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Prof. Vinicius Lemos
Capítulo 4 
Procedimentos Especiais
Como exposto no anteriormente, o processo, diante de sua procedimentalidade, pode
ter diferentes formas, o natural e comum ou, ainda, de maneira especial, em casos em
que se enseje, pela pertinência natural daquela causa, um objeto que juridicamente é
diferente. 
Já, o procedimento, objeto de estudo neste capítulo, nestas hipóteses, será diferente
do comum, com peculiaridades inerentes a cada objeto que se almeja nesta prestação
jurisdicional, encaixando o rito para o melhor alcance judicial para aquela situação
processual. 
1. Ação de consignação em pagamento
Por meio dessa ação, mediante um procedimento específico e especial, pode o
devedor, mediante o art. 539, “requerer, com efeito de pagamento, a consignação da
quantia ou da coisa devida.” O objeto dessa demanda será a discussão sobre o valor
devido da dívida, levando em consideração a divergência de valores ou a recusa ao
recebimento. É um modo de possibilitar que o devedor realize o pagamento, seja no
prazo devido ou no valor devido. 
<destaque>
O intuito desta espécie de demanda é o devedor realizar o pagamento – judicia ou
extrajudicial – da maneira que entende, para, a partir disso, cessar qualquer juros e
encargos, já que teria realizado o pagamento. 
<fecha>
Prof. Vinicius Lemos
1.1 As espécies de consignação em pagamento
Temos duas espécies regulamentadas pelo CPC/2015 sobre a consignação: a de
maneira extrajudicial e a judicial. 
1.1.1 A extrajudicial
Se o devedor, em algumas possibilidades, quiser realizar a consignação como forma de
pagamento, pode fazê-la de maneira extrajudicial, sem, ainda, importar em uma
demanda do devedor contra o credor. 
De acordo com Daniel Amorim Assumpção Neves, são requisitos da consignação
extrajudicial: 
(a) a prestação deve ser pecuniária – consignação de dinheiro (art. 539, §
1.º, do Novo CPC) –, até mesmo porque o devedor se valerá de instituição
financeira; (b) existência no local do pagamento (sede da comarca) de
estabelecimento bancário oficial ou particular, preferindo-se o primeiro
quando existirem ambos 580; (c) conhecimento do endereço do credor, em
razão da necessidade de tal informação para que se realize a notificação; (d)
credor conhecido, certo, capaz e solvente, o que afasta a consignação nos
casos de (i) não se conhecer o credor (dúvida sobre a identidade física); (ii)
dúvida a respeito de quem é o credor (dúvida sobre a condição jurídica); (iii)
devedor incapaz, que não pode validamente receber ou dar quitação; (iv)
credor insolvente ou falido, hipóteses nas quais o crédito deve ser destinado
às respectivas massas; (v) existência de demanda judicial que tenha como
objeto a prestação devida. (NEVES, 2016, p. 1.191)
Uma vez presentes os requisitos legais acima dispostos, mediante a vontade do
devedor, se for obrigação em dinheiro, conforme trata o § 1º do art. 539, realiza-se o
depósito em instituição bancária, a qual deve ser situada no mesmo lugar de
pagamento da obrigação. Após, o devedor cientifica o credor por carta via AR, para que
o mesmo tome ciência, tendo esse duas possibilidades dentro do prazo de 10 dias:
recusar-se a receber ou receber a quantia ali depositada. 
Sem nenhuma manifestação, acredita-se que o credor aceitou o pagamento, sendo
esse considerado como a quitação daquela obrigação ou parcela. É notório, então,
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observarmos que o silêncio do credor, nesse caso, é interpretado como aceite. O valor
ficará à disposição do credor para saque/levantamento. 
A recusa deve ser por escrito, de maneira expressa, ao estabelecimento bancário, com
a visualização de que não houve aceite e, tampouco, pagamento quitado, neste
momento. O devedor tem, a partir da recusa, o prazo de um mês para proceder a
judicialização dessa consignação em pagamento. No caso de ultrapassar o prazo sem
intentar a devida demanda, pode levantar o valor na instituição bancária e não será
visualizada como pagamento. 
1.1.2 A judicial
Apesar do CPC, o de 2015 e o anterior, preverem a consignação judicial como
consequente à extrajudicial, o normal, processualmente falando, é intentar
diretamente com o processo para tal desiderato, o que torna, para o devedor, uma
faculdade a tentativa extrajudicial, nunca um requisito. 
A petição inicial, além dos requisitos normais do art. 319, tem que constar o
requerimento para realizar-se o depósito (em caso de demanda sem a prévia forma
extrajudicial) ou a informação de que já há depósito e, ainda, a citação deve ser
requerida para levantar o depósito ou contestar. 
<exclamação>
Sem o depósito judicial realizado ou comprovado nos autos, no prazo estabelecido, o
processo deve ser extinto. 
<fecha>
Realizado o depósito e com a citação, o réu tem a opção do aceite, o qual também gera
a extinção, com a obrigação pela qual originou-se a consignação como adimplida. Em
caso diverso, há a possibilidade de oferecimento da contestação, nos moldes do art.
544, com a possibilidade de alegar, além das matérias preliminares do art. 337:
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 I - não houve recusa ou mora em receber a quantia ou a coisa devida; II - foi
justa a recusa; III - o depósito não se efetuou no prazo ou no lugar do
pagamento; IV - o depósito não é integral. Parágrafo único. No caso do inciso
IV, a alegação somente será admissível se o réu indicar o montante que
entende devido. 
Se a alegação for pela insuficiência, percebe-se que o réu aceitou o pagamento daquela
quantia, somente entende ser maior – com a necessidade de indicação do quantum, o
que permite o levantamento dessa parte incontroversa, com a matéria e
consequências somente sobre o quantum controvertido. 
Com a sentença imputando razão ao réu pela insuficiência, com a possibilidade de
complementação pelo autor, logo após o trânsito em julgado e a liquidação, se for o
caso. Todavia, há de se imaginar que autor, quando o réu alegar na contestação a
insuficiência, pode complementar o valor para chegar até aquele que considerado pelo
réu como correto. 
Com ou sem a instrução, mediante o que se alegou na contestação, o juízo proferirá
sentença, podendo ser julgada procedente ou improcedente. No caso dessa última, o
juízo determina o valor correto e as consequências do inadimplemento ou, ainda, até
onde se contará como inadimplemento, bem como a condenação nas custas e
honorários advocatícios. De outro modo, se for julgada procedente, o juízo declara a
extinção e a condenação em custas e honorários, bem como a quitação da obrigação. 
1.2 Competência
O art. 540 estabelece que o lugar do pagamento deve ser o norte para se pleitear a
consignação, levando-se a entender que a competência judicial funciona de igual
maneira, com a ação devendo ser intentada no mesmo lugar do pagamento. Contudo,
o disposto não fala em demanda e sim da consignação, o que nos leva entender que
deve ser realizada no local de pagamento aquela que é judicial ou extrajudicial, sendo
uma regra além até da competência. 
Essa parte é importante, pelo fato de que o local do pagamento, mesmo que
extrajudicial, pode gerar despesas para o recebimento, motivo pelo qual pode levar o
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credor a recusar o pagamento, apesar de outros requisitos estarem presentes. E, se for
uma demanda judicial, pode ser alegada a incompetência. 
1.3 Legitimidade
A legitimidade ativa para a consignação está no art. 539, quando estipula que será
realizada pelo devedor ou por um terceiro, os quais podem ser especificados como:
(a) no caso de terceiro juridicamenteinteressado ocorrerá sub-rogação, de
forma que esse terceiro, extinta a obrigação por consignação, assume os
direitos e ações do credor satisfeito frente ao devedor;
(b) no caso de terceiro não interessado, não ocorre sub-rogação, sendo
entendida a consignação como mera liberalidade deste em favor do
devedor.. (NEVES, 2016, p. 1.165)
Já a legitimidade passiva é o credor, sem motivo para ser outrem, contudo, se houver
dúvida sobre a figura do credor, pode ser realizado o pagamento e a citação de todos
os possíveis credores. 
Neste caso, se nenhum comparecer, a quitação será realizada e será arrecadado como
coisa vaga; se, no prazo devido, somente um comparecer, o juízo decide de plano a seu
favor; no caso de comparecimento múltiplo, o juízo declara a extinção do processo – se
for o caso de pagamento correto – somente continuando entre os possíveis credores
para a comprovação de quem deva receber.
1.1.4 A consignação de coisa indeterminada
Caso o que se almeja consignar não for dinheiro e sim uma coisa indeterminada, com a
escolha pertinente ao credor, a citação será para conceder-lhe o prazo de 5 dias para
manifestar-se sobre qual o objeto sobre o qual exerce a escolha. De todo modo, o
credor pode optar pela escolha ser a critério do devedor. 
2. Ação de exigir contas
A ação de exigir contas persiste na possibilidade judicial daquele que entende ser
titular do direito de exigir contas de outrem. O intuito passa pela necessidade do autor
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em saber se quem deve prestar contas o faz corretamente ou se tem alguma
divergência ou saldo. Esta ação tem uma natureza inicial de obrigação de fazer, com a
discussão se há ou não obrigação de prestar contas e, após esta fase da obrigação de
fazer, se houver a apresentação das contas, passa-se à análise dessa prestação, se está
correta ou não, com eventual saldo a ser cobrado, tornando, se for o caso, a ação em
um aspecto condenatório. 
Para que se possa pleitear a apresentação das contas é necessária a comprovação de
uma relação jurídica entre as partes, com uma complexidade material para se chegar
aos valores a serem analisados. 
2.1 Legitimidade
Quem tem legitimidade para exigir as contas, nos moldes do art. 550, é aquele que
teve administração de outrem em relação a contrato, bens, valores ou qualquer outro
negócio jurídico. Há a necessidade, por parte do autor, de comprovar que o réu deve,
juridicamente, prestar-lhe contas. 
Em modo inverso, deve prestá-las e, consequentemente, ser réu nesta espécie de
demanda, deve ser aquele que administra algo que o autor tem o direito de saber
sobre essas contas. Com isso, há a relação entre o autor e o réu sobre a prestação das
contas 
2.2 Procedimento
Com o autor intentando a petição inicial, com o despacho inicial, há a posterior citação
para, no prazo legal, contestar. Contudo, mesmo seguindo os parâmetros normais da
petição inicial, o autor deve cumular, além da exigência de prestar contas, a
condenação no pagamento do saldo devedor, se houver esse, após apuração. Imputa-
se, também, ao autor, a necessidade de comprovar a relação que impõe o direito a
exigência de contas. 
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A diferença dessa espécie de demanda das demais, o que a caracteriza a especialidade
está na divisão dessa em duas fases, a primeira na discussão sobre a existência ou não
da obrigação de fazer de prestar as contas. Em um segundo momento, com a decisão
parcial de mérito1 sobre obrigação de fazer, para, após, se houver a prestação das
contas, iniciar-se um procedimento em busca da apuração da validade e teor da
prestação, com a apuração sobre a existência ou não de saldo, com uma sentença final,
essa pode ser condenatória.
Dessa maneira, quando o réu é citado, a inicial já fala sobre todas as fases,
possibilitando uma série de medidas processuais pelo autor, como:
a) Apresentar as contas e não contestar – a mera apresentação das contas
pelo réu nos termos do art. 551 do Novo CPC (forma adequada – com
especificação das receitas, da aplicação das despesas e dos investimentos, se
houver – instruída com os documentos justificativos) é um verdadeiro
reconhecimento jurídico do pedido condenatório à prestação das contas
(primeira fase). Prestadas as contas voluntariamente pelo réu após a sua
citação, o autor será intimado para se manifestar sobre elas no prazo de 15
dias, sendo certo que nesse caso já se terá passado para a segunda fase do
processo. Estará, portanto, superada a primeira fase procedimental sem a
necessidade de prolação de sentença. Segundo o art. 550, § 2.º, do Novo
CPC, sendo necessário o juiz designará audiência de instrução e em caso
contrário proferirá sentença; na realidade, sendo necessária qualquer
espécie de prova, mesmo que não produzida em audiência, como ocorre
com a perícia, caberá ao juiz determinar a sua produção antes de sentenciar
a demanda. De qualquer forma, é inegável que essa sentença mencionada
no dispositivo legal ora analisado diz respeito ao eventual saldo devedor
(segunda fase).
b) Apresentar as contas e contestar – apesar de não ser essa espécie de
reação prevista expressamente no art. 550, caput, do Novo CPC, não existe
dúvida de que, havendo divergência não quanto ao dever de prestar contas,
mas com relação ao seu conteúdo, é lícito ao réu apresentar as contas nos
termos do art. 551 do Novo CPC, com o que reconhece juridicamente seu
dever em prestá-la, e apresentar contestação para impugnar eventual
divergência referente ao conteúdo das contas.
c) Contestar e não apresentar as contas – caso não concorde com o alegado
dever de prestar as contas suscitado pelo autor, caberá ao réu apresentar
contestação alegando a inexistência desse dever e pedir a rejeição do pedido
1Daniel Amorim Assumpção Neves entende que a primeira decisão seria uma sentença, a qual determina
ou não a prestação de contas, contudo há enunciado em sentido contrário, o qual concordo. “Cada fase
será decidida por uma sentença, o que torna essa demanda de conhecimento singular, pois o mérito será
necessariamente decidido em dois momentos distintos. São duas as sentenças, mas a petição inicial é
uma só, daí a necessidade de se fazer a cumulação de pedidos já referida (cumulação sucessiva).”
(NEVES, 2016, p.1.180). Enunciado n.º 177 do FPPC: A decisão interlocutória que julga procedente o
pedido para condenar o réu a prestar contas, por ser de mérito, é recorrível por agravo de instrumento. 
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(art. 487, I, do Novo CPC). Poderá também alegar todas as matérias
defensivas processuais em preliminar de contestação, juntamente com a
alegação de que não tem dever de prestar as contas ou isoladamente.
d) Não contestar e nem apresentar as contas – nesse caso o réu será revel,
cabendo julgamento antecipado do mérito na hipótese de o juiz presumir
como verdadeiros os fatos referentes ao dever de prestar contas
apresentados pelo autor (art. 355, II, do Novo CPC). Tratando-se de
presunção relativa, mesmo ocorrendo revelia é possível ao juiz determinar
ao autor a especificação de provas tendentes a demonstrar a veracidade das
alegações de fato constitutivas de seu direito. (NEVES, 2016, p.1.180/1.181). 
A reação do réu que determina o próximo passo processual. Com a prestação das
contas, com ou sem contestação, o juízo, verificando o teor dessas, passa à análise
somente da validade. Caso o réu não tenha prestado contas, de igual forma, com ou
sem contestação, o juízo decide sobre a obrigação de fazer, se o réu deve ou não
prestar as contas. Ou seja, a espécie de decisão que o juízo dará depende da
manifestação do réu. 
Se houver a necessidade de determinara obrigação de fazer, após o cumprimento
dessa, passa-se para a próxima fase, a mesma da acima exemplificada, da apuração da
validade e, se houver, a condenação a pagamento de saldo devedor. O autor pode,
mediante a apresentação das contas, impugná-las especificadamente. 
Se o autor não apresentar as suas contas no prazo determinado pelo juízo, é facultado
ao autor fazê-lo, nos moldes que entender pertinente. 
Para essa apuração de eventual saldo devedor, se houver necessidade, pode-se nomear
perícia contábil.
3. Ações possessórias
As ações possessórias são aquelas que têm por objeto a discussão de quem tem a
melhor posse, com o pleito da reintegração, a manutenção ou o relato da ameaça com
proteção possessória. Evidentemente, quem pleiteia a ação possessória tem receios ou
ofensas à sua posse, a qual almeja, então, a proteção judicial para a sua posse. 
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Essas ofensas se dividem em esbulho e turbação. O primeiro é a perda da posse, já o
segundo a tentativa real contra a posse. 
A legitimidade ativa está naquele que teve a posse ofendida e quer a devida proteção
e, consequentemente, quem realiza ou a quem se imputa a realização da ofensa deve
figurar no polo passivo da ação possessória. O art. 544, § 1º inova ao amparar a
possibilidade de um litisconsórcio passivo diferente, com a verificação de que o autor,
por vezes, não sabe quem está ofendendo a posse, permitindo que intente sobre quem
estiver na posse, no local, não sabendo bem quantos e quem estaria lá. 
Não há como pensar, na ação possessória, em discutir-se a propriedade ou qualquer
direito ali acometido. 
3.1 Fungibilidade entre as espécies de ações possessórias
O intuito da demanda é proteger a posse, contudo as espécies são determinadas de
acordo com a ofensa realizada perante a posse, o que, muitas vezes, torna difícil a
diferenciação se houve um esbulho ou turbação, ou, ainda, uma ameaça. 
Apesar de a diferenciação ser importante para se ter noção sobre qual proteção se
espera com a demanda, o art. 554 coloca como possível a fungibilidade entre as
espécies de possessórias, ou seja, o juízo considerará o conjunto da alegação para
definir qual a tutela a ser julgada – tanto na eventual liminar ou na sentença. 
3.2 O pedido liminar da ação possessória
Há a possibilidade de pedido liminar para as ações possessórias, a qual deve ser afeita
a sua forma especial, intentada em até ano e dia da ofensa àquela posse, se for em
prazo superior, não se permite o pedido liminar nos moldes especiais das ações
possessórias, seguindo os procedimentos comuns a qualquer demanda. 
Para que seja possível a tutela provisória, deve provar requisitos próprios, conforme o
disposto no art. 561:
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Art. 561. Incumbe ao autor provar: I - a sua posse; II - a turbação ou o
esbulho praticado pelo réu; III - a data da turbação ou do esbulho; IV - a
continuação da posse, embora turbada, na ação de manutenção, ou a perda
da posse, na ação de reintegração. 
A grande especialidade procedimental das ações possessórias é, justamente, a liminar
de forma diversa das ações normais, com requisitos próprios, após a liminar, com o
prazo para a resposta do réu e demais atos, o procedimento passa ao comum. 
Se o juízo entender que não houve a completa comprovação dos requisitos acima
mencionados, pode marcar a audiência de justificação prévia. 
3.3 Audiência de justificação prévia
Prevista no caput do art. 562, o autor, caso não comprove que tem todos os requisitos,
ou, ainda, necessite que o réu venha a juízo, deve, esse, determinar a audiência de
justificação prévia, com a citação do réu para este ato, no qual, se entender como,
agora, completo os requisitos, proferir a liminar, podendo, obviamente, indeferir. 
3.4 O procedimento da reintegração e da manutenção
Após a citação, seja ela pela liminar ou, se houver audiência prévia, para essa, inicia-se
o prazo para a contestação, contado da citação ou da audiência, na sua existência. Não
é o momento correto para contestar essa audiência de justificação, já que sua
existência tem relação com a concessão ou não da liminar. 
A citação é ato normal, mesmo sendo um procedimento especial, contudo, tem a
inovação da citação de litisconsórcio passivo, quando forem muitas pessoas, a qual
segue os seguintes dizeres:
“o polo passivo ser formado por uma multidão de pessoas, situação que
ensejará especialidades procedimentais na citação previstas nos parágrafos
do art. 554 do Novo CPC. A regulamentação desse tema é importante em
razão da notoriedade da indesejável frequência com que grupos organizados
invadem áreas rurais e urbanas, pelas mais diversas razões.
Prof. Vinicius Lemos
Nos termos do art. 554, § 1.º, na ação possessória com o polo passivo
formado por grande número de pessoas o Ministério Público será intimado
para participar do processo, bem como a Defensoria Pública, caso haja réus
em situação de hipossuficiência econômica. Enquanto o Ministério Público
atuará como fiscal da ordem jurídica, a Defensoria Pública defenderá o
interesse dos hipossuficientes econômicos que não constituam advogado
para sua defesa. (NEVES, 2016, p. 1.192)
Com a citação, o prazo para a contestação será de 15 dias, como qualquer outra ação, o
qual leva, a partir desse momento, a seguir-se o procedimento comum. Dessa maneira,
é importante dizer que o procedimento especial para a possessória é até o momento
da contestação, com um rito diferenciado de liminar, com possibilidade de audiência
de justificação.
3.5 Interdito proibitório
A diferença do interdito proibitório para as demais possessórias passa pela ausência de
ofensa à posse – seja ela turbação ou esbulho – justamente por ainda ser somente
uma ameaça. Dessa maneira, não há como provar o esbulho ou a turbação, não sendo
esse requisito para a concessão da liminar, contudo, deve conseguir provar as ameaças
e a iminência/possibilidade dessas ofensas. 
O mandado será de inibição, com a possibilidade de multa em caso de
descumprimento, ou seja, em caso da turbação ou esbulho. 
4. Da ação de divisão e da demarcação de terras particulares
4.1 A possibilidade extrajudicial da divisão ou demarcação de terras particulares
O art. 571 permite que, se as partes forem capazes e maiores, podem, de comum
acordo, via escritura pública, proceder a divisão ou demarcação daquelas terras
particulares sobre as quais se tem ou tinha dúvida. 
4.2 O procedimento judicial da ação de divisão
De acordo com o art. 569, cabe a ação de divisão quando, na existência de um
condomínio, não se sabe ainda, de maneira clara, a divisão sobre os quinhões de cada
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um, permitindo a qualquer um dos condôminos obrigar os demais a estremar os
quinhões. 
Para a ação de divisão, a petição inicial necessita do título daquele imóvel, não
podendo ser realizada sobre a posse somente, bem como o autor deve indicar a
origem da comunhão e a denominação, a situação, os limites e as características do
imóvel e requerer, mediante a informação sobre todos os condôminos, a devida citação
de cada qual, com a especificação das benfeitorias e culturas, seja as individuais e as
comuns. - as benfeitorias comuns. 
Com a citação, cada condômino tem o prazo comum para oferecer a resposta e, de
igual forma, especificar qual a divisa que entende como correta. Em caso de
divergência, o juízo nomeia um ou mais peritos para medirem o imóvel, de acordo com
a divisão que entendem. Todos são intimados para apresentação de seus títulos, para
que o perito consiga determinar a divisão em seu laudo e, também, podem formularpedidos específicos de constituição de cada quinhão. Após a apresentação do laudo,
todos são intimados para em 15 dias se manifestarem, nos moldes do art. 592. 
Sem impugnação, há a homologação do laudo e a divisão. Com a impugnação de
alguma das partes sobre o laudo, o juízo decide sobre a divisão e os pedidos realizados
por cada uma das partes/condôminos. 
Com a nova divisão, se essa sobrecair sobre uma construção de alguma das partes, o
imóvel não é atingindo, mas cabe o pedido de indenização sobre essa parte. 
Realizada a decisão, o perito procede a demarcação da divisão e de cada quinhão,
observando as regras do art. 594:
I - as benfeitorias comuns que não comportarem divisão cômoda serão
adjudicadas a um dos condôminos mediante compensação; II - instituir-se-
ão as servidões que forem indispensáveis em favor de uns quinhões sobre os
outros, incluindo o respectivo valor no orçamento para que, não se tratando
de servidões naturais, seja compensado o condômino aquinhoado com o
prédio serviente; III - as benfeitorias particulares dos condôminos que
excederem à área a que têm direito serão adjudicadas ao quinhoeiro vizinho
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mediante reposição; IV - se outra coisa não acordarem as partes, as
compensações e as reposições serão feitas em dinheiro. 
Com todo o trabalho para o cumprimento imediato da sentença, deve o perito
proceder com a documentação pertinente para tal desiderato, com as divisões e
demarcações específicas, com a devida homologação judicial. 
4.2 O procedimento judicial da ação de demarcação
É pertinente a ação de demarcação quando o proprietário quiser obrigar o seu
confinante a estremar os respectivos prédios, fixando-se novos limites entre eles ou
aviventando-se os já apagados. Para tanto, a petição inicial deve ser instruída com os
títulos da propriedade e com a especificação do imóvel pela situação e pela
denominação, com os limites por constituir, aviventar ou renovar e nomear-se-ão
todos os confinantes da linha demarcanda. Cabe também sobre um condomínio e seus
condôminos, caso já exista a divisão. 
Com a citação, abre-se o prazo de 15 dias para a contestação, mesmo que haja
litisconsórcio passivo. De acordo com as manifestações das partes, o juiz nomeará um
ou mais peritos para levantar o traçado da linha demarcanda. Com o laudo concluído,
com a possibilidade das partes se manifestarem, o juízo prolata a sentença, a qual, se
for julgado de forma procedente o pedido determinará o traçado da linha demarcanda.
Com o trânsito em julgado, há a demarcação pelo perito dos marcos e anotações
necessárias nos moldes do art. 583. Com o cumprimento da sentença pelo perito, com
os marcos definidos, as partes podem se manifestar para eventuais incongruências.
Realizada as correções que o juízo entender como pertinentes, há a homologação da
demarcação. 
5. Ação de dissolução parcial de sociedade
O presente procedimento especial existe no caso de necessidade de ruptura jurídica da
sociedade por um dos sócios, sem pretender a extinção da sociedade, mas somente a
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saída de um deles, com a manutenção dessa, com a discussão sobre os direitos que a
quota permite. 
Art. 599. A ação de dissolução parcial de sociedade pode ter por objeto: I - a
resolução da sociedade empresária contratual ou simples em relação ao
sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito de retirada ou recesso; e II -
a apuração dos haveres do sócio falecido, excluído ou que exerceu o direito
de retirada ou recesso; ou III - somente a resolução ou a apuração de
haveres.
Evidentemente que a ação pode versar sobre mais do que um dos incisos do art. 599,
podendo, dessa forma, a cumulação de pedidos. A ação pode versar sobre a exclusão
somente ou, ainda, sobre os valores devidos a quota que sai. 
Já a legitimidade a proposição, está no art. 600, conforme vemos abaixo:
I - pelo espólio do sócio falecido, quando a totalidade dos sucessores não
ingressar na sociedade; II - pelos sucessores, após concluída a partilha do
sócio falecido; III - pela sociedade, se os sócios sobreviventes não admitirem
o ingresso do espólio ou dos sucessores do falecido na sociedade, quando
esse direito decorrer do contrato social; IV - pelo sócio que exerceu o direito
de retirada ou recesso, se não tiver sido providenciada, pelos demais sócios,
a alteração contratual consensual formalizando o desligamento, depois de
transcorridos 10 (dez) dias do exercício do direito; V - pela sociedade, nos
casos em que a lei não autoriza a exclusão extrajudicial; ou VI - pelo sócio
excluído 
6. Do Inventário e da partilha
Com a abertura da sucessão, ou seja, a morte do de cujus, o processo de inventário
deve ser aberto em dois meses, nos moldes do art. 611. O intuito desse procedimento
especial passa pela delimitação de quais são os bens e patrimônio do de cujus, para
pleitear-se a habilitação dos herdeiros legais e, consequentemente, a partilha do que
sobrevier entre esses. Em não cumprido tal prazo, não há prescrição, tampouco
decadência, mas pode haver sanção monetária. 
6.1 Legitimidade
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O requerimento de inventário e de partilha incumbe a quem estiver na posse e na
administração do espólio, contudo, de igual forma, pode pleitear o inventário outros
herdeiros, os quais são fixados como legítimos concorrentes:
I - o cônjuge ou companheiro supérstite; II - o herdeiro; III - o legatário; IV - o
testamenteiro; V - o cessionário do herdeiro ou do legatário; VI - o credor do
herdeiro, do legatário ou do autor da herança; VII - o Ministério Público,
havendo herdeiros incapazes; VIII - a Fazenda Pública, quando tiver
interesse; IX - o administrador judicial da falência do herdeiro, do legatário,
do autor da herança ou do cônjuge ou companheiro supérstite.
6.2 A nomeação do inventariante
Com a petição inicial intentada, com a abertura do inventário, necessário é, pelo juízo,
da nomeação do inventariante, aquele responsável por administrar os bens durante o
processo até o momento da partilha. 
A escolha se dará entre os especificados no art. 617:
Art. 617. O juiz nomeará inventariante na seguinte ordem: I - o cônjuge ou
companheiro sobrevivente, desde que estivesse convivendo com o outro ao
tempo da morte deste; II - o herdeiro que se achar na posse e na
administração do espólio, se não houver cônjuge ou companheiro
sobrevivente ou se estes não puderem ser nomeados; III - qualquer herdeiro,
quando nenhum deles estiver na posse e na administração do espólio; IV - o
herdeiro menor, por seu representante legal; V - o testamenteiro, se lhe tiver
sido confiada a administração do espólio ou se toda a herança estiver
distribuída em legados; VI - o cessionário do herdeiro ou do legatário; VII - o
inventariante judicial, se houver; VIII - pessoa estranha idônea, quando não
houver inventariante judicial. 
Uma vez realizada a nomeação do inventariante, esse tem o prazo de 5 dias para
prestar o compromisso perante o juízo. O inventariante, intimado da nomeação,
prestará, dentro de 5 (cinco) dias, o compromisso de bem e fielmente desempenhar a
função. Feito isso, deve o inventariamente, após, 20 dias, orestar as primeiras
declarações, que consistem em realizar um termo circunstanciado, junto com o juízo e
a escrivania, constando:
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I - o nome, o estado, a idade e o domicílio do autor da herança, o dia e o
lugar em que faleceu e se deixou testamento; II - o nome, o estado, a idade,
o endereço eletrônico e a residência dos herdeiros e, havendo cônjuge ou
companheiro supérstite, além dos respectivos dados pessoais, o regimede
bens do casamento ou da união estável; III - a qualidade dos herdeiros e o
grau de parentesco com o inventariado; IV - a relação completa e
individualizada de todos os bens do espólio, inclusive aqueles que devem ser
conferidos à colação, e dos bens alheios que nele forem encontrados,
descrevendo-se: a) os imóveis, com as suas especificações, nomeadamente
local em que se encontram, extensão da área, limites, confrontações,
benfeitorias, origem dos títulos, números das matrículas e ônus que os
gravam; b) os móveis, com os sinais característicos; c) os semoventes, seu
número, suas espécies, suas marcas e seus sinais distintivos; d) o dinheiro, as
joias, os objetos de ouro e prata e as pedras preciosas, declarando-se-lhes
especificadamente a qualidade, o peso e a importância; e) os títulos da
dívida pública, bem como as ações, as quotas e os títulos de sociedade,
mencionando-se-lhes o número, o valor e a data; f ) as dívidas ativas e
passivas, indicando-se-lhes as datas, os títulos, a origem da obrigação e os
nomes dos credores e dos devedores; g) direitos e ações; h) o valor corrente
de cada um dos bens do espólio. (CPC/2015)
6.3 As obrigações do inventariante
Pelo fato de ser inventariante, esse tem obrigações para com o espólio, pertinentes a
própria administração dos bens inventariados, estando essas dispostas no art. 618:
I - representar o espólio ativa e passivamente, em juízo ou fora dele,
observando-se, quanto ao dativo, o disposto no art. 75, § 1o; II - administrar
o espólio, velando-lhe os bens com a mesma diligência que teria se seus
fossem; III - prestar as primeiras e as últimas declarações pessoalmente ou
por procurador com poderes especiais; IV - exibir em cartório, a qualquer
tempo, para exame das partes, os documentos relativos ao espólio; V -
juntar aos autos certidão do testamento, se houver; VI - trazer à colação os
bens recebidos pelo herdeiro ausente, renunciante ou excluído; VII - prestar
contas de sua gestão ao deixar o cargo ou sempre que o juiz lhe determinar;
VIII - requerer a declaração de insolvência. Art. 619. Incumbe ainda ao
inventariante, ouvidos os interessados e com autorização do juiz: I - alienar
bens de qualquer espécie; II - transigir em juízo ou fora dele; III - pagar
dívidas do espólio; Mini CPC-3.indd 123 09/05/2016 16:33:32 – 124 – IV -
fazer as despesas necessárias para a conservação e o melhoramento dos
bens do espólio 
6.4 Procedimento
Com a nomeação do inventariante, deve o processo continuar para a devida citação de
todos os herdeiros e interessados na partilha, nos moldes do art. 626. As primeiras
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declarações fazem parte da citação a ser encaminhada a cada herdeiro, como se fosse
uma contrafé da inicial. De igual forma, é o momento de se intimar a Fazenda Pública,
o Ministério Público e o testamenteiro, se for o caso. 
Todos os que forem citados ou intimados para se manifestar, seja para reclamar sobre a
escolha do inventariante, ajudar na indicação de bens faltantes no inventário ou para
contestar como um todo o inventário. Se algum herdeiro não citado entender que era
pertinente a sua citação, pode intervir no processo com tal alegação. 
A Fazenda Pública deve indicar os valores que entende como devidos em cada bem,
para que seja pertinente a avaliação para a posterior cobrança do imposto
correspondente. Se houver impugnação aos valores – para cima ou para baixo –
indicar-se-á um perito para tal avaliação, podendo, após a apresentação do laudo,
todos se manifestarem sobre tal avaliação. 
Se houver dívidas do de cujus, essas devem ser colacionadas no inventário para o
devido pagamento. 
O juízo, após todas as providências pertinentes entre as possíveis impugnações pelos
herdeiros, pela Fazenda Pública, com a indicação dos valores dos bens, bem como os
valores da dívida, saneia o processo para deixá-lo pronto para a partilha. 
6.5 Partilha
Com o procedimento realizado, se houver acordo entre os herdeiros, com possibilidade
diante da capacidade de todos, o juízo pode homologá-lo. Em caso diverso, abre prazo
para que cada herdeiro pleiteie o quinhão que entenda razoável. Após tal prazo, o juízo
decide pela partilha, levando em consideração tais pontos:
 I - a máxima igualdade possível quanto ao valor, à natureza e à qualidade
dos bens; II - a prevenção de litígios futuros; III - a máxima comodidade dos
coerdeiros, do cônjuge ou do companheiro, se for o caso.
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Também é o momento em que o juízo decide sobre quem ficará na posse/exercício dos
bens. Realizada a partilha, seguirá o procedimento do art. 651:
Art. 651. O partidor organizará o esboço da partilha de acordo com a decisão
judicial, observando nos pagamentos a seguinte ordem: I - dívidas atendidas;
II - meação do cônjuge; III - meação disponível; IV - quinhões hereditários, a
começar pelo coerdeiro mais velho. 
Após essa partilha, as partes se manifestam, nos moldes do art. 652, para eventuais
reclamações e erros, sendo procedida a decisão para resposta a essas eventuais
manifestações. Passado esse momento, a partilha constará: 
I - de auto de orçamento, que mencionará: a) os nomes do autor da herança,
do inventariante, do cônjuge ou companheiro supérstite, dos herdeiros, dos
legatários e dos credores admitidos; b) o ativo, o passivo e o líquido partí-
vel, com as necessárias especificações; c) o valor de cada quinhão; II - de
folha de pagamento para cada parte, declarando a quota a pagar-lhe, a razão
do pagamento e a relação dos bens que lhe compõem o quinhão, as
características que os individualizam e os ônus que os gravam 
7. Embargos de terceiro
Embargos de terceiro é ação autônoma de impugnação da decisão que determinou a
apreensão judicial de bens do patrimônio desse terceiro, alheio à execução, conforme
disposto no artigo 674.
Art. 674. Quem, não sendo parte no processo, sofrer constrição ou ameaça
de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito
incompatível com o ato constritivo, poderá requerer seu desfazimento ou
sua inibição por meio de embargos de terceiro. § 1º Os embargos podem ser
de terceiro proprietário, inclusive fiduciário, ou possuidor. 
Inaugura-se um novo procedimento, um novo processo. A decisão que determine ou
ameace a constrição de bens de pessoa que não é parte do processo pode ser
impugnada, não somente pelas partes, mas por este terceiro que sofre as
consequências de uma decisão em um processo que não guarda relação. 
Para a verificação de quem podemos definir como terceiros, o Código delimita no
artigo 674, § 2º, as espécies possíveis, com legitimidade para a proposição dos
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referidos embargos: o cônjuge ou companheiro, quando defende a posse de bens
próprios ou de sua meação, ressalvado o disposto no art. 843; o adquirente de bens
cuja constrição decorreu de decisão que declara a ineficácia da alienação realizada em
fraude à execução; quem sofre constrição judicial de seus bens por força de
desconsideração da personalidade jurídica, de cujo incidente não fez parte; o credor
com garantia real para obstar expropriação judicial do objeto de direito real de
garantia, caso não tenha sido intimado, nos termos legais dos atos expropriatórios
respectivos. 
Nos moldes do art. 675, não há um prazo específico para a interposição desses
embargos de terceiro, porém, há uma limitação, um prazo de até cinco dias do ato de
expropriação do bem, seja esse a adjudicação, a alienação por iniciativa participar ou a
arrematação em hasta pública. 
A finalidade dos embargos de terceirosé impugnar a decisão judicial, para conseguir o
desfazimento da constrição, se já foi cumprida a apreensão ou a inibição, nos casos de
ameaça de apreensão. Os embargos de terceiro formam processo autônomo e novo de
conhecimento, motivo pelo qual a petição deve ser enquadrada nos mesmos requisitos
da inicial, conforme o artigo 319. 
Como o fundamento da impugnação é o prejuízo do terceiro com a possibilidade de
constrição ou do bem já constrito, há a necessidade do embargante em comprovar o
direito sobre o bem constrito, com provas ou meio de provas indicados para tanto, nos
moldes do artigo 677.1092 
O embargado será intimado, via seu advogado, ou citado, em caso de não ter advogado
nos autos principais, para apresentar a contestação no prazo de 15 dias úteis, de forma
idêntica a uma contestação do processo de conhecimento normal. 
Após a instrução probatória, com o intuito de comprovação da posse ou domínio do
bem, bem como da legalidade da venda em caso de alienação por fraude à execução, o
processo deve ser julgado pelo juízo, com a prolação da sentença, com duas
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possibilidades: a improcedência dos embargos de terceiro, com a permanência do
vínculo do bem apreendido ao processo ou a procedência com a liberação da
constrição do bem apreendido e a eventual devolução do bem, seja do domínio, da
posse ou do direito, restituindo o status quo anterior ao terceiro. 
Esta sentença é totalmente impugnável, de acordo com o artigo 1009, por uma
apelação, com total devolutividade fática e jurídica. 
8. Oposição
A oposição deixou de ser uma intervenção de terceiros para ser uma ação autônoma,
com um procedimento especial. O intuito é excluir uma ou ambas as partes de um
processo já existente, levando em consideração que entende que o objeto de uma
demanda entre duas partes diversas de si lhe pertence. 
Art. 682. Quem pretender, no todo ou em parte, a coisa ou o direito sobre
que controvertem autor e réu poderá, até ser proferida a sentença, oferecer
oposição contra ambos. 
Art. 683. O opoente deduzirá o pedido em observação aos requisitos
exigidos para propositura da ação. 
No caso, a ação corre em apartado, nos moldes do art. 683, § único, da outra sobre a
qual o autor desta se opõe a uma ou as duas partes do outro processo. Se for contra as
duas, a oposição será total, se for somente contra o autor ou o réu, será tida como
parcial. 
O autor e o réu da ação originária formam, nesse procedimento, um litisconsórcio
necessário, ainda que seja para a retirada somente de uma das partes daquela
demanda. Como é uma ação que será distribuída em autos apartados de um processo
já existente, a citação será realizada na pessoa do advogado, tanto do autor quanto do
réu daquela demanda que gerou a oposição, somente se procedendo pessoalmente se
o réu não tiver advogado ainda nos autos ou for revel. 
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O prazo para a resposta será de 15 dias. Se um dos opostos reconhecer a procedência
desse procedimento especial, essa demanda apartada pode correr somente contra o
outro.
Sobre o procedimento, é importante verificar em qual das fases está o processo
originário, se for antes da audiência de instrução e julgamento, a oposição será
instruída e correrá em paralelo e conjuntamente à demanda principal, o que é
inviabilizado se for após a audiência de instrução e julgamento, já que a fase estaria
adiantada, o que restaria deixar sobrestada a ação principal para aguardar a postulação
e instrução da demanda acessória, para depois serem decididas juntas. 
9. Ação de habilitação
O processo de habilitação persiste em indicar, via um procedimento especial, após o
falecimento de qualquer das partes de um processo, os interessados houverem de
suceder-lhe no processo. Se houver dúvida sobre qual que é o herdeiro que deve
continuar na lide, este processo é a via correta para tanto. 
Quanto a sua natureza jurídica, apesar de um tanto complexa, é uma ação, ainda que
seja processada dentro de uma outra demanda.
Nos termos do art. 689 do Novo CPC, a habilitação será processada nos
autos do processo principal, o que pode levar o intérprete a equivocada
conclusão a respeito de sua natureza jurídica. Na realidade, a habilitação
continua a ter a natureza de ação incidente e não de mero incidente
processual, tendo sido nesse sentido mantida a citação dos requeridos no
caput do art. 690 do Novo CPC e a sentença como decisão que julga a
habilitação no art. 692 do Novo CPC. (NEVES, 2016, p. 1.292)
10. Ações de família
A utilização do termo de ações de família é um pouco equivocado para este
procedimento especial, já que consiste na possibilidade nas ações de família –excluídas
a ação de alimentos e a que versar sobre interesse de criança ou de adolescente – de
pleitear, via esse rito procedimental, que o processo em trâmite seja suspenso para
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que haja uma audiência de mediação. O intuito é buscar sempre, prioritariamente, as
formas alternativas de soluções de conflitos. 
Interessante notar que o dispositivo não prevê um prazo para a suspensão
do processo, o que aparentemente permite tal suspensão por prazo
indeterminado, ou seja, pelo prazo que for necessário às partes chegarem a
uma solução consensual do conflito. Entendo que essa suspensão,
especificamente prevista pelo parágrafo único do art. 694 do Novo CPC,
ainda que dependa de um acordo entre as partes, não se confunde com
aquela prevista no art. 313, II, do Novo CPC, em especial por não estar
limitado ao prazo máximo de 6 meses (art. 313, § 4º, do Novo CPC) (NEVES,
2016, p. 1.296)
Dessa maneira, cita-se a outra parte para comparecer a essa audiência, com o intuito
de, no meio da demanda. Não há um litígio de forma contenciosa, já que a ação
anterior tem essa característica O intuito é suspender para que haja um procedimento
de conciliação ou mediação. As partes podem, em comum acordo, remarcar quantas
vezes entenderem como necessário essa audiência, desmembrando-a em sessões
diversas. 
<destaque>
Se não for possível a conciliação e a mediação, após a tentativa em audiência, esse
procedimento se encerra, com a cessação da suspensão no processo principal,
retornando ao procedimento comum. 
<fecha>
11. Ação monitória
Daniel Amorim Assumpção Neves conceitua a ação monitória como aquela que:
a característica principal do procedimento monitório é a oportunidade
concedida ao credor de, munido de uma prova literal representativa de seu
crédito, abreviar o iter processual para a obtenção de um título executivo.
Assim, aquele que possui uma prova documental de um crédito, desprovida
de eficácia executiva, pode ingressar com a demanda monitória e, se
verificada a ausência de manifestação defensiva por parte do réu –
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embargos ao mandado monitório –, obterá seu título executivo em menor
lapso temporal do que o exigido pelo processo/fase procedimental de
conhecimento. (NEVES, 2016, p. 1.300)
A ação monitória pode ser proposta por aquele que afirmar, com base em prova escrita
sem eficácia de título executivo, ter direito de exigir do devedor capaz: I - o pagamento
de quantia em dinheiro; II - a entrega de coisa fungível ou infungível ou de bem móvel
ou imóvel; III - o adimplemento de obrigação de fazer ou de não fazer. 
O intuito aqui é intentar uma demanda que caminha entre a cognição sumária – já que
não pretende a ação de conhecimento – e a execução. Sem um título executivo, mas
com uma prova escrita robusta para tal fim, intenta a monitória para transformar essa
provaem um título executivo, sem passar pela ação de conhecimento. 
11. 1 Propositura da monitória
Na petição inicial, incumbe ao autor explicitar, conforme o caso: I - a importância
devida, instruindo-a com memória de cálculo; II - o valor atual da coisa reclamada; III -
o conteúdo patrimonial em discussão ou o proveito econômico perseguido. O valor da
causa deverá corresponder à importância prevista no § 2o, incisos I a III. 
O juiz poderá indeferir a petição inicial, nos termos do art. 330 do Novo CPC,
ou quando não atender às exigências dos incisos do § 2° do art. 700 do Novo
CPC. O indeferimento se dá por meio de sentença recorrível por apelação. O
art. 701, caput, do Novo CPC prevê que, sendo evidente o direito do autor,
caberá ao juiz o deferimento de plano de expedição do mandado monitório.
A interpretação literal do dispositivo, entretanto, pode levar à falsa
impressão de que a atitude adotada pelo juiz no processo monitório é
semelhante àquela adotada no momento do pronunciamento inicial em uma
ação de execução, o que, conforme já analisado, não se mostra correto. No
procedimento monitório há cognição desenvolvida pelo juiz,
consubstanciada no convencimento de que há verossimilhança nas
alegações do autor. Somente após tal cognição deverá o juiz proferir o
pronunciamento inicial positivo, com a expedição do mandado monitório.
No processo executivo, por outro lado, o título executivo por si só já basta,
desde que formalmente em ordem, para exigir do juiz uma atuação positiva,
mandando citar o executado, sem nenhuma cognição desenvolvida a
respeito da efetiva ou aparente existência do direito exequendo. (NEVES,
2016, p. 1.308)
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Sendo evidente o direito do autor, o juiz deferirá a expedição de mandado de
pagamento, de entrega de coisa ou para execução de obrigação de fazer ou de não
fazer, concedendo ao réu prazo de 15 (quinze) dias para o cumprimento e o pagamento
de honorários advocatícios de cinco por cento do valor atribuído à causa. 1º O réu será
isento do pagamento de custas processuais se cumprir o mandado no prazo 
Com a efetivação da citação, o réu pode manifestar-se de diferentes formas, no prazo
de 15 dias: satisfazer a obrigação, não manifestar-se ou, ainda, intentar embargos a
ação monitória.
Mesmo sem manifestar-se, não há a preclusão que gere revelia, pelo fato que não há
essa visualização no processo monitório. Se o réu satisfaz a obrigação, naturalmente,
gera a extinção da demanda, com a quitação. Por outro lado, interpõem-se os
embargos, esses têm características autônomas, como uma outra ação em apartado. E,
por derradeiro, se nada o faz, o juízo pode convolar aquela prova em título executivo,
com a possibilidade de prosseguimento do feito, agora para um cumprimento de
sentença. 
Constituir-se-á de pleno direito o título executivo judicial, independentemente de
qualquer formalidade, se não realizado o pagamento e não apresentados os embargos
previstos no art. 702, observando-se, no que couber, o Título II do Livro I da Parte
Especial. 
A terceira opção é a interposição dos embargos ao mandado monitório no
prazo de 15 dias, previsto no art. 702, caput, do Novo CPC. Tratando-se da
Fazenda Pública em juízo, não é possível entender que o prazo seja
computado em dobro para embargar, nos termos do art. 183 do Novo CPC.
Apesar de bastante improvável, o mesmo raciocínio deve ser adotado para o
caso de presença do Ministério Público no polo passivo e para a hipótese de
litisconsortes passivos com diferentes patronos de diferentes sociedades de
advogados (art. 229 do Novo CPC).
Por expressa previsão do art. 701, § 5º, do Novo CPC, é cabível, como reação
do réu no seu prazo de resposta, o pedido de pagamento parcelado do
débito, nos termos do art. 916 do Novo CPC. Naturalmente tal espécie de
reação só será admissível se o objeto da ação monitória for o cumprimento
de uma obrigação de pagar quantia certa. Os requisitos formais, portanto,
são os mesmos exigidos para a moratória legal do processo de execução.
(NEVES, 2016, p. 1.313)
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12. Os demais procedimentos especiais contenciosos
12. 1 Homologação do penhor legal
O penhor legal é possível em algumas hipóteses previstas na lei civil, contudo, o art. 703 e
seguintes regulamentam como que o autor que tomou o penhor legal para si realiza a
homologação judicial de tal ato. 
Art. 703. Tomado o penhor legal nos casos previstos em lei, requererá o
credor, ato contínuo, a homologação. § 1º Na petição inicial, instruída com o
contrato de locação ou a conta pormenorizada das despesas, a tabela dos
preços e a relação dos objetos retidos, o credor pedirá a citação do devedor
para pagar ou contestar na audiência preliminar que for designada. § 2º A
homologação do penhor legal poderá ser promovida pela via extrajudicial
mediante requerimento, que conterá os requisitos previstos no § 1o deste
artigo, do credor a notário de sua livre escolha. § 3º Recebido o
requerimento, o notário promoverá a notificação extrajudicial do devedor
para, no prazo de 5 (cinco) dias, pagar o débito ou impugnar sua cobrança,
alegando por escrito uma das causas previstas no art. 704, hipótese em que
o procedimento será encaminhado ao juízo competente para decisão. § 4º
Transcorrido o prazo sem manifestação do devedor, o notário formalizará a
homologação do penhor legal por escritura pública. 
Uma vez intentada a demanda, a defesa consiste somente nas possíveis alegações do
art. 704:
I - nulidade do processo; II - extinção da obrigação; III - não estar a dívida
compreendida entre as previstas em lei ou não estarem os bens sujeitos a
penhor legal; IV - alegação de haver sido ofertada caução idônea, rejeitada
pelo credor. 
Se o juízo homologar o penhor legal, o réu passa a ser o proprietário do objeto que
tomou para si. Se a sentença for no intuito de rejeitar, o bem será entregue para o réu.
Em ambos os casos, cabe apelação. 
12. 2 Regulação de avaria grossa
Esse procedimento especial persiste na ausência, naquela comarca, um regulador de
avarias, o que faz com que o juízo da comarca do primeiro porto onde o navio houver
chegado, provocado por qualquer parte interessada, nomeará um de notório
conhecimento. Ou seja, se houve avaria grossa em uma embarcação, sem um
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regulador de avarias, o juízo, onde primeiro se embarcar, nomeia um perito para tal
desiderato. 
Apesar de o art. 708, caput do Novo CPC prever que cabe ao regulador a
declaração justificada de quais danos são passíveis de rateio na forma de
avaria grossa, excluindo, portanto, as avarias simples, tradicionalmente no
comércio marítimo essa declaração é feita pelo transportador, que em regra
é o maior interessado na regulação das avarias grossas. Dessa forma, cabe
ao regulador apenas confirmar essa declaração. Na sua ausência o regulador
deverá fazer a declaração. (NEVES, 2016, p. 1.339)
12.3 Ação de restauração de autos
O intuito desse procedimento especial está na possibilidade ou necessidade de
restaurar-se os autos quando houver a perda ou desaparecimento desses. Apesar de
ser algo improvável, diante da modernidade que temos na vida forense, temos a
possibilidade de algum fato natural, como inundações, incêndios, entre outros e, na
época de demandas virtuais, tem a possibilidade de acontecer algum corrompimento
no sistema. 
Art. 712. Verificado o desaparecimento dos autos, eletrônicos ou não,
pode o juiz, de ofício, qualquer das partes ou o Ministério Público, se
for o caso, promover-lhes a restauração. Parágrafo único. Havendo
autos suplementares, nesses prosseguirá o processo. 
O próprio juízo pode agir de ofício nessecaso, mas a legitimidade é compartilhada com
o Ministério Público e as partes. Quem intentar a petição inicial ou, se for por iniciativa
de oficio, deve apresentar, na dicção do art. 713: I - certidões dos atos constantes do
protocolo de audiências do cartório por onde haja corrido o processo; II - cópia das
peças que tenha em seu poder; III - qualquer outro documento que facilite a
restauração.
Os demais atores processuais serão citados para apresentar, de igual maneira, as suas
contrafés, e as reproduções dos atos e dos documentos que estiverem em seu poder.
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Se a parte concordar com a restauração, lavrar-se-á o auto que, assinado pelas partes e
homologado pelo juiz, suprirá o processo desaparecido. Se a parte não contestar ou se
a concordância for parcial, observar-se-á o procedimento comum. Se a perda dos autos
tiver ocorrido depois da produção das provas em audiência, o juízo, se necessário,
mandará repeti-las. Se houver atos de segundo grau ou tribunal superior, esse deve, de
igual maneira, completar com as suas certidões os autos a serem restaurados. 
Quem houver dado causa ao desaparecimento dos autos responderá pelas custas da
restauração e pelos honorários de advogado, sem prejuízo da responsabilidade civil ou
penal em que incorrer. 
13. Dos procedimentos de jurisdição voluntária
Existem procedimentos que são necessários para algum jurisdicionado, contudo, não
existe um litígio, sem uma parte ré, somente um indivíduo interessado em buscar
auxílio do judiciário para a obtenção de um direito. O CPC/2015 repete algumas das
hipóteses já elencada no antigo e coloca os procedimentos gerais do art. 719 ao 725. 
13.1 Da notificação e da interpelação
Esse procedimento existe para quem tiver interesse em manifestar formalmente sua
vontade a outrem sobre assunto juridicamente relevante poderá notificar pessoas
participantes da mesma relação jurídica para dar-lhes ciência de seu propósito.
O intuito passa pela parte que almeja notificar ou interpelar a outra, utilizar do
judiciário para tal desiderato, o qual, após de realizado, nos moldes dos art. 726 ao
729. Deferida e realizada a notificação ou interpelação, os autos serão entregues ao
requerente para os fins que pretende após tal ato. 
13. 2 Da alienação judicial
De acordo com o art. 739, nos casos expressos em lei, não havendo acordo entre os
interessados sobre o modo como se deve realizar a alienação do bem, o juiz, de ofício
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ou a requerimento dos interessados ou do depositário, mandará aliená-lo em leilão,
observando-se o disposto na Seção I deste Capítulo e, no que couber, o disposto
nos arts. 879 a 903.
13. 3 Do divórcio e da separação consensuais, da extinção consensual de união
estável e da alteração do regime de bens do matrimônio
Se as partes desejam a homologação do divórcio ou da separação consensuais,
observados os requisitos legais, poderá ser requerida em petição assinada por ambos
os cônjuges, da qual constarão:
I - as disposições relativas à descrição e à partilha dos bens comuns;
II - as disposições relativas à pensão alimentícia entre os cônjuges;
III - o acordo relativo à guarda dos filhos incapazes e ao regime de visitas; e
IV - o valor da contribuição para criar e educar os filhos.
Pode haver a homologação do divórcio, sem homologar-se a partilha, caso, sobre essa
não houver acordo, far-se-á essa depois de homologado o divórcio, na forma
estabelecida nos arts. 647 a658.
O divórcio consensual, a separação consensual e a extinção consensual de união
estável, não havendo nascituro ou filhos incapazes e observados os requisitos legais,
poderão ser realizados por escritura pública, da qual constarão as disposições de que
trata o art. 731. A escritura não depende de homologação judicial e constitui título
hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância
depositada em instituições financeiras. Após o trânsito em julgado da sentença, serão
expedidos mandados de averbação aos cartórios de registro civil e de imóveis e, caso
qualquer dos cônjuges seja empresário, ao Registro Público de Empresas Mercantis e
Atividades Afins.
13. 4 Dos testamentos e dos codicilos
Se houver, após a morte do de cujus um testamento cerrado, o juiz, se não achar vício
externo que o torne suspeito de nulidade ou falsidade, abrirá e mandará que o
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escrivão o leia em presença do apresentante. Do termo de abertura constarão o nome
do apresentante e como ele obteve o testamento, a data e o lugar do falecimento do
testador, com as respectivas provas, e qualquer circunstância digna de nota. Depois de
ouvido o Ministério Público, não havendo dúvidas a serem esclarecidas, o juiz mandará
registrar, arquivar e cumprir o testamento.
13. 5 Da herança jacente
Nos casos em que a lei considere jacente a herança, o juiz, em cuja comarca tiver
domicílio o falecido, procederá imediatamente à arrecadação dos respectivos bens. A
herança jacente ficará sob a guarda, a conservação e a administração de um curador
até a respectiva entrega ao sucessor legalmente habilitado ou até a declaração de
vacância.
<caixa_cinza>
Incumbe ao curador: 
I - representar a herança em juízo ou fora dele, com intervenção do Ministério Público; 
II - ter em boa guarda e conservação os bens arrecadados e promover a arrecadação de
outros porventura existentes; 
III - executar as medidas conservatórias dos direitos da herança; 
IV - apresentar mensalmente ao juiz balancete da receita e da despesa; 
V - prestar contas ao final de sua gestão.
<fecha>
Transitada em julgado a sentença que declarou a vacância, o cônjuge, o companheiro,
os herdeiros e os credores só poderão reclamar o seu direito por ação direta.
13. 6 Dos bens dos ausentes
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Declarada a ausência nos casos previstos em lei, o juiz mandará arrecadar os bens do
ausente e nomear-lhes-á curador na forma estabelecida na Seção VI, observando-se o
disposto em lei. Feita a arrecadação, o juiz mandará publicar editais na rede mundial
de computadores, no sítio do tribunal a que estiver vinculado e na plataforma de
editais do Conselho Nacional de Justiça, onde permanecerá por 1 (um) ano, ou, não
havendo sítio, no órgão oficial e na imprensa da comarca, durante 1 (um) ano,
reproduzida de 2 (dois) em 2 (dois) meses, anunciando a arrecadação e chamando o
ausente a entrar na posse de seus bens.
13. 7 Das coisas vagas
Recebendo do descobridor coisa alheia perdida, o juiz mandará lavrar o respectivo
auto, do qual constará a descrição do bem e as declarações do descobridor. Recebida a
coisa por autoridade policial, essa a remeterá em seguida ao juízo competente.
 Depositada a coisa, o juízo mandará publicar edital na rede mundial de computadores,
no sítio do tribunal a que estiver vinculado e na plataforma de editais do Conselho
Nacional de Justiça ou, não havendo sítio, no órgão oficial e na imprensa da comarca,
para que o dono ou o legítimo possuidor a reclame, salvo se se tratar de coisa de
pequeno valor e não for possível a publicação no sítio do tribunal, caso em que o edital
será apenas afixado no átrio do edifício do fórum.
13. 8 Da interdição
A interdição de uma pessoa, mediante incapacidade para administrar seus bens e
praticar atos da vida civil é um procedimento especial de natureza voluntária, sem ter
um réu na demanda. A interdição pode ser promovida: I - pelo cônjuge ou
companheiro; II - pelos parentes ou tutores; III - pelo representante da entidade em
que se encontra abrigado o interditando; IV - pelo MinistérioPúblico.
A legitimidade deverá ser comprovada por documentação que acompanhe a petição
inicial.
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Incumbe ao autor, na petição inicial, especificar os fatos que demonstram a
incapacidade do interditando para administrar seus bens e, se for o caso, para praticar
atos da vida civil, bem como o momento em que a incapacidade se revelou. Justificada
a urgência, o juiz pode nomear curador provisório ao interditando para a prática de
determinados atos. O requerente deverá juntar laudo médico para fazer prova de suas
alegações ou informar a impossibilidade de fazê-lo.
O interditando será citado para, em dia designado, comparecer perante o juiz, que o
entrevistará minuciosamente acerca de sua vida, negócios, bens, vontades,
preferências e laços familiares e afetivos e sobre o que mais lhe parecer necessário
para convencimento quanto à sua capacidade para praticar atos da vida civil, devendo
ser reduzidas a termo as perguntas e respostas.
Dentro do prazo de 15 (quinze) dias contado da entrevista, o interditando poderá
impugnar o pedido. O Ministério Público intervirá como fiscal da ordem jurídica. O
interditando poderá constituir advogado, e, caso não o faça, deverá ser nomeado
curador especial. Caso o interditando não constitua advogado, o seu cônjuge,
companheiro ou qualquer parente sucessível poderá intervir como assistente.
Decorrido o prazo previsto no art. 752, o juiz determinará a produção de prova pericial
para avaliação da capacidade do interditando para praticar atos da vida civil.
 Apresentado o laudo, produzidas as demais provas e ouvidos os interessados, o juiz
proferirá sentença.
Na sentença que decretar a interdição, o juízo: I - nomeará curador, que poderá ser o
requerente da interdição, e fixará os limites da curatela, segundo o estado e o
desenvolvimento mental do interdito; II - considerará as características pessoais do
interdito, observando suas potencialidades, habilidades, vontades e preferências.
A curatela deve ser atribuída a quem melhor possa atender aos interesses do
curatelado. Havendo, ao tempo da interdição, pessoa incapaz sob a guarda e a
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responsabilidade do interdito, o juiz atribuirá a curatela a quem melhor puder atender
aos interesses do interdito e do incapaz.
A sentença de interdição será inscrita no registro de pessoas naturais e imediatamente
publicada na rede mundial de computadores, no sítio do tribunal a que estiver
vinculado o juízo e na plataforma de editais do Conselho Nacional de Justiça, onde
permanecerá por 6 (seis) meses, na imprensa local, 1 (uma) vez, e no órgão oficial, por
3 (três) vezes, com intervalo de 10 (dez) dias, constando do edital os nomes do
interdito e do curador, a causa da interdição, os limites da curatela e, não sendo total a
interdição, os atos que o interdito poderá praticar autonomamente.
Levantar-se-á a curatela quando cessar a causa que a determinou. O curador deverá
buscar tratamento e apoio apropriados à conquista da autonomia pelo interdito.
Cessada a tutela ou a curatela, é indispensável a prestação de contas pelo tutor ou pelo
curador, na forma da lei civil.
13. 8 Da organização e da fiscalização das fundações
O juiz decidirá sobre a aprovação do estatuto das fundações e de suas alterações
sempre que o requeira o interessado, quando:
I - ela for negada previamente pelo Ministério Público ou por este forem
exigidas modificações com as quais o interessado não concorde;
II - o interessado discordar do estatuto elaborado pelo Ministério Público.
Se o juízo encontrar alguma inconsistência, antes de suprir a aprovação, o juiz poderá
mandar fazer no estatuto modificações, a fim de adaptá-lo ao objetivo do instituidor.
Qualquer interessado ou o Ministério Público promoverá em juízo a extinção da
fundação quando: I - se tornar ilícito o seu objeto; II - for impossível a sua manutenção;
III - vencer o prazo de sua existência.
13. 9 Da ratificação dos protestos marítimos e dos processos testemunháveis
formados a bordo
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Todos os protestos e os processos testemunháveis formados a bordo e lançados no
livro Diário da Navegação deverão ser apresentados pelo comandante ao juiz de direito
do primeiro porto, nas primeiras 24 (vinte e quatro) horas de chegada da embarcação,
para sua ratificação judicial.
A petição inicial conterá a transcrição dos termos lançados no livro Diário da
Navegação e deverá ser instruída com cópias das páginas que contenham os termos
que serão ratificados, dos documentos de identificação do comandante e das
testemunhas arroladas, do rol de tripulantes, do documento de registro da embarcação
e, quando for o caso, do manifesto das cargas sinistradas e a qualificação de seus
consignatários, traduzidos, quando for o caso, de forma livre para o português.
A petição inicial deverá ser distribuída com urgência e encaminhada ao juiz, que ouvirá,
sob compromisso a ser prestado no mesmo dia, o comandante e as testemunhas em
número mínimo de 2 (duas) e máximo de 4 (quatro), que deverão comparecer ao ato,
independentemente de intimação.
Aberta a audiência, o juiz mandará apregoar os consignatários das cargas indicados na
petição inicial e outros eventuais interessados, nomeando para os ausentes curador
para o ato. Inquiridos o comandante e as testemunhas, o juiz, convencido da
veracidade dos termos lançados no Diário da Navegação, em audiência, ratificará por
sentença o protesto ou o processo testemunhável lavrado a bordo, dispensado o
relatório. Independentemente do trânsito em julgado, o juiz determinará a entrega dos
autos ao autor ou ao seu advogado, mediante a apresentação de traslado.
14. As ações excluídas dos procedimentos especiais no CPC/2015
Há procedimentos especiais que existiam no CPC/73 e, no novo ordenamento, não tem
mais disposição expressa. 
Prof. Vinicius Lemos
As seguintes ações constantes do atual Código de Processo
Civil, foram excluídas no texto da Lei 13.105/2015, que entrará
em vigor em 18 de março de 2015, a saber:
Ação de depósito, prevista no art. 901;
Ação de Anulação e Substituição de Títulos ao Portador, art.
907;
Ação de Nunciação de Obra Nova, art. 934;
Ação de usucapião de Terras Particulares, art. 941;
Vendas a Crédito com Reserva de Domínio, art. 1070.
Persistem dúvidas entre os operadores do direito, de como
proceder, quanto a proteção dos direitos dos jurisdicionados,
frente a uma nova situação, em que seria cabível uma ação
judicial que em tese se aplicaria um dos procedimentos extintos
pelo novo diploma processual. (PEREIRA, 2015,
<http://www.prolegis.com.br/os-procedimentos-especiais-no-
novo-cpc/
Desse modo, estes procedimentos especiais saíram do CPC/2015, restando o
procedimento comum para serem utilizados em seu lugar, com a desnecessidade de
um rito próprio específico.

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