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Curso: Licenciatura em Pedagogia Disciplina: Psicologia Sociointeracionista A FORMAÇÃO SOCIAL DA MENTE L. S. VIGOTSKI O livro é uma coletânea de ensaios de Vygotsky, conforme foi sugerido por Alexander Luria um de seus colaboradores, onde representa toda sua produção teórica geral, na qual a relação entre pensamento e linguagem é um dos aspectos mais importantes. Quando Vygotsky apareceu em cena a situação da psicologia na Rússia não era muito diferente da europeia onde o estudo da natureza humana era um tributo da filosofia, e está estava designado ao estudo da alma. Assim a psicologia movia-se entre escolas antagônicas, cada uma procurando oferecer explicações parciais para alguns fenômenos. Mesmo com a psicologia dividida em duas metades irreconciliáveis: um ramo com características de “ciência natural” e outro com características de “ciência mental, o que Vygotsky procurou foi uma abordagem abrangente que possibilitasse a descrição e a explicação das funções psicológicas superiores, em termos aceitáveis para as ciências naturais. Os estudos de Vygotsky têm por objetivo caracterizar os aspectos tipicamente humanos do comportamento e elaborar hipóteses de como essas características se desenvolveram durante a vida do indivíduo e enfatiza três aspectos: Relação entre seres humanos e o seu ambiente físico e social; as novas formas de atividade que fizeram com que o trabalho fosse o meio fundamental de relacionamentos entre o homem e a natureza e as consequências psicológicas dessas formas de atividade; a natureza das relações entre o uso de instrumento e desenvolvimento da linguagem. Experiências feitas por Vygotsky demonstraram que a fala da criança é tão importante quanto a ação para atingir um objetivo. Sua fala e ação fazem parte de uma mesma função psicológica complexa, dirigida para a solução do problema em questão. Ele concluiu que quanto mais complexa a ação exigida pela situação e menos direta a solução, maior a importância que a fala adquire na operação como um todo. E que as crianças resolvem suas tarefas práticas com a ajuda da fala, assim como dos olhos e das mãos. Mas a fala é a parte essencial do desenvolvimento cognitivo da criança. A linguagem, por ser uma capacidade especificamente humana, possibilita as crianças a providenciarem instrumentos auxiliares na solução de tarefas difíceis, a superar a ação impulsiva, a planejar uma solução para um problema antes de sua execução e a controlar seu próprio comportamento. Signos e palavras constituem para as crianças, primeiro e acima de tudo, um meio de contato social com outras pessoas, pois a relação do ser humano com o mundo não é uma relação direta, mas uma relação mediada, sendo os sistemas simbólicos os elementos intermediários entre o sujeito e o mundo. Vygotsky diz que a percepção é parte de um sistema dinâmico de comportamento por isso, a relação entre as transformações dos processos perceptivos e as transformações em outras atividades intelectuais é de fundamental importância, pois o processo de seleção da criança é externo e concentrado na esfera motora, ela realiza sua seleção à medida que desenvolve qualquer um dos movimentos que a escolha requer. E esses processos perceptivos da criança leva a reconstrução básica de uma outra função fundamental, a memória. É ela que irá tornar disponíveis fragmentos do passado como, também, transforma-se num novo método de unir elementos da experiência passada com o presente. Esse sistema psicológico emergente na criança engloba duas novas funções: as intenções e as representações simbólicas das ações propositadas. Com relação ao aprendizado, Vygotsky comenta que é mais do que a aquisição de capacidade para pensar; é a aquisição de muitas capacidades especializadas para pensar sobre várias coisas. O aprendizado desenvolve várias capacidades de focalizar a atenção sobre várias coisas, e que ao dar um passo no aprendizado, a criança dá dois no desenvolvimento, ou seja, o aprendizado e o desenvolvimento não coincidem. Numa abordagem sobre a zona de desenvolvimento proximal, o ponto de partida da discussão é o fato de que o aprendizado das crianças começa muito antes delas frequentarem a escola. A zona de desenvolvimento proximal é resumidamente à distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independe de problemas e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob orientação de uma outra pessoa ou elemento. É um domínio psicológico em constante transformação, pois aquilo que a criança é capaz de fazer com a ajuda de alguém hoje, ela conseguirá fazer sozinha amanhã. O brinquedo tem um papel marcante para desenvolvimento, não é a única atividade de prazer para criança, pois há outras atividades que dão mais prazer, como o hábito de chupar chupeta. E existem os jogos nos quais a própria atividade não é agradável que marcam a perda e ganho com frequência e é acompanhado pelo desprazer da perda. Apesar de a relação brinquedo-desenvolvimento poder ser comparada à relação instrução- desenvolvimento, o brinquedo fornece ampla estrutura básica para mudanças das necessidades e da consciência. A ação na esfera imaginativa, numa situação imaginária, a criação das intenções voluntárias e a formação dos planos da vida real e motivações volitivas – tudo aparece no brinquedo, que se constitui, assim, no mais alto nível de desenvolvimento pré-escolar. A criança desenvolve-se, essencialmente, através da atividade de brinquedo. Somente nesse sentido o brinquedo pode ser considerado uma atividade condutora que determina o desenvolvimento da criança. Com relação a linguagem escrita Vygotsky afirmava que apesar da existência de muitos métodos para se ensinar a ler e escrever, a pedagogia prática necessitava ainda de desenvolver um procedimento científico efetivo para o ensino de linguagem escrita às crianças. Explica-se essa situação por fatores históricos. Para ele o domínio de um sistema tão complexo de signos não pode ser alcançado de forma mecânica e externa; ao invés disso, esse domínio é o culminar, na criança, de um longo processo de desenvolvimento de funções comportamentais complexas. A aquisição da língua escrita é a aquisição de um sistema simbólico de representação da realidade, também contribuem para esse processo o desenvolvimento dos gestos, dos desenhos e do brinquedo simbólico, pois essas são também atividades de caráter representativo, isto é, utilizam-se de signos para representar significados. E no seu ponto de vista, seria natural transferir o ensino da escrita para pré-escola, pois as crianças mais novas são capazes de descobrir a função simbólica da escrita.
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