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Aspectos Nutricionais na Fibrose Cística Isis Suruagy INTRODUÇÃO A fibrose cística (FC) ou mucoviscidose é uma doença hereditária autossômica recessiva Emergiu, nos anos 70, da obscuridade para o reconhecimento como a mais importante doença hereditária potencialmente letal Melhora da sobrevida devido ao avanço científico, procedimento de diagnóstico e tratamento Idade média de sobrevida dos pacientes é de cerca de 37 anos MAHAN LK et al., 2010. RIBEIRO DJ, et. al. 2002. FIATES GMR. et.al. 2001. EPIDEMIOLOGIA Prevalência de 1/2500 nascidos vivos na etnia branca No Brasil não há estudos epidemiológicos que permitam estimar incidência, uma vez que menos 10% total anual de casos são diagnosticados DIRETRIZ, 2011. MAHAN LK et al., 2010. ROSA FR, et al., 2008 GENÉTICA RIBEIRO DJ, et. al. 2002 Quando cada um dos pais tem um gene para a FC, em cada gestação, o risco de nascer um filho com e sem a doença é de 25% e 75%, respectivamente. Probabilidade de nascer um filho saudável, mas com um gene para FC é de 50%. FISIOPATOLOGIA Mutação no braço longo do cromossomo 7que transcreve a proteína CFTR (regulador de condutância transmembranar da fibrose cística) Disfunção da proteína que atua como canal de cloro nas membranas apicais das células epiteliais Alterações na via do sódio, muco, grânulos secretórios e organelas intracelulares. Secreção de cloro e menor reabsorção de Na e água Alterações nas propriedade físico-químico do muco, tornando-o mais viscoso podendo obstruir ductos de vários órgão afetados MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Podem ser muito variáveis e ocorrer precocemente, ou na vida adulta O acometimento do trato respiratório associa-se com morbimortalidade Manifestações respiratórias A doença pulmonar evolui em praticamente 100% dos pacientes RIBEIRO DJ, et. al. 2002 MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS Manifestações digestivas São na maioria, secundárias à insuficiência pancreática. Insuficiência pancreática Presente em cerca de 80%- 85% até o final do 1º ano de vida, e em 90% na vida adulta. RIBEIRO DJ, et. al. 2002 MANIFESTAÇÕES DIGESTIVAS E PANCREÁTICAS Obstrução dos canalículos pancreáticos, por tampões mucosos Impedimento de liberação de enzimas para duodeno Má digestão e má absorção de gordura, proteína e carboidrato Diarreia crônica, com fezes volumosas, gordurosas e pálidas RIBEIRO DJ, et. al. 2002 Desnutrição progressiva pela perda de calorias e proteínas através da má digestão alimentar O metabolismo alterado dos sais biliares favorece a formação de cálculos biliares em aproximadamente, 12 – 15% dos paciente Aproximadamente 5% dos pacientes apresentam cirrose hepática, sendo a retenção de sais biliares um fator contribuinte para o aparecimento da doença hepática ROSA FR, et. al. 2008 MANIFESTAÇÕES HEPATOBILIARES DIAGNÓSTICO • Um resultado positivo no teste do suor • Presença de doença pulmonar crônica • Déficit de crescimento • Má absorção ou história familiar de FC Critérios diagnósticos: Nos países desenvolvidos, a maioria dos pacientes tem diagnóstico antes dos dois anos de idade. No Brasil, 40 a 50% dos casos são diagnosticados após três anos de idade MAHAN LK et al., 2010; DE BOECK et al., 2006; RIBEIRO DJ et al., 2002 TRATAMENTO O tratamento pré-sintomático é o mais indicado e tem como objetivo adiar as infecções pulmonares. Embora grandes avanços tenham sido alcançados, o tratamento por meio da terapia genética, para recuperar a expressão correta do gene ou que regule o sistema de transporte de íons, é ainda experimental. Deve-se estabelecer um tratamento visando à profilaxia das infecções e das complicações ROSA FR, et. al. 2008. RIBEIRO DJ, et. al. 2002 E COMO SERIA O TRATAMENTO NUTRICIONAL? TERAPIA NUTRICIONALL Controle da má-digestão e má-absorção Enzimas pancreáticas (Terapia de substituição das enzimas pancreáticas) MAHAN LK et al., 2010. BRADY et al., 2006. KALNINS et al., 2006. Quantidade de enzima ingerida depende do grau de insuficiência pancreática; quantidade de gordura, proteína e carboidrato ingerida e tipo de enzima utilizada • Educação continuada do paciente e dos familiares em relação à doença • Profilaxia das infecções com um programa vacinal completo • Detecção precoce e controle da infecção pulmonar • Fisioterapia respiratória e melhora da obstrução brônquica • Correção da insuficiência pancreática • Apoio nutricional, com orientações em relação à dieta e suplementação de vitaminas • Monitoramento da progressão da doença Objetivos gerais do tratamento: TERAPIA NUTRICIONALL RIBEIRO DJ, et. al. 2002 TERAPIA NUTRICIONALL DITEN (2011) Necessidade energéticas 120% a 150% das RDAs, devido gasto energético basal decorrente da doença pulmonar Macronutrientes Proteínas 12% a 15% do total de calorias Lipídeos 40% do total de calorias, conforme tolerado Carboidratos 50% do valor energético total Micronutrientes Vitaminas hidrossolúveis Com suplementação das enzimas pancreáticas, parecem ser adequadamente absorvidas Vitaminas lipossolúveis Apesar da suplementação enzimática, permanecem sendo absorvidas de forma inadequada TERAPIA NUTRICIONAL Foi documentada na FC a existência de: Menores concentrações séricas de Vit A e E e dos minerais zinco, selênio, magnésio e cobre Níveis dos metabólitos daVit D As necessidade de Na aumentadas devido à maior perda no suor TERAPIA NUTRICIONAL Suplementação vitamínica para crianças e adolescentes portadores de fibrose cística REFERÊNCIAS Ribeiro DJ et al. Controvérsias na fibrose cística – do pediatra ao especialista. Jornal de Pediatria -Vol. 78, Supl.2, 2002. Diretrizes clínicas na saúde suplementar. Fibrose cística: diagnóstico e tratamento, 2011. Fiates GMR et al. Estado nutricional e ingestão alimentar de pessoas com fibrose cística. Rev. Nutr., Campinas, 14(2): 95-101, maio/ago., 2001. Ramsey BW et al. Nutritional assessment ad management in eystic fibrosis: a consensus report, The Consensus Committee, Am F Clin Nutr 55:108, 1992. Rosa FR et al. Fibrose cística: uma abordagem clínica e nutricional. Rev. Nutr., Campinas, 21(6):725-737, nov./dez., 2008. Reis FJC et al. Fibrose cística. Artigo de revisão, jornal de Pediatria - Vol. 74, Supl. 1, 1998. REFERÊNCIAS Brady MS et al: Na enteric-coated high-buffered pancrelipase reduces steatorrhea in patients with cystic fibrosis: a prospective, randomized study, F Am Diet Assoc 106:1181, 2006. Kalnins D et al: Enteric-coated pancreatic enzyme with bicarbonate is equal to standard enteric-coated enzyme in treating malabsorption in cystic fibrosis, F Pediatr Gastroenterol Nutr 42:256, 2006. Mahan LK et al. Krause alimentos, nutrição e dietoterapia. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010.
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