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A Orientação Profissional na atualidade brasileira: cenário e desafios Kathia Maria Costa Neiva 1 No presente trabalho pretende-se apresentar o cenário atual da Orientação Profissional na realidade brasileira discutindo algumas das principais mudanças ocorridas e os desafios futuros para a área. A Psicologia Vocacional surgiu impulsionada por fatos históricos como a Revolução Industrial que introduziu novas formas de trabalho e novos ofícios e a necessidade do sujeito ser orientado nesta escolha, e a primeira e segunda guerras mundiais que acarretaram o desenvolvimento de testes psicológicos e serviços de seleção e orientação profissional. Em 1902 foi aberto o primeiro escritório de Orientação Profissional em Munique e logo em seguida em vários outros países. No Brasil, a área de Orientação Profissional teve seu início relacionada à Orientação Educacional. Em 1924, o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo começou a desenvolver esta atividade e em 1931, Lourenço Filho implantou o primeiro Serviço de Orientação Profissional (Melo-Silva e Jacquemin, 2001; Neiva, 2007). Desde então a área de Orientação Profissional se desenvolveu teoricamente e metodologicamente, assim como se ampliaram as possibilidades de atuação do orientador junto a outros segmentos da população, respondendo a necessidades advindas das mudanças ocorridas principalmente nas relações e mercado de trabalho. CENÁRIO ATUAL 1. NOVAS ABORDAGENS TEÓRICAS E PROPOSTAS DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL Na primeira metade do século XX, a orientação profissional foi fortemente influenciada pela teoria de Traços e Fatores e pela Psicometria, e esteve a serviço da ideia de “colocar o homem certo no lugar certo”. A modalidade atuarial ou estatística, que predominou durante este período, tem como objetivo central o diagnóstico vocacional através de testes psicológicos, principalmente de interesse e aptidões. O indivíduo, após submeter-se a uma bateria de testes, recebe uma orientação sobre as profissões mais indicadas, assumindo assim um papel passivo ao longo da orientação profissional. Na segunda metade do século XX, duas novas modalidades de orientação profissional foram introduzidas na realidade brasileira: a modalidade clínica e a modalidade do desenvolvimento. Ambas as modalidades defenderam a importância do indivíduo assumir um papel ativo na elaboração do projeto profissional, abandonando o papel passivo predominante na modalidade atuarial. O orientador passou assim a ser um facilitador do processo de decisão profissional. A modalidade clínica foi desenvolvida pela Universidade de Buenos Aires e teve como porta-voz Bohoslavsky (1977/1998). Fundamentada na teoria psicanalítica, a 1 Doutora em Psicologia pela Université Paris V, Especialista em Orientação Profissional. Email: kathia.neiva@gmail.com; Homepage: www.kathianeiva.com.br estratégia clínica tem como objetivo principal a elaboração da identidade vocacional- ocupacional e o desenvolvimento da capacidade de decisão autônoma. Utiliza como instrumento principal a entrevista psicológica, embora não descarte a possibilidade de utilização de testes e técnicas psicológicas, desde que inseridos em um processo de reflexão e esclarecimento do projeto profissional. A modalidade do desenvolvimento surgiu no início da década de 1950, com Super (1953), Ginzberg, Ginsburg e Axelrad (1951) que introduziram a ideia de que o desenvolvimento vocacional passa por estágios que vão desde a infância até a velhice. De acordo com Super (1953) o desenvolvimento vocacional passa por cinco etapas: 1) crescimento (infância), 2) exploração (adolescência), 3)estabelecimento (idade adulta), 4) permanência (maturidade), e 5) declínio (velhice). A noção de desenvolvimento vocacional fez ruir por terra a ideia de que as decisões profissionais se limitam a uma etapa da vida – a adolescência – e ampliou assim a atuação do orientador, incluindo a necessidade de intervir em outros momentos em que decisões no âmbito profissional se fazem presentes: escolha da área profissional pós-estudos universitários, crises profissionais ao longo da vida ativa, mudanças de emprego, planejamento de carreira, projetos profissionais pós-aposentadoria, etc. O objetivo central desta modalidade é facilitar o desenvolvimento vocacional, através do desenvolvimento dos autoconceitos e da maturidade vocacional. Pelletier, Bujold e Noiseux (1979) elaboraram o Programa de Ativação do Desenvolvimento Vocacional, cuja proposta é estimular as tarefas do desenvolvimento - exploração, cristalização, especificação e realização – através de atividades planejadas. Mais recentemente, Super (1980) avançou nas suas contribuições trazendo os conceitos de ‘life span’ e ‘life space career development’ organizando os diferentes papeis e estágios da vida em um sistema interativo que chamou de ‘Life Career Rainbow’. Ele identificou vários dos papeis que o indivíduo exerce ao longo dos cinco estágios da vida, dentre eles: criança, estudante, cidadão, trabalhador. Tais papeis podem ser exercidos ao mesmo tempo; o tempo despendido em cada um deles varia em função da idade e do estágio de vida. Cada papel pode ocupar uma posição central ou periférica em cada estágio de vida, em função dos demais papeis que o indivíduo exerce naquele momento (SUPER, 1980; SUPER, SAVICKAS e SUPER, 1996). O papel de trabalhador perpassa praticamente todos os estágios de vida, em alguns momentos sendo vivido como papel central e em outros como periférico. No início deste século novas abordagens de Orientação Profissional foram introduzidas na realidade brasileira com outros enfoques teóricos e metodológicos, tais como: Abordagem Socio-histórica Esta abordagem de Orientação Profissional foi proposta por Bock (2002) e tem como base a Teoria Sócio-histórica que busca entender o indivíduo na sua relação com a sociedade de forma dinâmica e dialética. O objetivo desta modalidade de orientação profissional é facilitar a compreensão e apropriação dos determinantes das decisões (valores, mercado e campo de trabalho, expectativas familiares, grupo de amigos, experiência escolar, gênero, conhecimento das profissões, autoconhecimento, situação econômica, social e política, expectativas e aspirações pessoais) e a construção do projeto profissional. Utiliza como recursos metodológicos técnicas, dinâmicas de grupo, atividades estruturadas e discussões. Abordagem psicopedagógica Esta abordagem, desenvolvida por Hissa e Pinheiro (2002), considera a Orientação Profissional sob a ótica da aprendizagem da escolha e tem como base as teorias desenvolvimentistas, o construtivismo, princípios da Gestalt e da modalidade clínica. Estas autoras propuseram a Metodologia da Ativação da Aprendizagem cujo objetivo é exercitar conteúdos e informações inerentes ao processo de aprendizagem que possibilitam aprender a selecionar, escolher e decidir uma profissão, ativando as devidas estruturas intelectuais e habilitando o indivíduo a perceber, pensar, sentir e agir. Para tal, fazem uso de técnicas participativas, jogos, pesquisas, debates e dramatizações. Abordagem comportamental Tal abordagem foi introduzida na realidade brasileira por Moura (2001, 2004) e é baseada no Modelo de Análise do Comportamento de Skinner. Seus objetivos principais são: (a) arranjar condições para que o indivíduo discrimine as variáveis dos contextos familiar, social, cultural e econômico às quais seus comportamentos de decidir estão expostos; (b) proporcionar informações relevantes sobre as profissões de interesse, relacionando-as aos dados de autoconhecimento; (c) aumentar a ocorrência de comportamentos relacionados à escolha e/ou tomada de decisão. Como recursos metodológicossão utilizados exercícios específicos, técnicas, exposições, discussões e dramatizações. 2. NOVOS INSTRUMENTOS PARA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL Durante boa parte do século passado, os instrumentos mais utilizados em Orientação Profissional eram testes psicológicos estrangeiros, geralmente americanos, não adaptados nem validados para a realidade brasileira. Além disso, era rara a existência de testes com normas específicas para a população brasileira. Com o surgimento do SATEPSI (Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos) implantado pelo Conselho Federal de Psicologia em 2003, a situação começou a mudar e vários testes passaram por validação e normatização para a população brasileira. Além disso, nas últimas décadas surgiram novos testes, jogos psicopedagógicos e uma variedade de técnicas específicas para orientação profissional. A seguir serão apresentados brevemente alguns dos instrumentos mais utilizados na atualidade em Orientação Profissional. a) Testes psicológicos Para diagnóstico inicial e avaliação do processo de OP: EMEP - Escala de Maturidade para a Escolha Profissional (Neiva, 1999) tem como objetivo avaliar a maturidade para a escolha profissional de alunos do ensino médio. É uma escala de tipo Likert (em cinco pontos) composta de cinco subescalas: (1) Determinação, (2) Responsabilidade, (3) Independência, (4) Autoconhecimento e (5) Conhecimento da Realidade Educativa e Socioprofissional. A escala se destina a alunos do ensino médio e possui normas para a população brasileira. Pode ser usada com fins de diagnóstico e planejamento da orientação profissional, para avaliar a evolução do orientando após o programa de orientação profissional e para avaliar programas de orientação profissional. Para avaliação da personalidade, incluindo as motivações profissionais: QUATI - Questionário de Avaliação Tipológica - Versão II (Zacharias, 2003), cujo objetivo é identificar o tipo psicológico tendo como base a teoria Junguiana. BBTbr - Teste de fotos de profissões (Achtnich,1991; Jacquemin, 2000; Okino, Noce, Assoni & Pasian, 2006). Este teste avalia a estrutura da personalidade tendo como base a teoria de Szondi. Foi construído por M. Achtnich e adaptado para a realidade brasileira; possui a versão masculina e feminina. HumanGuide (Welter, 2010) - Instrumento de avaliação on-line para a apreensão do perfil motivacional baseado na teoria de Szondi, construído por Kenmo (2005) e adaptado para a realidade brasileira. Outros testes de personalidade também têm sido usados por orientadores profissionais, que embora não forneçam uma leitura específica das motivações profissionais, permitem extrair conclusões sobre a dinâmica de personalidade do orientando. Alguns deles são: IFP - Inventário Fatorial de Personalidade, EPS - Escalas de Personalidade de Comrey, BFP -Bateria Fatorial de Personalidade . Para a avaliação de interesses: AIP – Avaliação de Interesses Profissionais (Levenfus & Bandeira, 2009). Tem como objetivo identificar os campos de maior interesse profissional (10 campos). Seu uso é indicado a partir de 17 anos e as normas são expressas em percentil. O teste está normatizado para a população brasileira. EAP – Escala de Aconselhamento Profissional (Noronha, Santos & Sisto, 2007). Avalia as preferências por atividades profissionais (7 dimensões). Seu uso é indicado a partir de 17 anos e as normas são expressas em percentil. O teste está normatizado para a população brasileira. SDS – Questionário de busca auto dirigida (Primi, Mansão, Muniz & Nunes, 2010). Trata-se da versão brasileira do Self Direct Search de Holland & Powell. O questionário é organizado em quatro seções que abordam questões referentes a atividades, competências, carreiras e habilidades. Teste de Frases Incompletas para Orientação Profissional (Bohoslavsky, 1977/1998). Este é um teste projetivo que explora a identidade vocacional do indivíduo através de 25 frases incompletas. Neiva (2010) propôs uma sistematização de análise do teste. Para a avaliação de habilidades: BPR – 5 - Bateria de Provas de Raciocínio (A+B) (Almeida & Primi, 2000). Esta bateria permite estimativas do funcionamento cognitivo geral e das habilidades do indivíduo em cinco áreas específicas: Raciocínio Abstrato, Verbal, Espacial, Numérico e Mecânico. A bateria possui normas para a população brasileira. HTM – Teste de Habilidades para o Trabalho Mental (Santarosa; Wainstein & Prado, 2005). Este teste avalia os seguintes raciocínios: Lógico/Verbal; Lógico/Numérico e Lógico/Abstrato. Possui normas brasileiras. b) Jogos psicopedagógicos Jogo - Critérios para a Escolha Profissional (Neiva, 2008 – 2ª. ed. rev. e ampl.) Este jogo permite, de forma lúdica, ampliar o autoconhecimento e o conhecimento da realidade profissional e definir os critérios pessoais de escolha profissional com relação a cinco aspectos: (1) ambiente de trabalho, (2) objetos/conteúdos de trabalho (3) atividades de trabalho (4) rotina de trabalho (5) retornos do trabalho. Existe uma versão para aplicação individual e em pequenos grupos e outra para aplicação em grupos grandes. Profissiogame (Soares, Oliveira Neto, Sperb (Orgs.); Vecchi & Dias (cols.), 2006 - 2ª ed. rev. e ampl.). Trata-se de um jogo de tabuleiro que facilita o conhecimento do mundo do trabalho e permite o questionamento sobre: valores, ética, direitos e deveres do trabalhador. Jogo das Profissões (Bertelli, 2007) cujo objetivo é facilitar o conhecimento do mundo do trabalho. c) Técnicas e dinâmicas de grupo para Orientação Profissional São várias as publicações que surgiram nos últimos anos, trazendo grande quantidade de técnicas, dinâmicas de grupo e atividades para orientação profissional, dentre elas: Lucchiari (1993); Giacaglia (2003); Mahl, Soares & Oliveira Neto (2005); Spaccaquerche & Fortim (2009); Soares (2010). Algumas técnicas específicas têm se mostrado de grande valia para o uso em orientação profissional, dentre elas: Técnica dos bombons (Levenfus, 2010a); Técnica do Círculo da Vida (Lima, 2010); Autobiografia (Levenfus, 2010b). A técnica RxO – Realidade Profissional, originalmente proposta por Bohoslavsky (1977/1998), foi organizada e publicada por Coelho (2009, 2ª ed.) com o nome de “Conhecendo as profissões com o RxO”. Esta técnica tem como objetivo facilitar o conhecimento da realidade ocupacional, através de fichas de informação sobre as profissões. Possibilita também corrigir distorções, analisar estereótipos e facilitar o processo de escolha profissional. 3) AMPLIAÇÃO DAS POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO EM ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL Na atualidade sabe-se que as questões profissionais não se limitam à etapa da adolescência, quando a sociedade exige uma primeira decisão profissional, mas sim que perpassam toda a vida do indivíduo. Em vários momentos e situações, decisões profissionais importantes necessitam ser tomadas, revistas ou reestruturadas. Com isso, as possibilidades de atuação do orientador profissional se ampliaram. A seguir serão apresentadas algumas das novas áreas atuação que surgiram nas últimas décadas. Preparação de jovens de classes econômicas menos favorecidas para o ingresso no primeiro emprego Nos últimos tempos, várias ONG’s têm desenvolvido ações socioeducativas para facilitar o ingresso profissional de jovens provenientes de classes socioeconômicas menos favorecidas. Uma destas ações consiste em preparar psicologicamente os jovens para o ingresso em um primeiro emprego. Alguns trabalhos relatam esta atuação entre eles Sarriera, Câmara e Berlim (2006) e Neiva, Caires e Souza (2010). Reorientação profissional junto a estudantes universitários Este trabalho em geral é desenvolvido junto a estudantes universitários que não estão satisfeitos coma escolha acadêmico-profissional. Atualmente, algumas universidades já estão atentas ao problema e oferecem ajuda a seus alunos para revisarem a escolha de curso e se reorientarem. Este trabalho tem minimizado a evasão escolar no ensino superior. Reorientação profissional junto a profissionais Tem-se observado que o número de profissionais, especialmente os recém- formados, insatisfeitos com a profissão escolhida tem aumentado consideravelmente. Este fato pode ser reflexo do aumento no número de opções profissionais e maior facilidade de ingresso no curso superior por conta da abertura de muitas faculdades/universidades particulares e consequentemente o aumento de vagas no ensino superior. Preparação para aposentadoria O momento da aposentadoria requer uma reestruturação na vida ocupacional e elaboração de novos projetos. Várias empresas passaram a se preocupar com isso e a desenvolver programas de preparação para a aposentadoria. Vale mencionar como referência o trabalho de Zanelli, Silva e Soares (2010). Alguns serviços de psicologia de universidades também já começaram a oferecer este serviço como é o caso do LIOP (UFSC). Planejamento de carreira Este área engloba desde o planejamento de carreira junto a formandos universitários até profissionais que necessitem planejar suas carreiras. Algumas universidades já começaram a desenvolver este trabalho e ajudar os alunos dos últimos semestres a tomarem decisões relacionadas à escolha da área de trabalho e inserção no mercado. Algumas empresas também têm a preocupação de propiciar ajuda a seus funcionários para planejar suas carreiras. A obra de Dias e Soares (2009) é uma referência deste tipo de trabalho. Orientação Profissional junto a pessoas com necessidades especiais A lei nº 8.213 de 24/07/91 em seu artigo 93 obriga as empresas com mais de 100 empregados a preencherem de 2% a 5% de seus cargos com beneficiários reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência (Clemente, 2008). Esta legislação impulsionou o desenvolvimento de programas de orientação para indivíduos com deficiência e necessidade de prepará-los para a inserção no mercado de trabalho. Em sua tese de doutorado, Ivatiuk (2009) analisa os trabalhos de OP em pessoas com necessidades especiais, publicados entre 2000 e 2009. Programas de apoio ao desligamento institucional e recolação no mercado de trabalho As mudanças ocorridas nas organizações por conta da globalização, da automação e do aumento da competividade têm gerado, com frequência, reestruturações e redução de pessoal. Muitas empresas têm tido a preocupação de oferecer aos empregados que são desligados programas de apoio à recolocação no mercado de trabalho. O trabalho desenvolvido por Moreno (2000) vale como exemplo. 4) CONSOLIDAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ORIENTADORES PROFISSIONAIS (ABOP) E DA REVISTA BRASILEIRA DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL (REVBOP) A Associação Brasileira de Orientação Profissional (ABOP) foi criada em 1993 como uma “sociedade civil de direito privado, que objetiva consolidar um espaço onde exista a possibilidade de construção da identidade do orientador, através da organização de grupos profissionais, no âmbito interdisciplinar” (Melo-Silva e Jacquemin, 2001, p. 25). Dentre os objetivos da ABOP está o apoio, estímulo e promoção de atividades científicas de investigação e ação orientadora, o que vem ocorrendo desde então com a realização de um congresso da área a cada dois anos. Estes congressos têm mostrado o aumento de trabalhos científicos produzidos na área e contado com a participação de um grande número de profissionais e pesquisadores. A Revista de Orientação Profissional (RBOP) é uma publicação semestral da Associação Brasileira de Orientadores Profissionais (ABOP), em parceria com a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, da Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP) e conta com o apoio da Vetor Editora. Sua direção está a cargo da Profa. Dra. Lucy Leal Melo-Silva (USP – Campus Ribeirão Preto). A revista publica trabalhos originais na área de Orientação Profissional e de Carreira nos contextos da Educação, Trabalho e Saúde e nas interfaces com outras áreas do conhecimento. Originalmente a revista se denominava Revista da ABOP, mas em 2003, passou a Revista de Orientação Profissional (RBOP) quando foi revitalizada e padronizada conforme as publicações mais reconhecidas na área de Psicologia. A RBOP disponibiliza todos seus artigos na Base de Dados de Textos completos PEPsic (Portal de Periódicos Eletrônicos da Área da Psicologia). Atualmente a RBOP encontra-se indexada nas seguintes bases: (a) Literatura Latino-americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde (LILACS); (b) Index Psi Periódicos (BVS-Psi); (c) Portal de Periódicos Eletrônicos em Psicologia (PePSIC); (d) CLASE, que indexa documentos publicados em periódicos de revistas latinoamericanas especializadas nas ciências sociais e humanas. Com relação à avaliação dos periódicos científicos da área, a RBOP tem sido analisada, desde 2005, pelos critérios instituídos pelo Qualis de Periódicos, área Psicologia da comissão conjunta CAPES-ANPEPP (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior/Associação Nacional de Pesquisa e Pós- graduação em Psicologia). A partir de 2008, após a revisão dos critérios de avaliação, a RBOP foi classificada no estrato B2 (Mello-Silva e Risk, 2010). DESAFIOS DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL Apesar da área de Orientação Profissional ter se desenvolvido consideravelmente na realidade brasileira nas últimas décadas, ainda são muitos os desafios: Implantação de Políticas Públicas que referendem a importância da Orientação Profissional em vários setores e segmentos da sociedade e permitam ampliar a atuação do orientador, principalmente nas escolas. Maior conscientização das instituições educativas (de ensino fundamental, médio e superior) com relação ao seu papel na facilitação do processo de elaboração do projeto profissional. São ainda poucas as instituições de ensino que oferecem um serviço de Orientação Profissional. Solidificação da Formação do Orientador Profissional, visto que são muitos os profissionais que atuam na área sem terem realizado uma formação específica. Embora o diploma de psicólogo habilite o profissional para atuar como orientador profissional, ele não fornece os conhecimentos teóricos e práticos necessários para uma atuação de qualidade. Muitos cursos de Psicologia, inclusive, retiraram da estrutura curricular o estágio na área de Orientação Profissional. Ampliação do olhar do Orientador Profissional para as necessidades das populações menos favorecidas (cognitivamente, fisicamente, psicologicamente, socialmente e economicamente) e conscientização do Orientador Profissional do seu papel como facilitador da inclusão profissional /ocupacional destas populações, incluindo: (a) indivíduos provenientes de classe social baixa, (b) desempregados, (c) jovens em situações de vulnerabilidade social, (d) jovens e adultos em situação de marginalidade, (e) egressos do sistema prisional, (f) deficientes (físico, intelectual, auditivo, visual), (g) portadores de distúrbios mentais, (h) portadores de doenças crônicas incapacitantes, (i) pessoas com sequelas de doenças ou acidentes que não possam mais exercer a mesma atividade profissional, entre outras. Deselitização da Orientação Profissional que deve sair dos consultórios e ser oferecida “in loco” nas escolas, Ong’s., empresas, de maneira a atingir um maior número de pessoas e contribuir, assim, para minimizar os problemas de inadaptação e insatisfação na vida profissional, que estão muito frequentes na atualidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo não esgota o tema, pois certamente alguns avanços da área não foram aqui contemplados,assim como alguns dos desafios que ainda são necessários vencer. Mas, o levantamento realizado mostra que a área de Orientação Profissional tem se solidificado cada vez mais na realidade brasileira, contando com um corpo de profissionais e pesquisadores que têm contribuído consideravelmente para o progresso científico neste campo. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ACHTNICH, M. BBT – Teste de Fotos de Profissões. São Paulo: CETEPP , 1991. ALMEIDA, L.S.; PRIMI, R. - BPR – 5 - Bateria de Provas de Raciocínio (A+B) . São Paulo: Casa do Psicólogo , 2000 BERTELLI, S. 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