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A transposição do rio São Francisco será dividida em dois eixos: Eixo Norte - com 400 km de extensão, levará água para os sertões de Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte, alimentando quatro rios, três sub-bacias do São Francisco (Brígida, Terra Nova e Pajeú) e mais dois açudes: Entre Montes e Chapéu. O ponto de captação de águas será próximo à cidade de Cabrobó (PE). Eixo Leste - percorrerá uma distância de aproximadamente 220 km, partindo da Barragem de Itaparica (PE) até alcançar o Rio Paraíba (PB), abastecendo o agreste desses dois estados. Com uma extensão de 2.800 km, o São Francisco é a bacia hidrográfica mais importante do nordeste brasileiro. Ao longo de décadas, já sofreu intervenções que prejudicam o seu equilíbrio natural e que são responsáveis pelo desmatamento de cerca de 96% de suas matas ciliares (localizadas nas margens do rio) e pela remoção de mais de 150 mil pessoas para a construção de hidrelétricas e barragens. Para a transposição do “Velho Chico” – como é chamado carinhosamente – se concretizar, muitas famílias rurais e aproximadamente de 33 tribos indígenas, sobretudo das etnias Truká e Pipipã precisarão deixar suas terras. Estima-se que cerca de 8 mil índios serão impactados diretamente. Além disso, há outros 44 impactos negativos listados pelo Relatório de Impacto Ambiental (RIMA), dentre eles: • Modificação da composição das comunidades biológicas aquáticas nativas das bacias receptoras; • Tensões e riscos sociais durante a fase de obras; • Ruptura de relações sociocomunitárias durante a fase de obras; • Pressão sobre a infraestrutura urbana; • Risco de interferência com o patrimônio cultural; • Perda e fragmentação de cerca de 430 hectares de áreas com vegetação nativa e de habitats de fauna terrestre; • Risco da introdução de espécies de peixes potencialmente daninhas ao homem nas bacias receptoras; • Interferência sobre a pesca nos açudes receptores; • Modificação do regime fluvial das drenagens receptoras. Alguns desses tópicos já estão sendo constatados e, ainda segundo o relatório, há risco de redução de biodiversidade e perda de aproximadamente 4 mil hectares de terras com potencial para a agricultura. Mais do que resolver a questão da seca no nordeste, a transposição do rio São Francisco gera dúvidas, riscos e perdas irreversíveis ao ecossistema e às comunidades tradicionais.
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