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Principios basicos no manejo de pastagens

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PRINCÍPIOS BÁSICOS DO MANEJO DAS 
PASTAGENS1 
 
 
Paulo César de Faccio Carvalho 
Zootecnista, Doutor em Produção Animal. 
Professor da Faculdade de Agronomia - UFRGS 
 
Independentemente do tipo de animal que utilizará a pastagem, 
os princípios básicos de manejo são os mesmos e valem para 
qualquer pastagem, em qualquer lugar do mundo. Esses princípios 
básicos giram em torno da administração de dois processos 
aparentemente conflitantes: as plantas necessitam de folhas para 
crescer, e os animais necessitam das folhas para se alimentarem. 
Como é impossível maximizar esses dois processos de forma 
simultânea, o sucesso no manejo de pastagens estará para aqueles 
que tenham sensibilidade de não fazer o pêndulo do manejo se 
deslocar numa única direção. 
O manejo que visa potencializar a produção de forragem se 
inicia na escolha de espécies forrageiras de boa qualidade, e se 
estende pela necessidade de se oferecer condições adequadas de 
crescimento a elas. A fertilização e o manejo da área foliar são os 
elementos centrais determinantes do crescimento da pastagem que 
mais podemos modificar através do manejo. 
Uma vez que se crie condições de obtenção de uma elevada 
produção de forragem, esta tem de ser colhida através do pastejo. 
O oferecimento da forragem através de uma quantidade que 
potencialize o consumo dos animais é essencial, pois a eficiência no 
colher a forragem produzida não significa, necessariamente, alta 
produção animal. Lotações excessivas são eficientes em colher 
forragem, mas produzem pastagens degradadas, cuja estrutura 
limita a ingestão de forragem e o desempenho dos animais. O 
manejo dos animais, destacando-se o controle da oferta de 
forragem e da altura da pastagem, é fundamental para se buscar 
acoplar o crescimento da pastagem à demanda dos animais. 
 
1 Carvalho, P. C. F. . Princípios básicos do manejo das pastagens. In: Octaviano Alves 
Pereira Neto. (Org.). Práticas em ovinocultura: ferramentas para o sucesso. 1 ed. Porto 
Alegre: Gráfica e Editora Solidus Ltda., 2004, v. 1, p. 9-14. 
Práticas em Ovinocultura – SENAR-RS 2
Assim como os animais, as plantas também têm suas 
exigências. Os insucessos no estabelecimento ou manejo de 
pastagens, invariavelmente, decorrem do não atendimento destas. 
Os erros comuns na condução de uma pastagem podem ser 
evitados atendendo-se os 10 mandamentos de uma boa pastagem. 
São eles: 
 
1) Não economize em sementes ou mudas. Use sementes e 
mudas de boa qualidade e em abundância. 
2) Entenda que as plantas precisam ser alimentadas para produzir. 
Se o solo não for suficientemente fértil (99,99% dos casos...), o 
que elas necessitam tem que ser provido via fertilização. 
Faça periodicamente uma análise de solo. Não caia no conto da 
planta rústica que vai bem em qualquer solo, ou de métodos de 
pastejo que “criam nutrientes”. 
3) Não coloque os animais na pastagem antes do tempo 
necessário ao seu pleno estabelecimento. O que você vê 
crescer acima do solo, também cresce abaixo dele. Espere as 
plantas dobrarem as folhas e cobrirem totalmente o solo. Em 
pastagens anuais de inverno, neste ponto algumas plantas já 
deverão entrar em estádio de pré-florescimento. Não se 
assuste, você não estará perdendo pasto. Ao contrário. Se a 
desculpa é que os animais estão precisando e você não pode 
esperar, você não está suficientemente bem organizado. 
4) Entenda que a capacidade de suporte de uma pastagem 
significa a quantidade de animais que podemos ter nela com os 
animais expressando o máximo de seu potencial. Pastagem 
não é garagem ou galpão, e lotação não remunera. Para bem 
focar o manejo da pastagem, ajuda em muito refletirmos sobre 
qual o produto que a remunera. O que você vende da 
pastagem? Este produto é que tem que ser priorizado no 
manejo. Animais jovens, normalmente, aumentam o rendimento 
da pastagem por terem melhor conversão alimentar e porque 
uma mesma área alimenta mais animais jovens que animais 
adultos. 
5) Não reclame que você não tem pasto. Toda e qualquer 
pastagem, em qualquer lugar do mundo, tem comportamento de 
crescimento errático e variável. Em determinados momentos do 
ano ela produz bastante e com qualidade, noutros é o inverso 
que acontece. O sucesso no manejo de pastagens é o resultado 
de como conseguimos nos adaptar, e nos moldar, a essas 
variações. Um exemplo muito simples disto é o direcionamento 
da estação reprodutiva dos animais visando concentrar parições 
primaveris. Há pastagens, em certos locais do mundo, que 
levam 1 ano para produzirem o mesmo que se produz num 
único dia no RS. Portanto, reflita antes de se julgar 
desafortunado. 
6) Saiba que as pastagens necessitam de folhas para crescer. 
São elas que interceptam a radiação solar e a transformam em 
crescimento. Se faltarem folhas na pastagem haverá 
crescimento aquém de seu potencial. Sempre que houver 
eliminação demasiada de folhas, o crescimento será 
prejudicado. 
7) Não ignore ou subestime sua pastagem nativa. As pastagens 
nativas, quando fertilizadas e bem manejadas, produzem tão 
bem quanto as melhores pastagens cultivadas. Se você acredita 
que esta afirmação não se aplica à sua, pense há quanto tempo 
ela não vem sendo bem tratada. Invista nela porque as espécies 
que ela contém certamente são as espécies mais adaptadas a 
sua região. 
8) Permita aos animais consumirem o que eles mais gostam. O 
que define o desempenho de um animal em pastejo é a 
abundância de folhas que ele encontra para se alimentar. As 
folhas são as partes mais nutritivas e preferidas pelo animal. 
O manejo deve priorizar o fácil e abundante encontro do animal 
com elas. Manejar bem uma pastagem significa permitir os 
animais fazerem o que eles melhor aprenderam ao longo da 
seleção evolutiva, ou seja, exercerem seletividade no pastejo. 
Não confunda, como ocorre com muitos técnicos, pastejo 
seletivo com pastejo excessivo sobre espécies preferidas. 
9) Conheça e respeite o zoneamento agroclimático para 
forrageiras, bem como as épocas de plantio. Por exemplo, 
pastagens perenes de verão têm poucas chances de sucesso 
nos Campos de Cima da Serra. Não existe espécie milagrosa 
que se adapte a todas as condições. 
10) O entendimento da relação entre taxa de lotação e o 
desempenho dos animais é primordial no manejo das pastagens 
(FIGURA 1). 
 
Figura 1. Relação entre taxa de lotação e desempenho de cordeiros 
em pastagens. Taxas de lotação referentes a pastagens altamente 
produtivas (Reproduzido de HODGSON, 1990). 
Em lotações muito baixas a pastagem não é bem aproveitada e 
perde qualidade, embora o desempenho individual dos animais seja 
elevado. Em lotações excessivas a pastagem parece ser melhor 
aproveitada, mas é menos produtiva porque as folhas são contínua 
e excessivamente consumidas. Em outras palavras, em lotações 
baixas há alto consumo de pasto por cabeça, mas pouco consumo 
de pasto por hectare. Em lotações altas ocorre o contrário, o 
consumo por hectare é alto, mas o consumo por animal é baixo. 
Portanto, o segredo é encontrar uma lotação moderada tal que 
signifique razoável consumo de pasto por animal e por hectare. Não 
há como ter as duas coisas ao mesmo tempo. O erro mais comum é 
o excesso de lotação por medo de perder pasto. Senescência é um 
processo natural das pastagens e não algo a ser interpretado como 
perda ou algo a ser combatido. 
Práticas em Ovinocultura – SENAR-RS 4
Para saber se a pastagem está sendo bem conduzida, eis aqui 
alguns indicadores práticos: 
• Pastagem folhosa e abundante. 
• Pouco ou nenhum solo descoberto. 
• Pouca ou nenhuma espécie indesejável. 
• Folhas com coloração verde intensa. 
• Raízes profundas, abundantes e vigorosas. 
• Os animais passam pouco tempo pastejando e bastante tempo 
ruminando ou em outras atividades. Mais do que 8 horas de 
pastejo por dia, em geral, significa insuficiência de alimento. 
• Os animais pastejam ao início da manhã e ao final da tarde. 
Quando houver ciclosde pastejo ao meio-dia ou à noite, é um 
indicativo de falta de alimento. 
• Os animais têm elevada condição corporal e apresentam 
desempenho próximo de seu potencial. 
 
GLOSSÁRIO 
Altura da pastagem: corresponde à altura média das folhas na 
pastagem. 
Forrageira: planta que serve para a alimentação dos animais. 
Mantilho: material morto que fica acima do solo. 
Lotação: número de animais por unidade de área. 
Massa de forragem: quantidade de pasto encontrada num dado 
momento na pastagem. 
Matéria seca: quantidade de pasto desprovido de seu teor em água. 
Matéria verde seca: quantidade de pasto desprovido de seu teor em 
água e de todo e qualquer material senescente. 
Oferta de forragem: quantidade de forragem disponível por dia para 
o animal. 
Senescência: processo de morte dos tecidos das plantas. 
Práticas em Ovinocultura – SENAR-RS 6
Taxa de acúmulo: quantificação do crescimento diário da pastagem. 
 
PARA SABER MAIS 
 
CARVALHO, P. C. F. Relações entre a estrutura da pastagem e 
o comportamento ingestivo de ruminantes em pastejo. In: JOBIM, C. 
C. et al. (Eds.). SIMPÓSIO SOBRE AVALIAÇÃO DE PASTAGENS 
COM ANIMAIS, 1, Maringá-PR. Anais...1997. p. 25-52. 
CARVALHO, P.C.F. Pastagens cultivadas para caprinos e 
ovinos. In: SALES, R. de O. (Org.). Pecnordeste 2002: compromisso 
com o desenvolvimento sustentável. VI. ed. Fortaleza, 2002, v. 1, p. 
22-43. 
CARVALHO, P.C.F.; POLI, C. H E C; HERINGER, I. et al. 
Normas racionais de manejo de pastagens para ovinos em sistema 
exclusivo e integrado com bovinos. In: SIQUEIRA, E. R. (Org.). 
Anais do VI Simpósio Paulista de Ovinocultura. 6. ed. Botucatu, 
2002, v. 1, p. 21-50. 
HODGSON, J. Grazing management: science into practice. 
Longman Handbooks in Agriculture. 203p. 1990. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANEJANDO PASTAGENS PARA OVINOS2 
 
Paulo César de Faccio Carvalho3 
Zootecnista, Doutor em Produção Animal. 
Professor da Faculdade de Agronomia - UFRGS 
 
A máxima do manejo de pastagens para ovinos é a de que 
“ovelha gosta de pasto baixo”. Esta frase, tão repetida, é fruto da 
correta observação, porém simplista, dos peões, técnicos e 
produtores de que as ovelhas, freqüentemente, se encontram nos 
locais onde o pasto é baixo. Elas raramente, pastejam os pastos 
altos. Observação correta, mas expressão equivocada. Confunde-
se aquilo que é alto com aquilo que é grosseiro, de pior qualidade. 
A rejeição dos animais que é observada não se dá pela altura, e sim 
pelo teor de fibra. Este aparentemente inofensivo erro de 
interpretação tem enormes conseqüências negativas sobre a cadeia 
produtiva ovina e tem pautado ações de manejo que acarretam 
superpastejo pelo excesso de lotação e baixa produção de forragem 
pela excessiva remoção de área foliar. A conseqüência são índices 
zootécnicos muito aquém do potencial e pastagens degradadas. 
Tudo isto por se acreditar que os ovinos “gostem” de pasto baixo. 
Vejamos o quão perigoso pode ser este conceito. 
A altura, de forma geral, é indicadora da quantidade de massa 
de forragem presente. Quanto mais alto for o pasto, maior a 
quantidade de alimento disponível ao animal (FIGURA 1). 
 
2 O autor agradece o auxílio da Cabanha Cerro Coroado, sem o qual não 
seria possível a execução deste trabalho. 
3 Carvalho, P. C. F. . Manejando pastagens para ovinos. In: Octaviano Alves Pereira 
Neto. (Org.). Práticas em ovinocultura: ferramentas para o sucesso. 1 ed. Porto Alegre: 
Gráfica e Editora Solidus Ltda, 2004, v. 1, p. 15-26. 
1500
2800
4100
5450
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
10 20 30 40
Altura da pastagem (cm)
M
as
sa
 d
e 
fo
rr
ag
em
 (k
g/
ha
)
 
Figura 1. Massas de forragem encontradas em diferentes alturas 
de manejo de uma pastagem de aveia + azevém (CASSOL et al., 
2003, média de dois anos). Quanto maior a altura de manejo, maior 
a quantidade de forragem. 
Como pode ser observado na FIGURA 1, muito cuidado 
devemos tomar quando nos referimos a uma pastagem tentando 
classificá-la como alta ou baixa. Cada 1,0 cm a mais de altura numa 
pastagem consorciada de aveia + azevém, no exemplo acima, 
representa, aproximadamente, 130 kg de MS/ha. Esta quantidade 
de forragem, de um simples centímetro, pode alimentar um cordeiro 
a mais por hectare durante todo o ciclo da pastagem. 
A altura de manejo não afeta somente a quantidade de alimento 
existente na pastagem, num dado momento, mas também a 
quantidade de alimento que é produzida diariamente na pastagem. 
Na FIGURA 2 pode-se verificar, através das fotos do perfil de uma 
pastagem de azevém, as massas de forragem decorrentes de um 
manejo com 5, 10, 15 ou 20 cm de altura e as respectivas taxas de 
acúmulo observadas nessas pastagens. 
 
Práticas em Ovinocultura – SENAR-RS 8
 
Figura 2. Taxas de acúmulo (kg de matéria seca/ ha/ dia) em 
pastagens de azevém manejadas com cordeiros nas alturas de 5, 
10, 15 e 20 cm (PONTES et al., 2001). Pastagens muito baixas ou 
muito altas produzem menos. 
Observe que pastagens muito baixas produzem menos, isto 
porque há poucas folhas para interceptarem radiação solar e fazer 
crescimento. Já em pastagens demasiadamente altas, atinge-se o 
máximo de interceptação e o excessivo envelhecimento consome 
energia da planta, o que faz cair a produção. 
A conseqüência das diferentes formas de condução da 
pastagem sobre o desempenho dos cordeiros pode ser atestada 
nas FIGURAS 3 e 4. 
113
219 221
236
0
50
100
150
200
250
300
5 10 15 20
Altura da pastagem (cm)
G
an
ho
 d
e 
pe
so
 d
e 
co
rd
ei
ro
s 
(g
/d
ia
)
 
Figura 3. Desempenho de cordeiros (g/dia) em pastagens de 
azevém manejadas nas alturas de 5, 10, 15 e 20 cm (CARVALHO 
et al., 2001a). Alturas de manejo abaixo de 10 cm em azevém 
restringem o consumo de forragem e o desempenho de cordeiros. 
240
662
480 461
0
100
200
300
400
500
600
700
800
5 10 15 20
Altura da pastagem (cm)
G
an
ho
 d
e 
pe
so
 v
iv
o 
(k
g/
ha
)
 
Figura 4. Desempenho de cordeiros (kg/ha) em pastagens de 
azevém manejadas nas alturas de 5, 10, 15 e 20 cm (CARVALHO 
et al., 2001a). O ganho por hectare é produto de bom ganho 
individual multiplicado pelo nº de animais na área. 
Práticas em Ovinocultura – SENAR-RS 10 
Nas pastagens excessivamente baixas a lotação é alta, mas o 
ganho de peso é baixo porque não existe alimento suficiente para 
todos. Nas pastagens manejadas acima de 15 cm a quantidade de 
alimento disponível por animal é maior que o necessário, e o 
desempenho não melhora a partir desse ponto. Pastagens 
manejadas a 10 cm permitem bom ganho de peso individual em 
lotações razoavelmente altas para proverem um bom rendimento 
por hectare. Notem a enorme diferença de rendimento da pastagem 
com poucos centímetros acima ou abaixo de seu ponto ótimo de 
manejo. Isto deve nos fazer refletir sobre o que consideramos como 
uma pastagem alta ou baixa, pois apenas 5 cm de altura a mais 
fazem mais que dobrar o rendimento da pastagem. 
Outro componente a ser considerado quando nos reportamos a 
altura de manejo de uma pastagem diz respeito às temíveis 
verminoses. A FIGURA 5 demonstra que o pastejo baixo acarreta 
numa maior ingestão de larvas e, conseqüentemente, numa maior 
infestação dos animais (VLASSOF, 1982). 
 
 
Figura 5. Distribuição vertical de larvas infectantes no perfil da 
pastagem (VLASSOF, 1982). Ovinos que pastejam em estratos 
inferiores das pastagens, próximos ao solo, terão probabilidade de 
terem maior ingestão de larvas. 
Grande parte das larvas está concentrada nos primeiros 
centímetros acima do solo por razões associadas ao microclima 
local. Pastagens excessivamente baixas aumentam a proporção de 
larvas expostas a condições climáticas adversas. Embora isto 
acarrete alta mortalidade de larvas, o potencial de infestação ainda 
é extremamente elevado na medida em que o número de ovos 
depositados é sempre impressionante (GUMBRELL, 1986). 
Além dos fatores que vêm sendo mencionados, a alturade 
manejo afeta também a proporção de solo descoberto e a 
proporção de invasoras na pastagem. Em pastagens 
excessivamente baixas a cobertura do solo diminui e há aumento de 
plantas invasoras na medida em que a pastagem se enfraquece 
pela desfolha contínua e intensa. 
O produto final, que é levado à mesa do consumidor, também é 
afetado pelas alturas de manejo (FIGURA 6). 
1368
1813
1947
1811
0
500
1000
1500
2000
2500
5 10 15 20
Altura da pastagem (cm)
Pe
so
 d
a 
co
st
el
a 
(g
ra
m
as
)
 
Figura 6. Peso da costela de cordeiros (gramas) em pastagens 
de azevém manejadas nas alturas de 5, 10, 15 e 20 cm (OLIVEIRA 
et al., 2001a). O impacto das alturas de manejo sobre o ganho de 
peso se refletem na carcaça dos animais. 
O exemplo acima ilustra o efeito das alturas de manejo sobre o 
peso da costela. O mesmo tipo de resposta é observado para os 
pesos do carré, filé mignon, pernil e paleta, ou seja, os melhores 
rendimentos se encontram nas altura intermediárias. O próprio 
rendimento das carcaças apresenta a mesma resposta às alturas de 
manejo, sendo melhores para as pastagens manejadas entre 10 e 
15 cm de altura (FIGURA 7). 
Práticas em Ovinocultura – SENAR-RS 12 
42,76
43,82
44,28
42,97
42
42,5
43
43,5
44
44,5
5 10 15 20
Altura da pastagem (cm)
Re
nd
im
en
to
 d
e 
ca
rc
aç
a 
(%
)
 
Figura 7. Rendimento da carcaça quente de cordeiros (%) em 
pastagens de azevém manejadas nas alturas de 5, 10, 15 e 20 cm 
(OLIVEIRA et al., 2001b). O impacto das alturas de manejo sobre o 
ganho de peso se refletem na carcaça dos animais. 
Quando se classificam as carcaças usando-se o Sistema 
Nacional de Classificação de Carcaças Ovinas, pastagens 
manejadas a 20 cm se destacam por produzirem a maior 
quantidade de carcaças tipo B, que são as melhores. Carcaças de 
baixa qualidade, tipo I, só são observadas em pastagens manejadas 
a 5 cm (FIGURA 8). 
5 cm20 cm
 
Figura 8. Carcaças de cordeiros em pastagens de azevém 
manejadas nas alturas de 5, 10, 15 e 20 cm (OLIVEIRA et al., 
2001a). Na foto, as duas carcaças da esquerda são de pastagens 
manejadas a 20 cm. As outras são de pastagens manejadas a 5 cm. 
As diferenças se produzem em apenas três meses de pastejo. 
As relações entre altura de manejo da pastagem e o rendimento 
animal foram ilustradas por resultados obtidos em azevém. Pode-se 
concluir que a melhor condução de manejo para uma pastagem de 
azevém seja através de uma lotação tal que a mantenha entre 10 e 
15 cm de altura. Poucos centímetros a mais, ou a menos, 
influenciam fortemente o rendimento da pastagem. Portanto, muito 
cuidado com a afirmação de que ovelha gosta de pasto baixo 
(FIGURA 9). 
 
Figura 9. Cordeiro pastejando numa “floresta de forragem”. 
Revendo paradigma sobre altura de pastagem para ovinos. 
O mesmo tipo de resposta se observa com todo e qualquer tipo 
de pastagem. Obviamente, as alturas ótimas de manejo não são as 
mesmas para as diferentes espécies forrageiras, mas é importante 
frisar que tudo acontece da mesma forma. Por exemplo, milheto 
pastejado por cordeiros a 10, 20, 30 e 40 cm acarretam em ganhos 
de peso da ordem de 67, 107, 116 e 121 g/dia, respectivamente. O 
impressionante, no entanto, é o efeito das alturas de manejo sobre 
a produção de matéria seca da pastagem e, consequentemente, 
sobre a lotação e o ganho por hectare (TABELA 1). 
Tabela 1. Rendimento de uma pastagem de milheto conduzida em 
diferentes alturas (CASTRO, 2002). 
Alturas de 
manejo 
Produção de 
forragem 
Lotação 
(cordeiros/ha) 
Ganho de peso 
(kg/ha) 
Práticas em Ovinocultura – SENAR-RS 14 
(cm) (t/ha) 
10 10,3 49 443 
20 19,2 75 763 
30 18,8 83 859 
40 20,6 70 801 
 
Uma mesma pastagem de milheto, com o mesmo nível de 
adubação, pode produzir duas vezes mais apenas se modificando o 
manejo da altura! Notem o poder que o manejo priorizando a área 
foliar tem sobre o crescimento da pastagem. No caso de encontrar 
dificuldades em manter pastagens do tipo do milheto na altura 
indicada (30 cm), o uso de pastejo misto deve ser considerado com 
uma alternativa de manejo bastante recomendada (vide capítulos 
posteriores). 
1 REFERÊNCIAS GERAIS DE MANEJO 
amental para se corrigir e adequar o manejo a 
nos
al, hora para 
max A 2). 
. Referênc e manejo
Forrageiras Categoria 
Animal 
e 
jo 
(cm) 
 
de 
No intuito de prover elementos práticos de manejo, 
apresentamos algumas referências gerais que devem auxiliar no 
manejo das pastagens com ovinos. Algumas proposições não foram 
suficientemente estudadas e devem ser tomadas como indicadoras 
de manejo. A palavra final é do animal, e o controle de suas funções 
produtivas é fund
sos objetivos. 
As recomendações são baseadas, dependendo da categoria 
animal, hora para maximizar o desempenho anim
imizar o desempenho da pastagem (TABEL
 
Tabela 2 ias gerais d de pastagen
Altura d
mane
s 
Massa de
forragem 
(kg 
MS/ha) 
Práticas em Ovinocultura – SENAR-RS 16 
Pastagens de 
inverno 
em 10-15 1600-2000 Animais 
crescimento 
Ovelhas secas ou 
nos 2/3 iniciais da 
10 1400-1600 
gestação 
Ovelhas no 1/3 
final de gestação e 
15-20 2000-2400 
lactação 
Pastagens de verão 
de porte 
decumbente -
prostrado 
em 15-20 2500-3000 Animais 
crescimento 
Ovelhas secas ou 
nos 2/3 iniciais da 
10-15 2000-2500 
gestação 
Ovelhas no 1/3 
final de gestação e 
20-25 3000-3500 
lactação 
Pastagens de verão 
de porte cespitoso 
em 25 – 30 3500-4000 Animais 
crescimento 
Ovelhas secas ou 
nos 2/3 iniciais da 
20 – 25 3000-3500 
gestação 
Ovelhas no 1/3 
final da gestação e 
lactação 
30 – 35 4000-4500 
 
Obviamente que existem diferenças entre espécies dentro de 
uma mesma classificação, assim como dentro de uma mesma 
espécie haverá pastagens que serão diferentes mesmo que 
conduzidas numa mesma altura por força de diferenças de 
fertilização, estádio fenológico, etc. Portanto, reiteramos que são 
números indicadores que deverão ser aferidos por meio da 
observação contínua da performance dos animais e das pastagens. 
2 ESPÉCIES RECOMENDADAS 
As gramíneas cultivadas tropicais mais freqüentemente 
recomendadas são as dos gêneros Cynodon, Digitaria e Panicum,. 
No gênero Cynodon destacam-se o Coast cross, as estrelas e o 
Tifton 85. Pangola e Transvala têm sido as mais utilizadas no 
gênero Digitaria. O gênero Panicum é representado por iniciativas 
com o Aruana, particularmente em São Paulo, mas ainda de uso 
pouco expressivo. O Tanzânia é um outro Panicum maximum que 
pode vir a ser uma opção interessante, porém, gramíneas eretas e 
de alto potencial de crescimento são de difícil manejo. Pennisetum 
americanum, o milheto, é bastante utilizado no sul, mas é de difícil 
controle pela mesma razão do Panicum. Espécies estoloníferas 
e/ou rizomatosas, ao conterem estas estruturas, têm vantagem em 
suportar desfolhas intensas causadas por situações de mau 
manejo, freqüentes de se encontrar. Gramíneas do gênero 
Paspalum também têm sido usadas em alguns sistemas de 
produção, destacando-se a Pensacola. Cenchrus ciliaris (capim 
búfel), Urochloa mosambicensis (capim corrente) e o Andropogon 
gayanus (andropogon) são gramíneas recomendadas para a região 
do semi-árido nordestino. Brachiaria decumbens apresenta o 
problema do desenvolvimento do fungo saprófito que causa 
fotossensibilização. A Brachiaria humidicola seria uma opção para 
quem não exija qualidade. O kikuyo (Pennisetum clandestinum) e o 
capim de Rhodes (Chloris gayana) também são espécies 
recomendadas para pequenos ruminantes. 
 A Cunhã (Clitória Ternatea L.) e a erva-de-ovelha (Stylosanthes 
humilis) têm sido reportadas como as melhores opções de 
leguminosas para o nordeste brasileiro com vistas à melhoria do 
estrato herbáceo, enquanto o estrato lenhoso poderia ser 
melhorado com a introdução não somente da Leucena, mas 
também do sabiá (Mimosa caesalpinifolia), o mororó (Bauhinia 
cheilantha), a algaroba (Prosopis judiflora) e o carquejo (Caliandra 
depauperata). O Stylosanthes guyanensisseria recomendado 
particularmente para ovinos deslanados. O amendoim forrageiro 
(Arachis pintoi) parece ser uma alternativa bastante promissora para 
sistemas de produção ovina no RS. Sua morfologia é toda 
direcionada ao suporte de pastejo intenso. É agressiva e de alta 
qualidade, sendo conhecida como trevo branco dos trópicos. A 
variedade Alqueire foi desenvolvida especificamente para tolerância 
ao frio e geadas do inverno sulino. 
Práticas em Ovinocultura – SENAR-RS 18 
Dentre as espécies de inverno mais comumente utilizadas no 
RS com ovinos estão o azevém anual (Lolium multiflorum) e a aveia 
preta (Avena strigosa). São espécies anuais, de excelente valor 
forrageiro. Muitas vezes são semeadas conjuntamente visando um 
período maior de utilização da pastagem, na medida em que a aveia 
é mais precoce, e o ciclo do azevém se estende até novembro. 
Dentre as leguminosas, destacam-se o trevo branco (Trifolium 
repens) e o cornichão (Lotus corniculatus). Também são espécies 
de alto valor forrageiro e altamente indicadas. O cornichão 
apresenta mais problemas para manejo com ovinos, pois expõe 
muito os seus pontos de crescimento, sendo sensível a pastejo 
intenso. Já o trevo branco tem sua morfologia completamente 
adaptada ao pastejo. O trevo vermelho (Trifolium pratense) e o 
vesiculoso (Trifolium vesiculosum) também são opções 
consagradas. 
 
PARA SABER MAIS 
 
CANTO, M. W.; MOOJEN, E. L.; CARVALHO, P.C.F. et al.. 
Produção de cordeiros em pastagem de azevém e trevo branco sob 
diferentes níveis de resíduos de forragem. Pesquisa Agropecuária 
Brasileira, Brasilia, v. 34, n. 2, p. 309-316, 1999. 
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Anais da Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia 
Piracicaba-SP. FEALQ, 2001. v. 38, p. 265-266. 
CARVALHO, P.C.F.; PONTES, L. S.; SILVEIRA, E. O. et al. 
Sheep performance in Italian ryegrass swards at contrasting sward 
heights. Proceedings of the XIX International Grassland Congress. 
Piracicaba: FEALQ, 2001a. p. 845-846. 
CARVALHO, P.C.F.; SILVEIRA, E. O. ; PONTES, L. S.. et al. 
The effect of sward surface height on sheep grazing activities. . 
Proceedings of the XIX International Grassland Congress. 
Piracicaba: FEALQ, 2001b. p.299-300. 
CASSOL, L. C.; CARVALHO, P. C. F.; ANGHINONI, I. et al. 
Beef cattle production in oat+ryegrass pastures managed at different 
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Production. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2003. v. 1. 
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Produção de cordeiros em pastagem de azevém (Lolium 
multiflorum) submetida a doses de nitrogênio. 2. Produção animal. 
Anais da Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia. 
Piracaba-SP: Infovia, 2002. p. 1-5. 
FREITAS, T. M. S. ; CARVALHO, P.C.F.; NABINGER, C. et al. 
Produção de cordeiros em pastagem de azevém (Lolium 
multiflorum) submetida a doses de nitrogênio. 1. características da 
pastagem. Anais da Reunião Anual da Sociedade Brasileira de 
Zootecnia. Piracicaba-SP:Infovia, 2003. p. 1-3. 
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CARVALHO, P. C. F. et al. Efeito da disponibilidade do pasto e da 
raça sobre características de carcaça e da carne de cordeiros. In: 
Anais da Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia, 
2002, Recife-PE. 
OLIVEIRA, J. O. R.; CARVALHO, P. C. F.; PONTES, L. S. et al. 
Características da carcaça de cordeiros em pastagens de azevém 
(Lolium multiflorum Lam) manejadas em diferentes alturas. In: Anais 
da Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia Piracicaba. 
FEALQ, 2001a. v. 38, p. 185-186. 
OLIVEIRA, J. O. R.; CARVALHO, P.C.F.; SILVEIRA, E. O. et al. 
Tipificação da carcaça de cordeiros pastejando azevém (Lolium 
multiflorum Lam) manejado em diferentes alturas. Anais da XXXVIII 
Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia. Piracicaba-
SP: FEALQ, 2001b. v. 38, p. 225-227. 
PONTES, L. S.; CARVALHO, P.C.F.; SILVEIRA, E. O. et al. 
Eficiência de utilização de azevém (Lolium multiflorum Lam) 
manejado a diferentes alturas. In: Anais da Reunião Anual da 
Sociedade Brasileira de Zootecnia, Piracicaba-SP. FEALQ, 2001. v. 
38, p. 263-264. 
 
 
 
Práticas em Ovinocultura – SENAR-RS 20 
 
 
EXIGÊNCIAS DE FORRAGEM DISPONÍVEL 
PARA OVINOS EM PASTAGENS 4 
 
Paulo César de Faccio Carvalho5 
Zootecnista, Doutor em Produção Animal. 
Professor da Faculdade de Agronomia - UFRGS 
 
No capítulo anterior demonstramos como o manejo através da 
altura da pastagem tem impacto sobre a produção ovina. Trata-se 
de uma ferramenta de manejo muito potente e de simples aplicação 
prática. Ela funciona muito bem pela simples e robusta relação entre 
altura da pastagem e quantidade de alimento disponível. A partir 
deste capítulo, para aqueles que queiram trabalhar numa sintonia 
ainda mais fina de manejo, utilizando vários conceitos, discutiremos 
os requerimentos específicos de diferentes categorias, utilizando-
nos do conceito de oferta de forragem. 
Oferta de forragem é um parâmetro central no manejo alimentar 
de qualquer animal em pastejo e indica a oportunidade de consumo 
de forragem que o indivíduo tem, ou seja, a quantidade de pasto de 
que o animal dispõe. Ela é o principal determinante do desempenho 
produtivo e do rendimento animal. A exemplo de sistemas 
confinados, onde se determina a quantidade e a qualidade do 
alimento para o animal através de cálculo em relação a suas 
necessidades, o mesmo tem que ser feito com relação à pastagem. 
As situações que descreveremos correspondem a relações de 
oferta/demanda para ovelhas de 50 kg de peso vivo em pastagens 
cuja concentração energética seja de pelo menos 10,5 MJ de 
energia metabolizável (EM) por kg de matéria seca (alta qualidade). 
1 EXIGÊNCIAS DE OVELHAS EM PASTEJO 
 
3 O autor agradece o auxílio da Cabanha Cerro Coroado, sem o qual não 
seria possível a execução deste trabalho. 
5 Carvalho, P. C. F. Exigências de forragem disponível para ovinos em pastagens. In: 
Octaviano Alves Pereira Neto. (Org.). Práticas em ovinocultura: ferramentas para o 
sucesso. Porto Alegre: Gráfica e Editora Solidus Ltda., 2004, v. 1, p. 29-38. 
O ganho de peso das ovelhas aumenta com o aumento da 
oferta de forragem, porém, a magnitude deste aumento depende do 
peso da ovelha e de sua condição corporal. Em ofertas de forragem 
menores, ovelhas leves ganham mais, ou perdem menos peso que 
ovelhas mais pesadas ou de maior condição corporal. Isto é 
resultado do maior valor energético do ganho em ovelhas de maior 
condição corporal (deposição de gordura) e da maior exigência de 
manutenção para as ovelhas mais pesadas. 
Ovelhas secas, com condição corporal média e com peso de 50 
kg, ingerem para sua manutenção algo em torno de 1 kg de MS/dia. 
Esta ovelha, parindo um cordeiro ao longo do ano, necessitará de 
580 kg de MS para cumprir suas funções produtivas. O uso prático 
desta informação, por exemplo, pode ser ilustrado para um campo 
nativo que produza 2.000 kg de MS/ha/ano. Um campo desses 
pode suportar não mais que 3,5 ovelhas/ha. 
A preparação de um novo ciclo produtivo se inicia com o manejo 
pré-encarneiramento. Os ganhos de peso e a taxa de ovulação 
aumentam com a oferta de forragem e a massa de forragem 
presente no potreiro (FIGURA 1). Altas ofertas de forragem não são 
suficientes quando oferecidas em situações de pastagens rapadas. 
 
Figura 1. Efeito de ofertas (1 a 5 kg de MS verde/ovelha/dia) e 
massas de forragem (500 a 2.500 kg de MS verde/ha) para ovelhas 
no ganho de peso, consumo, taxas de ovulação e de desmame 
(RATTRAY et al., 1987). 
 
Práticas em Ovinocultura – SENAR-RS 22 
Ovelhas que, no momento do encarneiramento, estejam 
ganhando peso, aumentam a taxa de ovulação e a conseqüência é 
um maior número de cordeiros desmamados por ovelha. Observa-
se na FIGURA 1 a necessidade de, aproximadamente, 4 kg de 
matéria verdeseca/ovelha/dia neste período, e que a pastagem 
tenha uma massa de forragem verde elevada para permitir que a 
ovelha possa colher aquilo que lhe é colocado em oferta. Pastagens 
rapadas com pouca massa (baixa altura) limitam a ingestão mesmo 
em altas ofertas. 
 Os 2/3 iniciais do período da gestação são caracterizados por 
um período de baixa exigência, onde o crescimento do feto é 
desprezível (em massa), e onde o consumo se situa na faixa de 1 
kg de MS/ovelha/dia. Ofertas de forragem da ordem de 1,3 kg de 
MS/ovelha/dia podem ser suficientes para que as ovelhas atinjam 
este nível de ingestão. Uma ovelha nesta fase pode perder até 5% 
do seu peso vivo, sem representar prejuízo ao peso do cordeiro ao 
nascer. 
O 1/3 final da gestação se caracteriza por um aumento da 
exigência da ovelha. Os ganhos de peso (ovelha+feto) não 
aumentam em ofertas de forragem superiores a 4 kg de 
MS/ovelha/dia. Massas de forragem abaixo de 1.000 kg de MS/ha 
limitam o ganho de peso nesta fase. BEATTIE e THOMPSON 
(1989) recomendam ofertas de forragem da ordem de 1,4 e 2,3 kg 
de matéria verde seca/dia, respectivamente para gestação simples 
e dupla, com níveis de consumo pretendidos de 1,13 e 1,8 kg de 
matéria verde seca/dia. 
O peso do cordeiro ao nascer é determinado durante o 1/3 final 
da gestação e é este peso que é de extrema importância na maior 
ou menor ocorrência de mortalidade perinatal dos cordeiros. O 
aumento do peso ao nascer de 3,0 para 3,5 kg aumenta as chances 
de sobrevivência do cordeiro em aproximadamente 20%. 
2 EXIGÊNCIAS DE CORDEIROS AO PÉ DA MÃE 
Com a parição da ovelha inicia-se o grande desafio da produção 
de cordeiros. Trata-se de um período da mais alta exigência, onde a 
ingestão de forragem da ovelha é 2,5 vezes maior que o necessário 
para a manutenção. O objetivo deve ser maximizar todo o processo, 
permitindo que os cordeiros expressem o máximo ganho de peso. 
A primeira fase é aquela na qual o desempenho do cordeiro é 
diretamente dependente do leite fornecido pela mãe e estende-se 
até aproximadamente seis semanas pós-parto. Nessa fase, ganhos 
de peso entre 300 e 350 g/dia são plenamente possíveis de serem 
atingidos e atestam o incomparável potencial que os cordeiros têm 
de ganhar peso, com índices de conversão de alimento 
comparáveis aos melhores sistemas de produção com 
monogástricos. A relação entre oferta de forragem e produção de 
leite é a mesma de outras funções produtivas (FIGURA 2). 
 
 
Figura 2. Relação entre oferta de forragem e produção de leite 
em ovelhas de parto duplo, com (�) ou sem ( ) perda de peso 
durante a gestação (GEENTY e SYKES, 1986). 
 
Cada 6-7 litros de leite ingeridos são convertidos em 1 kg de 
ganho de peso. A ingestão de forragem dos cordeiros, então, 
começa a aumentar e a participação do leite no ganho de peso 
diminui de importância, particularmente quando os cordeiros 
atingem 12 semanas de vida. Ganhos de peso nessa fase, em 
geral, diminuem, atingindo 200 a 250 g/dia. No entanto, embora a 
contribuição do leite seja pequena em termos absolutos, em termos 
Práticas em Ovinocultura – SENAR-RS 24 
relativos ainda é muito importante. Em cordeiros de 25 kg o leite 
ainda é responsável por 25% da energia ingerida. Além disto, 
cordeiros nesta fase ao pé da mãe têm baixa exigência energética 
para manutenção e alta exigência em aminoácidos, pois a 
composição do ganho de peso é basicamente derivada da 
deposição de proteína. O leite tem alta relação aminoácido/energia 
metabolizável e a sua alta densidade e acessibilidade pelo cordeiro 
asseguram o atendimento dos requerimentos e a manutenção de 
altas taxas de ganho. A privação desta importantíssima fonte de 
nutrientes, como por exemplo, em desmames antecipados, é mais 
do que um simples desafio nutricional para aquele que deve, então, 
substituí-lo por uma outra fonte alimentar. 
Ofertas de forragem da ordem de 5-8 kg de MS/ovelha/dia são 
necessários para a ovelha e seu cordeiro enquanto permanecerem 
juntos. Logicamente, há uma variação nas exigências nessa fase, 
onde as exigências da ovelha diminuem e as do cordeiro aumentam 
(TABELA 1). 
Tabela 1. Ofertas de forragem para ovelhas com parto simples ou 
duplo em relação às exigências de ovelhas e cordeiros para altos 
níveis de produção no período de lactação (GEENTY, 1986). 
 Partos simples Partos múltiplos 
Mês de lactação 1 2 3 1 2 3 
Produção de leite (kg/dia) 2,0 1,5 1,0 3,0 2,5 1,5 
Consumo da ovelha* 2,0 1,7 1,5 2,8 2,5 2,0 
Consumo do cordeiro* 0,34 0,9 1,2 0,2 0,42 0,75 
Consumo ovelha + cordeiro* 2,34 2,6 2,7 3,2 3,34 3,5 
Oferta de forragem* 5,0 6,0 7,0 6,0 7,0 8,0 
(*) Unidade - kg de MS/dia 
 
Os cordeiros quadruplicam a ingestão de forragem entre o 1º e o 
3º meses de vida e esta necessidade é raramente prevista no 
manejo da pastagem. A conseqüência mais comum é um 
decréscimo no ritmo de crescimento do cordeiro pela sua 
incapacidade de competir com a ovelha pela forragem. Os “erros” 
de manejo associados à oferta de forragem insuficiente para a 
ovelha e sua cria têm, pois, efeitos distintos sobre o cordeiro 
segundo a sua dependência da pastagem (FIGURA 3). 
 
Figura 3. Efeito da oferta de forragem para ovelhas no ganho de 
peso dos cordeiros nos 1º (�), 2º (∆) e 3º ( ) meses de lactação 
(PENNING et al., 1986). Em situações de oferta deficiente, os 
cordeiros são fortemente penalizados a partir do 3º mês de vida. 
 
Baixas ofertas de forragem no primeiro mês de lactação são, de 
alguma forma, sobrepujadas pela ovelha através do uso de sua 
reserva corporal e os ganhos de peso dos cordeiros não são muito 
afetados. O efeito negativo de baixas ofertas de forragem aumenta 
na medida em que o manejo incorreto torna mãe e filho 
competidores pelo mesmo alimento. No terceiro mês de lactação, 
onde os cordeiros já se tornaram efetivamente ruminantes e onde a 
participação da pastagem na dieta é grande, baixas ofertas de 
forragem limitam a ingestão dos cordeiros em detrimento das 
ovelhas, mais experientes no pastejo, e o custo é o baixo 
desempenho dos primeiros. De forma errônea, muitas vezes este 
baixo desempenho é associado ao início da infestação parasitária. 
Práticas em Ovinocultura – SENAR-RS 26 
O manejo das pastagens, nessa fase, é fundamental no sucesso 
da exploração ovina. No entanto, é nela que vemos freqüentemente 
erros de manejo grosseiros, a ponto de vários técnicos entenderem 
que a única forma de lidar com o desafio do crescimento do cordeiro 
seja o de realizá-lo em confinamento. Assume-se o “papel de mãe”, 
e desmama-se o cordeiro quando se imagina que tenha capacidade 
de ruminante, acreditando ser esse o caminho mais fácil. 
Desmames antes de 14-16 semanas só em casos muito especiais, 
pois normalmente penalizam o cordeiro com uma perda de 1-2 kg 
de peso vivo ao longo do terceiro mês de vida (para desmames com 
8 semanas), perda esta que pode atingir ocasionalmente 4-5 kg. 
Em mercados, como o incipiente mercado brasileiro, onde o 
consumidor prefere carcaças pequenas, entre 12 e 16 kg, é 
plenamente possível que o cordeiro atinja 30 a 35 kg de peso aos 4 
meses de idade, ao pé da mãe, numa situação onde se desmamaria 
“direto para o caminhão”. O planejamento adequado das pastagens 
associado aos cuidados preventivos de combate à verminose neste 
ciclo de 4-5 meses é muito mais simples que a interrupção da 
relação mãe-filho e o desafio de se assumir este papel. Ao contrário 
de sistemas de exploração de bovinos, onde esta prática pode 
beneficiar os índices reprodutivos, não se trata do mesmo processo 
no sistema com ovinos, onde há tempo mais que suficiente para 
recuperação da ovelha. 
3 EXIGÊNCIAS PARA RECRIA DE CORDEIROS 
Em casos extremos, onde não haja alimento suficiente para a 
ovelha e seu cordeiro, ou em situações de desmame normal com 
cordeiras, segue-se um período onde temos os animais num 
período pós-desmama. Este é caracterizado por queda acentuada 
de desempenho, fruto do estresse da desmama e da inexperiência 
de pastejo em animaisjovens. 
A TABELA 2 mostra como pode ser crítica esta fase através da 
eficiência obtida em diferentes ritmos de crescimento do cordeiro. 
Tabela 2. Exigências nutricionais e eficiência de cordeiros em 
diferentes ritmos de crescimento do desmame (30 kg) ao 
abate (40 kg) (VIPOND, 1999). 
 Exigências 
Taxa de 
crescimento (g/dia)
Dias para 
terminação 
Por dia 
(kg) 
Total (kg) 
100 100 1,0 100 
200 50 1,4 70 
300 33 1,7 55 
 
Observa-se que ritmos modestos de crescimento são 
extremamente ineficientes e muito da forragem ingerida é utilizada 
em processos não produtivos, para a manutenção do cordeiro. Um 
animal com crescimento lento por uma baixa oferta de forragem ou 
pela oferta de uma forragem de qualidade insuficiente, utiliza duas 
vezes mais alimento que um outro cordeiro cujo potencial não esteja 
sendo, de alguma forma, limitado. Além disso, um menor ritmo de 
crescimento significa mais tempo para se chegar a um mesmo peso 
ao abate ou encarneiramento, aumentando o tempo de 
permanência do cordeiro na propriedade, com conseqüente 
dispêndio de mão-de-obra, insumos e risco de mortalidade. 
A oferta de forragem que maximiza o desempenho dos 
cordeiros deve ser quatro vezes superior ao seu nível de ingestão 
potencial (GIBB e TREACHER, 1976). Isto significa que para um 
cordeiro preencher sua capacidade de consumo é necessário 
oferecer três a quatro vezes mais do que efetivamente ele consome! 
Neste cálculo incluem-se as condições necessárias para pastejo 
seletivo de alto nível de ingestão, bem como as exigências das 
plantas de área foliar residual permanente. O segredo, portanto, 
está no conhecimento de que quanto mais exigente for a categoria 
animal com que estamos trabalhando, maior a diferença entre o que 
devemos oferecer e o que o animal realmente consome. 
 
PARA SABER MAIS 
 
CARVALHO, P.C.F.; POLI, C. H. E. C; PEREIRA NETO O. Manejo 
de pastagens para ovinos: uma abordagem contemporânea de uma 
Práticas em Ovinocultura – SENAR-RS 28 
antigo desafio. In: SIMPOSIO PARANAENSE DE OVINOCULTURA. 
Ponta Grossa, 2001. 
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GEENTY, K., SYKES, A. R. Feed requirements of lamb between 
birth and weaning. In: Familton, A. S. (Ed.). Lamb growth. Lincoln 
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GUMBRELL, R. C. Miscellaneous diseases affecting the growth of 
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PENNING, P. D. Some effects of sward conditions on grazing 
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NOTHERN LATITUDES, 1, 1985, Hvanneyri. Workshop..., 1986. 
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PENNING, P. D., HOOPER, G. E., TREACHER, T. T. The effect of 
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RATTRAY, P. V., THOMPSON, K. F., HAWKER, H., et al. Pastures 
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Vipond, J. Finishing lambs at pasture. Grass Farmer. v. 63, p.6-7. 
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of gastrointestinal nematodes of sheep. In: Ross, A. D. (Ed.). Control 
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PLANEJAMENTO FORRAGEIRO PARA 
OVINOS 
 
Paulo César de Faccio Carvalho1 
Zootecnista, Doutor em Produção Animal. 
Professor da Faculdade de Agronomia - UFRGS 
 
Sistemas eficientes de uso da pastagem necessitam de algum 
grau de planejamento. Para se ter uma idéia do objetivo central do 
planejamento alimentar em pastagens, façamos uma comparação 
com alguém que fará um churrasco para a família. A partir de uma 
estimativa de quantas pessoas virão, e de quanto deverá comer 
cada uma dessas pessoas (demanda), providencia-se uma 
quantidade de carne que seja suficiente (oferta) para que todos 
comam a vontade. Exatamente assim deve ser encarado o 
planejamento alimentar na pastagem. Quando pretendemos 
alimentar algum rebanho, duas questões básicas têm de 
respondidas: 
1) Quanto pasto eu tenho ? 
2) Quantos animais eu alimento com tal quantidade de pasto? 
O resultado da resposta às questões 1 e 2 é que direciona as 
ações de manejo. Se tivermos mais pasto do que precisamos, ou se 
temos mais demanda do que pasto, temos de tomar uma atitude 
visando a eficiência do processo. O que o planejamento proporciona 
é a quantificação da falta ou do excesso de forragem, o que torna 
as ações de manejo menos “artesanais”. Portanto, vejamos o que é 
necessário para responder a essas questões centrais do manejo. 
Usaremos um exemplo simples para ilustrar os princípios de um 
planejamento forrageiro. 
1 QUANTO PASTO EU TENHO? 
 
1 Carvalho, P. C. F. . Planejamento forrageiro para ovinos. In: Octaviano Alves Pereira 
Neto. (Org.). Práticas em ovinocultura: ferramentas para o sucesso. Porto Alegre: 
Gráfica e Editora Solidus Ltda., 2004, v. 1, p. 39-56. 
 30 
 
O procedimento para quantificar a quantidade de pasto existente 
num potreiro é, num primeiro momento, simples. É necessário: 
- Uma balança que pese em gramas. 
- Uma tesoura, tesoura de esquila, tesoura de jardim, etc. 
- Sacos para recolher a amostra, 
- Um quadrado de vergalhão de área conhecida (pode ser em 
formato de U), 
- Forno de microondas, estufa ou fogão, para secar a amostra2 
Digamos que o potreiro tenha uma área de 10 ha. Escolha 
vários lugares da pastagem que lhe parecem corresponder à média 
do potreiro3. Com um quadrado de ferro de área conhecida, por 
exemplo, 0,5 x 0,5 m (0,25 m2), corte todo o pasto contido dentro do 
quadrado, o mais próximo possível do solo, mas acima do mantilho. 
Recolha o pasto em um saco. Pese a amostra. No caso de ter 
microondas, ponha um copo de água junto com a amostra e seque 
em potência máxima por três minutos. Pese novamente a amostra, 
e novamente a coloque no forno de microondas por um minuto. 
Pese a amostra. Repita esta última operação até que se atinja um 
peso constante (não altere mais). 
Digamos que a amostra tenha pesado 50 gramas, temos então 
que a quantidade de pasto contida no quadrado corresponde a 50 
gramas de matéria seca4. Como o quadrado tem dimensões de 0,25 
m2, isto significa 200 gramas de matéria seca/m2. Isto corresponde 
a 2.000 kg de matéria seca/ha, pois o ha tem 10.000 m2. 
 
2 No caso de não ser possível secar as amostras, informe-se em tabelas de 
composição bromatológica das forragens e desconte o valor aproximado 
de teor em água. 
3 Se o potreiro está sendo manejado em pastejo rotacionado, deve-se 
fazer o mesmo procedimento nos sub-potreiros. Dependendo da 
quantidade de divisões, não há necessidade de amostrar todos os sub-
potreiros, mas é importante que igual número de amostras seja feito em 
todos os sub-potreiros amostrados. 
4 As diferentes espécies forrageiras e mesmo uma mesma espécie pode 
ter um conteúdo de água bastante variável. Por isso, no planejamento 
devemos sempre trabalhar, com a forragem desprovida de seu teor em 
água, o que chamamos de matéria seca (MS). 
Finalmente, como o potreiro tem 10 ha, respondemos parcialmente 
à primeira pergunta. Naquele momento, contamos com 20.000 kg 
de matéria seca. 
Algumas dicas são importantes para esta etapa. Como o 
conteúdo de poucos metros quadrados expressará a quantidade de 
pasto de vários hectares, a representatividade da amostra é 
fundamental. Sempre se questiona quantas amostras têm que ser 
feitas. Infelizmente, não há resposta objetiva para esta questão.Quanto mais variáveis forem as condições do potreiro, maior o 
número de amostras requeridas. Lembre-se que a idéia é bem 
representar a área, e deve-se cortar a quantidade de amostras 
necessárias para tal. Outro ponto importante é que qualquer 
material estranho à forragem, se for pesado junto, poderá induzir a 
erros enormes. Cada grama no exemplo acima corresponde a 
quase meia tonelada de pasto. Portanto, uma simples pedrinha, 
resíduos de solo, etc., que acompanhem a amostra são 
contaminantes que não podem ser pesados. 
Retomemos os 20.000 kg de MS de que dispomos em todo o 
potreiro, que são os 2.000 kg de MS/ha que determinamos. Este 
quantificação da quantidade de pasto, como se viu, é instantânea, 
ou seja, temos um estoque imediato de forragem da ordem de 2.000 
kg de MS/ha, valor este que denominamos, tecnicamente, de massa 
de forragem. Para responder totalmente à primeira pergunta, uma 
segunda informação faz-se necessária. Além de saber o quanto de 
pasto tenho hoje, qualquer planejamento só poderá ocorrer se 
soubermos quanto de pasto terei ao longo de um determinado 
período. Para isto, temos que medir o crescimento das pastagens, 
ou sua taxa de acúmulo. As necessidades de materiais são as 
mesmas para amostragem da massa de forragem, acrescidas de 
uma estrutura que isole uma pequena área (por exemplo, 1 m2) do 
pastejo dos animais. A criatividade é livre, mas uma opção simples, 
para ovinos, são telas para cerca que são atilhadas nas suas 
extremidades em conjunto com uma trama ou vergalhão que dê 
solidez à estrutura, que fica com um formato redondo (FIGURA 1). 
 
Figura 1. Gaiola de exclusão de pastejo para medição de taxa 
de acúmulo. 
O procedimento para quantificar o crescimento das pastagens 
também é simples. No mesmo momento em que se escolhe uma 
área representativa do potreiro para avaliação da massa de 
forragem, escolha um segundo local idêntico àquele em que você 
irá cortar a amostra e o proteja com a gaiola. O local amostrado, 
como vimos anteriormente, informa que, neste dia, temos o 
equivalente a 2.000 kg de MS/ha. O local protegido com gaiola deve 
ficar sem pastejo por um período de, por exemplo, 30 dias5. No final 
dos 30 dias, retira-se a gaiola e corta-se o pasto com o mesmo 
procedimento descrito anteriormente6. Digamos que o peso indique 
7 gramas, ou o equivalente a 2.800 kg de MS/ha. Isto significa que 
em 30 dias teria havido um acúmulo de 800 kg de MS, equivalente a 
uma taxa de acúmulo de 26,7 kg de MS/ha/dia. 
Com isto se tem as duas informações fundamentais para 
realizarmos um planejamento alimentar. Com elas temos que, num 
 
5 Períodos muito menores, ou muito superiores a 30 dias aumentam o erro 
da estimativa de crescimento 
 32 
6 Em pastejo rotacionado não há necessidade de exclusão da área, pois a 
exclusão já se faz com o descanso. Amostre a massa de forragem do sub-
potreiro que os animais acabaram de sair, e a massa de forragem do sub-
potreiro que os animais estão para entrar. A diferença de massa entre 
eles, dividido pelo período de descanso nos dá a taxa de acúmulo. 
mês, contamos com um total de 28 000 kg de MS no potreiro para 
alimentarmos uma quantidade de animais a ser definida. 
3 QUANTOS ANIMAIS EU ALIMENTO COM TAL QUANTIDADE 
DE PASTO ? 
Supondo um grupo de cordeiros com 35 kg de peso vivo e 
utilizando as informações do capítulo anterior, onde um cordeiro de 
35 kg ingeriria 1,7 kg de MS/ dia e que para que consiga ingerir isso 
plenamente é necessário lhe oferecer pelo menos 4 vezes mais 
forragem7. Isto nos dá uma necessidade diária de oferecimento, por 
cordeiro, de 6,8 kg de MS (1,7 x 4=6,8). Ao longo de 30 dias será 
necessário oferecer 204 kg de MS para cada cordeiro (6,8 x 
30=204). Se na primeira etapa definimos que dispomos de 28.000 
kg de MS ao longo do mês, concluímos que podemos lotar os 10 ha 
de pastagem com 137 cordeiros (28.000/204=137). 
Cordeiros em crescimento têm requerimentos de consumo que 
podem variar de 2,8 a 6,0 % do peso vivo dependendo do ritmo de 
crescimento e do potencial genético. Ovelhas também têm variação 
de seu potencial de consumo, mas relacionado particularmente às 
diferentes fases de produção (FIGURA 2) 
 
7 Este oferecimento superior ao consumo é o ponto chave do planejamento 
em pastagens, e o grande diferencial com relação a sistemas de 
alimentação em cocho. Nele estão incluídas as necessidades de um 
resíduo permanente na pastagem, perdas por pisoteio, dejeções, 
senescência, etc. Erros comuns são observados nesta etapa, e a 
conseqüência invariavelmente é a alocação excessiva de animais. 
 
Figura 2. Padrões anuais (em semanas pós-encarneiramento) 
de requerimentos alimentares de ovelhas em produção e 
respectivas ofertas de forragem necessárias ao atendimento de tal 
demanda (em kg de MS/ovelha/dia). Reproduzido de BEATTIE e 
THOMPSON (1989). 
Como pode ser visto, há momentos em que a oferta de apenas 
3 kg de MS/ovelha é suficiente para atendimento de seus 
requerimentos. Isto ocorre quando ela está vazia ou nos 2/3 iniciais 
da gestação. Em outros, a oferta chega a 7 kg de MS/ovelha, 
situação esta que ocorre na lactação. 
4 PLANEJAMENTO FORRAGEIRO PARA DIAGNÓSTICO DE 
SISTEMAS PASTORIS 
Para se fazer um planejamento ao longo prazo é importante que 
identificar tanto a oferta quanto a demanda numa escala anual. A 
FIGURA 3 ilustra essa recomendação através de um sistema de 
criação baseado em campo nativo com lotação de 4 ovelhas/ ha. 
 34 
0
5
10
15
20
25
30
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
meses do ano
K
g 
de
 M
S/
ha
/d
ia
Demanda Taxas de crescimento
 
Figura 3. Perfil alimentar de um rebanho ovino em pastagem 
nativa no RS. 
Note que as taxas de acúmulo do campo nativo são superiores 
à demanda do rebanho nos meses de verão e outono. Porém, no 
inverno a elevação da demanda do rebanho pela parição junto com 
a diminuição do crescimento do campo promove um acentuado 
déficit alimentar que ocorre justamente no final da gestação e todo 
período de lactação da ovelha. Para se atender a uma demanda 
próxima a 10 kg de MS/ha/dia neste período seria necessário uma 
pastagem que crescesse a uma taxa de 30 kg de MS/ha/dia, 
aproximadamente. 
Através da concepção da FIGURA 3 consegue-se diagnosticar, 
localizar e quantificar os problemas alimentares de uma produção 
ovina corrente no RS. A Nova Zelândia é o país que melhor usa 
esses conceitos para o planejamento alimentar dos rebanhos. A sua 
experiência indica que a forma mais barata de produzir cordeiros é 
respeitando a curva de crescimento da pastagem, moldando a 
estação reprodutiva dos animais de modo a se encaixar da melhor 
forma os picos de demanda animal aos picos de crescimento da 
pastagem. O “deslocamento horizontal” da curva de demanda dos 
animais sempre é a alternativa mais barata e simples frente ao 
“deslocamento vertical” dela. 
As taxas de acúmulo variam bastante para uma mesma 
pastagem em diferentes níveis de fertilização, épocas do ano, 
manejo, etc. Por exemplo, uma mesma pastagem de azevém 
manejada com ovelhas com cria ao pé, com a mesma fertilização de 
base, mesmo custo fixo de estabelecimento, mas recebendo 
diferentes doses de nitrogênio, pode produzir 6.000 kg de MS/ha ou 
12.000 kg de MS/ha se aplicarmos 25 ou 325 kg de N/ha. Isso é só 
para ilustrar a magnitude das diferenças de crescimento que 
podemos encontrar para uma mesma pastagem. A avaliação, 
econômica e biológica, de diferentes doses de nitrogênio, neste 
trabalho, demonstrou que quando o custo é pago com crescimento 
de cordeiro ao pé da mãe a dose ótima de nitrogênio é em torno de 
150 kg/ha. 
Um outro exemplo interessante com respeito a taxas de 
crescimento vem de um experimento de engorda de cordeiros em 
azevém usando-se pastejo contínuo ou rotacionado (FIGURA 4). 
 
Figura 4. Taxas de acúmulo em azevém manejado em pastejo 
contínuo ou rotacionado com cordeiros (CAUDURO et al., 2004).Períodos 1= julho; 2=agosto; 3=setembro; 4=outubro 
Pode-se observar que, embora a taxa de acúmulo média de 
todo o ciclo da pastagem tenha sida a mesma para ambos os 
métodos de pastejo (67 kg de MS/ha/dia), elas se comportam de 
forma diferente ao longo do ciclo de crescimento da pastagem. Se 
por um lado exista uma remoção de área foliar mais expressiva no 
pastejo rotacionado no início do uso do azevém, por outro lado isto 
 36 
faz com que, no final da estação de crescimento, uma menor 
população de perfilhos exista em fase reprodutiva, o que faz com 
que os métodos venham a se equivaler no final. 
A taxa de acúmulo é uma variável fundamental no 
planejamento, pois a magnitude dela é que define em nível de 
lotação que podemos trabalhar. Se você não puder medi-la a 
campo, procure valores aproximados fornecidos pela pesquisa. 
5 PLANEJAMENTO DE SISTEMAS ROTACIONADOS 
Sistemas de utilização de pastagens que fazem uso de pastejo 
rotacionado têm algumas particularidades para o planejamento 
forrageiro. Longe de se pretender esgotar o assunto, pretendemos 
apenas fornecer elementos básicos para iniciar aqueles que, 
porventura, queiram utilizá-lo. 
Antes de abordarmos esse assunto, é importante que se 
coloquem os métodos de pastejo, contínuo e rotacionado, nos seus 
devidos lugares, ou seja, eles são apenas ferramentas que 
escolhemos para fornecer forragem aos animais. Não se esqueça 
que o método não alimenta o animal. O método não “cria 
nutrientes”. Não é o fato de que o animal fique no mesmo potreiro 
toda a sua vida, ou que “rode pela direita, ou pela esquerda”, que 
fará com ele tenha desempenho adequado. O que é fundamental é 
a quantidade de alimento que disponibilizamos aos animais. O 
método, como diz a palavra, é apenas a forma com que fazemos 
chegar esse alimento até os animais. Portanto, não se baseie em 
discussões apaixonadas para se definir por um ou outro método, 
pois o “time do torcedor” é sempre o melhor. Se você quer uma 
dica, use aquele que considere ser o mais adaptado às 
características de sua propriedade, que você se sinta mais a 
vontade para manejar e, principalmente, aquele que lhe traga mais 
segurança para conseguir atingir as metas de oferta de forragem 
necessárias aos animais. Inúmeras informações de pesquisa, de 
vários locais do mundo, nas mais diferentes situações, demonstram 
que os métodos de pastejo são praticamente idênticos em 
desempenho animal, quando comparados em ofertas de forragem 
adequadas aos animais. 
 38 
Para se planejar um sistema rotacionado, uma fórmula simples 
para se calcular o número de sub-potreiros necessários é: 
NP = PD/PO + 1 
Onde NP é o número de sub-potreiros, PD refere-se ao período 
de descanso da pastagem, e PO o período de ocupação dos 
animais no sub-potreiro. Um sistema que se planeje um PO de 4 
dias e um PD de 28 dias tem que ser constituído de 8 sub-potreiros 
pois: 
NP=28/4 + 1 
NP=8 
A particularidade do PO quando utilizamos ovinos é que ele não 
deve ser superior a 5 dias, caso contrário o risco de infecção 
parasitária é bastante elevado, pois as larvas depositadas nos 
primeiros dias do período de uso do potreiro atingem a forma 
infectante (L3) neste período. Por outro lado, quanto menor o 
período de ocupação, maior o número de divisões e maior o custo 
com cercas, etc. Informações de pesquisa informam que muito 
pouco benefício ocorre quando o número de potreiros for superior a 
12. Do ponto de vista de flexibilidade, uma estrutura com 28-30 
potreiros permite períodos de descanso de: 
- 28 dias, com PO de 1 dia 
- 56 dias, com PO de 2 dias 
- 84 dias, com PO de 3 dias 
Esta flexibilidade pode ser importante em sistemas de ciclo 
completo, pois os ventres em produção atravessam na pastagem 
por períodos de alta produção de forragem, e outros de pouca 
produção ao mesmo tempo em que seus requerimentos podem 
variar em até 3 vezes. Neste caso, pode ser interessante ter uma 
estrutura com maior número de potreiros,.pois o manejo é facilitado. 
Com relação ao PD, normalmente usa-se períodos de descanso 
menores no período de crescimento da pastagem, e maiores no 
restante do ano. Assim como no pastejo contínuo, o segredo do 
bom uso do pastejo rotacionado é o acompanhamento da curva de 
crescimento da pastagem. Para isso, em pastejo rotacionado, é 
necessário algum tipo de flexibilidade no ciclo de pastejo. 
Pastagens de alta produtividade, em situações climáticas 
favoráveis, podem requerer pastejo a cada 3 semanas! 
Para ilustrar a possibilidade de definição do PD, tomemos um 
exemplo neo-zelandês de planejamento para ovelhas no início da 
gestação no período de menor crescimento da pastagem 
(MATTHEWS et al., 1999). 
Perfil do sistema 
Tamanho da propriedade: 100 ha 
Rebanho: 1200 ovelhas 
Massa de forragem média na propriedade: 1200 kg de MS/ha 
em 01/04. Meta de se chegar com 1500 kg de MS/ha em 01/08. 
Meta de consumo no período: 1 kg de MS/ovelha/dia 
Taxa de acúmulo média no período de inverno: 10 kg de 
MS/ha/dia 
No início de maio, a massa de forragem pré-pastejo é de 1600 
kg de MS/ha, e a massa de forragem pós-pastejo é de 800 kg de 
MS/ha. 
Cálculo 
As ovelhas ingerem 800 kg/ha da massa de forragem, pois a 
massa de forragem pré-pastejo é de 1600 kg de MS/ha, e quando 
os animais deixam o sub-potreiro a massa de forragem pós-pastejo 
é de 800 kg de MS/ha. Há que se repor essa massa. 
Além disso, a massa de forragem média na propriedade é de 
1200 kg de MS/ha. Para adequada alimentação das ovelhas na 
parição é necessário que essa massa chegue a 1500 kg de MS/ha 
no início de agosto. Tem-se, portanto, a necessidade de um 
acúmulo de 800+300=1100 kg de MS/ha. Como a taxa de acúmulo 
no período é de 10 kg de MS/ha/dia, para se acumular os 1100 kg 
de MS/ha necessários requere-se um período de descanso de 
1100/10=110 dias. 
Pode-se usar o exemplo acima para se calcular o PD, sabendo-
se que é necessário uma estimativa da taxa de acúmulo e das 
massas de forragem como acima demonstrado. 
 40 
Uma dica importante em pastejo rotacionado é que o 
desempenho dos animais é diretamente relacionado à massa de 
forragem pós-pastejo. Quanto menor a massa de forragem pós-
pastejo, menor o consumo de forragem dos animais e menor o 
desempenho animal. Portanto, se o sub-potreiro fica completamente 
rapado na saída dos animais, isto não é sinal de bom manejo. 
Por último, prefira formato de potreiro circular e quadrado. 
Potreiros retangulares, triangulares e outros consomem mais cerca 
pela mesma unidade de área. 
5 PLANEJAMENTO DE SISTEMAS DE PASTEJO MISTO 
 A exploração integrada, ou pastejo misto, envolve mais de uma 
espécie de herbívoro pastejando um mesmo recurso forrageiro, 
podendo ocorrer simultaneamente ou em períodos sucessivos, 
dependendo dos objetivos do manejo e das espécies animais 
envolvidas (CARVALHO e RODRIGUES, 1997). Praticada em 
várias partes do mundo, a exploração integrada tem em sua 
fundamentação a maximização da utilização da forragem de modo a 
proporcionar um aumento de produção animal que ultrapasse a 
soma do ganho das espécies utilizadas de forma isolada. 
CARVALHO et al. (2002) resumiram assim as benesses do 
pastejo misto para o manejo da pastagem e produção das espécies 
envolvidas: 
- Vantagens sanitárias que resultam na menor incidência de 
parasitas de uma espécie sobre a outra e da maior limpeza da 
pastagem, conseqüência da remoção de larvas pelo pastoreio com 
animais resistentes a espécies distintas do hóspede normal. 
- Aproveitamento de áreas inacessíveis, com base na 
tendência dos bovinos de utilizarem as áreas planas, enquanto que 
caprinos e ovinos se aproveitam de áreas acidentadas. 
- Complementaridade potencial em pastejo. 
- Utilização de ofertas de alto valor nutritivo aos animais em 
produção, sem prejuízo do uso correto da pastagem, quando o 
rebanho é dividido em classes de produção, iniciando-se com o 
grupo mais produtivo. 
- Aumento da capacidade de suporte em decorrência das 
diferentes preferênciasalimentares (aumento do número de itens 
vegetais que se constituem em forragem). 
- Diversificação da produção. 
- Melhor aproveitamento da forragem disponível. Em 
pastagem cultivada, apesar da menor heterogeneidade do recurso 
forrageiro, uma superioridade na eficiência de utilização da 
pastagem de no mínimo 10 % pode ser esperada em se utilizando 
pastejo misto, sendo que este efeito estaria principalmente 
associado à utilização da forragem rejeitada pelos bovinos. 
- Manipulação da estrutura da vegetação. Nota-se uma 
menor porcentagem de material morto na forragem em oferta, e 
uma densidade maior dos perfilhos situados próximos a locais de 
dejeção no pastejo misto bovino/ovino. A melhoria no uso deste tipo 
de forragem facilita a penetração de luz na base da pastagem, 
favorecendo o aumento do perfilhamento, incrementando, portanto, 
a produção de forragem. 
- Estabilidade em ecossistemas complexos. 
- Controle de espécies indesejáveis. 
Portanto, o pastejo misto é uma técnica altamente desejável no 
manejo de pastagens, particularmente de pastagens naturais. No 
entanto, ela vem sendo cada vez menos usada pela diminuição do 
rebanho ovino, e pela “especialização” crescente dos sistemas de 
produção. 
Se você quiser fazer uso do pastejo misto para melhorar o 
desempenho de seus ovinos, por exemplo, é importante que saiba 
como planejá-lo. Para calcularmos a lotação em pastejo misto é 
necessário esclarecermos os conceitos de unidade animal e taxa de 
substituição partindo de uma simples pergunta: Quantas ovelhas 
equivalem a uma vaca? 
Embora existam diferenças entre indivíduos e espécies, o peso 
vivo elevado à potência 0,75 (PV0,75) define o tamanho metabólico 
de um animal. Ele expressa o fato de que animais menores 
produzem mais calor e consomem mais alimento por unidade de 
 42 
peso vivo que animais de porte maior. Por exemplo, uma vaca de 
450 kg e uma ovelha de 50 kg têm tamanhos metabólicos da ordem 
de 97,7 e 18,8, respectivamente. A relação em peso vivo é de 9:1, 
mas a correta é, levando em consideração o tamanho metabólico, 
de aproximadamente 5:1. Utilizaremos a definição empregada pela 
Society for Range Management, segundo a qual uma vaca adulta 
de 454 kg , seca ou com cria de mais de 6 meses e com um 
consumo de 12 kg de matéria seca/dia equivale a uma unidade 
animal (U.A.). Esta definição é muito interessante porque define 
uma unidade de demanda animal de 12 kg de MS/dia que pode ser 
utilizada para se calcular qualquer taxa de substituição. 
Exemplificaremos este cálculo assumindo uma pastagem onde se 
utiliza uma lotação de 2 U.A./ha. Para simplificação do raciocínio 
assumiremos que esta pastagem vinha sendo manejada com duas 
vacas de 450 kg /ha. Pretende-se iniciar o emprego de exploração 
integrada e decide-se substituir uma das vacas por ovelhas. O 
cálculo é o seguinte: 
1) fazer a equivalência do animal a ser substituído em unidade 
animal; 
1 vaca de 450 kg = 1 unidade animal (U.A.) 
2) transformar a quantidade de unidade animal a ser substituída 
pelo número de animais da espécie que fará a substituição; 
1 (U.A.) = 5 ovelhas 
3) utilizando os dados contidos em CARVALHO et al. (2002), 
considerar a taxa de sobreposição de dietas entre as espécies 
No referido trabalho demonstra-se que, em pastagens naturais, 
o índice de sobreposição de dietas pode ser de apenas 50 %, ou 
seja, apenas 50 % do que ovinos e bovinos consomem constituem-
se nas mesmas plantas. Neste caso: 
n° de animais / taxa de sobreposição 
 5 ovelhas / 0.5 = 10 ovelhas 
A taxa de substituição de vaca:ovelha nestas condições é de 
1/10. A grande limitação para o emprego correto da taxa de 
substituição é que, embora a equivalência animal possa ser 
facilmente calculada ou mesmo encontrada em tabelas, a taxa de 
sobreposição é extremamente variável em função da época do ano 
e do tipo, abundância e diversidade da forragem em oferta e esta 
informação é praticamente indisponível em nossas condições. 
Considerando uma pastagem mono-específica a taxa teórica de 
sobreposição passa a ser 100 %. 
Um forte apelo do pastejo misto está no impacto sobre a 
sanidade dos ovinos. Vários trabalhos demonstram a diminuição da 
infestação parasitária como produto da redução da densidade de 
ovinos por unidade de área. Várias são as possibilidades de 
planejamento do pastejo misto. Aqui ilustramos uma delas onde se 
observam ovelhas e vacas em pastejo rotacionado “desencontrado” 
(FIGURA 5). 
 
Figura 5. Pastejo misto em sistema rotacionado 
“desencontrado”. O número de potreiros e a posição dos lotes é 
meramente ilustrativa. 
Apesar de haver infestação cruzada, há menor infestação pela 
associação do descanso com a diminuição da densidade específica 
dos ovinos. 
 44 
Erroneamente se afirma que em pastejo rotacionado a ovelha 
deve ir após os bovinos para “acertar o pasto”, como se ela fosse 
uma roçadeira qualquer. Deve-se saber que vai na frente (entra 
primeiro no potreiro) aquela categoria que, naquele momento, é a 
mais exigente. 
 
PARA SABER MAIS 
 
BARBOSA, C. M. P.; CARVALHO, P. C. F.; CAUDURO, G.F. et 
al. Produção de cordeiros em pastagem de azevém anual (Lolium 
multiflorum Lam) manejada em diferentes intensidades e métodos 
de pastejo. Anais da 41ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de 
Zootecnia. Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2004. p. 1-4. 
CARVALHO, P. C. F.; PONTES, L. da S.; BARBOSA, C. M. P.; 
et al. Pastejo misto: alternativa para a utilização eficiente das 
pastagens.In: Ciclo de Palestras em Produção e Manejo de 
Bovinos. VII. ed. Porto Alegre, 2002, v. VII, p. 61-94. 
CARVALHO, P. C. F., RODRIGUES, L. R. A. Potencial de 
exploração integrada de bovinos e outras espécies para utilização 
intensiva de pastagens. In: PEIXOTO, A. M., et al. (Eds.). 
SIMPÓSIO SOBRE MANEJO DE PASTAGENS: PRODUÇÃO 
ANIMAL A PASTO, 13, Piracicaba-SP. Anais...1997. p. 275-301. 
CAUDURO, G. F.; CARVALHO, P. C. F.; BARBOSA, C. M. P.; 
et al. Dinâmica da produção vegetal de pastagem de azevém anual 
(Lolium multiflorum Lam) submetida a intensidades e métodos de 
pastejo com cordeiros. Anais da 41ª Reunião Anual da Sociedade 
Brasileira de Zootecnia. Sociedade Brasileira de Zootecnia, 2004. p. 
1-5. 
MATTHEWS, P.N.P.; HARRINGTON, K.C.; HAMPTON. J.G. 
Management of grazing Systems. In: New Zealand Pasture and 
Crop Science. 1999. pg 153-174. 
NRC. Nutritional Requirements of Sheep. 1985. 99 pg. 
POLI, C. H. E. C.; CARVALHO, P.C.F.. Planejamento alimentar 
de animais: proposta de gerenciamento para sistema a base de 
pasto. Pesquisa Agropecuária Gaúcha, Porto Alegre, v. 07, n. 01, p. 
145-156, 2001. 
POLI, C. H. E. C.; CARVALHO, P.C.F.. Requerimentos 
nutricionais dos ovinos. In: OLIVEIRA, N. M. de. (Org.). Sistemas de 
criação de ovinos nos ambientes ecológicos do sul do Rio Grande 
do Sul. Bagé, 2003, p. 67-72. 
POLI, C. H. E. C.; CARVALHO, P.C.F.. Sistemas de 
alimentação para os ovinos em pastagens cultivadas. In: OLIVEIRA, 
N. M. de. (Org.). Sistemas de criação de ovinos nos ambientes 
ecológicos do sul do Rio Grande do Sul. Bagé, 2003, p. 81-86.
 46

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