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Língua Portuguesa Aula 02: Nesta aula, vamos conversar um pouco sobre gramática e sintaxe. Ao �m desta aula, você deverá ser capaz de cumprir os objetivos abaixo descritos: 1. De�nir noções de sintaxe; 2. Distinguir regência nominal da verbal; 3. Reconhecer verbos transitivos e intransitivos. Tipos de Gramática Como você percebeu, a personagem Júlia a�rma que o namorado de Camila não conhece gramática, porque utiliza algumas estruturas consideradas inadequadas em termos de norma culta da língua (Exemplo: _A gente fomos). Mas a que noção de gramática Júlia se refere? Vejamos... Há várias formas de de�nirmos gramática, mas vamos apresentar aqui somente duas classi�cações. São elas: -Gramática Internalizada É o conjunto de regras que a criança internaliza durante o processo de aquisição da linguagem. Por que, por exemplo, uma criança fala “Eu já fazi” no lugar de “Eu já �z”? Simples: porque ela ainda não conhece as exceções à regra de manutenção do radical do verbo nas conjugações. Se a criança diz “Eu já bebi” e “Eu já comi”, seguindo os radicais dos verbos BEBER e COMER, respectivamente, acrescidos de um (i) �nal, ela dirá “Eu já fazi” (FAZER). Isso signi�ca que ela criou uma regra em que (i) seria uma forma de expressar o passado. -Gramática Normativa Muitos associam esta expressão à imagem de um livro – seja impresso, seja virtual. Mas será que devemos interpretar a gramática normativa somente dessa forma? A gramática normativa é um conjunto de regras gramaticais que estabelece um padrão de linguagem, cujo emprego deve se adequar aos contextos formais de uso da língua. Na verdade, essa gramática indica a formalidade de uso da língua. Observe um exemplo de como a gramática normativa indica a formalidade de uso da língua... Frequentemente, ouvimos na fala do indivíduo considerado culto, a seguinte frase: _O livro que eu gosto já esgotou. No entanto, a gramática normativa prescreve uma construção diferente: _O livro de que eu gosto já esgotou. Essa prescrição é baseada no fato de que, de acordo com a norma-padrão, a regência do verbo GOSTAR exige a preposição “de”. Exemplo: _Eu gosto disso. O estudo da gramática de uma língua divide-se em quatro partes, quais sejam: Fonologia: Que trata dos fonemas. Morfologia: Que trata das classes de palavras. Sintaxe: Que trata das funções e das relações das palavras nas sentenças. Semântica: Que trata dos signi�cados das palavras. -Sintaxe Vamos apresentar, agora, alguns aspectos da sintaxe, ou seja, da função e da relação entre as palavras de uma sentença. Para isso, analise as falas do Mestre Yoda – personagem famoso da saga Star Wars (Guerra nas estrelas): _Poderoso você se tornou. O lado escuro sinto em você. Você observou como o personagem fala? Ele não pronuncia as palavras em ordem direta: Sujeito + Verbo + Objeto Mas inverte os termos da oração, o que di�culta seu entendimento. Para que possamos comunicar nossas ideias, os enunciados da língua devem aparecer em determinada ordem e estabelecer uma relação coerente entre si. Em outras palavras, nosso discurso precisa ser organizado com base em uma estrutura sintática que nos permita formar frases claras e objetivas. Tipos de Frase A FRASE é um enunciado que possui sentido completo. Há dois tipos de frase: -Frase Nominal Aquela que não apresenta verbo: _Socorro! Uma barata. -Frase Verbal Também chamada de oração, trata-se daquela que possui verbo: _Vou socorrer você. Modo e Tempos Verbais Como vimos, o VERBO é a unidade que signi�ca ação ou processo organizado para expressar o modo, o tempo, a pessoa e o número. Mas o que isso signi�ca? Vamos descobrir a partir da análise do diálogo a seguir: _Felipe! Acertei todas as questões da prova. Estudei muito! _Eu não estudei nada! Se eu soubesse que você tinha estudado... Você podia me ajudar a estudar para as próximas provas? Não vai se esquecer dos amigos. _Conte comigo! Você está salvo! A partir de hoje, melhorará seu desempenho, e a professora o aprovará! O diálogo que acabamos de ver apresenta os tópicos mencionados que envolvem o verbo. São eles: Modo, Tempo, Número e Pessoas do discurso. -Modo: Indicativo: Nas primeira e segunda falas, Lucas e Felipe a�rmam: _Acertei todas as questões da prova! _Eu não estudei nada! Nesse caso, o conteúdo é tomado pelo falante como certo. Subjuntivo: Na segunda fala, diante da notícia dada pelo amigo, Felipe suspira: _Se eu soubesse que você tinha estudado... Nesse caso, o conteúdo é tomado pelo falante como duvidoso. Imperativo: Na quarta fala, Felipe avisa a Lucas: _Não vai se esquecer dos amigos. Nesse caso, o conteúdo expressa uma ordem, uma súplica, um conselho. Além disso, ele pode ser: A�rmativo – “vai se esquecer”; Negativo – “Não vai se esquecer”. -Tempo: Presente: Aquele que indica o momento atual, como na penúltima fala: _Você está salvo! Passado ou Pretérito: Aquele que é anterior ao momento em que se fala, como nas primeiras falas: _Acertei todas as questões da prova! _Eu não estudei nada! Futuro: Aquele que é posterior ao momento que se fala, como na última fala: _A partir de hoje, melhorará seu desempenho, e a professora o aprovará! -Número: As formas verbais podem se apresentar no singular ou no plural. No caso do diálogo, elas aparecem somente no singular. Vejamos: “Acertei”, “estudei”, “soubesse”, “tinha estudado”, “podia”, “está”, “melhorará”, “aprovará”. -Pessoas do Discurso: 1ª Pessoa: Aquela que fala, como em: _Acertei todas as questões da prova! _Eu não estudei nada! 2ª Pessoa: Aquela com quem se fala, como em: _(Você) Não vai se esquecer dos amigos. 3ª Pessoa: Aquela de quem se fala, como em: _A partir de hoje, melhorará seu desempenho, e a professora (ela) o aprovará! Os pronomes de tratamento “você(s)”, “senhor(a)” e “senhores(as)”, que fazem referência à 2ª pessoa, mas que se manifestam, formalmente, na 3ª, conjugam-se nesta última. A tabela a seguir apresenta essa conjugação: Transitividade Verbal A partir deste momento, vamos tratar de outra característica dos verbos: a transitividade. Você sabe de�nir esse conceito? A transitividade indica se o verbo necessita ou não de complemento. O signi�cado do verbo pode precisar ser completado por uma estrutura, ou seja, transitar até seu complemento. Quer ver um exemplo? Veja a seguir: _Oi Paulo! Tudo bem? _Tudo João! Ia procurar você! Estou precisando... _De quê, Paulo? Se você não disser, não vou adivinhar! _Calma! O fato é que eu comprei um carro usado! Eu preciso do endereço do seu mecânico. Onde ele mora? Quero que ele faça uma revisão geral no carro! Como você percebeu, João �ca irritado com a ausência de informação por parte de Paulo, porque este não completa, de imediato, a frase que inicia com o verbo PRECISAR, o que a deixa momentaneamente sem sentido. Mas por que isso acontece? Você pode não conhecer o nome técnico do fenômeno linguístico que envolve o caso apresentado, mas, provavelmente, você sabe que “quem precisa” precisa DE ALGO. Essa noção já faz parte de nosso conhecimento enciclopédico sobre a Língua Portuguesa. Por isso, se tal verbo não for acrescido de uma sequência de ideias que torne seu signi�cado completo, não o entenderemos por si só. Você observou que, na história, Paulo disse a João que comprou “um carro”? Assim como PRECISAR, o verbo COMPRAR também exige complemento. A diferença entre eles baseia-se no fato de que COMPRAR não exige complemento preposicionado, mas PRECISAR requer o uso da preposição. Por isso, esse verbo é transitivo indireto – classi�cação sobre a qual discutiremos adiante. Na verdade, usamos as preposições o tempo todo – como você pode observar nos diálogos abaixo –, mas não nos damos conta disso. A preposição é a palavra que tem a função de relacionar termos ou orações. _Gosto de você! Tenho saudade de você! _E eucom isso? O diálogo que lemos anteriormente nos mostra que alguns verbos precisam de complemento – os chamados transitivos – e outros não – os chamados intransitivos. Quanto à transitividade, os verbos podem ser: • Transitivos indiretos. Aqueles que exigem complemento preposicionado; • Transitivos diretos. Aqueles que exigem complemento sem preposição; • Bitransitivos ou transitivos diretos e indiretos. Aqueles que exigem os dois tipos de complemento. _Tomou Doril, a dor sumiu Na primeira propaganda, o verbo SUMIR é intransitivo, porque seu signi�cado não transita para outra estrutura da frase: ele traz a ideia completa da ação sem necessitar de complemento. O verbo TOMAR, por sua vez, é transitivo direto, pois possui complemento sem preposição, e seu signi�cado transita para o substantivo Doril, de modo a expressar uma ideia completa. _Ela mostrou a uma família a leveza da Hortifruti. Já na segunda propaganda, o verbo MOSTRAR é bitransitivo, pois apresenta um complemento direto – “a leveza da Hortifruti” – e um indireto – “a uma família”. Regência Verbal Em uma visão bem tradicional, a regência verbal é o estudo da relação de dependência entre os verbos e seus complementos. Lidamos o tempo todo com verbos que precisam ou não de complemento: é tão normal que não nos damos conta disso. Agora, parando para re�etir, você já pensou que usar ou não uma preposição pode alterar o signi�cado de um verbo? Por exemplo, considere que um juiz diga as frases a seguir: _Eu assisto o jogo. Nesta frase, temos o sentido de “prestar assistência, ajudar, socorrer”: usa-se sem preposição. _Eu assisto ao jogo. Já nesta, temos o sentido de “ver, presenciar” e, nesse caso, a preposição é obrigatória. Observe os signi�cados do verbo assistir em relação a sua regência: Transitivo direto -> “prestar assistência, ajudar, acompanhar um doente”. Transitivo indireto -> “presenciar, ver; caber, pertencer”. Intransitivo -> “morar, residir” – pouco utilizado atualmente. Assinale a alternativa em que o signi�cado do verbo apontado entre parênteses NÃO corresponde à sua regência: a) _Com sua postura séria, o diretor assistia todos os funcionários dos departamentos da empresa. (ajudar). O verbo ASSISTIR é transitivo direto, ou seja, possui complemento sem preposição quando signi�ca 'prestar assistência' ou 'ajudar. b) _No grande auditório, o público assisiu às apresentações da Orquestra Experiemtal. (ver). O verbo ASSISTIR é transitivo indireto com o signi�cado de presenciar, ver. c) _Esta é uma medida que assite aos moradores da Vila Olímpia. (caber). O verbo ASSISTIR é transitivo indireto, ou seja, possui complemento com preposição quando signi�ca' caber'. d) _Estudantes brasileiros assistem na Europa durante um ano. (observar). O verbo ASSISTIR é intransitivo com o signi�cado de morar, residir ('na Europa' é adjunto adverbial de lugar). Assim, seguindo o que se prescreve deveríamos ter como signi�cado MORAR. Resposta: D _Não pise na grama Aqui, há o uso de: NA = preposição EM + artigo A Embora vejamos a preposição “em” regendo o verbo “pisar”, sob o olhar normativo, existe um problema na sentença. A prescrição indica que o adequado seria: _Não pise a grama. Tim Maia canta: [...] Pensei até em me mudar, lugar qualquer que não exista o pensamento em você [...] Mas a norma prescreve “lugar qualquer em que não exista”. Veja o que aconteceu na campanha da Mercedes Benz de 2011: A propaganda destaca: _Mercedes-Benz: A marca que todo mundo con�a. No entanto, o verbo “con�ar” é regido pela preposição EM. Logo, a frase deveria ser escrita desta forma: _Mercedes-Benz: A marca EM que todo mundo con�a. _Ai, Amor! Se lembra de que você me prometeu uma vida de princesa quando casamos? Pois é... Meu conto de fadas está mais para conto de terror! O verbo “lembrar” possui duas regências. Sendo assim, ele pode ser: • Transitivo direto – lembrar algo; • Transitivo indireto – lembrar-se de algo. Nesta fala, há um problema quanto à colocação pronominal. Vejamos: • “Se lembra de” -> linguagem coloquial; • “Lembra-se de” -> norma-padrão prescrita pela gramática. Embora isso aconteça, a regência do verbo está correta, pois, em sua fala, a esposa usa a preposição “de” associada à partícula “se”. _Ih, Ana. Minha mãe esqueceu de comprar seu presente...'' _Sem problemas, Ju! _Ah! Não vai me dizer que o importante é minha presença, não é? _Não! Mas o presente pode esperar! Assim como o verbo “lembrar”, o verbo “esquecer” possui duas regências. Sendo assim, ele pode ser: • Transitivo direto – esquecer algo; • Transitivo indireto – esquecer-se de algo. Nesta fala, a regência do verbo está incorreta, pois a menina usa a preposição “de” SEM a partícula “se”. A prescrição indica que o correto é: _Minha mãe se esqueceu de comprar seu presente... _O que você vai querer, Luíza? Pizza ou cachorro quente? _Eu pre�ro pizza do que zachorro quente. O verbo “preferir” tem o sentido de “escolher” e possui dois objetos. São eles: • Objeto direto, sem preposição – aquilo que escolhemos; • Objeto indireto, com preposição “a” – aquilo que deixamos em segundo plano. Nesta fala, então, a sentença deveria ter sido redigida da seguinte forma: _Eu pre�ro pizza a cachorro quente. Exercícios: 1. (UNIMEP-SP) Quando ''implicar'' tem sentido de ''acarretar'', ''produzir como consequência'', constrói-se a oração com objeto direto, como se vê em: a) Quando era pequeno, todos sempre implicaram comigo. b) Muitas patroas costumam implicar com as empregadas domésticas. c) Pelo que diz o assessor, isso implica em gastar mais dinheiro. d) O banqueiro implicou-se em negócios escusos. e) Um novo congelamento de salários implicará uma reação dos trabalhadores. Resposta: E Resolução: O verbo “implicar” é transitivo direto com o sentido de “acarretar”, “ocasionar”, e seu complemento – um objeto direto – não deve ser introduzido por preposição. O uso correto desse verbo pode ser observado no seguinte fragmento: “GETÚLIO VARGAS tornou-se muito popular por vários motivos, mas, sobretudo, por saber utilizar a palavra como ferramenta política. O uso implicou, também, silenciamento dos discordantes. O rádio serviu-lhe de meio e�caz para consolidar seu prestígio junto aos mais pobres. Ele gostava de ser conhecido como pai dos pobres, mas foi quali�cado, também, como mãe dos ricos”. 2. (FGV-SP) Assinale a alternativa em que há ERRO de regência verbal: a) Os padres das capelas que mais dependiam do dinheiro des�zeram-se em elogios à garota. b) As admoestações que insisti em fazer ao rábula acabaram por não produzir efeito algum. c) Nem sempre, o migrante, em cujas faces se re�etia a angústia que lhe ia na alma, tinha como resolver a situação. d) Era uma noite calma que as pessoas gostavam, nem fria nem quente demais. e) Nem sempre, o migrante, cujas faces re�etiam a angústia que lhe ia na alma, tinha como resolver a situação. Resposta: D Resolução: O verbo GOSTAR é regido pela preposição DE. Embora o apagamento da preposição nesse tipo de oração aconteça com frequência na fala de indivíduos considerados cultos, a gramática normativa nos prescreve o uso da preposição DE: Era uma noite calma DE que as pessoas gostavam, nem fria nem quente demais. Há, ainda, uma terceira possibilidade, considerada como forma marcada por ser utilizada por indivíduos de menor escolaridade: Era uma noite calma que as pessoas gostavam DELA, nem fria nem quente demais. 3. (UFSCar-SP) Assinale a alternativa CORRETA quanto à regência verbal: a) A peça que assistimos foi muito boa. b) Estes são os livros que precisamos. c) Esse foi um ponto que todos se esqueceram. d) Guimarães Rosa é o escritor que mais aprecio. e) O ideal que aspiramos é conhecido por todos. Resposta: D Resolução: a) A peça a que assistimos foi muito boa. (O verbo “assistir” é regido pelapreposição “a”.) b) Estes são os livros de que precisamos. (O verbo “precisar” é regido pela preposição “de”.) c) Esse foi um ponto de que todos se esqueceram. (O verbo “esquecer”, quando pronominal, é regido por preposição.) d) O verbo “apreciar” é transitivo direto. Logo, não é regido por preposição. e) O ideal a que aspiramos é conhecido por todos. O verbo “aspirar” é regido pela preposição “a”. Assim como acontece com os verbos, os nomes também podem ser transitivos, ou seja, podem necessitar de complementos para que apresentem signi�cação completa. Observe a transitividade dos nomes a seguir: _Esse �lme é impróprio para menores. (IMPRÓPRIO para quem?) _Nossos pais estão contentes por você. (CONTENTES por quê/quem?) _Os membros da diretoria votaram favoravelmente ao projeto. (FAVORAVELMENTE a quê?) Uso das preposições: casos especiais Em SILVA (2003), há diversos casos interessantes acerca do uso das preposições. Escolhemos apenas alguns para discutir nesta aula. 1. A expressão correta é EM NÍVEL Exemplo: _Essa questão será resolvida em nível federal. Lembramos que a expressão “a nível de” é um modismo a ser evitado. 2 . DELE ou DE ELE? DELE quando corresponde a um pronome possessivo. Exemplo: _A paciência dele acabou, e ele saiu da sala. DELE quando corresponde à combinação da preposição de com o pronome pessoal oblíquo tônico ele, na função de objeto indireto. Exemplo: _Ana gosta muito dele, mas prefere �car em silêncio. DE ELE = preposição de mais o pronome pessoal reto ele. Essa combinação só pode ser usada quando ele for sujeito de uma oração reduzida de in�nitivo. Exemplos: _Conversamos sobre isso de ele sair. (= de que ele saísse) _Apesar de ele ter comprado o carro, foi de táxi à festa. O segredo é o verbo no INFINITIVO. Só podemos usar DE ELE quando houver esse verbo. Exemplo: _Fizemos a surpresa antes de ele chegar ao curso. Essa regra também se aplica em outros casos, tais como: PREPOSIÇÃO + ARTIGO: Exemplo: _As contratações cessaram depois de a polícia ter descoberto todo o golpe. PREPOSIÇÃO + PRONOME DEMONSTRATIVO: Exemplo: _O médico comprou o equipamento, apesar de essa empresa não garantir a troca. 3. A forma prescrita é TEM DE. Embora o uso da forma “tem que” esteja consagrado e muitos autores considerem as duas formas aceitáveis, devemos utilizar, preferencialmente, a forma “tem de”. Exemplo: _A família tem de pagar todas as dívidas. 4. PARA MIM ou PARA EU? Devemos observar que: a) “Eu” é um pronome pessoal do caso reto e exerce a função de sujeito; b) “Mim” é um pronome pessoal oblíquo tônico, NUNCA exerce a função de sujeito e, obrigatoriamente, deve ser usado com preposição: “a mim”, “de mim”, “entre mim”, “para mim”, “por mim” etc. Exemplos: _Ana trouxe o livro PARA EU ler. (= sujeito) _Ana trouxe o livro para MIM. (= não é sujeito) No primeiro caso, há duas orações: “Ana trouxe o livro” = oração principal “para EU ler” = oração reduzida de in�nitivo (= para que eu lesse). Nesse caso, devemos usar o pronome pessoal do caso reto (EU), porque este exerce a função de sujeito do verbo in�nitivo (LER). Em síntese, a diferença entre PARA MIM e PARA EU está na presença ou não de um verbo (sempre no in�nitivo) após o pronome. Portanto, sempre que houver um verbo no in�nitivo, devemos usar os pronomes pessoais retos. Isso ocorrerá com qualquer preposição. Exemplos: _Minha irmã saiu da festa antes DE MIM. _Ela voltou para o escritório antes DE EU chegar. _Nossos professores �zeram isso POR MIM. _Mariana fez isso POR EU estar cansada. Observe, no entanto, a mudança no signi�cado trazida pelo uso da vírgula: _PARA EU sair de casa, foi preciso organizar minhas �nanças. _PARA MIM, vender meu primeiro imóvel foi uma grande conquista. Na primeira frase, o pronome pessoal reto (EU) é o sujeito do in�nitivo (SAIR). Já na segunda frase, a vírgula indica que PARA MIM está deslocado. Nesse caso, devemos usar o pronome oblíquo (MIM), pois este não é o sujeito do verbo VENDER. 5. Não há nada ENTRE EU E VOCÊ ou ENTRE MIM E VOCÊ? Como explicamos anteriormente, “Eu” é pronome pessoal do caso reto e só pode ser usado na função de sujeito: Com verbo no in�nitivo – _Não há nada ENTRE EU sair e você �car em casa; Sem verbo no in�nitivo – _Não há nada ENTRE MIM E VOCÊ. 6. A QUEM Quando o substantivo que antecede o pronome relativo é pessoa, podemos usar o pronome “quem”. Exemplo: _Aquele é o professor A QUEM enviei o trabalho. 7. DE QUE, DE QUEM ou DO QUAL? _Estes são os processos DE QUE (ou DOS QUAIS) o escritório dispõe. (= o escritório dispõe DOS PROCESSOS). _Estes são os advogados DE QUEM ou DOS QUAIS o escritório dispõe.(= a empresa dispõe DOS ADVOGADOS) ATENÇÃO! O pronome relativo QUAL deve ser usado sempre que vier antecedido de preposição que não seja monossílaba (“após”, “contra”, “desde”, “entre”, “para”, “perante”, “sobre” etc.). Exemplos: _Este é o livro SOBRE O QUAL falei ontem. _Esta é a ocasião PARA A QUAL eles se prepararam tanto. 8. CUJO O pronome relativo “cujo” deve ser usado sempre que houver ideia de posse. Exemplos: _Ali está o cozinheiro DE CUJO bolo ninguém gostou. A preposição “de” é exigência do verbo “gostar”. _Este é o autor A CUJA obra eu me referi. A preposição “a” é regida pelo verbo “referir”. _Aquele é o �lósofo COM CUJAS ideias eu não concordo. A preposição “com” é regida pelo verbo “concordar”. _Veja a revista EM CUJAS páginas li sobre aquela nova dieta. (= eu li sobre aquela nova dieta NAS PÁGINAS) _Encontrei na livraria o romancista CUJA obra foi premiada. (= A OBRA foi premiada -> sem preposição) ATENÇÃO! Não usamos artigo de�nido entre o pronome “cujo” e o substantivo. Exemplo: _Na próxima rua, temos a universidade CUJO aluno inventou o novo chip. 9. Pronomes relativos Os pronomes relativos aparecem precedidos de preposição quando os verbos que acompanham são regidos por preposições. Exemplos: _Compro sempre naquela loja os doces DE QUE eu gosto tanto. _O mecânico A QUEM eu chamei mais cedo já chegou. _Dr. Jorge é o médico EM QUEM meus avós tanto con�am. 10. Pronome QUE O pronome “que” pode aparecer: Com ou sem preposição – quando substituir coisa; Sem preposição – quando substituir pessoa (equivale a QUEM); Exemplos: _Os refrigerantes QUE compramos acabaram rápido. _Os refrigerantes DE QUE precisávamos para a festa não chegaram. _As senhoras QUE cumprimentamos eram muito simpáticas. _As senhoras A QUEM convidamos para a festa não vieram. Resumo do conteúdo Nesta aula, estudamos: • O conceito de gramática; • A estrutura sintática das palavras; • Os tipos de frase; • Os modos e tempos verbais; • A transitividade verbal; • As regências verbal e nominal. Língua Portuguesa Aula 02: Nesta aula, vamos conversar um pouco sobre gramática e sintaxe. Ao �m desta aula, você deverá ser capaz de cumprir os objetivos abaixo descritos: 1. De�nir noções de sintaxe; 2. Distinguir regência nominal da verbal; 3. Reconhecer verbos transitivos e intransitivos. Tipos de Gramática Como você percebeu, a personagem Júlia a�rma que o namorado de Camila não conhece gramática, porque utiliza algumas estruturas consideradas inadequadas em termos de norma culta da língua (Exemplo: _A gente fomos). Mas a que noção de gramática Júlia se refere? Vejamos... Há várias formas de de�nirmos gramática, mas vamos apresentar aqui somente duas classi�cações. São elas: -Gramática Internalizada É o conjunto de regras que a criança internaliza durante o processo de aquisição da linguagem. Por que, por exemplo, uma criança fala “Eu já fazi” no lugar de “Eu já �z”? Simples: porque ela ainda não conhece as exceções à regra de manutenção do radical do verbo nas conjugações. Se a criança diz “Eu já bebi” e “Eu já comi”, seguindo os radicais dos verbos BEBER e COMER, respectivamente, acrescidos de um (i) �nal, ela dirá “Eu jáfazi” (FAZER). Isso signi�ca que ela criou uma regra em que (i) seria uma forma de expressar o passado. -Gramática Normativa Muitos associam esta expressão à imagem de um livro – seja impresso, seja virtual. Mas será que devemos interpretar a gramática normativa somente dessa forma? A gramática normativa é um conjunto de regras gramaticais que estabelece um padrão de linguagem, cujo emprego deve se adequar aos contextos formais de uso da língua. Na verdade, essa gramática indica a formalidade de uso da língua. Observe um exemplo de como a gramática normativa indica a formalidade de uso da língua... Frequentemente, ouvimos na fala do indivíduo considerado culto, a seguinte frase: _O livro que eu gosto já esgotou. No entanto, a gramática normativa prescreve uma construção diferente: _O livro de que eu gosto já esgotou. Essa prescrição é baseada no fato de que, de acordo com a norma-padrão, a regência do verbo GOSTAR exige a preposição “de”. Exemplo: _Eu gosto disso. O estudo da gramática de uma língua divide-se em quatro partes, quais sejam: Fonologia: Que trata dos fonemas. Morfologia: Que trata das classes de palavras. Sintaxe: Que trata das funções e das relações das palavras nas sentenças. Semântica: Que trata dos signi�cados das palavras. -Sintaxe Vamos apresentar, agora, alguns aspectos da sintaxe, ou seja, da função e da relação entre as palavras de uma sentença. Para isso, analise as falas do Mestre Yoda – personagem famoso da saga Star Wars (Guerra nas estrelas): _Poderoso você se tornou. O lado escuro sinto em você. Você observou como o personagem fala? Ele não pronuncia as palavras em ordem direta: Sujeito + Verbo + Objeto Mas inverte os termos da oração, o que di�culta seu entendimento. Para que possamos comunicar nossas ideias, os enunciados da língua devem aparecer em determinada ordem e estabelecer uma relação coerente entre si. Em outras palavras, nosso discurso precisa ser organizado com base em uma estrutura sintática que nos permita formar frases claras e objetivas. Tipos de Frase A FRASE é um enunciado que possui sentido completo. Há dois tipos de frase: -Frase Nominal Aquela que não apresenta verbo: _Socorro! Uma barata. -Frase Verbal Também chamada de oração, trata-se daquela que possui verbo: _Vou socorrer você. Modo e Tempos Verbais Como vimos, o VERBO é a unidade que signi�ca ação ou processo organizado para expressar o modo, o tempo, a pessoa e o número. Mas o que isso signi�ca? Vamos descobrir a partir da análise do diálogo a seguir: _Felipe! Acertei todas as questões da prova. Estudei muito! _Eu não estudei nada! Se eu soubesse que você tinha estudado... Você podia me ajudar a estudar para as próximas provas? Não vai se esquecer dos amigos. _Conte comigo! Você está salvo! A partir de hoje, melhorará seu desempenho, e a professora o aprovará! O diálogo que acabamos de ver apresenta os tópicos mencionados que envolvem o verbo. São eles: Modo, Tempo, Número e Pessoas do discurso. -Modo: Indicativo: Nas primeira e segunda falas, Lucas e Felipe a�rmam: _Acertei todas as questões da prova! _Eu não estudei nada! Nesse caso, o conteúdo é tomado pelo falante como certo. Subjuntivo: Na segunda fala, diante da notícia dada pelo amigo, Felipe suspira: _Se eu soubesse que você tinha estudado... Nesse caso, o conteúdo é tomado pelo falante como duvidoso. Imperativo: Na quarta fala, Felipe avisa a Lucas: _Não vai se esquecer dos amigos. Nesse caso, o conteúdo expressa uma ordem, uma súplica, um conselho. Além disso, ele pode ser: A�rmativo – “vai se esquecer”; Negativo – “Não vai se esquecer”. -Tempo: Presente: Aquele que indica o momento atual, como na penúltima fala: _Você está salvo! Passado ou Pretérito: Aquele que é anterior ao momento em que se fala, como nas primeiras falas: _Acertei todas as questões da prova! _Eu não estudei nada! Futuro: Aquele que é posterior ao momento que se fala, como na última fala: _A partir de hoje, melhorará seu desempenho, e a professora o aprovará! -Número: As formas verbais podem se apresentar no singular ou no plural. No caso do diálogo, elas aparecem somente no singular. Vejamos: “Acertei”, “estudei”, “soubesse”, “tinha estudado”, “podia”, “está”, “melhorará”, “aprovará”. -Pessoas do Discurso: 1ª Pessoa: Aquela que fala, como em: _Acertei todas as questões da prova! _Eu não estudei nada! 2ª Pessoa: Aquela com quem se fala, como em: _(Você) Não vai se esquecer dos amigos. 3ª Pessoa: Aquela de quem se fala, como em: _A partir de hoje, melhorará seu desempenho, e a professora (ela) o aprovará! Os pronomes de tratamento “você(s)”, “senhor(a)” e “senhores(as)”, que fazem referência à 2ª pessoa, mas que se manifestam, formalmente, na 3ª, conjugam-se nesta última. A tabela a seguir apresenta essa conjugação: Transitividade Verbal A partir deste momento, vamos tratar de outra característica dos verbos: a transitividade. Você sabe de�nir esse conceito? A transitividade indica se o verbo necessita ou não de complemento. O signi�cado do verbo pode precisar ser completado por uma estrutura, ou seja, transitar até seu complemento. Quer ver um exemplo? Veja a seguir: _Oi Paulo! Tudo bem? _Tudo João! Ia procurar você! Estou precisando... _De quê, Paulo? Se você não disser, não vou adivinhar! _Calma! O fato é que eu comprei um carro usado! Eu preciso do endereço do seu mecânico. Onde ele mora? Quero que ele faça uma revisão geral no carro! Como você percebeu, João �ca irritado com a ausência de informação por parte de Paulo, porque este não completa, de imediato, a frase que inicia com o verbo PRECISAR, o que a deixa momentaneamente sem sentido. Mas por que isso acontece? Você pode não conhecer o nome técnico do fenômeno linguístico que envolve o caso apresentado, mas, provavelmente, você sabe que “quem precisa” precisa DE ALGO. Essa noção já faz parte de nosso conhecimento enciclopédico sobre a Língua Portuguesa. Por isso, se tal verbo não for acrescido de uma sequência de ideias que torne seu signi�cado completo, não o entenderemos por si só. Você observou que, na história, Paulo disse a João que comprou “um carro”? Assim como PRECISAR, o verbo COMPRAR também exige complemento. A diferença entre eles baseia-se no fato de que COMPRAR não exige complemento preposicionado, mas PRECISAR requer o uso da preposição. Por isso, esse verbo é transitivo indireto – classi�cação sobre a qual discutiremos adiante. Na verdade, usamos as preposições o tempo todo – como você pode observar nos diálogos abaixo –, mas não nos damos conta disso. A preposição é a palavra que tem a função de relacionar termos ou orações. _Gosto de você! Tenho saudade de você! _E eu com isso? O diálogo que lemos anteriormente nos mostra que alguns verbos precisam de complemento – os chamados transitivos – e outros não – os chamados intransitivos. Quanto à transitividade, os verbos podem ser: • Transitivos indiretos. Aqueles que exigem complemento preposicionado; • Transitivos diretos. Aqueles que exigem complemento sem preposição; • Bitransitivos ou transitivos diretos e indiretos. Aqueles que exigem os dois tipos de complemento. Número Singular Plural Pessoa 1ª 2ª 3ª 1ª 2ª 3ª Sujeito Eu Tu Ele, Ela [Você, Senhor(a)] Nós Vós Eles, Elas [Vocês, Senhores(as)] _Tomou Doril, a dor sumiu Na primeira propaganda, o verbo SUMIR é intransitivo, porque seu signi�cado não transita para outra estrutura da frase: ele traz a ideia completa da ação sem necessitar de complemento. O verbo TOMAR, por sua vez, é transitivo direto, pois possui complemento sem preposição, e seu signi�cado transita para o substantivo Doril, de modo a expressar uma ideia completa. _Ela mostrou a uma família a leveza da Hortifruti. Já na segunda propaganda, o verbo MOSTRAR é bitransitivo, pois apresenta um complemento direto– “a leveza da Hortifruti” – e um indireto – “a uma família”. Regência Verbal Em uma visão bem tradicional, a regência verbal é o estudo da relação de dependência entre os verbos e seus complementos. Lidamos o tempo todo com verbos que precisam ou não de complemento: é tão normal que não nos damos conta disso. Agora, parando para re�etir, você já pensou que usar ou não uma preposição pode alterar o signi�cado de um verbo? Por exemplo, considere que um juiz diga as frases a seguir: _Eu assisto o jogo. Nesta frase, temos o sentido de “prestar assistência, ajudar, socorrer”: usa-se sem preposição. _Eu assisto ao jogo. Já nesta, temos o sentido de “ver, presenciar” e, nesse caso, a preposição é obrigatória. Observe os signi�cados do verbo assistir em relação a sua regência: Transitivo direto -> “prestar assistência, ajudar, acompanhar um doente”. Transitivo indireto -> “presenciar, ver; caber, pertencer”. Intransitivo -> “morar, residir” – pouco utilizado atualmente. Assinale a alternativa em que o signi�cado do verbo apontado entre parênteses NÃO corresponde à sua regência: a) _Com sua postura séria, o diretor assistia todos os funcionários dos departamentos da empresa. (ajudar). O verbo ASSISTIR é transitivo direto, ou seja, possui complemento sem preposição quando signi�ca 'prestar assistência' ou 'ajudar. b) _No grande auditório, o público assisiu às apresentações da Orquestra Experiemtal. (ver). O verbo ASSISTIR é transitivo indireto com o signi�cado de presenciar, ver. c) _Esta é uma medida que assite aos moradores da Vila Olímpia. (caber). O verbo ASSISTIR é transitivo indireto, ou seja, possui complemento com preposição quando signi�ca' caber'. d) _Estudantes brasileiros assistem na Europa durante um ano. (observar). O verbo ASSISTIR é intransitivo com o signi�cado de morar, residir ('na Europa' é adjunto adverbial de lugar). Assim, seguindo o que se prescreve deveríamos ter como signi�cado MORAR. Resposta: D _Não pise na grama Aqui, há o uso de: NA = preposição EM + artigo A Embora vejamos a preposição “em” regendo o verbo “pisar”, sob o olhar normativo, existe um problema na sentença. A prescrição indica que o adequado seria: _Não pise a grama. Tim Maia canta: [...] Pensei até em me mudar, lugar qualquer que não exista o pensamento em você [...] Mas a norma prescreve “lugar qualquer em que não exista”. Veja o que aconteceu na campanha da Mercedes Benz de 2011: A propaganda destaca: _Mercedes-Benz: A marca que todo mundo con�a. No entanto, o verbo “con�ar” é regido pela preposição EM. Logo, a frase deveria ser escrita desta forma: _Mercedes-Benz: A marca EM que todo mundo con�a. _Ai, Amor! Se lembra de que você me prometeu uma vida de princesa quando casamos? Pois é... Meu conto de fadas está mais para conto de terror! O verbo “lembrar” possui duas regências. Sendo assim, ele pode ser: • Transitivo direto – lembrar algo; • Transitivo indireto – lembrar-se de algo. Nesta fala, há um problema quanto à colocação pronominal. Vejamos: • “Se lembra de” -> linguagem coloquial; • “Lembra-se de” -> norma-padrão prescrita pela gramática. Embora isso aconteça, a regência do verbo está correta, pois, em sua fala, a esposa usa a preposição “de” associada à partícula “se”. _Ih, Ana. Minha mãe esqueceu de comprar seu presente...'' _Sem problemas, Ju! _Ah! Não vai me dizer que o importante é minha presença, não é? _Não! Mas o presente pode esperar! Assim como o verbo “lembrar”, o verbo “esquecer” possui duas regências. Sendo assim, ele pode ser: • Transitivo direto – esquecer algo; • Transitivo indireto – esquecer-se de algo. Nesta fala, a regência do verbo está incorreta, pois a menina usa a preposição “de” SEM a partícula “se”. A prescrição indica que o correto é: _Minha mãe se esqueceu de comprar seu presente... _O que você vai querer, Luíza? Pizza ou cachorro quente? _Eu pre�ro pizza do que zachorro quente. O verbo “preferir” tem o sentido de “escolher” e possui dois objetos. São eles: • Objeto direto, sem preposição – aquilo que escolhemos; • Objeto indireto, com preposição “a” – aquilo que deixamos em segundo plano. Nesta fala, então, a sentença deveria ter sido redigida da seguinte forma: _Eu pre�ro pizza a cachorro quente. Exercícios: 1. (UNIMEP-SP) Quando ''implicar'' tem sentido de ''acarretar'', ''produzir como consequência'', constrói-se a oração com objeto direto, como se vê em: a) Quando era pequeno, todos sempre implicaram comigo. b) Muitas patroas costumam implicar com as empregadas domésticas. c) Pelo que diz o assessor, isso implica em gastar mais dinheiro. d) O banqueiro implicou-se em negócios escusos. e) Um novo congelamento de salários implicará uma reação dos trabalhadores. Resposta: E Resolução: O verbo “implicar” é transitivo direto com o sentido de “acarretar”, “ocasionar”, e seu complemento – um objeto direto – não deve ser introduzido por preposição. O uso correto desse verbo pode ser observado no seguinte fragmento: “GETÚLIO VARGAS tornou-se muito popular por vários motivos, mas, sobretudo, por saber utilizar a palavra como ferramenta política. O uso implicou, também, silenciamento dos discordantes. O rádio serviu-lhe de meio e�caz para consolidar seu prestígio junto aos mais pobres. Ele gostava de ser conhecido como pai dos pobres, mas foi quali�cado, também, como mãe dos ricos”. 2. (FGV-SP) Assinale a alternativa em que há ERRO de regência verbal: a) Os padres das capelas que mais dependiam do dinheiro des�zeram-se em elogios à garota. b) As admoestações que insisti em fazer ao rábula acabaram por não produzir efeito algum. c) Nem sempre, o migrante, em cujas faces se re�etia a angústia que lhe ia na alma, tinha como resolver a situação. d) Era uma noite calma que as pessoas gostavam, nem fria nem quente demais. e) Nem sempre, o migrante, cujas faces re�etiam a angústia que lhe ia na alma, tinha como resolver a situação. Resposta: D Resolução: O verbo GOSTAR é regido pela preposição DE. Embora o apagamento da preposição nesse tipo de oração aconteça com frequência na fala de indivíduos considerados cultos, a gramática normativa nos prescreve o uso da preposição DE: Era uma noite calma DE que as pessoas gostavam, nem fria nem quente demais. Há, ainda, uma terceira possibilidade, considerada como forma marcada por ser utilizada por indivíduos de menor escolaridade: Era uma noite calma que as pessoas gostavam DELA, nem fria nem quente demais. 3. (UFSCar-SP) Assinale a alternativa CORRETA quanto à regência verbal: a) A peça que assistimos foi muito boa. b) Estes são os livros que precisamos. c) Esse foi um ponto que todos se esqueceram. d) Guimarães Rosa é o escritor que mais aprecio. e) O ideal que aspiramos é conhecido por todos. Resposta: D Resolução: a) A peça a que assistimos foi muito boa. (O verbo “assistir” é regido pela preposição “a”.) b) Estes são os livros de que precisamos. (O verbo “precisar” é regido pela preposição “de”.) c) Esse foi um ponto de que todos se esqueceram. (O verbo “esquecer”, quando pronominal, é regido por preposição.) d) O verbo “apreciar” é transitivo direto. Logo, não é regido por preposição. e) O ideal a que aspiramos é conhecido por todos. O verbo “aspirar” é regido pela preposição “a”. Assim como acontece com os verbos, os nomes também podem ser transitivos, ou seja, podem necessitar de complementos para que apresentem signi�cação completa. Observe a transitividade dos nomes a seguir: _Esse �lme é impróprio para menores. (IMPRÓPRIO para quem?) _Nossos pais estão contentes por você. (CONTENTES por quê/quem?) _Os membros da diretoria votaram favoravelmente ao projeto. (FAVORAVELMENTE a quê?) Uso das preposições: casos especiais Em SILVA (2003), há diversos casos interessantes acerca do uso das preposições. Escolhemos apenas alguns para discutir nesta aula. 1.A expressão correta é EM NÍVEL Exemplo: _Essa questão será resolvida em nível federal. Lembramos que a expressão “a nível de” é um modismo a ser evitado. 2 . DELE ou DE ELE? DELE quando corresponde a um pronome possessivo. Exemplo: _A paciência dele acabou, e ele saiu da sala. DELE quando corresponde à combinação da preposição de com o pronome pessoal oblíquo tônico ele, na função de objeto indireto. Exemplo: _Ana gosta muito dele, mas prefere �car em silêncio. DE ELE = preposição de mais o pronome pessoal reto ele. Essa combinação só pode ser usada quando ele for sujeito de uma oração reduzida de in�nitivo. Exemplos: _Conversamos sobre isso de ele sair. (= de que ele saísse) _Apesar de ele ter comprado o carro, foi de táxi à festa. O segredo é o verbo no INFINITIVO. Só podemos usar DE ELE quando houver esse verbo. Exemplo: _Fizemos a surpresa antes de ele chegar ao curso. Essa regra também se aplica em outros casos, tais como: PREPOSIÇÃO + ARTIGO: Exemplo: _As contratações cessaram depois de a polícia ter descoberto todo o golpe. PREPOSIÇÃO + PRONOME DEMONSTRATIVO: Exemplo: _O médico comprou o equipamento, apesar de essa empresa não garantir a troca. 3. A forma prescrita é TEM DE. Embora o uso da forma “tem que” esteja consagrado e muitos autores considerem as duas formas aceitáveis, devemos utilizar, preferencialmente, a forma “tem de”. Exemplo: _A família tem de pagar todas as dívidas. 4. PARA MIM ou PARA EU? Devemos observar que: a) “Eu” é um pronome pessoal do caso reto e exerce a função de sujeito; b) “Mim” é um pronome pessoal oblíquo tônico, NUNCA exerce a função de sujeito e, obrigatoriamente, deve ser usado com preposição: “a mim”, “de mim”, “entre mim”, “para mim”, “por mim” etc. Exemplos: _Ana trouxe o livro PARA EU ler. (= sujeito) _Ana trouxe o livro para MIM. (= não é sujeito) No primeiro caso, há duas orações: “Ana trouxe o livro” = oração principal “para EU ler” = oração reduzida de in�nitivo (= para que eu lesse). Nesse caso, devemos usar o pronome pessoal do caso reto (EU), porque este exerce a função de sujeito do verbo in�nitivo (LER). Em síntese, a diferença entre PARA MIM e PARA EU está na presença ou não de um verbo (sempre no in�nitivo) após o pronome. Portanto, sempre que houver um verbo no in�nitivo, devemos usar os pronomes pessoais retos. Isso ocorrerá com qualquer preposição. Exemplos: _Minha irmã saiu da festa antes DE MIM. _Ela voltou para o escritório antes DE EU chegar. _Nossos professores �zeram isso POR MIM. _Mariana fez isso POR EU estar cansada. Observe, no entanto, a mudança no signi�cado trazida pelo uso da vírgula: _PARA EU sair de casa, foi preciso organizar minhas �nanças. _PARA MIM, vender meu primeiro imóvel foi uma grande conquista. Na primeira frase, o pronome pessoal reto (EU) é o sujeito do in�nitivo (SAIR). Já na segunda frase, a vírgula indica que PARA MIM está deslocado. Nesse caso, devemos usar o pronome oblíquo (MIM), pois este não é o sujeito do verbo VENDER. 5. Não há nada ENTRE EU E VOCÊ ou ENTRE MIM E VOCÊ? Como explicamos anteriormente, “Eu” é pronome pessoal do caso reto e só pode ser usado na função de sujeito: Com verbo no in�nitivo – _Não há nada ENTRE EU sair e você �car em casa; Sem verbo no in�nitivo – _Não há nada ENTRE MIM E VOCÊ. 6. A QUEM Quando o substantivo que antecede o pronome relativo é pessoa, podemos usar o pronome “quem”. Exemplo: _Aquele é o professor A QUEM enviei o trabalho. 7. DE QUE, DE QUEM ou DO QUAL? _Estes são os processos DE QUE (ou DOS QUAIS) o escritório dispõe. (= o escritório dispõe DOS PROCESSOS). _Estes são os advogados DE QUEM ou DOS QUAIS o escritório dispõe.(= a empresa dispõe DOS ADVOGADOS) ATENÇÃO! O pronome relativo QUAL deve ser usado sempre que vier antecedido de preposição que não seja monossílaba (“após”, “contra”, “desde”, “entre”, “para”, “perante”, “sobre” etc.). Exemplos: _Este é o livro SOBRE O QUAL falei ontem. _Esta é a ocasião PARA A QUAL eles se prepararam tanto. 8. CUJO O pronome relativo “cujo” deve ser usado sempre que houver ideia de posse. Exemplos: _Ali está o cozinheiro DE CUJO bolo ninguém gostou. A preposição “de” é exigência do verbo “gostar”. _Este é o autor A CUJA obra eu me referi. A preposição “a” é regida pelo verbo “referir”. _Aquele é o �lósofo COM CUJAS ideias eu não concordo. A preposição “com” é regida pelo verbo “concordar”. _Veja a revista EM CUJAS páginas li sobre aquela nova dieta. (= eu li sobre aquela nova dieta NAS PÁGINAS) _Encontrei na livraria o romancista CUJA obra foi premiada. (= A OBRA foi premiada -> sem preposição) ATENÇÃO! Não usamos artigo de�nido entre o pronome “cujo” e o substantivo. Exemplo: _Na próxima rua, temos a universidade CUJO aluno inventou o novo chip. 9. Pronomes relativos Os pronomes relativos aparecem precedidos de preposição quando os verbos que acompanham são regidos por preposições. Exemplos: _Compro sempre naquela loja os doces DE QUE eu gosto tanto. _O mecânico A QUEM eu chamei mais cedo já chegou. _Dr. Jorge é o médico EM QUEM meus avós tanto con�am. 10. Pronome QUE O pronome “que” pode aparecer: Com ou sem preposição – quando substituir coisa; Sem preposição – quando substituir pessoa (equivale a QUEM); Exemplos: _Os refrigerantes QUE compramos acabaram rápido. _Os refrigerantes DE QUE precisávamos para a festa não chegaram. _As senhoras QUE cumprimentamos eram muito simpáticas. _As senhoras A QUEM convidamos para a festa não vieram. Resumo do conteúdo Nesta aula, estudamos: • O conceito de gramática; • A estrutura sintática das palavras; • Os tipos de frase; • Os modos e tempos verbais; • A transitividade verbal; • As regências verbal e nominal. Língua Portuguesa Aula 02: Nesta aula, vamos conversar um pouco sobre gramática e sintaxe. Ao �m desta aula, você deverá ser capaz de cumprir os objetivos abaixo descritos: 1. De�nir noções de sintaxe; 2. Distinguir regência nominal da verbal; 3. Reconhecer verbos transitivos e intransitivos. Tipos de Gramática Como você percebeu, a personagem Júlia a�rma que o namorado de Camila não conhece gramática, porque utiliza algumas estruturas consideradas inadequadas em termos de norma culta da língua (Exemplo: _A gente fomos). Mas a que noção de gramática Júlia se refere? Vejamos... Há várias formas de de�nirmos gramática, mas vamos apresentar aqui somente duas classi�cações. São elas: -Gramática Internalizada É o conjunto de regras que a criança internaliza durante o processo de aquisição da linguagem. Por que, por exemplo, uma criança fala “Eu já fazi” no lugar de “Eu já �z”? Simples: porque ela ainda não conhece as exceções à regra de manutenção do radical do verbo nas conjugações. Se a criança diz “Eu já bebi” e “Eu já comi”, seguindo os radicais dos verbos BEBER e COMER, respectivamente, acrescidos de um (i) �nal, ela dirá “Eu já fazi” (FAZER). Isso signi�ca que ela criou uma regra em que (i) seria uma forma de expressar o passado. -Gramática Normativa Muitos associam esta expressão à imagem de um livro – seja impresso, seja virtual. Mas será que devemos interpretar a gramática normativa somente dessa forma? A gramática normativa é um conjunto de regras gramaticais que estabelece um padrão de linguagem, cujo emprego deve se adequar aos contextos formais de uso da língua. Na verdade, essa gramática indica a formalidade de uso da língua. Observe um exemplo de como a gramática normativa indica a formalidade de uso da língua... Frequentemente, ouvimos na fala do indivíduo considerado culto, a seguinte frase: _O livro que eu gosto já esgotou. No entanto, a gramática normativa prescreve uma construção diferente: _O livro de que eu gosto já esgotou. Essa prescrição é baseada no fato de que, de acordo com a norma-padrão, a regência do verbo GOSTAR exige a preposição “de”. Exemplo: _Eu gosto disso. O estudo dagramática de uma língua divide-se em quatro partes, quais sejam: Fonologia: Que trata dos fonemas. Morfologia: Que trata das classes de palavras. Sintaxe: Que trata das funções e das relações das palavras nas sentenças. Semântica: Que trata dos signi�cados das palavras. -Sintaxe Vamos apresentar, agora, alguns aspectos da sintaxe, ou seja, da função e da relação entre as palavras de uma sentença. Para isso, analise as falas do Mestre Yoda – personagem famoso da saga Star Wars (Guerra nas estrelas): _Poderoso você se tornou. O lado escuro sinto em você. Você observou como o personagem fala? Ele não pronuncia as palavras em ordem direta: Sujeito + Verbo + Objeto Mas inverte os termos da oração, o que di�culta seu entendimento. Para que possamos comunicar nossas ideias, os enunciados da língua devem aparecer em determinada ordem e estabelecer uma relação coerente entre si. Em outras palavras, nosso discurso precisa ser organizado com base em uma estrutura sintática que nos permita formar frases claras e objetivas. Tipos de Frase A FRASE é um enunciado que possui sentido completo. Há dois tipos de frase: -Frase Nominal Aquela que não apresenta verbo: _Socorro! Uma barata. -Frase Verbal Também chamada de oração, trata-se daquela que possui verbo: _Vou socorrer você. Modo e Tempos Verbais Como vimos, o VERBO é a unidade que signi�ca ação ou processo organizado para expressar o modo, o tempo, a pessoa e o número. Mas o que isso signi�ca? Vamos descobrir a partir da análise do diálogo a seguir: _Felipe! Acertei todas as questões da prova. Estudei muito! _Eu não estudei nada! Se eu soubesse que você tinha estudado... Você podia me ajudar a estudar para as próximas provas? Não vai se esquecer dos amigos. _Conte comigo! Você está salvo! A partir de hoje, melhorará seu desempenho, e a professora o aprovará! O diálogo que acabamos de ver apresenta os tópicos mencionados que envolvem o verbo. São eles: Modo, Tempo, Número e Pessoas do discurso. -Modo: Indicativo: Nas primeira e segunda falas, Lucas e Felipe a�rmam: _Acertei todas as questões da prova! _Eu não estudei nada! Nesse caso, o conteúdo é tomado pelo falante como certo. Subjuntivo: Na segunda fala, diante da notícia dada pelo amigo, Felipe suspira: _Se eu soubesse que você tinha estudado... Nesse caso, o conteúdo é tomado pelo falante como duvidoso. Imperativo: Na quarta fala, Felipe avisa a Lucas: _Não vai se esquecer dos amigos. Nesse caso, o conteúdo expressa uma ordem, uma súplica, um conselho. Além disso, ele pode ser: A�rmativo – “vai se esquecer”; Negativo – “Não vai se esquecer”. -Tempo: Presente: Aquele que indica o momento atual, como na penúltima fala: _Você está salvo! Passado ou Pretérito: Aquele que é anterior ao momento em que se fala, como nas primeiras falas: _Acertei todas as questões da prova! _Eu não estudei nada! Futuro: Aquele que é posterior ao momento que se fala, como na última fala: _A partir de hoje, melhorará seu desempenho, e a professora o aprovará! -Número: As formas verbais podem se apresentar no singular ou no plural. No caso do diálogo, elas aparecem somente no singular. Vejamos: “Acertei”, “estudei”, “soubesse”, “tinha estudado”, “podia”, “está”, “melhorará”, “aprovará”. -Pessoas do Discurso: 1ª Pessoa: Aquela que fala, como em: _Acertei todas as questões da prova! _Eu não estudei nada! 2ª Pessoa: Aquela com quem se fala, como em: _(Você) Não vai se esquecer dos amigos. 3ª Pessoa: Aquela de quem se fala, como em: _A partir de hoje, melhorará seu desempenho, e a professora (ela) o aprovará! Os pronomes de tratamento “você(s)”, “senhor(a)” e “senhores(as)”, que fazem referência à 2ª pessoa, mas que se manifestam, formalmente, na 3ª, conjugam-se nesta última. A tabela a seguir apresenta essa conjugação: Transitividade Verbal A partir deste momento, vamos tratar de outra característica dos verbos: a transitividade. Você sabe de�nir esse conceito? A transitividade indica se o verbo necessita ou não de complemento. O signi�cado do verbo pode precisar ser completado por uma estrutura, ou seja, transitar até seu complemento. Quer ver um exemplo? Veja a seguir: _Oi Paulo! Tudo bem? _Tudo João! Ia procurar você! Estou precisando... _De quê, Paulo? Se você não disser, não vou adivinhar! _Calma! O fato é que eu comprei um carro usado! Eu preciso do endereço do seu mecânico. Onde ele mora? Quero que ele faça uma revisão geral no carro! Como você percebeu, João �ca irritado com a ausência de informação por parte de Paulo, porque este não completa, de imediato, a frase que inicia com o verbo PRECISAR, o que a deixa momentaneamente sem sentido. Mas por que isso acontece? Você pode não conhecer o nome técnico do fenômeno linguístico que envolve o caso apresentado, mas, provavelmente, você sabe que “quem precisa” precisa DE ALGO. Essa noção já faz parte de nosso conhecimento enciclopédico sobre a Língua Portuguesa. Por isso, se tal verbo não for acrescido de uma sequência de ideias que torne seu signi�cado completo, não o entenderemos por si só. Você observou que, na história, Paulo disse a João que comprou “um carro”? Assim como PRECISAR, o verbo COMPRAR também exige complemento. A diferença entre eles baseia-se no fato de que COMPRAR não exige complemento preposicionado, mas PRECISAR requer o uso da preposição. Por isso, esse verbo é transitivo indireto – classi�cação sobre a qual discutiremos adiante. Na verdade, usamos as preposições o tempo todo – como você pode observar nos diálogos abaixo –, mas não nos damos conta disso. A preposição é a palavra que tem a função de relacionar termos ou orações. _Gosto de você! Tenho saudade de você! _E eu com isso? O diálogo que lemos anteriormente nos mostra que alguns verbos precisam de complemento – os chamados transitivos – e outros não – os chamados intransitivos. Quanto à transitividade, os verbos podem ser: • Transitivos indiretos. Aqueles que exigem complemento preposicionado; • Transitivos diretos. Aqueles que exigem complemento sem preposição; • Bitransitivos ou transitivos diretos e indiretos. Aqueles que exigem os dois tipos de complemento. _Tomou Doril, a dor sumiu Na primeira propaganda, o verbo SUMIR é intransitivo, porque seu signi�cado não transita para outra estrutura da frase: ele traz a ideia completa da ação sem necessitar de complemento. O verbo TOMAR, por sua vez, é transitivo direto, pois possui complemento sem preposição, e seu signi�cado transita para o substantivo Doril, de modo a expressar uma ideia completa. _Ela mostrou a uma família a leveza da Hortifruti. Já na segunda propaganda, o verbo MOSTRAR é bitransitivo, pois apresenta um complemento direto – “a leveza da Hortifruti” – e um indireto – “a uma família”. Regência Verbal Em uma visão bem tradicional, a regência verbal é o estudo da relação de dependência entre os verbos e seus complementos. Lidamos o tempo todo com verbos que precisam ou não de complemento: é tão normal que não nos damos conta disso. Agora, parando para re�etir, você já pensou que usar ou não uma preposição pode alterar o signi�cado de um verbo? Por exemplo, considere que um juiz diga as frases a seguir: _Eu assisto o jogo. Nesta frase, temos o sentido de “prestar assistência, ajudar, socorrer”: usa-se sem preposição. _Eu assisto ao jogo. Já nesta, temos o sentido de “ver, presenciar” e, nesse caso, a preposição é obrigatória. Observe os signi�cados do verbo assistir em relação a sua regência: Transitivo direto -> “prestar assistência, ajudar, acompanhar um doente”. Transitivo indireto -> “presenciar, ver; caber, pertencer”. Intransitivo -> “morar, residir” – pouco utilizado atualmente. Assinale a alternativa em que o signi�cado do verbo apontado entre parênteses NÃO corresponde à sua regência: a) _Com sua postura séria, o diretor assistia todos os funcionáriosdos departamentos da empresa. (ajudar). O verbo ASSISTIR é transitivo direto, ou seja, possui complemento sem preposição quando signi�ca 'prestar assistência' ou 'ajudar. b) _No grande auditório, o público assisiu às apresentações da Orquestra Experiemtal. (ver). O verbo ASSISTIR é transitivo indireto com o signi�cado de presenciar, ver. c) _Esta é uma medida que assite aos moradores da Vila Olímpia. (caber). O verbo ASSISTIR é transitivo indireto, ou seja, possui complemento com preposição quando signi�ca' caber'. d) _Estudantes brasileiros assistem na Europa durante um ano. (observar). O verbo ASSISTIR é intransitivo com o signi�cado de morar, residir ('na Europa' é adjunto adverbial de lugar). Assim, seguindo o que se prescreve deveríamos ter como signi�cado MORAR. Resposta: D _Não pise na grama Aqui, há o uso de: NA = preposição EM + artigo A Embora vejamos a preposição “em” regendo o verbo “pisar”, sob o olhar normativo, existe um problema na sentença. A prescrição indica que o adequado seria: _Não pise a grama. Tim Maia canta: [...] Pensei até em me mudar, lugar qualquer que não exista o pensamento em você [...] Mas a norma prescreve “lugar qualquer em que não exista”. Veja o que aconteceu na campanha da Mercedes Benz de 2011: A propaganda destaca: _Mercedes-Benz: A marca que todo mundo con�a. No entanto, o verbo “con�ar” é regido pela preposição EM. Logo, a frase deveria ser escrita desta forma: _Mercedes-Benz: A marca EM que todo mundo con�a. _Ai, Amor! Se lembra de que você me prometeu uma vida de princesa quando casamos? Pois é... Meu conto de fadas está mais para conto de terror! O verbo “lembrar” possui duas regências. Sendo assim, ele pode ser: • Transitivo direto – lembrar algo; • Transitivo indireto – lembrar-se de algo. Nesta fala, há um problema quanto à colocação pronominal. Vejamos: • “Se lembra de” -> linguagem coloquial; • “Lembra-se de” -> norma-padrão prescrita pela gramática. Embora isso aconteça, a regência do verbo está correta, pois, em sua fala, a esposa usa a preposição “de” associada à partícula “se”. _Ih, Ana. Minha mãe esqueceu de comprar seu presente...'' _Sem problemas, Ju! _Ah! Não vai me dizer que o importante é minha presença, não é? _Não! Mas o presente pode esperar! Assim como o verbo “lembrar”, o verbo “esquecer” possui duas regências. Sendo assim, ele pode ser: • Transitivo direto – esquecer algo; • Transitivo indireto – esquecer-se de algo. Nesta fala, a regência do verbo está incorreta, pois a menina usa a preposição “de” SEM a partícula “se”. A prescrição indica que o correto é: _Minha mãe se esqueceu de comprar seu presente... _O que você vai querer, Luíza? Pizza ou cachorro quente? _Eu pre�ro pizza do que zachorro quente. O verbo “preferir” tem o sentido de “escolher” e possui dois objetos. São eles: • Objeto direto, sem preposição – aquilo que escolhemos; • Objeto indireto, com preposição “a” – aquilo que deixamos em segundo plano. Nesta fala, então, a sentença deveria ter sido redigida da seguinte forma: _Eu pre�ro pizza a cachorro quente. Exercícios: 1. (UNIMEP-SP) Quando ''implicar'' tem sentido de ''acarretar'', ''produzir como consequência'', constrói-se a oração com objeto direto, como se vê em: a) Quando era pequeno, todos sempre implicaram comigo. b) Muitas patroas costumam implicar com as empregadas domésticas. c) Pelo que diz o assessor, isso implica em gastar mais dinheiro. d) O banqueiro implicou-se em negócios escusos. e) Um novo congelamento de salários implicará uma reação dos trabalhadores. Resposta: E Resolução: O verbo “implicar” é transitivo direto com o sentido de “acarretar”, “ocasionar”, e seu complemento – um objeto direto – não deve ser introduzido por preposição. O uso correto desse verbo pode ser observado no seguinte fragmento: “GETÚLIO VARGAS tornou-se muito popular por vários motivos, mas, sobretudo, por saber utilizar a palavra como ferramenta política. O uso implicou, também, silenciamento dos discordantes. O rádio serviu-lhe de meio e�caz para consolidar seu prestígio junto aos mais pobres. Ele gostava de ser conhecido como pai dos pobres, mas foi quali�cado, também, como mãe dos ricos”. 2. (FGV-SP) Assinale a alternativa em que há ERRO de regência verbal: a) Os padres das capelas que mais dependiam do dinheiro des�zeram-se em elogios à garota. b) As admoestações que insisti em fazer ao rábula acabaram por não produzir efeito algum. c) Nem sempre, o migrante, em cujas faces se re�etia a angústia que lhe ia na alma, tinha como resolver a situação. d) Era uma noite calma que as pessoas gostavam, nem fria nem quente demais. e) Nem sempre, o migrante, cujas faces re�etiam a angústia que lhe ia na alma, tinha como resolver a situação. Resposta: D Resolução: O verbo GOSTAR é regido pela preposição DE. Embora o apagamento da preposição nesse tipo de oração aconteça com frequência na fala de indivíduos considerados cultos, a gramática normativa nos prescreve o uso da preposição DE: Era uma noite calma DE que as pessoas gostavam, nem fria nem quente demais. Há, ainda, uma terceira possibilidade, considerada como forma marcada por ser utilizada por indivíduos de menor escolaridade: Era uma noite calma que as pessoas gostavam DELA, nem fria nem quente demais. 3. (UFSCar-SP) Assinale a alternativa CORRETA quanto à regência verbal: a) A peça que assistimos foi muito boa. b) Estes são os livros que precisamos. c) Esse foi um ponto que todos se esqueceram. d) Guimarães Rosa é o escritor que mais aprecio. e) O ideal que aspiramos é conhecido por todos. Resposta: D Resolução: a) A peça a que assistimos foi muito boa. (O verbo “assistir” é regido pela preposição “a”.) b) Estes são os livros de que precisamos. (O verbo “precisar” é regido pela preposição “de”.) c) Esse foi um ponto de que todos se esqueceram. (O verbo “esquecer”, quando pronominal, é regido por preposição.) d) O verbo “apreciar” é transitivo direto. Logo, não é regido por preposição. e) O ideal a que aspiramos é conhecido por todos. O verbo “aspirar” é regido pela preposição “a”. Assim como acontece com os verbos, os nomes também podem ser transitivos, ou seja, podem necessitar de complementos para que apresentem signi�cação completa. Observe a transitividade dos nomes a seguir: _Esse �lme é impróprio para menores. (IMPRÓPRIO para quem?) _Nossos pais estão contentes por você. (CONTENTES por quê/quem?) _Os membros da diretoria votaram favoravelmente ao projeto. (FAVORAVELMENTE a quê?) Uso das preposições: casos especiais Em SILVA (2003), há diversos casos interessantes acerca do uso das preposições. Escolhemos apenas alguns para discutir nesta aula. 1. A expressão correta é EM NÍVEL Exemplo: _Essa questão será resolvida em nível federal. Lembramos que a expressão “a nível de” é um modismo a ser evitado. 2 . DELE ou DE ELE? DELE quando corresponde a um pronome possessivo. Exemplo: _A paciência dele acabou, e ele saiu da sala. DELE quando corresponde à combinação da preposição de com o pronome pessoal oblíquo tônico ele, na função de objeto indireto. Exemplo: _Ana gosta muito dele, mas prefere �car em silêncio. DE ELE = preposição de mais o pronome pessoal reto ele. Essa combinação só pode ser usada quando ele for sujeito de uma oração reduzida de in�nitivo. Exemplos: _Conversamos sobre isso de ele sair. (= de que ele saísse) _Apesar de ele ter comprado o carro, foi de táxi à festa. O segredo é o verbo no INFINITIVO. Só podemos usar DE ELE quando houver esse verbo. Exemplo: _Fizemos a surpresa antes de ele chegar ao curso. Essa regra também se aplica em outros casos, tais como: PREPOSIÇÃO + ARTIGO: Exemplo: _As contratações cessaram depois de a polícia ter descoberto todo o golpe. PREPOSIÇÃO + PRONOME DEMONSTRATIVO: Exemplo: _O médico comprou o equipamento, apesar de essa empresa não garantir atroca. 3. A forma prescrita é TEM DE. Embora o uso da forma “tem que” esteja consagrado e muitos autores considerem as duas formas aceitáveis, devemos utilizar, preferencialmente, a forma “tem de”. Exemplo: _A família tem de pagar todas as dívidas. 4. PARA MIM ou PARA EU? Devemos observar que: a) “Eu” é um pronome pessoal do caso reto e exerce a função de sujeito; b) “Mim” é um pronome pessoal oblíquo tônico, NUNCA exerce a função de sujeito e, obrigatoriamente, deve ser usado com preposição: “a mim”, “de mim”, “entre mim”, “para mim”, “por mim” etc. Exemplos: _Ana trouxe o livro PARA EU ler. (= sujeito) _Ana trouxe o livro para MIM. (= não é sujeito) No primeiro caso, há duas orações: “Ana trouxe o livro” = oração principal “para EU ler” = oração reduzida de in�nitivo (= para que eu lesse). Nesse caso, devemos usar o pronome pessoal do caso reto (EU), porque este exerce a função de sujeito do verbo in�nitivo (LER). Em síntese, a diferença entre PARA MIM e PARA EU está na presença ou não de um verbo (sempre no in�nitivo) após o pronome. Portanto, sempre que houver um verbo no in�nitivo, devemos usar os pronomes pessoais retos. Isso ocorrerá com qualquer preposição. Exemplos: _Minha irmã saiu da festa antes DE MIM. _Ela voltou para o escritório antes DE EU chegar. _Nossos professores �zeram isso POR MIM. _Mariana fez isso POR EU estar cansada. Observe, no entanto, a mudança no signi�cado trazida pelo uso da vírgula: _PARA EU sair de casa, foi preciso organizar minhas �nanças. _PARA MIM, vender meu primeiro imóvel foi uma grande conquista. Na primeira frase, o pronome pessoal reto (EU) é o sujeito do in�nitivo (SAIR). Já na segunda frase, a vírgula indica que PARA MIM está deslocado. Nesse caso, devemos usar o pronome oblíquo (MIM), pois este não é o sujeito do verbo VENDER. 5. Não há nada ENTRE EU E VOCÊ ou ENTRE MIM E VOCÊ? Como explicamos anteriormente, “Eu” é pronome pessoal do caso reto e só pode ser usado na função de sujeito: Com verbo no in�nitivo – _Não há nada ENTRE EU sair e você �car em casa; Sem verbo no in�nitivo – _Não há nada ENTRE MIM E VOCÊ. 6. A QUEM Quando o substantivo que antecede o pronome relativo é pessoa, podemos usar o pronome “quem”. Exemplo: _Aquele é o professor A QUEM enviei o trabalho. 7. DE QUE, DE QUEM ou DO QUAL? _Estes são os processos DE QUE (ou DOS QUAIS) o escritório dispõe. (= o escritório dispõe DOS PROCESSOS). _Estes são os advogados DE QUEM ou DOS QUAIS o escritório dispõe.(= a empresa dispõe DOS ADVOGADOS) ATENÇÃO! O pronome relativo QUAL deve ser usado sempre que vier antecedido de preposição que não seja monossílaba (“após”, “contra”, “desde”, “entre”, “para”, “perante”, “sobre” etc.). Exemplos: _Este é o livro SOBRE O QUAL falei ontem. _Esta é a ocasião PARA A QUAL eles se prepararam tanto. 8. CUJO O pronome relativo “cujo” deve ser usado sempre que houver ideia de posse. Exemplos: _Ali está o cozinheiro DE CUJO bolo ninguém gostou. A preposição “de” é exigência do verbo “gostar”. _Este é o autor A CUJA obra eu me referi. A preposição “a” é regida pelo verbo “referir”. _Aquele é o �lósofo COM CUJAS ideias eu não concordo. A preposição “com” é regida pelo verbo “concordar”. _Veja a revista EM CUJAS páginas li sobre aquela nova dieta. (= eu li sobre aquela nova dieta NAS PÁGINAS) _Encontrei na livraria o romancista CUJA obra foi premiada. (= A OBRA foi premiada -> sem preposição) ATENÇÃO! Não usamos artigo de�nido entre o pronome “cujo” e o substantivo. Exemplo: _Na próxima rua, temos a universidade CUJO aluno inventou o novo chip. 9. Pronomes relativos Os pronomes relativos aparecem precedidos de preposição quando os verbos que acompanham são regidos por preposições. Exemplos: _Compro sempre naquela loja os doces DE QUE eu gosto tanto. _O mecânico A QUEM eu chamei mais cedo já chegou. _Dr. Jorge é o médico EM QUEM meus avós tanto con�am. 10. Pronome QUE O pronome “que” pode aparecer: Com ou sem preposição – quando substituir coisa; Sem preposição – quando substituir pessoa (equivale a QUEM); Exemplos: _Os refrigerantes QUE compramos acabaram rápido. _Os refrigerantes DE QUE precisávamos para a festa não chegaram. _As senhoras QUE cumprimentamos eram muito simpáticas. _As senhoras A QUEM convidamos para a festa não vieram. Resumo do conteúdo Nesta aula, estudamos: • O conceito de gramática; • A estrutura sintática das palavras; • Os tipos de frase; • Os modos e tempos verbais; • A transitividade verbal; • As regências verbal e nominal. Língua Portuguesa Aula 02: Nesta aula, vamos conversar um pouco sobre gramática e sintaxe. Ao �m desta aula, você deverá ser capaz de cumprir os objetivos abaixo descritos: 1. De�nir noções de sintaxe; 2. Distinguir regência nominal da verbal; 3. Reconhecer verbos transitivos e intransitivos. Tipos de Gramática Como você percebeu, a personagem Júlia a�rma que o namorado de Camila não conhece gramática, porque utiliza algumas estruturas consideradas inadequadas em termos de norma culta da língua (Exemplo: _A gente fomos). Mas a que noção de gramática Júlia se refere? Vejamos... Há várias formas de de�nirmos gramática, mas vamos apresentar aqui somente duas classi�cações. São elas: -Gramática Internalizada É o conjunto de regras que a criança internaliza durante o processo de aquisição da linguagem. Por que, por exemplo, uma criança fala “Eu já fazi” no lugar de “Eu já �z”? Simples: porque ela ainda não conhece as exceções à regra de manutenção do radical do verbo nas conjugações. Se a criança diz “Eu já bebi” e “Eu já comi”, seguindo os radicais dos verbos BEBER e COMER, respectivamente, acrescidos de um (i) �nal, ela dirá “Eu já fazi” (FAZER). Isso signi�ca que ela criou uma regra em que (i) seria uma forma de expressar o passado. -Gramática Normativa Muitos associam esta expressão à imagem de um livro – seja impresso, seja virtual. Mas será que devemos interpretar a gramática normativa somente dessa forma? A gramática normativa é um conjunto de regras gramaticais que estabelece um padrão de linguagem, cujo emprego deve se adequar aos contextos formais de uso da língua. Na verdade, essa gramática indica a formalidade de uso da língua. Observe um exemplo de como a gramática normativa indica a formalidade de uso da língua... Frequentemente, ouvimos na fala do indivíduo considerado culto, a seguinte frase: _O livro que eu gosto já esgotou. No entanto, a gramática normativa prescreve uma construção diferente: _O livro de que eu gosto já esgotou. Essa prescrição é baseada no fato de que, de acordo com a norma-padrão, a regência do verbo GOSTAR exige a preposição “de”. Exemplo: _Eu gosto disso. O estudo da gramática de uma língua divide-se em quatro partes, quais sejam: Fonologia: Que trata dos fonemas. Morfologia: Que trata das classes de palavras. Sintaxe: Que trata das funções e das relações das palavras nas sentenças. Semântica: Que trata dos signi�cados das palavras. -Sintaxe Vamos apresentar, agora, alguns aspectos da sintaxe, ou seja, da função e da relação entre as palavras de uma sentença. Para isso, analise as falas do Mestre Yoda – personagem famoso da saga Star Wars (Guerra nas estrelas): _Poderoso você se tornou. O lado escuro sinto em você. Você observou como o personagem fala? Ele não pronuncia as palavras em ordem direta: Sujeito + Verbo + Objeto Mas inverte os termos da oração, o que di�culta seu entendimento. Para que possamos comunicar nossas ideias, os enunciados da língua devem aparecer em determinada ordem e estabelecer uma relação coerente entre si. Em outras palavras, nosso discurso precisa ser organizado com base em uma estrutura sintática que nos permita formar frases claras e objetivas. Tipos de Frase A FRASE é um enunciado que possui sentido completo. Há dois tipos de frase: -Frase Nominal Aquela que não apresentaverbo: _Socorro! Uma barata. -Frase Verbal Também chamada de oração, trata-se daquela que possui verbo: _Vou socorrer você. Modo e Tempos Verbais Como vimos, o VERBO é a unidade que signi�ca ação ou processo organizado para expressar o modo, o tempo, a pessoa e o número. Mas o que isso signi�ca? Vamos descobrir a partir da análise do diálogo a seguir: _Felipe! Acertei todas as questões da prova. Estudei muito! _Eu não estudei nada! Se eu soubesse que você tinha estudado... Você podia me ajudar a estudar para as próximas provas? Não vai se esquecer dos amigos. _Conte comigo! Você está salvo! A partir de hoje, melhorará seu desempenho, e a professora o aprovará! O diálogo que acabamos de ver apresenta os tópicos mencionados que envolvem o verbo. São eles: Modo, Tempo, Número e Pessoas do discurso. -Modo: Indicativo: Nas primeira e segunda falas, Lucas e Felipe a�rmam: _Acertei todas as questões da prova! _Eu não estudei nada! Nesse caso, o conteúdo é tomado pelo falante como certo. Subjuntivo: Na segunda fala, diante da notícia dada pelo amigo, Felipe suspira: _Se eu soubesse que você tinha estudado... Nesse caso, o conteúdo é tomado pelo falante como duvidoso. Imperativo: Na quarta fala, Felipe avisa a Lucas: _Não vai se esquecer dos amigos. Nesse caso, o conteúdo expressa uma ordem, uma súplica, um conselho. Além disso, ele pode ser: A�rmativo – “vai se esquecer”; Negativo – “Não vai se esquecer”. -Tempo: Presente: Aquele que indica o momento atual, como na penúltima fala: _Você está salvo! Passado ou Pretérito: Aquele que é anterior ao momento em que se fala, como nas primeiras falas: _Acertei todas as questões da prova! _Eu não estudei nada! Futuro: Aquele que é posterior ao momento que se fala, como na última fala: _A partir de hoje, melhorará seu desempenho, e a professora o aprovará! -Número: As formas verbais podem se apresentar no singular ou no plural. No caso do diálogo, elas aparecem somente no singular. Vejamos: “Acertei”, “estudei”, “soubesse”, “tinha estudado”, “podia”, “está”, “melhorará”, “aprovará”. -Pessoas do Discurso: 1ª Pessoa: Aquela que fala, como em: _Acertei todas as questões da prova! _Eu não estudei nada! 2ª Pessoa: Aquela com quem se fala, como em: _(Você) Não vai se esquecer dos amigos. 3ª Pessoa: Aquela de quem se fala, como em: _A partir de hoje, melhorará seu desempenho, e a professora (ela) o aprovará! Os pronomes de tratamento “você(s)”, “senhor(a)” e “senhores(as)”, que fazem referência à 2ª pessoa, mas que se manifestam, formalmente, na 3ª, conjugam-se nesta última. A tabela a seguir apresenta essa conjugação: Transitividade Verbal A partir deste momento, vamos tratar de outra característica dos verbos: a transitividade. Você sabe de�nir esse conceito? A transitividade indica se o verbo necessita ou não de complemento. O signi�cado do verbo pode precisar ser completado por uma estrutura, ou seja, transitar até seu complemento. Quer ver um exemplo? Veja a seguir: _Oi Paulo! Tudo bem? _Tudo João! Ia procurar você! Estou precisando... _De quê, Paulo? Se você não disser, não vou adivinhar! _Calma! O fato é que eu comprei um carro usado! Eu preciso do endereço do seu mecânico. Onde ele mora? Quero que ele faça uma revisão geral no carro! Como você percebeu, João �ca irritado com a ausência de informação por parte de Paulo, porque este não completa, de imediato, a frase que inicia com o verbo PRECISAR, o que a deixa momentaneamente sem sentido. Mas por que isso acontece? Você pode não conhecer o nome técnico do fenômeno linguístico que envolve o caso apresentado, mas, provavelmente, você sabe que “quem precisa” precisa DE ALGO. Essa noção já faz parte de nosso conhecimento enciclopédico sobre a Língua Portuguesa. Por isso, se tal verbo não for acrescido de uma sequência de ideias que torne seu signi�cado completo, não o entenderemos por si só. Você observou que, na história, Paulo disse a João que comprou “um carro”? Assim como PRECISAR, o verbo COMPRAR também exige complemento. A diferença entre eles baseia-se no fato de que COMPRAR não exige complemento preposicionado, mas PRECISAR requer o uso da preposição. Por isso, esse verbo é transitivo indireto – classi�cação sobre a qual discutiremos adiante. Na verdade, usamos as preposições o tempo todo – como você pode observar nos diálogos abaixo –, mas não nos damos conta disso. A preposição é a palavra que tem a função de relacionar termos ou orações. _Gosto de você! Tenho saudade de você! _E eu com isso? O diálogo que lemos anteriormente nos mostra que alguns verbos precisam de complemento – os chamados transitivos – e outros não – os chamados intransitivos. Quanto à transitividade, os verbos podem ser: • Transitivos indiretos. Aqueles que exigem complemento preposicionado; • Transitivos diretos. Aqueles que exigem complemento sem preposição; • Bitransitivos ou transitivos diretos e indiretos. Aqueles que exigem os dois tipos de complemento. _Tomou Doril, a dor sumiu Na primeira propaganda, o verbo SUMIR é intransitivo, porque seu signi�cado não transita para outra estrutura da frase: ele traz a ideia completa da ação sem necessitar de complemento. O verbo TOMAR, por sua vez, é transitivo direto, pois possui complemento sem preposição, e seu signi�cado transita para o substantivo Doril, de modo a expressar uma ideia completa. _Ela mostrou a uma família a leveza da Hortifruti. Já na segunda propaganda, o verbo MOSTRAR é bitransitivo, pois apresenta um complemento direto – “a leveza da Hortifruti” – e um indireto – “a uma família”. Regência Verbal Em uma visão bem tradicional, a regência verbal é o estudo da relação de dependência entre os verbos e seus complementos. Lidamos o tempo todo com verbos que precisam ou não de complemento: é tão normal que não nos damos conta disso. Agora, parando para re�etir, você já pensou que usar ou não uma preposição pode alterar o signi�cado de um verbo? Por exemplo, considere que um juiz diga as frases a seguir: _Eu assisto o jogo. Nesta frase, temos o sentido de “prestar assistência, ajudar, socorrer”: usa-se sem preposição. _Eu assisto ao jogo. Já nesta, temos o sentido de “ver, presenciar” e, nesse caso, a preposição é obrigatória. Observe os signi�cados do verbo assistir em relação a sua regência: Transitivo direto -> “prestar assistência, ajudar, acompanhar um doente”. Transitivo indireto -> “presenciar, ver; caber, pertencer”. Intransitivo -> “morar, residir” – pouco utilizado atualmente. Assinale a alternativa em que o signi�cado do verbo apontado entre parênteses NÃO corresponde à sua regência: a) _Com sua postura séria, o diretor assistia todos os funcionários dos departamentos da empresa. (ajudar). O verbo ASSISTIR é transitivo direto, ou seja, possui complemento sem preposição quando signi�ca 'prestar assistência' ou 'ajudar. b) _No grande auditório, o público assisiu às apresentações da Orquestra Experiemtal. (ver). O verbo ASSISTIR é transitivo indireto com o signi�cado de presenciar, ver. c) _Esta é uma medida que assite aos moradores da Vila Olímpia. (caber). O verbo ASSISTIR é transitivo indireto, ou seja, possui complemento com preposição quando signi�ca' caber'. d) _Estudantes brasileiros assistem na Europa durante um ano. (observar). O verbo ASSISTIR é intransitivo com o signi�cado de morar, residir ('na Europa' é adjunto adverbial de lugar). Assim, seguindo o que se prescreve deveríamos ter como signi�cado MORAR. Resposta: D _Não pise na grama Aqui, há o uso de: NA = preposição EM + artigo A Embora vejamos a preposição “em” regendo o verbo “pisar”, sob o olhar normativo, existe um problema na sentença. A prescrição indica que o adequado seria: _Não pise a grama. Tim Maia canta: [...] Pensei até em me mudar, lugar qualquer que não exista o pensamento em você [...] Mas a norma
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