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FACULDADE NOVOS HORIZONTES 
 
 
 
 
 
 
ASPECTOS TRABALHISTAS NO GERENCIAMENTO 
CONTÁBIL DAS EMPRESAS 
 
 
 
 
 
 
Carlos Fernandes Gomes 
Ilton Júnior Resende Soares 
Leonardo Dias Moreira 
Marcus José de Paula Lacorte 
Waldivino Costa Mesquita 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2008 
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Carlos Fernandes Gomes 
Ilton Júnior Resende Soares 
Leonardo Dias Moreira 
Marcus José de Paula Lacorte 
Waldivino Costa Mesquita 
 
 
 
 
 
 
ASPECTOS TRABALHISTAS NO GERENCIAMENTO 
CONTÁBIL DAS EMPRESAS 
 
 
Projeto Interdisciplinar apresentado à Faculdade Novos 
Horizontes – Unidade Santo Agostinho, como requisito 
parcial para aprovação nas disciplinas do Curso de 
Bacharelado em Ciências Contábeis (6º Período). 
 
Orientador: Prof. Evandro Toscano 
 
 
 
 
 
 
 
Belo Horizonte 
2008 
 
 
 
RESUMO 
 
 
O estudo da matéria referente aos aspectos trabalhistas no gerenciamento contábil 
das empresas tem por objetivo principal verificar os tipos de passivo trabalhista 
destas, e as formas de sua gestão em seus diversos aspectos. Mediante pesquisa 
bibliográfica e entrevista com profissionais da contabilidade, detentores de 
conhecimento amplo a respeito da matéria, chegou-se à conclusão de que é 
imprescindível que os gestores de qualquer organização devam ficar atentos ao 
gerenciamento eficiente das questões trabalhistas e, em especial, ao passivo 
trabalhista que delas pode advir, para evitar danos que tais questões possam causar 
à saúde financeira da empresa. Comprovou-se que os gestores das áreas de 
recursos humanos e contabilidade devem estar inter-relacionados em suas 
atividades e devidamente instruídos quanto ao conhecimento da legislação 
trabalhista de forma a bem aplicá-la, seja quanto ao que diz respeito ao trabalhador 
ou à empresa. Conclui-se, portanto, que as empresas devem atentar para a gestão 
coerente de suas atividades buscando seguir as legislações contábeis e trabalhistas 
em vigor, de forma a coibir quaisquer ações desfavoráveis contra si, por parte dos 
empregados ou do próprio poder público. 
 
 
PALAVRAS-CHAVE: Contingências trabalhistas ocultas. Encargos trabalhistas. 
Gestão contábil. Legislação trabalhista. Obrigações patronais. Passivo trabalhista. 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO 04 
2 DESENVOLVIMENTO 05 
2.1 Gestão Contábil 05 
2.2 Legislação Trabalhista 05 
2.3 Passivo Trabalhista 06 
2.4 Espécies de Passivo Trabalhista 07 
2.5 Modos de gerir o passivo trabalhista e formas de evitar um 
passivo trabalhista litigioso 09 
3 ANÁLISE DA PESQUISA DE CAMPO 13 
4 CONCLUSÃO 17 
REFERÊNCIAS 19 
APÊNDICE – QUESTIONÁRIO DE ENTREVISTA 20 
 
 4
 
 
 
1 INTRODUÇÃO 
 
 
As empresas devem garantir a sobrevivência de suas atividades gerindo de forma 
adequada toda a movimentação da mesma, seja de caráter financeiro, 
administrativo, orçamentário, e humano (mão-de-obra), neste raciocínio, no presente 
trabalho, serão estudados os aspectos trabalhistas no gerenciamento contábil das 
empresas, especificamente no que diz respeito ao passivo trabalhista. 
 
O estudo deste assunto é importante para a identificação dos aspectos trabalhistas 
que têm influência relevante no gerenciamento contábil das empresas, pois todas 
elas estão sujeitas a algum tipo de passivo trabalhista, sendo, portanto 
imprescindível o conhecimento desta matéria. 
 
Neste trabalho aborda-se, essencialmente, os tipos de passivo trabalhista com sua 
respectiva significância no âmbito das empresas, a identificação de formas de sua 
gestão, e meios de evitar algum passivo trabalhista litigioso. 
 
O problema levantado fundamentou-se na questão de verificar-se a influência 
exercida pelo passivo trabalhista nas questões inerentes à contabilidade das 
empresas. Para o alcance do objetivo do trabalho foram utilizadas as metodologias 
de estudo de acervo bibliográfico referentes à matéria em foco. Posteriormente, tal 
estudo foi subsidiado por pesquisa de campo efetuada com profissionais da 
contabilidade. Ao final realizou-se discussão e conclusão pelo grupo de pesquisa 
para a elaboração do resultado final. 
 
 
 
 
 
 5
 
 
 
2 DESENVOLVIMENTO 
 
 
2.1 Gestão Contábil 
 
 
Segundo Franco (1999), empresas bem administradas proporcionam valor líquido 
para seus acionistas, razão pela qual a gestão contábil tem relevância dentro das 
empresas, cabendo ao contador gerencial cuidar não apenas das questões afetas 
aos sistemas de contabilidade baseados em transações, mas também de várias 
formas de criar valor na empresa, contribuindo para um ambiente econômico 
saudável, e servindo ao interesse público. Inclui-se aí, as formas de gerenciamento 
das questões de cunho trabalhista que geram algum tipo de passivo para as 
organizações. 
 
 
2.2 Legislação Trabalhista 
 
 
Conforme Lima (2003), a legislação trabalhista brasileira teve início com os decretos 
e leis impostos pelo Estado e não se originaram de movimentos sociais, como é 
comum em todo processo normativo. O autor demonstra que essa legislação ligada 
ao Direito do Trabalho tem evoluído em razão da conscientização da classe operária 
em conjunto com seus respectivos sindicatos e, têm obtido êxito em suas 
reivindicações. Ressalta que o Direito do Trabalho tem como destinatários o 
empregado e empregador, podendo ser definido basicamente como sendo o 
conjunto de normas que disciplinam os direitos e deveres de empregados e 
empregadores. Historicamente, no Brasil, a política trabalhista foi idealizada por 
Getúlio Vargas, sendo a Constituição de 1934 a primeira Lei maior a tratar do 
assunto. 
 
 
 6
 
 
 
2.3 Passivo Trabalhista 
 
 
Conforme definição extraída da enciclopédia digital Wikipedia 
(http://pt.wikipedia.org/wiki/Passivo), em contabilidade o passivo corresponde ao 
saldo das obrigações devidas, enquanto no ativo se representam os bens e direitos 
que pertencem a uma determinade entidade. 
 
Para fins de análise contábil, as contas que compõe o passivo exígivel curto e longo 
prazo (direito privado), podem ser inicialmente segregadas em obrigações em 
moeda nacional, e obrigações em moeda estrangeira. A partir desse inicio, pode se 
proceder as sub-divisões, a serem compostas das principais obrigações. Como 
exemplo: salários, remunerações e encargos a pagar, empréstimos e financiamentos 
a pagar, fornecedores e prestadores de serviços a pagar, tributos a pagar e a 
recolher, adiantamentos a clientes, provisões etc. Sendo assim, inclui-se na 
categoria do passivo, o chamado “Passivo de Natureza Trabalhista” que conforme 
Pontes (2008), advogada especialista em Relações Trabalhistas, esclarece o 
seguinte : 
 
Há dois tipos de passivo trabalhista: 1º) o passivo normal, que envolve todos os 
pagamentos e obrigações normais da empresa para com os funcionários, como o 
salário, pagamento de férias, fundos, etc. 2º) O passivo que envolve as reclamações 
trabalhistas feitas pelos funcionários que ocorre pelo descumprimento das normas 
regidas pela CLT; sendo que o limite aceitável de ações é de 10% sobre o número 
de funcionários. 
 
Ainda com relação ao passivo trabalhista normal, Pontes (2008) informa que 
atualmente um funcionário trabalhando legalmente (com carteira assinada) custa 
102% para a empresa, além do seu salário, ou seja, custa o dobro. 
 
 7
 
 
Importante frisar que além do passivo trabalhista há também o passivo trabalhista 
oculto, decorrente de procedimento e entendimento empresarial realizado sem a 
observânciade legislação trabalhista e de súmulas do Tribunal Superior do 
Trabalho - TST 
 
 
2.4 Espécies de Passivo Trabalhista 
 
 
Conforme Oliveira (2002), dentre os tipos de passivo trabalhista que devem ser 
normalmente realizados pelas empresas, temos: 
 
Passivo referente a proventos 
 
 Salário que se refere a contraprestação devida e paga diretamente pelo 
empregador a todo empregado que pode ser pago diária, semanal, quinzenal 
e mensalmente, conforme Lei nº. 10.097/2000. Integram o salário além da 
importância fixa estipulada, as comissões, gorjetas, percentagens, 
gratificações ajustadas, diárias para viagem que excedam 50% do salário 
percebido pelo empregado e abonos pagos pelo empregador; 
 
 Horas extras que, conforme a Constituição sejam acrescidas de, no mínimo, 
50% da hora normal, e que poderá ter no máximo duas horas de acréscimo, 
isto mediante acordo escrito entre empregado e empregador, ou acordo 
coletivo, ou convenção coletiva, poderá ocorrer percentual superior ao 
mencionado anteriormente; 
 
 Adicional de insalubridade (quando a empresa estiver sujeita a esta espécie 
de passivo) que é devido a trabalhadores expostos a agentes nocivos à 
saúde, acima dos limites de tolerância fixados em razão da natureza e da 
intensidade do agente e do tempo de exposição aos seus efeitos. Com 
relação aos efeitos financeiros que podem acarretar ao empregador a 
 8
 
 
legislação define graus de insalubridades diferenciados: 10, 20 e 40% do 
salário mínimo a ser pago ao empregado, ou estes percentuais aplicados 
sobre o salário de categoria profissional, como os médicos por exemplo, que 
se calcula sobre 03 (três) salários mínimos; 
 
 Adicional de Periculosidade a ser pago pelas empresas cujos empregados 
estejam expostos à inflamáveis, explosivos em condições de risco acentuado. 
O percentual estipulado legalmente é de um adicional de 30% sobre o salário 
efetivo, não incidindo sobre gratificações, prêmios ou participações dos lucros 
da empresa; 
 
 Adicional noturno que é um direito ao empregado que trabalha no período 
entre 22 horas de um dia às 05 horas do dia seguinte cujo valor adicional é de 
pelo menos 20% sobre a hora diurna; 
 
 Ajuda de custo e diárias para viagens, que é a parcela paga de uma só vez 
para o empregado atender a certas despesas, sobretudo de transferência. 
Tem caráter indenizatório, nunca salarial, mesmo quando excede de 50% do 
salário, pois esse mínimo só diz respeito às diárias, que são importâncias 
concedidas para cobrir gastos com deslocamento do trabalho da sede da 
empresa e cessam quando ele retorna, só sendo levado em conta no cálculo 
do salário para efeito de indenização. 
 
Passivo referente a outras obrigações patronais 
 
 Contribuição sindical: Conforme dispõe o art. 580, inc. III da CLT, esta 
contribuição afeta ao empregador será recolhida, de uma só vez, anualmente, 
numa importância proporcional ao capital social da firma ou da empresa 
(CAMPANHOLE, 2004); 
 
 9
 
 
 Fundo de Garantia do Tempo de Serviço – FGTS: Conforme art. 27 do 
regulamento do fundo de garantia do tempo de serviço o empregador tem a 
obrigatoriedade de depositar 8% da remuneração paga ou devida no mês 
anterior a cada trabalhador, incluídas as parcelas de que tratam os arts. 457 e 
458 da CLT e a gratificação natalina. Obs.: Hoje os empresários pagam uma 
multa de 50% do FGTS quando demitem sem justa causa um empregado 
com carteira assinada. Desse total, 40% vão para o trabalhador conforme o 
artigo 5º, § 1º do decreto nº. 99.684, de 08/11/1990 e os outros 10%, 
financiam o pagamento dos expurgos dos planos Verão (fevereiro de 1989) e 
Collor 1 (março de 1990). 
 
 Instituto Nacional de Seguridade Social - INSS (do empregador): As empresas 
são obrigadas a contribuir com 20% calculados sobre o total da remuneração, 
para os segurados, empregados e trabalhadores avulsos que lhe prestam 
serviços. O recolhimento à Seguridade Social (INSS,Saúde, Assistência 
Social) e seus objetivos está preceituado no art. 194 a 295, da CF; 
 
 Vale-transporte: A empresa participará dos gastos de deslocamento do 
trabalhador com ajuda de custo equivalente a parcela que exceder a 6% de 
seu salário-base. 
 
 
2.5 Modos de gerir o passivo trabalhista e formas de evitar o passivo 
trabalhista litigioso 
 
 
O gestor de qualquer organização deve estar atento quanto ao cumprimento dos 
passivos trabalhistas sob sua responsabilidade, principalmente quanto aos valores, 
prazos de realização e conhecimento da legislação trabalhista; nesse aspecto, os 
profissionais da contabilidade e recursos humanos devem interagir para 
conhecimento mútuo da mão de obra da empresa e dos recursos dispensados a ela, 
 10
 
 
seja no que se refere ao passivo comum (salários, benefícios, etc.) e passivo 
contencioso (causa trabalhista, indenização, etc.). 
 
Sendo assim, os gestores devem atentar para a boa prática quanto ao que dispõe a 
Consolidação da Lei do Trabalho - CLT e demais legislação trabalhista 
complementar, observando as seguintes determinações quanto a: 
 
 Prazo para registro de empregado: deve ser registrado na mesma data de 
admissão, conforme arts. 29 e 53 da CLT. Em caso de descumprimento desta 
norma, a empresa será multada por empregado não registrado, acrescido de 
igual valor em cada reincidência (OLIVEIRA, 2002). Inclusive a Carteira de 
Trabalho deverá ser assinada e devolvida em um prazo de 48 horas no 
máximo; 
 
 Livro de Registro de Empregado e de Inspeção do Trabalho: É obrigatório, 
conforme, arts. 41 e 628 da CLT, sendo que sua falta acarretará multas; 
 
 Obrigatoriedade do Atestado Admissional relativo ao empregado, arts. 168 e 
169 da CLT; 
 
 Adequação do Horário de trabalho do empregado, conforme legislação 
vigente, conforme art. 7º, XIII, da C.F, e art. 58 da CLT; 
 
 Respeito ao descanso diário/semanal do empregado, conforme arts. 66 e 67 
da CLT; 
 
 Respeito aos pagamentos de horas extras, devidas conforme arts. 59 da 
CLT; 
 
 Cumprimento do prazo de pagamento de salários que deverão ser pagos até 
o 5º dia útil do mês seguinte ao trabalhado, art. 459 da CLT; 
 
 
 11
 
 
 Cumprir com as normas pertinentes aos pagamentos de adicional 
insalubridade/periculosidade, que exponham os trabalhadores a agentes 
nocivos à saúde, e condições de risco acentuado em suas atividades, 
conforme arts. 192, 193 e 194 da CLT; 
 
 Ao empregado, é devido o pagamento de gratificação natalina (13º salário) 
nas datas definidas pelas leis 4090/62 e 4749/65, que sujeita o empregador à 
multa por deixar de cumpri-lo; 
 
 O empregador deverá estar atento quanto à empregabilidade de menores, 
inclusive aprendizes, pois, caso estes estejam em desacordo com a lei, 
poderá redundar em multas; 
 
 O gestor deve atentar para concessão correta de férias ao empregado, em 
virtude de possíveis penalidades impostas pela lei nº. 7855/89, art. 3º, na 
hipótese de seu não cumprimento; 
 
 O empregador deve ficar atento ao recolhimento do INSS, inclusive da 
parcela descontada do empregado, pois se esta não for recolhida, configurará 
crime de omissão de repasse à Previdência Social, sujeitas às penalidades 
previstas em lei. Quando há valor divergente entre a GFIP e a GPS, a 
Receita Federal do Brasil emite IP - Intimação Para Pagamento, contra a 
empresa; 
 
 O gestor da organização deve precaver-se de modo a evitar que seus 
empregados sejam submetidos a situações vexatórias que venham ocasionar 
demandas judiciais relativas a danos morais, tais como: evitar revista pessoal 
de empregados. A CF, em seu art. 5º, inc. X defende a intimidade, 
privacidade e honra das pessoas e a CLT em seu art. 373-A, inc. VI reforça o 
texto da constituição em relação às empregadas;12
 
 
 O gestor deve observar quanto à sua obrigação de elaborar e implementar o 
Programa de Prevenção de Riscos Ambientais PPRA-, visando a preservação 
da saúde e integridade dos trabalhadores. Fazendo isso o empregador estará 
evitando, potencialmente, a ocorrência de algum sinistro ambiental que possa 
lhe originar algum passivo, seja de ordem pessoal (passivo trabalhista com 
empregado), seja de ordem pública (multa fiscal por dano ao meio-ambiente e 
recursos naturais) (OLIVEIRA, 2002). 
 13
 
 
 
3 ANÁLISE DA PESQUISA DE CAMPO 
 
 
Foi procedida uma pesquisa de campo mediante entrevista com dois contadores, 
cujas perguntas encontram-se elencadas no Apêndice A deste trabalho, sendo que a 
mesma foi baseada nos tópicos constantes do referencial teórico estudado. 
 
Por intermédio desta pesquisa qualitativa pôde-se compilar as respostas de ambos 
contadores para subsidiar o trabalho referente aos aspectos trabalhistas no 
gerenciamento contábil das empresas. 
 
Na opinião dos entrevistados o contabilista utilizando-se de seus conhecimentos 
jurídicos tem o dever de orientar seu cliente ou empregador sobre a obrigatoriedade 
de certos procedimentos a serem adotados pela empresa na área contábil, fiscal e 
departamento de pessoal, citando como exemplo que o profissional deve manter-se 
atualizado acerca da legislação trabalhista, ter um controle contábil perfeito, pois 
certamente, além dos benefícios para a empresa, estará evitando possíveis passivos 
trabalhistas e outros problemas de ordem previdenciárias. 
 
Informaram que não existe mais a figura do contabilista centralizador, detentor de 
todas as informações, e que atualmente, os profissionais que encaram sua profissão 
com seriedade, dedicação e ética devem interagir com os profissionais de outras 
áreas, e passando-lhes seus conhecimentos e recebendo o retorno também. 
 
Com relação à contribuição do contabilista nas formas de redução de passivos 
trabalhistas nas empresas, seja o normal ou o contencioso, um dos entrevistados 
enfatizou que em razão da complexidade e mutabilidade das legislações trabalhista 
e previdenciária é necessário que o profissional da área contábil esteja sempre 
atualizado quanto à adoção de medidas usuais nas empresas no trato de situações 
como: Exame dos documentos constitutivos da empresa; Exame dos documentos de 
admissão e informações legais do empregado; Exame da folha de pagamento; 
Verificação dos contratos de trabalho e documentação relativa e alterações; Exame 
 14
 
 
e análise dos contratos terceirizados para redução de risco e responsabilidade 
trabalhista subsidiária; Análise dos pagamentos avulsos, tributação e 
responsabilidade legal; Análise dos documentos de vales-transporte; Análise dos 
pagamentos de benefício legais e espontâneos da empresa; Conferência das 
cláusulas do contrato de trabalho, para adequação legal e redução de riscos 
(assinatura, preenchimento, etc.); Verificação dos documentos para concessão de 
salário família; Análise de situações de equiparação salarial; Análise do cartão 
ponto, preenchimento, assinatura, especificação de jornada, banco de horas etc.; 
Análise dos descontos efetuados, autorização, contrato e base legal; Análise dos 
procedimentos e das obrigações legais de medicina e segurança do trabalho; 
Conferência dos recolhimentos das obrigações sociais; Análise das rotinas 
trabalhistas X obrigações legais; Acompanhamento e treinamento do pessoal 
envolvido com orientações sobre as obrigações legais; Análise dos prontuários das 
demissões dos últimos dois anos; Controle de entrega e treinamento do uso de 
herpes; Análise e apuração quantitativa do passivo das reclamatórias trabalhistas. 
 
Já com relação ao mesmo tema o outro entrevistado afirmou que, uma forma muito 
utilizada para a redução do passivo trabalhista normal é a adoção de serviço 
terceirizado. Alega que a terceirização gera economia de tempo, redução de riscos, 
agilidade nas decisões, transforma custos fixos em variáveis, acarreta diminuição do 
espaço físico e das despesas com pessoal e passivo trabalhista. Comenta que pelo 
fato da legislação trabalhista ser bastante protecionista em relação ao empregado, o 
contador deve auxiliar muito o empregador na tomada de decisão sobre qual área 
deva ser ou não terceirizada, a fim de reduzir estes riscos. Para coibir o passivo 
trabalhista contencioso, o contador pode instruir seu cliente mostrando-lhe as causas 
que mais resultam em ações trabalhistas, por exemplo: a redução muito grande de 
funcionários que pode causar jornada de trabalho extensa, Neste caso, e em outros 
o contador pode auxiliar a empresa na adoção de meios de prevenção, através da 
análise dos prováveis riscos e criação de uma política preventiva. 
 
 15
 
 
Os pesquisados concordam entre si que o passivo trabalhista nas empresas 
influencia significativamente os custos operacionais, principalmente nas indústrias e 
em menor proporção nas empresas de prestação de serviços e comércio. 
 
Afirmaram os entrevistados que o contabilista deve fazer projeções e planejamentos 
tributários no que se refere a ocorrência de passivos trabalhistas futuros (passivo 
oculto) motivados por ações contenciosas, tendo um deles alertado que se houver 
uma ocorrência de reclamações trabalhistas por mais de 10% do número de 
funcionários faz-se necessário sanar tal situação de risco para a empresa. 
 
Os entrevistados foram unânimes em responder que é de praxe que o contabilista 
oriente o cliente quanto à criação de medidas preventivas contra ações trabalhistas, 
repassando para eles informações fidedignas de como se deve contratar um 
funcionário, como proceder no cumprimento das normas trabalhistas, realizar 
monitoramento do departamento de pessoal, dentre outras rotinas. Consideram que 
agindo assim os contabilistas contribuirão para que as empresas não sejam alvo de 
processos trabalhistas que venham acarretar prejuízos financeiros. 
 
Segundo os entrevistados, as pequenas empresas já têm o hábito de recorrer ao 
contador em todas as necessidades, porém algumas empresas de grande porte têm 
outra visão preferindo contratar um advogado trabalhista para cuidar dos processos. 
Muitas vezes isso não é vantajoso, pois conforme um dos entrevistados o advogado 
prefere defender a empresa em um processo do que evitar sua ocorrência. Já o 
contador prioriza a criação de medidas preventivas e orientativas para evitar 
possíveis reclamações trabalhistas. Nessa linha de trabalho, o contabilista contribui 
através do monitoramento das obrigações acessórias trabalhistas, na administração 
do passivo trabalhista e no provisionamento das obrigações previdenciárias. 
 
Os pesquisados informaram que os relatórios contábeis necessários para auxiliar o 
contador no gerenciamento contábil afeto às questões trabalhistas podem ser os 
relatórios gerenciais e o balancete cuja análise comparativa de um pelo outro, 
 16
 
 
poderá demonstrar a evolução da conta do ativo de depósitos judiciais 
demonstrativa da ocorrência de aumento deste ativo. 
 
 
Conforme os entrevistados não são todos os contabilistas que estão aptos a dar 
suporte às empresas quanto à gestão do passivo trabalhista, e creditam a alguns 
peritos, o domínio de grande conhecimento acerca da legislação trabalhista. 
 17
 
 
 
4 CONCLUSÃO 
 
 
Neste trabalho, realizado através de pesquisas baseadas no referencial teórico afeto 
aos aspectos trabalhistas no gerenciamento contábil das empresas, apurou-se que a 
identificação desses aspectos é fundamental no âmbito empresarial em razão da 
necessidade de gestão da situação contábil/administrativa/financeira da 
organização, ficando constatado pelos estudos que o passivo trabalhista é o agente 
que exerce maior influência no contexto relativo ao acompanhamento desta gestão.Ficou demonstrada a real necessidade de se proceder a um acompanhamento 
sistemático na relação empregado-empresa haja vista a íntima ligação que este 
relacionamento tem com os fatores financeiros e contábeis que envolvem ambos 
interessados, ou seja: de um lado os prestadores de trabalho ou serviços com direito 
a receberem o devido pagamento e de outro lado, os empregadores obrigados a 
retribuir pelas prestações laborais recebidas, ficando assim configurada a 
necessidade de se proceder a uma gestão trabalhista firmada em legislação própria 
(leis trabalhistas) que possibilite a não ocorrência de prejuízos decorrentes de ações 
trabalhistas danosas à saúde financeira da empresa, cujos reflexos podem ser 
visualizados através de relatórios contábeis. 
 
Em razão do que foi descrito no parágrafo anterior, procurou-se, principalmente, 
levantar os tipos de passivo trabalhista, a identificação de suas formas de gestão e 
meios de evitar algum tipo de passivo contencioso, cujo teor das matérias está 
listado no desenvolvimento deste trabalho. Ficou demonstrado de forma precisa a 
variedade numérica de obrigações trabalhistas as quais as empresas estão sujeitas 
e o percentual elevado de recursos que elas têm que despender para seu 
cumprimento, o que sem dúvida provoca reflexos consideráveis no que se refere aos 
aspectos contábil/financeiros empresariais. Além disso, estão demonstrados os 
tipos de passivo trabalhista contencioso que provocam um acréscimo desnecessário 
nas obrigações das empresas, uma vez que, se as relações empregatícias forem 
 18
 
 
bem conduzidas em conformidade com as leis, e sob a orientação de profissionais 
qualificados, incluindo-se aí, o contabilista, não ocorreriam tais situações. 
 
A pesquisa de campo foi importante para revelar que mesmo em se tratando de 
questão de cunho trabalhista a intervenção do profissional da área de contabilidade 
para fornecer informações acerca de passivo trabalhista se faz fundamental aos 
gestores empresariais, em razão de sua visão preventiva no que se refere ao 
cumprimento da legislação trabalhista. O conhecimento da legislação sobre 
Seguridade Social é também de extrema importância neste contexto. 
 
Ainda, em conformidade com o que foi informado na pesquisa de campo, percebe-se 
que as legislações trabalhista e contábil estão intimamente relacionadas, sendo que 
uma (trabalhista) produz reflexos mensuráveis (passivo normal) e imensuráveis 
(passivo contencioso oculto) na outra (contábil). Esses valores, que em regra, são 
expressivos, podem ser identificados nos relatórios contábeis e gerenciais das 
empresas. Ficou patente ainda, pelos dizeres dos entrevistados, sua unanimidade 
em considerar ser imprescindível que o contabilista ampare seu cliente (empresário) 
quanto à prestação de informações atinentes ao relacionamento entre empregado e 
empregador e outras questões relacionadas à área trabalhista de seu conhecimento 
não se restringindo somente à prestação de informações de cunho contábil. 
 
Em síntese, constatou-se sobejamente pelo material pesquisado e confrontação do 
que foi exposto pelos profissionais entrevistados, que o passivo trabalhista exerce 
de fato influência nas questões inerentes à contabilidade das empresas, sendo o 
gerenciamento contábil a ferramenta eficaz para este fim. Basta dizer, que dentre os 
diversos fatores apresentados neste trabalho que identificam o quanto o passivo 
trabalhista representa na contabilidade da empresa, destaca-se um, a título 
ilustrativo, referente à constatação de que um funcionário trabalhando legalmente, 
custa 102% para a empresa, além do seu salário. Tudo isso indica que um 
montante tão expressivo de exigibilidades como este, não há como deixar de 
provocar reflexos na contabilidade empresarial e respectivo lucro, sendo então de 
extrema importância que se proceda o gerenciamento contábil desse passivo para o 
próprio bem da empresa. 
 19
 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
 
CAMPANHOLE, Hilton Lobo; CAMPANHOLE, Adriano. Consolidação das Leis do 
Trabalho e Legislação Complementar. 108 ed. São Paulo. Atlas: 2004. 
 
 
FRANCO, Hilário. A contabilidade na era da globalização. São Paulo. Atlas: 1999. 
 
 
LIMA, Jorge de Souza. Legislação Social e Direito do Trabalho. Belo Horizonte. 
Revista da Faculdade de Direito de Itabira: 2004. 
 
 
OLIVEIRA, Aristeu de. Manual de Prática Trabalhista. 35ª ed. São Paulo. Atlas: 
2002. 
 
 
PONTES, Silvia Maria Munari. Comunidade RH / Entrevistas. Disponível em: 
<http://carreiras.empregos.com.br/comunidades/rh/entrevistas/030804-
silvia_passivo_trabalhista.shtm>. Acesso em: março.2008 
 
 
CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO. Decreto-lei nº. 5.452, de 1º de maio 
de 1943. DOU de 09/08/1943. 
 
 
http://pt.wikipedia.org/wiki/Passivo. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 20
 
 
 
APÊNDICE - Questionário de Entrevista 
Referente: Questionário elaborado com a finalidade de subsidiar as pesquisas 
efetuadas para o Projeto Interdisciplinar do 6º Período 
Tema do Trabalho: Aspectos trabalhistas no gerenciamento contábil das empresas. 
 
Entrevistado 1: Prêntice Costa Mesquita / Contador - CRC nº. 51.050/06 
Empresa: MODLINE 
 
Entrevistado 2: Cláudia Teles /Contador - CRC nº.077033 
Empresa: Organizações Contábeis Jairo Correa LTDA 
 
 
1) Em sua opinião, qual seria a "Responsabilidade do profissional da contabilidade 
no que se refere às questões trabalhistas" dentro de uma empresa? 
 
2) Você considera que o contabilista deve interagir com profissionais de outras áreas 
afetas às questões trabalhistas para realização de sua atividade? Se afirmativo, em 
que sentido? 
 
3) De qual maneira o contabilista pode contribuir na gestão empresarial de forma a 
reduzir o passivo trabalhista normal (salários, encargos, impostos etc.) e coibir o 
passivo trabalhista contencioso (ações trabalhistas em geral, multas governamentais 
etc.)? 
 
4) Em que grau de participação você considera que o passivo trabalhista exerce 
influência nos custos operacionais de uma organização? 
 
5) É usual que além das provisões normais, o contabilista faça projeção de possíveis 
passivos trabalhistas motivados por ações contenciosas? Se afirmativo, como é 
feito geralmente? 
 
6) É praxe que o contabilista oriente seus clientes quanto ao tratamento aplicável 
aos seus empregados durante o período de vínculo empregatício? 
 
7) Em sua opinião, seria fundamental que o empresário solicitasse colaboração do 
contador para o gerenciamento dos aspectos trabalhistas nas empresas? De qual 
forma? 
 
8) Em sua opinião, quais relatórios contábeis são mais viáveis para auxiliar o 
contador no gerenciamento contábil afeto às questões trabalhistas? 
 
9) O Senhor considera que os atuais prestadores de serviços contábeis estão aptos 
a dar suporte aos empresários quanto à gestão do passivo trabalhista?

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