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A emancipação política do Brasil Professor Alcides

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2017­5­22 A emancipação política do Brasil | Professor Alcides
http://amorim.pro.br/?p=293 1/5
A emancipação política do Brasil
Publicado em 5 de setembro de 2015 por Professor Alcides Amorim
A  independência  do  Brasil  era  desejo  de muitos  grupos  brasileiros  que  não  suportavam mais  o
sistema colonial imposto por Portugal. Muitas revoltas com objetivos separatistas aconteceram no
Brasil, mas o passo final para isto se deu a partir da vinda da família real (1808), a Revolução do
Porto em 1820 e o retorno de D. joão para Portugal em 1821.
Um  pouco  antes,  em  1806,  Napoleão  Bonaparte,  decretou  o  Bloqueio  Continental,  com  o
objetivo de enfraquecer, economicamente, a Inglaterra. Por isso, todas as nações europeias foram
impedidas de negociar com ela.
A Família real portuguesa instala­se no Rio de Janeiro
Nessa época, no final do ano de 1807, Portugal era governado pelo príncipe regente D. João, pois
sua mãe, a rainha D. Maria I, sofria de problemas mentais. Como Portugal era aliado da Inglaterra,
D. João viu­se em difícil  situação: se aderisse ao bloqueio continental, os  ingleses  impediriam as
comunicações  e  o  comércio  entre  Portugal  e  Brasil,  estimulariam  a  independência  da  colônia  e
passariam a comercializar diretamente com o novo Estado.
Para solucionar o impasse, D. João decidiu transferir para o Brasil a sede do governo de Portugal.
Com a ajuda dos aliados ingleses, a família real, seus parentes, os principais funcionários do reino,
criados  e  dependentes  embarcaram  para  a  colônia.  Cerca  de  15  mil  pessoas  viajaram,  mal
acomodados, em catorze navios carregados de bens pessoais, documentos, bibliotecas, coleções de
arte e tudo o que era possível transportar.
Nas proximidades do litoral do Brasil, uma forte tempestade dispersou as embarcações. Algumas,
entre elas a de D. João, aportaram em Salvador, em janeiro de 1808. Outras aportaram no Rio de
Janeiro. Em março, D.  João  transferiu­se para o Rio de Janeiro,  onde  foi  recebido  com grandes
festas, preparada pelos funcionários do reino que haviam chegado antes.
A  transferência da corte  trouxe muitos  transtornos à população do Rio de Janeiro por causa das
dificuldades para acomodar cerca de 15 mil pessoas. Foi dada ordem de despejo aos moradores das
melhores  residências  do  Rio  de  Janeiro,  afixando­se  nas  portas  a  sigla  P.  R.,  que  queria  dizer
Príncipe Regente. A população, revoltada, lia­a de maneira diversa: “Ponha­se na Rua” ou “Prédio
Roubado”.
Mudanças econômicas
Uma das primeiras medidas que D. João tomou ao chegar ao Brasil  foi ordenar a abertura dos
portos da colônia a todas as nações amigas. Já que Portugal tinha sido tomado pelos franceses, o
Império Português, agora com sede no Brasil, só poderia comercializar com outros povos a partir
dos portos brasileiros.
Essa  medida  beneficiava,  sobretudo,  os  ingleses,  que,  naquela  época,  dominavam  o  comércio
mundial. Além do comércio livre com o Brasil, os ingleses fizeram ainda uma cobrança pela ajuda
que haviam prestado à família real portuguesa: desejavam vantagens comerciais. Em 1810, D. João
assinou um tratado que  favorecia os  ingleses em seu comércio com o Brasil. Enquanto os outros
países pagavam ao governo português a taxa de 24% sobre o preço das mercadorias que vendessem
aos comerciantes do Brasil, a Inglaterra pagava apenas 15%. Os produtos ingleses podiam assim ser
vendidos por preços mais baixos que os de outros países,  inclusive os da própria metrópole. Isso
prejudicava o desenvolvimento das atividades econômicas na colônia.
2017­5­22 A emancipação política do Brasil | Professor Alcides
http://amorim.pro.br/?p=293 2/5
Além dessas medidas, outras decisões foram tomadas por D. João. Elas serviram de estímulo para
as atividades econômicas do Brasil. Destacamos como principais as seguintes:
cancelamento da lei que proibia a instalação de manufaturas – como a de tecidos – no Brasil,
medida que obteve poucos resultados em virtude da concorrência dos produtos ingleses;
construção de estradas; – melhoramento dos portos;
introdução de espécies vegetais, como o chá;
promoção da vinda de colonos europeus; – instalação de manufaturas.
A  produção  agrícola  voltou  a  crescer.  Ao  lado  do  açúcar  e  do  algodão  –  principais  produtos
exportados no  início do século XIX – surgiu o café. O novo produto, em poucos anos, passaria a
ocupar o primeiro lugar nas exportações brasileiras.
Medidas de incentivo à cultura
A vinda da  família  real  para  o Rio de  Janeiro  trouxe  também mudanças  para  a  vida  cultural  da
colônia. Dentre as medidas tomadas por iniciativa de D. João, destacam­se:
criação de vários cursos no Rio de Janeiro e na Bahia, como os de cirurgia, química, agricultura,
desenho técnico, etc.,
tendo como uma de suas principais realizações a fundação da Escola Real de Ciências, Artes e
Ofícios;
fundação do Museu Nacional, do Observatório Astronômico e da Biblioteca Real;
criação da Imprensa Régia, a primeira gráfica do Brasil;
promoção da vinda ao Brasil da Missão Artística Francesa.
Os artistas franceses, que vieram ao Brasil em 1816 contratados como professores (após a
derrota de Napoleão), tiveram considerável importância. Além de dar aulas em vários dos
cursos  criados  por  D.  João,  eles  fizeram  estudos  sobre  o  Brasil.  Dentre  os  artistas  que
compunham  a  missão,  destacavam­se  os  pintores  Jean­Baptiste  Debret  e  Nicolas­
Antoine Taunay, a quem se deve a pintura de quadros que retratam cenas do dia­a­dia
da  cidade  do  Rio  de  Janeiro.  Esses  quadros  são  importantes  registros  de  hábitos  e
costumes locais do período em que a cidade acolheu a corte portuguesa. Ambos retrataram
também acontecimentos da corte, entre outras cenas históricas.
Uma nova administração
Ao  instalar  a  sede  do  Império  Português  no  Rio  de  Janeiro,  D.  João  montou  um  sistema
administrativo destinado a dotar o Brasil de certa autonomia. Dentre outras medidas, o príncipe
regente:
criou três ministérios – Guerra e Estrangeiros, Marinha, Fazenda e Interior;
fundou o Banco do Brasil; – instalou a Junta Geral do Comércio;
instalou a Casa de Suplicação (hoje, Supremo Tribunal), a mais elevada corte de Justiça.
Em 1815, o Brasil foi elevado à categoria de Reino Unido a Portugal e Algarves.
Com a morte de sua mãe, a rainha D. Maria, em 1816, o príncipe regente foi aclamado e coroado
rei, com o nome de D. João VI.
A Independência
2017­5­22 A emancipação política do Brasil | Professor Alcides
http://amorim.pro.br/?p=293 3/5
Depois da partida da família real para o Brasil, Portugal passou a ser governado por um conselho
de regência presidido pelo marechal inglês Beresford. A guerra com a França durou alguns meses, e
as tropas de Napoleão Bonaparte foram obrigadas a se retirar, vencidas por portugueses e ingleses.
Beresford assumiu, então, o comando do exército português.
Além do fato de serem governados pelos ingleses, enquanto seu rei estava no Brasil, outros motivos
revoltavam os portugueses: eles haviam empobrecido por causa da guerra contra os franceses e seu
comércio fora prejudicado pela abertura dos portos brasileiros a outras nações. Somava­se a isso o
fato  de  os  principais  postos  do  exército  serem  ocupados  pelos  ingleses,  de modo  que  os  oficiais
portugueses ficavam em segundo plano.
Portugal encontrava­se, portanto, no meio de uma crise política, econômica e militar, que eclodiu
na  cidade  do  Porto,  em  1820.  Daí  espalhou­se  rapidamente  por  todo  o  país.  Vitoriosos,  os
revolucionários  implantaram  uma  junta  provisória  para  governar  e,  em  seguida,  convocaram  as
cortes que seriam eleitas e teriam a função de redigir e aprovar uma Constituição.
A Revolução Liberal do Porto, como essa revolta  ficou conhecida,  tinha muitas contradições.
Ao  mesmo  tempo  em  que  era  contra  o  absolutismodo  rei,  era  a  favor  da  volta  das  limitações
coloniais  para  o  Brasil.  Entre  as  várias  exigências  que  foram  feitas  a  D.  João  VI,  as  principais
foram:
o retorno imediato do rei para Portugal;
a aprovação da Constituição a ser promulgada em Lisboa;
a aprovação da nomeação de doze pessoas indicadas pelos revolucionários para o ministério e
para os cargos públicos mais importantes.
Pressionado pelos revoltosos e com medo de perder o trono português, D. João VI aceitou todas as
exigências e voltou para Portugal, em abril de 1821. Antes, porém, esvaziou os cofres do Banco do
Brasil, levando consigo quase todo o ouro.
Ao  partir,  D.  João  deixou  seu  filho, D.  Pedro,  como  príncipe  regente  do  Brasil.  Entretanto,  a
insatisfação  dos  colonos  crescia,  principalmente  a  daqueles  que  tinham  interesses  econômicos,
como os proprietários rurais, os comerciantes e os consumidores dos centros urbanos. A maioria da
população queria a independência.
Do outro lado, as cortes portuguesas tentavam revogar os acordos comerciais com a Inglaterra e,
em fins de 1821, exigiram a volta de D. Pedro para Portugal. Assim, aumentava a hostilidade entre
brasileiros  e  portugueses.  Contribuía  também  para  o  clima  de  animosidade  o  fato  de  militares
portugueses ocuparem os principais postos de comando do exército e terem muitos privilégios.
Pedro, que era casado com Maria Leopoldina, filha do imperador da Áustria, procurou contornar a
situação:  diminuiu  as  despesas  do  governo,  baixou  os  impostos  e  igualou militares  brasileiros  e
portugueses.
O  retorno  de  D.  Pedro  à  Europa  era  rejeitado  pelos  que  apoiavam  o  Partido  Brasileiro.  Essas
pessoas prepararam um manifesto pedindo a permanência do príncipe regente no Brasil. D. Pedro
decidiu ficar e proferiu, em 9 de janeiro de 1822, a famosa frase: “Como é para o bem de todos e a
felicidade  geral  da  nação,  estou  pronto:  diga  ao  povo  que  fico”.  O  episódio  ficou  conhecido
como Dia do Fico.
Em 1822, iniciaram­se as articulações políticas para a eleição de uma Assembleia Constituinte no
Brasil.  Além  desse,  outros  fatos  começaram  a mostrar  a  ruptura  cada  vez maior  do  Brasil  com
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Portugal.  As  tropas  portuguesas,  por  exemplo,  passaram  a  ser  consideradas  inimigas,  e  José
Bonifácio  e  Gonçalves  Ledo,  ministros  de  governo,  enviaram  cartas  e  manifestações  às  nações
amigas.
As  cortes  portuguesas,  insatisfeitas  com  o  rumo  dos  acontecimentos,  enviaram um despacho  ao
Brasil  revogando os decretos do príncipe  regente  e  exigindo  seu  retorno  imediato  a Portugal. D.
Pedro estava em viagem à província de São Paulo quando recebeu essas notícias. Era o que faltava
para  que  ele  proclamasse  a  independência,  promovendo  a  separação  política  do  Brasil  de
Portugal.
O fato aconteceu às margens do riacho Ipiranga, em São Paulo, no dia 7 de setembro de 1822.
No dia 1º de dezembro do mesmo ano, D. Pedro  foi coroado  imperador do Brasil, passando a se
chamar D. Pedro I.
O Brasil após a Independência
A  organização  política  do  Brasil  depois  da  separação  de  Portugal  diferenciava­se  da  dos  outros
países  latino­americanos  que  haviam  se  tornado  independentes  aproximadamente  no  mesmo
período. O Brasil adotou a monarquia como forma de governo, enquanto as ex­colônias espanholas
adotaram a república. Além disso, o Brasil foi o único país que, ao se tornar independente, passou a
ser governado por um membro da família real de sua ex­metrópole.
O Grito do Ipiranga, quadro de Pedro Américo. O pintor retratou décadas depois
(1888), segundo sua concepção, o momento em que D. Pedro rompeu com o governo
de Portugal.
Apesar do rompimento dos laços políticos e administrativos com Portugal, a situação econômica do
Brasil praticamente não se alterou, ou seja, continuou dominado pelos grandes proprietários de
terras. Além disso, aumentou a influência econômica do governo da Inglaterra, principal potência
europeia na época.
A Independência não significou melhoria nas condições de vida da maioria da população, que era
formada principalmente por escravos e mestiços.
O sistema de trabalho escravo não se modificou, e a participação política restringia­se aos ricos. As
lutas pelo estabelecimento de um governo republicano continuaram, o que dificultou a preservação
da unidade política do império. Várias revoltas ocorreram em algumas províncias, como veremos
adiante.
2017­5­22 A emancipação política do Brasil | Professor Alcides
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