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Os direitos humanos e cotas para portadores de deficiência última versao

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INTRODUÇÃO	
Há muito se tem discutido acerca dos direitos humanos, no sentido da necessidade social da promoção da inclusão social das diversas parcelas excluídas da sociedade, seja negros, indígenas, mulheres, homossexuais, moradores de rua, pessoas portadoras de necessidades especiais, etc. 
Como o tema Direitos Humanos, por si só, engloba uma vasta gama de público-alvo e de diferentes direitos, o presente artigo focará em especial, nas cotas destinada às pessoas portadoras de necessidades especiais ou pessoas deficientes.
O método utilizado foi bibliográfico, principalmente nas pesquisas realizadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística com foco na população de pessoas portadoras de deficiência no Brasil, doutrinas e artigos publicados.
Para direcionar o tema a ser discutido neste artigo, faz-se necessário esclarecer que a exclusão social compreende as diversas violações aos direitos sociais e que, no caso dos portadores de deficiência ocasiona a perda do direito de ir e vir afetando o princípio da dignidade humana, em especial, o direito à educação (por falta de escolas especiais, equipamentos especializados, discriminação intelectual) e também o direito ao trabalho que o impede de prover seu próprio sustento ou de sua família e outras formas de restrição.
Na discussão acerca das cotas para deficientes deparamo-nos com, no mínimo, duas questões:
1 – Cotas de emprego para portadores de deficiência;
2 – Cotas para portadores de deficiência nas universidades.
Estas duas questões convergirão para uma única direção – o mercado de trabalho que é o destino de quem labora e de quem está em busca de trabalho. Uns, enquanto inseridos no mercado de trabalho tentam garantir a continuidade e o outro, enquanto excluído tenta garantir uma vaga num curso de nível superior partindo depois para a busca de uma vaga no mercado de trabalho.
Neste sentido, partindo dessas duas premissas temos que responder aos seguintes problemas: 
As cotas de emprego e de vagas nas universidades para portadores de deficiência são suficientes para garantir a inclusão social?
Quais são os maiores entraves enfrentados pelos deficientes com relação às cotas?
O que ainda pode ser feito?
HISTÓRICO
O ser humano, tal como se desenvolveu ao longo da evolução da espécie hominídea apresenta determinadas valorações individuais e coletivas, historicamente vaidoso cultua o belo, aficionado por atributos físicos definidos como padrão, assim, sempre se concebeu que as pessoas portadoras de deficiência não são iguais às pessoas normais e por isso não podem ter os mesmos direitos. Tal conceito foi perpetrado e difundido em nossa sociedade de tal forma que fortaleceu a prática dos diversos tipos de discriminação promovendo a exclusão dos deficientes nas várias áreas e segmentos sociais.
Em contraponto, ao longo dos séculos, a filosofia e a sociologia nos permitiram questionar determinados conceitos e ideais, desenvolvendo novas ideias acerca da forma em que vivemos e nos comportamos em sociedade e no nosso contato com o outro. Diante desses questionamentos ao longo da evolução do homem até a contemporaneidade surgiram vários fenômenos sociais que instigaram, em determinado momento, a necessidade de repensar as regras de regulação da vida em sociedade, partindo do caos ao jusnaturalismo, positivismo, Estado Liberal até o Estado Social. 
A questão dos Direitos Humanos alcançou grande repercussão com a Declaração Universal dos Direitos Humanos, de 10 de dezembro de 1948, marco de afirmação dos direitos fundamentais e dos direitos humanos no mundo, declarando, dentre outros, o direito de igualdade dos homens e consagrando os direitos individuais defendidos por John Locke, nos artigos 1º e 3º:
Art. 1º. Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos e, dotados que são de razão e consciência, devem comportar-se fraternalmente uns com os outros";
…
Art. 3º: Todo indivíduo tem direito à vida, à liberdade e à segurança da sua pessoa.
Destaca-se ainda na Declaração Universal dos Direitos Humanos a proteção contra qualquer discriminação conforme estabelecido no art. 7º:
Art. 7º.Todos têm direito à igual proteção contra qualquer discriminação que viole a presente Declaração e contra qualquer incitamento a tal discriminação.
Cita-se ainda o artigo 26 da Declaração Universal dos Direitos Humanos que assegura à todos o direito à educação obrigatória e gratuita, pelo menos, na educação infantil, fundamental e média. 
Apesar de não possuir força de tratado internacional, a Declaração Universal dos Direitos Humanos trouxe para os governos dos Estados membros em conjunto com a sociedade a obrigatoriedade de implementação das garantias para consecução dos direitos humanos. 
Em decorrência dessa declaração inédita e vista por alguns como utópica passou-se a eclodir vários outros movimentos sociais em prol da consecução desses direitos, naturais, universais, individuais e humanos, tendo culminado ainda na elaboração de outros tratados internacionais. 
Além disso, os movimentos sociais representados pelas Organizações Não Governamentais – ONG´s, em sua maioria sem apologia política ou econômica trouxeram à baila inúmeras e contraditórias discussões a respeito da aplicabilidade desses fundamentos.
Assim, temos como marco introdutório da inclusão das pessoas portadoras de necessidades especiais, a Declaração dos Direitos das Pessoas Deficientes da ONU, publicada em 09 de dezembro de 1975, a qual proclamou em seu texto os direitos exclusivos das pessoas classificadas nesta categoria:
Art. 3º. As pessoas deficientes têm o direito inerente de respeito por sua dignidade humana. As pessoas deficientes qualquer que seja a origem, natureza e gravidade de suas deficiências, têm os mesmos direitos fundamentais que seus concidadãos da mesma idade, o que implica, antes de tudo, o direito de desfrutar uma vida decente, tão normal e plena quanto possível"; 
…
Art. 8º. As pessoas deficientes têm o direito de ter suas necessidades especiais levadas em consideração em todos os estágios de planejamento econômico e social.
Em 03 de dezembro de 1982, a ONU publicou o Programa de Ação Mundial para as Pessoas com Deficiência estabelecendo em seu art. 1º:
A igualdade de oportunidades é o processo mediante o qual o sistema geral da sociedade – o meio físico e cultural, a habitação, o transporte, os serviços sociais e de saúde, as oportunidades de educação e de trabalho, a vida cultural e social, inclusive as instalações esportivas e de lazer – torna-se acessível a todos.
No Brasil, a Convenção nº 159/83 da OIT foi devidamente ratificada por meio do Decreto Legislativo nº 51, de 28 de agosto de 1989, ou seja, foi-lhe conferido status de lei nacional. Não obstante, foram consagrados na Constituição Federal de 1988 os direitos sociais como princípios do Estado Democrático de Direito:
Art. 1º. A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático e tem como fundamentos: 
...
III – a dignidade da pessoa humana.
…
Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil: 
...
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
No âmbito exclusivo da Administração Federal, a Lei nº 8.112/1990 em seu artigo 5º, § 2º, estabelece o percentual máximo de vagas que deve ser destinado aos candidatos portadores de deficiência, fixando-o em 20% (vinte por cento).
Em 24 de Julho de 1991, surge a Lei n.° 8.213, que obriga as empresas que tem mais de 100 funcionários a reservarem uma porcentagem especifica de suas vagas para deficientes físicos.
O Decreto nº 3.298/99 regulamentou a Lei n.º 7.853/89 sendo alterado pelo Decreto 5.926/04, após longas discussões no Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (CONADE) nos traz o seguinte:
Art. 3º Para os efeitos deste Decreto considera-se:
I – deficiência – toda perda ou anormalidadede uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão considerado normal para o ser humano; 
II – deficiência permanente – aquela que ocorreu ou se estabilizou durante um período de tempo suficiente para não permitir recuperação ou ter probabilidade de que se altere, apesar de novos tratamentos; e 
III – incapacidade – uma redução efetiva e acentuada da capacidade de integração social, com necessidade de equipamentos, adaptações, meios ou recursos especiais para que a pessoa portadora de deficiência possa receber ou transmitir informações necessárias ao seu bem-estar e ao desempenho de função ou atividade a ser exercida.
No âmbito público, o Decreto Federal nº 3.298/99 em seu art. 37 determina ainda que seja reservado o percentual mínimo de 5% das vagas previstas em concursos públicos para as pessoas portadoras de deficiência, em detrimento do que dispõe a Lei 8.112/90. 
Além disso, a Convenção Interamericana para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Contra as Pessoas Portadoras de Deficiência, também conhecida como Convenção da Guatemala foi promulgada no Brasil pelo Decreto nº 3.956, de 08 de outubro de 2001.
OS PORTADORES DE DEFICIÊNCIA E A CLASSIFICAÇÃO 
Por pessoa portadora de deficiência (PPD) aquela que apresente, em caráter permanente, perdas ou reduções de sua estrutura, ou função anatômica, fisiológica, psicológica ou mental, que gerem incapacidade para certas atividades, dentro do padrão considerado normal para o ser humano.
A deficiência pode ser classificada como: visual, auditiva, motora e mental ou intelectual. 
Depreende ainda do diploma legal que pessoas com visão monocular, surdez em um ouvido, com deficiência mental leve, ou deficiência física que não acarrete na impossibilidade de execução normal das atividades do corpo, não são consideradas hábeis ao fim de que se trata.
O último censo do IBGE, divulgado em 2010 constatou que 45,6 milhões de pessoas no país sofrem de algum tipo de deficiência, correspondendo assim, a 23,9% da população brasileira. Este resultado demonstra um aumento de 12,4 pontos percentuais sobre o censo realizado em 2000.
O resultado censitário demonstrou também um aumento de 9,3% da população deficiente entre a faixa etária de 15 a 64 anos, ou seja, a população considerada ativa, além de apresentar que a maioria da população deficiente encontra-se entre a população mestiça (negros e amarelos), correspondendo a 27,1% cada categoria o que, totaliza 54,2%. Por outro lado, a pesquisa revelou um dado otimista demonstrando uma queda de 13,5% para 9,3% da taxa de analfabetismo entre a população deficiente. Comparando os dados de deficiência por gênero, temos 26,5% de mulheres deficientes contra 21,2% de homens.
2.1 COTAS DE EMPREGO PARA PORTADORES DE DEFICIÊNCIA
Com relação às cotas de emprego para pessoas portadoras de deficiência, remetemos à Lei Federal n.° 8.213/1991, a qual obriga as empresas com cem ou mais empregados a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com portadores de deficiência. Assim, temos o seguinte quadro:
	 Quantidade de funcionários
	Porcentagem de vagas reservadas
	100 à 200
	2%
	201 à 500
	3% 
	501 à 1000 
	4%
	Mais de 1000
	5%
Figura 1.
É de suma importância enfatizar, que ao ser realizada a contratação, o contrato devera conter a informação que o portador está sendo admitido pelo sistema de cotas, de acordo com o artigo 93, da Lei n.° 8.213/91. É indispensável também, a realização de exames específicos e o ASO, que comprove a deficiência. Ex: Audiometria ou exame oftalmológico. Ambos devem ser mantidos juntos ao dossiê do funcionário. Em caso de demissão, a empresa antes mesmo de concluir o processo demissional precisa ter outro portador de deficiência para ocupar o cargo, caso contrário, deverá pagar uma multa que varia entre R$ 1,2 mil e R$ 140 mil conforme notificação do Ministério do Trabalho e Emprego - MTE. 
Contudo, mesmo com o surgimento da lei, ainda há muitas dificuldades no ingresso dessas pessoas no mercado de trabalho, obstáculos esses que são impostos pelas próprias empresas, pela sociedade e pela falta de políticas públicas específicas.
2.1.1 AS DIFICULDADES ENCONTRADAS EM RELAÇÃO ÀS LEIS DE COTAS DE EMPREGO
O fato das empresas serem obrigadas a preencher seus quadros com portadores de deficiência não caracteriza a realização da tão sonhada “inclusão social”. Nota-se que exige-se um verdadeiro aparato de infraestrutura, de tecnicidade envolvida até que seja alcançada a inclusão. Além de termos algumas contradições com os próprios mandamentos legais.
Mesmo com todas as dificuldades de logística, infraestrutura e de qualificação, algumas grandes empresas conseguem fazer a diferença: Editora Abril, AVAPE, Brascri, Estok (Tok&Stok), Wickbold& Nosso Pão Indústrias Alimentícias Ltda, Votorantim, C&A, etc.).
Ocorre que, os exemplos supra referenciados representam um pequena parcela do mundo corporativo brasileiro apto a cumprir todas as exigências legais e necessidades acessórias.
Coloca-se em discussão a estrutura do ambiente que esses deficientes ocuparão além do preparo dos demais profissionais que estarão em contato com eles. Para isso, tenhamos em mente que a problemática não se resolve quando o deficiente alcança a vaga na universidade ou no mercado de trabalho, é preciso adaptar o ambiente a eles. 
Algumas empresas, visando cumprir de qualquer modo os ditames legais e evitar notificações por parte do MTE, chegam a contratar profissionais portadores de deficiência sem confrontar ou compatibilizar o tipo de deficiência à função a ser exercida, podendo acarretar maiores problemas tanto para a própria empresa quanto para o deficiente psicologicamente.
Tanto é verdade que, determinados empresários contratam deficientes e não exigem o cumprimento do horário simplesmente para não ter que vê-las ou, às vezes, porque a estrutura da empresa não está adequada para o funcionário deficiente.
A contradição legal é que a lei não estabelece a permanência do deficiente no emprego, ficando a critério do empregador mantê-lo ou não na vaga. Neste sentido, a maioria dos empregadores, visando apenas manter o percentual determinado, ao invés de investir na qualificação do funcionário deficiente e mantê-lo na função, opta por, simplesmente dispensá-lo findo o prazo de três meses. Mais uma vez, mero engodo de promoção da inclusão social.
Além disso, minimamente, há de se considerar que, uma vez empregada ou, em idade ativa para o mercado de trabalho, a pessoa portadora de deficiência necessita de aparatos para conseguir se locomover com segurança, saúde e bem estar até o local de trabalho. Daí apresenta-se outro entrave: a necessidade de realização de políticas públicas de promoção da acessibilidade e mobilidade. Papel mister do Estado. 
Na maioria das vezes, o deficiente não possui uma rampa adequada em seu prédio ou próximo à sua residência para se locomover até o ponto de ônibus, nem transporte adequado (hoje, mesmo que adequados, os transportes coletivos estão tão saturados de passageiros que é quase impossível caber uma cadeira de rodas ou um deficiente visual com seu cão guia, ainda que tenha o espaço exclusivo reservado).
No caso de órgãos públicos, mesmo com a reserva de vagas, os deficientes enfrentam ainda a questão da adaptabilidade à função a ser exercida, ainda que no concurso de provas e títulos para o qual foi aprovado não tenha feito exigências especiais quanto à forma da deficiência. Tem-se também o problema de estrutura física das instalações dos setores governamentais formados por ilhas (ocupando a cada dia que passa menos espaço físico), além do preconceito das chefias que hesitam em transmitir responsabilidades aos deficientes. Nota-se aí uma deficiência, estrutural e organizacional do próprio Estado enquanto promotor das políticas públicas de direitos humanos.
Não menos importante, mas um fator que também deve ser considerado é a questão do gênero. A maioria dos deficientes desempregadosé do sexo feminino, então, há de se discutir políticas públicas exclusivas para esta parcela da sociedade, em conjunto com as políticas voltadas para as mulheres, porque essa é uma outra forma de discriminação sofrida e que merece atenção. 
Outro fator é a questão racial, pois grande número da população deficiente é negra, assim, o deficiente que se enquadra nesta categoria deve vencer também o preconceito racial. 
2.2 COTAS PARA DEFICIENTES NAS UNIVERSIDADES
Com relação às cotas para deficientes nas universidades, a realidade brasileira divulgada no último censo demográfico do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apresentou que o número de deficientes com idade entre 18 e 24 anos (idade de ingresso na faculdade) ultrapassava 1,6 milhão. Neste mesmo período, a população total de deficientes era de mais de 24,6 milhões.
De lá para cá, notou-se que o número de deficientes matriculados no Ensino Superior aumentou cerca de 140%, isso, somente no período compreendido entre os anos de 2001 e 2006.
Destaca-se, no entanto, que o sistema de cotas está direcionado para o Ensino Superior. Ora, todos os brasileiros são sabedores que os maiores gargalos e a base para uma profissionalização adequada se encontra praticamente na educação básica, principalmente, no ensino fundamental, porém, os deficientes devem passar por todas as dificuldades de locomoção, estruturas inadequadas nas redes de ensino (principalmente públicas) para depois desse longo e doloroso percurso, ter uma vaga no ensino superior, o que, de longe vai representar uma vitória.
Primeiro, porque para ingressar no Ensino Superior, o candidato deve prestar vestibular e ser aprovado; Segundo porque se não teve uma educação, no mínimo, decente e adequada (fisicamente também), provavelmente não estará apto intelectualmente para se destacar perante os demais candidatos. 
Além disso, deparamo-nos com a discriminação social que é mais cruel e, a nosso ver, mais desumana. Prova disso é que um professor universitário, em pleno século XXI, ano 2014, no Estado do Espírito Santo declarou em uma aula de uma universidade federal que preferiria ser atendido por um médico branco em detrimento a um médico negro. Imagine esse mesmo professor tendo que escolher entre um atendimento por um médico branco a um médico negro deficiente ou até mesmo um médico branco ou outro médico deficiente. De fato, um dos maiores problemas é realmente social.
Essa questão exacerba os graus de justiça e moralidade. Parte para uma discriminação evolutiva da sociedade, antropológica e filosófica. Antropológica ao se considerar o homem em si, figura ereta, dotada de personalidade e qualidade de viver em sociedade, filosófica no sentido de se considerar a virtude de Sócrates e Aristóteles. No fim, ao que nos resumimos: Ao nada, à indivíduos vivendo no estado do caos constante. Incrível, pois estamos séculos à frente de Hobbes, de Locke, de Marx, de Durkheim e de Weber.... Cadê a sociedade. Onde está o Estado.
2.3 AS COTAS DE EMPREGO E DE VAGAS NAS UNIVERSIDADES PARA PORTADORES DE DEFICIÊNCIA SÃO SUFICIENTES PARA GARANTIR A INCLUSÃO SOCIAL?
Por todo o exposto, não basta somente estabelecer cotas de emprego e de vagas em universidades para as pessoas portadoras de necessidades especiais porque a exclusão dessa parcela social compreende um conjunto de preconceitos relacionados à raça, gênero e escala social e devem ser realizados estudos no sentido de direcionar as políticas após a triagem de cada categoria, buscando estabelecer políticas de acordo com os indicadores devidamente aferidos. 
Cumpre destacar que o Censo realizado em 2010 não pode ser comparado com os censos anteriores de forma integral, pois foram incluidas novas metodologias de pesquisa, desta forma, tais estudos deverão ser implementados a partir deste último censo. 
2.4 QUAIS SÃO OS MAIORES ENTRAVES ENFRENTADOS PELOS DEFICIENTES COM RELAÇÃO ÀS COTAS? 
Determinado deficiente, ao ser questionado sobre os maiores problemas que eles enfrentam, destacou motivos práticos, como falta de calçadas adequadas para cadeirantes, alinhamento e padronização das mesmas, dificultando a acessibilidade. Destacou ainda razões mais sutis, mas não menos sérias, como a falta de respeito. 
Assim, os maiores entraves enfrentados pelos deficientes com relação às cotas abrange desde o preconceito racial e de gênero, além do próprio preconceito físico, à questão de mobilidade (locomoção), estrutura adequada (tanto no trabalho quanto nas instituições de ensino) além da própria deficiência que afeta sua autoestima. 
2.5 O QUE PODE SER FEITO?
Além da conscientização do Estado, da sociedade e dos empresários, é necessário estudar o comportamento de outros países, como Alemanha ou França. 
Na Alemanha existem incentivos especiais para a contratação, contribuição para um fundo destinado à habilitação e reabilitação, assim como incentivos fiscais para as empresas que cumpram cotas. Na Espanha, há incentivos fiscais e subsídios para o cumprimento das cotas. E se destaca a existência de agências oficiais de empregos, sendo permitido às empresas o não cumprimento de cotas, desde que não haja mão de obra disponível. Isso parece bem adequado à realidade brasileira.
Assim como o Estado está investindo na questão da mobilidade urbana, principalmente na questão cicloviária que está ligada diretamente à prática de exercícios, é necessário investir na questão da infraestrutura adequada para os deficientes (calçadas cidadãs, rampas de acesso, banheiros especiais, mobiliários especiais, equipamentos especiais). ‘
CONCLUSÃO
A Constituição Federal de 1988 consagrou os direitos fundamentais e instituiu o Estado Democrático de Direito dentre os quais, encontramos os princípios da dignidade da pessoa humana e dos valores sociais do trabalho. Destaca-se que a inclusão do portador de necessidades especiais no mercado de trabalho também está coberta por tais princípios. Por outro lado, o exercício do trabalho é livre, porém, desde que atendidas as qualificações profissionais que a lei estabeleça, desta forma, a própria liberdade de trabalhar pode encontrar limites na qualificação da pessoa. 
Mesmo resguardados pela declaração universal dos direitos humanos a qual assegura que todos devem ser tratados fraternalmente, independentes das deficiências que as diferenciem e tendo amparo constitucional que estabelece em seu art. 3°, o objetivo de construir uma sociedade livre, justa e solidária, além do inciso IV no que diz respeito a promoção do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação, ainda assim, os deficientes, sejam eles físicos ou mentais, as pessoas portadoras de deficiências são tratadas de uma forma diferenciada por grande parte da sociedade. E, muitas vezes, essa diferenciação é vista de forma negativa, consequentemente, gerando comentários maldosos, criticas e agressões, sendo elas verbais ou até mesmo físicas.
Observa-se que a inclusão no mercado profissional, tem a questão cultural como empecilho. As pessoas ainda são muito alienadas a estereótipos e preconceitos, onde fazem julgamento, só pelo fato do outro ser diferente. A falta de acessibilidade é consequência da mentalidade ignorante da sociedade, que julga o deficiente como ser com menos qualificação, maior dificuldade de desenvolver seu serviço, menos produtividades e necessitam de mais investimentos. 
Com o objetivo de estabelecer uma vida mais justa e digna para todos, assegurando direitos e fiscalizando os deveres, o Estado tem papel importante e fundamental na inclusão de deficientes dentro da sociedade. Implementando políticas públicas, que visam criar ações e atividades, para melhor desenvolver os planos Estatais. Tendo como exemplo: O sistema de Cotas.
Ao invés de estabelecer cotas mínimas obrigatórias para contratação de funcionários portadores de deficiência, talvez seja mais útil, razoável, moral e justo estabelecer determinadas isenções ou incentivos para as empresas que promovam contrataçõesde deficientes e a qualificação dos mesmos, equiparando-os profissionalmente, dentro de suas qualidades e deficiências aos funcionários considerados normais.
De mesmo modo, estabelecendo incentivos para as instituições de ensino, não só de curso superior, fazendo triagem das qualificações pessoais de seus alunos de acordo com suas deficiências e suas habilidades, o Estado, além de fazer cumprir a determinação legal das cotas estaria também promovendo determinada inclusão social, forçando tanto o empregador a se integrar à realidade social, promovendo a qualificação de seu funcionário, ao invés, de simplesmente mantê-lo como funcionário pelo período obrigatório de 3 (três) meses e as instituições de ensino a agregar estudantes integrando-os à sociedade e qualificando-os de igual modo. 
Destaca-se que, muitos e muitos desses deficientes possuem qualidades e qualificações intelectuais aquém às pessoas consideradas “normais” até porque o sofrimento, em determinado grau exige que as pessoas desenvolvam determinadas habilidades muito maiores do que as pessoas que não têm os mesmos problemas físicos. 
A promoção de acessibilidade física, não é suficiente para garantir uma vida mais digna as pessoas portadoras de deficiência, mas principalmente a conscientização da sociedade e do Estado, ao garantir os direitos que a eles são assegurados, como vagas especificas em estacionamentos, banheiros com fácil acesso, rampas, etc.
Conclui que ao tratar os iguais como iguais e os desiguais como desiguais na forma de sua desigualdade pode fazer a diferença necessária para vencer o preconceito e promover enfim a inclusão social dos excluídos e a tão sonhada igualdade social e o Estado existe para esse fim.
REFERENCIAS 
BRASIL. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm .
BRASIL. Lei nº 7.853, de 24 de outubro de 1989. Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência - Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério Público, define crimes, e dá outras providências. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7853.htm. Acesso em: 01/11/2014.
BRASIL. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8213cons.htm. Acesso em: 01/11/2014.
BRASIL. Decreto n° 3.298, de 20 de dezembro de 1999. Regulamenta a Lei no 7.853, de 24 de outubro de 1989, dispõe sobre a Política Nacional para a Integração da Pessoa Portadora de Deficiência, consolida as normas de proteção, e dá outras providências. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d3298.htm. Acesso em: 01/11/2014.
BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Assistência à Saúde. Manual de Legislação em Saúde da Pessoa Portadora de Deficiência - Ministério da Saúde. 2ª Ed. Revista e atualizada. Série B. Textos Básicos de Saúde, Brasília, 2006. Disponível em:
 <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/legislacao_deficiencia.pdf> Acesso em 07/11/2014.
BRASIL. Ministério do Trabalho e do Emprego. A inclusão de pessoas com deficiência no mercado de trabalho. 2ª. ed. Brasília: MTE, SIT, 2007. Disponível em: <http://www.acessibilidade.org.br/cartilha_trabalho.pdf> Acesso em 04/11/2014.
CIÊNCIA (Brasil). Cotas nas Universidades Federais. Disponível em: <www.comciencia.br/reportagens/negros/06.shtml>. Acesso em: 04/11/2014.
Instituto Brasileiro dos Direitos da Pessoa com Deficiência. Inclusão social da pessoa com deficiência: medidas que fazem a diferença - Rio de Janeiro: IBDD, 2008. Disponível em: <http://www.ibdd.org.br/arquivos/inclusaosocial.pdf> Acesso em: 04/11/2014.
IBGE. Cartilha do Censo 2010 – Pessoas com Deficiência. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH/PR) / Secretaria Nacional de Promoção dos Direitos da Pessoa com Deficiência (SNPD) / Coordenação-Geral do Sistema de Informações sobre a Pessoa com eficiência; Brasília: SDH-PR/SNPD, 2012. Disponível em:
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LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 14. ed. São Paulo: Saraiva, 2010;
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PIOVESAN, Flávia. Temas de Direitos Humanos. 2ª ed. revista, ampliada e atualizada. São Paulo: Max Limonad, 2003.
Proporção Legal de Deficientes Deve Ser Razoável.
Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2012-mar-14/cota-contratacao-deficientes-obedecer-principio-razoabilidade> Acesso em 01/11/2014.

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