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A Orientação Profissional na atualidade brasileira cenário e desafios

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A Orientação Profissional na atualidade brasileira: cenário e desafios 
 
Kathia Maria Costa Neiva 1 
 
No presente trabalho pretende-se apresentar o cenário atual da Orientação 
Profissional na realidade brasileira discutindo algumas das principais mudanças 
ocorridas e os desafios futuros para a área. 
A Psicologia Vocacional surgiu impulsionada por fatos históricos como a 
Revolução Industrial que introduziu novas formas de trabalho e novos ofícios e a 
necessidade do sujeito ser orientado nesta escolha, e a primeira e segunda guerras 
mundiais que acarretaram o desenvolvimento de testes psicológicos e serviços de 
seleção e orientação profissional. Em 1902 foi aberto o primeiro escritório de 
Orientação Profissional em Munique e logo em seguida em vários outros países. No 
Brasil, a área de Orientação Profissional teve seu início relacionada à Orientação 
Educacional. Em 1924, o Liceu de Artes e Ofícios de São Paulo começou a desenvolver 
esta atividade e em 1931, Lourenço Filho implantou o primeiro Serviço de Orientação 
Profissional (Melo-Silva e Jacquemin, 2001; Neiva, 2007). 
Desde então a área de Orientação Profissional se desenvolveu teoricamente e 
metodologicamente, assim como se ampliaram as possibilidades de atuação do 
orientador junto a outros segmentos da população, respondendo a necessidades advindas 
das mudanças ocorridas principalmente nas relações e mercado de trabalho.  
 
CENÁRIO ATUAL 
 
1. NOVAS ABORDAGENS TEÓRICAS E PROPOSTAS DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL 
 
Na primeira metade do século XX, a orientação profissional foi fortemente 
influenciada pela teoria de Traços e Fatores e pela Psicometria, e esteve a serviço da 
ideia de “colocar o homem certo no lugar certo”. A modalidade atuarial ou estatística, 
que predominou durante este período, tem como objetivo central o diagnóstico 
vocacional através de testes psicológicos, principalmente de interesse e aptidões. O 
indivíduo, após submeter-se a uma bateria de testes, recebe uma orientação sobre as 
profissões mais indicadas, assumindo assim um papel passivo ao longo da orientação 
profissional. 
Na segunda metade do século XX, duas novas modalidades de orientação 
profissional foram introduzidas na realidade brasileira: a modalidade clínica e a 
modalidade do desenvolvimento. Ambas as modalidades defenderam a importância do 
indivíduo assumir um papel ativo na elaboração do projeto profissional, abandonando o 
papel passivo predominante na modalidade atuarial. O orientador passou assim a ser um 
facilitador do processo de decisão profissional. 
A modalidade clínica foi desenvolvida pela Universidade de Buenos Aires e teve 
como porta-voz Bohoslavsky (1977/1998). Fundamentada na teoria psicanalítica, a 
                                                            
1 Doutora em Psicologia pela Université Paris V, Especialista em Orientação Profissional.                                        
Email: kathia.neiva@gmail.com; Homepage: www.kathianeiva.com.br 
 
estratégia clínica tem como objetivo principal a elaboração da identidade vocacional-
ocupacional e o desenvolvimento da capacidade de decisão autônoma. Utiliza como 
instrumento principal a entrevista psicológica, embora não descarte a possibilidade de 
utilização de testes e técnicas psicológicas, desde que inseridos em um processo de 
reflexão e esclarecimento do projeto profissional. 
A modalidade do desenvolvimento surgiu no início da década de 1950, com 
Super (1953), Ginzberg, Ginsburg e Axelrad (1951) que introduziram a ideia de que o 
desenvolvimento vocacional passa por estágios que vão desde a infância até a velhice. 
De acordo com Super (1953) o desenvolvimento vocacional passa por cinco etapas: 1) 
crescimento (infância), 2) exploração (adolescência), 3)estabelecimento (idade adulta), 
4) permanência (maturidade), e 5) declínio (velhice). A noção de desenvolvimento 
vocacional fez ruir por terra a ideia de que as decisões profissionais se limitam a uma 
etapa da vida – a adolescência – e ampliou assim a atuação do orientador, incluindo a 
necessidade de intervir em outros momentos em que decisões no âmbito profissional se 
fazem presentes: escolha da área profissional pós-estudos universitários, crises 
profissionais ao longo da vida ativa, mudanças de emprego, planejamento de carreira, 
projetos profissionais pós-aposentadoria, etc. O objetivo central desta modalidade é 
facilitar o desenvolvimento vocacional, através do desenvolvimento dos autoconceitos 
e da maturidade vocacional. Pelletier, Bujold e Noiseux (1979) elaboraram o Programa 
de Ativação do Desenvolvimento Vocacional, cuja proposta é estimular as tarefas do 
desenvolvimento - exploração, cristalização, especificação e realização – através de 
atividades planejadas. Mais recentemente, Super (1980) avançou nas suas contribuições 
trazendo os conceitos de ‘life span’ e ‘life space career development’ organizando os 
diferentes papeis e estágios da vida em um sistema interativo que chamou de ‘Life 
Career Rainbow’. Ele identificou vários dos papeis que o indivíduo exerce ao longo dos 
cinco estágios da vida, dentre eles: criança, estudante, cidadão, trabalhador. Tais papeis 
podem ser exercidos ao mesmo tempo; o tempo despendido em cada um deles varia em 
função da idade e do estágio de vida. Cada papel pode ocupar uma posição central ou 
periférica em cada estágio de vida, em função dos demais papeis que o indivíduo exerce 
naquele momento (SUPER, 1980; SUPER, SAVICKAS e SUPER, 1996). O papel de 
trabalhador perpassa praticamente todos os estágios de vida, em alguns momentos 
sendo vivido como papel central e em outros como periférico. 
No início deste século novas abordagens de Orientação Profissional foram 
introduzidas na realidade brasileira com outros enfoques teóricos e metodológicos, tais 
como: 
 Abordagem Socio-histórica 
Esta abordagem de Orientação Profissional foi proposta por Bock (2002) e tem 
como base a Teoria Sócio-histórica que busca entender o indivíduo na sua relação com a 
sociedade de forma dinâmica e dialética. O objetivo desta modalidade de orientação 
profissional é facilitar a compreensão e apropriação dos determinantes das decisões 
(valores, mercado e campo de trabalho, expectativas familiares, grupo de amigos, 
experiência escolar, gênero, conhecimento das profissões, autoconhecimento, situação 
econômica, social e política, expectativas e aspirações pessoais) e a construção do 
projeto profissional. Utiliza como recursos metodológicos técnicas, dinâmicas de grupo, 
atividades estruturadas e discussões. 
 Abordagem psicopedagógica 
Esta abordagem, desenvolvida por Hissa e Pinheiro (2002), considera a 
Orientação Profissional sob a ótica da aprendizagem da escolha e tem como base as 
teorias desenvolvimentistas, o construtivismo, princípios da Gestalt e da modalidade 
clínica. Estas autoras propuseram a Metodologia da Ativação da Aprendizagem cujo 
objetivo é exercitar conteúdos e informações inerentes ao processo de aprendizagem 
que possibilitam aprender a selecionar, escolher e decidir uma profissão, ativando as 
devidas estruturas intelectuais e habilitando o indivíduo a perceber, pensar, sentir e agir. 
Para tal, fazem uso de técnicas participativas, jogos, pesquisas, debates e dramatizações. 
 Abordagem comportamental 
Tal abordagem foi introduzida na realidade brasileira por Moura (2001, 2004) e 
é baseada no Modelo de Análise do Comportamento de Skinner. Seus objetivos 
principais são: (a) arranjar condições para que o indivíduo discrimine as variáveis dos 
contextos familiar, social, cultural e econômico às quais seus comportamentos de 
decidir estão expostos; (b) proporcionar informações relevantes sobre as profissões de 
interesse, relacionando-as aos dados de autoconhecimento; (c) aumentar a ocorrência de 
comportamentos relacionados à escolha e/ou tomada de decisão. Como recursos 
metodológicossão utilizados exercícios específicos, técnicas, exposições, discussões e 
dramatizações. 
2. NOVOS INSTRUMENTOS PARA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL 
Durante boa parte do século passado, os instrumentos mais utilizados em 
Orientação Profissional eram testes psicológicos estrangeiros, geralmente americanos, 
não adaptados nem validados para a realidade brasileira. Além disso, era rara a 
existência de testes com normas específicas para a população brasileira. Com o 
surgimento do SATEPSI (Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos) implantado 
pelo Conselho Federal de Psicologia em 2003, a situação começou a mudar e vários 
testes passaram por validação e normatização para a população brasileira. Além disso, 
nas últimas décadas surgiram novos testes, jogos psicopedagógicos e uma variedade de 
técnicas específicas para orientação profissional. A seguir serão apresentados 
brevemente alguns dos instrumentos mais utilizados na atualidade em Orientação 
Profissional. 
a) Testes psicológicos 
 Para diagnóstico inicial e avaliação do processo de OP: 
 EMEP - Escala de Maturidade para a Escolha Profissional (Neiva, 1999) tem 
como objetivo avaliar a maturidade para a escolha profissional de alunos do ensino 
médio. É uma escala de tipo Likert (em cinco pontos) composta de cinco 
subescalas: (1) Determinação, (2) Responsabilidade, (3) Independência, (4) 
Autoconhecimento e (5) Conhecimento da Realidade Educativa e 
Socioprofissional. A escala se destina a alunos do ensino médio e possui normas 
para a população brasileira. Pode ser usada com fins de diagnóstico e planejamento 
da orientação profissional, para avaliar a evolução do orientando após o programa 
de orientação profissional e para avaliar programas de orientação profissional. 
 Para avaliação da personalidade, incluindo as motivações profissionais: 
 QUATI - Questionário de Avaliação Tipológica - Versão II (Zacharias, 2003), cujo 
objetivo é identificar o tipo psicológico tendo como base a teoria Junguiana. 
 BBTbr - Teste de fotos de profissões (Achtnich,1991; Jacquemin, 2000; Okino, 
Noce, Assoni & Pasian, 2006). Este teste avalia a estrutura da personalidade tendo 
como base a teoria de Szondi. Foi construído por M. Achtnich e adaptado para a 
realidade brasileira; possui a versão masculina e feminina. 
 HumanGuide (Welter, 2010) - Instrumento de avaliação on-line para a apreensão do 
perfil motivacional baseado na teoria de Szondi, construído por Kenmo (2005) e 
adaptado para a realidade brasileira. 
Outros testes de personalidade também têm sido usados por orientadores 
profissionais, que embora não forneçam uma leitura específica das motivações 
profissionais, permitem extrair conclusões sobre a dinâmica de personalidade do 
orientando. Alguns deles são: IFP - Inventário Fatorial de Personalidade, EPS - Escalas 
de Personalidade de Comrey, BFP -Bateria Fatorial de Personalidade . 
 Para a avaliação de interesses: 
 AIP – Avaliação de Interesses Profissionais (Levenfus & Bandeira, 2009). Tem 
como objetivo identificar os campos de maior interesse profissional (10 campos). 
Seu uso é indicado a partir de 17 anos e as normas são expressas em percentil. O 
teste está normatizado para a população brasileira. 
 EAP – Escala de Aconselhamento Profissional (Noronha, Santos & Sisto, 2007). 
Avalia as preferências por atividades profissionais (7 dimensões). Seu uso é 
indicado a partir de 17 anos e as normas são expressas em percentil. O teste está 
normatizado para a população brasileira. 
 SDS – Questionário de busca auto dirigida (Primi, Mansão, Muniz & Nunes, 
2010). Trata-se da versão brasileira do Self Direct Search de Holland & Powell. O 
questionário é organizado em quatro seções que abordam questões referentes a 
atividades, competências, carreiras e habilidades. 
 Teste de Frases Incompletas para Orientação Profissional (Bohoslavsky, 
1977/1998). Este é um teste projetivo que explora a identidade vocacional do 
indivíduo através de 25 frases incompletas. Neiva (2010) propôs uma 
sistematização de análise do teste. 
 Para a avaliação de habilidades: 
 BPR – 5 - Bateria de Provas de Raciocínio (A+B) (Almeida & Primi, 2000). Esta 
bateria permite estimativas do funcionamento cognitivo geral e das habilidades do 
indivíduo em cinco áreas específicas: Raciocínio Abstrato, Verbal, Espacial, 
Numérico e Mecânico. A bateria possui normas para a população brasileira. 
 HTM – Teste de Habilidades para o Trabalho Mental (Santarosa; Wainstein & 
Prado, 2005). Este teste avalia os seguintes raciocínios: Lógico/Verbal; 
Lógico/Numérico e Lógico/Abstrato. Possui normas brasileiras. 
b) Jogos psicopedagógicos 
 Jogo - Critérios para a Escolha Profissional (Neiva, 2008 – 2ª. ed. rev. e ampl.) 
Este jogo permite, de forma lúdica, ampliar o autoconhecimento e o conhecimento 
da realidade profissional e definir os critérios pessoais de escolha profissional com 
relação a cinco aspectos: (1) ambiente de trabalho, (2) objetos/conteúdos de 
trabalho (3) atividades de trabalho (4) rotina de trabalho (5) retornos do trabalho. 
Existe uma versão para aplicação individual e em pequenos grupos e outra para 
aplicação em grupos grandes. 
 Profissiogame (Soares, Oliveira Neto, Sperb (Orgs.); Vecchi & Dias (cols.), 2006 - 
2ª ed. rev. e ampl.). Trata-se de um jogo de tabuleiro que facilita o conhecimento do 
mundo do trabalho e permite o questionamento sobre: valores, ética, direitos e 
deveres do trabalhador. 
 Jogo das Profissões (Bertelli, 2007) cujo objetivo é facilitar o conhecimento do 
mundo do trabalho. 
c) Técnicas e dinâmicas de grupo para Orientação Profissional 
São várias as publicações que surgiram nos últimos anos, trazendo grande 
quantidade de técnicas, dinâmicas de grupo e atividades para orientação profissional, 
dentre elas: Lucchiari (1993); Giacaglia (2003); Mahl, Soares & Oliveira Neto (2005); 
Spaccaquerche & Fortim (2009); Soares (2010). Algumas técnicas específicas têm se 
mostrado de grande valia para o uso em orientação profissional, dentre elas: Técnica dos 
bombons (Levenfus, 2010a); Técnica do Círculo da Vida (Lima, 2010); Autobiografia 
(Levenfus, 2010b). A técnica RxO – Realidade Profissional, originalmente proposta por 
Bohoslavsky (1977/1998), foi organizada e publicada por Coelho (2009, 2ª ed.) com o 
nome de “Conhecendo as profissões com o RxO”. Esta técnica tem como objetivo 
facilitar o conhecimento da realidade ocupacional, através de fichas de informação 
sobre as profissões. Possibilita também corrigir distorções, analisar estereótipos e 
facilitar o processo de escolha profissional. 
3) AMPLIAÇÃO DAS POSSIBILIDADES DE ATUAÇÃO EM ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL 
 Na atualidade sabe-se que as questões profissionais não se limitam à etapa da 
adolescência, quando a sociedade exige uma primeira decisão profissional, mas sim que 
perpassam toda a vida do indivíduo. Em vários momentos e situações, decisões 
profissionais importantes necessitam ser tomadas, revistas ou reestruturadas. Com isso, 
as possibilidades de atuação do orientador profissional se ampliaram. A seguir serão 
apresentadas algumas das novas áreas atuação que surgiram nas últimas décadas. 
 Preparação de jovens de classes econômicas menos favorecidas para o 
ingresso no primeiro emprego 
Nos últimos tempos, várias ONG’s têm desenvolvido ações socioeducativas para 
facilitar o ingresso profissional de jovens provenientes de classes socioeconômicas 
menos favorecidas. Uma destas ações consiste em preparar psicologicamente os jovens 
para o ingresso em um primeiro emprego. Alguns trabalhos relatam esta atuação entre 
eles Sarriera, Câmara e Berlim (2006) e Neiva, Caires e Souza (2010). 
 Reorientação profissional junto a estudantes universitários 
Este trabalho em geral é desenvolvido junto a estudantes universitários que não 
estão satisfeitos coma escolha acadêmico-profissional. Atualmente, algumas 
universidades já estão atentas ao problema e oferecem ajuda a seus alunos para 
revisarem a escolha de curso e se reorientarem. Este trabalho tem minimizado a evasão 
escolar no ensino superior. 
 Reorientação profissional junto a profissionais 
Tem-se observado que o número de profissionais, especialmente os recém-
formados, insatisfeitos com a profissão escolhida tem aumentado consideravelmente. 
Este fato pode ser reflexo do aumento no número de opções profissionais e maior 
facilidade de ingresso no curso superior por conta da abertura de muitas 
faculdades/universidades particulares e consequentemente o aumento de vagas no 
ensino superior. 
 Preparação para aposentadoria 
O momento da aposentadoria requer uma reestruturação na vida ocupacional e 
elaboração de novos projetos. Várias empresas passaram a se preocupar com isso e a 
desenvolver programas de preparação para a aposentadoria. Vale mencionar como 
referência o trabalho de Zanelli, Silva e Soares (2010). Alguns serviços de psicologia de 
universidades também já começaram a oferecer este serviço como é o caso do LIOP 
(UFSC). 
 Planejamento de carreira 
Este área engloba desde o planejamento de carreira junto a formandos 
universitários até profissionais que necessitem planejar suas carreiras. Algumas 
universidades já começaram a desenvolver este trabalho e ajudar os alunos dos últimos 
semestres a tomarem decisões relacionadas à escolha da área de trabalho e inserção no 
mercado. Algumas empresas também têm a preocupação de propiciar ajuda a seus 
funcionários para planejar suas carreiras. A obra de Dias e Soares (2009) é uma 
referência deste tipo de trabalho. 
 Orientação Profissional junto a pessoas com necessidades especiais 
A lei nº 8.213 de 24/07/91 em seu artigo 93 obriga as empresas com mais de 
100 empregados a preencherem de 2% a 5% de seus cargos com beneficiários 
reabilitados ou pessoas portadoras de deficiência (Clemente, 2008). Esta legislação 
impulsionou o desenvolvimento de programas de orientação para indivíduos com 
deficiência e necessidade de prepará-los para a inserção no mercado de trabalho. Em sua 
tese de doutorado, Ivatiuk (2009) analisa os trabalhos de OP em pessoas com 
necessidades especiais, publicados entre 2000 e 2009. 
 Programas de apoio ao desligamento institucional e recolação no mercado 
de trabalho 
As mudanças ocorridas nas organizações por conta da globalização, da 
automação e do aumento da competividade têm gerado, com frequência, reestruturações 
e redução de pessoal. Muitas empresas têm tido a preocupação de oferecer aos 
empregados que são desligados programas de apoio à recolocação no mercado de 
trabalho. O trabalho desenvolvido por Moreno (2000) vale como exemplo. 
4) CONSOLIDAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ORIENTADORES PROFISSIONAIS 
(ABOP) E DA REVISTA BRASILEIRA DE ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL (REVBOP) 
 A Associação Brasileira de Orientação Profissional (ABOP) foi criada em 1993 
como uma “sociedade civil de direito privado, que objetiva consolidar um espaço onde 
exista a possibilidade de construção da identidade do orientador, através da organização 
de grupos profissionais, no âmbito interdisciplinar” (Melo-Silva e Jacquemin, 2001, p. 
25). Dentre os objetivos da ABOP está o apoio, estímulo e promoção de atividades 
científicas de investigação e ação orientadora, o que vem ocorrendo desde então com a 
realização de um congresso da área a cada dois anos. Estes congressos têm mostrado o 
aumento de trabalhos científicos produzidos na área e contado com a participação de um 
grande número de profissionais e pesquisadores. 
 A Revista de Orientação Profissional (RBOP) é uma publicação semestral da 
Associação Brasileira de Orientadores Profissionais (ABOP), em parceria com a 
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto, da Universidade de São 
Paulo (FFCLRP-USP) e conta com o apoio da Vetor Editora. Sua direção está a cargo 
da Profa. Dra. Lucy Leal Melo-Silva (USP – Campus Ribeirão Preto). A revista publica 
trabalhos originais na área de Orientação Profissional e de Carreira nos contextos da 
Educação, Trabalho e Saúde e nas interfaces com outras áreas do conhecimento. 
Originalmente a revista se denominava Revista da ABOP, mas em 2003, passou a 
Revista de Orientação Profissional (RBOP) quando foi revitalizada e padronizada 
conforme as publicações mais reconhecidas na área de Psicologia. A RBOP 
disponibiliza todos seus artigos na Base de Dados de Textos completos PEPsic (Portal 
de Periódicos Eletrônicos da Área da Psicologia). Atualmente a RBOP encontra-se 
indexada nas seguintes bases: (a) Literatura Latino-americana e do Caribe de 
Informação em Ciências da Saúde (LILACS); (b) Index Psi Periódicos (BVS-Psi); (c) 
Portal de Periódicos Eletrônicos em Psicologia (PePSIC); (d) CLASE, que indexa 
documentos publicados em periódicos de revistas latinoamericanas especializadas nas 
ciências sociais e humanas. Com relação à avaliação dos periódicos científicos da área, 
a RBOP tem sido analisada, desde 2005, pelos critérios instituídos pelo Qualis de 
Periódicos, área Psicologia da comissão conjunta CAPES-ANPEPP (Coordenação de 
Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior/Associação Nacional de Pesquisa e Pós-
graduação em Psicologia). A partir de 2008, após a revisão dos critérios de avaliação, a 
RBOP foi classificada no estrato B2 (Mello-Silva e Risk, 2010). 
 
DESAFIOS DA ORIENTAÇÃO PROFISSIONAL 
Apesar da área de Orientação Profissional ter se desenvolvido 
consideravelmente na realidade brasileira nas últimas décadas, ainda são muitos os 
desafios: 
 Implantação de Políticas Públicas que referendem a importância da 
Orientação Profissional em vários setores e segmentos da sociedade e permitam ampliar 
a atuação do orientador, principalmente nas escolas. 
 Maior conscientização das instituições educativas (de ensino fundamental, 
médio e superior) com relação ao seu papel na facilitação do processo de elaboração do 
projeto profissional. São ainda poucas as instituições de ensino que oferecem um 
serviço de Orientação Profissional. 
 Solidificação da Formação do Orientador Profissional, visto que são muitos 
os profissionais que atuam na área sem terem realizado uma formação específica. 
Embora o diploma de psicólogo habilite o profissional para atuar como orientador 
profissional, ele não fornece os conhecimentos teóricos e práticos necessários para uma 
atuação de qualidade. Muitos cursos de Psicologia, inclusive, retiraram da estrutura 
curricular o estágio na área de Orientação Profissional. 
 Ampliação do olhar do Orientador Profissional para as necessidades das 
populações menos favorecidas (cognitivamente, fisicamente, psicologicamente, 
socialmente e economicamente) e conscientização do Orientador Profissional do seu 
papel como facilitador da inclusão profissional /ocupacional destas populações, 
incluindo: (a) indivíduos provenientes de classe social baixa, (b) desempregados, (c) 
jovens em situações de vulnerabilidade social, (d) jovens e adultos em situação de 
marginalidade, (e) egressos do sistema prisional, (f) deficientes (físico, intelectual, 
auditivo, visual), (g) portadores de distúrbios mentais, (h) portadores de doenças 
crônicas incapacitantes, (i) pessoas com sequelas de doenças ou acidentes que não 
possam mais exercer a mesma atividade profissional, entre outras. 
 Deselitização da Orientação Profissional que deve sair dos consultórios e ser 
oferecida “in loco” nas escolas, Ong’s., empresas, de maneira a atingir um maior 
número de pessoas e contribuir, assim, para minimizar os problemas de inadaptação e 
insatisfação na vida profissional, que estão muito frequentes na atualidade. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 Este artigo não esgota o tema, pois certamente alguns avanços da área não 
foram aqui contemplados,assim como alguns dos desafios que ainda são necessários 
vencer. Mas, o levantamento realizado mostra que a área de Orientação Profissional 
tem se solidificado cada vez mais na realidade brasileira, contando com um corpo de 
profissionais e pesquisadores que têm contribuído consideravelmente para o progresso 
científico neste campo. 
 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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São Paulo: Casa do Psicólogo , 2000 
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Cortez Editora, 2002. 
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Janeiro: Martins Fontes. 1998. (Original publicado em 1977). 
CLEMENTE, C.A. Trabalho decente para a pessoa com deficiência: leis, mitos e 
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2009. 
DIAS, M. S. de L. ; SOARES, D. H. P. Planejamento de Carreira: uma orientação 
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GIACAGLIA, L. R. A. Atividades para Orientação Profissional. São Paulo: Pioneira, 
2003. 
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	A Orientação Profissional na atualidade_Kathia Neiva

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