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INTRODUÇÃO À ECONOMIA Ricardo Moysés Resende FEAD Belo Horizonte 2010 EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA R433i Resende, Ricardo Moysés Introdução a Economia / Ricardo Moysés Resende. Belo Horizonte: EAD/Fead, 2009. 132 p. ISBN 978-85-99419-23-4 I. Título II. Economia CDU 331 Publicado por FEAD Copyright©2010 FEAD Diretor-Geral José Roberto Franco Tavares Paes Capa Dia de Mercado (1878), de Victor Gabriel Gilbert. Óleo sobre tela. Coleção particular. Fonte: Art Renewal Center. Todos os direitos reservados ao Sistema Integrado de Ensino de Minas Gerais – SIEMG Rua Cláudio Manoel, 1.162 – Savassi – Belo Horizonte – MG Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, armazenada ou transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, seja ele eletrônico, mecânico, fotocópia ou gravação, sem autorização do SIEMG. Atenção: pode acontecer de algum desses sites indicados não estar mais disponível devido ao dinamismo que caracteriza essa fonte de informação. A Faculdade FEAD apresenta novo projeto, fundamentado em aspectos metodológicos da auto-aprendizagem, e inaugura os cursos de graduação na modalidade a distância. Estudar na modalidade a distância é adquirir, além de conhe- cimento do conteúdo apresentado, competências hoje exigidas no campo profissional e pessoal: autonomia, interação, determi- nação, gerenciamento da própria formação e atualização conti- nuada. A Instituição que se propõe formar empreendedores apresen- ta atitude inovadora e ensina pelo próprio exemplo. O projeto FEAD de Educação a Distância vem sendo desenvolvido desde 2004 e, agora, torna-se realidade. Buscar atingir a meta da qualidade em todos os projetos edu- cacionais é o que move a comunidade FEAD. Projeto de muitas mãos e mentes, trabalho conjunto de professores, coordenadores, funcionários, empresas parceiras e direção, na busca de produzir o que há de consubstancial em aprendizagem na modalidade a distância. Sinta-se, em definitivo, participante e construtor deste novo tempo. Faça parte do seu mundo. Bem-vindo ao século XXI! Professor José Roberto Franco Tavares Paes Direção-Geral Sou o professor Ricardo Moysés Re- sende, bacharel em Ciências Econômi- cas pela Newton Paiva, pós graduado, pela PUC/MG, em Política Econômica, máster em Economia pela Universida- de Enrico Matei/Milão/Itália, mestre em Economia Rural pela Universidade Federal de Viçosa. Fui professor titular de economia nas Faculdades Integra- das Newton Paiva, professor de eco- nomia na FUMEC para o Curso de Engenharia, professor de economia no SESI/MG, nos cursos preparatórios para concursos públicos Maurí- cio Trigueiro, Queiroz e Orville Carneiro e professor de pós gradu- ação na FACICOM- Faculdade de Ciências Contábeis de Caratin- ga, na UNA e nas Faculdades Novos Horizontes. Tive participação no Centro de Pesquisas da Newton Paiva e da UNA. Fui assessor do Departamento de Economia da Newton Paiva, professor no curso de graduação na UNA e diretor econômico financeiro da SEPLAN MG – Secretaria de Planejamento do Estado de Minas Gerais. Fui chefe do Departamento de Economia do Centro Uni- versitário UNA e coordenador do curso de Ciências Econômicas. Estou na FEAD há 5 anos, lecionando economia para os cursos de Administração. Espero que você aproveite bastante seu cur- so e me coloco à sua disposição para qualquer necessidade que você tenha em relação ao seu curso e sua disciplina. Pretendo, à medida do possível, conhecê-lo pessoalmente, visto que nossos encontros serão virtuais. Aproveito a oportunidade para deixá-lo à vontade para apresentar sugestões em relação ao curso e ao mate- rial e desejar-lhe boa sorte. Abraços carinhosos, Ricardo. Fo to : J oã o M ar co s D ad ic o Sumário AULA 1 • Por que estudar Economia .....................................................................................9 AULA 2 • Os bens econômicos .......................................................................................... 13 AULA 3 • Os recursos produtivos ....................................................................................... 17 AULA 4 • Sistema Econômico ........................................................................................... 21 AULA 5 • A questão econômica da escassez ......................................................................... 25 AULA 6 • Os agentes econômicos / O fluxo circular da renda ..................................................... 29 AULA 7 • O mercado em ação ......................................................................................... 33 AULA 8 • Teoria da oferta ............................................................................................... 37 AULA 9 • O equilíbrio do mercado ..................................................................................... 41 AULA 10 • Teoria das elasticidades ..................................................................................... 45 AULA 11 • Elasticidade-renda e elasticidade cruzada da demanda ............................................... 51 AULA 12 • Os custos da produção e a Teoria do Lucro ............................................................... 55 AULA 13 • A Macroeconomia ............................................................................................. 59 AULA 14 • Contabilidade Social ......................................................................................... 65 AULA 15 • A renda nacional e o Produto Interno Bruto .............................................................. 69 AULA 16 • Aplicando os conceitos do PIB e PNB ...................................................................... 73 AULA 17 • O PNB real, nominal e per capital ......................................................................... 77 AULA 18 • Política monetária ............................................................................................ 81 AULA 19 • Economia monetária ......................................................................................... 85 AULA 20 • A estrutura e o funcionamento do sistema financeiro .................................................. 89 AULA 21 • O sistema finaceiro nacional................................................................................ 93 AULA 22 • O mercado de capitais e a bolsa de valores .............................................................. 97 AULA 23 • A política fiscal .............................................................................................. 101 AULA 24 • O balanço de pagamentos.................................................................................. 105 AULA 25 • Teoria da inflação ........................................................................................... 109 AULA 26 • Taxa de câmbio .............................................................................................. 113 AULA 27 • O Brasil e a abertura comercial ........................................................................... 117 AULA 28 • Economia brasileira: as crises do início da década de 90 e o programa de privatizações .......121 AULA 29 • O custo Brasil ................................................................................................ 125 AULA 30 • Risco país ..................................................................................................... 129 INTRODUÇÃO À ECONOMIA AULA 1 Por que estudar Economia? Objetivos • Descrever alguns dos principais motivos pelos quais deve-se estudar economia. • Descrever e classificar as necessidades humanas. • Conceituar Economia. INTRODUÇÃO À ECONOMIA 10 Por que estudar Economia? Nesta aula,iniciamos nosso estudo de Economia. O objetivo da aula de hoje é entender a importância do seu estudo e os motivos pelos quais devemos estudá-la. Pode-se dizer que este estudo tem diversos motivos: Para ajudar a compreender melhor o mundo: a apli- cação das ferramentas da Economia pode ajudá-lo a en- tender eventos globais e cataclismos como guerras, fome, epidemias e depressões, e também a compreender muito do que se passa com você local e pessoalmente. A Econo- mia tem o poder de ajudar a entender esses fenômenos porque eles resultam, em grande parte, das escolhas que fazemos quando estamos sob condições de escassez. Mais à frente, você verá que a questão básica da Eco- nomia é como lidar com o problema humano da escassez de recursos. Proporcionar autoconfiança: as pessoas que jamais estudaram Economia muitas vezes têm a impressão de que forças misteriosas e inexplicáveis conduzem suas vidas, jo- gando-as de um lado para outro, como se fossem uma bo- linha em uma máquina de fliperama, determinando se são ou não capazes de conseguir um emprego, qual será seu salário, se conseguirão comprar uma casa. Se você é uma dessas pessoas, você terá oportunidade de perceber como tudo isso mudará. Depois de aprender Economia, você poderá se sur- preender com o fato de não deixar mais de lado a seção de economia de seu jornal simplesmente porque ela pare- ce estar escrita em uma linguagem incompreensível. Você poderá se descobrir ouvindo relatórios econômicos com espírito crítico, encontrando erros de lógica. Quando compreender bem Economia, você terá ad- quirido um senso de domínio sobre o mundo e, com isso, sobre sua própria vida. Realizar mudanças sociais: se o seu interesse é cons- truir um mundo melhor, a Economia é indispensável. A Economia pode ajudar a entender as raízes de problemas sociais graves como desemprego, fome, pobreza, doen- ça, drogas e crimes violentos, explicar por que os esforços dedicados a resolvê-los falharam e permitir criar soluções novas e mais eficazes. Ajudar na preparação para outras carreiras: nos últi- mos 20 anos, a Economia tornou-se popular também entre aqueles que planejam fazer carreira em Política, Relações Internacionais, Direito, Medicina, Engenharia, Psicologia e outras profissões. E por um bom motivo: os profissionais de todas essas áreas muitas vezes se deparam com ques- tões econômicas. Por exemplo: os advogados cada vez mais lidam com sentenças baseadas no princípio de eficiência econômica. Formar economistas: os economistas são contratados por bancos para avaliar os riscos de investimentos no exte- rior; por empresas de manufaturas para ajudar na determi- nação de novos métodos de fabricação, comercialização e formação de preço de seus produtos; por órgãos governa- mentais para ajudar a criar políticas de combate ao crime, à doença, à pobreza e à poluição; por organismos internacio- nais para ajudar a criar programas de auxílio a países menos desenvolvidos; pelos meios de comunicação para comentar e ajudar o público a interpretar eventos globais, nacionais e locais e até mesmo por organizações sem fins lucrativos para oferecer conselhos sobre como obter maior eficiência no controle de custos e no levantamento de recursos. O economista pode atuar, também, como consultor autônomo. O conceito de Economia Agora que iniciamos nosso estudo de Economia, você deve estar se perguntando: o que é Economia? É de senso comum que a Economia lida com questões como: • por que existe desemprego em um país? • qual a função do governo em uma sociedade? • o que é a bolsa de valores? • por que devemos pagar imposto de renda? Mas o que é exatamente Economia? O que ela estuda, na realidade? Quais são os seus métodos? A ciência econômica estuda a interação entre os in- divíduos e a sociedade quando ambos decidem utilizar recursos escassos na produção de bens e serviços, a fim de distribuí-los na sociedade, satisfazendo a necessidade de todos. A essência desta aula é discutir o problema da escas- sez dos recursos, as necessidades humanas e como a eco- nomia procura satisfazê-las. O problema central da economia gira em torno da escassez. Você sabe o que é escassez? Escassez é uma falta. Recursos escassos são aqueles que não são abundantes na natureza. AULA 1 • Por que estudar Economia? 11 As pessoas e a sociedade têm necessidades. Entretan- to, como os recursos utilizados na produção dos produtos e serviços que serão utilizados para satisfazer essas neces- sidades são escassos, é preciso desenvolver uma maneira de alocá-los convenientemente, sob pena de não haver disponibilidade desses recursos para todos os indivíduos, pois com os recursos existentes no mundo não é possível produzir tudo que as pessoas e as sociedades necessitam. A Economia, então, se ocupa da questão da satisfação das necessidades dos indivíduos e da sociedade. Os principais elementos da atividade econômica são: • as necessidades humanas; • os recursos produtivos (ou fatores de produção). Assim, para entender o que é Economia, precisamos entender o que são necessidades humanas e o que são recursos produtivos. Estudaremos agora estes dois tópi- cos; depois retornaremos à definição de Economia. Necessidades humanas Você sabe o que e quais são as necessidades huma- nas? Necessidade humana é a carência de algo aliada ao desejo de satisfazê-la. Por exemplo: alimentação, vestuá- rio, eletrodomésticos, educação etc. A sociedade como um todo também apresenta neces- sidades específicas, como: justiça, forças de defesa externa e polícia, infra-estrutura de transportes etc. Como você viu, as necessidades humanas podem ser divididas em dois grandes grupos: as necessidades do indi- víduo e as necessidades da sociedade. As necessidades do indivíduo podem ser naturais: • comer • ter um local para morar • etc. Podem ser também sociais, aquelas que decorrem da vida em sociedade: • vestir roupas da moda • ter um carro de certo tipo • etc. As necessidades sociais, por sua vez, podem classifica- das em coletivas ou públicas. Coletivas são aquelas que partem do indivíduo e pas- sam a ser da sociedade na medida em que têm de ser sa- tisfeitas para um grupo grande de indivíduos, como trans- porte público, educação etc. Públicas são aquelas que surgem da própria socieda- de, como defesa nacional e ordem pública. Observe que essa classificação leva em conta apenas aquele que tem a necessidade (o indivíduo ou a socieda- de), isto é, o requerente. Outra forma de classificar as ne- cessidades humanas é quanto à sua natureza. Neste caso, podemos dividi-las em necessidades vitais ou primárias e necessidades civilizadas ou secundárias. As necessidades vitais ou primárias são aquelas es- senciais à própria vida, como alimentação, enquanto as necessidades secundárias ou civilizadas são aquelas que aumentam o bem-estar do indivíduo, como as atividades de lazer. Toda essa classificação está descrita no quadro abai- xo: Tipos de necessidades Segundo o requerente natural comer e dormir Necessidades do indivíduo coletivas transporte e educação Necessidades da sociedade social convívio social públicas ordem pública ou defesa nacional conservação da vidaNecessidades vitais e primárias aumentam o bem-estar do indivíduo Necessidades civilizadas ou secundárias Segundo a natureza INTRODUÇÃO À ECONOMIA 12 A satisfação das necessidades humanas força os mem- bros de uma sociedade a organizarem-se em torno de ati- vidades produtivas, isto é, as pessoas devem produzir bens e serviços que atendam às necessidades dos membros da sociedade. Essa produção deve ser, de alguma forma, dis- tribuída aos membros da sociedade para seu consumo. Você acabou de ver dois conceitos fundamentais na Economia:produção e consumo, que levam aos proble- mas básicos de como a produção é organizada – seja em uma empresa ou em uma sociedade como um todo –, e de como esses bens produzidos são distribuídos. Definição de Economia Agora podemos conceituar Economia. Economia pode ser definida como a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem uti- lizar recursos produtivos escassos na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, com a finalidade de satisfazer as necessidades humanas. Podemos dizer que a Economia estuda a melhor ma- neira de utilizar os recursos disponíveis – que, como vimos, são escassos – para satisfazer da melhor maneira possível as necessidades dos indivíduos e das sociedades, ou seja, de aproveitar os recursos de maneira a obter o máximo de bem-estar para todos. A Economia é o estudo da escolha sob condições de escassez. Ao lado do conceito de Economia está o conceito de sistema econômico, que é, em poucas palavras, a organi- zação econômica de uma sociedade. Um sistema econômico pode ser entendido como o conjunto de relações técnicas, básicas e institucionais que caracterizam a organização econômica de uma sociedade. Independentemente do seu tipo, todo sistema econômico deve, de algum modo, desempenhar cinco funções bási- cas, determinando: • o que se deve produzir; • como se deve organizar a produção; • como devem ser distribuídos os produtos; • como devem ser racionados os bens no período em que a oferta é fixa; • como se deve sustentar e/ou expandir a capacida- de produtiva. Resumo Nesta aula você viu diversos motivos pelos quais de- vemos estudar Economia: ajuda a compreender o mundo, proporciona auto-confiança, ajuda a realizar mudanças sociais, ajuda na preparação para outras carreiras e forma economistas, que são profissionais de grande demanda no mercado. Viu que o problema básico da Economia é a escassez de recursos para satisfazer as necessidades, o que obriga as sociedades a organizar a produção de bens e serviços de forma a satisfazer, da melhor maneira possível, essas necessidades. Atividades 1. Enumere algumas razões para estudar Economia e descreva quais destas razões são mais relevantes para você. 2. Por que se diz que os recursos são escassos? 3. Conceitue Economia. INTRODUÇÃO À ECONOMIA AULA 2 Os bens econômicos Objetivos • Conceituar bem econômico e diferenciá- lo de bem livre. • Classificar os bens econômicos segundo seu caráter, sua natureza e sua função. • Conceituar serviços. INTRODUÇÃO À ECONOMIA 14 Bens econômicos Na primeira aula você viu que o problema fundamen- tal da Economia é o problema da escassez. Trata-se do fato de que a necessidade humana por bens e serviços é ilimita- da, enquanto os recursos econômicos são limitados. Observe que escassez é um conceito relativo; quando falamos em necessidade humana, queremos dizer o de- sejo de obter alguma coisa, isto é, a vontade de satisfazer uma certa sensação de carência, mesmo que para outra pessoa essa carência possa parecer um luxo. Recursos produtivos são os fatores ou elementos bá- sicos utilizados para produzir os bens e serviços Há bens que estão disponíveis em quantidade suficien- te para todos, como o ar que respiramos. Bens escassos são aqueles que não existem em quantidade suficiente para sa- tisfazer os desejos dos indivíduos. Estes últimos são os bens que interessam à Economia, no sentido de que ela se ocupa com o problema de encontrar a melhor forma de produzi-los e distribui-los a fim de atender as necessidades humanas. A Economia, portanto, se ocupa com a problema do emprego eficiente dos recursos disponíveis para resolver o dilema entre: • a escassez dos bens econômicos e • os desejos ilimitados da sociedade. O antagonismo entre essas duas realidades é a razão de existir da Economia. Se todos os bens necessários fos- sem abundantes e os desejos da sociedade fossem limita- dos, todos poderiam ser atendidos livremente. A realida- de, no entanto, é que poucos bens são livres. Observe que mesmo bens considerados livres podem se tornar, aos poucos, bens econômicos. A água potável, por exemplo, poderia ser considerada abundante em mui- tos locais do planeta. Hoje, entretanto, a água potável é um bem escasso e há uma preocupação mundial com ela. O ar que respiramos ainda é considerado livre, mas a cres- cente poluição do ar força as sociedades a empregarem recursos para despoluição, o que irá transformar o próprio ar em um bem econômico, pois exigirá o emprego de re- cursos para não chegar à escassez. Tipos de bens Você já viu que os bens podem ser classificados, quan- to ao ser caráter, em: • bens econômicos: têm utilidade, escassez e são transferíveis. Por exemplo: matérias-primas, má- quinas, capital. • bens livres: bens disponíveis em quantidade sufi- ciente para satisfazer a todos; são abundantes na natureza e não têm preço. Por exemplo: a água. A classificação anterior leva em conta o caráter do bem. Os bens livres são aqueles cujo consumo não possui restrições, ou seja, existem com tal abundância que não se submetem a um sistema de preços. Os bens classificados como econômicos, por sua vez, são de consumo restrito e têm preço, que é, a princípio, estipulado pelas leis de mercado vigentes. A Economia trata apenas dos bens econômicos, devi- do ao fato de sofrerem o problema da escassez. Os bens livres, por existirem em grande quantidade na natureza, não fazem parte do objeto de estudo da Economia. Uma outra divisão dos bens tem como critério sua natureza; distingue-os entre os que atendem diretamente as necessidades humanas e aqueles que são usados para produzir outros bens. Bens de capital são aqueles que permitem a amplia- ção da capacidade produtiva, levando ao próprio funcio- namento do sistema econômico. Bens de consumo são aqueles que se destinam ao consumo final por parte dos indivíduos. Um mesmo bem pode ser considerado de capital ou de consumo, de acordo com a sua utilização: se for usado como insumo, é um bem de capital; do contrário, pode ser considerado um bem de consumo. Veja o caso do automóvel. Quando é utilizado estritamente como instrumento de prestação de serviços (por um taxista, por exemplo), é um bem de capital; contudo, o mesmo veícu- lo utilizado, se usado por uma família para seu lazer, é um bem de consumo. Os bens de consumo podem ser classificados como duráveis ou não duráveis. Como a própria denominação sugere, os bens de consumo duráveis têm maior tempo de utilização; é o caso do veículo de uso particular, eletrodo- mésticos etc. Já os não-duráveis são os de curta vida útil, como alimentos e vestuário. Em resumo: • bens de consumo são aqueles que atendem direta- mente às necessidades humanas. São classificados como duráveis os que permitem uso prolongado, como carros, eletrodomésticos etc.; e não-duráveis AULA 2 • Os bens econômicos 15 os que acabam em pouco tempo, como os alimen- tos. • bens de capital são aqueles utilizados na fabricação de outros bens, ou seja, não atendem diretamente às necessidades das pessoas, como as máquinas e ferramentas. Uma terceira classificação dos bens é quanto à sua função: se eles estão prontos para uso ou consumo ou se devem ainda sofrer algum processo de transformação. • bens intermediários são aqueles que são transfor- mados ou agregados na produção de outros bens. São consumidos para se converterem em outro bem de consumo ou capital, ou seja, são as maté- rias-primas que serão processadas para a produção de um bem final. O trigo na produção do pão e outros alimentos é um ótimo exemplo de bem in- termediário, assim como o cimento na produção de umacasa. • bens finais são aqueles que já sofreram as trans- formações necessárias e estão prontos para uso ou consumo. Estão nesse grupo os alimentos já prepa- rados ou a casa do grupo anterior. Essa classificação está descrita no quadro a seguir: Tipos de bens Os bens podem ainda ser classificados em privados e públicos. Bens privados são aqueles usados ou consu- midos privadamente, como eletrodomésticos e peças de vestuário. Bens públicos são usados coletivamente por um grupo, como um parque ou uma piscina pública. Devemos considerar também as atividades que não se destinam diretamente à criação de bens físicos, isto é, não produzem um bem material: são os serviços. Atualmen- te, este segmento vem crescendo, ocupando boa parte da parcela produtiva da economia e envolvendo grande par- cela dos trabalhadores. Serviços são as atividades que se destinam a satis- fazer as necessidade humanas mas não criam objetos materiais. A atividade de serviços pode estar relacionada à dis- tribuição de produtos, como os setores de distribuição e vendas; à educação (professores) e entretenimento (ato- res, músicos etc.); à área de saúde (médicos, dentistas, en- fermeiros etc.); à área financeira (bancos, financeiras etc.) e muitas outras. Resumo Nesta aula voltamos ao tema da escassez de recursos; você viu o antagonismo existente entre essa escassez e as necessidades humanas, que são ilimitadas. Desse antago- nismo surge a necessidade do estudo econômico. Viu também o conceito de bem econômico, que é o objeto básico de estudo da Economia. Os bens econômi- cos podem ser classificados de várias formas: quanto ao seu caráter (em bens livres e bens econômicos), quanto à sua natureza (em bens de capital e bens de consumo), quanto à sua função (em bens intermediários e bens fi- nais). Os serviços são as atividades que não criam objetos materiais, mas atuam para satisfazer, direta ou indireta- mente, as necessidades humanas. Atividades 1. Conceitue bem econômico. Por que a Economia não se preocupa com os bens livres? 2. Um artigo de luxo pode ser considerado uma necessi- dade humana? Sua produção e distribuição são objeto da Economia? 3. Imagine uma fábrica de tecidos. Relacionar seus bens intermediários e seus bens finais. 4. O que são serviços? Como eles se diferenciam dos bens? Segundo seu caráter Bens livres Bens econômicos Segundo sua natureza Bens de capital DuráveisBens de consumo Segundo sua função Bens intermediários Bens finais Não-duráveis INTRODUÇÃO À ECONOMIA AULA 3 Os recursos produtivos Objetivos • Conceituar recurso produtivo. • Classificar população em ativa e inativa em empregados. INTRODUÇÃO À ECONOMIA 18 Definição e características Vamos iniciar esta aula com a definição de recursos produtivos. Como você já viu, a sociedade deve produzir os bens e serviços de que necessita. Para tal, emprega re- cursos como terra, máquinas, trabalho etc. Recursos produtivos são os fatores ou elementos bá- sicos utilizados para produzir os bens e serviços. Os recursos também são chamados fatores de produ- ção. Portanto, trabalho, máquinas, matérias-primas, di- nheiro, todos são recursos produtivos. Enfim, tudo aquilo que é utilizado para produzir é um recurso produtivo. Os recursos produtivos possuem três características básicas: 1. São escassos: por isso, devem ser alocados crite- riosamente para atender às necessidades. A escas- sez torna necessária uma avaliação cuidadosa de quais necessidades devem ser satisfeitas, em que medida e em que ordenação. 2. São versáteis: os recursos podem ser aproveitados de variadas formas. O trabalho, por exemplo, pode ser empregado em quase todos os tipos de pro- dução. Entretanto, quanto mais especializado for, maiores serão as restrições ao seu uso. Em outras palavras: quanto maior a especificidade de um fa- tor de produção, maiores serão suas limitações de utilização. 3. Podem ser combinados: na maioria das vezes, para produzir um mesmo bem deve-se combinar diversos fatores de produção. Classificação dos recursos produtivos Os recursos produtivos são tradicionalmente classifi- cados em três grandes segmentos: • terra; • capital; • trabalho. O recurso terra Este recurso deve ser entendido em um sentido am- plo. Incluímos aqui não só a terra cultivável e urbana como também todos os recursos minerais que a terra contém. Os recursos oriundos da natureza estão na base de todos os bens produzidos em um sistema econômico. Compõem o fator terra todos os recursos minerais, hídricos, energéticos e o próprio espaço físico utilizado pela empresa. O recurso capital O recurso capital indica a participação de instrumen- tos de transformação dos recursos primários de produção e envolve toda a gama de máquinas e equipamentos, ins- talações e edificações destinados à finalidade de produzir (transformar). O recurso trabalho O recurso trabalho é capacidade produtiva física e intelectual dos trabalhadores presente, direta ou indireta- mente, na produção de todo tipo de bens. Mesmo aque- les que aparentemente não o envolvem, por terem uma produção extremamente mecanizada, têm na sua origem o trabalho intelectual humano como fonte de elabora- ção. População Denomina-se população de uma região o conjunto de seres humanos que vivem nessa região. É preciso dis- tinguir população ativa e população inativa. A população inativa é formada por aquelas pessoas que somente consomem, isto é, não participam do proces- so produtivo. Incluem-se aqui os aposentados, estudantes, pessoas que não estão em idade de trabalhar e os fisica- mente incapacitados para trabalhar. A população ativa é formada pelas pessoas que participam do processo produtivo. Divide-se em em- pregados – os que estão efetivamente trabalhando – e desempregados – aqueles que reúnem todas as con- dições para trabalhar, mas que no momento não estão trabalhando. É possível ainda dividir os empregados em emprega- dos no sentido estrito – aqueles que têm trabalho remu- nerado fixo – e empregados ativos marginais – aqueles que fazem serviços periódicos. O quadro a seguir resume estas classificações de po- pulação. AULA 3 • Os recursos produtivos 19 O contingente da população em idade de trabalhar é delimitado em geral pela faixa etária que vai dos 14 aos 60 anos. A taxa de ocupação compreende o quociente entre o número de pessoas ocupadas e o total de habitantes, o que aponta para a proporção da população que, com seu trabalho, é responsável pelo total da produção dos bens da comunidade. Segundo Castro & Lessa1, a taxa de ocupa- ção no Brasil é próxima a 32%; em países mais maduros, como a França e a Inglaterra, é de cerca de 42%. Cabe observar também que o Brasil é um país em que cerca de 30% da população encontra-se entre 0 e 14 anos2, fora, portanto, da faixa de população ativa (IBGE, 2000). Bens de capital Na aula passada, você viu que os bens econômicos podem ser divididos em bens de consumo e bens de ca- pital. Estes últimos, também chamados bens de produção, são os bens que não atendem diretamente às necessidades humanas mas são utilizados na produção de outros bens. Vamos estudar agora com mais detalhes os bens de capital. Observe que, em Economia, o termo capital se refere a capital físico, isto é, máquinas, equipamentos e edifí- cios, e não capital financeiro. Um ativo bancário de uma empresa não constitui recurso produtor de bens; portanto, não é capital no sentido que se dá em Economia. O capital empregado na produção é dividido em ca- pital fixo e capital circulante. Capital fixo são os instrumentos, máquinas, equipa- mentos, edifícios etc. empregados na produção; tipica- mente duram vários ciclosde produção. Capital circulante são os bens em processo de pre- paração para consumo, como matérias-primas e estoques disponíveis. Como você pode ver, em Economia é importante dis- tinguir capital ou capital físico de capital financeiro. Da mesma forma, deve distinguir capital de capital humano. Capital humano envolve tudo que diz respeito ao aprimoramento da capacidade produtiva dos trabalhado- res, como educação e formação profissional. As empresas investem na formação profissional de seus empregados para incrementar sua capacidade produtiva. Completa o quadro de tipos de capital o capital finan- ceiro, que pode ser definido como os fundos disponíveis para a compra de capital físico. Um dinheiro guardado que pode ser utilizado para a compra de uma máquina, por exemplo. O quadro a seguir classifica os vários tipos de recurso capital existentes. População População inativa População ativa Desempregados Empregados ou população ocupada Empregados ativos marginais Empregados no sentido estrito Tipo de capital Capital físico Capital humano Capital financeiro Capital fixo Capital circulante 1. A. Castro & C. Lessa, Introdução à Economia – uma abordagem estruturalista. Editora Forense Universitária, 37ª edição. 2. Dados do IBGE de 2000 – ver http://www.ibge.gov.br/brasil_em_sintese. INTRODUÇÃO À ECONOMIA 20 Resumo Nesta aula você estudou o conceito de recurso produ- tivo e a classificação tradicional em recurso terra, recurso trabalho e recurso capital. Em seguida, analisou cada um desses recursos. Viu o conceito de população ativa e inativa, emprega- dos e desempregados, empregados propriamente ditos e empregados ativos marginais. Estudou ainda os bens de capital, diferenciando capi- tal fixo e capital circulante. Conceituamos também capital humano e capital financeiro. Atividades 1. Conceitue os três fatores de produção que constituem os recursos produtivos. 2. Dê exemplos de recursos terra, trabalho e capital en- volvidos na produção de algum produto. Você conhece algum produto que possa ser produzido sem utilizar conjuntamente estes três fatores produtivos? 3. O que é taxa de ocupação de uma população? 4. Conceitue e diferencie capital físico, capital financeiro e capital humano. INTRODUÇÃO À ECONOMIA AULA 4 Sistema Econômico Objetivos • Identificar e responder às questões eco- nômicas fundamentais: • Quais são três as maneiras pelas quais as sociedades se organizam a fim de resolver suas questões econômicas fundamentais: a economia de merca- do, a economia planificada central- mente e a economia mista. • O que, quanto, como e para quem produzir. • Explicitar por que, em razão da escas- sez, a Economia é uma ciência ligada a problemas da escolha. INTRODUÇÃO À ECONOMIA 22 Introdução Na aula anterior procuramos conceituar Economia. Você se lembra de que é uma ciência que estuda a melhor administração dos recursos escassos, a fim de satisfazer as ilimitadas necessidades humanas? Nesta aula você irá estudar um pouco sobre os siste- mas econômicos. Como funciona o Sistema Econômico Antes de iniciarmos o estudo do funcionamento do sistema econômico, vale a pergunta: você saberia concei- tuar um sistema econômico? Sistema econômico é a forma política e social em que está organizada a sociedade, a fim de organizar a produ- ção, a distribuição e o consumo dos bens e serviços produ- zidos de modo a aumentar o bem-estar da sociedade. Ou seja, é através do sistema econômico que a socie- dade define como se processa a produção dos recursos para atender as necessidades humanas. São elementos básicos do sistema econômico: • Fatores de Produção: terra, capital e trabalho. • Unidades de Produção: empresas e famílias que produzem e consomem os bens. • Governo: conjunto de instituições políticas, jurídi- cas e sociais que normatizam o funcionamento da sociedade. Estes são os elementos básicos de um sistema econô- mico. Os sistemas econômicos podem ser divididos em três tipos principais, com relação à forma em que ele or- ganiza sua produção. Sistema de Economia Capitalista ou Economia de Mercado Este sistema é regido pelas forças de mercado (ofer- ta e demanda), predominando a livre iniciativa; nele, e a propriedade dos fatores de produção é privada. A eco- nomia norte-americana e a inglesa, entre outras, são bons exemplos. Este é um tipo de sistema que deixou para o mercado definir como resolver o problema da escassez de recursos, quem produz, o que é produzido e quem consome. Sistema Socialista, Economia Centralizada ou Economia Planificada As questões econômicas fundamentais são resolvidas pôr um órgão central de planejamento; nesse sistema, a propriedade dos fatores de produção é pública. Como exemplo temos a economia da antiga União Soviética e de Cuba. Neste tipo de sistema, é o governo quem define a pro- dução e o consumo. Sistema de economia mista A partir dos anos 30, passaram a predominar os sis- temas de economia mista, com forte atuação do Estado na alocação e distribuição dos recursos, bem como na produção de bens e serviços. A Suécia, a Dinamarca e a Finlândia são referência desse tipo de sistema. Esta é uma classificação dada por alguns autores, que entendem que é um sistema capitalista mas com forte par- ticipação do governo. Definição de Sistema Econômico Como você já viu, um sistema econômico pode ser entendido como o conjunto de relações sociais e insti- tucionais que caracterizam a organização econômica de uma sociedade. Independentemente do seu tipo, todo sistema econômico deve, de algum modo, desempenhar cinco funções básicas, determinando: 1. O que se deve produzir; 2. Como se deve organizar a produção; 3. Como devem ser distribuídos os produtos; 4. Como devem ser racionados os bens no período em que a oferta é fixa; 5. Como deve ser sustentada e expandida a capacida- de produtiva. Vamos analisar agora cada uma destas funções. Determinação do que se deve produzir É, basicamente, determinar quais são as necessidades dos consumidores; em essência, a economia deve estabe- lecer um conjunto de valores para os diferentes tipos de bens e serviços considerando, essencialmente, sua escas- sez e sua utilidade para os consumidores. AULA 4 • Sistema Econômico 23 Organização da produção A organização da produção envolve: • procurar canalizar os recursos disponíveis para as atividades produtoras dos bens mais desejados; • usar os recursos eficientemente. Distribuição do produto a) A questão da renda: a renda de um indivíduo de- pende de duas coisas: • das quantidades dos diferentes recursos que pode empregar no sistema produtivo; • do quanto recebe por eles. b) Assim, a distribuição total da renda depende da forma como os indivíduos podem dispor dos recur- sos que possuem. Racionamento no curto prazo O racionamento (controle temporário sobre algo es- casso) deve ser feito de duas formas: • deve distribuir o suprimento entre os diversos con- sumidores; • deve repartir, pelo período de tempo entre uma “oferta” e outra, o suprimento dado. Manutenção do crescimento do sistema econômico A manutenção refere-se a conservar intacta a força produtiva da máquina econômica, através de uma provi- são para depreciação (reposição de algo que foi desgas- tado por sua utilização); a ampliação diz respeito a um aumento contínuo das espécies e quantidades de recursos disponíveis dentro da economia, juntamente com a cons- tante melhora das técnicas de produção. A diferença ente a sociedade capitalista e a socialista é que no modelo capitalista o mercado é quem define as cinco características citadasacima; no socialista, é o gover- no quem o faz. Com isso, pode-se afirmar, em síntese, que a Econo- mia deve responder a três grandes questionamentos: 1. O que produzir e em que quantidade? Deve-se es- colher entre as possibilidades de produção de uma economia de modo a satisfazer o mais adequada- mente à sociedade. 2. Como produzir tais bens e serviços? Toda socie- dade deve determinar quem vai ser o responsável pela produção, qual a tecnologia a ser empregada, qual o tipo de organização da produção etc. 3. Para quem produzir, ou em outras palavras: quem será o consumidor? Devem ser definidos o públi- co-alvo e as maneiras através das quais o produto deverá atingi-lo. O funcionamento da economia É a produção de bens e serviços para satisfazer as ne- cessidades humanas, levando em conta a eficiência produ- tiva, isto é, o aproveitamento ótimo dos recursos existentes de produção, e a eficiência alocativa, que diz respeito a uma combinação adequada de produtos finais gerados no sentido de otimizar a satisfação das necessidades de con- sumo e as exigências do processo de acumulação de uma sociedade. Em síntese, a Economia demonstra à sociedade como esta deve se organizar para melhor utilizar e aproveitar os recursos produtivos, pois desta forma mais bens serão pro- duzidos e mais necessidades humanas serão atendidas. O mundo econômico: macro e micro Uma questão importante que surge na esfera do estu- do econômico diz respeito às distinções entre as preocu- pações macro e microeconômicas. Contudo, vale salientar que, embora aparentemente distantes, no fundo ambas tratam do mesmo objeto: o sistema econômico. Como os nomes já sugerem, a Microeconomia trata do compor- tamento das unidades econômicas individuais, enquanto a Macroeconomia trata do conjunto da economia como um todo. A Microeconomia ocupa-se da análise do comporta- mento das unidades econômicas, como as famílias – ou consumidores – e as empresas. Estuda também os mer- cados em que operam os demandantes e ofertantes de serviços. Ela considera a atuação das diferentes unidades eco- nômicas (famílias e empresas) como se fossem unidades individuais. A Macroeconomia, ao contrário, ocupa-se do com- portamento global do sistema econômico refletido em um número reduzido de variáveis, como o produto total de INTRODUÇÃO À ECONOMIA 24 uma economia, o emprego, o investimento, o consumo, o nível geral de preços etc. Por exemplo, se o Ministério da Fazenda anuncia que a inflação caiu 2% em relação ao mês anterior e que o número de empregos aumentou, está destacando o que, em sua opinião, são os aspectos mais significativos da evolução global da economia. De qualquer forma, deve-se ressaltar que a Microe- conomia e a Macroeconomia são dois ramos da mesma disciplina, a Economia, e, como tal, ocupam-se das mes- mas questões, ainda que se fixem em aspectos distintos, pois uma trabalha com o aspecto individual e a outra com o coletivo. Resumo Um sistema econômico se orienta pela percepção de que as necessidades humanas são ilimitadas enquanto, por outro lado, os recursos econômicos e de produção são es- cassos (limitados). Daí advêm os três problemas econômi- cos fundamentais que qualquer tipo de economia tem de responder: o quê, como e para quem produzir. Esses problemas fundamentais existem devido ao fato de que os recursos produtivos são escassos. Você se lembra do que já foi falado sobre o problema da escassez para a Economia? Como em uma sociedade as pessoas necessitam e de- sejam consumir bens e serviços, a Economia, através do sistema econômico (que é uma forma de organização da sociedade para a produção), busca atender ao máximo possível esses desejos e necessidades, definindo o que é produzido e em que quantidade, evitando assim o des- perdício, visto que os recursos são escassos, mas as neces- sidades não. A Microeconomia: trabalha com o comportamento econômico de forma individualizada. Estuda, por exem- plo, o comportamento de um consumidor individual, como ele gasta sua renda etc. Também trata a empresa de forma individual, estudando seus custos de produção, seu lucro etc. Por sua vez, a Macroeconomia trata do comportamen- to coletivo da economia. Estuda o problema da inflação, da dívida externa etc. Na Macroeconomia não importa o que um consumidor ou uma empresa fazem, mas a socie- dade como um todo. Atividades 1. Explique de que consiste um sistema econômico. 2. Procure explicar as principais diferenças entre as socie- dades capitalista e socialista. 3. Em sua opinião, algum destes sistemas conseguiu atin- gir seus objetivos? 4. Considere algumas questões econômicas atuais e iden- tifique se devem ser estudadas pela Microeconomia ou pela Macroeconomia. 5. Dê exemplos de um problema microeconômico e de um macroeconômico. INTRODUÇÃO À ECONOMIA AULA 5 A questão econômica da escassez Objetivos • Entender como lidar com o problema da escassez dos recursos produtivos através do estudo das curvas de possibilidades de produção. • Conhecer o problema da escassez na economia. • Conhecer a curva de possibilidades de produção. • Verificar como se dá o crescimento eco- nômico de uma sociedade. INTRODUÇÃO À ECONOMIA 26 Introdução O problema econômico fundamental é a questão da escassez, que surge porque as necessidades humanas são ilimitadas, enquanto os recursos econômicos utilizados para produzir os produtos e serviços a serem utilizados na satisfação das necessidades humanas acabam se tornando (e alguns são) limitados. Esse é um problema de disparida- de entre os desejos humanos e os meios disponíveis para satisfazê-los. O problema econômico da escassez A escassez é um conceito relativo, pois existe em uma sociedade o desejo das pessoas em adquirir uma quanti- dade de bens e serviços maior que a sua disponibilidade. Desta forma, afirmamos ser relativa a escassez dos recursos em relação aos desejos e às necessidades humanas. Escassez do ponto de vista econômico A Economia considera o problema de falta de bens e serviços como uma escassez relativa, uma vez que os bens e serviços são escassos em relação ao desejo dos indivídu- os, que são ilimitados. A curva de possibilidade de produção A necessidade de escolha Normalmente os agentes econômicos têm que optar entre o que consumir e o que produzir. Nesse contexto, surge o conceito de custo de oportunidade de um bem ou serviço, que nada mais é do que a quantidade de um bem que deve ser sacrificada no consumo para que as pessoas possam obter outro bem, mantendo-se o mesmo grau de satisfação. Não se preocupe se esse conceito não ficou muito claro, pois ele será mais explicado através das curvas de possibilidades de produção. A curva ou fronteira de possibilidades de produção Uma curva – também denominada fronteira – de possibilidades de produção mostra as diversas opções de consumo que são fornecidas à sociedade. Essa curva re- presenta o limite máximo de produção de uma sociedade em um certo período de tempo, dadas as condições de produção. Uma economia está situada sobre a fronteira (produ- ção máxima) quando todos os fatores de produção de que ela dispõe estão sendo utilizados para a produção de bens e serviços. Para você entender melhor, suponha uma determina- da situação em uma economia que tenha uma certa tec- nologia disponível e uma quantidade fixa de fatores de produção. Nessa economia podem ser produzidos dois tipos de bens: alimentos e máquinas. Se, em um deter- minado momento, opta-se por produzir mais alimentos, é preciso que se desloquem fatores produtivos da outra atividade – produção de máquinas – para que seja possível tal expansão. Portanto, aumentar a produção de um bemtem seu custo para a sociedade em termos das quantida- des do outro que deixaram de ser produzidas. Este é o custo de oportunidade. Para sua melhor visualização vamos analisar o gráfico a seguir. Tabela 1 Opção Alimentos Máquinas Custo de Oportunidade A 0 10 - B 1 9 1 C 2 7 2 D 3 4 3 E 4 0 4 Máquina Alimento A E B C Z Y D O AULA 5 • A questão econômica da escassez 27 Essa curva que se forma a partir da ligação entre os pontos A, B, C, D e E representa as opções oferecidas à sociedade para consumo dos bens e a necessidade de es- colha entre elas. Como você pode notar, um aumento na produção de alimentos, passando do ponto A para o ponto B, implica necessariamente uma redução na produção de máquinas e vice-versa. O fato de os pontos estarem sobre a curva mostra que a produção é eficiente, ou seja todos os recursos estão sendo empregados eficientemente. Assim surge o conceito de custo de oportunidade, mostrando a quantidade de um bem que deverá ser sa- crificada para que se possa produzir outro tipo de bem. O custo de oportunidade é crescente, pois quando é aumen- tada a produção de um determinado bem os fatores de produção transferidos dos outros produtos se tornam cada vez menos aptos para a nova finalidade, isto é, a transfe- rência vai ficando cada vez menos produtiva. Você pode, então, analisar os pontos daquela curva da seguinte forma: no ponto O, chamado de pleno desem- prego, a economia não está usando nenhum dos recursos de produção de que dispõe, ou seja, produção zero. O ponto Y significando que a economia está operando com capacidade ociosa, isto é, alguns recursos disponíveis não estão sendo utilizados. Neste caso, a produção fica abaixo da capacidade disponível. Os pontos A, B, C, D e E são chamados de pleno em- prego. É a situação ideal para a economia, em que todos os recursos disponíveis estão sendo utilizados. O ponto Z, ou ponto futuro, representa um nível im- possível de produção no momento, pois está acima da capacidade de recursos disponíveis. Esse ponto só será alcançável em períodos futuros, quando houver aumento ou melhora dos recursos disponíveis. Devido ao fato de a necessidade de escolha estar re- lacionada ao problema da escassez, que impõe limites à capacidade produtiva de uma sociedade, esta por sua vez terá de fazer escolhas entre as alternativas de produção. O crescimento da Economia Para que possamos entender como ocorre o cresci- mento econômico, torna-se necessária a utilização de duas premissas básicas: • Em um “país” em que a maioria da capacidade produtiva é utilizada na satisfação das necessida- des correntes (consumo), pouco se investe e há um crescimento lento na capacidade de produção para o futuro. Isso ocorre geralmente nos países mais pobres, onde a população possui maior ne- cessidade de consumo e sobram poucos recursos para a poupança. • Em um “país” em que a maioria da capacidade produtiva é utilizada na produção de bens de ca- pital, o resultado é um crescimento mais rápido da capacidade de produção, pois as pessoas, por te- rem um melhor padrão de vida, não têm tanta ne- cessidade de consumo e podem poupar mais. Essas situações podem ser visualizadas no seguinte gráfico: Considere a situação atual desse “país” através da cur- va A0/B1. O ponto w representa o máximo que se pode produzir de bens de consumo e capital ao mesmo tempo com os atuais recursos disponíveis. A curva A1/B2 somente será atingida se surgirem novos recursos produtivos ou se a população tivesse reduzido o consumo de bens de consu- mo no passado, visando ao aumento dos bens de capital. Resumo O problema econômico por excelência é a escassez. Esta surge porque as necessidades humanas são ilimitadas e os recursos produtivos são limitados, impondo assim à sociedade uma escolha no consumo. A escassez é um conceito relativo, pois existe o desejo de adquirir uma quantidade de bens e serviços maior que a sua disponibilidade. Para que esse problema fosse iden- tificado, foram criadas as curvas de possibilidades de pro- dução, que mostram as quantidades de bens que podem ser consumidos pela população. Bens de capital Bens de consumo B2 A1A-1 A0 B0 B1 w O INTRODUÇÃO À ECONOMIA 28 A curva de possibilidade de produção, também co- nhecida como curva de fronteira, reflete as opções que se oferecem à sociedade e a necessidade de escolher entre elas. Uma economia está situada sobre a curva quando todos os fatores de que dispõe estão sendo utilizados para a produção de bens e serviços. Se todos os recursos estão sendo plena e eficiente- mente utilizados, a produção de uma quantidade maior de um bem significa necessariamente produção menor de outro bem, isto é, tenderá a um custo de oportunidade, que é a quantidade de outros bens ou serviços a que se deve renunciar para obter o bem ou serviço desejado ou necessário. Atividades 1. Relacione algumas situações que podem causar deslo- camento positivo ou negativo em uma curva de possi- bilidade de produção. 2. Elabore um orçamento mensal relacionando todas as suas despesas. 3. Você lembra de alguma situação em que teve de abrir mão de alguma coisa para conseguir outra? INTRODUÇÃO À ECONOMIA AULA 6 Os agentes econômicos / O fluxo circular da renda Objetivos • Definir os agentes econômicos e os seto- res da Economia. • Entender o funcionamento do sistema de mercado através dos fluxos real e mone- tário. INTRODUÇÃO À ECONOMIA 30 Introdução Os agentes econômicos são aqueles que participam do processo de funcionamento do sistema econômico. São as empresas, as pessoas, o governo etc.; enfim, todos os membros de uma sociedade. Os agentes econômicos são classificados em: • Unidades familiares: são representados pelas fa- mílias que consomem bens e serviços produzidos pelas empresas. A Economia considera família todo recurso de produção de trabalho, ou seja as pesso- as (a mão-de-obra e intelectual humana). • Empresas: são agentes econômicos para os quais convergem os recursos de produção disponíveis, com o objetivo de atender às necessidades de con- sumo. As empresas são os agentes que mobilizam os recursos e contratam as pessoas para iniciar o processo produtivo. • Setor Público: é o agente coletivo que contrata o trabalho de unidades familiares e que adquire uma parcela da produção das empresas para pro- porcionar bens e serviços úteis à sociedade como um todo. Existem nos níveis municipal, estadual e federal. Além disso, é o setor público quem norma- tiza o funcionamento de uma sociedade econômi- ca. As famílias ou unidades familiares Dentro de um sistema econômico, os agentes podem ser classificados basicamente como econômicos e priva- dos. Os agentes econômicos privados básicos são as em- presas e as unidades familiares. As atribuições essenciais das famílias consistem em, de um lado, consumir os bens e serviços oferecidos pelas em- presas, dentro dos limites de sua disponibilidade financeira (orçamento); de outro, em oferecer seus recursos produ- tivos, quase sempre a sua força de trabalho e qualidade intelectual, às empresas. As empresas Nas sociedades primitivas, a produção era feita de modo artesanal e muitas vezes realizada individualmente. Atualmente, praticamente toda produção é desenvolvida por empresas dos mais variados tipos e estruturas. Assim sendo, pode-se dizer que empresa é a unidade de pro- dução básica que contrata trabalho e recursos produtivos com o fim de fabricar e vender bens e serviços. Além dis- so, as empresas modernas contam com possibilidades de organizar os complexos processos de produção e distri- buição exigidos pelas sociedades atuais, contando cada vez maiscom as possibilidades de produção em massa e ganhos de escala. O setor público A esfera governamental, composta de órgãos e de ad- ministrações públicas, pode ser classificada em pelo menos três esferas: as administrações municipais, as estaduais e a central (federal). Além dessa classificação básica, existe ou- tra, um pouco mais abrangente (descrita no quadro abai- xo), que detalha as várias classificações do setor público: Setor público a) Setor público produtivo 1) Empresas estatais financeiras 2) Empresas estatais não-financeiras b) Administração pública 1) Entes territoriais: estados, municípios e territó- rios; 2) Previdência social: sistema de previdência social e outras administrações; 3) Administração central: governo da União e demais organismos de caráter nacional. A partir deste quadro, podemos tomar como exemplo o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais, que é uma entidade pública financeira, e a CEMIG, que é uma em- presa estatal não-financeira. As funções do setor público, qualquer que seja a sua instância, são muito importantes e diversificadas. Na atu- alidade, a participação do Estado na sociedade desenvol- ve-se das mais variadas formas, estendendo-se para além da função de guardião do bom desempenho da atividade econômica para converter-se em verdadeiro empresário. Como empresário, o setor público oferece à comuni- dade certos bens com características particulares: os bens públicos. Tais bens podem ser entendidos como aqueles que são proporcionados a todas as pessoas sem distinção de necessidade. O custo do bem público é pago através dos impostos que recolhemos. Por eles, o governo ofere- AULA 6 • Os agentes econômicos / O fluxo circular da renda 31 ce o bem público sem perguntar quem o utiliza ou não, quem quer ou não, mas todos o pagam via sistema tributá- rio. Como exemplo, podemos citar a defesa nacional. O Estado desempenha, ainda, um papel regulador na economia; através de suas políticas econômicas, procura permitir o crescimento estável e contínuo da economia, o pleno aproveitamento dos recursos escassos etc. Os setores da Economia Para melhor análise e acompanhamento, a Economia é geralmente dividida em 4 setores. São eles: • setor Primário: agricultura, mineração, extrativis- mo. • setor Secundário: indústrias • setor Terciário: serviços, comércio. • setor Quaternário: novo setor da economia, diz respeito à educação, faculdades, institutos de pes- quisa. E você, pertence a qual setor econômico? O fluxo circular da renda A economia capitalista funciona através do mercado. É através deste que os preços são determinados. O funcionamento de uma economia de mercado é baseado em um conjunto de regras pelas quais se com- pram e vendem os bens e serviços, assim como os recursos produtivos. A ação conjunta dos agentes econômicos é que determina os preços de mercado dos bens e serviços transacionados na economia. Por exemplo, caso exista algum bem cuja procura seja maior que sua disponibilidade de venda (oferta), seu preço de mercado aumenta. Dessa forma, é a ação dos agen- tes familiares e empresas que determinam o preço de um bem no mercado. Mercado: local onde são negociados os bens, servi- ços e fatores produtivos. É no mercado que os indivíduos se reúnem para realizar as operações de oferta e deman- da (compra e venda). Como em todo tipo de mercado existem os dois tipos de agentes econômicos, compradores e vendedores, estes se dividem em dois tipos: mercado de produtos e merca- do de fatores. O mercado de produtos Os mercados de produtos são fundamentais para de- terminar o que será produzido na economia. É represen- tado pelo fluxo real. O fluxo real apresenta as unidades familiares forne- cendo recursos às empresas, que por sua vez suprem as unidades familiares de bens e serviços finais. Mercado de recursos de produção Esses mercados são os mais relevantes para determinar como e para quem serão produzidos os bens e serviços. Este mercado é representado pelo fluxo monetário. Quanto ao fluxo monetário, ele se baseia no fato de que existe a moeda como meio de pagamento, que fará o papel de intermediação entre as empresas e as famí- lias. As empresas remuneram as famílias pelos recursos de produção empregados; estas transferem para as empresas os ganhos recebidos ao pagarem pelos bens e serviços ad- quiridos. Podemos sintetizar os fluxos conforme o diagrama abaixo Fluxo real Fluxo monetário Como você pode ver no diagrama, existe uma inter- relação entre as famílias e as empresas no sistema econô- mico. No sistema de mercado, é importante que todos os bens e serviços tenham seus preços definidos, e estes serão sempre dados pelo mercado. Essa definição será dada, en- tão, através da interação entre os mercados de bens de Família Remunera os fatores de produção Fornece fatores de produção $ pelos bens e serviços Consome os bens e serviços produzidos Empresa INTRODUÇÃO À ECONOMIA 32 consumo (mercado de produtos) e os mercados de fatores de produção (mercado de fatores). Com isso são definidos os três problemas básicos do sistema econômico: o que será produzido, como será a produção e para quem será direcionada. O processo de alocação de recursos Uma das mais importantes atividades do sistema eco- nômico é a alocação de seus recursos produtivos, ou seja, como eles serão utilizados e combinados para a produção dos bens e serviços, pois, por serem escassos (como vimos anteriormente), temos que aproveitá-los ao máximo possí- vel e da melhor forma. A alocação de recursos do sistema econômico se divi- de em três etapas distintas: a) O que produzir A partir do momento que os consumidores revelam suas preferências ao comprar determinados bens e servi- ços, as empresas se orientam para definir o que será então produzido. São as empresas que definem os produtos que serão produzidos. Por exemplo, que tipos de carros, de roupas etc. b) Como produzir A definição de como será realizada a produção é feita pelas empresas, que concorrem entre si em busca de um lucro cada vez maior. Com isso, a concorrência impulsiona as empresas a buscar a melhor alocação (combinação) dos recursos produtivos, o que lhes permitirá produzir com aproveitamento máximo, ou seja, um mínimo de custo. Dessa forma, é então escolhido o processo mais ade- quado de produção, quer dizer, quais máquinas e maté- rias-primas são utilizadas na produção. c) Para quem produzir A distribuição do fruto do processo produtivo depen- de da capacidade de cada um dos agentes para obter a maior parcela possível da produção. Por exemplo, quais pessoas irão adquirir os bens e em quais quantidades. Resumo No sistema econômico existem três agentes que reali- zam a tarefa de gerenciar a utilização dos recursos produ- tivos e executar a produção dos bens e serviços que serão consumidos pelas pessoas a fim de satisfazerem suas ne- cessidades. São eles as famílias, as empresas e o governo. Além destes agentes, a economia é dividida em quatro setores que classificam todas as atividades econômicas: o setor primário, o secundário, o terciário e o quaternário. Atividades 1. O que é transacionado no mercado de fatores de pro- dução e no mercado de bens? 2. Em qual dos mercados a empresa participa como ofer- tante de bens e serviços? 3. Você acha que o sistema de mercado é justo? 4. Você conhece outro sistema que possa substituir o sis- tema de mercado? 5. Qual a função das famílias na sociedade? E a das em- presas? E a do governo? 6. Por que o governo intervém no sistema econômico? INTRODUÇÃO À ECONOMIA AULA 7 O mercado em ação Objetivos • Definir demanda. • Diferenciar os conceitos de demanda e quantidade demandada.INTRODUÇÃO À ECONOMIA 34 Teoria da demanda Demanda são as várias quantidades de bens ou serviços que os consumidores estão dispostos e ap- tos a adquirir no mercado, em função de vários níveis de preços possíveis, em um determinado período de tempo, coeteris paribus. Você percebeu que no final da definição de demanda aparece uma expressão em latim, coeteris paribus. Não se preocupe, não vamos estudar latim. Essa expressão signi- fica: tudo o mais permanecendo constante ou inalterado. Isso quer dizer que, para efeito de análise, consideram-se mantidas constantes todas as demais variáveis que pode- riam afetar a demanda/consumo – como a renda do con- sumidor, a vontade, a moda etc. Supõe-se, assim, que o consumidor está disposto a comprar o produto apenas em função do seu preço, e qualquer outra variável que possa afetar seu consumo naquele momento foi mantida cons- tante. Para que serve isto? Como você verá a seguir, a deman- da pode sofrer influência de diversas variáveis ao mesmo tempo. Fazendo isso, isolamos algumas delas para saber exatamente o efeito do preço sobre o consumo e, assim, podermos construir o gráfico da função demanda. Fatores que determinam a demanda Dx = f (Px, R, Py,V, N...) Onde: Dx: demanda por um produto x Px: é o preço do bem em questão; R: é a renda do consumidor; Py: é o preço dos bens correlatos (substitutos ou com- plementares); V: é a vontade do consumidor de comprar N: é sua necessidade. Tabelas e curva de demanda Uma tabela de demanda descreve as diferentes com- binações entre as quantidades de bens e serviços que os consumidores estão dispostos a adquirir, aos vários preços possíveis, num certo período de tempo. Tabela 1: Demanda por carne Preço (R$/kg) Quant. (kg/mês) 1,00 12 2,00 10 3,00 6 4,00 2 Gráfico 1: curva de demanda por carne O gráfico mostra que, à medida que o preço do pro- duto aumenta, a quantidade demandada diminui. Assim, a curva de demanda é dada pela representação gráfica da relação entre a quantidade demandada de um bem em um dado período de tempo e o seu preço. Lei da demanda: existe uma relação inversa entre preço e quantidade demandada. Você percebeu o que é a demanda? Nada mais é do que uma curva que representa as quantidades adquiridas de um produto pelos consumido- res em função dos diversos preços possíveis. A quantidade demandada A quantidade demandada por um produto X está rela- cionada somente ao preço desse produto. QDx = f (Px) Em que: QDx: quantidade demandada por um produto x Px : é o preço do produto x Q P 2 1 10 12 Demanda AULA 7 • O mercado em ação 35 Pelo que você viu, podemos conceituar melhor a lei da demanda, que diz que: “A quantidade demandada varia única e exclusiva- mente em função do preço e de forma inversa em rela- ção a ele, ou seja, se o preço de um produto aumenta, sua quantidade demandada diminui, se o preço dele di- minui, sua quantidade demandada aumenta”. Dessa forma, há uma relação indireta entre preço e quantidade demandada. Mudança na quantidade demandada versus mudança na demanda Existe uma pequena diferença entre demanda e quan- tidade demandada. Acredito que você vá entender com facilidade. Mudança na quantidade demandada Mudança na quantidade demandada é um desloca- mento ao longo de uma mesma curva de demanda. A variação no preço de um produto, tudo o mais per- manecendo constante, pode ser mostrado como um movi- mento ao longo da curva de demanda, ou seja, quando o preço do produto varia, ocorre uma variação ao longo da curva de demanda, porém a curva permanece a mesma. Damos o nome de quantidade demandada a esse des- locamento ao longo de uma curva de demanda, causado pelo efeito preço. Gráfico 2. Curva de demanda pelo bem Y Na situação exposta no gráfico, quando o preço do produto y passou de 3 para 4, a quantidade que o consumi- dor estava disposto a adquirir diminuiu de 6 para 2. A esta quantidade damos o nome de quantidade demandada. Não se esqueça de que toda vez que nos referimos a gráficos de demanda, oferta e equilíbrio de mercado (que serão vistos nas próximas aulas) o eixo P do gráfi- co representa o preço do produto e o eixo Q representa as quantidades. Mudanças (deslocamentos) da demanda A demanda (que também pode ser chamada de pro- cura) por uma mercadoria não é influenciada apenas por seu preço. Existe uma série de outras variáveis que podem fazer com que ela se altere. Estas alterações, ou desloca- mentos da curva de demanda podem acontecer devido a: • renda; • preço de bens correlacionados; • hábitos, gostos e preferências; • moda; • número de consumidores. Quando alguns dos fatores que estavam sendo man- tidos constantes (coeteris paribus) na definição da curva de demanda sofrem alterações, há mudanças da própria curva de demanda. Essas mudanças são denominadas alte- ração da demanda, e ocorrem através do deslocamento da curva, para a direita (deslocamento positivo ou aumento da demanda) ou para a esquerda (deslocamento negativo ou diminuição da demanda). Exemplos de alterações da demanda Deslocamento da curva de demanda por aumento na renda do consumidor Q P 4 3 2 6 Q/t P (R$) P Q0 Q1 D0 D1 INTRODUÇÃO À ECONOMIA 36 Nesta situação, mesmo com o preço constante, a quantidade demandada passou de Q0 para Q1 (aumen- tou). Isso pode indicar que o consumidor passou a com- prar mais do produto não em função do preço, mas sim devido a um aumento em sua renda. Mudança na preferência ou gosto do consumidor A curva de demanda se deslocou de D0, curva ini- cial, para D1, nova curva de demanda. O preço continuou constante, mas o consumidor passou a comprar mais do produto em função de sua vontade. Resumo Nesta aula, definimos demanda e quantidade deman- dada. Vimos que a demanda é uma curva que represen- ta todas as possíveis quantidades de um produto que o consumidor esteja disposto a comprar em função de uma série de fatores, como preço, renda etc. Quantidade de- mandada é aquilo que o consumidor compra apenas em função do preço. Assim, mudança na demanda é um deslocamento na curva devido a diversos fatores, e mudança na quantidade demandada é um deslocamento ao longo de uma mesma curva de demanda apenas em função do preço. Atividades 1. Você concorda que o tamanho do mercado consumi- dor pode ser considerado como um fator que afeta a demanda por um produto? 2. Qual a importância do estudo da demanda para uma empresa? 3. De que maneira a moda pode afetar a demanda por um produto? 4. Explique por que quando o preço de um produto dimi- nui, a quantidade demandada aumenta mas a deman- da permanece a mesma. Q/t P Q1 Q0 D0 D1 P0 INTRODUÇÃO À ECONOMIA AULA 8 Teoria da oferta Objetivos • Definir oferta. • Diferenciar oferta de quantidade oferta- da. INTRODUÇÃO À ECONOMIA 38 Introdução Na aula anterior, trabalhamos o conceito de demanda. A demanda atua sempre a partir da ótica do consumidor, ou seja, é tudo aquilo que as pessoas desejam adquirir. Nesta aula, iremos trabalhar com a ótica do vendedor, ou seja, a oferta, que representa tudo aquilo que as pesso- as desejam vender. Teoria da oferta Oferta são as várias quantidades de um bem ou ser- viço que os vendedores desejam e são capazes de vender (ofertar), durante um período de tempo, a todos os possí- veis preços alternativos, coeteris paribus. Você se lembra da condição coeteris paribus? Significa que as demais variáveis que podem afetar a oferta de um bem, exceto seu preço, foram mantidas constantes ou inalteradas. Fatores que determinam a oferta A oferta por um bem ou serviço pode ser definida como: Sx = f (Px,Pr, Cc, T, ...) Onde: Sx é a oferta do bem Px é o preço do bem em questão; Pr é o preço dos recursos produtivos; Cc refere-se às condições climáticas; T é o estado da tecnologia, Tabela e a curva de oferta Mostra as quantidades máximas que os vendedores colocarão no mercado, por unidade de tempo, em função dos vários preços. Diferentemente da curva de demanda, a curva de oferta é inclinada positivamente, indicando que quanto maior o preço, maior a quantidade de bens que os produtores estarão dispostos a colocar no mercado. Tabela de oferta por carne Preço (R$/kg) Quant. (kg/mês) 1,00 2 2,00 4 3,00 6 4,00 10 Portanto, a lei da oferta diz que: A quantidade ofertada de um produto cresce se o preço dele aumenta, e cai se o preço diminui. Assim, se há uma relação indireta entre preço e quantidade de- mandada, há uma relação direta entre preço e quantidade ofertada. A curva de oferta À medida que o preço da carne aumenta de 1 para 2, sua quantidade ofertada passa de 2 para 4, pois quando há um nível maior de preço o vendedor terá maior interesse em ofertar seu produto. Note bem, dizemos que ele tem maior interesse em vender, e não que ele conseguirá ven- der. Somente depois que unirmos a demanda com a oferta e chegarmos ao mercado é que saberemos a quantidade e o preço que serão efetivados. Quantidade ofertada A quantidade ofertada por um produto X está relacio- nada ao preço desse produto. QSx = f (Px) Onde: QSx é a quantidade ofertada por um produto x Px é o preço do produto x Voltemos então à lei da oferta: A quantidade ofertada varia única e exclusivamente em função do preço e de forma direta em relação a ele, ou seja, se o preço de um produto aumenta, sua quan- tidade ofertada aumenta; se o preço dele diminui, sua quantidade ofertada também diminui. Q P 2 4 1 2 Curva da oferta AULA 8 • Teoria da oferta 39 Mudanças na curva de oferta versus mudanças da curva de oferta Mudanças na quantidade ofertada (ao longo da curva de oferta) Somente as variações no preço do produto em ques- tão podem gerar variações ao longo da curva de oferta, mantendo a curva de oferta constante. A isto chamamos alterações na quantidade ofertada. Veja o exemplo a seguir. Nesta situação, o preço do produto aumentou, pas- sando de P0 para P1; sua quantidade ofertada aumentou, passando de Q0 para Q1, mas a curva de oferta permane- ceu constante. A este deslocamento ao longo de uma curva de oferta, causado devido ao efeito preço, damos o nome de quan- tidade ofertada. Mudança da curva de oferta (deslocamento da curva) Os principais fatores que podem levar ao deslocamen- to ou alterações da curva de oferta são: 1. Tecnologia - Uma inovação tecnológica geralmente reduz o custo de produção, o que gera aumento da oferta, com conseqüente aumento na quantidade ofertada. Por exemplo, uma empresa dispõe de certa quantida- de de recursos financeiros para produzir certa quantidade de uma mercadoria. Caso ocorra uma inovação tecnológi- ca, essa empresa poderá, com os mesmos recursos, produ- zir mais unidades dessa mercadoria. Graficamente temos Veja que, ao mesmo preço P0, a curva se desloca de S0 para S1. Neste caso houve um deslocamento positivo ou um aumento da oferta, com as quantidades ofertadas passan- do de Q0 para Q1. Este aumento NÃO foi devido ao pre- ço do produto, mas sim à nova tecnologia. 2. Impostos e/ou subsídios: 2.a. Aumento dos impostos e/ou redução de subsí- dios governamentais aumento dos custos redução da oferta Veja que a curva de oferta se reduz de S0 para S1. Q P1 P0 P Q1Q0 Q P Q0 Q1 S0 S1 P0 Q P Q1 Q0 S1 S0 P0 INTRODUÇÃO À ECONOMIA 40 2.b. Redução dos impostos e/ou aumento dos subsí- dios redução dos custos aumento da oferta. Neste caso, a curva de oferta aumentou de S0 para S1. 3. Preços dos fatores de produção: 3.a. Aumento do preço dos fatores aumento nos custos redução da oferta. A curva de oferta reduziu de S0 para S1. 3.b. Redução dos preços dos fatores aumento da oferta. 4. Mudanças no clima - um clima ruim pode gerar quebra de safra e reduzir a oferta de algum bem agrícola, por exemplo. Quando alguns dos fatores que estavam sendo manti- dos constantes (coeteris paribus) na definição da curva de oferta sofrem alterações, há mudanças da própria curva de oferta. Essa mudança na curva de oferta é denominada alteração da oferta e ocorre através do deslocamento da curva, para a direita (deslocamento positivo ou aumento da demanda) ou para a esquerda (deslocamento negativo ou diminuição da oferta). Resumo Nesta aula definimos oferta e quantidade ofertada. Vimos que a oferta é uma curva que representa todas as possíveis quantidades de um produto que o produtor ou vendedor está disposto a oferecer em função de uma série de fatores, como preço, clima, tecnologia etc. A quanti- dade ofertada é aquilo que o vendedor vende apenas em função do preço. Assim, mudança da oferta é um deslocamento da cur- va devido aos diversos fatores; mudança na quantidade ofertada é um deslocamento ao longo de uma mesma cur- va de oferta apenas em função do preço. Atividades 1. Explique por que quando o preço de um produto au- menta a quantidade ofertada também aumenta. 2. Explique como e por que mudanças climáticas podem afetar a oferta de um bem. 3. Qual a diferença entre demanda e oferta de um bem? Q/u.t. P Q1 Q0 S1 S0 P0 Q/u.t. P Q0 Q1 S0 S1 P0 Q/u.t. P Q0 Q1 S0 S1 P0 Q/u.t. P Q1 Q0 S1 S0 P0 INTRODUÇÃO À ECONOMIA AULA 9 O equilíbrio do mercado Objetivos • Determinar o equilíbrio de um mercado. • Diferenciar excesso e escassez de produ- tos no mercado. INTRODUÇÃO À ECONOMIA 42 Introdução Nesta aula você vai começar a entender o funciona- mento do mercado. Para começar, você saberia definir mercado? Mercado é oferta e procura. É compra e venda. É onde se reúnem compradores e vendedores para realizar transações. O equilíbrio do mercado Embora seja relevante o estudo em separado da oferta e demanda para compreender com maior profundidade os fatores que exercem influência sobre elas, é de extrema relevância analisar as duas óticas (do vendedor e do com- prador) conjuntamente, a fim de determinar o preço e a quantidade de equilíbrio do mercado. Graficamente temos O gráfico mostra a determinação do preço de equi- líbrio de um mercado, onde Pe representa o preço que equilibra o mercado e Qe as quantidades transacionadas em um mercado em equilíbrio. Observe que ao preço P1 (acima do preço de equilíbrio Pe), os vendedores estão dispostos a vender 0qb da mercadoria, mas os comprado- res somente estão dispostos a comprar 0qa. O diferencial representado entre os pontos a e b no gráfico representa excesso de oferta no mercado, e a tendência, nesse caso, é de queda do preço do produto. Por outro lado, ao preço P2, os consumidores estarão dispostos a comprar 0qd, mas somente encontrarão 0qc no mercado. Analogamente à análise precedente, o diferencial entre c e d representa escassez do produto (ou excesso de demanda), o que pro- picia a elevação de preço. Assim, o preço Pe é o chamado preço de equilíbrio; representa uma situação em que QD = QO, ou seja, as quantidades demandadas e ofertadas são iguais. Excesso e escassez de produtos no mercado Podem ocorrer algumas situações em que o mercado de um produto não opere em equilíbrio. Neste caso pode- mos ter excesso ou escassez deste produto no mercado. Excesso: se os vendedores tentarem estabelecer um preço acima de Pe, surgirá um excedente de bens não vendidos (excesso de oferta). Para eliminar esse excedente, o mercado reduzirá seus
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