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TERMODINÂMICA CONCEITOS IMPORTANTES Sistema: corresponde a parte do universo físico cujas propriedades estão sob investigação. Por exemplo, um recipiente contendo uma mistura reacional. O sistema está localizado em um espaço definido por uma fronteira (p. ex. as paredes de um recipiente), que separa- o do resto do universo (as vizinhanças do sistema). Um sistema pode ser classificado em 3 categorias: sistema aberto sistema fechado sistema isolado 2 Sistema aberto: é aquele que pode trocar energia e matéria com a vizinhança. Por exemplo, motores de automóveis, corpo humano, ... 3 Sistema fechado: é aquele que tem uma quantidade fixa de matéria mas pode trocar energia com a vizinhança. Por exemplo: bolsas de gelo, bolsas de água quente, ... ] Bolsa de gelo 4 Bolsa de água quente Sistema isolado: é aquele que não tem contato com a vizinhança, ou seja, sua fronteira não permite qualquer interação com a vizinhança. Um sistema isolado não produz efeitos ou perturbações observáveis em sua vizinhança. 5 Estado de um sistema: um sistema está em um estado definido quando cada uma de suas propriedades tem um valor definido. Por exemplo: um gás ideal (p, V e T definidos). Mudança de estado de um sistema: é definida quando os estados inicial e final são especificados. Por exemplo: estado inicial (p1, V1, T1) e estado final (p2, V2, T2) Trabalho: em termodinâmica, trabalho é definido como qualquer quantidade que escoa (que flui) através da fronteira de um sistema durante uma mudança de estado. 6 Da definição de trabalho devemos destacar: 1. o trabalho aparece apenas na fronteira de um sistema; 2. o trabalho aparece apenas durante uma mudança de estado; 3. o trabalho se manifesta através de um efeito na vizinhança do sistema; 4. a quantidade de trabalho é igual a mgh, onde “m” é a massa que foi suspensa, “g” é a acelaração da gravidade e “h” é a altura em que a massa foi suspensa. (em física, trabalho corresponde ao produto da força para deslocar um objeto pela distância de deslocamento); 5. o trabalho é uma quantidade algébrica. Ele é positivo quando a massa é suspensa, neste caso dizemos que “o trabalho foi produzido nas vizinhanças do sistema” ou que “o trabalho escoa para as vizinhanças do sistema”. Ele é negativo quando a massa é abaixada, neste caso dizemos que “o trabalho foi destruído nas vizinhanças” ou que “o trabalho escoou a partir das vizinhanças”. 7 um trabalho é realizado quando um peso é levantado contra a força da gravidade. Por exemplo, a reação em uma bateria realiza trabalho quando empurra uma corrente elétrica em um circuito. Outro exemplo é quando a expansão de um gás pode ser capaz de levantar um peso. o Calor Em termodinâmica, o CALOR é definido como uma quantidade que escoa através da fronteira de um sistema durante uma mudança de estado, em virtude de uma diferença de temperatura entre o sistema e suas vizinhanças, e escoa de um local a temperatura mais alta para um de temperatura mais baixa. 8 Da definição de calor podemos destacar: o calor aparece apenas na fronteira do sistema; o calor aparece apenas durante uma mudança de estado; o calor se manifesta por um efeito nas vizinhaças; a quantidade de calor é proporcional à massa de água que, nas vizinhanças, aumenta em 1 grau a temperatura, começando em uma temperatura e sob uma pressão específica; o calor é uma quantidade algébrica: é positivo quando uma massa de água nas vizinhanças é resfriada, neste caso dizemos que o calor escoou a partir das vizinhanças; é negativo quando uma massa de água nas vizinhanças é aquecida, neste caso dizemos que o calor escoou para as vizinhanças. Nas definições de calor e trabalho devemos observar os efeitos produzidos nas vizinhanças e não no interior do sistema. 9 Energia Interna e Trabalho A capacidade total de um sistema realizar trabalho é denominada de ENERGIA INTERNA, U. • não podemos medir a energia total de um sistema o que podemos fazer é medir as variações na energia do sistema. Por exemplo: se um sistema realiza um trabalho de 15 J, ele consumiu uma parte de sua energia armazenada e, dizemos que sua energia interna diminuiu 15 J, ou seja, U = - 15 J • por outro lado, quando realizamos trabalho sobre um sistema, sua energia interna aumenta. Por exemplo, comprimindo uma mola transferimos energia para a mola a mola comprimida pode realizar mais trabalho do que antes de ser comprimida. 10 • se realizamos 15 J de trabalho sobre um sistema, aumentamos a capacidade do sistema de realizar trabalho em 15 J. Em outras palavras, a energia interna do sistema é aumentada em 15 J U = +15 J • Para representar a energia transferida a um sistema pelo trabalho realizado, usamos a notação: U = W se a energia é transferida a um sistema como trabalho (por exemplo, comprimindo um gás), W é positivo dizemos que a energia interna do sistema aumenta quando o trabalho é realizado sobre ele; se a energia deixa o sistema como trabalho (por exemplo, expandindo um gás), W é negativo dizemos que a energia interna do sistema diminui quando ele realiza trabalho. 11 Trabalho de Expansão É aquele que envolve uma variação no volume do sistema contra uma pressão externa. Por exemplo, um gás expandindo em um balão empurra o ar atmosférico e, então, realiza um trabalho sobre ele. o Trabalho de Não-Expansão É o trabalho que não envolve uma variação de volume. Por exemplo, uma reação química pode realizar trabalho causando um fluxo de corrente elétrica. 12 Exemplo 1. Imaginemos a seguinte reação ocorrendo no interior de um tubo selado e rígido: 𝐶𝑎𝐶𝑂3 → 𝐶𝑎𝑂 + 𝐶𝑂2(𝑔) - o gás CO2 produzido não pode realizar trabalho empurrando as paredes rígidas portanto, um sistema mantido a volume constante não pode realizar trabalho de expansão. - se o sistema não pode realizar nenhum outro tipo de trabalho W = 0 - de acordo com a 1ª Lei da Termodinâmica U = W + Q, sendo W=0, U = Q, qualquer variação na energia interna do sistema origina-se da transferência de energia como calor entre o sistema e a vizinhança. Portanto, à volume constante U = Q U = Q (1) 13 A equação (1) significa que podemos medir a variação na energia interna de um sistema a volume constante simplesmente monitorando a transferência de energia na forma de calor. Por exemplo, se a decomposição do carbonato de cálcio (CaCO3) absorve 16 kJ de energia como calor das vizinhanças (Q = +16 kJ) podemos concluir que U = + 16 kJ 14 Exemplo 2. Imaginemos que a mesma reação do exemplo 1 ocorra em um local cujas paredes são móveis (a tampa corresponde a um pistão que se move), de modo que o gás CO2 formado pode expandir-se. O sistema realiza trabalho quando se expande contra uma pressão externa, pext O trabalho é proporcional a pressão externa e a variação de volume, V 15 pext supondo a pressão externa constante: - a pressão externa atua sobre a face externa do pistão proporcionando uma força que se opõe à expansão do gás.- a quantidade de trabalho realizado quando o sistema se expande em um volume V, é proporcional à pressão externa, pext - sabendo que, 𝑊 = 𝐹 d (onde, F é a força e d é o deslocamento), e que, 𝑝 = 𝐹 𝐴 (onde, A é a área do pistão), a força que se opõe à expansão do gás é corresponde ao produto da pressão externa pela área do pistão: 𝐹 = 𝑝𝑒𝑥𝑡 A - supondo que o pistão é deslocado por uma distância d, o trabalho será dado pela expressão: 𝑊 = 𝑝𝑒𝑥𝑡 A d, onde A d = ∆V (variação do volume) - finalmente, 𝑾 = −𝒑𝒆𝒙𝒕 ∆𝑽 (o sinal negativo indica que o sistema ao se expandir perde energia na forma de trabalho) 16 Trabalho de expansão à pressão constante: dz = distância percorrida pelo pistão - quando o pistão de área A se desloca uma distância dz, ele varre um volume igual a 𝑑𝑉 = 𝐴 𝑑𝑧 (1) - a pressão externa provoca uma força que se opõe à expansão: 𝐹 = 𝑝𝑒𝑥𝑡 𝐴 (2) - o trabalho de expansão corresponde ao trabalho para deslocar um corpo na distância dz de uma força F que se opõe ao deslocamento: 𝑑𝑊 = −𝐹 𝑑𝑧 (3) - a pressão externa corresponde a essa força que se opõe ao deslocamento do corpo (consideramos o pistão sem peso e sem atrito rígido) substituindo a eq. (2) na eq. (3): 𝑑𝑊 = − 𝑝𝑒𝑥𝑡 𝐴 𝑑𝑧 (4) 17 pext pext dz 𝐶𝑎𝐶𝑂3 → 𝐶𝑎𝑂 + 𝐶𝑂2(𝑔) - substituindo a eq. (1) na eq. (4): 𝑑𝑊 = −𝑝𝑒𝑥𝑡 𝑑𝑉 (5) - para o trabalho realizado, quando o volume passa de Vi para Vf na expansão do gás, é dado pela integração da eq. (5) entre estes volumes: 𝑊 = 𝑝𝑒𝑥𝑡 𝑑𝑉 𝑉𝑓 𝑉𝑖 (6) - sendo a pressão externa constante, 𝑊 = −𝑝𝑒𝑥𝑡 𝑉𝑓 − 𝑉𝑖 = − 𝑝𝑒𝑥𝑡 ∆𝑉 (7) (o trabalho realizado por um gás em expansão à pressão constante é calculado através da eq. (7)) A representação gráfica da eq. (7) é: 18 o trabalho corresponde a área sombreada no diagrama pV Expansão Reversível* – Aplicação *a pressão externa, pext, neste caso é constante Suponha um gás contido em um recipiente com um pistão móvel e, suponha ainda que a pressão externa é igual a pressão do gás (pext = p): (a) se a pext sofrer uma diminuição infinitesimal o gás se expande infinitesimalmente; (b) se a pext aumentar de um infinitésimo o gás se contrai infinitesimalmente. Nos casos (a) e (b) a transformação é termodinamicamente reversível. - Para obter uma expansão reversível faz-se a pext = p em cada etapa da expansão. Neste caso, a eq. (5) pode ser reescrita como: 𝑑𝑊 = −𝑝𝑒𝑥𝑡 𝑑𝑉 = −𝑝 𝑑𝑉 (8) 19 *ao substituir a pressão externa pela pressão do gás na eq. (8) estamos garantindo a reversibilidade. **o trabalho total em uma expansão reversível é, então: 𝑊 = − 𝑝 𝑑𝑉 𝑉𝑓 𝑉𝑖 (9) - se conhecemos a equação de estado do gás, podemos exprimir p em função de V e calcular a integral da eq. (9) 20 Expansão Isotérmica Reversível (um dos casos mais importantes de expansão reversível) - consideremos a expansão isotérmica de um gás ideal (T=cte) - a equação de estado para o gás ideal é dada por: 𝑝𝑉 = 𝑛𝑅𝑇 (10) - à T=cte, em cada etapa da expansão a pressão é dada por: 𝑝 = 𝑛𝑅𝑇 𝑉 (11) onde, V é o volume do gás em cada etapa da expansão. - o trabalho de expansão isotérmica reversível de um gás ideal, do volume Vi ao volume Vf, na temperatura T é (partindo da eq. (9)): 𝑊 = − 𝑝 𝑑𝑉 = − 𝑛𝑅𝑇 𝑉 𝑑𝑉 𝑉𝑓 𝑉𝑖 = −𝑛𝑅𝑇 1 𝑉 𝑑𝑉 𝑉𝑓 𝑉𝑖 𝑉𝑓 𝑉𝑖 21 finalmente, 𝑊 = −𝑛 𝑅 𝑇 ln 𝑉𝑓 𝑉𝑖 (12) *na expansão, Vf > Vi ln 𝑉𝑓 𝑉𝑖 > 0 W > 0 **se, W< 0, o gás realiza trabalho sobre a vizinhança ao se expandir, sua energia interna diminui; ***a eq. (12) mostra que para uma dada variação de volume, o trabalho realizado é tanto maior quanto mais elevada for a temperatura; *v o diagrama pV para a expansão isotérmica reversível é: 22 Diagrama pV para uma expansão isotérmica irreversível: *o trabalho obtido na expansão reversível (área maior) é maior do que aquele obtido na expansão irreversível (área menor) 23 p = nRT/V Trabalho de expansão reversível à T=cte ( ) Trabalho de expansão irreversível, pext = cte e pext ≠ p ( e ) Capacidade Calorífica - a energia interna de uma substância aumenta quando a temperatura se eleva: ↑ T ↑ U *esse aumento depende das condições em que ocorre o aquecimento. Aquecimento à volume constante: por exemplo, aquecer um gás em um vaso calorimétrico à volume constante. O gráfico de energia interna do gás versus temperatura de aquecimento é: 24 **O coeficiente angular da curva, em cada temperatura, é a capacidade calorífica à volume constante, CV C𝑉 = 𝜕𝑈 𝜕𝑇 𝑉 (1) 25 ***A capacidade calorífica é uma propriedade extensiva: 100 g de água tem a capacidade calorífica 100 vezes maior do que a de 1 g de água, ou seja, é preciso 100 vezes a quantidade de calor fornecida para 1 g de água para sofrer a mesma variação de temperatura. As reações químicas ao se processarem absorvem ou liberam calor do/para o meio e podem ser classificadas como: - reações exotérmicas: reações químicas que liberam calor para as vizinhanças; - reações endotérmicas: reações químicas que absorvem calor das vizinhanças. 26 De acordo com a expressão matemática da PRIMEIRA LEI DA TERMODINÂMICA: ∆𝑈 = 𝑄 +𝑊 a energia interna de um sistema pode variar com o trabalho, W, e com o calor, Q. - para o caso de um sistema isolado, a energia interna é constante pois, Q = 0 e W = 0; - se a reação é exotérmica, ela transfere energia ao calorímetro (na forma de calor), resultando em um aumento de temperatura, T; - o aumento de temperatura é proporcional à energia transferida e, a constante de proporcionalidade é denominada de “constante do calorímetro”, Ccal. 𝑞𝑐𝑎𝑙 = 𝐶𝑐𝑎𝑙 ∆𝑇 (2) onde, qcal corresponde à quantidade de calor transferida pela reação química ao calorímetro; Ccal, a constante calorífica do calorímetro informa a quantidade de calor que é absorvida pelo calorímetro por grau Celsius de aumento de temperatura - sua importância em calorimetria é que nos permite determinar a quantidade de energia transferida a partirda variação de temperatura, a qual é facilmente mensurável. 27 Exemplo 1: uma reação ocorre em um calorímetro de capacidade calorífica igual a 2,0 kJ oC-1 . A temperatura do calorímetro aumenta 3,25 oC. Qual é o valor do calor para a mistura reacional? Capacidade Calorífica Específica: também denominada de “Calor Específico”, CS, é a capacidade calorífica dividida pela massa da amostra: 𝐶𝑆 = 𝐶 𝑚 (3) Capacidade Calorífica Molar: é a capacidade calorífica dividida pelo número de mols da amostra: 𝐶𝑀 = 𝐶 𝑛 4 * se temos conhecimento da massa da amostra, a equação (2) [𝒒𝒄𝒂𝒍 = 𝑪𝒄𝒂𝒍 ∆𝑻 ] pode tornar-se: 𝑞 = 𝐶 ∆𝑇 = 𝑚 𝐶𝑆 ∆𝑇 (5) (3) ** de acordo com a eq. (5), quanto maior a capacidade calorífica da substância, maior a quantidade de calor necessária para provocar um dado aumento na temperatura. 28 Exemplo 2: Medindo a capacidade calorífica de uma substância: adicione 50 g de água à 20 oC a um calorímetro. Coloque 21 g de ferro à 90,2 oC no calorímetro. Suponha que a medida da temperatura final seja de 23,2 oC. Qual é a capacidade específica do ferro? Dado: CS,H2O = 4,184 J oC-1 g-1 (é a capacidade calorífica específica da água líquida) Entalpia, H Se não ocorre variação no volume de um sistema e, portanto, nenhum trabalho de expansão é realizado (W=0), então, a variação na energia interna, U, é igual à energia fornecida ao sistema como calor: ∆𝑈 = 𝑄 , à 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 𝑐𝑜𝑛𝑠𝑡𝑎𝑛𝑡𝑒 Na área da Química, entretanto, estamos mais interessados em transferências de calor à pressão constante, uma vez que, a maioria das reações químicas ocorrem em recipientes abertos à atmosfera, logo, essas reações ocorrem à pressão constante de 1 atm (tais sistemas são livres para se expandir ou se contrair). 29 *A função de estado que permite obter informações sobre as variações de energia à pressão constante é denominada de entalpia, H: 𝐻 = 𝑈 + 𝑝 𝑉 (a) - a equação (a) corresponde à definição de entalpia. **se ocorre uma mudança no sistema, à pressão constante, tal que nessa mudança variam a energia interna e o volume do sistema, então: ∆𝐻 = ∆𝑈 + 𝑝 ∆𝑉 (b) sendo, ∆𝑈 = 𝑄 +𝑊 ∆𝐻 = 𝑄 +𝑊 + 𝑝 ∆𝑉 (c) ***se o volume do sistema varia, por exemplo, em uma expansão à pressão constante: 𝑊 = − 𝑝𝑒𝑥𝑡 ∆𝑉 (d) Substituindo (d) em (c): 30 ∆𝐻 = 𝑞 −𝑝𝑒𝑥𝑡 ∆𝑉 + 𝑝 ∆𝑉 *vse o sistema é aberto, a pressão do sistema, p, é igual à pressão atmosférica, pext: p = pext finalmente, ∆𝐻 = 𝑄 − 𝑝𝑒𝑥𝑡 ∆𝑉 + 𝑝𝑒𝑥𝑡 ∆𝑉 assim, ∆𝑯 = 𝑸, à 𝒑𝒓𝒆𝒔𝒔ã𝒐 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆 quando transferimos energia (na forma de calor) a um sistema, à pressão constante, a entalpia do sistema aumenta: H > 0, reações endotérmicas; quando energia (em forma de calor) deixa o sistema, à pressão constante, a entalpia do sistema diminui: 𝐻 < 0 , reações exotérmicas. A entalpia de um sistema é uma função de estado que corresponde a uma medida da energia do sistema na forma de calor, à pressão constante. 31 Capacidade Calorífica dos Gases: *à volume constante: 𝑪𝑽 = ∆𝑼 ∆𝑻 (1) 𝑸 = 𝑪𝑽 ∆𝑻 → 𝑪𝑽 = 𝑸 ∆𝑻 → 𝑪𝑽 = ∆𝑼 ∆𝑻 e ∆𝑼 = 𝑾+𝑸 𝒔𝒆𝒏𝒅𝒐, 𝑾 = 𝟎 → ∆𝑼 = 𝑸 **à pressão constante: 𝑪𝑷 = ∆𝑯 ∆𝑻 (2) 𝑸 = 𝑪𝑷 ∆𝑻 → 𝑪𝒑 = 𝑸 ∆𝑻 → 𝑪𝑷 = ∆𝑯 ∆𝑻 e ∆𝑯 = 𝑸 32 Capacidade Calorífica Molar à volume constante: 𝐶𝑉,𝑀 = 𝐶𝑉 𝑛 = ∆𝑈 𝑛 ∆𝑇 (3) Capacidade Calorífica Molar à pressão constante: 𝐶𝑝,𝑀 = 𝐶𝑝 𝑛 = ∆𝐻 𝑛 ∆𝑇 (4) Qual a relação entre CV e CP????? - a definição de entalpia: 𝐻 = 𝑈 + 𝑝 𝑉 (i) - para o caso dos gases ideais, a equação de estado é: 𝑝 𝑉 = 𝑛 𝑅 𝑇 (ii) - substituindo (ii) em (i): 𝐻 = 𝑈 + 𝑛 𝑅 𝑇 (iii) - quando a amostra de um gás ideal é aquecida, a entalpia, a energia interna e a temperatura mudam, portanto: ∆𝐻 = ∆𝑈 + 𝑛 𝑅 ∆𝑇 (iv) - a capacidade calorífica à pressão constante é: 𝐶𝑃 = ∆𝐻 ∆𝑇 (v) - substituindo (iv) em (v): 𝐶𝑝 = ∆𝐻 ∆𝑇 = ∆𝑈+𝑛 𝑅 ∆𝑇 ∆𝑇 = ∆𝑈 ∆𝑇 + 𝑛 𝑅 ∆𝑇 ∆𝑇 → 𝐶𝑃 = ∆𝑈 ∆𝑇 + 𝑛 𝑅 (vi) - sendo, 𝐶𝑉 = ∆𝑈 ∆𝑇 , a equação (v*) torna-se: 𝑪𝒑 = 𝑪𝑽 + 𝒏 𝑹 (vii) 33 Se expressarmos a equação (vii) em termos das capacidades caloríficas molares: 𝑪𝑷 𝒏 = 𝑪𝑽 𝒏 + 𝒏𝑹 𝒏 → 𝑪𝑷,𝑴 = 𝑪𝑽,𝑴 + 𝑹 (viii) - a capacidade calorífica molar de um gás ideal à pressão constante é maior do que a capacidade calorífica molar à volume constante por um fator R (= 8,314 J K-1 mol-1) 34 Entalpia de Mudança de Fase: As substâncias sofrem mudanças de estado denominadas de “transições de fase”, dentre as quais podemos citar: - Vaporização (L G): essa transição de fase envolve uma mudança de energia da substância na medida em que as moléculas vão se separando umas das outras. *uma mudança de fase que resulta em maior separação das moléculas requer energia sendo, portanto, endotérmica. - Condensação (L S): ocorre quando a transição de fase envolve uma mudança na energia da substância na medida em que as moléculas juntam-se umas com as outras. **uma mudança de fase que leva a um aumento do contato molecular é exotérmica. *** as transições de fase ocorrem normalmente à pressão constante neste caso podemos identificar o calor medido com a mudança na entalpia da substância. 35 Entalpia de Vaporização, ∆H𝒗𝒂𝒑 (L G) - corresponde a diferença de entalpia entre os estados de vapor (G) e líquido (L) de uma substância. Por exemplo, para a água em seu ponto de ebulição, 100 oC, a ∆H𝒗𝒂𝒑 é igual a 40,7 kJ mol-1 isso significa que, para vaporizar 1 mol de H2O à 100 oC são necessárias 40,7 kJ de energia (na forma de calor), à pressão constante (∆H = Q). Entalpia de Fusão, ∆H𝒇𝒖𝒔 (S L) - corresponde à diferença de entalpia entre os estados líquido (L) e sólido (S) de umasubstância. Por exemplo, a entalpia de fusão da água, ∆H𝒇𝒖𝒔, à 0 oC é igual a 6,0 kJ mol-1 (isso significa que para fundir 1 mol de H2O sólido (18,0 g) à 0 oC são necessárias 6,0 kJ de energia. 36 Entalpia de Sublimação, ∆𝑯𝒔𝒖𝒃𝒍 - corresponde a variação de entalpia por mol do sólido sob sublimação: ∆𝐻𝑠𝑢𝑏𝑙 = ∆𝐻𝑓𝑢𝑠 − ∆𝐻𝑣𝑎𝑝 à T = cte Entalpia de Congelamento, ∆𝑯𝒄𝒐𝒏𝒈 - corresponde a diferença de entalpia entre os estados sólido e líquido de uma substância. É o processo inverso ao da fusão. ∆𝐻𝑐𝑜𝑛𝑔 = −∆𝐻𝑓𝑢𝑠 isto é, quando 1 mol de H2O líquida congela à 0 oC é liberada uma energia de –6,0 kJ, ou seja, ∆𝐻𝑐𝑜𝑛𝑔 = −6,0 𝑘𝐽 𝑚𝑜𝑙 −1 S G S L L G 37 Entalpia de Congelamento, ∆H𝒄𝒐𝒏𝒈 - corresponde á diferença de entalpia entre os estados sólido (S) e líquido (L) de uma substância. É o processo inverso ao da fusão: ∆𝐻𝑐𝑜𝑛𝑔 = − ∆𝐻𝑓𝑢𝑠 Generalizando: ∆𝑯 𝒑𝒓𝒐𝒄𝒆𝒔𝒔𝒐 𝒊𝒏𝒗𝒆𝒓𝒔𝒐 = − ∆𝑯 (𝒑𝒓𝒐𝒄𝒆𝒔𝒔𝒐 𝒅𝒊𝒓𝒆𝒕𝒐) (B) 2 CH4(g) + 4 O2(g) 2 CO2(g) + 4 H2O(l) H = - 1.780 kJ 38 Entalpia de Reação, ∆𝑯 Equação termoquímica: corresponde à equação que representa uma reação química acrescida da informação da quantidade de calor que foi absorvida ou liberada pela reação. Por exemplo: (A) CH4(g) + 2 O2(g) CO2(g) + 2 H2O(l) H = - 890 kJ *prestar atenção na estequiometria da reação; **se a reação acima for multiplicada por 2, a variação da entalpia será duas vezes maior porque a equação representa agora a queima de duas vezes mais metano. Determinando a entalpia de reação a partir de dados experimentais: Exemplo: quando 0,113 g de benzeno queima em excesso de oxigênio em calorímetro de pressão constante com capacidade calorífica de 551 J oC-1 , sendo a temperatura aumentada de 8,60 oC. Calcule a entalpia de reação para: 2 C6H6(l) + 15 O2(g) 12 CO2(g) + 6 H2O(l) e escreva a correspondente equação termoquímica. 39 Relação entre U e H * em um calorímetro aberto a reação acontece à pressão constante e Q = H; ** na bomba calorimétrica entretanto, a reação ocorre a volume constante e Q = U (pois, W=0); *** em alguns casos é necessário converter U a H, por exemplo, é fácil medir o calor liberado pela combustão da glicose em uma bomba calorimétrica (onde, Q = U), entretanto, na queima da glicose pelo metabolismo (onde, p = cte) necessitamos medir a entalpia de reação, H (H U); *v para reações que não envolvem gases: H = U; v entretanto, se um gás é consumido ou formado na reação algum trabalho é realizado, de modo que a diferença é significativa (pois, neste caso, U = Q + W); 40 v* consideremos um gás ideal como reagente, com número de mols inicial igual a ninicial: • a entalpia inicial é: Hinicial = Uinicial + p Vinicial Hinicial = Uinicial + ninicial R T • quando a reação estiver completada, existirá nfinal mols de gás ideal do produto e a entalpia final é: Hfinal = Ufinal + p Vfinal Hfinal = Ufinal + nfinal R T • a diferença de entalpia é: H = Hfinal – Hinicial = U + (nfinal - ninicial) R T se, ngás > 0, gás é formado na reação H = U + ngás RT se, ngás < 0, gás é consumido na reação pV = n R T 41 a entalpia da reação é menos negativa (pela quantidade ngás R T) do que a energia interna da reação para reações que geram gases (ngás > 0) (H = U + ngás RT); para reações em que não há variação de quantidade de gás, as duas quantidades são praticamente as mesmas (ngás 0 H U). Exemplo: (relacionando H e U para uma reação química) Um calorímetro à volume constante mostrou que a perda de calor que acompanha a combustão de 1000 mols de moléculas de glicose na reação: C6H12O6(s) + 6 O2(g) 6 CO2(g) + 6 H2O(g) é 2559 kJ à 298 K, ou seja, U = - 2559 kJ. Qual é a variação na entalpia para a mesma reação? 42 Entalpia-padrão de Reação, Hr o O calor liberado ou absorvido por uma reação depende do estado físico dos reagentes e produtos (entalpia-padrão). Por exemplo, consideremos as duas equações termoquímicas: (A) CH4(g) + 2 O2(g) CO2(g) + 2 H2O(g) H = - 802 kJ (B) CH4(g) + 2 O2(g) CO2(g) + 2 H2O(l) H = - 890 kJ *na reação (A) a água é produzida como vapor; **na reação (B) a água produzida é líquida; - consequentemente, o calor produzido é diferente em cada caso. O estado-padrão de uma substância significa que essa substância se encontra em sua forma pura, sujeita à pressão de 1 bar (a temperatura é, normalmente, 298,15 K (25 oC)) 43 *uma entalpia de reação baseada nos estados-padrão é denominada de entalpia-padrão de reação, Hr o **a entalpia-padrão de reação é a entalpia de reação quando reagentes e em seus estados-padrão se transformam em produtos em seus estados-padrão; ***por exemplo, para a reação (B), o valor Hr o = - 890 kJ mol-1 significa que o calor liberado é 890 kJ por mol de CH4, quando metano puro à 1 bar reage com oxigênio puro também à 1 bar, fornecendo o gás dióxido de carbono puro e água líquida pura, ambos à 1 bar. 44 Lei de Hess – combinando as entalpias de reação Lei de Hess: a entalpia total da reação corresponde à soma das entalpias de reação das etapas em que a reação pode ser dividida. Por exemplo, a seguinte reação: C(s) + O2(g) CO2(g) ocorre em duas etapas: (etapa 1) – oxidação do carbono a monóxido de carbono: C(s) + ½ O2(g) CO(g) Hr o = - 110,5 kJ (etapa 2) – oxidação do monóxido de carbono a dióxido de carbono: CO(g) + ½ O2(g) CO2(g) Hr o = - 283,0 kJ A reação total corresponde à soma das equações das reações intermediárias: C(s) + ½ O2(g) CO(g) Hr o = - 110,5 kJ CO(g) + ½ O2(g) CO2(g) Hr o = - 283,0 kJ ------------------------------------- -------------------------- C(s) + O2(g) CO2(g) Hr o = - 393,5 kJ *equações termoquímicas para as etapas individuais de uma sequência de reações podem ser combinadas para fornecer a equação termoquímica da reação total. 45 Exercício: Considere a reação para síntese de propano (C3H8), um gás bastante utilizado como combustível: 3 C(s) + 4 H2(g) C3H8(g) Sabendo que é difícil medir a variação de entalpia desta reação, pode- se considerar as seguintes etapas individuais para determinar a entalpia de reação: (a) C3H8(g) + 5 O2(g) 3 CO2(g) + 4 H2O(l) Ho = - 2.220 kJ (b) C(s) + O2(g) CO2(g) H o = - 394,0 kJ (c) H2(g) + ½ O2(g) H2O(l) Ho = - 286,0 kJ Determine a entalpia-padrão de reação para formação de propano. 46 Entalpia-padrão de Formação, Hf o A entalpia-padrão de formação de uma substância corresponde à entalpia de reação para a formação da substância a partir de seus elementos em sua forma mais estável. Por exemplo, obtemos a entalpia-padrão de formação para o etanol a partir da equação termoquímica para sua formação a partir do grafite (que é a forma mais estável do carbono), do hidrogênio e oxigênio gasosos: 2 C(s) + 3 H2(g) + ½ O2(g) C2H5OH(l) Hf o = -277,69 kJ *a entalpia-padrãode formação é expressa em kJ por mol de uma substância. **a entalpia-padrão de formação de um elemento em sua forma mais estável é definido como ZERO Hf o = 0 ***entretanto, a entalpia-padrão de formação de um elemento em uma forma diferente da mais estável é diferente de zero. Por exemplo, a conversão de carbono de grafite a diamante é endotérmica: C(s, grafite) C(s, diamante) Hf o = 1,9 kJ (a entalpia-padrão de formação do diamante é +1,9 kJ mol-1) 47 *v podemos combinar as entalpias-padrão de formação para calcular uma entalpia-padrão de reação: Hr o = n Hf o (produtos) - n Hf o (reagentes) onde, n corresponde aos coeficientes estequiométricos dos reagentes e produtos na equação química. Exercício: Calcular a entalpia-padrão da reação de combustão do benzeno a partir das entalpias-padrão de formação. Considere a seguinte reação de combustão do benzeno: 2 C6H6(l) + 15 O2(g) 12 CO2(g) + 6 H2O(l) 48 Entalpia de Ligação, HB Quando uma reação acontece as ligações existentes são rompidas e novas ligações são formadas. A força de uma ligação química é medida pela entalpia de ligação, HB, que corresponde à diferença entre a entalpia-padrão molar da molécula, X-Y, e seus fragmentos X e Y: ∆𝐇𝐁 𝐗 − 𝐘 = 𝐇𝐦𝐨 𝐗, 𝐠 + 𝐇𝐦𝐨 𝐘, 𝐠 − 𝐇𝐦𝐨 (𝐗𝐘, 𝐠) *entalpias de ligação são sempre positivas, porque medem o calor necessário para romper uma ligação HB > 0 49 **as entalpias de ligação tabeladas correspondem a seus valores médios: Por exemplo, a entalpia de ligação para a ligação O H: valor médio de HB(O-H) = 463,5 kJ mol -1 (valor tabelado no Handbook de Físico-Química) #considerando os valores de HB(O-H) em duas moléculas, água e metanol: - ligação O H na água: HO H tem HB(O-H) = 492 kJ mol -1 - ligação O H no metanol: CH3O H tem HB(O-H) = 437 kJ mol -1 # neste caso, considerando estes dois valores, o valor médio corresponde a 464,5 kJ mol-1 - uma vez que, essas variações não são muito grandes, podemos considerar seus valores médios. 50 Valores de entalpia de ligação, HB 51 ***para calcular a entalpia de reação a partir das entalpias de ligação uma consideração importante a se fazer é considerar todas as substâncias no estado gasoso. Exemplo: (usando as entalpias de ligação médias para estimar a entalpia de uma reação) Estime a variação de entalpia da reação entre o iodoetano gasoso e vapor de água: CH3CH2I(g) + H2O(g) CH3CH2OH(g) + HI(g) 52 Variação da entalpia de reação com a temperatura Suponha que conhecemos a entalpia de reação a uma determinada temperatura, entretanto, necessitamos conhecer seu valor em uma temperatura diferente. Por exemplo, a temperatura do sangue humano é cerca de 37 oC entretanto, os dados tabelados são obtidos a 25 oC (Questionamento: essa diferença de 12 oC na temperatura é uma diferença significativa para a entalpia de reação que acompanha um processo metabólico?????) as entalpias dos reagentes e dos produtos aumentam com a temperatura; o aumento na entalpia de uma substância quando a temperatura aumenta depende de sua capacidade calorífica à pressão constante: Q = C T à p=cte, Q = H H = Cp T (i) neste caso, devemos ser capazes de prever a variação na entalpia de reação usando as capacidades caloríficas de todos os reagentes e produtos. 53 da equação (i) sabemos que, se elevamos a temperatura da substância de T1 para T2, a entalpia aumenta de H1 para H2: H2 – H1 = Cp (T2 –T1) H2 = H1 + Cp (T2-T1) (ii) a expressão (ii) aplica-se a todas as substâncias envolvidas na reação, então: ∆𝐻𝑜𝑟,2 = 𝐻 𝑜 𝑚,2 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠 − 𝐻 𝑜 𝑚,2 𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 ∆𝐻𝑜𝑟,2 = [𝐻 𝑜 𝑚,1 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠 + 𝐶𝑝,𝑚 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠 𝑇2 − 𝑇1 − 𝐻𝑜𝑚,1 𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 + 𝐶𝑝,𝑚 𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠 (𝑇2 − 𝑇1)] Lei de Kirchhoff: ∆𝑯𝒐𝒓,𝟐 = ∆𝑯 𝒐 𝒓,𝟏 𝒑𝒓𝒐𝒅𝒖𝒕𝒐𝒔 − ∆𝑪𝒑,𝒎 𝑻𝟐 − 𝑻𝟏 (iii) onde, ∆𝐶𝑝,𝑚 = 𝑛 𝐶𝑝,𝑚 𝑝𝑟𝑜𝑑𝑢𝑡𝑜𝑠 − 𝑛 𝐶𝑝,𝑚 (𝑟𝑒𝑎𝑔𝑒𝑛𝑡𝑒𝑠) (iv) *a variação de temperatura da entalpia-padrão de reação é dada pela lei de Kirchhoff, eq. (iv), em função da diferença das capacidades caloríficas molares, à pressão constante, entre os produtos e reagentes. 54 Exercício: (prevendo a entalpia de reação em temperaturas diferentes) Na síntese de amônia através da reação: N2(g) + 3 H2(g) 2 NH3(g) a entalpia-padrão de reação é –92,22 kJ mol-1 à 298 K. Entretanto, a síntese industrial ocorre a 450 oC. Qual é a entalpia-padrão de reação nessa temperatura? Dica: para usar a lei de Kirchhoff precisamos conhecer os calores das capacidades caloríficas dos reagentes e produtos (tabelados em livros e handbooks)
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