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DIREITO ADMINISTRATIVO

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DIREITO ADMINISTRATIVO
ATOS ADMINISTRATIVOS
CONCEITO: É toda manifestação unilateral da Administração Pública que, agindo nessa qualidade, tenha por fim imediato adquirir, resguardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos, ou impor obrigações aos administrados ou a si própria (Hely Lopes Meirelles). 
Ressalte-se que a produção de atos administrativos não é exclusividade do Poder Executivo, ainda que seja sua principal função. Os demais Poderes, como se sabe, também pratica esses atos, nas suas funções secundárias, Para que fique patente a diferença, em suas atividades primordiais, o Poder Judiciário produz atos judiciais (dizer o Direito ao caso concreto) e o Legislativo, atos legislativos (produção de leis em sentido genérico).
Atos administrativos são aqueles produzidos por qualquer Poder, no exercício da função administrativa.
Não são dessa espécie os atos praticados pela Administração Pública em igualdade de condições com o particular, ou seja, seguindo as regras do Direito Civil ou Comercial, como a emissão de um cheque ou locação de um imóvel. São ditos simplesmente atos privados praticados pela Administração Pública.
ATOS DE DIREITO PRIVADO: Não são atos administrativos já que regidos pelas regras de direito privado não gozam das atribuições e privilégios que um ato administrativo tem. 
ATOS POLÍTICOS: Não são atos administrativos, uma vez que tratam-se de condutas autônomas praticadas pelos poderes da república no exercício de funções atípicas. 
ATOS DE CONCESSIONÁRIOS E PERMISSIONÁRIOS DE SERVIÇO PÚBLICO: Estes atos podem ou não ser atos administrativos. Se a concessionária atuar substituindo-se se a uma função que originalmente compete ao poder público (Ex: conservação e limpeza de uma rodovia) então este ato será administrativo. Se a concessionária atuar resolvendo apenas questões internas (EX: o pagamento de seu quadro de funcionário) este ato não será administrativo. 
ATOS ADMINISTRATIVOS PROPRIAMENTE DITOS: Trata-se da manifestação de vontade da administração pública sob o regime de direitos predominante público no exercício da função administrativa. 
ATENÇÃO: São elementos cumulativos. Todo ato administrativo deve conter os cincos. 
	
É a capacidade, atribuída pela lei, do agente público para o exercício de seu mister. Como comentado, é sempre vinculado. Então, qualquer ato, mesmo o discricionário, só pode ser produzido pela pessoa competente. Essa competência, repita-se, é prevista na lei e atribuída o cargo.
Quando o agente atua fora dos limites da lei, diz-se que cometeu excesso de poder, passível de punição. Importante que não se confunda excesso com desvio de poder (ou de finalidade). Ambos são modalidades de abuso de poder, mas o primeiro importa ofensa à regra de competência, o segundo, ao elemento finalidade do ato administrativo.
Como citado acima, a competência tem correspondência com a capacidade na esfera civil. Porém, não se confundem. A capacidade é um dado físico; a competência, por sua vez, é um dado legal.
Assim, no âmbito administrativo, diz que não é competente quem quer, mas sim quem pode, de acordo com a previsão legal, sendo nulo o ato praticado por agente incompetente.
A competência também é obrigatória, intransferível, irrenunciável, imodificável, imprescritível e improrrogável. Improrrogável significa dizer que se é incompetente hoje, continuará sendo sempre, exceto por previsão legal expressa em sentido contrário, é dizer, um fato futuro não vai prorrogar, ampliar, a competência do agente. Imprescritível é aquela que continua a existir, independentemente de seu não uso. Dizer que é irrenunciável corresponde à impossibilidade de o agente competente “abrir mão” de praticá-la. Intransferível, ou inderrogável, é a impossibilidade de se transferir a competência de um para outro, por interesse das partes.
No entanto, essas características não vedam a possibilidade de delegação ou avocação, quando prevista em lei.
COMPETÊNCIA: Importa analisar qual sujeito competente para a pratica do ato. Decorre de previsão em lei ou n CF ou mesmo em um contrato administrativo. Trata-se de elemento vinculado tanto no ato vinculado, como no ato discricionário. 
FINALIDADE: É o objetivo do ato. Todo ato tem uma finalidade genérico que é o atendimento do interesse público e uma finalidade especifica que é aquilo para o qual o ato foi efetivamente praticado. Trata-se de elemento vinculado tanto no ato vinculado como no ato dicionário. A única exceção a essa vinculação da finalidade está no instituto da tredistinação licita em sede da desapropriação. (EX: se ocorreu a desapropriação para construir uma escola e o administrador resolveu construir um hospital).
	
A única e exclusiva finalidade de todo ato administrativo é sempre o interesse público, jamais podendo ser praticado com a finalidade de atender a interesse privado, caso em que será nulo e eivado de vício de desvio de finalidade. Por isso, é outro elemento sempre vinculado.
Em obediência ao princípio da impessoalidade, aliado à moralidade, o agente público não pode atuar visando interesses pessoais, seus ou de algum grupo de cidadãos, seja para beneficiá-los indevidamente, ou prejudica-los à margem da lei.
Assim, construir uma estrada com a finalidade de facilitar o acesso à fazendo de uma autoridade influente, ou desapropriar um bem de um inimigo ou, ainda, remover servidor para outra localidade com o fim de puni-lo, são exemplos de desvio de finalidade, que tornam o ato nulo, por ofensa a esse elemento vinculado de todo ato administrativo, violando, inclusive, preceito constitucional (art. 37, “caput”, CF/88).
FORMA: É a exteriorização do ato, é o meio pelo qual o ato se manifesta. Atende-se ao principio da solenidade, sem se esquecer do principio da instrumentalidade das formas. O vicio na forma como regra é sanável. 
Por fim, o silencio administrativo não produz qualquer efeito jurídico, salvo se a lei prever algum efeito jurídico. Trata-se de elemento vinculado no ato vinculado e elemento vinculado no ato discricionário. 
	
Forma é o modo através do qual se exterioriza o ato administrativo, é seu revestimento. É outro elemento sempre essencial à validade do ato. Se não existe forma, não existe ato; se a forma não é respeitada, o ato é nulo. A forma só não é vinculada quando a lei deixar ao agente a escolha da mesma. Quando a lei a estabelece, deve ser obedecida sempre, sob pena de, repita-se, nulidade. Como regra geral, os atos são escritos, mas podem ser orais, ou então através de placas e semáforos de trânsito, sinais mímicos, como usados pelos policiais, etc. O art. 22 da Lei nº 9.784/99, já citada, regulamentando o processo administrativo federal, determina que “os atos do processo administrativo não dependem de forma determina senão quando a lei expressamente a exigir”.
MOTIVO: São as razões de fato e de direito que geram o ato (são os pressupostos fático e jurídico). A relação entre esses pressupostos devem ser proporcional. Trata-se de elemento vinculado no ato vinculado, e de elemento discricionário ato discricionário. 
Pela teoria dos motivos determinantes os motivos que são usados para justificar a pratica do ato vinculam esse ato. Significa que os motivos expostos devem corresponder a realidade, sob pena de o ato administrativo poder ser controlado. EX: um estádio de 60 mil lugares em uma cidade de 45 mil pessoas pode ser vetado por ser desproporcional; agora, um estádio de 5 mil lugares para esta mesma cidade de 45 mil pessoas não pode ser vetado.
	O motivo é a circunstância de fato ou de direito que determina ou autoriza a prática do ato. Então, é a situação fática que justifica a realização do ato. Situação de fato é o conjunto de circunstâncias que motivam a realização do ato; questões de direito é a previsão legal que leva à prática do ato.
Esse componente do ato nem sempre está previsto na lei. Quando está nela descrito, é vinculante, ou seja, o ato depende da ocorrência da situação prevista. Em outras ocasiões, a lei defereao agente a avaliação da oportunidade e conveniência da prática do ato que, nesse casso, será discricionário.
É vinculante a concessão de licença para que o servidor trate de sua própria saúde, quando doente. Mas é discricionária a concessão de licença para tratar de assuntos particulares, pois somente será deferida a critério da Administração (art. 91 e 102, VIII, b, Lei nº 8122/90).
O mérito administrativo é a análise da oportunidade e da conveniência ao praticar o ato.
O motivo não se confunde com a motivação. Esta é a série de motivos externados que justificam a realização de determinado ato. Assim, todo o ato tem seu motivo, mas nem sempre há a motivação que é, repise-se a exteriorização dos motivos.
OBJETO: É aquilo de que trata o ato. O objeto deve ser licito possível e determinado. (Prevalece o entendimento que o entendimento que o objeto não pode ser determinável). Trata-se de elemento vinculado no ato vinculado, e elemento discricionário no ato discricionário. 
	
Objeto é o conteúdo do ato. É através dele que a Administração exerce seu poder, concede um benefício, aplica uma sanção, declara sua vontade ou um direito ao administrador etc.
Juntamente com o motivo, pode não estar previsto expressamente na legislação, cabendo ao agente competente a opção que seja mais oportuna e conveniente ao interesse público, caracterizando, então o exercício do Poder Discricionário.
Sendo assim, concluímos que:
	
	ATO VINCULADO 
	ATO DISCRICIONÁRIO 
	COMPETÊNCIA
	Vinculado
	Vinculado
	FINALIDADE
	Vinculado
	Vinculado
	FORMA
	Vinculado
	Vinculado
	MOTIVO
	Vinculado
	Discricionário
	OBJETO 
	Vinculado 
	Discricionário 
REQUISITOS DE FORMAÇÃO DO ATO ADMINISTRATIVO
São 3 os requisitos de formação do ato administrativo: PERFEIÇÃO (o ato deve observar etapas genericamente dispostas); VALIDADE (se as etapas foram observadas). EFICÁCIS (o ato está apto a produzir efeitos). Isso significa que o ato pode ser:
Perfeito, valido e eficaz; (ATO PLENO)
Perfeito, valido e ineficaz; (ATO TAMBÉM PLENO, POIS A EFICACIA NÃO DEPENDEM DO ADMINISTRADOR PÚBLICO);
Perfeito, invalido e eficaz; (ATO NULO, SALDO SE FOR POSSIVEL SEUS REAPROVEITAMENTO)
Perfeito, invalido e ineficaz. (ATO NULO EM QUALQUER HIPOTESE)
O ATO NUNCA PODE SER IMPERFEITO
EXTINÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Os atos administrativos podem ser extintos da seguinte maneira: 
EXTINÇÃO NATURAL: Se o ato cumpriu seus efeitos ou chegou-se ao termo final nele previstos. 
	É aquele que cumprido os seus efeitos ele se extingue de forma natural. O ato termina naturalmente quando o prazo do ato se extingue pelo cumprimento do seu efeito. 
Ex: Concessão de férias a um servidor pela administração publica. 
RENÚNCIA: Se o beneficiário do ato abrir mão do beneficio (Só é possível renúncia se a questão for benéfica, jamais se a questão for maléfica)
	Decorre da manifestação de vontade do destinatário do ato administrativo 
Ex: Autorização para uso de um bem publico, porém, o agente não tem mais interesse em usá-lo. 
DESAPARECIMENTO DA PESSOA OU COISA SOBRE A QUAL O ATO RECAI: Se a pessoa ou coisa desaparece 
	 EXTINÇÃO SUBJETIVA 
Dá-se pela perda do sujeito beneficiário do ato administrativo. 
Ex: Morte de um servidor aprovado em concurso os efeitos do ato de sua investidura é extinto. 
 EXTINÇÃO OBJETIVA 
É o desaparecimento do objeto da relação jurídica que depois de praticado, o ato desaparece ocorrendo à extinção do ato administrativo. 
Ex: Interdição de um estabelecimento e vindo este a fechar o objeto do ato se extingue e consequentemente o seu ato. 
RETIRADA: A retirada se da por Anulação de atos legais; Revogação de atos discricionários; ou a Cassação se ocorre descumprimento superveniente do ato. Exemplo de cassação: Se a prefeitura deu alguma autorização para exploração de atividade de hotel, mas o proprietário está explorando o ramo de motel. 
	ANULAÇÃO 
Existe a retirada na forma de anulação quando o ato for ilegal, a ilegalidade ela pode ser detectada pela administração pública ou pelo poder judiciário, causando efeitos retroativos, ex tunc, como defende a maioria da doutrina, porem o conceituado professor e doutrinador Celso Antonio Bandeira de melo diz “se anulação produzir efeitos favoráveis ao sujeito esses efeitos serão ex tunc, porem, se anulação prejudicar o sujeito e lhe causar efeitos restritivos deverá ser ex nunc de hoje em diante”. A administração tem o prazo de cinco anos para anular atos administrativos ilegais, que produza efeito favorável.
REVOGAÇÃO
É a retirada do ato administrativo do ordenamento jurídico, quando este ato administrativo for inconveniente, inoportuno e que não atenda ao interesse público. A administração pública tem a liberdade discricionária concedida pela lei para revogar o ato administrativo não tendo o poder judiciário nenhum controle vinculante quanto essa forma de retirada, a não ser quando ela atipicamente exerce função administrativa revogando os seus próprios atos. 
CASSAÇÃO 
Pressupõe descumprimento de requisitos legais por parte do beneficiário que descumpriu condições que permitia a manutenção do ato e seus efeitos. 
A retirada por cassação do ato administrativo ela tem duas características que são o ato vinculado e o ato sancionatório sendo este com poder punitivo para o beneficiário que deixou de cumprir as condições do ato possibilitando a sua extinção. 
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SERVIÇOS PÚBLICOS
A relação entre Estado e econômica se dá de 3 maneiras: Intervenção direta, Intervenção indireta, Intervenção por monopólios.
Na intervenção direta o Estado explora uma atividade econômica ou presta uma atividade econômica. Na exploração de atividade ele atua excepcionalmente, em caso de segurança nacional ou relevante interesse (EX: hidrelétrica). Quando presta serviço age como regra (EX: saúde, educação, água e esgoto e transporte). 
Já na intervenção indireta o Estado age apenas com função de fiscalização, incentivo e planejamento. (EX: o Estado aumenta a alíquota sobre o produto estrangeiro para proteger o mercado nacional).
Por fim, na intervenção por monopólios o Estado tem obrigações que a constituição atribui apenas a ele. (EX: petróleo, gás natural e material nuclear).
O objeto do nosso estudo será apenas o Estado prestando serviço público que pode ser conceituado como a comodidade ou utilidade, posta a administração do particular, de maneira contínua, educada e eficiente. 
A relação entre o estado e a prestação de serviços públicos pode se dar de duas formas: direta/centralizante ou indireta/descentralizamente.
A prestação centralizada é aquela feita pelas próprias entes da federação (união, estados, municípios e DF).
Já a prestação descentralizada pode se dar de duas formas: por outorga ou por delegação. A descentralização por outorga é feita mediante lei para as autarquias e fundações públicas de direito público. Já a descentralização por delegação é feita de 3 formas: por lei se for para empresa pública e sociedade de economia mista; por contrato administrativo se for concessionário ou permissionária de serviço público; por ato administrativo se for autorizatária de serviço público. 
PRINCÍPIOS APLICÁVEIS AO SERVIÇO PÚBLICO 
PRINCÍPIO DO DEVER DE PRESTAÇÃO DO ESTADO: ao menos em termos constitucionais ao estado compete a prestação de serviço. 
	È um encargo inescusável que deve ser prestado pelo Poder Público de forma direta ou indireta. A Administração Pública responderá pelo dano causado em decorrência de sua omissão.
PRINCÍPIO DA ATUALIDADE: os serviços devem ser prestados mediante o uso de técnicas modernas; 
PRINCÍPIO DA CORTESIA: prestador e usuário devem ser educados um com o outro
PRINCÍPIO DA MODICIDADE DAS TARIFAS: as tarifas devem ser baratas para o usuário e devem ser custeadas apenas pelo usuária ou também pelo estado.Esse princípio não significa gratuidade das tarifas. 
PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE: Os serviços devem ser prestados de maneira ininterrupta com as seguintes exceções: é possível interromper em situação de emergência, em situação de greve, por razão de ordem técnica, por questão de segurança das instalações ou em caso de inadimplência do usuário. 
CONCESSÃO COMUM DE SERVIÇOS PÚBLICOS
A lei 8987/95 é o estatuto das concessionárias e das permissionárias de serviços públicos. Esta lei visa a regulamentar o art. 175, pú da CF. 
A transferência se dá para pessoa jurídica ou consórcio de empresas de direito privado, que não integram a estrutura da administração pública. 
Vale lembrar que a concessão deve se dar mediante licitação na modalidade concorrência, A responsabilidade da concessionária nos termo do artigo 37, paragrafo 6º CF é objetiva, tal como o do Estado (a diferença é que a responsabilidade do Estado é subsidiária, isto é, o negócio corre por conta e risco da concessionária.)
Por fim, o prazo de concessão comum é sempre determinado e a concessionária pode explorar fontes de renda alternativas desde que isso se traduza em proveito econômico ao usuário. ´
CONCESSÃO ESPECIAL DE SERVIÇOS PÚBLICOS
Sua regulamentação se dá pela 11079/04. São as famosas parceria pública privadas. 
Na parceria pública privada os riscos e vantagens do negócio cabem tanto ao 
Estado como na concessionárias. Ademais diferentemente da concessão comum na concessão especial o estado é obrigado a fazer o investimento. São 2 as espécies de concessão especial: concessão patrocinada (o estado subsidia a parcela da tarifa) e concessão administrativa (o estado paga porque se torna usuário do serviço). Como exemplo de concessão patrocinada se pode mencionar os pedágios; como exemplo de concessão administrativa se pode mencionar as penitenciarias privadas. 
Como ultimas informações sobre as parcerias públicas privadas lembra-se que não podem ter prazo inferior a 5 anos e superior a 35 anos, incluídas eventuais prorrogações. Também o negócio não pode ser inferior a 20 milhões de reais.

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