,0. Há escolas de natureza privada que não possuem a Progressão Parcial. Por todas Legislação Educacional 17 essas práticas pedagógicas diversas, não podemos falar que as escolas privadas, em sua maioria, compõem uma rede, pois rede de ensino pressupõe alinhamentos mínimos de procedimentos pedagógicos. Os exemplos acima citados não remetem a uma identidade administra de grupo ou a uma proposta pedagógica em comum. Há raras situações em que se observa um alinhamento de práticas administrativas e pedagógicas, mas quando isso acontece em um grupo de escolas privadas, não cabe falar em “Escolas da Rede Privada”, porém é pertinente usar a expressão “Escolas privadas da Rede de Ensino X”. Exemplo: as escolas da Rede de Ensino SESI; as escolas da Rede de Ensino SESC; as escolas privadas e filantrópicas da Rede de Ensino Salesiana; da Rede de Ensino Marista; da Rede de Ensino Adventista. 1.6 Portarias e Cadastros de Identificação de uma escola Tanto as escolas públicas (estaduais ou municipais), como as escolas privadas, são obrigadas a possuírem cadastros e atos administrativos específicos. São eles: a) Cadastro Escolar: O cadastro escolar, e não inscrição estadual, como muitos diretores escolares costumam grafar no histórico escolar de modo equivocado, é o número gerado pela Secretaria de Educação do Estado ou do Município para identificar a escola, de forma pessoal e intransferível, funcionando como se fosse o número de “RG” da escola. Ou seja, o cadastro escolar que nunca muda. No âmbito da Secretaria de Educação do Estado, o Cadastro Escolar é formado por um número alfanumérico, composto por 7 dígitos, sendo por 1 letra e 6 números indo-arábicos. Exemplo: E- 000.001; M-108.001 ou P-109.002. No primeiro exemplo, a letra “E” identifica que se trata de uma escola estadual; no segundo exemplo, o “M” faz referência a uma escola municipal e por último, a letra “P” identifica que se trata de uma escola privada. Depois da letra, os três números indo-arábicos referem-se à região Legislação Educacional 18 geográfica onde a escola está assentada. Tomemos como exemplo: todas as escolas estaduais assentadas em Paulista começam sempre com E-109. E, por fim, os três últimos números são os números de fato do cadastro escolar, que não se repetem. Observe um exemplo de portaria de credenciamento de escola e seu número de Cadastro Escolar: b) Código MEC/INEP: O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), autarquia vinculada ao Ministério da Educação, é responsável por diversas demandas educacionais, dentre elas a incumbência de gerar o Código do MEC/INEP para as escolas públicas e privadas. Sem este código, as escolas não têm como declarar o Censo Escolar e os estudantes não podem participar do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). c) Decreto ou Portaria de Criação de Escola: O decreto de criação de escola é um ato administrativo emanado pelo Poder Público Executivo (Federal, Estadual ou Municipal). O decreto de criação de escolas estaduais é sempre aprovado pelo Governado do Estado e publicado no Diário Oficial do Estado, uma vez que a escola estadual criada é de natureza pública. Já a portaria de criação de escola privada, denominada de portaria de credenciamento, é aprovada pelo Secretário de Educação. Legislação Educacional 19 d) Portaria de implantação de nível e/ou modalidade de ensino: A portaria de implantação de etapa e/ou modalidade de ensino é também um ato administrativo, aprovado pelo Secretário de Educação, publicado no Diário Oficial do Estado, que dispõe sobre a oferta de ensino de escola pública ou privada: I - Educação Infantil (Creche e Pré-Escola); II - Ensino Fundamental (1º ao 9º ano); III - Ensino Médio; IV - Educação Profissional Técnica de Nível Médio; V - Curso Normal em Nível Médio; VI - Modalidade da Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Ensino Fundamental e a EJA do Ensino Médio. No histórico escolar e nos demais documentos de escrituração escolar, é obrigatória a citação de todos os decretos ou portarias da escola que vão dispor sobre a etapa e/ou modalidade de ensino ofertada(s) pela escola, conforme dispõe a Instrução Normativa nº 10-2013-Republicada (DOE-PE 09.04.2014), Art.16, inciso III, a qual dispõe sobre a Escrituração Escolar. De modo que uma Equipe Gestora zelosa com os documentos dos estudantes deve ter ciência desta obrigação e deve cumpri- la à risca. E para cada ato aprovado por portaria é gerado um novo número de portaria, uma vez que o teor das portarias é único e distinto. Portanto, uma escola que oferta a EJA do Ensino Fundamental, EJA do Ensino Médio ou o Curso Normal em Nível Médio deve fazer constar no Histórico Escolar a referida portaria que autorizou a modalidade de ensino, conforme podemos observar no recorte de um histórico escolar abaixo citado: Legislação Educacional 20 e) CNPJ da Escola: O Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ) é um cadastrocriado pela Receita Federal do Brasil e toda escola privada ou estadual possui o seu. No caso de escola estadual, o CNPJ de todas elas sempre começa com 10.572.071/_._._._-_._, pois todas as escolas estaduais são filiais e derivam do CNPJ da empresa matriz, no caso a Secretaria de Educação. f) CNPJ da UEX: Apenas as escolas públicas possuem a Unidade Executora (UEX), porém o que vem a ser uma UEx? Trata-se de uma Associação civil com personalidade jurídica de direito privado, sem fins lucrativos, representativa das escolas públicas, integrada por membros da comunidade escolar: pais, estudantes, funcionários, professores e membros da comunidade local. A UEx recebe recursos públicos para serem investidos unicamente na escola. 1.7 Paralisação, extinção e descredenciamento de escolas De modo geral, as escolas públicas são projetadas para funcionarem por décadas e décadas, por prazo indeterminado, mas há situações em que o Poder Público (mantenedor), por razões de Legislação Educacional 21 necessidade, conveniência e oportunidade, decide encerrar as atividades escolares, seja por processo de paralisação ou extinção. Necessidade, Conveniência e Oportunidade são atos praticados pela autoridade pública, com base em diversos princípios do Direito Público Administrativo, entre eles: supremacia do interesse público sobre o interesse individual, legalidade, impessoalidade, motivação entre outros. O fim definitivo ou provisório das atividades escolares de um estabelecimento de ensino só pode ocorrer se o diretor escolar ou o próprio mantenedor comunicar à Secretaria de Educação, a qual lhe conferiu autorização de credenciamento, para que seja autorizado o procedimento. Existem 3 formas que declaram o encerramento das atividades pedagógicas de uma escola. São elas: paralisação, extinção e descredenciamento. Então, qual a diferença entre a PARALISAÇÃO, a EXTINÇÃO e o DESCREDENCIAMENTO? A resposta está na Instrução Normativa nº 09/2008-SEDE-GENE (DOE-PE de 27.11.2008). 1.7.1 Paralisação de escola A Paralisação é um ato no qual se declara, por portaria publicada no Diário Oficial do Estado, a interrupção total ou parcial da escola, por período não superior a 1 (um) ano. Uma escola pode solicitar a paralisação de alguma etapa ou modalidade de ensino, como por exemplo, a paralisação do Ensino Médio ou da modalidade da EJA por período de até 1 ano. Esse tipo de situação é mais provável de acontecer em escolas privadas. A Escola também pode solicitar a paralisação de todas as suas atividades pedagógicas, por igual período de 1 ano. A Instrução Normativa nº09/2009 - GENE-SEDE-SE (DOE-PE de 27.11.2008), no seu Art. 1º, § 3º dispõe que: Legislação Educacional 22 “§ 3º No período de paralisação, o acervo ficará sob a responsabilidade e guarda do mantenedor, e os documentos, nesse período, deverão ser expedidos pela instituição de ensino.” Para Marques (2014, p. 26-27), a Instrução Normativa que trata sobre paralisação, extinção e descredenciamento de escolas tem dispositivo legal que versa sobre a proteção do direito do estudante ao direito de acesso à informação de forma prévia: O texto normativo em comento teve o condão de proteger os direitos dos estudantes; pois, ao positivar na letra da norma que a paralisação deve ser comunicada à Secretaria de Educação do Estado; interpreta-se que a intenção é que o órgão de fiscalização, por competência, possa orientar o mantenedor da instituição de ensino, com vistas a assegurar ao estudante o direito de ter acesso aos documentos de escrituração escolar que lhe diz respeito, tais como Histórico Escolar, Ficha Individual do Estudante e Declarações. [...] Outro dispositivo contido no corpo do ato normativo, em tela, assegura o direito à informação prévia a todos os segmentos da comunidade escolar, preceituado no Art. 1º, § 1º, buscando permitir ao pai ou responsável legal pelo estudante, que o mesmo possa planejar em qual escola irá matricular o estudante no caso de paralisação da escola, nível ou modalidade de ensino. Portanto, o prazo para publicizar a paralisação é de 60 dias antes do fim do ano letivo vigente, sendo tal mandatório e não uma opção. Ao fim do processo de paralisação de 1 ano, a direção da escola deverá reativar as atividades pedagógicas, seja da etapa ou modalidade de ensino (se a paralisação foi parcial), ou da escola como um todo (se a paralisação foi total). Caso o mantenedor da escola não tenha interesse em continuar as atividades escolares, ao findar o prazo de 1 ano, o mesmo deverá dar início ao processo de extinção da escola. 1.7.2 Extinção de escola A extinção da escola é também publicizada no Diário Oficial do Estado, através de portaria expedida pela Secretaria de Educação. Legislação Educacional 23 Os procedimentos para solicitar a extinção da escola estão postulados na Instrução Normativa nº 09/2009 - GENE-SEDE-SE (DOE-PE de 27.11.2008), no seu Art. 2º, o qual dispõe: Art. 2º A extinção de instituição ou de nível e/ou modalidade de ensino, deverá ser solicitada à Secretaria de Educação e informada à comunidade escolar, 60 (sessenta) dias, antes do encerramento do ano letivo de forma a garantir o prosseguimento de estudos dos estudantes. § 1º Quando houver apenas a extinção de nível e/ou modalidade de ensino, o acervo permanecerá sob a guarda da instituição que deverá proceder à expedição da documentação referente à vida escolar dos estudantes. § 2º Encerrado o ano letivo, a instituição de ensino da rede estadual ou particular, que houver solicitado a extinção das atividades escolares, deverá entregar o acervo à Gerência Regional de Educação de sua jurisdição, e a Instituição de Ensino, da Rede Municipal à Secretaria Municipal de Educação da qual é integrante. § 3º A Instituição de Ensino deverá entregar o acervo organizado, constando o quantitativo dos documentos, segundo a ordem abaixo discriminada: I - Documentação relativa aos estudantes: a) requerimentos de matrícula; b) fichas individuais; c) documentos de identificação; d) certificados/históricos escolares; e) diplomas; f) atas de exames especiais; g) atas de resultados finais; h) pareceres; i) diários de classe. II - Documentação relativa aos Professores, Técnicos em Educação e Funcionários Administrativos. a) livro de ponto; Legislação Educacional 24 b) documentos de vida funcional. É oportuno destacar que, quando a extinção da escola for de uma Rede de Ensino Municipal, caberá à Secretaria Municipal de Educação a incumbência da guarda do acervo escolar e da expedição de documentos escolares da escola extinta, mesmo que o município não disponha de Sistema de Ensino próprio. Tal dispositivo visa a facilitar o acesso de segunda via de histórico escolar ao cidadão, pois do contrário o requerente teria que se deslocar por dezenas ou centenas de quilômetros para solicitar segunda via de histórico escolar na Gerência Regional de Educação (GRE). 1.7.3 Descredenciamento de escola O descredenciamento de escola é um procedimento punitivo que tem início a partir da constatação de irregularidade apontada pelo agente fiscalizador (o inspetor escolar), irregularidades estas que não foram sanadas pelo mantenedor no prazo legal estabelecido. A Instrução Normativa nº 09/2008-GENE-SEDE-SE, nos Arts. 5º, 6º e 7º, preceitua que: Art. 5º A comprovação de irregularidades poderá determinar o descredenciamento de instituição de ensinoou de nível e modalidade de ensino. Art. 6º A efetivação do descredenciamento será antecedida de processo administrativo resultante de sindicância por parte da Secretaria de Educação e advertência em Diário Oficial do Estado, constando prazo para a correção das irregularidades. Art. 7º Na hipótese de não atendimento às exigências no tocante à correção das irregularidades no prazo máximo estipulado na Resolução CEE nº. 03/2006, art. 10, § II, a instituição de ensino será descredenciada e o recolhimento e a guarda de toda documentação escolar existente serão realizados pelas secretarias dos respectivos sistemas de ensino as quais deverão adotar medidas cabíveis para resguardar os direitos dos estudantes. Legislação Educacional 25 1.8 Leis e normas educacionais A legislação educacional é formada por um conjunto de documentos legais que são derivados do Poder Legislativo (Federal, Estadual ou Municipal) e do Poder Executivo (Federal, Estadual ou Municipal). Os atos emanados do Poder Legislativo são leis. Já os oriundos do Poder Executivo são criados para regular as leis ou as lacunas na legislação. Os atos administrativos aprovados pelo Poder Executivo não são leis, mas têm força de lei. Não estando facultado a nenhum cidadão a inobservá-los. Abaixo, temos alguns exemplos de leis e de atos que, juntos a outros tantos atos e leis, formam o conjunto da nossa legislação educacional. 1) Atos do Poder Legislativo: Leis Federais a) Lei Federal nº 12.031, de 21.09.2009 – obrigatoriedade de execução semanal do Hino Nacional nos Estabelecimentos de Ensino Fundamental uma vez por semana; b) Lei Federal nº 11.645, de 10.03.2008 – Altera o Art. 26-A da LDBEN – obrigatoriedade de vivenciar a temática “História e Cultura Afro-brasileira e Indígena” na escola de Ensino Fundamental e Ensino Médio; c) Lei Federal nº 9.294, de 15.07.1996 – Dispõe sobre as restrições ao uso e propaganda de produtos fumígeros, bebidas alcoólicas, medicamentos, terapias e defensivos agrícolas; Leis Estaduais a) Lei Estadual nº 13. 995, de 22.12.2009 – Dispõe sobre a inclusão de medidas de conscientização, prevenção, diagnose combate ao bullying escolar no projeto pedagógico [...]; b) Lei Estadual nº 15.507, de 21.05.2015 – Regulamenta a utilização do uso de aparelhos celulares nas escolas públicas e privadas; Legislação Educacional 26 c) Lei Estadual nº 12.887, de 22.09.2005 – Dispõe sobre o dever dos diretores das escolas da Rede Pública Estadual de notificar relação de alunos com alto índice de faltas e dá outras providências; d) Lei Estadual nº 10.454, de 06.07.1990 – Dispõe sobre o perímetro de segurança escolar; e) Lei Estadual nº 12.280/2002 – Direito do Aluno. Leis Municipais - Lei Municipal nº 17.828, de 29.10.2012 – Veda a cobrança de valores superiores nas creches, escolas e todas as instituições localizadas no município do Recife, voltadas para o ensino das crianças portadoras de necessidades especiais. ... 2) Atos do Poder Executivo Decretos - Decreto Federal nº 7.611, de 17.11.2011 – Dispõe sobre a educação especial, sobre o atendimento especializado; Portarias Portaria nº 4 de 11.02.2010MEC – ENEM para Certificação no Ensino Médio. Pareceres PARECER CEE-PE Nº 20/2005-CEB – Aprovação em vestibular não assegura a aprovação no Ensino Médio. Resoluções Resolução CNE-CEB nº 03/2010, de 15.06.2010 – Institui as Diretrizes Operacionais e a idade mínima Legislação Educacional 27 para a matrícula na EJA. Instruções Normativas a) Instrução Normativa nº 14/2008 – SEDE - GENE (DOE-PE de 27.11.2008) – Dispõe sobre os processos de Classificação e Reclassificação; b) Instrução Normativa nº 04/2014 (DOE-PE de 18.12.2014) – Dispõe sobre o processo de Avaliação da Aprendizagem nas escolas da Rede Estadual de Ensino; c) Instrução Normativa nº 10/2013 - Republicada (DOE-PE 09.04.2014) – Escrituração Escolar; d) Instrução Normativa nº 04/2013 (DOE-PE 19.07.2013) – Diário de Classe Eletrônico; e) Instrução Normativa nº 01/2004 – Dispõe sobre equivalência e revalidação de estudos realizados no exterior. Legislação Educacional 28 2.Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA Nesta segunda etapa do nosso curso sobre legislação educacional, vamos estudar o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que é materializado no texto da Lei Federal nº 8.069, de 13 de julho de 1990. Também estudaremos algumas leis relacionadas à proteção à criança e ao adolescente. Não iremos abordar todos os preceitos legais contidos nos 267 artigos do ECA. Isso seria enfadonho e antipedagógico. Então vamos centrar força em alguns artigos do referido Diploma Federal, em especial os Artigos 17, 18, 18-A, 18-B e o 245. Nos Artigos 17 e 18, está consubstanciado o direito ao respeito em suas dimensões mais amplas: Art. 17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo- os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. Em 26 de junho de 2014, foi aprovada pelo Congresso Nacional a Lei Federal 13.010, a qual fez acrescentar três novos artigos ao ECA: Arts. 18-A, 18-B e 70-A, bem como alterou os Arts. 2º e 3º do referido texto legal. A citada Lei Federal 13.010/2014 ficou conhecida como a Lei Menino Bernardo ou também Lei da Palmada. O nome da lei é uma homenagem ao menino Bernardo Boldrini, assassinado em abril de 2014, aos 11 anos de idade, na cidade de Três Passos – RS. A investigação concluiu que o pai e a madrasta da criança foram os autores do crime, juntamente com a ajuda de uma amiga da madrasta e do irmão da amiga. As investigações concluíram que Bernardo procurou ajuda para denunciar as ameaças que sofria no lar. Legislação Educacional 29 O caso do menino Bernardo é emblemático, pois mostra a fragilidade da família, dos vizinhos e da escola, que não deram a devida atenção às queixas da criança. Para chamar a responsabilidade de todos que lidam com crianças e adolescentes, o Art. 18-A do ECA preceitua que: Art. 18-A. A criança e o adolescente têm o direito de ser educados e cuidados sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante, como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto, pelos pais, pelos integrantes da família ampliada, pelos responsáveis, pelos agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou por qualquer pessoa encarregada de cuidar deles, tratá-los, educá-los ou protegê-los. (Incluído pela Lei Federal nº 13.010, de 2014) Parágrafo único. Para os fins desta Lei, considera-se: (Incluído pela Lei. nº 13.010, de 2014). I – castigo físico: ação de natureza disciplinar ou punitiva aplicada com o uso da força física sobre a criança ou o adolescente que resulte em: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014). a) sofrimento físico; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014); b) lesão; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014); II- tratamento cruel ou degradante: conduta ou forma cruel de tratamento em relação à criança ou ao adolescente que: (Incluído pelaLei nº 13.010, de 2014) a) humilhe; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) b) ameace gravemente; ou (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) c) ridicularize. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) O texto da lei alerta que os agressores de crianças e adolescentes são passíveis de sanções legais, conforme se observa na letra da lei: Art. 18- B Os pais, os integrantes da família ampliada, os responsáveis, os agentes públicos executores de medidas socioeducativas ou qualquer pessoa encarregada de cuidar de crianças e de adolescentes, tratá-los, educá-los ou protegê-los que utilizarem castigo físico ou tratamento cruel ou degradante como formas de correção, disciplina, educação ou qualquer outro pretexto estarão sujeitos, sem Legislação Educacional 30 prejuízo de outras sanções cabíveis, às seguintes medidas, que serão aplicadas de acordo com a gravidade do caso: (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) I- encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) II- encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) III- encaminhamento a cursos ou programas de orientação; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) IV- obrigação de encaminhar a criança a tratamento especializado; (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) V- advertência. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Parágrafo único. As medidas previstas neste artigo serão aplicadas pelo Conselho Tutelar, sem prejuízo de outras providências legais. (Incluído pela Lei nº 13.010, de 2014) Cabe registrar que o Art. 129, incisos VIII e IX do ECA, prevê que os pais ou responsável legal podem perder a guarda da criança ou adolescente, bem como serem destituídos da tutela e do poder familiar. No que tange ainda ao aspecto de responsabilidades, não só da família, mas também dos professores e outros profissionais que lidam com crianças e adolescentes, é pertinente transcrever o texto do Artigo 13 e do Artigo 245 do ECA. Então vejamos a transcrição fiel do texto da lei: Art. 13. Os casos de suspeita ou confirmação de castigo físico, de tratamento cruel ou degradante e de maus-tratos contra criança ou adolescente serão obrigatoriamente comunicados ao Conselho Tutelar da respectiva localidade, sem prejuízo de outras providências legais. (Redação dada pela Lei nº 13.010, de 2014). [...] Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou confirmação de maus tratos contra criança ou adolescente: Legislação Educacional 31 Pena – multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o dobro em caso de reincidência. Dentro do debate de respeito à criança e ao adolescente é pertinente destacar a Lei Estadual de Combate ao “bullying” (Lei Estadual nº 13. 995, de 22.12.2009), que dispõe sobre a inclusão de medidas de conscientização, prevenção, diagnose e combate ao “bullying” escolar no projeto pedagógico, entre outros procedimentos. Vejamos então o que dispõe o Art. 2º da Lei Estadual nº 13. 995/2013: Art. 2º Entende-se por bullying a prática de atos de violência física ou psicológica, de modo intencional e repetitivo, exercida por indivíduo ou grupos de indivíduos, contra uma ou mais pessoas, com o objetivo de constranger, intimidar, agredir, causar dor, angústia ou humilhação à vítima. Parágrafo único. São exemplos de bullying: promover e acarretar a exclusão social; subtrair coisa alheia para humilhar; perseguir; discriminar; amedrontar; destroçar pertences; instigar atos violentos, inclusive utilizando-se de meios tecnológicos e ambientes virtuais. O combate à prática de Intimidação Sistemática (“Bullying” e do Cyberbullying), de modo presencial ou virtual (nas redes sociais), está preconizada na Lei Federal nº 13.185, de 6 de novembro de 2015. Portanto, esta lei federal representa mais um novo marco legal na luta e na conscientização de todos os membros da comunidade escolar de respeito à criança e ao adolescente. A Lei Estadual nº 12.280, de 11 de novembro de 2002, assegura proteção integral aos direitos dos estudantes, de escolas públicas ou privadas, sejam eles menores ou maiores de 18 anos de idade. Isto posto, passamos a destacar o Art. 6º da referida lei, cujos dispositivos legais enriquecem o debate sobre o direito da criança e do adolescente. Vejamos: Art. 6º Ao aluno é assegurado o direito de ser respeitado por seus educadores, sendo proibida qualquer situação tendente a permitir: Legislação Educacional 32 I - A sonegação do direito de defesa dos alunos, em situação de conflito; II - a exposição do aluno a perigo ou à omissão de socorro; III - a exposição do aluno a situações de exploração do trabalho; IV - a utilização de métodos de ensino ou processos disciplinares que ponham em risco a integridade física ou moral do aluno; V - a rotulação depreciativa do aluno; VI - a discriminação do aluno por motivo de raça, classe, credo, gênero e outros; VII - tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor; VIII - a violência física e simbólica. Parágrafo único. Nenhum aluno será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punindo na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais. 2.1. Atos de Indisciplina e Atos Infracionais Quando estamos falando da relação de direitos do estudante, sempre vêm à tona questões polêmicas do tipo “o diretor escolar ou o Conselho Escolar pode ‘expulsar’ o estudante envolvido em atos de indisciplina ou atos infracionais tipificados no ECA?”. A resposta é não. Pois nem a Direção da Escola e nem o Conselho Escolar detêm a prerrogativa de entregar a transferência do estudante, pois a educação é um direito público essencial assegurado pela Constituição Federal. Logo, não se pode entregar a transferência do estudante que cometeu ato infracional ou muito menos ato de indisciplina. Isso não significa que as medidas administrativas e legais não possam ser aplicadas. Quando um estudante desobedece a uma norma, como não atender celular no horário das aulas ou não jogar lixo no chão, por exemplo, tais atitudes configuram-se como de atos de indisciplina. Os procedimentos a serem adotados nesses caos são: convocação da família e aplicação de medidas pedagógicas (disciplinares) no ambiente escolar. Já nos casos em que o estudante agride de forma física e/ou verbal um colega de escola ou até mesmo qualquer servidor, ou pratica depredação de patrimônio público ou privado, por exemplo, temos aí Atos Infracionais, se forem cometidos por menor. Caso o estudante seja maior de 18 anos, Legislação Educacional 33 temos a prática de delito ou crime, que já está tipificado no Código Penal Brasileiro. Ato Infracional é considerado como uma conduta descrita como crime ou contravenção penal, conforme dispõe o Art. 103 do ECA. Uma outra pergunta recorrente que sempre é feita por professores e diretores: “é possível solicitar que o estudante se retire da sala de aula se o mesmo estiver tumultuando a aula, de forma reiterada e intencional”? Claro. A resposta é sim. Depois de tomar todas as medidas pedagógicas, depois de tê-lo advertido, alertando que o mesmo poderá ter que sair da sala de aula. A medida de retirar oestudante de sala de aula tem amparo no Art.13, inciso II, da Lei Estadual nº 12.280/2002, uma vez que o direito coletivo dos demais estudantes prevalece sobre o direito individual. Porém, cabe alertar que o procedimento de solicitação de retirada do estudante de sala de aula não pode ter cunho punitivo e vexatório. Sua saída de sala de aula deve ser feita de forma urbana pelo professor. Em seguida, o estudante deve ser levado para a Equipe Gestora, para a escuta e os procedimentos de praxe de interlocução com a família. Vejamos então, à luz da Lei Estadual nº 12.280, de 11.11.2002, o que nos ensina o Art. 13, inciso I, II e III: Art. 13. As medidas sócios disciplinares que porventura sejam tomadas pela escola ou pelos professores, devem observar o que segue: (Redação alterada pelo art. 1º da Lei nº 12.911, de 31 de outubro de 2005.) I - ter caráter eminentemente educativo, contribuindo para a formação do estudante; (Acrescido alterada pelo art. 1º da Lei nº 12.911, de 31 de outubro de 2005.) II - considerar o direito coletivo a uma convivência social saudável e respeitosa; (Acrescido alterada pelo art. 1º da Lei nº 12.911, de 31 de outubro de Legislação Educacional 34 2005.) III - assegurar ao estudante ou grupo de estudantes serem ouvidos pelos setores competentes da escola; (Acrescido alterada pelo art. 1º da Lei nº 12.911, de 31 de outubro de 2005.) IV - convidar a família para tomar conhecimento e participar da discussão dos melhores procedimentos a serem adotados; (Acrescido alterada pelo art. 1º da Lei nº 12.911, de 31 de outubro de 2005.) V - convocar o Conselho Escolar nos casos que a Direção da Escola achar necessário e nos demais termos de sua regulamentação. (Acrescido alterada pelo art. 1º da Lei nº 12.911, de 31 de outubro de 2005.) 2.2 Medidas pedagógicas e disciplinares Os estudantes envolvidos em atos classificados como de indisciplina, de prática de “bullying” ou até mesmo de ato infracional, na condição de autor, coautor, idealizador ou partícipe por ação ou omissão, devem ser submetidos a medidas pedagógicas ou disciplinares, conforme sugestão descrita no parágrafo seguinte. As medidas têm que ser aprovadas pelo Conselho Escolar, na presença do estudante e dos pais ou responsáveis, quando menor de idade. As medidas podem ser aplicadas de forma isolada ou combinada, sendo tais medidas proporcionais e razoáveis ao ato de indisciplina ou ação/omissão: a) apresentação de seminário sobre “bullying”, “cultura da paz”, “respeito às diferenças”, “cidadania” etc., nas turmas do turno oposto em que estuda e na própria turma, com o objetivo de conscientizar os colegas para uma cultura da paz e do respeito mútuo e de convivência com a diversidade de sujeitos sociais; b) atividades de trabalho voluntário na escola, em especial na biblioteca, em atendimento ao público; c) apresentação de oficinas de contação de histórias, sob o acompanhamento e orientação pedagógica de um professor, ou outra atividade correlata que valorize o respeito à cidadania; d) pedido de desculpas, no qual o agente do ato de agressão e prática de “bullying” se desculpe, de forma verbal ou escrita, perante a vítima. Legislação Educacional 35 É pertinente destacar que as medidas pedagógicas ou disciplinares não devem ser vistas como ato de penalização criminal, mas como ação educativa e de conscientização. No entanto, os casos graves que estejam classificados como ato infracional no Estatuto da Criança e do Adolescente ou como infração penal no Código Penal Brasileiro, além das medidas disciplinares, devem ser comunicados a um dos seguintes órgãos, conforme a situação indicar: a) Conselho Tutelar; b) Gerência de Polícia da Criança e Adolescente (GPCA); c) Ministério Público Estadual; d) Delegacia de Polícia mais próxima, quando envolver estudantes maiores de idade. 2.3 Outras medidas de proteção para assegurar o direito à educação Quando estamos abordando o direito das crianças e adolescentes de acesso à educação, não podemos deixar de pontuar 4 situações que, se não compreendidas de modo correto, podem causar desgastes e gerar demandas na justiça, caso a Equipe Gestora não aplique a devida atenção. Vamos a eles: a) Perímetro de Segurança; b) Fardamento; c) Documentos Necessários para Matrícula e d) Uso do Nome Social. a) Perímetro de Segurança: A Lei Estadual nº 10.454, de 06 de julho de 1990, dispõe sobre perímetro de segurança escolar, no qual, mesmo que o estudante não esteja dentro da escola, cabe aos professores e à Gestão Escolar aplicar toda atenção e cuidados possíveis. Vamos ao texto da lei: Art. 1º Fica estabelecido como perímetro de segurança escolar, área contígua à cada escola, no território do Estado, compreendido num diâmetro de cem metros do seu epicentro. Art. 2º A área de segurança escolar se prestará para fins de resguardar o alunado, funcionários e o professorado de ameaças diversas de pessoas capazes de causar Legislação Educacional 36 qualquer tipo de violência, tráfico e venda de quaisquer substâncias e produtos nocivos à saúde e, qualquer forma de corrupção. Na leitura do texto da lei podemos notar que, se um estudante estiver na frente da escola, por exemplo, e sofrer algum tipo de agressão, e se professores e direção, ao perceberem o princípio de tumulto, não aplicarem nenhuma medida preventiva para solicitarem que os estudantes dirijam- se a suas casas, poderão responder judicialmente por negligência, por exemplo. b) Fardamento: A Lei Estadual nº 10.557, de 09 de janeiro de 1991, estabelece que as escolas não podem proibir o acesso do estudante que não esteja portando o fardamento ou que apresente irregularidade nele ao ambiente escolar. c) Documentos Necessários para Matrícula: A Instrução Normativa nº 03/2016-SEDE/SEGE/SEEP-GENE/SEE (DOE-PE de 03.12.2016, Republicada, Recife) trata sobre os procedimentos para a Matrícula do estudante para o ano letivo de 2017, na Educação Básica da Rede Estadual de Ensino do Estado de Pernambuco. Acerca desta Instrução Normativa, convém alertar sobre algumas mudanças para realizar a matrícula, dentre elas o procedimento que permite a entrega do histórico escolar ou certidão de nascimento, por período de até 15 dias, a partir da data de realização da matrícula. Vejamos o que dispõe o Art. 21 do aludido ato normativo: Art. 21 Para a efetivação da matrícula deverão ser preenchidos e apresentados os seguintes documentos: I – requerimento de matrícula, assinado pelo pai, ou pela mãe ou por responsável, ou pelo(a) estudante, quando maior de 18 (dezoito) anos; II – termo de responsabilidade assinado pelo pai, ou pela mãe, ou por responsável do(a) estudante, para efeito de compromisso, acompanhamento da frequência escolar e participação no processo de aprendizagem; Legislação Educacional 37 III – ficha do perfil socioeconômico da família; IV– transferência da escola de origem (não devendo conter emendas e/ou rasuras); V – cópia da certidão de nascimento ou da certidão de casamento; VI – cópia do comprovante de residência com o CEP; VII– cópia da carteira de vacinação (Lei Estadual nº 13.770 de 18/05/2009); VIII – cópia do comprovante do tipo sanguíneo e do fator RH do(a) estudante (Lei Estadual nº 15.058 de 03/09/2013); e IX – 1 (uma) foto 3x4 recente. § 1º Terá vaga assegurada, o(a) candidato(a) inscrito(a) que efetivar a matrícula, no prazo estabelecido nesta Instrução Normativa.§ 2º A matrícula poderá ser efetuada com pendência dos documentos citados nos incisos IV a IX do caput deste Artigo, devendo o pai, mãe, responsável pelo estudante ou o próprio estudante maior de idade, apresentar o(s) documento(s) pendente(s) em até 15 (quinze) dias após a data da matrícula. § 3º O(A) estudante que deixar de apresentar documento de transferência da escola de origem, citado no inciso IV do caput deste Artigo, em razão de não ter como comprovar estudos, deverá ser submetido à Classificação por Comprovação de Competência em Exame Especial, conforme preceitua os Arts. 6º e 7º da Instrução Normativa nº 14/2008 (DOE-PE de 27.11.2008). § 4º Caso o(a) estudante, menor de 18 (dezoito) anos, não disponha de documento de certidão de nascimento, deverá a Direção Escolar encaminhar o caso ao Conselho Tutelar mais próximo da escola, a fim de assegurar o direito de identificação e de acesso à Educação Básica. d) Uso do Nome Social: As escolas da Rede Estadual de Ensino passam a assegurar o direito dos estudantes a poderem fazer uso do nome social, conforme preceitua a supracitada Instrução Normativa nº 03/2016- SEDE/SEGE/SEEP-GENE/SEE (DOE-PE de 03.12.2016, Republicada, Recife), que no seu Art. 68 dispõe que: Legislação Educacional 38 Art. 68 Os(As) estudantes, maiores de 18 (dezoito) anos, que se reconheçam com orientação de gênero diversa (travestis e transexuais) têm direito de requisitar o registro do nome social no ato da matrícula e para uso no Diário de Classe. § 1º Entende-se por nome social aquele pelo qual travestis e transexuais se identificam e são identificados pela sociedade. § 2º Os(As) estudantes menores de 18 (dezoito) anos, que desejarem fazer uso do nome social, no âmbito das escolas da Rede Estadual de Ensino, deverão ter a autorização por escrito do pai, mãe ou responsável legal. §3º A expedição de documentos de escrituração escolar contemplará, concomitantemente, o registro do nome civil e o registro do nome social. Legislação Educacional 39 3.Processo de Classificação e Reclassificação Entender os processos de Classificação e Reclassificação é essencial para qualquer membro da Equipe Gestora e também para os professores, que são parte integrante do processo de avaliação. A nossa LDBEN, no Art. 23, §1º, preceitua sobre o processo de Reclassificação, e o Art. 24, inciso II, dispõe sobre as formas de Classificação para o estudante. Em Pernambuco, o nosso Sistema Estadual de Ensino, a partir da Secretaria de Educação do Estado, normatizou em 2008 os procedimentos para que a escola possa operacionalizar os processos de Classificação e Reclassificação, conforme dispõe a Instrução Normativa nº 14/2008- SEDE-GENE-SE- PE (DOE-PE de 27.11.2008). 3.1 Processo de Classificação A Instrução Normativa nº 14/2008-SEDE-GENE-SE-PE (DOE-PE de 27.11.2008), no seu Art. 1º, preceitua as formas de Classificação do estudante. A classificação do estudante pode ocorrer: I – por Progressão Plena: Será aprovado, sendo classificado com o resultado de Progressão Plena o estudante que obtiver, em todos os componentes curriculares do(a) ano/fase/módulo, ao final do ano letivo ou após o período de Recuperação Final, parecer satisfatório ou média igual ou superior a 6,0 (seis), e obtiver frequência mínima de 75% (setenta e cinco por cento) do total de horas letivas. Ou seja, a Progressão Plena ocorre se o estudante obtiver pareceres satisfatórios ou atingir a nota mínima e frequência mínima. Portanto, a aprovação se dará, simultaneamente, por parecer ou nota, bem como por frequência. Deve-se registrar que não será permitida a reprovação do estudante por frequência em Legislação Educacional 40 componente curricular isolado, mas pelo total de frequência de todos os componentes curriculares do ano/fase ou módulo. II – por Progressão Parcial: A Progressão Parcial ocorre quando o estudante, após período de Recuperação Final, não obtiver aprovação em até 02 (dois) componentes curriculares do(a) ano/fase/módulo cursado(a). A Progressão Parcial será oferecida de acordo com as condições da escola, devendo-se cumprir os seguintes procedimentos: 1) A progressão parcial será admitida para estudante apenas com reprovação em no máximo 02 (dois) componentes curriculares nas escolas da Rede Estadual de Ensino, referentes a estudos do 3º, 5º, 6º, 7º e 8º anos do Ensino Fundamental; bem com na Educação de Jovens e Adultos (EJA) do Ensino Fundamental nas Fases II e III; nos 1º e 2º anos do Ensino Médio e na EJA do Ensino Médio, nos Módulos 1º e 2º; 2) No regime de Progressão Parcial, são oferecidas no mínimo 03 (três) novas oportunidades de recuperação das aprendizagens, que são planejadas pelo professor e deverão ser divulgadas com, no mínimo, 30 (trinta) dias de antecedência ao longo do ano letivo em curso; 3) Deve-se destacar que só poderá cursar o 1º ano do Ensino Médio ou 1º módulo da Educação de Jovens e Adultos do Ensino Médio (EJA Módulo) apenas o estudante aprovado em todos os componentes curriculares, de todos os anos e fases, do Ensino Fundamental; 4) O estudante, em regime de Progressão Parcial, deverá obter em cada componente curricular a nota mínima 6,0 (seis) para aprovação; 5) O estudante reprovado em até 2 (dois) componentes curriculares no 9º ano do Ensino Fundamental e na IV fase da EJA do Ensino Fundamental, bem como no 3º ano do Ensino Médio e no 3º módulo da EJA Ensino Médio, tem direito a exame especial de progressão parcial a realizar-se no final do ano letivo, conferindo-lhe, se aprovado, o prosseguimento dos estudos. Em caso de Legislação Educacional 41 reprovação, após o exame final, o estudante repetirá o ano/fase/módulo; 6) O estudante que não obtiver aprovação, ao repetir o ano/fase/módulo, não poderá ser reprovado no(s) componente(s) curricular(es) em que já obteve aprovação no(s) ano(s) letivo(s) anterior(es). III – por Comprovação de Competência em Exame Especial: É classificado no ano adequado o estudante que, impossibilitado de comprovar sua escolaridade por documentação, obtiver resultados satisfatórios em Exame Especial realizado até 02 (dois) meses após início do período letivo, através de uma banca examinadora especial, instituída para elaboração, aplicação e correção das provas sobre os conteúdos programáticos correspondentes aos componentes curriculares do ano, fase ou módulo, que antecede o ano, fase ou módulo que o estudante pretende matricular-se. A escola deverá informar ao estudante, com antecedência de no mínimo 30 (trinta) dias, sobre os conteúdos de ensino que constarão na avaliação a ser aplicada, bem como a data e hora de realização do exame. A nota para aprovação do estudante em Exame Especial deverá ser igual ou superior a 6,0 (seis) nas escolas da Rede Estadual de Ensino. Legislação Educacional 42 3.2 Processo de Reclassificação A reclassificação do estudante processar-se-á com base na Instrução Normativa nº 14/2008-SEDE- GENE-SE-PE, Art. 8º, e ocorrerá mediante as seguintes situações: I – o estudante que no início do ano letivo tiver nível de aproveitamento equivalente ou superior ao exigido para conclusão do ano em curso, comprovado através de exame especial; II – o estudante desistente que cumprir mais de 50% (cinquenta por cento) do programa de ensinodo último ano cursado, obtendo nota igual ou superior a 6,0 (seis) em todos os componentes curriculares e comprovar 75% (setenta e cinco por cento) de frequência mínima das horas letivas ministradas até a data de desistência; III – o estudante reprovado por frequência que obtiver índice de aproveitamento satisfatório definido por este Estabelecimento de Ensino em todos os componentes curriculares do ano cursado; IV – o estudante que apresentar interrupção de fluxo escolar em período igual ou superior a 01 (um) ano. A Reclassificação do estudante está condicionada à realização de exame, através de banca Legislação Educacional 43 examinadora especial, instituída pelo estabelecimento de ensino, composta por professores dos componentes curriculares que serão examinados, e à comprovação de resultados satisfatórios em todos os componentes curriculares, revelando competência para a conclusão do ano em curso ou anteriores a que o estudante requer matrícula, devendo ser observada a correlação idade/ano. Legislação Educacional 44 4.Elaboração Regimento Escolar O Regimento Escolar é um dos documentos mais nobres da escola, pois ele, juntamente com o Projeto Político-Pedagógico, norteia as ações legais e pedagógicas no ambiente escolar. A elaboração de um regimento deve ocorrer de forma coletiva e democrática, na qual devem participar todos os segmentos da comunidade escolar (professores, estudantes, pais, funcionários e direção). Entretanto, na produção textual do regimento, do projeto político-pedagógico e da proposta da EJA (se for o caso da escola funcionar com EJA) é recomendável que se estabeleça uma equipe de 2 ou 3 pessoas, no máximo, para redigir tais documentos. Para elaborar um regimento escolar, as escolas devem se orientar pela Instrução Normativa nº 02/2013 (DOE-PE de 25.05.2013), a qual vai dispor sobre os procedimentos para elaboração de Regimento Escolar e Emenda Regimental de todas as escolas integrantes do Sistema de Ensino do Estado. Esta etapa do nosso curso, neste ambiente virtual, tem o propósito bastante operacional, pois você vai perceber que a Instrução Normativa nº 02/2013 tem um texto que lembra, em certa medida, as Normas da ABNT, pelo cunho muito técnico de orientação na escrita do texto de um regimento escolar. Mas não se preocupe! Isso não quer dizer que não possamos superar esta demanda importante na vida da comunidade escolar. É pertinente lembrar que, diante da dificuldade, cabe manter a tranquilidade! Muitos diretores escolares já passaram pela inquietação de não saber exatamente o caminho para fazer a prestação de contas ou ficaram assustados por não compreenderem as etapas de preenchimento do EDUCACENSO ou do SIEPE, no entanto, superam essa etapa de desconhecimento. Com a elaboração do regimento escolar não é diferente. Estamos aqui para ajudar e orientar você. Como todo processo de escrita, o regimento sempre deixa, por vezes, quem vai redigi-lo com certa apreensão. É natural esta inquietação, pois o novo sempre assusta. E para superar qualquer Legislação Educacional 45 dificuldade, passaremos agora a dar dicas e orientações referentes à produção da escrita jurídica, por assim dizer, bem como a formatação do texto e os cuidados com a estética. Como dissemos no parágrafo anterior, o regimento requer um padrão de produção textual de cunho jurídico. Por isso a nossa intenção de deixar a todos bem orientados, em função da complexidade do processo como um todo. 4.1 Documentos que compõem o processo para aprovação de regimento A Equipe Gestora, para dar entrada em processo de aprovação de regimento escolar, deve instrui-lo com os seguintes documentos: 1) 2 vias de ofício direcionado ao Secretário de Educação; 2) 3 vias do Regimento Escolar; 3) 3 vias do Projeto Político-Pedagógico (PPP); 4) 3 vias da Proposta da Educação de Jovens e Adultos (EJA), se for o caso; 5) 3 vias da Proposta Pedagógica do Curso Normal em Nível Médio, se for o caso; 6) 3 vias da Proposta Pedagógica de Ensino Médio (regular). A orientação é apresentar, via de regra, 3 vias de cada documento, porém as Escolas de Referência em Ensino Médio (EREMs) e as Escolas Técnicas Estaduais (ETEs) devem apresentar 4 vias de cada documento. A razão de todas essas vias é a seguinte: quando o regimento é aprovado, é publicada portaria no Diário Oficial do Estado, a qual publiciza e homologa a aprovação do regimento. Ocorre que, com a provação do regimento, as vias são enviadas para os seguintes órgãos: 1) 1 via fica no arquivo da Gerência de Normatização do Sistema Educacional (GENSE); 2) 1 via segue para a Gerência Regional de Educação (GRE) na qual a escola está jurisdicionada; 3) 1 via segue para a escola solicitante ; 4) 1 via segue para a Gerência Geral do Programa de Educação Integral (GGPI) ou para a Gerência Geral de Educação Profissional (GGEDP). Legislação Educacional 46 Se a escola desejar, pode dar entrada em apenas 1 via de cada um dos documentos (Regimento, PPP, Proposta da EJA etc.). Esta sugestão de apresentar apenas 1 via de cada documento visa a diminuir os custos com papel, impressão e com a encadernação, tendo em vista que na primeira fase de análise de documentação é comum os documentos serem devolvidos para atender exigências diversas. Para melhor instruir o processo que solicita aprovação de regimento, sugerimos que você baixe os arquivos abaixo (download) e realize a leitura dos seguintes documentos: 1) Relação dos Documentos para instruir o processo; 2) Roteiro para Elaborar Regimento; 3) Roteiro para Elaborar PPP; 4) Orientação para elaboração da proposta da EJA; 5) Modelo de Ofício para solicitar visita prévia; 6) Modelo de Ofício solicitando aprovação de regimento. 7) Formulário de Autorização de Etapa e Modalidade de Ensino; 4.2 Orientações para redação de regimento escolar Passamos a orientar nesta etapa a produção textual para elaboração do Regimento Escolar: a) Regimento Substitutivo: quando se tratar de alteração em vários artigos do Regimento Escolar, este deverá ser reelaborado por completo, o que resultará num Regimento Substitutivo; b) Emenda Regimental: é indicada quando se pretende alterar poucos artigos do regimento, visando atualizar ou alterar o Regimento Escolar, no âmbito legal, administrativo e pedagógico, de acordo com a necessidade da Escola e sempre que a legislação educacional exigir; c) Acesso ao Regimento: no Título I, na parte “DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES”, deve constar dispositivo (texto) registrando que o regimento sempre estará acessível, dando cumprimento ao Legislação Educacional 47 disposto na Instrução CEE-PE nº 01/1997, de 11.12.1997 e a Lei de Acesso à Informação – LAI (Lei Federal nº 12.527, de 18.11.2011). Veja a sugestão de texto: “Parágrafo único. Uma cópia deste Regimento está sempre acessível na Biblioteca e na Secretaria Escolar do Estabelecimento de Ensino para consulta de qualquer membro da comunidade escolar, sejam estudantes, pais e/ou responsável legal, professores, funcionários administrativos e qualquer cidadão interessado.” d) Dados da Escola: na elaboração do Regimento, no Título II, Capítulo I, na parte “DA DENOMINAÇÃO, LOCALIZAÇÃO, FUNCIONAMENTO E MANTENEDOR”, deve conter: i) nome da escola; ii) cadastro
Compartilhar