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SEMANA 3- Redação Instrumental

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SEMANA 3
Os objetivos de cada operador do Direito são diferentes, portanto o representante de uma parte envolvida não poderá narrar os fatos de um caso concreto com a mesma versão da parte contrária. Portanto o juiz deve sempre considerar os dois pontos e vista apresentados pelas partes, dentre outros elementos a serem analisados, antes de prolatar decisão dele. Observe:
Caso Concreto
A reclamada contratou o reclamante para exercer a função de marceneiro no setor de produção de cozinhas moduladas. O reclamante, ao desempenhar sua atividade profissional, foi pregar um gabinete duplo, um dos componentes da cozinha modulada, quando o prego se soltou da madeira ao sofrer a batida do martelo. O prego atingiu em cheio o olho direito do trabalhador reclamante, perfurando-o. Esse infortúnio ocorreu por culpa exclusiva da reclamada, porque esta não ofereceu óculos de proteção ao obreiro. Trata-se de um trágico e irremediável acidente de trabalho que pôs fim não somente a qualquer perspectiva de ascensão profissional do reclamante, mas também o deixou deficiente visual para o resto de sua vida.
	
Questão 1
A linguagem forense utilizada pelo advogado na exposição dos fatos no caso em questão teve como objetivo produzir uma certa reação emocional no receptor (juiz) por meio e uma engenhosa seleção vocabular. Comente, em até 10 linhas, a escolha lexical intencional do advogado, considerando os valores semânticos de algumas palavras utilizadas na construção desse parágrafo.
Vê-se como escolhas estratégicas os seguintes termos: I) “por culpa exclusiva da reclamada”; a palavra destacada transmite toda a causa do acidente para a reclamada; II)“porque esta não ofereceu óculos de proteção ao obreiro” tais palavras corroboram a omissão e a necessidade que conferia a conduta omitida; III) “ Trata-se de um trágico e irremediável acidente de trabalho” uso de adjetivos para o acidente de trabalho com o fito de dar maior gravidade ao fato ; IV) “pôs fim não somente a qualquer perspectiva de ascensão profissional do reclamante” tangencia que houve lucros cessantes/cerceamento de crescimento profissional; V) “deixou deficiente visual para o resto de sua vida” realça a perenidade da lesão.
	
Questão 2
Identifique, no parágrafo acima, pelo menos duas informações ou versões que a parte
contrária não teria narrado. Justifique a sua resposta.
“pôs fim não somente a qualquer perspectiva de ascensão profissional do reclamante”- evitaria expor consequências negativas do acidente; “deixou deficiente visual para o resto de sua vida.” – evitaria explicitar e enfatizar a perenidade da lesão.
	
Trabalho de pesquisa: Função persuasiva da narrativa jurídica 
No texto narrativo está presente a transformação no espaço e no tempo, buscando-se apenas informar tais fatos ao juiz. Mas, por ser uma criação do intelecto humano, a narrativa jurídica assume um ponto de vista que parte de seu autor, construída a partir de sua interpretação pessoal, de forma que se torna uma tese a ser comprovada pela argumentação.
	
Questão 3
Acesse o site do STF ou do STJ e transcreva fragmento de um voto em que a narração esteja a serviço da argumentação.
	“A controvérsia sub examine consiste em saber, à luz dos arts. 1º, III, 1 5º, I e II 2 e 37, I e II 3 , da Constituição da República, se o fato de cidadão ostentar tatuagens em seu corpo, visíveis ou não, é circunstância idônea e proporcional a impedi-lo de concorrer a um cargo ou emprego público, ainda que, eventualmente, o obstáculo esteja previsto em lei.” (p. 13)
	A escolha do vocábulo “ostentar” revela que a pessoa tatuada a exibe como qualidade a ser tornada pública e não como característica a ser restrita a vida privada.
	O Legislador não pode escudar-se em uma pretensa discricionariedade para criar barreiras arbitrárias para o acesso às funções públicas, de modo a ensejar a sensível diminuição do número de possíveis competidores e a impossibilidade de escolha, pela Administração, daqueles que são os melhores.”(p. 18)
	A expressão “daquele que são melhores” lança sentido afirmativo e não subjuntivo de que pessoas tatuadas são melhores.
	“Essas comprovações empíricas trazem a certeza de que, hodiernamente, as tatuagens, ou outras formas de marcas permanentes realizadas intencionalmente no corpo do indivíduo por sua livre escolha, passaram por intensa transformação quanto ao seu aceitamento social, de forma que, características que estigmatizavam determinados setores da sociedade, tornaram-se sinais que retratam valores, ideias e sentimentos. Hodiernamente, consistem em autêntica forma de liberdade de expressão de um indivíduo que se expressa por meio de uma marca em seu corpo.” (p. 21)
	Parágrafo conclusivo que após fatos de pesquisas( comprovações empíricas-argumento de autoridade) arremata que a tatuagem recebeu nova valoração e sentido na sociedade.
	O desejo de se expressar por meio de pigmentações definitivas no corpo não pode ser inibido pelo Estado por meio da criação de obstáculos de acesso a cargos públicos. E a previsão desse rigoroso e injusto obstáculo na porta de entrada para o serviço público, que implica a eliminação equivocada de candidatos que, também, podem ser sérios, competentes e bem classificados na disputa, faz com que, na prática, o cidadão só insira as tatuagens em seu corpo após ter ingressado no cargo ou emprego público. Dois pesos duas medidas: quem entra não pode ostentar determinadas tatuagens, mas depois que o indivíduo já está na função pública, desaparece a preocupação estatal com essa matéria, o que corrobora a assertiva lógica de que tatuagem não é sinal de incompetência. Assim, sob o prisma consequencialista a restrição de acesso à função pública em razão da existência de tatuagens também não se justifica.” (p. 40)
	Uso de silogismo:
I) Os cargos públicos não podem ter pessoas tatuadas;
II) Os concursados empossados não podem ter tatuagem;
III)Logo, os concursados a assumirem o cargos não podem ter tatuagem.
Verifica-se através do silogismo montado com base no parágrafo que a premissa menor é falsa, tornando a conclusão injusta e premissa maior parcial.
	“Indaga-se, Presidente: no que o Tribunal de Justiça, examinando os elementos probatórios, apontou que a tatuagem longe estaria de ser de pequena dimensão e também elucidou que seria visível presente certo uniforme, teria claudicado na arte de julgar? Teria inobservado o contexto? Teria inobservado o valor próprio às Forças que é o valor disciplina? A meu ver, não. Para prover esse recurso, terei de proclamar que o acórdão do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, tal como redigido, conflita com a Constituição Federal. Tenho sérias dificuldades em concluir dessa forma.” (p. 76)
	Uso de perguntas retóricas para promover reflexão do interlocutor com o fim de aderir a posição do autor.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Recurso Extraordinário 898.450 São Paulo: Voto. Julgado em 17/08/2016. Disponível em: <http://www.stf.jus.br/portal/jurisprudencia/visualizarEmenta.asp?s1=000323040&base=baseAcordaos>. Acesso em: 10 set. 2017.

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