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Direito de Família 18 Alimentos

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ALIMENTOS
Conceito, natureza jurídica, espécies. Pressupostos da obrigação alimentar. Obrigação em relação aos filhos. Obrigação decorrente do parentesco. A garantia dos alimentos. Atualização e revisão. 
1. Conceito e natureza jurídica
Alimentos são prestações destinadas à satisfação das necessidades vitais de quem não pode provê-las por si só. Têm por finalidade fornecer a um parente, cônjuge ou companheiro o necessário à sua subsistência (Orlando Gomes).
Segundo Farias e Rosenvald, os alimentos “podem ser conceituados como tudo o que se afigurar necessário para a manutenção de uma vida humana, compreendidos os mais diferentes valores necessário para uma vida digna”.
Nas palavras de Paulo Lôbo “alimentos, em direito de família, tem o significado de valores, bens ou serviços destinados às necessidades existenciais da pessoa, em virtude de relações de parentesco, quando ela própria não pode prover, com seu trabalho, a sua mantença”. São também alimentos os que decorrem do dever de mútua assistência em decorrência da ruptura do casamento ou da união estável, devendo ainda ser considerados os deveres de amparo para o idoso.
O Direito reconhece a obrigação alimentar no âmbito das relações familiares diante do princípio da solidariedade familiar, expresso não só no art. 3º inciso I da CF, como também no art. 226 ao impor à sociedade e ao Estado o dever de proteção da família, e, ainda, no art. 227 disciplinando a proteção a crianças e adolescentes, além do art. 230 que estabelece a proteção ao idoso.
Consistem os alimentos em assistência imposta por lei no sentido de ser assegurado o direito à vida, tanto física como moral e social das pessoas que dele necessitem, pelo fato de não terem condições de provê-los por si sós. No âmbito da teoria do direito, a cada direito corresponde um dever, e, se este dever não for cumprido voluntariamente, nasce a pretensão à obrigação correspondente. Nos termos do Código Civil os alimentos objetivam assegurar que todos possam “viver de modo compatível com sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.” (art. 1694)
A sobrevivência consiste em direito fundamental da pessoa humana, encontrando-se no crédito alimentar os recursos necessários à subsistência de quem não pode por si só assegurar sua manutenção pessoal. Nas palavras de Maria Berenice Dias, “todos têm o direito de viver, e viver com dignidade”. Inclusive, “o primeiro direito fundamental do ser humano é o de sobreviver. E este, com certeza, é o maior compromisso do Estado: garantir a vida”. Por este motivo, os alimentos têm a natureza de direito de personalidade, na medida em que asseguram a inviolabilidade do direito à vida e à integridade física.
Existe, portanto, uma obrigação alimentar percebida como jurídica, fundamentada no princípio da solidariedade.
 A relação que se estabelece entre o alimentante e o alimentando é de cunho obrigacional. Há um devedor e um credor. O direito a alimentos é personalíssimo, não podendo, portanto, ser cedido a outrem.
No campo do direito, os alimentos não se restringem ao indispensável, ou seja, ao sustento propriamente dito, mas incluem tudo o que se faz necessário à manutenção da condição social do alimentando. Abrangem sustento, habitação, educação, vestuário, assistência médica, etc. (art. 1694).
No que diz respeito ao Estado, existe o interesse no cumprimento das normas relativas à prestação alimentar porque a sua inobservância contribui para o aumento de pessoas carentes que, por conta dessa condição, devem ser por ele amparadas. Por esta razão, as normas mencionadas são consideradas de ordem pública, cogentes, imperativas, sendo passíveis de sanção em caso de descumprimento. O infrator fica sujeito a pena de prisão, modalidade de prisão civil presente no ordenamento jurídico.
Quanto à natureza jurídica, prevalece o entendimento de tratar-se de direito de natureza mista, de conteúdo patrimonial e finalidade pessoal.
2. Características
A Doutrina costuma mencionar uma série de características concernentes aos alimentos. Dentre estas, citam-se:
- personalíssimos – não podem ser repassados a outrem, nem através de negócio, nem através de outro acontecimento jurídico, na medida em que destinam-se à manutenção da vida daquele que os recebe por direito.
- imprescritíveis – o direito a requerer em juízo pode ser exercido a qualquer tempo, desde que presentes os requisitos exigidos em lei.
Todavia, fixados os alimentos em juízo, ou por ato voluntário, vai fluir o prazo prescricional para a execução em juízo, dos valores não pagos. Ocorre, assim, a prescrição da pretensão executória dos alimentos, havendo um prazo de dois anos, contados a partir da data do vencimento (art. 206, parágrafo 2º do Código Civil : “Prescreve: ... Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se vencerem.”
Isto significa que a prescrição atinge apenas as parcelas, permanecendo imprescritível o direito a alimentos.
Entretanto, em se tratando de alimentos fixados em favor de incapaz (pessoa menor de 18 anos) e que esteja sob o exercício do poder familiar, não haverá prazo prescricional, na medida em que consiste em causa impeditiva da prescrição, nos termos dos arts. 197,II e 198,I.
Art. 197. “Não corre a prescrição:
II – entre ascendentes e descendentes, durante o poder familiar”.
Art. 198. “Também não corre a prescrição
I – contra os incapazes de que trata o art. 3º.”
Art 3º. “São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos.”
- intransmissíveis – consistem, não só em direito personalíssimo, como também em obrigação personalíssima. Por este motivo, o credor de alimentos não pode cedê-los a outrem (art. 1707). Neste entendimento, somente prestações vencidas e não pagas é que são incluídas entre o passivo do falecido, transmitidas juntamente com o seu patrimônio.
- irrepetíveis – não são passíveis de devolução, não se pode repetir, ou seja, pedir de volta. Significa dizer que a quantia paga a título de alimentos não pode ser restituída pelo alimentando. Isto porque os alimentos estão presos ao direito à vida, garantido a sobrevivência de quem os recebe.
-irrenunciáveis – nos termos do art.1707,” Pode o credor não exercer, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos, sendo o respectivo crédito insuscetível de cessão, compensação ou penhora”.
- impenhoráveis – não se enquadram no conceito de bens ou valores penhoráveis. A finalidade dos alimentos estaria seriamente comprometida se pudessem ser objeto de penhora para garantia de dívidas do titular. Ver art. 1707, acima mencionado.
3. Espécies
A doutrina classifica os alimentos segundo os critérios a seguir descritos.
Quanto à natureza, podem ser naturais ou civis. 
 - Os naturais limitam-se ao atendimento das necessidades básicas da vida. 
- Os civis destinam-se à manutenção da condição social: o status da família. Na expressão de Orlando Gomes, os primeiros são necessarium vitae e os segundos necessarium personae.
Quanto à causa jurídica, podem ser:
- legítimos ou legais, devidos em razão da obrigação legal, em virtude do parentesco (iure sanguinis), do casamento ou do companheirismo (art. 1694).
- voluntários – decorrem de uma declaração de vontade, inter vivos ou causa mortis. Os primeiros (inter vivos) são também chamados de obrigacionais porque decorrem de uma obrigação assumida mediante contrato, por quem não tinha obrigação legal de pagar alimentos; pertencem ao direito das obrigações. Os segundos (causa mortis) pertencem ao direito sucessório em razão de decorrerem de manifestação em testamento, sob a forma de legado de alimentos, prevista no art. 1920; são também chamados testamentários.
- indenizatórios ou ressarcitórios – decorrem da prática de um ato ilícito, consistindo em indenização do dano resultante. Também pertencem ao direito das obrigações e estão disciplinados nos arts. 948, II e 950.Somente os alimentos legítimos ou legais se inscrevem no âmbito do direito de família. 
Quanto à finalidade, podem ser:
- provisórios – fixados em despacho inicial proferido em ação de alimentos interposta sob o rito especial da Lei 5.478/68 – Lei de Alimentos. Têm, assim, natureza antecipatória. Exigem prova pré-constituída do parentesco, casamento ou companheirismo, ou seja, a comprovação da existência da obrigação alimentícia. Devem ser requeridos na Ação de Alimentos e o juiz fica obrigado a fixá-los, se comprovado o vínculo.
- definitivos – têm caráter permanente e são estabelecidos pelo juiz em sentença ou acordo das partes devidamente homologado (art. 1699), constituindo título executivo extrajudicial, sendo permitida a execução nos termos dos arts. 911 a 913 do CPC.
Ver Lei 5478/68 – Lei de Alimentos
Vale salientar que, tanto os alimentos provisórios quanto os definitivos são devidos a partir da citação do réu.
- provisionais – estavam anteriormente definidos em medida cautelar, (prevista no art. 852 do antigo CPC), consistindo em medida preparatória ou incidental, de ação de separação judicial, divórcio, nulidade ou anulação de casamento, ou de alimentos. Sua definição tinha por objetivo assegurar a manutenção do suplicante – em geral a mulher e os filhos – durante a tramitação da lide principal. 
Atualmente, quem pretender receber alimentos em caráter cautelar, não dispondo da prova pré-constituída, deverá fazê-lo mediante requerimento ao juiz de uma medida de urgência, incidental, em um outro processo, demonstrando o perigo da demora e a plausibilidade das alegações formuladas.
4. Pressupostos da obrigação alimentar
Conforme o art. 1694, os alimentos são devidos entre parentes, cônjuges ou companheiros no sentido de assegurar o seu sustento e a sua educação de modo compatível com a sua condição social.
A doutrina menciona o binômio necessidade X possibilidade, como pressuposto básico da obrigação alimentar.
O parágrafo 1º do art. 1694 estabelece a proporcionalidade entre necessidade e possibilidade, entendimento este subjacente à letra do art. 1695:”São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, própria mantença, e aquele de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.” 
Destes dispositivos se conclui serem pressupostos da obrigação alimentar a existência de um vínculo de parentesco ou decorrente do casamento ou união estável, a necessidade do reclamante, a possibilidade da pessoa obrigada e a proporcionalidade.
a) Necessidade - Somente pode requerer alimentos aquele que não tem recursos próprios para se manter ou está impossibilitado por algum motivo relevante. A necessidade é identificada na real dificuldade do titular em obter os rendimentos necessários à sua subsistência, seja por inexistência de renda, de patrimônio ou de incapacidade para o trabalho.
No que diz respeito a filhos menores, a necessidade independe de provas, sendo legalmente presumida.
b) Possibilidade - No outro vértice do binômio está o alimentante, que deverá fornecê-los de acordo com suas possibilidades. A possibilidade do devedor deve ser constatada nos rendimentos reais que possam servir de lastro ao pagamento dos alimentos. Entendimento doutrinário e jurisprudencial indica não se poder condenar o pagamento de pensão alimentícia a quem não tem meios de prover a própria subsistência ou fornecê-los em valor acima de suas condições, o que poderia acarretar prejuízo tanto para o credor quanto para o devedor.
c) A proporcionalidade (ou razoabilidade) impõe ao juiz o cuidado de não fixar valores exagerados nem reduzidos em demasia, devendo sopesar a necessidade e a possibilidade, buscando um equilíbrio. O parágrafo 1º do art. 1694 menciona a proporção das necessidades de quem pede e dos recursos da pessoa obrigada. Não há regra predeterminada.
Não há grande dificuldade em se verificar os rendimentos do alimentante que recebe rendimentos do trabalho. Porém, quando se trata de profissional liberal, empresário, autônomo, fica difícil conhecer seus ganhos reais. Neste sentido, além do rendimento declarado por estas pessoas, deve o juiz observar os sinais exteriores de riqueza.
Corroborando o binômio necessidade x possibilidade, o art. 1695 dispõe que “São devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento”.
5. Titulares e devedores: alimentando e alimentante
a) Os titulares ou credores dos alimentos, denominados alimentandos, são as pessoas físicas no âmbito das relações de parentesco, de casamento e de união estável, e os idosos que não têm condições de se sustentarem. Além das relações de parentesco e de família, o alimentando deve comprovar o requisito da necessidade.
b) Os devedores, ou alimentantes, são as pessoas obrigadas a prestar alimentos. Como devedores potenciais de alimentos se incluem os ascendentes, os descendentes e os irmãos. Todavia, não basta a relação de parentesco para que se constitua o dever de alimentos. Há que se verificar a possibilidade de fornecer alimentos sem o desfalque do necessário para seu sustento, conforme o art. 1695.
Os tribunais normalmente fixam os alimentos sobre os rendimentos de natureza salarial, incluindo o 13º salário, as horas extras, os adicionais (noturno, insalubridade, periculosidade), o terço de férias, a restituição do imposto de renda. Excluem-se os rendimentos líquidos de outra natureza como a indenização por despedida injusta, e outros valores indenizatórios, como diárias, ajuda de custo, transporte, auxílio moradia, verbas rescisórias trabalhistas, FGTS.
6. Obrigação em relação aos filhos
 6.1. O dever de sustentar os filhos menores está expresso no art. 1566, IV e enfatizado no 1.634, I do Código Civil, além do art. 229 da CF. Decorre do poder familiar e deve ser cumprido incondicionalmente, independentemente dos pressupostos da obrigação alimentar.
 6.2. Quanto aos filhos maiores, a incapacidade ou enfermidade que os impossibilite de prover à própria subsistência permite-lhes pleitear alimentos, ficando estes submetidos à comprovação da necessidade e da possibilidade. Pode durar até a morte.
Para os menores, a obrigação se extingue com a maioridade, podendo se estender aos 24 anos desde que o filho esteja cursando faculdade e não disponha de meios para se manter. 
Este entendimento encontra respaldo no texto do atual art. 1694, quando dispõe que os alimentos devem atender às necessidades de educação.
Em síntese, durante a menoridade, presume-se a necessidade do filho de receber alimentos. Ao adquirir a plena capacidade, a presunção é flexibilizada, cabendo ao alimentando demonstrar a sua necessidade de continuar recebendo a pensão.
Por conta desse entendimento, faz-se necessária a propositura de ação de exoneração dos alimentos, não cabendo ao alimentante simplesmente suspender o pagamento da pensão alimentícia. 
O dever de sustento é obrigação dos pais (art. 1566, IV), no âmbito dos deveres atribuídos a ambos os cônjuges em razão do casamento. Decorre do poder familiar e não se estende aos outros ascendentes. Não é recíproco, ao contrário da obrigação entre ascendentes e descendentes definida no art. 1694. Esta obrigação pertinente aos pais decorre da relação de parentesco.
O cumprimento da obrigação alimentar pode ser feito pelo alimentante mediante pagamento de pensão periódica ou mediante o recebimento do alimentando em casa, fornecendo-lhe hospedagem e sustento, sem prejuízo do necessário à educação (art. 1701).
A princípio, o direito de escolha cabe ao devedor, ou seja, o alimentante. Porém, a depender das circunstâncias, poderá o juiz decidir (parágrafo único do art. 1701). Não pode, porém, o juiz, constranger as pessoas a coabitar se existir incompatibilidade entre elas. Esta escolha, além disso, não édefinitiva, podendo ser revista a forma de cumprimento da obrigação, da mesma maneira que pode a pensão alimentícia ser revista.
Pode, também, ser definido o pagamento da pensão sob a forma de fornecimento de alimentos propriamente ditos, vestuário, mensalidade escolar, despesas com saúde.
 6.3. O direito do nascituro – sobre o tema, não havia unanimidade doutrinária. Para alguns doutrinadores, este direito não poderia existir por falta de previsão legal expressa, além de que o art. 2º do Código Civil dispõe que a personalidade civil do homem começa com o nascimento com vida. Todavia, o mesmo artigo diz que a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro. Neste sentido, expressivo contingente de autores já sustentava serem devidos os alimentos necessários para que o nascituro possa nutrir-se e desenvolver-se com normalidade, propiciando o seu nascimento com vida. Os alimentos garantiriam o direito à vida, direito da personalidade a todos assegurado pelo art. 5º da CF.
 6.4. Lei 11 804, de 05 de novembro de 2008 - que disciplina o direito a alimentos gravídicos. 
Estes alimentos são atribuídos à mulher gestante e dizem respeito à parte das despesas a serem custeadas pelo futuro pai, em complementação da parte assumida pela mulher grávida, na proporção dos recursos de ambos.
Os alimentos deverão compreender valores suficientes para assegurar as despesas adicionais durante a gravidez e que sejam dela decorrentes, incluindo o período da concepção ao parto.
Estão contempladas as despesas com alimentação especial, assistência médica e psicológica, exames, internações, parto, medicamentos e outras prescrições preventivas e terapêuticas indispensáveis consoante critério médico, além de outras percebidas como pertinentes pelo juiz, tendo em vista assegurar ao feto a tutela adequada à vida intrauterina e o futuro nascimento saudável.
7. Obrigação decorrente do parentesco
Segundo o art. 1696, o direito a alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo aos ascendentes. Conforme o art. 1697, na falta dos ascendentes, cabe aos descendentes e, em seguida, aos irmãos.
 A enunciação é taxativa e não inclui os parentes por afinidade.
De acordo com os dispositivos citados, quatro são as classes de parentes obrigados a prestar alimentos, existindo uma ordem preferencial, formando uma hierarquia no parentesco:
pais e filhos, reciprocamente;
na falta destes, os ascendentes, segundo a proximidade;
os descendentes, na ordem da sucessão;
os irmãos, sem distinção de preferência.
Neste sentido, aquele que necessita de alimentos deve pleiteá-los primeiramente ao pai ou à mãe. Na falta destes, aos avós, podendo ser paternos ou maternos. Na ausência destes, aos bisavós.
O filho só pode pedir alimentos ao avô se não existir o pai, ou, existindo, não tiver ele condições econômicas suficientes. A incapacidade do principal obrigado pode decorrer de situação de doença ou deficiência, velhice, juventude não remunerada, prisão do alimentante.
Existe, ainda, a possibilidade de complementação por parte dos avós, quando os pais não têm condições de arcar sozinhos com a obrigação. È o que dispõe o art. 1698: “Se o parente que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato ... ...”
Não havendo ascendentes, os alimentos são pedidos aos descendentes, ou seja, aos filhos maiores (art. 229 da CF). Ou seja, faltando os ascendentes, são chamados os descendentes, segundo a ordem de sucessão. Primeiramente são chamados os filhos, depois os netos, em seguida os bisnetos. Assim, o pai só pode pedir alimento ao neto se faltar seu filho, ou, existindo, não tiver este condições. Entendimento análogo ao item anterior pode ser aplicado, sendo o neto chamado para complementar a pensão paga pelo filho de forma insuficiente.
Não existindo descendentes, a obrigação alimentar recai sobre os irmãos. Portanto, na linha colateral a obrigação se limita ao segundo grau.
8. Alimentos decorrentes da dissolução do casamento e da união estável
Os alimentos se inscrevem no âmbito do dever de mútua assistência atribuído aos cônjuges em decorrência do casamento, dever este que se estende após a dissolução do casamento.
A interpretação do art. 1694 permite concluir serem os alimentos devidos, igualmente, em situações de dissolução do casamento e de dissolução da união estável. O art. 1704 estabelece que se um dos cônjuges separados judicialmente vier a necessitar de alimentos, será o outro obrigado a prestá-los, mediante pensão ....” . Vale salientar que nos dias atuais não se fala mais em separação judicial, cabendo interpretar o dispositivo como pertinente ao divórcio.
O art. 1694 estatuiu a obrigação alimentar entre companheiros, equiparando-os aos cônjuges, aplicando-se todas as disposições do artigo e também aquelas presentes no seguinte.
Neste sentido, o companheiro pode pedir ao outro os alimentos de que necessite para “viver de modo compatível com a sua condição social”... Também nesta situação os alimentos devem ser fixados considerando o binômio necessidade X possibilidade.
Somente será suspensa a obrigação nas hipóteses de casamento, união estável ou concubinato do credor , ou seja, o alimentando (art. 1708).
O parágrafo único do art. 1708 acrescenta a possibilidade de perda dos alimentos em situações de procedimento indigno do credor em relação ao devedor. Entende-se não ser razoável que o alimentante continue a pagar pensão a quem tenha atentado contra a sua vida, ou o tenha caluniado, injuriado. Funda-se o entendimento em pressuposto de ordem moral.
O novo casamento do cônjuge devedor não extingue a obrigação decorrente de sentença de divórcio (art. 1709: “O novo casamento do cônjuge devedor não extingue a obrigação constante da sentença de divórcio”). Não se permite alegar nova união para reduzir pensão referente a casamento anterior. Havendo nascimento de filhos desta nova união, pode ser cogitada a possibilidade de redução por conta do encargo superveniente.
A fixação dos alimentos entre ex-cônjuges e ex-companheiros vai depender de cada caso concreto, podendo ser definidos de forma transitória ou permanente. Serão transitórios quando o beneficiário dispõe de condições de exercer atividade remunerada, apenas precisando de um tempo para se ajustar à nova realidade fática de sua vida. Quando se tratar de pessoa impossibilitada de acesso ao mercado de trabalho, por idade avançada ou por doença, os alimentos são fixados por tempo indeterminado.
Vale destacar a igualdade trazida pela Constituição de 1988, garantindo a igualdade de direitos e deveres entre homem e mulher, significando que o pensionamento se caracteriza como via de mão dupla, devendo ser atribuído a quem dele necessitar, quer seja homem ou mulher. 
9. Atualização e revisão – art. 1699 
Para a maioria da doutrina, na fixação de alimentos não há coisa julgada, prevalecendo o princípio rebus sic standibus no sentido de que obriga o cumprimento enquanto as circunstâncias permanecem as mesmas; ocorrendo modificações, o equilíbrio econômico-financeiro pautado no binômio necessidade X possibilidade será rompido, cabendo a sua recomposição. Isto significa que a fixação de alimentos nunca é definitiva, não faz coisa julgada. A decisão de prestar alimentos é que se reveste de coisa julgada.
Art. 1699: “ Se fixados os alimentos, sobrevier mudança na situação financeira de quem os supre, ou na de quem os recebe, poderá o interessado reclamar ao juiz, conforme as circunstâncias, exoneração, redução ou majoração do encargo.”
De acordo com a lei, a mudança das circunstâncias diz respeito à alteração das condições econômicas e financeiras do alimentando ou do alimentante. Nestas situações o valor dos alimentos deve ser revisto de maneira amigável, ou, não sendo isto possível, mediante procedimento judicial. A revisão será feita considerando a redução da necessidade, ou redução da capacidadede quem paga, podendo ocorrer uma modificação para mais ou para menos.
O devedor de alimentos não deve, voluntariamente, dar causa à sua incapacidade de prestar alimentos em decorrência de comportamentos irresponsáveis ou levianos. O inadimplemento injustificado poderá configurar o crime de abandono material, punível com pena de detenção de um a quatro anos e multa, conforme o art. 244 do Código Penal.
A obrigação de alimentos e o respectivo direito são extintos pela morte do alimentante ou do alimentando, ou quando cessa a necessidade do alimentante. Com relação aos alimentos decorrente do casamento e da união estável, extingue-se o direito quando o alimentando contrair novo casamento ou constituir união estável com outra pessoa, cortando o liame que havia da relação anterior. 
10. Prescrição – art. 206, parágrafo 2º.
“ Prescreve :
... ... ...
Parágrafo 2º - Em dois anos, a pretensão para haver prestações alimentares, a partir da data em que se venceram”.
No que concerne a incapazes, o art. 198 ,I estabelece que:
“ Também não corre a prescrição:
I – contra os incapazes de que trata o art. 3º.”
Art. 3º : “São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de dezesseis anos (dezesseis anos).”
Vale lembrar que artigo foi modificado pela Lei 13 146, de 06/07/2015. Os incisos que existiam anteriormente foram revogados.
11. Execução
A execução de alimentos consiste em modalidade especial de execução. Em caso de descumprimento da obrigação os alimentos podem ser exigidos através de execução por quantia certa contra devedor solvente, (nos termos dos arts. 528 a 533 do CPC), submetida a quatro providências diferentes:
 - desconto em folha de pagamento do devedor
 - desconto direto em outros rendimentos (ex. aluguéis)
 - correção patrimonial através da penhora de bens do alimentante
 - coerção pessoal, por meio de prisão civil do devedor
Trata-se de procedimento novo que revoga as regras dos arts. 16 a 18 da Lei de Alimentos, bem como as regras anteriormente previstas nos arts. 732 e 733 do antigo CPC.
Atualmente existem dois procedimentos executivos ; um para títulos judiciais (arts.528 a 533 do CPC) e outro para os títulos extrajudiciais (arts.911 a 913 do CPC ).
Execução de alimentos decorrentes de título judicial
Nesta modalidade, é possível a utilização do mecanismo coercitivo da prisão civil, tanto para alimentos provisórios como para alimentos transitórios. Se a execução se refere a alimentos que já transitaram em julgado, o processamento deve ocorrer nos próprios autos . Tratando-se de alimentos provisórios, ou de alimentos ainda não transitados em julgado, o processamento será em autos apartados.
Poderá ser utilizada qualquer uma das providências acima mencionadas , cabendo a escolha do meio executivo ao credor.
Vale lembrar que na execução por penhora, poderá ser penhorado um bem do devedor, excetuando-se aqueles considerados como impenhoráveis, conforme o art. 833 do CPC. Poderá haver penhora do bem de família legal do devedor, conforme dispõe o art. 2º, III da Lei 8.009/90. Todavia, sendo o devedor casado ou convivente de união estável, se o bem de família pertencer ao casal, somente poderá se penhorada a cota-parte do devedor (se isto for possível, considerando que o imóvel residencial da família se caracteriza como bem indivisível).
Execução de alimentos decorrentes de título extrajudicial (arts. 911 a 913 do CPC)
 Os títulos extrajudiciais podem decorrer de acordo das partes referendado por advogado, pela Defensoria Pública, pelo ministério Público, ou ainda nas escritura públicas de divórcio e de dissolução de união estável lavradas em cartório.
Cabe ao credor que está promovendo a execução, escolher o procedimento a ser seguido, podendo ser execução sob pena de prisão civil (coerção pessoal), sob pena de penhora (coerção patrimonial), ou sob pena de desconto em folha de pagamento ou em outros rendimentos do devedor.
A prisão civil do devedor de alimentos
Segundo o CPC, (arts. 528 e 911) ao ser promovida a execução o juiz determinará a cientificação do executado, pessoalmente, para, em três dias pagar o débito, provar que o fez, ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo.
 
Esta modalidade de prisão civil não se trata de pena, mas de mecanismo coercitivo, destinado a pressionar o devedor para que pague o débito. Diz respeito às três prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo (art. 528, parágrafo 7º do CPC). 
Nos termos do art. 528, parágrafo 4º do CPC a prisão deve ser cumprida em regime fechado, devendo o preso ficar separado dos presos comuns. A prisão poderá ser de um a três meses.

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