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AJUSTES FISIOLÓGICOS NA GESTAÇÃO E DESENVOLVIMENTO FETAL Recife 2017 Centro Universitário Estácio do Recife Curso de Nutrição Nutrição Materno Infantil OBJETIVOS DA AULA Relacionar os ajustes fisiológicos e hormonais com as alterações específicas da gravidez; Estabelecer a relação entre o estado nutricional materno com o desenvolvimento do feto; Identificar os fatores de risco que interferem na morbimortalidade materna e fetal. CONSIDERAÇÕES INICIAIS - FECUNDAÇÃO CONSIDERAÇÕES INICIAIS - FECUNDAÇÃO PLACENTA CONSIDERAÇÕES INICIAIS GESTAÇÃO: FASE DE MUDANÇAS A gestação é acompanhada de alterações: Fisiológicas e hormonais Anatômicas Psicológicas e sociais REGULAR o metabolismo materno GARANTIR o crescimento fetal PREPARAR para o parto e lactação PSICOLÓGICAS SENSORIAIS SOCIAIS GASTROINTESTINAIS ANATÔMICAS METABÓLICAS/NUTRICIONAIS DIAGNÓSTICO Diagnóstico Clínico: •Sinais de Presunção: 4 semanas (amenorreia); 5 semanas (náuseas pela manhã) •Probabilidade: Aumento do volume abdominal •Certeza: 12 semanas (auscultar batimentos sonar Doppler) ; 20-21 semanas (ausculta estetoscópio de Pinard). DIAGNÓSTICO Diagnóstico Hormonal: •É o parâmetro mais precoce e exato para o diagnóstico; •Investiga a produção do hormônio gonadotrofina coriônica humana (HCG) na urina ou no sangue; •Secreção intensa na fase inicial da gestação; •A subunidade β é sinal de certeza da gestação (βHCG). DIAGNÓSTICO Diagnóstico Ultrassonográfico: •Com 4 semanas de amenorreia: identificar o saco gestacional (parte superior do útero); •Com 6 e 7 semanas: eco embrionário; •Com 12 semanas: placenta pode ser identificada; •Com 16 semanas: estrutura bem definida. ENDOCRINOLOGIA • até 8 e 9 semanas de gestação. • estímulo para a produção de HCG, responsável pela secreção de esteroides; Ovariana • a partir de 8 e 9 semanas de gestação, a placenta passa a produzir esteroides em quantidades crescentes Placentária ALTERAÇÕES HORMONAIS Responsáveis pelas modificações corporais que irão permitir o desenvolvimento fetal, o parto e a lactação: •Tipos: 1. Esteroides: Progesterona e Estrogênio 2. Protéicos: Gonadotrofina Coriônica (HCG) e Lactogênio placentário humano ALTERAÇÕES HORMONAIS Gonadotrofina Coriônica Humana (HCG): •Fonte primária de secreção: células do trofoblasto e placenta; •Impede a rejeição imunológica do embrião; •Estimula a produção de relaxina pelo ovário; •Estimula a produção de progesterona pelo ovário. ALTERAÇÕES HORMONAIS Progesterona •Produzido antes de 8 e 9 semanas de gestação, é indispensável ao êxito da implantação e da placentação; •Reduz a motilidade do TGI; •Favorece a deposição materna de gordura; •Aumenta a excreção renal de sódio (efeito natriurético); •Interfere no metabolismo do ácido fólico; •Estimula o apetite materno na 1ª metade da gestação. ALTERAÇÕES HORMONAIS Estrogênio (placenta) •Reduz as proteínas séricas e aumenta as propriedades hidroscópicas dos tecidos; •Interfere no metabolismo do ácido fólico; •Causa hiperpigmentação cutânea; •Promove o desenvolvimento do tecido glandular mamário; •Em conjunto com a progesterona, inibe a secreção de prolactina no eixo hipotálamo-hipofisário (evita a secreção de leite durante a gestação). ALTERAÇÕES HORMONAIS Lactogênio Placentário Humano (HPL) ou Somatomamotrofina Coriônica Humana (HCS) placenta •Ação mamotrófica na gravidez; •Promove glicogenólise, aumentando a glicemia materna associada à resistência insulínica; •Promove a lipólise e elevação dos níveis sanguíneos de ácidos graxos livres; •Bloqueio da retirada de glicose circulante pela célula, favorecendo a captação de glicose e aminoácidos pelo feto. PLACENTA •É constituída pela porção fetal (derivada do saco coriônico) e pela porção materna (derivada do endométrio). •Exerce funções primordiais na gestação: 1. Metabólica (síntese de glicogênio, colesterol, ácidos graxos e, provavelmente, funciona como um reservatório de nutrientes e de energia para o embrião); 2. Endócrina: produção de estrogênio e progesterona; de troca e proteção do concepto; 3. A IgG é a única imunoglobulina que cruza a placenta, conferindo imunidade ao bebê das mesmas doenças que a mãe está protegida. PLACENTA Função: Transferência de Nutrientes Difusão simples: processo passivo; Sangue materno (+ concentrado) → Sangue fetal (-concentrado); Nutrientes absorvidos: O2, CO2, vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K), hidratos de carbono com peso molecular < 1000, eletrólitos, ácidos graxos, água; Difusão facilitada: Presença de um transportador na membrana que tem especificidade por uma ou mais substâncias (é mais rápido); Nutrientes absorvidos: carboidratos; Transporte ativo: Exige energia; é contra o gradiente eletroquímico; realizado por um transportador de membrana; Nutrientes absorvidos: aminoácidos, cálcio, ferro, iodo, vitaminas hidrossolúveis; Pinocitose ou endocitose: Grandes moléculas proteicas, lipoproteínas, fosfolipídios. ALTERAÇÕES METABÓLICAS •Ocorre um aumento da TMB entre 15 a 20% a partir do 3º mês. Suprir as necessidades fetais Custo energético materno (aumento das funções renais e cardíacas) ALTERAÇÕES NO METABOLISMO DOS CARBOIDRATOS •O feto requer de glicose e aminoácidos (a.a.) para o seu crescimento, mesmo em jejum materno; •Para atender essas exigências ocorrem ajustes metabólicos: 1. menor utilização periférica de glicose (diminuição de 40 a 50% a partir do 3º trimestre); 2. ineficácia da insulina devido à redução da sensibilidade tecidual materna à insulina (apesar da hiperplasia das células β pancreáticas). ALTERAÇÕES NO METABOLISMO DE PROTEÍNAS Os a.a. e a energia são essenciais para a síntese tecidual fetal e de estruturas maternas; •Os níveis séricos de a.a. são menores na gestação; •A hemodiluição provoca redução das proteínas plasmáticas e da albumina = EDEMA. ALTERAÇÕES METABOLISMO LIPÍDEOS Visando preservar glicose para o feto e o sistema nervoso materno ocorrem ajustes no metabolismo lipídico •Há mais mobilização de lipídios corporais para energia: elevação dos níveis plasmáticos de ácidos graxos, triglicerídeos, colesterol •Ocorre maior deposição de gordura para posterior lactação. ALTERAÇÕES NO SISTEMA CIRCULATÓRIO E EQUILÍBRIO HIDROELETROLÍTICO Aumento de 30 a 40% no rendimento cardíaco; Pressão arterial: no 2º trimestre: queda na pressão sistólica (3-4mmHg) e na diastólica (10- 15mmHg) ; no 3º trimestre: retorno aos níveis pré-gravídicos; •Volume sanguíneo: aumento de 45 a 50% (início do 3º trimestre ); •Aumento do volume globular: ↑ 25%; •Conteúdo de hemoglobina: ↑ 20%; •Ocorre anemia fisiológica: menores taxas de hematócrito e hemoglobina associados à elevação desproporcional do volume plasmático. Fluxo renal: ↑ cerca de 50% no 1o trimestre e ↓ no último mês; Fluxo sanguíneo cerebral e hepático se mantêm inalterados; Cerca de 70% do ganho de peso durante a gestação corresponde a ganho hídrico; O sódio é essencial para manter oequilíbrio hidroeletrolítico; ALTERAÇÕES NO SISTEMA CIRCULATÓRIO E EQUILÍBRIO HIDROELETROLÍTICO •Sistema Urinário: fluxo de urina mais retardado: obstrução mecânica dos ureteres pela dilatação das veias ovarianas, aumentando a predisposição às infecções urinárias; •Aumento da taxa de filtração glomerular desde o 2º mês e do fluxo renal; ALTERAÇÕES NO SISTEMA CIRCULATÓRIO E EQUILÍBRIO HIDROELETROLÍTICO ALTERAÇÕES SISTEMA DIGESTÓRIO •Sintomas comuns no 1º trimestre: náuseas e vômitos matinais x apetite aumentado e desejos; •Gengivas edemaciadas, hiperêmicas, sangram com facilidade: ação de HCG, progesterona e estrogênio; •Redução na secreção gástrica: 1º e 2º trimestres; •Sialorreia; •Hipotonia do trato gastrointestinal: aumenta absorção x constipação. ALTERAÇÕES DO SISTEMA RESPIRATÓRIO Aumento da ventilação pulmonar: redução pCO2 (facilitando a eliminação fetal) e aumento da pO2 no sangue materno (ação da progesterona); •Alterações anatômicas que melhoram as trocas gasosas; •Mais movimentação do diafragma e tórax. ALTERAÇÕES DE POSTURA E COMPORTAMENTO •Postura: Ocorre tendência à lordose devido a alteração no centro de gravidade; •Modificações psicológicas: a progesterona tem efeito depressivo sobre o sistema nervoso e influencia o comportamento introspectivo da mulher; Socioculturais: Hiperêmese gravídica, bulimia, ganho de peso, ansiedade. NUTRIÇÃO MATERNA NO DESENVOLVIMENTO FETAL Blastogênese: •Inicia-se na fecundação e se estende até a 2ª semana de gestação; •Período hiperplásico: rápido aumento do número de células; •O óvulo fecundado sofre divisão celular dando origem ao embrião; •Ácido fólico e vitamina B 12 são essenciais: associados à síntese de ácidos nucléicos: essenciais para a divisão e crescimento celular. Embriogênese: Estende-se até a 60º dia de gestação •Nesta fase, a replicação celular contínua associada à hipertrofia (aumento do tamanho celular); •Diferenciação celular: formação de tecidos e órgãos; •Período de grande vulnerabilidade para o desenvolvimento fetal e de risco de problemas nutricionais; •Ácido fólico, vitamina A, niacina e vitamina B12 são fundamentais; •Deficiência de ácido fólico: malformação do tubo neural. NUTRIÇÃO MATERNA NO DESENVOLVIMENTO FETAL Fetal: •A partir do 3º mês até o final da gestação; •Período de crescimento rápido e hipertrofia celular; •O feto aumenta de 6g a 3,0-3,5Kg ao nascimento. NUTRIÇÃO MATERNA NO DESENVOLVIMENTO FETAL O QUE É PROGRAMAÇÃO FETAL? Programação Intrauterina para Doenças da Vida Adulta ou hipótese de Barker. Relação entre as condições de vida intrauterina e a saúde no ciclo da vida vem sendo estudada. Há fortes evidências de que o crescimento intrauterino restrito (CIUR) faz com que o feto desenvolva um metabolismo econômico (hipótese do “Fenótipo Econômico”) e que essa programação vantajosa para sua sobrevivência intraútero pode ser deletéria mediante uma dieta rica em calorias ao longo da vida. Alterações no metabolismo do indivíduo, provocando doenças crônicas: como excesso de peso, diabetes, hipertensão e doenças coronarianas. Barker, 1986 FATORES QUE INTERFEREM NO RESULTADO DA GESTAÇÃO Variáveis IMC Pré gestacional Ganho de peso Idade materna Trabalho físico excessivo Intervalo interpartal Fumo, Drogas e Álcool REFERÊNCIAS ACCIOLY, E ; SAUNDERS, C ; LACERDA, E. Nutrição em obstetrícia e pediatria. 2. ed. Rio de Janeiro: Cultura Médica: Guanabara Koogan, 2009. cap. 6 MONTEIRO, J & CAMELO JR, J. S. Nutrição e metabolismo: caminhos da nutrição e terapia nutricional: da concepção à adolescência. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. cap. 1 VITOLO, M. R. Nutrição: da gestação ao envelhecimento. Rio de Janeiro: Ed. Rubio, 2008.
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