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1 DESENVOLVIMENTO COGNITIVO, APRENDIZAGEM E COMPORTAMENTO 1 Sumário NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM ......... 3 PRINCIPAIS CONCEPÇÕES DE DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM ........................................................................................... 4 DESENVOLVIMENTO HUMANO: CONCEITOS BÁSICOS E PRINCIPAIS CONCEPÇÕES ........................................................................... 12 TEORIAS SOBRE DESENVOLVIMENTO HUMANO ........................ 12 EPISTEMOLOGIA GENÉTICA DE PIAGET ...................................... 18 TEORIA DA MEDIAÇÃO DE VYGOTSKY ......................................... 25 REFERÊNCIAS .................................................................................. 30 2 NOSSA HISTÓRIA A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 3 PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM A Psicologia do Desenvolvimento é a área da Psicologia que se ocupa do estudo das mudanças que ocorrem com o ser humano ao longo de sua vida. Sabe-se que as mudanças na vida do ser humano ocorrem desde sua concepção até o final de sua vida, essas mudanças ocorrem em vários aspectos, tais como cognitivos, físico, afetivo. Além disso, esses aspectos são determinados geneticamente e também sofrem influência direta do contexto social em que o indivíduo está inserido. Nesta primeira unidade, você terá acesso a algumas das principais abordagens teóricas acerca do desenvolvimento humano. O estudo do desenvolvimento humano tem seu início com as publicações de Darwin acerca das suas discussões sobre a evolução da humanidade por meio da seleção natural, dando suporte para estudos posteriores. Mesmo que no início os estudos consideravam apenas o desenvolvimento infantil. Atualmente, temos muitas discussões sobre quais as mudanças que ocorrem na vida do ser humano ao longo de seu desenvolvimento até o fim de sua vida. O homem está sempre em desenvolvimento, e é importante para profissionais que lidam com os aspectos educacionais terem conhecimento sobre quais as mudanças que ocorrem no decorrer da vida do homem, bem como algumas características que permanecem estáveis. Ao longo do desenvolvimento, o sujeito lida com questões que remetem à aprendizagem, que depende tanto de aspectos do indivíduo, ou seja, os fatores biológicos determinados geneticamente, bem como dos fatores do contexto em que ele está inserido. Neste aspecto, também serão abordadas algumas teorias que procuram explicar o processo de aprendizagem dos indivíduos. Com o desenvolvimento do sujeito, esta cria elementos que lhe permitem absorver conhecimento, e com isso a aprendizagem ocorre de maneira mais satisfatória. Ao absorver conhecimento sobre elementos científicos que lhes são ensinados, há o conhecimento de si próprio e este autoconhecimento é essencial para a constituição do sujeito. 4 A subjetividade humana permite ao sujeito se reconhecer como alguém no mundo e refletir sobre seu papel como um sujeito ativo no contexto em que vive. A influência do contexto encontra suporte na teoria Sócio histórica de Vygotsky que apresenta os aspectos do desenvolvimento e da aprendizagem do sujeito influenciados pelas características do ambiente, bem como da ação do sujeito sobre esse ambiente, como um sujeito ativo. Considerando todos estes pontos, o desenvolvimento humano, sua aprendizagem bem como sua ação sobre o ambiente em que vive, o ser humano possui ainda uma característica que é exclusivamente humana e a diferencia dos demais animais. Essa característica é a linguagem, principal canal de comunicação entre as pessoas e que tem papel importante no processo de aprendizagem, visto que a linguagem tem relação direta com o pensamento e o desenvolvimento cognitivo. Além disso, o desenvolvimento da linguagem fornece subsídios para a formação do pensamento e do caráter do ser humano, enquanto ser social. PRINCIPAIS CONCEPÇÕES DE DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM O Campo do Desenvolvimento e da Aprendizagem é vasto quando se tenta compreender os aspectos que envolvem a vida do ser humano. No entanto, alguns autores se dispuseram a estudar esses aspectos e assim instituir maneiras específicas de se trabalhar com as crianças de uma forma que se possa colaborar com o seu desenvolvimento típico, bem como garantir uma aprendizagem satisfatória ao longo de sua vida nos aspectos escolares. O desenvolvimento humano ocorre desde os primórdios da humanidade, mas o aspecto científico do homem só passou a ser estudado por volta do século XIX. Em 1877, Charles Darwin publica um artigo baseado em algumas anotações que fez de seu filho durante os primeiros anos de sua vida, iniciando assim os estudos científicos sobre o desenvolvimento humano. A partir disto, os autores se ocupam em compreender o homem mediante o “estudo científico de como as pessoas mudam, bem como das características que permanecem razoavelmente estáveis durante toda a vida” (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006, p. 47). 5 No início dos estudos sobre o desenvolvimento humano, os responsáveis por esta tarefa consideravam que o desenvolvimento ocorria apenas na fase da infância. Atualmente, a maioria dos cientistas do desenvolvimento reconhece e estuda o desenvolvimento ao longo da vida do sujeito, tendo seu fim apenas com o final da vida do mesmo. É o que se conhece pelo desenvolvimento do ciclo da vida, pois não basta apenas entender como se dá este desenvolvimento durante a infância, mas também como ele continua a ocorrer durante a fase adulta e atualmente, o estudo científico do envelhecimento faz parte deste campo vasto que busca a compreensão cada vez mais detalhada da vida do ser humano. Em todos os campos de estudo sobre o ser humano, há que se considerar as diferenças de pensamentos e abordagens que tentam cada um de sua maneira explicar tais fenômenos. No campo do desenvolvimento, a história se encarrega de mostrar como as discussões evoluíram ao longo do tempo. Mas o que intriga a todos é a relação entre os aspectos individuais do sujeito versus os aspectos do ambiente. O que influencia mais no desenvolvimento humano? Seria suas características individuais, sua personalidade, seus aspectos biológicos? Ou seria os aspectos do ambiente, o contexto em que este sujeito vive que teria maior poder de influência sobre sua vida? Mas chegar a uma conclusão não é simples, por isso as diversas abordagens teóricas existem atualmente para que cada uma possa contribuir a sua maneira para a compreensão do desenvolvimento humano. O que há de consenso entre estas abordagens são as etapas em que o desenvolvimento ocorre, cada umacom suas nomenclaturas específicas, porém indicando basicamente as mesmas fases do ciclo vital. Griggs (2009) apresenta um conjunto de estágios que considera ser bastante usado principalmente por psicólogos desenvolvimentistas, cada um desses estágios seria constituído por diferentes mudanças biológicas, cognitivas e sociais. Estas fases seriam: Pré-natal (da concepção ao nascimento); primeira infância (do nascimento aos 2 anos); Infância (2 aos 12 anos); Adolescência (12 aos 18 anos); Idade adulta jovem (18 aos 40 anos); Idade adulta média (40 aos 65 anos); e Idade adulta tardia (acima de 65 anos). Vale ressaltar que essas idades são apenas idades médias, significando que cada pessoa irá passar por essas fases de desenvolvimento em idades específicas para a sua realidade. Ou 6 seja, essa seria a ordem de desenvolvimento que ocorre com todas as pessoas, a direção é a mesma para todos, o que muda é o tempo de mudança de uma fase para outra. Cada indivíduo irá ter seu tempo de desenvolvimento, uns mais rápidos, outros nem tanto. O período pré-natal e a primeira infância é a fase da vida do ser humano que vai desde a concepção até os 2 anos de idade. Essa é uma fase em que as mudanças ocorrem não só para o feto, e em seguida a criança, mas há uma mudança na vida de todos os envolvidos no fato. O desenvolvimento pré-natal se divide em três estágios: germinal, embrionário e fetal. Após a concepção, tanto fatores ambientais quanto genéticos irão influenciar o desenvolvimento. Mas como o ambiente influencia o desenvolvimento? Por meio do ambiente da mãe, ou seja, tudo o que a mãe faz pode influenciar de alguma forma o desenvolvimento do feto. O uso de bebidas alcoólicas, drogas e todos os comportamentos chamados comportamentos de risco podem de alguma forma prejudicar o desenvolvimento sadio da criança. Os principais riscos que uma criança corre neste caso são, entre outros, o retardamento mental e anormalidades faciais (GRIGGS, 2009). A idade da mãe também é um fator a ser considerado no caso de uma gravidez. Existem alguns problemas relacionados à idade da mãe. Uma gravidez antes dos 15 anos, ou acima dos 40 anos pode levar a uma prematuridade, baixo peso. A prematuridade pode ocasionar em problemas pulmonares da criança, pois os pulmões não se desenvolvem adequadamente, além de uma prematuridade também no sistema digestivo e imunológico. Logo ao nascerem, as crianças apresentam apenas movimentos reflexos, ou seja, os chamados automatismos primários, em que não há controle sobre os movimentos. Alguns destes movimentos têm características que garantem a sobrevivência da criança, tais como a sucção e a respiração, que são respostas não aprendidas, mas são indispensáveis. Os demais movimentos reflexos tendem a desaparecer em poucos meses de vida. Durante a infância a criança aprende a controlar os movimentos, aprende a sentar, a engatinhar e enfim a andar. O desenvolvimento sensorial/perceptual depende do desenvolvimento do cérebro. Se as trajetórias visuais não se 7 desenvolvem no período de bebê, a visão fica permanentemente perdida. As redes neurais que são utilizadas ficam mais fortes, já as que não são utilizadas são eliminadas. As mudanças que ocorrem ao longo do tempo podem ser entendidas de duas formas, uma quantitativa e outra qualitativa. As mudanças quantitativas durante o desenvolvimento são aquelas que correspondem às mudanças numéricas ou de quantidade como, por exemplo, o peso e a altura da pessoa, aquilo que se pode mensurar ao longo do tempo. Já as mudanças qualitativas são aquelas que ocorrem no nível de estrutura ou organização. São marcadas pelo surgimento de novos mecanismos (cognitivos, por exemplo) que permitem à criança se adaptar aos novos desafios que lhe são impostos (BELSKY, 2010). Concomitante ao estudo do desenvolvimento humano há que se considerar os aspectos da aprendizagem que ocorrem principalmente a partir das mudanças no sujeito. Direta ou indiretamente, as tradicionais áreas da Psicologia da Educação têm estudado e pesquisado situações que possam ser relacionadas à aprendizagem. Pode-se considerar como Teorias da Aprendizagem os diversos modelos existentes que procuram explicar o processo de aprendizagem nos indivíduos. Apesar da existência de diversas teorias que se ocupam de explicar o processo de aprendizagem, as que apresentam maior destaque atualmente na educação são as teorias desenvolvidas por Jean Piaget e Lev Vygotsky. A Epistemologia Genética desenvolvida por Piaget foi desenvolvida por meio da experiência com crianças desde o nascimento até a adolescência, tendo como premissa o fato de que o conhecimento é construído a partir da interação do sujeito com seu meio, a partir de estruturas existentes (PIAGET, 1974). Já os estudos de Vygotsky se baseiam na dialética das interações do sujeito com o outro e com o meio para que possa ocorrer o desenvolvimento sócio cognitivo (VYGOTSKY, 1999). A teoria cognitiva de Piaget é baseada em dois de seus interesses, a filosofia e a biologia, supondo assim que o desenvolvimento cognitivo se originava da adaptação da criança ao seu ambiente, e assim buscando promover sua sobrevivência por meio da tentativa de aprender sobre seu ambiente. Isso 8 transforma a criança em alguém que busca o conhecimento e a compreensão do mundo, mas com uma característica importante para Piaget, que é o fato da criança operar sobre este mundo. O conhecimento da criança é organizado como esquemas, que são estruturas indispensáveis para o conhecimento das pessoas, objetos, eventos entre outras coisas. Sendo assim, estes esquemas permitem que o ser humano organize e interprete as informações sobre o mundo. Na memória do ser humano (memória de longo prazo) existem esquemas para conceitos como livros ou cachorros; esquemas para eventos, como ir a um restaurante; e esquemas para ações, como andar de bicicleta. Apesar de Vygotsky e seus seguidores considerarem que a estrutura dos estágios desenvolvida por Piaget seja correta, há que se considerar uma diferença básica entre estes dois autores. Para Piaget a estruturação do organismo ocorre antes do desenvolvimento, já para Vygotsky, o desenvolvimento das estruturas mentais superiores é gerado a partir do processo de aprendizagem do sujeito (PALANGANA, 2001). Os aspectos sociais da abordagem de Vygotsky são claros e diretos. A aprendizagem ocorre com as outras pessoas, sejam os pais, os professores ou as pessoas mais próximas da criança. Para este autor, a cultura influencia tanto quanto os processos do desenvolvimento cognitivo infantil, pelo fato de que o desenvolvimento acontece dentro deste contexto cultural. No geral, o que se entende por aprendizagem é a capacidade que o sujeito apresenta, no seu dia a dia, de dar respostas adaptadas às solicitações e desafios que lhes são impostos durante sua interação com o meio. Atualmente, a aprendizagem é compreendida como um processo global, dinâmico, contínuo, individual, gradativo e cumulativo. De acordo com as características escolares, há a necessidade de que o aluno seja um processador ativo da informação que lhe é transmitida, não basta apenas ser um receptor passivo do conhecimento, o aluno precisa decodificar o que lhe é ensinado e assim absorver este conhecimento. De acordo com Papalia, Olds, Feldman (2006) são duas as principais teorias da aprendizagem: o Behaviorismo e a Teoria da aprendizagem 9 social, mas pode-se considerar o Construtivismo também como uma das mais importantes atualmente. De acordo com o pensamento dos autores behavioristas, a conduta do sujeito é passível de observação e mensuração. O início dos trabalhos desta abordagem ocorreu com John Watson (1878-1958) e Ivan Pavlov (1849- 1936),porém o estabelecimento dos princípios e da Teoria são creditados à Burruhs Skinner (1904-1990),fato que representa uma renovação do comportamentalismo watsoniano. Uma das pesquisas mais notável de Skinner é a respeito dos diferentes programas de reforço que foram desenvolvidos a partir da “Caixa de Skinner”, em que o papel necessário do reforço no comportamento operante foi demonstrado a partir das experiências com a pressão na barra pelo rato, que recebia comida toda vez que dava a resposta correta. Mas Skinner deixou claro que o reforço do mundo real nem sempre é consistente ou contínuo, no entanto, a aprendizagem ocorre e os comportamentos persistem, ainda que reforçados só intermitentemente (SCHULTZ; SCHULTZ, 2009). Para esta Teoria os comportamentos do ser humano são aprendidos, e com isso, o aspecto da aprendizagem passa a ter grande importância. O ambiente passa a ter um papel fundamental, pois o homem passa a ser produto do meio. No aspecto do ensino, ao se seguir as características do Behaviorismo, é preciso preparar e organizar as contingências de reforço que irão facilitar a aquisição dos esquemas e dos diferentes tipos de condutas desejadas. Esse planejamento e organização das contingências ficaria a cargo do professor. As pesquisas comportamentais concentram-se na aprendizagem associativa, em que se forma uma ligação mental entre dois fatos. Dois tipos de aprendizagem associativa são o condicionamento clássico e o condicionamento operante (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). Para Skinner (2006), a principal característica do condicionamento clássico é que uma pessoa ou um animal aprende uma resposta reflexiva a um estímulo que originalmente não a provocava, depois que o estímulo é repetidamente associado a outro que provoca a resposta. Este tipo de aprendizagem foi descrito inicialmente a partir dos estudos de Pavlov em seus 10 estudos com cães, que aprendiam a salivar quando ouviam uma sineta que tocava na hora da alimentação. O autor coloca ainda que, no caso do condicionamento operante, um comportamento originalmente acidental (por exemplo, o sorriso), torna-se uma resposta condicionada, ou seja, o sujeito aprende com as consequências de “operar” sobre o ambiente. A partir dos estudos com ratos e pombos, Skinner afirmava que os mesmos princípios poderiam ser aplicados aos seres humanos. Com isso, chegou à conclusão de que o sujeito tende a repetir uma resposta que foi reforçada, e ao contrário, tente a suprimir uma resposta que foi punida. crianças aprendem comportamentos sociais a partir da observação e imitação de modelos. Tem como seu principal representante Albert Bandura (1925), e pode ser considerada uma forma de comportamentalismo menos extrema que a de Skinner, que reflete e reforça o impacto do interesse renovado pelos fatores cognitivos. Outra diferença é que a Teoria da Aprendizagem Social considera o aprendiz como sujeito ativo, com isso, a pessoa atua sobre o ambiente, e em até certo ponto, cria o ambiente (BANDURA; POLYDORO; AZZI, 2008). A abordagem de Bandura estuda o comportamento tal como é formado e modificado em situações sociais, ou seja, na interação com outras pessoas. Reconhece a importância da cognição, consideram as respostas cognitivas às percepções, em vez de respostas basicamente automáticas ao reforço ou à punição, como centrais para o desenvolvimento. Essa imitação realizada pelas crianças no processo de aprendizagem depende do que elas percebem que é valorizado em sua cultura. Nem sempre o reforço está presente, e a criança pode aprender determinado tipo de comportamento na ausência de reforço diretamente vivenciado. Com isso, aprende--se pela observação do comportamento e das consequências deste comportamento de outra pessoa. Consequentemente, esta capacidade de aprender pelo exemplo supõe a aptidão de antecipar e avaliar consequências apenas observadas em outras pessoas e ainda não vivenciadas. As pesquisas de Bandura sobre a auto eficácia trouxeram discussões sobre uma forma de as pessoas enfrentarem as situações cotidianas. Esse auto 11 eficácia seria o sentido de autoestima ou de valor próprio de um sujeito, a sensação de adequação e eficiência em tratar dos problemas da vida. Sujeitos com alto eficácia elevada apresentam a capacidade de lidar com todos os eventos de sua vida, eles esperam superar obstáculos e, como resultado, buscam desafios, perseveram e mantêm um alto nível de confiança em sua aptidão para ter êxito (SCHULTZ; SCHULTZ, 2009). A terceira das teorias aqui abordadas é o Construtivismo, que é compreendido como a corrente teórica da educação que explica como a inteligência humana se desenvolve. Neste ponto, suas discussões são construídas partindo do princípio de que o desenvolvimento da inteligência é determinado pelas ações mútuas entre indivíduo e meio. É uma teoria que surge a partir dos estudos da Epistemologia Genética de Jean Piaget e da Teoria Sócio--histórica de Lev Vygotsky. Estas influências levaram à crença de que o homem não nasce inteligente, mas que também não é um sujeito passivo no mundo. Mesmo sendo estimulado pelo meio externo, o homem é capaz de agir sobre estes estímulos para construir e organizar o seu próprio conhecimento. Quanto mais ele age sobre o meio, mais elaborada será sua organização cognitiva (COLL; SCHILLING, 2004). De acordo com a teoria piagetiana, para conhecer os objetos, o sujeito tem que agir sobre eles e, por conseguinte, transformá-los: tem que deslocá-los, agrupá-los, combiná-los, separá-los e juntá-los. Neste sentido, o conhecimento não é nem uma cópia interior dos objetos, ou acontecimentos do real, nem meros reflexos desses objetos e acontecimentos que se imporiam ao sujeito. Partindo deste princípio, a aprendizagem é considerada uma constante busca do significado das coisas. Esse significado é construído a partir da globalidade e das partes que constituem aquilo que se quer conhecer. Como ponto fundamental de aprendizagem, aprender é construir o seu próprio significado e não encontrar respostas certas dadas por outra pessoa. 12 DESENVOLVIMENTO HUMANO: CONCEITOS BÁSICOS E PRINCIPAIS CONCEPÇÕES Prezado aluno, são muitas as discussões acerca do desenvolvimento humano. Algumas abordagens teóricas serão apresentadas nesta segunda unidade, na tentativa de lhe proporcionar um conhecimento básico acerca de cada uma delas. Isso se faz necessário para que fique claro as diferenças e as semelhanças entre cada uma delas. Em cada uma destas abordagens um autor se destaca como principal representante, a partir desta referência sua compreensão fica mais nítida acerca do que se trata uma abordagem ou outra. Para facilitar a compreensão dessas abordagens, serão apresentadas, nesta unidade, teorias de dois autores que na atualidade são muito discutidas também no contexto escolar. Uma delas é a Epistemologia Genética de Jean Piaget, e a outra é a Abordagem Histórico-social de Lev Vygotsky, esta segunda com destaque para o processo de mediação que deve ser realizado principalmente pelo professor durante o processo de aprendizagem. Basicamente, a Epistemologia Genética de Piaget consiste em uma síntese de teorias já existentes, o apriorismo e o empirismo. A partir disto, considera que o conhecimento é resultado da interação do sujeito com o meio em que habita, ou seja, este conhecimento depende tanto das estruturas cognitivas do sujeito como de sua relação com os objetos externos. Já Vygotsky apresenta conceitos com os signos e os instrumentos que são construções da mente humana que estabelecem uma relação de mediação entre o homem e a realidade. Espero que com estes pontos que serão abordados nesta unidade, você, caro aluno, possa compreender melhor alguns aspectos acerca do desenvolvimento humano, principalmente os conceitos-chave presentes nas Teorias de Piaget e Vygotsky. Creio que isto irá levá-lo a uma reflexão acerca de sua prática profissional,a partir dos referenciais teóricos aqui presentes. TEORIAS SOBRE DESENVOLVIMENTO HUMANO As diversas teorias existentes sobre o desenvolvimento humano se ocupam por explicar como o ser humano vive de acordo com algumas 13 características específicas que o acompanham ao longo da sua vida. Muitas delas apresentam um estudo do comportamento humano baseado em estágios, determinando assim as mudanças que ocorrem em determinadas idades. A grande discussão que gira em torno das explicações acerca do desenvolvimento humano é justamente sobre as questões biológicas e as questões do ambiente. Ou seja, é o ambiente que determina o desenvolvimento do sujeito? Ou são suas características genéticas que moldam as principais características e traços de personalidade? É o grande ponto, natureza (biologia) versus criação (ambiente) (BELSKY, 2010). Sobre as teorias mais estudadas acerca do desenvolvimento humano podem-se citar, de acordo com Papalia, Olds e Feldman (2006), as Teorias Psicanalíticas, as Teorias Comportamentalistas/Behavioristas, as Teorias Cognitivas e as Teorias Humanistas. A perspectiva Psicanalítica é responsável pelo estudo do inconsciente, que seria o responsável pelas forças que motivam o comportamento humano. Seu principal representante e criador da Psicanálise foi Sigmund Freud (1856- 1939), que tinha o objetivo, por meio da abordagem terapêutica, de fazer o paciente compreender os conflitos emocionais inconscientes (NASIO, 1995). Para explicar o desenvolvimento humano a partir dos atributos da Psicanálise, Freud apresenta algumas fases do seu chamado Desenvolvimento Psicossexual. Acreditava que a personalidade do sujeito era formada nos primeiros anos de vida, momento em que conflitos inconscientes emergem na vida da criança. Esses conflitos ocorrem entre seus impulsos biológicos inatos e as exigências da sociedade em que ele está inserido (GRIGGS, 2009). São cinco as fases apresentadas pelo autor, fase oral (do nascimento aos 12-18 meses), fase anal (12-18 meses aos 3 anos), fase fálica (3 a 6 anos), fase de latência (6 anos até puberdade), e a fase genital (puberdade até fase adulta). Dentre estas, as três primeiras eram consideradas cruciais para o desenvolvimento da personalidade humana. Cruciais porque neste momento é essencial que a criança receba gratificações adequadas, pois ao receber pouca ou excessiva gratificação há a possibilidade de desenvolver uma fixação na fase 14 correspondente. Esta fixação é compreendida como uma interrupção no desenvolvimento que pode aparecer na personalidade adulta. A personalidade, segundo Freud, era composta por três instâncias psíquicas, o id, o ego e o superego. A busca pela satisfação imediata, presente principalmente nos recém-nascidos, ocorre porque nesta fase o que governa o psíquico do sujeito é o id. Já o ego representa a razão ou o senso comum, e este irá se desenvolver por volta do primeiro ano de vida, esta razão se ocupa em satisfazer as necessidades do id desde que sejam aceitáveis para o superego, que se desenvolve aproximadamente aos 5 ou 6 anos. O grau elevado de exigência do superego pode levar o sujeito a se sentir culpado caso suas demandas não sejam atendidas. O método psicanalítico de Freud influenciou muito a psicoterapia atual, que ainda segue seus princípios com propriedade (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). Como já abordado anteriormente sobre o Behaviorismo, este é o principal representante das Teorias Comportamentalistas. Skinner, discípulo de Watson, se ocupa do papel de explicar a ação voluntária do ser humano, desde a formação de suas primeiras palavras até o domínio de matemática superior, por meio do condicionamento operante. Neste processo, as respostas que são recompensadas (ou reforçadas) são aprendidas, já as respostas que não são reforçadas tendem a desaparecer ou se extinguir (BAUM, 1999). Watson desejava uma psicologia objetiva, uma ciência do comportamento que só lidasse com atos comportamentais que eram possíveis de serem observados, possíveis de serem descritos em termos de estímulo e resposta. Como trabalhava com animais, queria aplicar suas descobertas também nos seres humanos. Considerando o reforço como responsável pelas respostas aprendidas, este é um fenômeno desenvolvi mental poderoso para o bem e para o mal. A explicação para isso pode ser encontrada em qualquer situação da vida cotidiana. Basta observar como uma pessoa age após receber um elogio. Após o elogio (que neste caso é o reforço) a tendência é de que a pessoa continue com o comportamento que a levou a receber o elogio. 15 Porém, pode-se falar ainda em modificação do comportamento, ou terapia comportamental, que é um exemplo de condicionamento operante utilizado para eliminar um comportamento indesejável ou promover um comportamento positivo. Esta modificação de comportamento pode ser eficaz quando aplicada em crianças com necessidades especiais. O retorno da Psicologia aos aspectos da consciência humana por volta da metade do século XX, caracteriza-se pelo início das discussões sobre a Psicologia Cognitiva, que tem em Jean Piaget (1896-1980) um de seus representantes mais característicos, por meio de seus estudos acerca do desenvolvimento infantil em termos de estágios cognitivos (BELSKY, 2010). A Perspectiva Cognitiva se preocupa com os processos de pensamento e com o comportamento que reflete tais processos. Com isto se diferencia do comportamentalismo em vários pontos. Um deles é o fato de que os cognitivistas se concentram no processo do conhecimento, e não na simples resposta a estímulos. As respostas, no caso dos cognitivistas, são usadas como fontes para a inferência dos processos mentais que as acompanham. Outro ponto de diferenciação corresponde ao interesse dos psicólogos cognitivistas pela forma como a mente estrutura ou organiza a experiência. Por último, de acordo com a perspectiva cognitiva, o indivíduo organiza ativa e criativamente os estímulos recebidos do ambiente (SCHULTZ; SCHULTZ, 2009). De acordo com Piaget, o desenvolvimento cognitivo do ser humano inicia com uma capacidade inata desse de se adaptar ao ambiente. Esse desenvolvimento ocorre por meio de estágios qualitativamente diferentes, que são: Sensório-motor (do nascimento aos 2 anos); Pré-operatório (2 a 7/8 anos); Operatório-concreto (8 a 11 anos); e Operatório-formal (11 anos a toda idade adulta). Os aspectos específicos da teoria Piagetiana serão melhor discutidos em tópicos posteriores. No final do século XX, os teóricos considerados neon piagetianos começaram a incorporar alguns elementos da teoria de Piaget à abordagem de processamento de informações. Com isso, concentraram-se em conceitos, estratégias e habilidades específicas, ou seja, acreditam que as crianças se 16 desenvolvem cognitivamente ao se tornarem mais eficientes no processamento de informações. As teorias humanísticas surgiram por volta de 1960, como resposta à abordagem psicanalítica determinista e à abordagem psicológica comportamental que eram as principais teorias que fundamentavam as pesquisas naquela época. Assim, a abordagem humanística se centra nas motivações positivas de nossas ações e desenvolvimento, especialmente o crescimento pessoal (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). Os principais pontos desta abordagem são a ênfase na experiência consciente; a crença na integralidade da natureza e da conduta do ser humano; a concentração no livre arbítrio, na espontaneidade; e o estudo de tudo o que tenha relevância para a condição humana. A partir disto, há uma atenção especial aos fatores internos na personalidade como sentimentos, valores e esperanças. Os representantes mais característicos desta abordagem são Abraham Maslow (1908-1970) e Carl Rogers (1902-1987) (HALL; CAMPBELL; LINDZEY, 2000). Maslow se preocupava em compreender as elevadasrealizações que os seres humanos são capazes de alcançar, desencadeando assim em uma teoria da personalidade em que o sujeito se concentra na motivação para crescer, para se desenvolver e realizar o eu a fim de concretizar de modo pleno suas capacidades e potencialidades humanas. A partir de seus estudos, identificou uma hierarquia de necessidades, ou seja, uma ordem das necessidades que motivam o comportamento humano. A partir desta hierarquia as pessoas só podem empenhar-se para atender necessidades superiores depois que satisfizerem necessidades básicas (GRIGGS, 2009). O ponto de partida é a necessidade mais básica (necessidade fisiológica), que considera a busca pelo alimento como necessária, apesar dos riscos, para que em seguida se preocupe com o próximo nível de necessidades, que é a necessidade de segurança. Ao satisfazer a necessidade de segurança o sujeito fica apto a buscar amor e aceitação (necessidade de afiliação e amor), consequentemente há a busca pela satisfação da estima e realização, sendo aceito e reconhecido pelo outro. Por fim, o sujeito vai em busca de 17 autorrealização, que segundo Maslow, as pessoas que conseguem satisfazer esta última necessidade, possuem alta percepção da realidade, aceitam a si mesmas e aos outros. Além disso, características como espontaneidade, criatividade e grande capacidade de resolução de problemas estão presentes nas pessoas que atingem alto grau de autorrealização (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). Considerando a constante satisfação de necessidades, fica evidente a visão de Maslow baseada no estudo de pessoas saudáveis. O que não ocorre com Rogers, que formula suas discussões a partir de sujeitos emocionalmente perturbados. Com isto, seus estudos levaram-no a ser conhecido pela terapia centrada na pessoa ou terapia centrada no cliente, que se concentra em uma única motivação avassaladora, semelhante ao conceito de autorrealização de Maslow. No entanto, para Rogers, cada pessoa possui uma tendência inata para atualizar as capacidades e potenciais do eu. A responsabilidade da mudança era atribuída à pessoa, característica presente também na psicanálise ortodoxa, assim, Rogers considera que as pessoas podem alterar consciente e racionalmente seus pensamentos e comportamentos indesejáveis, tornando-os desejáveis (SCHULTZ; SCHULTZ, 2009). Após a apresentação sucinta de algumas teorias que se ocupam por explicar o desenvolvimento humano, neste momento serão abordadas duas teorias que são as mais utilizadas no contexto escolar para se trabalhar com os processos de desenvolvimento e aprendizagem do sujeito. Serão apresentados os principais conceitos e características da Epistemologia Genética de Piaget e da Teoria da Mediação de Vygotsky. Neste contexto, a aprendizagem deve ser vista como a atividade de indivíduos ou grupos humanos, que mediante a incorporação de informações e o desenvolvimento de experiências promovem modificações na personalidade e na dinâmica do grupo, as quais revertem na transformação daquela realidade, e não a análise do problema apresentado pela criança como fato isolado ou descontextualizado. 18 Iremos ver também como o desenvolvimento e a aprendizagem são fatores que dependem tanto de elementos internos quanto externos ao ser humano. A aprendizagem depende da articulação de fatores internos e externos ao sujeito (os internos referem-se ao funcionamento do corpo como um instrumento responsável pelos automatismos, coordenações e articulações); do organismo: a infraestrutura que leva o indivíduo a registrar, gravar, reconhecer tudo que o cerca por meio dos sistemas sensoriais, permitindo regular o funcionamento total do desejo; entendido como o que se refere às estruturas inconscientes representa o motor da aprendizagem e deve ser trabalhada a partir da relação que com ela estabelece; das estruturas cognitivas, representando aquilo que está na base da inteligência, [...], da dinâmica do comportamento, que diz respeito à realidade que o cerca. Os fatores externos são aqueles que dependem das condições do meio que circunda o indivíduo. EPISTEMOLOGIA GENÉTICA DE PIAGET A teoria genética apresenta sua característica de estudo da aprendizagem de uma forma peculiar, diferente dos estudos clássicos da aprendizagem. Piaget se envereda pelo campo da psicologia com o objetivo de estudar as questões epistemológicas, buscando responder as dúvidas acerca do conhecimento humano. A Epistemologia Genética é definida como uma disciplina que estuda os mecanismos e os processos mediante os quais o sujeito passa dos estados de menor conhecimento para os estados de conhecimentos mais avançados (PIAGET, 1979). Na tentativa de explicar o desenvolvimento intelectual, parte da ideia que atos biológicos são atos adaptativos ao meio físico na tentativa de manter o equilíbrio. De acordo com este pensamento, o desenvolvimento intelectual age do mesmo modo que o desenvolvimento biológico. Segundo Piaget: A infância é considerada como um período particular do processo de formação do pensamento, que só se completa na idade adulta. Em sua concepção conhecer é organizar, estruturar e explicar a realidade a partir daquilo que se vivencia nas experiências com os objetos do conhecimento. No entanto, experiência não é a mesma coisa que conhecimento, pois a inserção de um 19 objeto de conhecimento num sistema de relações ocorre por meio da ação do indivíduo sobre o objeto (apud FONTANA; CRUZ, 1997, p.45) A inteligência pode ser considerada como o resultado da experiência do indivíduo, é por meio da experiência que ele simultaneamente incorpora o mundo exterior e o vai transformando, isto é, o indivíduo transforma-se. De acordo com a teoria piagetiana, a criança passa por mudanças qualitativas desde o estágio inicial de uma inteligência prática (sensório-motor) até o pensamento formal, lógico dedutivo, que se inicia a partir da adolescência. De acordo com seus estudos, Piaget postula que as mudanças que ocorrem com o sujeito entre a primeira infância e a adolescência, ocorrem por estágios qualitativamente diferentes. Durante a passagem por esses estágios, há também uma continuidade básica no desenvolvimento cognitivo, o prazer e a busca pelo aprendizado colaboram para este desenvolvimento. Basicamente, este crescimento mental do ser humano ocorre por meio de mecanismos de Adaptação que são a Assimilação e a Acomodação. A Assimilação é o mecanismo de ajustamento do mundo às capacidades individuais e às estruturas cognitivas existentes no sujeito; assim ocorre a Acomodação, que corresponde à mudança do pensamento para que ele se encaixe no mundo em que o sujeito vive (BELSKY, 2010). Para Wadsworth (1997, p.19), assimilação é um “processo cognitivo pelo qual uma pessoa integra a um novo dado perceptual, motor ou conceitual nos esquemas ou padrões de comportamento já existentes”. A criança tenta adaptar esses novos eventos ou estímulos nos esquemas que ela possui naquele momento. Assim, assimilação é uma parte do processo pelo qual o indivíduo cognitivamente se adapta ao ambiente e o organiza. Dessa forma, esse processo de ampliação ou modificação de esquemas (assimilação), ele chama de acomodação, embora estimulado pelo objeto, é também possível graças à atividade do sujeito para elaboração de novos conhecimentos. Em outras palavras, a construção do conhecimento só é possível a partir do momento em que ocorrem ações físicas (ou mentais) sobre objetos que provocam certo desequilíbrio ao ser humano, resultando assim em Assimilação. No entanto, pode ocorrer ainda Acomodação e Assimilação dessas ações que 20 produzirão esquemas ou conhecimento. A experiência prática é fundamental nesta Teoria, visto que o aprendizado do sujeito se dá pelo seu contato e suas ações sobre o mundo. Ou seja, o desenvolvimento cognitivopode ser considerado um produto dos esforços das crianças para compreender e atuar sobre seu mundo (PIAGET, 1974). As estruturas cognitivas que são modificadas por meio dos processos de Assimilação e Acomodação são chamadas de esquemas. É por meio desses esquemas que os sujeitos intelectualmente se adaptam e organizam o meio em que vivem. A utilização desses esquemas ocorre para se processar e identificar a entrada de estímulos, ou seja, diferenciá-los e generalizá-los. Exemplo disso é a inteligência, pois ela é assimilação, por permitir o indivíduo incorporar os dados da experiência. É também acomodação, pois os novos dados incorporados acabam por produzir modificações no funcionamento cognitivo da pessoa. Ao mesmo tempo em que, por meio do processo de assimilação/acomodação, o indivíduo adapta-se ao meio (elaborando seu conhecimento sobre ele) e seu próprio funcionamento cognitivo vai se estruturando, se organizando. Uma das primeiras formas de organização cognitiva é o esquema. Estes esquemas são irreversíveis. Portanto, quando o indivíduo executa uma ação no sentido de ida, não tem consciência de que pode efetivamente executar essa mesma ação no sentido de volta (FARIA, 1995). É por meio dos esquemas de ação que a criança começa a conhecer a realidade, assimilando- a e atribuindo-lhe significações. Quando pega a mamadeira, ela a relaciona a seu esquema “pegar” e atribui--lhe o sentido de um objeto “que se pega”. Mas a criança também aplica à mamadeira o esquema “sugar”. Essas assimilações provocam transformações nos esquemas “pegar” e “sugar”, à medida que eles são acomodados ao objeto mamadeira. A criança, ao nascer, é dotada de reflexos, que possibilitam ao bebê lidar com o ambiente, e vão sendo assimilados pela criança. A assimilação provoca uma transformação dos reflexos, que gradativamente. vão se diferenciando e se tornando mais complexos e flexíveis, ou seja, ao nascer a criança desencadeia reflexos como de sucção e o de preensão, logo 21 passando para reflexos mais complexos, onde se dá o processo de esquemas de ação, tais como: pegar, puxar, sugar, empurrar etc. O desenvolvimento contínuo dos esquemas se dá no sentido de uma adaptação cada vez mais complexa e diferenciada da realidade. Para Piaget (apud WADSWORTH, 1997), o processo de desenvolvimento depende de fatores ligados à maturação da experiência adquirida pela criança em seu contato com o ambiente, de um processo de autorregulação conhecido por equilibração. O Equilíbrio é considerado um estado de balanço entre a assimilação e a acomodação. A equilibração permite que a experiência externa seja incorporada na estrutura interna (esquemas) (WADSWORTH, 1997). Assim, todas as vezes que em nossa relação com o meio surjam conflitos, contradições ou outros tipos de dificuldade, nossa capacidade de autorregulação ou equilibração entra em ação, no sentido de superá-los. A Teoria piagetiana sobre o desenvolvimento da criança apresenta períodos ou estágios definidos, caracterizados pelo surgimento de novas formas de organização mental. Cada estágio se caracteriza por uma maneira típica de agir e de pensar, ou seja, a criança passa de um estágio a outro de seu desenvolvimento cognitivo, quando seus modos de agir e pensar mostram-se insuficientes ou inadequados para enfrentar os novos problemas que surgem em sua relação com o meio. São 4 os estágios sequenciais denominados de fases de transição, os quais são intitulados de Sensório-motor (do nascimento aos 2 anos); Pré- operatório (2 aos 7, 8 anos); Operatório-concreto (8 aos 11 anos); e Operatório- formal (acima de 12 anos). Neste momento, será mostrada uma sucinta apresentação de cada um desses estágios, de acordo com Coll e Marte (2004). O estágio Sensório-motor é caracterizado pela construção da primeira estrutura intelectual, pois a partir dos movimentos reflexos básicos, o bebê começa a construir esquemas de ação para que possa assimilar mentalmente o meio. O contato com a realidade física se dá pela manipulação de objetos, e o final desse estágio tem como característica o desenvolvimento da linguagem. 22 Nesta fase, as crianças adquirem a capacidade de administrar seus reflexos básicos para que gerem ações prazerosas ou vantajosas. É um período anterior à linguagem, no qual o bebê desenvolve a percepção de si mesmo e dos objetos a sua volta. Do nascimento até os 2 anos de idade, aproximadamente, a criança passa do nível neonatal (marcado pelo funcionamento dos reflexos inatos) para outro em que ela já é capaz de uma organização perceptiva e motora dos fenômenos do meio. De início, o corpo da criança reflete o mundo e ainda não se diferencia dele, ou seja, a criança age sobre o mundo, ela repetidamente chupa o dedo, suga a pontinha da manga da roupa. São movimentos não intencionais, centralizados no seu próprio corpo, que se repetem sempre. A consciência da criança se expande lentamente, conforme suas ações se deslocam de seu próprio corpo para os objetos. A mão agarra, chega o objeto ao corpo, a boca que experimenta, empurra-o para longe de si. Os olhos acompanham os movimentos. Os movimentos ficam mais complexos, mais amplos, como engatinhar, pôr-se de pé, andar (FONTANA; CRUZ, 1997). A criança começa a perceber que os objetos, as pessoas, continuam existindo mesmo quando estão fora do seu campo de visão. Formam-se as primeiras imagens mentais dos objetos ausentes do meio imediato. São elas que possibilitam o desenvolvimento da função simbólica, a criança reproduz, imita, representando o jogo de faz de conta. Ela torna-se capaz de imaginar ações ou fatos sem praticá-los efetivamente. Na fase Pré-operatória as percepções das crianças são capturadas por sua aparência imediata. Este estágio é conhecido como estágio da Inteligência Simbólica, pois a função simbólica na criança é responsável pela capacidade de substituição do objeto por uma representação. As principais características nesta fase são uma criança egocêntrica, centrada em sim mesma, e que quer explicação para tudo, a chamada fase dos “por quês”. Grandes avanços mentais ocorrem pela passagem do estágio sensório-motor para o pré-operatório. É neste período que ela se torna capaz de tratar os objetos como símbolos de outras coisas. O desenvolvimento da representação cria as condições para aquisição da linguagem, pois a capacidade de construir símbolos possibilita 23 aquisição dos significados sociais (das palavras) existentes no contexto em que ela vive. Neste momento, a criança deverá reconstruir no plano da representação aquilo que já havia conquistado no plano de ação prática. Assim, a diferenciação entre o eu e o mundo, que já tinha se completado no plano de ação, deverá ser elaborada no plano da representação. Para Piaget (apud WADSWORTH, 1997, p.65): Nesse estágio, o primeiro passo para a aprendizagem é a passagem da ação para o pensamento, a internalização da ação, realizar uma ação mentalmente em vez de fisicamente. A representação de objetos, pela ordem de aparecimento que são a imitação diferida, o jogo simbólico, o desenho, a imagem mental e a linguagem falada. Distingue fantasia do real podendo dramatizar a fantasia sem que acredite nela. As crianças deste estágio são egocêntricas, elas não conseguem ter outro referencial sem serem elas próprias. Ao final do período pré-operatório, o pensamento da criança começa a assumir a forma de operações concretas. Este estágio é caracterizado pela capacidade das crianças em raciocinar sobre o mundo de uma forma mais lógica e adulta. É o momento do aparecimento das noções temporais, espaciais, de velocidade e ordem. Neste momento, a criança já não depende mais da questão imediata, mas sim do mundo concreto para abstrair. A criança torna-se capaz de compreender o ponto de vista da outra pessoa e de conceitua lizar algumas relações.Portanto, é nessa fase que são estabelecidas as bases para o pensamento lógico, próprio do período final do desenvolvimento cognitivo. Esse período tem como marca a aquisição da noção de reversibilidade das ações. Surge a lógica nos processos mentais e habilidade de discriminar os objetos por similaridades e diferenças. A criança já pode dominar conceitos de tempo e números. Essa reversibilidade do pensamento possibilita à criança construir noções de conservação de massa, volume etc. Assim, por meio das operações, inicialmente só aplicáveis a objetos concretos e presentes no ambiente, os conhecimentos construídos anteriormente pela criança vão se transformando em conceitos. 24 O raciocínio do sujeito chega ao seu ápice no estágio Operatório-Formal, pois neste momento há a capacidade de olhar além da simples aparência dos objetos. Essa capacidade dedutiva pode ser observada quando alguém conhecido (por exemplo, a mãe) coloca uma máscara, a criança sabe que ainda continua sendo essa pessoa conhecida por detrás da máscara. O pensamento hipotético ocorre de forma correta também nos adolescentes que já conseguem realizar tarefas de seriação de forma apropriada, pois adquiriram a capacidade de colocar objetos em ordem crescente, do menor para o maior. Para finalizar o pensamento, as estruturas cognitivas do sujeito nesta fase, já alcançaram seu nível mais elevado de desenvolvimento, tornando-se assim aptas a aplicar o raciocínio lógico a todas as classes de problemas. Essa fase marca a entrada na idade adulta, em termos cognitivos. O adolescente passa a ter o domínio do pensamento lógico e dedutivo, o que o habilita a experimentação mental. Isso implica entre outras coisas, relacionar conceitos abstratos e raciocinar sobre hipóteses. O adolescente não tem mais necessidade de estar diante dos objetos concretos ou de operar sobre eles para relacioná-los. Ele transforma os dados da experiência em formulações organizadas e desenvolve conexões lógicas entre elas, enfim, é capaz de pensar sobre o seu próprio pensamento ficando cada vez mais consciente das operações mentais que realiza ou que pode ou deve realizar diante dos mais variados problemas. Na teoria de Piaget, a maioria dos alunos pode ser capaz de usar o pensamento operacional formal em apenas algumas áreas nas quais eles tenham mais experiência ou interesse. Por se tratar de estágios sucessivos, cada um deles tem como ponto marcante o aparecimento de uma etapa de equilíbrio, ou seja, uma etapa de organização das ações e das operações do sujeito, descrita mediante uma estrutura lógico-matemática. Em cada um desses estágios o equilíbrio só é alcançado após uma etapa de preparação. A passagem de um estado de menos conhecimento para um estado de conhecimento mais avançado encontra explicação nos estudos de Piaget quando se considera a ação educativa. A aprendizagem escolar não é uma recepção passiva do conhecimento transmitido, mas sim um processo ativo de 25 elaboração, além disso, o processo de ensino deve favorecer a interação múltipla entre os alunos e os conteúdos que eles têm de aprender. Com isso, o aluno constrói o conhecimento por meio das ações efetivas ou mentais que realiza sobre o conteúdo de aprendizagem (COLL; MARTÍ, 2004). A partir destas discussões há que se considerar que atualmente, os achados da Epistemologia Genética principalmente sobre o funcionamento intelectual, continuam sendo utilizados como referência dos enfoques construtivistas em pedagogia e em educação. TEORIA DA MEDIAÇÃO DE VYGOTSKY O interesse de Vygotsky (1896-1934) pela psicologia evolutiva e educação serviu de base para o desenvolvimento de suas obras que são atualmente referência no ensino de base Construtivista. Apresenta preocupação com o contexto sociocultural da criança que é considerado fundamental para o seu desenvolvimento. Não apresenta uma Teoria orientada por etapas como outros estudiosos do desenvolvimento humano, porém dá ênfase à experiência, principalmente por considerar o sujeito como ativo no processo de seu desenvolvimento cognitivo (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). É por meio do contexto histórico, social e cultural que este desenvolvimento cognitivo ocorre. As chamadas atividades cognitivas básicas ocorrem de acordo com sua história social. Assim, as habilidades cognitivas e as formas de estruturar o pensamento são resultados das atividades praticadas de acordo com os hábitos sociais da cultura em que o indivíduo está inserido, e não a partir dos fatores congênitos. Vygotsky (1999) não considera apenas um conceito de desenvolvimento, porém para enfatizar a diferença entre o desenvolvimento relacionado às leis biológicas (maturação) e o desenvolvimento mental (aprendizagem realizada no cotidiano) construído da relação eu-contexto social, o autor formula a Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP). Vygotsky afirmou que as crianças aprendem a utilizar os instrumentos para pensar proporcionados pela cultura, por meio de suas interações com 26 parceiros mais habilidosos na zona de desenvolvimento proximal. [...]. As interações na zona de desenvolvimento proximal permitem que as crianças participem de atividades que lhes seriam impossíveis de realizar sozinhas, utilizando instrumentos culturais que devem ser adaptados, eles próprios, a atividades específica em questão (ROGOFF, 2005, p. 51). A aprendizagem ocorre dentro de uma zona de desenvolvimento proximal, ou seja, há uma diferença entre o que a criança sabe fazer sozinha e seu nível de desenvolvimento potencial, que é determinado por meio de resolução de problemas sob orientação adulta ou em colaboração com seus semelhantes mais capazes (VYGOTSKY, 1999). Em outras palavras, é a diferença entre os níveis de desenvolvimento real e potencial. A partir disto, o ideal seria que os professores trabalhassem de acordo com a zona de desenvolvimento proximal. Em seguida, quando a criança se tornar mais competente, é chegada a hora de o professor dar ao aluno um pouco mais de responsabilidade pela direção de uma determinada atividade de aprendizagem. Diferente de Piaget, que apresenta a ideia de que uma criança ao explorar o mundo sozinha constrói uma visão de mundo mais adulta, Vygotsky acreditava que as pessoas é que impulsionavam o crescimento mental. É na zona de desenvolvimento proximal que a interferência de outros indivíduos é mais transformadora. Processos já consolidados, por um lado, não necessitam da ação externa para serem desencadeados, processos ainda nem iniciados, não se beneficiam dessa ação externa. Para a criança que já sabe amarrar sapatos, por exemplo, o ensino desta habilidade seria completamente sem efeito, já para um bebê a ação de um adulto que tenta ensiná-lo a amarrar sapatos, é também sem efeitos, pelo fato de que a habilidade está muito distante do horizonte de desenvolvimento de suas funções psicológicas. Só se beneficiaria do auxílio na tarefa de amarrar sapatos a criança que ainda não aprendeu bem a fazê-lo, mas já desencadeou o processo de desenvolvimento dessa habilidade. O desenvolvimento humano passa, necessariamente pelo outro, portanto, a história de cada uma das funções psíquicas é uma história social. Por isso poderíamos dizer que é por meio dos outros que nos tornamos nós mesmos e esta regra se aplica não só ao indivíduo como um todo, mas também a história 27 de cada função separadamente. Isso também constitui a essência do processo do desenvolvimento cultural traduzido numa forma puramente lógica. O indivíduo torna-se para si o que ele é em si pelo que ele manifesta aos outros (VIGOTSKI, 1997, p. 105 apud PINO, 2005, p. 66). O ser humano torna-se a ser humano, de acordo com as explicações de La Taille (1992), a partir de sua relação com o outro social, assim a cultura passa a fazer parte da natureza humana porum processo histórico que molda o psicológico do homem, conforme este se desenvolve. Para o autor, as proposições de Vygotsky nos fazem entender a natureza dos seres humanos, membros da “espécie biológica que só se desenvolve no interior de um grupo cultural” (p.24). A constituição da criança como ser humano é, portanto, algo que depende duplamente do Outro: primeiro, porque a herança genética da espécie lhe vem por meio dele, segundo, porque a internalização das características culturais da espécie passa, necessariamente por ele, como o deixa claro a análise de Vygotsky (PINO, 2005, p. 154). As relações sociais dos seres humanos, segundo La Taille (1992), são mediadas por instrumentos e símbolos desenvolvidos culturalmente pelos próprios homens, e é a linguagem humana o instrumento de comunicação e síntese do conhecimento, que nos diferencia dos outros animais. Segundo Pino (2005), Vygotsky atribui ao signo ou à palavra um meio de interação fundamental no processo de desenvolvimento da criança, visto que a palavra ou o signo veiculam significados historicamente produzidos, além de serem representações e expressões das ideias dos homens, refletem, ainda, a sua relação com o outro e com a natureza. Vygotsky sustenta que a união da atividade prática com o signo ou a palavra constitui ‘o grande momento do desenvolvimento intelectual em que ocorre uma nova reorganização do comportamento da criança’ (VIGOTSKI, 1994, p. 115 apud PINO, 2005, p. 137). 28 De acordo com Shaffer (2005), por meio do diálogo que a criança mantém com as pessoas em diferentes ambientes de convívio, a mesma aprende e descobre novos princípios, estimulando assim o crescimento cognitivo. O autor denomina este processo de: aprendizado do pensamento e participação orientada. [...]. A participação orientada é um aprendizado de pensamento de modo informal, no qual a cognição das crianças é moldada à medida que estas façam parte, junto com os adultos ou participantes mais habilidosos, das experiências do dia-a-dia da cultura que estão inseridas (p. 249). Ainda segundo Shaffer (2005), a linguagem do ponto de vista de Vygotsky, possui papel relevante no desenvolvimento cognitivo da criança, primeiro por ser uma forma de transmissão de modelos culturais e segundo por ser uma das “ferramentas mais poderosas de adaptação intelectual em si mesma” (p. 253). Vygotsky, Luria e Leontief (1998) explicam que o que determina o desenvolvimento da criança é sua própria condição de vida, ou seja, “os processos reais desta vida” (p. 63). Assim, pode-se justificar que a criança se desenvolve a partir das condições do meio, em que está inserida, lhe oferece, por meio de interações que mantém com o outro por meio do diálogo e a imitação. “Ela assimila o mundo objetivo como um mundo de objetos humanos reproduzindo ações humanas com eles” (p. 59). Pesquisadores influenciados pelas ideias de Vygotsky estudam como o contexto cultural influencia as primeiras interações sociais que podem promover competência cognitiva. No caso, há também a responsabilidade dos pais em criarem um ambiente doméstico que possa estimular positivamente as capacidades de processamento de informações dos filhos. O crescimento cognitivo da criança ocorre como um processo cooperativo. Ela aprende a partir da interação social, essencial no seu processo de desenvolvimento, as trocas de experiência e conhecimento vivenciadas constituem uma troca de significados. Nesta perspectiva, o ser humano se constitui enquanto que na sua relação com o outro, assim, um conceito 29 importante na teoria é a mediação (pressuposto da relação eu-outro), que se dá pela possibilidade de interação com signos, símbolos e objetos (VYGOTSKY, 2002). No caso do professor, este deve ajustar seu nível de ajuda ao nível de desempenho da criança, enquanto dirige o progresso da aprendizagem para o nível superior da sua zona de desenvolvimento proximal. Quando é solicitado para a criança a realização de uma tarefa que aparentemente ela não é capaz de realizar é que se pode observar este processo de mediação. Esta tarefa específica de resolução de problema está dentro da zona de desenvolvimento proximal da criança, porém sozinha ela não consegue resolver. Neste momento, entra o professor como suporte, que irá dividir a tarefa em etapas. Durante o processo de mediação o professor age como um andaime, que dará indicações à criança de como resolver o problema por etapas, consequentemente irá dar apoio a cada progresso da criança. Após cumprir a tarefa pode-se pedir para a criança realizá-la novamente, mas com menos ajuda do que antes. O professor constrói este andaime de apoio que permite a aprendizagem da criança, assim que ela se torna capaz de realizar a tarefa sozinha, este andaime deixa de ser necessário (GRIGGS, 2009). Este processo de mediação ocorre pelo uso de instrumentos e signos. Os instrumentos utilizados podem ser aqueles que apresentam alguma utilidade prática para a realização da tarefa, no caso instrumentos físicos. Já os signos são elementos que lembram ou simbolizam algo, traz um significado implícito. Conhecidos também como instrumentos simbólicos têm como exemplo a linguagem, que pode ser considerado um sistema simbólico fundamental em todos os grupos humanos, elaborado ao longo da evolução humana (VYGOTSKY, 2002). O componente contextual da teoria vygotskiana remete-se ao fato de que o desenvolvimento de crianças de uma determinada cultura ou grupo cultural pode não ser uma norma apropriada para crianças de outras sociedades ou grupos culturais. Isso faz menção a respeito de que nenhuma teoria de desenvolvimento humano é universalmente aceita, e nenhuma perspectiva teórica explica todas as facetas do desenvolvimento. 30 REFERÊNCIAS BANDURA, A.; POLYDORO, S.; AZZI, R. G. Teoria social cognitiva: conceitos básicos. Porto Alegre: Artmed, 2008. BAUM, W. M. Compreender o behaviorismo: ciência, comportamento e cultura. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999. BELSKY, J. Desenvolvimento humano: experienciando o ciclo da vida. Porto Alegre: Artmed, 2010. COLL, C.; MARTÍ, E. 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