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AULA 9 - A CRISE AXIOLÓGICA CONTEMPORÂNEA

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Prof. Marcelo José Caetano
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O LUGAR DO HOMEM NA SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA
 O que significa nos perguntarmos sobre o ethos (fundamental) dos seres humanos na sociedade contemporânea? 
Significa procurarmos respostas que nos permitam descobrir qual (quais) é (são) o(s) lugar(es) do homem em uma sociedade tecnologicamente avançada onde o sentido da existência é, em grande medida, definido pelo consumo. 
Implica em uma reflexão sobre uma crise axiológica sem precedentes, um desequilíbrio por excesso que corrompe princípios e valores, impõe à existência o fracasso, o desamparo, a desilusão e o desespero.
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GLOBALIZAÇÃO E LOCALISMO
Globalização e percepção do mundo na atualidade:
Globalização – É um processo pelo qual determinada condição ou entidade local estende a sua influência a todo globo e, ao fazê-lo, desenvolve a capacidade de designar como local outra condição social ou entidade rival.
A globalização é, na verdade, a globalização bem-sucedida de determinado localismo ( globalização = localização).
Compreensão do espaço-tempo... aceleração e difusão de fenômenos... combinação de situações e condições altamente diferenciadas.
CONSIDERAÇÕES SOBRE A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA (1)
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Fluxos e consumismo globais;
Bombardeamento e infiltração de mensagens e imagens pelos mass media – “o meio é a mensagem” (Mcluhan);
Deslocamentos e descentramentos dos indivíduos tanto do seu lugar no mundo social como de si mesmos.
Percepção Fragmentária do Mundo. 
CONSIDERAÇÕES SOBRE A SOCIEDADE CONTEMPORÂNEA (2)
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Progresso técnico e científico e a reificação [coisificação] da vida humana. 
Isolamento social – ensimesmamento.
Narcisismo contemporâneo e deslocamento identitário.
Dorian Gray e a crise axiológica contemporânea.
Cultura da simulação – hipervalorização da aparência, pasteurização da realidade, pastiche da vida social.
O homem-função do sistema ou o homem unidimensional – à sombra das maiorias silenciosas.
CONTRADIÇÕES DA SOCIEDADE MODERNA AVANÇADA
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CRISE AXIOLÓGICA CONTEMPORÂNEA
“Não se acredita mais que a ‘sociedade’ seja um árbitro das tentativas e erros dos seres humanos – um árbitro severo e intransigente, por vezes rígido e impiedoso, mas de quem se espera ser justo e de princípios. Ela nos lembra, em vez disso, um jogador particularmente astuto, ardiloso e dissimulado, especializado no jogo da vida, trapaceando quando tem chance, zombando das regras quando possível – em suma, um perito em truques por baixo do pano que costuma apanhar todos os outros jogadores, ou a maioria deles, despreparados”. BAUMAN, Zygmunt. Identidade. São Paulo: Jorge Zahar, 2005. p. 58.
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A questão fatídica para a espécie humana parece-me ser saber se, e até que ponto, seu desenvolvimento cultural conseguirá dominar a perturbação de sua vida comunal causada pelo instinto humano de agressão e autodestruição. Talvez, precisamente com relação a isso, a época atual mereça um interesse especial. Os homens adquiriram sobre as forças da natureza um tal controle, que, com sua ajuda, não teriam dificuldades em se exterminarem uns aos outros, até o último homem. Sabem disso, e é daí que provém grande parte de sua atual inquietação, de sua infelicidade e de sua ansiedade. Agora só nos resta esperar que o outro dos dois ‘Poderes Celestes’ ver [[1]], o eterno Eros, desdobre suas forças para se afirmar na luta com seu não menos imortal adversário. Mas quem pode prever com que sucesso e com que resultado. (FREUD, S.)
O MAL-ESTAR NA CULTURA
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DISCUSSÃO PRELIMINAR:
“Toda cultura e cada sociedade institui uma moral, isto é, valores concernentes ao bem e ao mal, ao permitido e ao proibido, e à conduta correta, válidos para todos os seus membros” (Chauí, 1997: p. 339)
“A ética não é somente uma questão de conveniência, mas também uma condição necessária para a sobrevivência da sociedade” (Arruda; Whitaker et Ramos, 2001: p. 22)
O MAL
O mal é tudo aquilo que se considera indesejável e precisa ser destruído. Ele é o vício e, neste sentido, se opõe ao bem, fonte excelente da virtude. 
VIGIAR OU PUNIR?
 É necessário impor disciplina, mas sem uma força excessiva, ou seja, através da observação a fim de que os indivíduos se forjem de forma correta, comportem-se de modo socialmente adequado. A disciplina é a MICROFÍSICA do poder, instituída para o controle e sujeição do corpo com o objetivo de tornar o indivíduo dócil e útil à sociedade e à manutenção de um certo status quo (PANÓPTICO DE BENTHAM).
A TRANSPARÊNCIA DO MAL
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Gerra contra o terror (o que nos atemoriza?);
Etnocentrismos e outras formas de preconceito;
A violência urbana;
A espetacularização da criminalidade;
A violência nas escolas (buylling).
A TRIVIALIZAÇÃO DA VIOLÊNCIA
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Para Hannah ARENDT, o mal não é uma categoria natural, ontológica ou metafísica, mas um fenômeno político e histórico. Ele é gerado por homens e mulheres e se manifesta onde encontra espaço institucional para realizar-se, banalizando a violência através do esvaziamento do pensamento.
O MAL COMO FENÔMENO HISTÓRICO E POLÍTICO
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ELIAS, Norbert. A civilização das maneiras (dos afrontamentos sangrentos ao “self control”): 
entende-se hoje, mais do que em um passado longínquo, que não resolvemos nossos conflitos, ou melhor, não devemos solucionar nossos problemas a partir de afrontamentos sangrentos. A violência física deve ceder lugar a outras maneiras de resolver nossas questões. E é isto que, normalmente, ocorre. Criamos fóruns para debater sobre nossos problemas e estes nos oferecem soluções civilizadas, polidas para resolvê-los. 
FOUCAULT, Michel. A “marginalização” da violência e a violência no coração da cidade / MICHAUD, Yves:
A generalização dos comportamentos agressivos nas diversas camadas da sociedade: a violência não está na margem, isto é, não se localiza somente nas periferias das cidades. Ela está em todos os lugares e no coração mesmo das pequenas e grandes cidades. 
MICHAUD, Yves. As normas e a explicitação de (novas) formas de violência): 
a criação de normas, prescrições, leis regulamentam ações e definem como inadequados ou ilegais comportamentos indesejáveis. Assim, são explicitadas ações e situações que não se percebia antes de modo evidente, pois não existiam leis que as proibissem. A violência contra crianças e adolescentes (Estatuto da criança e do Adolescente), por exemplo. As agressões às mulheres no ambiente familiar (Lei “Maria da Penha”). O racismo, o preconceito contra homossexuais. 
O declínio da violência física (CHESNAIS, Jean-Claude) e o desenvolvimento e ampliação de outras formas de violência (GURR, Tedd): 
a violência física declinou, mas o preconceito, os assédios (moral e sexual) e outras formas de violência, ainda, nos “assombram”. 
REFLEXÕES SOBRE O MAL
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ROUANET, Sérgio Paulo. Iluminismo ou barbárie. In.: Cadernos da Pró-Reitoria de Extensão da PUC Minas. Belo Horizonte, v. 3, n. 2, p. 29 – 38, agosto de 1993.
SANTOS, Juarez Soares dos. 30 anos de Vigiar e Punir. In.: http://www.cirino.com.br/artigos/jcs/30anos_vigiar_punir.pdf, acesso em 20 de abril de 2011. 
TOURAINE, Alain. Crítica da modernidade. 5.ed., Petrópolis: Vozes, 1998.
FREUD, S. O mal-estar na civilização. In.: http://www.espacoacademico.com.br/026/26tc_freud.htm, acesso em 20 de abril de 2011.
REFERÊNCIAS
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