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1 Gabriela Rodrigues CONCEITOS FUNDAMENTAIS O universo se divide em duas partes: o sistema e suas vizinhanças. Sistema: É a parte do universo ao qual se tem interesse. Vizinhança: É a parte externa do sistema, onde se faz as medidas. O tipo de sistema dependerá das características da fronteira que separa o sistema de sua vizinhança. Sistema ABERTO: A matéria pode ser transferida através da fronteira. Mas ocorre troca de energia. Sistema FECHADO: A matéria não passa através da fronteira. Mas ocorre troca de energia. Sistema ISOLADO: Sistema fechado que não têm contato (mecânico ou térmico) com sua vizinhança. TRABALHO, CALOR E ENERGIA Trabalho: O trabalho é o movimento feito contra uma força que se opõe ao deslocamento. Ex: Expansão de um gás empurrando um pistão. Energia: Capacidade do sistema de efetuar um trabalho. A energia pode ser tratada em forma de calor, como resultado da diferença de temperatura trocada entre o sistema e suas vizinhanças. Em relação às fronteiras presentes entre o sistema e sua vizinhança, nem todas permitem a troca de energia. FRONTEIRAS DIATÉRMICAS: Permitem transferência de energia na forma de calor. FRONTEIRAS ADIABÁTICAS: Não permitem transferência de energia na forma de calor. Dois tipos de processos são possíveis: àqueles que absorvem energia na forma de calor e àqueles que liberam energia na forma de calor. Processo exotérmico: Processo que libera energia para as vizinhanças na forma de calor. Processo endotérmico: Processo que absorve energia na forma de calor a partir das vizinhanças, ou seja, a energia é transferida da vizinhança para o sistema. O comportamento do sistema dependerá do tipo de fronteira presente. - Quando um processo endotérmico ocorre em um sistema com fronteiras adiabáticas, há diminuição da temperatura do sistema. - Quando o processo exotérmico acontece no sistema com fronteiras adiabáticas, há um aumento da temperatura. - Quando um processo endotérmico ocorre num sistema de fronteira diatérmica, há entrada de calor a partir da vizinhança e a temperatura permanece inalterada. - Quando o processo é exotérmico e a fronteira diatérmica, há liberação energia em forma de calor e a temperatura se mantém constante. 2 Gabriela Rodrigues ▪ Interpretação molecular Calor: É a transferência de energia que faz o uso do movimento aleatório das moléculas. Esse movimento é denominado movimento térmico. O movimento térmico das moléculas na vizinhança quente de um sistema frio estimula esse movimento das moléculas do sistema, aumentando assim, a energia do sistema. E quando o sistema aquece a vizinhança, as moléculas do sistema é que estimula o movimento aleatório das vizinhanças. Trabalho: É a transferência de energia que faz uso do movimento ordenado Quando um sistema realiza trabalho sobre sua vizinhança, provoca movimento organizado dos átomos ou elétrons da vizinhança. Quando o trabalho é realizado sobre o sistema, as moléculas da vizinhança transferem energia de forma ordenada para o sistema. ENERGIA INTERNA (U) A energia interna de um sistema, para a termodinâmica é a energia total. É tomada como a energia cinética e potencial total das moléculas que compõem o sistema. A variação da energia interna quando um sistema passa de um estado inicial com energia interna de Ui para o estado final com energia interna Uf é dada por: U = Uf - Ui A energia interna é uma função de estado, uma vez que seu valor depende apenas do estado atual do sistema, não dependendo da forma com a qual o mesmo chegou até aqui. É uma função das propriedades que identificam o estado em que o sistema está. De forma que, a alteração de qualquer variável de estado afeta o valor da energia interna, sendo essa então uma propriedade extensiva. Termômetro 3 Gabriela Rodrigues Por outro lado, a energia interna molar (Um) é uma propriedade intensiva, uma vez que depende da quantidade de substância presente no sistema, dada por: Um = U/n ▪ Interpretação molecular Uma molécula possui certo grau de liberdade de acordo com a sua capacidade de movimento (translacional, rotacional e vibracional – TEOREMA DA EQUIPARTIÇÃO DE ENERGIA). Segundo esse teorema, a energia média de cada contribuição quadrática para a energia é igual a 1/2 KT. E a energia média dos átomos livres para se movimentar em três dimensões (x, y, z) é então 3/2 KT. Para um gás perfeito monoatômico, que somente translada, a energia interna molar total é dada por: Um (T) = Um (0) + 3/2 RT Quando o gás é poliatômico e apresenta geometria linear é preciso levar em conta o efeito dos movimentos rotacionais e vibracionais. Essa molécula pode girar em torno de dois eixos perpendiculares à reta que passa pelos átomos, de modo que possui dois modos de rotação, cada um contribuindo com 1/2 KT para a energia interna, como mostra a figura. Dessa forma a energia rotacional média é KT. Sendo a contribuição rotacional para a energia molar interna igual a RT. Adicionando a contribuição translacional, tem-se: Um (T) = Um (0) + 5/2 RT Para moléculas não lineares é possível o giro em torno dos três eixos. Cada um deles contribuindo com 1/2 KT para a energia interna. Sendo assim, a energia rotacional média é igual a 3/2 KT. De forma que a contribuição para a energia molar interna é de 3/2 RT. Assim: Um (T) = Um (0) + 3 RT Como as moléculas não vibram apreciavelmente à temperatura ambiente, a contribuição das vibrações moleculares para a energia interna é insignificante, exceto para moléculas muito grandes. n = número de mols Um (0) = energia interna molar quando todo o movimento de translação desaparece porque T=0 e a única contribuição para a energia provém da estrutura interna dos átomos. O movimento vibracional só é significativo quando a molécula é coloca sob altas temperaturas. Sendo ele igual a RT. 4 Gabriela Rodrigues Fazendo a análise das equações para energia molares internas encontradas, observa- se que à medida que a temperatura de um sistema aumenta, a energia interna cresce de modo que os movimentos se tornam também mais excitados. ▪ Formulação da 1ª Lei da termodinâmica O calor e o trabalho são maneiras equivalentes de se alterar a energia interna de um sistema, uma vez que, experimentalmente, a energia interna é alterada pelo trabalho efetuado sobre o sistema ou pelo aquecimento do mesmo. Se um sistema estiver isolado de sua vizinhança não há alteração da sua energia interna, sendo essa então constante. Considerando “w” o trabalho efetuado sobre um sistema e “q” a energia transferida como calor para um sistema e U a variação da energia interna desse sistema. De acordo com as observações feitas, segue-se que: U = q + w TRABALHO DE EXPANSÃO Abrindo caminho para os métodos de cálculos infinitesimais, sendo o trabalho feito sobre o sistema igual a “dw”, a energia fornecida para o sistema como “dq” e a variação da energia interna dU, tem-se: dU = dw + dq O trabalho de expansão é aquele que surge quando há variação no volume do sistema. Engloba o trabalho feito por um gás quando ele se expande e desloca a atmosfera. E também, engloba o trabalho associado à variações negativas de volume, ou seja, quando o gás é comprimido. ▪ A expressão geral do trabalho O cálculo do trabalho de expansão, de acordo com a definição física: o trabalho paradescolar um corpo em uma distância “dz”, na direção de uma força “F” que se opõe ao deslocamento, é dado por: dw = -Fdz Agora, imagine o seguinte sistema: A parede o sistema é um pistão de área A. A pressão externa é Pext. A força que atua na face externa do pistão é F = PextA. Quando o sistema se expande e o pistão se desloca a dz contra a pressão externa, o trabalho efetuado é igual a: dw = -PextAdz Sistema isolado: q = 0; w = 0; U = constante Energia transferida para o sistema: q > 0 ; w > 0 Sistema perde energia: q < 0; w < 0 Significado do sinal negativo: quando o sistema desloca o corpo contra a força F que se opõe ao deslocamento, a energia interna do sistema que efetua o trabalho diminui. 5 Gabriela Rodrigues Como Adz é igual a variação do volume, dV. O trabalho de expansão, quando o sistema se expande num fator dV contra a pressão externa, pode ser expresso por: dw = -PextdV Para saber o trabalho total realizado quando o volume passa de Vi para Vf, basta fazer a integração da expressão dentro desse intervalo de V, de modo que: w = - Quando o sistema for comprimido, a mesma força prevalecerá, entanto Vf < Vi, e o trabalho é positivo. ▪ Expansão livre Dizer que um gás se expande livremente significa dizer que expansão ocorre contra uma força nula. Ocorre quando Pext = 0, de modo que dw = 0 para cada etapa da expansão. Logo: w = 0 Não há trabalho quando o sistema se expande livremente. Esse tipo de expansão ocorre quando um gás se expande no vácuo. ▪ Expansão contra pressão constante Nesse tipo de expansão a Pext se mantém constante durante todo o processo. De modo que: w = - Pext w = = - Pext (Vf – Vi) Sendo a variação do volume dada por: V = Vf – Vi A expressão da expansão contra pressão constante pode ser expressa por: w = - Pext V ▪ Expansão reversível Uma transformação reversível é uma transformação que pode ser invertida pela modificação infinitesimal de uma variável. Sistemas em equilíbrio são suscetíveis de sofrerem mudanças reversíveis, um exemplo, é o equilíbrio térmico entre dois sistemas à mesma temperatura: Se a temperatura de um deles sofre um abaixamento infinitesimal há passagem de energia na forma de calor para o sistema que teve a temperatura diminuída. Se a temperatura de um deles sofrer um aumento infinitesimal, a energia então passará desse para aquele mais frio. Imagine então, um sistema onde um gás esteja confinado num vaso em que Pext = Pint. Esse sistema está, no que se conhece como, equilíbrio mecânico com a sua vizinhança. Dessa maneira, se houver uma variação infinitesimal da Pext em qualquer sentido (compressão ou expansão) provocará uma variação do volume no sentido oposto. Assim, se o Pext sofre uma diminuição, o gás se expande. Se a mesma aumentar, o gás é comprimido. Nesses dois casos, a transformação é REVERSÍVEL. No entanto, se houver uma diferença finita entre Pext e Pint, ou seja, o sistema não estiver em equilíbrio mecânico com a vizinhança, uma variação infinitesimal da Pext não fará com que o sistema sofra alterações. 6 Gabriela Rodrigues De modo que a expansão é termodinamicamente IRREVERSÍVEL. Logo para que se tenha uma expansão reversível faz-se Pext = Pint em todas as etapas do processo. Assim: dw = - PextdV dw = -PdV O trabalho total é dado por: wrev = - Para um gás perfeito em uma expansão isotérmica (T = constante): Para um gás perfeito: Pint = nRT/V De modo que para uma expansão isotérmica reversível: w = - w = - nRT- wrev = - nRT ln Vf/Vi TROCAS TÉRMICAS A variação da energia interna de um sistema é dada por: dU = dq + dwEXP + dwE Se considerarmos um sistema mantido a volume constante não efetua trabalho de expansão, logo dwEXP = 0. Se o sistema for incapaz de efetuar qualquer outro tipo de trabalho, dwE = 0. De modo que: dU = dq Em termos finitos: U = qv Assim, a energia transferida como calor a volume constante é igual a variação de energia interna do sistema. ▪ Calorimetria A calorimetria é o estudo do calor transferido durante um processo físico ou químico. A variação da temperatura (T) é proporcional ao calor que a reação libera ou absorve. Assim, pela medição de T pode-se determinar qv e então descobrir U. A conversão de T a qv é conseguida mediante um processo que libere uma quantidade conhecida e bem determinada de energia, através do cálculo da constante do calorímetro – dispositivo utilizado para medir a energia transferida em forma de calor – (C), pela relação: q = CT ▪ Capacidade calorífica A energia interna de uma substância aumenta com o aumento da temperatura. Esse aumento depende das condições de aquecimento. Por hora, trabalharemos com uma amostra confinada a volume constante. Plotando um gráfico da energia interna em função da temperatura: dwEXP = trabalho de expansão dwE = trabalho adicional 7 Gabriela Rodrigues O coeficiente angular da tangente da curva em cada uma das temperaturas é a capacidade calorífica do sistema, naquela temperatura. Assim, a capacidade calorífica a volume constante (Cv) é expressa por: Cv = (∂U/∂T)v A capacidade calorífica molar a volume constante (Cv.m) é a capacidade calorífica por mol da substância: Cv,m = Cv /n Em termos finitos, ela é expressa por: Cv.m = U/T Cv.m = qv/T Uma forma simples de se medir a capacidade calorífica de uma amostra é sabendo a quantidade de energia fornecida à amostra na forma de calor, mede-se a elevação da temperatura provocada. A razão entre o calor fornecido e a diferença de temperatura é a capacidade calorífica a volume constante (Cv.m = qv/T). ENTALPIA A variação da energia interna não é igual a energia transferida na forma de calor em um sistema onde não se tem volume constante. Dessa forma, o calor fornecido para um sistema a pressão constante é igual a variação da entalpia do sistema. A entalpia (H) é definida como: H = U + PV Como U, P e V são funções de estado, a entalpia também é, de modo que, sua variação H é independente do processo que leva o sistema de um estado para outro. A variação da entalpia é igual ao calor fornecido ao sistema, a pressão constante. POR QUE SE FAZ ESSA AFIRMAÇÃO? Considerando uma variação infinitesimal qualquer do sistema, tem-se: H + dH = (U + dU) + [(P + dP)(V + dV)] H + dH = U + dU + PV + PdV + VdP + dVdP EXEMPLO Para um gás perfeito monoatômico, a energia interna molar é dada por: Um (T) = Um (0) + 3/2 RT Em termos da capacidade calorífica molar a volume constante desse mesmo gás, se tem: Cv.m = Um (0) + 3/2 RT) Cv.m = 3/2 R Quando o sistema está submetido a uma pressão constante, podendo assim alterar seu volume, parte da energia que lhe é fornecida como calor pode escapar de volta para a vizinhança, na forma de trabalho. Nesse caso, a variação da energia interna é menor do que a energia em forma de calor fornecida ao sistema. desprezado 8 Gabriela Rodrigues O último termo da equação e desprezado por ser uma multiplicação de grandezas infinitesimais. Sabendo que U + PV = H, tem-se: H + dH = H + dU + PdV + VdP dH = dU + PdV + VdP Fazendo dU = dq + dw: dH = dq + dw + PdV + VdP Admitindo que o sistema estáem equilíbrio mecânico com a vizinhança a uma dada pressão P, e que seu único trabalho é de expansão (dw = -PdV), a equação se torna: dH = dq + -PdV + PdV + VdP dH = dq + VdP Impondo que o aquecimento é realizado em pressão constante, logo dp = 0: dH = dqP Em termos finitos: H = qP Assim, quando o sistema está a uma pressão constante, e só efetua trabalho de expansão, a variação de entalpia é igual a energia fornecida ao sistema em forma de calor. ▪ Variação da entalpia com a temperatura A entalpia de uma substância aumenta quando a temperatura é elevada. A relação entre o aumento da entalpia e da temperatura dependerá das condições as quais o sistema está exposto. A pressão constante, se plotarmos um gráfico da entalpia em função da temperatura: O coeficiente angular da tangente à curva da entalpia é a capacidade calorífica a pressão constante (CP). CP = (∂H/∂T)P A capacidade calorífica a pressão constante é análoga à capacidade calorífica a volume constante. A capacidade calorífica molar a pressão constante (CP,m) é dada para um mol de matéria. Para uma variação infinitesimal: dH = CP,mdT Para uma variação finita: H = CP,m T Como o um aumento da entalpia pode ser visto como a energia em forma de calor fornecida para o sistema a pressão constante, é certo: qP = H. CALOR TROCADO A PRESSÃO CONSTANTE IMPORTANTE A relação entre entalpia e a energia interna de um gás perfeito é conseguida usando a equação dos gases perfeitos (PV = nRT). H = U + nRT 9 Gabriela Rodrigues Quando se fizer necessário o uso da variação da capacidade calorífica, é conveniente utilizar a seguinte equação: CP,m = a + bT + C/T2 Onde a,b e c são obtidos pelos ajustes experimentais. ▪ Diferença entre Cp e Cv Para um gás ideal CP difere de CV. Considerando PV = nRT, tem-se para uma variação infinitesimal: dH = dU + nRdT Sabendo que dH = CPdT e que dU = CvdT, fazendo as devidas substituições: CPdT = CvdT + nRdT CP = Cv + nR Considerando as capacidades caloríficas molares: CP,m - Cv,m = R Dessa forma CP,m > Cv,m. Transformações adiabáticas ▪ Expansão isotérmica Numa expansão isotérmica tem-se temperatura constante durante todo o processo, de modo que V = 0. Isso vem do fato de que as moléculas de um gás ideal não sentem as atrações eletrostáticas de atração e repulsão. Consequentemente, sua energia não depende da distância de separação entre as moléculas, ou seja, o volume. Essa relação pode ser expressa por: (∂U/∂T)T = 0 A temperatura constante, a variação da energia interna do sistema em relação ao volume é zero. Calculando a variação da entalpia para esse processo: H = U + (PV) Como U = 0 e V = 0: H = 0 ▪ Expansão adiabática Numa expansão adiabática não há troca de calor do sistema com a vizinhança (q=0). Assim, e de se esperar que ocorra um abaixamento da temperatura, uma vez que ocorre trabalho sobre a vizinhança, mas não há troca de calor, o que reduz a energia interna, reduzindo a temperatura. Em termos moleculares, há uma diminuição da energia cinética das moléculas de gás em virtude do trabalho que é realizado sobre a vizinhança, a velocidade média dessas moléculas diminui e, consequentemente, a temperatura cai. Para uma expansão adiabática reversível, a variação da energia interna é expressa em termos da variação da temperatura e do volume que ocorre em duas etapas, como se segue: Visto na pag. 5 10 Gabriela Rodrigues Em termos matemáticos: du = dq + dw du = dw du = -Pdv du = (-nRT/V)dv dU/nT = -R(dV/V) Sabendo que du = CVdT, substituindo: Cv dT /nT = -R(dV/V) Em termos da capacidade calorífica molar: Cv,m dT /nT = -R(dV/V) Integrando a expressão anterior: Como CP,m - CV,m = R para um gás ideal: De modo que para um processo adiabático reversível: P1V1 = P2V2 Termoquímica A termoquímica é o estudo do calor trocado quando ocorrem reações químicas. É um ramo da termodinâmica, uma vez que as reações químicas provocam troca de energia entre o sistema e a vizinhança. A calorimetria pode ser usada para medir o calor produzido ou absorvido numa reação e identificar a variação da energia interna se a reação ocorrer a volume constante, ou a variação de entalpia se a reação ocorrer a pressão constante. Já comentamos aqui que um processo que libera calor para vizinhança é tido como exotérmico, e aquele que absorve calor é tido como endotérmico. Como a liberação de calor corresponde à diminuição da entalpia, diz-se que em um processo exotérmico a pressão constante H < 0. E quando há absorção de calor, a entalpia é aumentada, de modo que num processo endotérmico a pressão constante H > 0. ▪ Variações de entalpia As variações de entalpia são registradas para os processos que ocorrem sob um conjunto de condições tidas como padrão. A variação de entalpia-padrão (Ho) é a variação onde as substâncias, nos estados final e inicial, se encontram em seus respectivos estados padrão. Na primeira etapa, o sistema se expande a temperatura constante, não havendo então variação da energia interna, uma vez que a mesma independe do volume. Na segunda etapa, a temperatura do sistema é reduzida a volume constante, ocorrendo variação da energia interna. = razão da capacidade calorífica = Cv,m/ CP,m Estado padrão: substância em sua forma pura a 1 bar, numa dada temperatura. 11 Gabriela Rodrigues Vários sãos os Ho existentes, sendo alguns deles: A variação da entalpia padrão de reação, por exemplo, é dada por: rHo = vHm o (produtos) - vHm o (reagentes) Não se pode medir valores absolutos da entalpia molar de qualquer substância. Por conta disso, usa-se a variação de entalpia padrão de formação (fHo), que representa a variação da entalpia quando 1 mol de um composto se forma a partir dos elementos que o constituem a 1 bar e 298 K. De modo que: rHo = vfHmo (produtos) - vfHmo (reagentes) Por convenção para os elementos em suas formas alotrópicas mais estáveis a uma temperatura particular Hf o = 0. Se aplica aos compostos que são sintetizados diretamente a partir de seus elementos: C(grafiite) + O2(g) CO2(g) A maioria dos compostos não são sintetizados pelo método direto. Nesses casos, o valor de Hf o é determinado pela Lei de Hess. Essa lei se fundamenta no fato de que, como a entalpia é uma função de estado, ela é independente do caminho do processo. Desse modo, uma reação global pode ser escrita através de várias reações elementares. A entalpia padrão de uma reação global é dada pela soma das entalpias padrão das reações individuais em que a reação global é dividida. Hmo = Entalpia molar padrão v = coeficiente estequiométrico EXEMPLO aA bB rHo = (b Hmo B) – (a Hmo A) EXEMPLO C(grafiite) + 1/2 O2(g) CO(g) C(grafiite) + O2(g) CO2(g) rHo = - 393,5 kJ/mol CO2(g) CO(g) 1/2 O2(g) rHo = 283 kJ/mol C(grafiite) + 1/2 O2(g) CO(g) rHo = -110,5 kJ/mol 12 Gabriela Rodrigues ▪ Dependência das entalpias DE REAÇÃO COM A TEMPERATURA A dependência da entalpia de uma reação coma temperatura é expressa pela Lei de Kirchhoff. Quando se aquece uma substância de T1 a T2 a entalpia varia de H(T1) a H(T2). Admitindo que não haja transição de fase no intervalo de temperatura considerado. Sendo: rH = H(produtos) - H(reagentes) Em termos das derivadas parciais: Sabendo que: Integrando está expressão: Sabendo que: Faz-se: A expressão acima é conhecida como a Lei de Kirchhoff. Quando a temperatura se eleva, as entalpias dos produtos e dos reagentes também aumentam, mas em uma extensão diferente. Em cada caso, a variação de entalpia depende das capacidades caloríficas de cada uma das substâncias.
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