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7.DESENVOLVIMENTO-COGNITIVO-APRENDIZAGEM-E-COMPORTAMENTO

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1 
 
 
DESENVOLVIMENTO COGNITIVO, APRENDIZAGEM E 
COMPORTAMENTO 
1 
 
 
 
 
 
Sumário 
NOSSA HISTÓRIA .................................................................................. 2 
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM ......... 3 
PRINCIPAIS CONCEPÇÕES DE DESENVOLVIMENTO E DA 
APRENDIZAGEM ........................................................................................... 4 
DESENVOLVIMENTO HUMANO: CONCEITOS BÁSICOS E 
PRINCIPAIS CONCEPÇÕES ........................................................................... 12 
TEORIAS SOBRE DESENVOLVIMENTO HUMANO ........................ 12 
EPISTEMOLOGIA GENÉTICA DE PIAGET ...................................... 18 
TEORIA DA MEDIAÇÃO DE VYGOTSKY ......................................... 25 
REFERÊNCIAS .................................................................................. 30 
 
 
 
2 
 
 
 
NOSSA HISTÓRIA 
 
 
A nossa história inicia com a realização do sonho de um grupo de 
empresários, em atender à crescente demanda de alunos para cursos de 
Graduação e Pós-Graduação. Com isso foi criado a nossa instituição, como 
entidade oferecendo serviços educacionais em nível superior. 
A instituição tem por objetivo formar diplomados nas diferentes áreas de 
conhecimento, aptos para a inserção em setores profissionais e para a 
participação no desenvolvimento da sociedade brasileira, e colaborar na sua 
formação contínua. Além de promover a divulgação de conhecimentos culturais, 
científicos e técnicos que constituem patrimônio da humanidade e comunicar o 
saber através do ensino, de publicação ou outras normas de comunicação. 
A nossa missão é oferecer qualidade em conhecimento e cultura de forma 
confiável e eficiente para que o aluno tenha oportunidade de construir uma base 
profissional e ética. Dessa forma, conquistando o espaço de uma das instituições 
modelo no país na oferta de cursos, primando sempre pela inovação tecnológica, 
excelência no atendimento e valor do serviço oferecido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
3 
 
 
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA 
APRENDIZAGEM 
A Psicologia do Desenvolvimento é a área da Psicologia que se ocupa do 
estudo das mudanças que ocorrem com o ser humano ao longo de sua vida. 
Sabe-se que as mudanças na vida do ser humano ocorrem desde sua 
concepção até o final de sua vida, essas mudanças ocorrem em vários aspectos, 
tais como cognitivos, físico, afetivo. Além disso, esses aspectos são 
determinados geneticamente e também sofrem influência direta do contexto 
social em que o indivíduo está inserido. 
Nesta primeira unidade, você terá acesso a algumas das principais 
abordagens teóricas acerca do desenvolvimento humano. O estudo do 
desenvolvimento humano tem seu início com as publicações de Darwin acerca 
das suas discussões sobre a evolução da humanidade por meio da seleção 
natural, dando suporte para estudos posteriores. 
Mesmo que no início os estudos consideravam apenas o desenvolvimento 
infantil. Atualmente, temos muitas discussões sobre quais as mudanças que 
ocorrem na vida do ser humano ao longo de seu desenvolvimento até o fim de 
sua vida. O homem está sempre em desenvolvimento, e é importante para 
profissionais que lidam com os aspectos educacionais terem conhecimento 
sobre quais as mudanças que ocorrem no decorrer da vida do homem, bem 
como algumas características que permanecem estáveis. 
Ao longo do desenvolvimento, o sujeito lida com questões que remetem à 
aprendizagem, que depende tanto de aspectos do indivíduo, ou seja, os fatores 
biológicos determinados geneticamente, bem como dos fatores do contexto em 
que ele está inserido. Neste aspecto, também serão abordadas algumas teorias 
que procuram explicar o processo de aprendizagem dos indivíduos. 
Com o desenvolvimento do sujeito, esta cria elementos que lhe permitem 
absorver conhecimento, e com isso a aprendizagem ocorre de maneira mais 
satisfatória. Ao absorver conhecimento sobre elementos científicos que lhes são 
ensinados, há o conhecimento de si próprio e este autoconhecimento é essencial 
para a constituição do sujeito. 
4 
 
 
A subjetividade humana permite ao sujeito se reconhecer como alguém 
no mundo e refletir sobre seu papel como um sujeito ativo no contexto em que 
vive. A influência do contexto encontra suporte na teoria Sócio histórica de 
Vygotsky que apresenta os aspectos do desenvolvimento e da aprendizagem do 
sujeito influenciados pelas características do ambiente, bem como da ação do 
sujeito sobre esse ambiente, como um sujeito ativo. 
Considerando todos estes pontos, o desenvolvimento humano, sua 
aprendizagem bem como sua ação sobre o ambiente em que vive, o ser humano 
possui ainda uma característica que é exclusivamente humana e a diferencia dos 
demais animais. Essa característica é a linguagem, principal canal de 
comunicação entre as pessoas e que tem papel importante no processo de 
aprendizagem, visto que a linguagem tem relação direta com o pensamento e o 
desenvolvimento cognitivo. Além disso, o desenvolvimento da linguagem fornece 
subsídios para a formação do pensamento e do caráter do ser humano, enquanto 
ser social. 
PRINCIPAIS CONCEPÇÕES DE DESENVOLVIMENTO E DA 
APRENDIZAGEM 
O Campo do Desenvolvimento e da Aprendizagem é vasto quando se 
tenta compreender os aspectos que envolvem a vida do ser humano. No entanto, 
alguns autores se dispuseram a estudar esses aspectos e assim instituir 
maneiras específicas de se trabalhar com as crianças de uma forma que se 
possa colaborar com o seu desenvolvimento típico, bem como garantir uma 
aprendizagem satisfatória ao longo de sua vida nos aspectos escolares. 
O desenvolvimento humano ocorre desde os primórdios da humanidade, 
mas o aspecto científico do homem só passou a ser estudado por volta do século 
XIX. Em 1877, Charles Darwin publica um artigo baseado em algumas anotações 
que fez de seu filho durante os primeiros anos de sua vida, iniciando assim os 
estudos científicos sobre o desenvolvimento humano. A partir disto, os autores 
se ocupam em compreender o homem mediante o “estudo científico de como as 
pessoas mudam, bem como das características que permanecem 
razoavelmente estáveis durante toda a vida” (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 
2006, p. 47). 
5 
 
 
No início dos estudos sobre o desenvolvimento humano, os responsáveis 
por esta tarefa consideravam que o desenvolvimento ocorria apenas na fase da 
infância. Atualmente, a maioria dos cientistas do desenvolvimento reconhece e 
estuda o desenvolvimento ao longo da vida do sujeito, tendo seu fim apenas com 
o final da vida do mesmo. É o que se conhece pelo desenvolvimento do ciclo da 
vida, pois não basta apenas entender como se dá este desenvolvimento durante 
a infância, mas também como ele continua a ocorrer durante a fase adulta e 
atualmente, o estudo científico do envelhecimento faz parte deste campo vasto 
que busca a compreensão cada vez mais detalhada da vida do ser humano. 
Em todos os campos de estudo sobre o ser humano, há que se considerar 
as diferenças de pensamentos e abordagens que tentam cada um de sua 
maneira explicar tais fenômenos. No campo do desenvolvimento, a história se 
encarrega de mostrar como as discussões evoluíram ao longo do tempo. Mas o 
que intriga a todos é a relação entre os aspectos individuais do sujeito versus os 
aspectos do ambiente. O que influencia mais no desenvolvimento humano? 
Seria suas características individuais, sua personalidade, seus aspectos 
biológicos? Ou seria os aspectos do ambiente, o contexto em que este sujeito 
vive que teria maior poder de influência sobre sua vida? 
Mas chegar a uma conclusão não é simples, por isso as diversas 
abordagens teóricas existem atualmente para que cada uma possa contribuir a 
sua maneira para a compreensão do desenvolvimento humano. O que há de 
consenso entre estas abordagens são as etapas em que o desenvolvimento 
ocorre, cada umacom suas nomenclaturas específicas, porém indicando 
basicamente as mesmas fases do ciclo vital. 
Griggs (2009) apresenta um conjunto de estágios que considera ser 
bastante usado principalmente por psicólogos desenvolvimentistas, cada um 
desses estágios seria constituído por diferentes mudanças biológicas, cognitivas 
e sociais. Estas fases seriam: Pré-natal (da concepção ao nascimento); primeira 
infância (do nascimento aos 2 anos); Infância (2 aos 12 anos); Adolescência (12 
aos 18 anos); Idade adulta jovem (18 aos 40 anos); Idade adulta média (40 aos 
65 anos); e Idade adulta tardia (acima de 65 anos). Vale ressaltar que essas 
idades são apenas idades médias, significando que cada pessoa irá passar por 
essas fases de desenvolvimento em idades específicas para a sua realidade. Ou 
6 
 
 
seja, essa seria a ordem de desenvolvimento que ocorre com todas as pessoas, 
a direção é a mesma para todos, o que muda é o tempo de mudança de uma 
fase para outra. Cada indivíduo irá ter seu tempo de desenvolvimento, uns mais 
rápidos, outros nem tanto. 
O período pré-natal e a primeira infância é a fase da vida do ser humano 
que vai desde a concepção até os 2 anos de idade. Essa é uma fase em que as 
mudanças ocorrem não só para o feto, e em seguida a criança, mas há uma 
mudança na vida de todos os envolvidos no fato. O desenvolvimento pré-natal 
se divide em três estágios: germinal, embrionário e fetal. 
Após a concepção, tanto fatores ambientais quanto genéticos irão 
influenciar o desenvolvimento. Mas como o ambiente influencia o 
desenvolvimento? Por meio do ambiente da mãe, ou seja, tudo o que a mãe faz 
pode influenciar de alguma forma o desenvolvimento do feto. O uso de bebidas 
alcoólicas, drogas e todos os comportamentos chamados comportamentos de 
risco podem de alguma forma prejudicar o desenvolvimento sadio da criança. Os 
principais riscos que uma criança corre neste caso são, entre outros, o 
retardamento mental e anormalidades faciais (GRIGGS, 2009). 
A idade da mãe também é um fator a ser considerado no caso de uma 
gravidez. Existem alguns problemas relacionados à idade da mãe. Uma gravidez 
antes dos 15 anos, ou acima dos 40 anos pode levar a uma prematuridade, baixo 
peso. A prematuridade pode ocasionar em problemas pulmonares da criança, 
pois os pulmões não se desenvolvem adequadamente, além de uma 
prematuridade também no sistema digestivo e imunológico. 
Logo ao nascerem, as crianças apresentam apenas movimentos reflexos, 
ou seja, os chamados automatismos primários, em que não há controle sobre os 
movimentos. Alguns destes movimentos têm características que garantem a 
sobrevivência da criança, tais como a sucção e a respiração, que são respostas 
não aprendidas, mas são indispensáveis. Os demais movimentos reflexos 
tendem a desaparecer em poucos meses de vida. 
Durante a infância a criança aprende a controlar os movimentos, aprende 
a sentar, a engatinhar e enfim a andar. O desenvolvimento sensorial/perceptual 
depende do desenvolvimento do cérebro. Se as trajetórias visuais não se 
7 
 
 
desenvolvem no período de bebê, a visão fica permanentemente perdida. As 
redes neurais que são utilizadas ficam mais fortes, já as que não são utilizadas 
são eliminadas. 
As mudanças que ocorrem ao longo do tempo podem ser entendidas de 
duas formas, uma quantitativa e outra qualitativa. As mudanças quantitativas 
durante o desenvolvimento são aquelas que correspondem às mudanças 
numéricas ou de quantidade como, por exemplo, o peso e a altura da pessoa, 
aquilo que se pode mensurar ao longo do tempo. Já as mudanças qualitativas 
são aquelas que ocorrem no nível de estrutura ou organização. São marcadas 
pelo surgimento de novos mecanismos (cognitivos, por exemplo) que permitem 
à criança se adaptar aos novos desafios que lhe são impostos (BELSKY, 2010). 
Concomitante ao estudo do desenvolvimento humano há que se 
considerar os aspectos da aprendizagem que ocorrem principalmente a partir 
das mudanças no sujeito. Direta ou indiretamente, as tradicionais áreas da 
Psicologia da Educação têm estudado e pesquisado situações que possam ser 
relacionadas à aprendizagem. Pode-se considerar como Teorias da 
Aprendizagem os diversos modelos existentes que procuram explicar o processo 
de aprendizagem nos indivíduos. 
Apesar da existência de diversas teorias que se ocupam de explicar o 
processo de aprendizagem, as que apresentam maior destaque atualmente na 
educação são as teorias desenvolvidas por Jean Piaget e Lev Vygotsky. A 
Epistemologia Genética desenvolvida por Piaget foi desenvolvida por meio da 
experiência com crianças desde o nascimento até a adolescência, tendo como 
premissa o fato de que o conhecimento é construído a partir da interação do 
sujeito com seu meio, a partir de estruturas existentes (PIAGET, 1974). Já os 
estudos de Vygotsky se baseiam na dialética das interações do sujeito com o 
outro e com o meio para que possa ocorrer o desenvolvimento sócio cognitivo 
(VYGOTSKY, 1999). 
A teoria cognitiva de Piaget é baseada em dois de seus interesses, a 
filosofia e a biologia, supondo assim que o desenvolvimento cognitivo se 
originava da adaptação da criança ao seu ambiente, e assim buscando promover 
sua sobrevivência por meio da tentativa de aprender sobre seu ambiente. Isso 
8 
 
 
transforma a criança em alguém que busca o conhecimento e a compreensão 
do mundo, mas com uma característica importante para Piaget, que é o fato da 
criança operar sobre este mundo. 
O conhecimento da criança é organizado como esquemas, que são 
estruturas indispensáveis para o conhecimento das pessoas, objetos, eventos 
entre outras coisas. Sendo assim, estes esquemas permitem que o ser humano 
organize e interprete as informações sobre o mundo. Na memória do ser humano 
(memória de longo prazo) existem esquemas para conceitos como livros ou 
cachorros; esquemas para eventos, como ir a um restaurante; e esquemas para 
ações, como andar de bicicleta. 
Apesar de Vygotsky e seus seguidores considerarem que a estrutura dos 
estágios desenvolvida por Piaget seja correta, há que se considerar uma 
diferença básica entre estes dois autores. Para Piaget a estruturação do 
organismo ocorre antes do desenvolvimento, já para Vygotsky, o 
desenvolvimento das estruturas mentais superiores é gerado a partir do 
processo de aprendizagem do sujeito (PALANGANA, 2001). 
Os aspectos sociais da abordagem de Vygotsky são claros e diretos. A 
aprendizagem ocorre com as outras pessoas, sejam os pais, os professores ou 
as pessoas mais próximas da criança. Para este autor, a cultura influencia tanto 
quanto os processos do desenvolvimento cognitivo infantil, pelo fato de que o 
desenvolvimento acontece dentro deste contexto cultural. 
No geral, o que se entende por aprendizagem é a capacidade que o 
sujeito apresenta, no seu dia a dia, de dar respostas adaptadas às solicitações 
e desafios que lhes são impostos durante sua interação com o meio. Atualmente, 
a aprendizagem é compreendida como um processo global, dinâmico, contínuo, 
individual, gradativo e cumulativo. De acordo com as características escolares, 
há a necessidade de que o aluno seja um processador ativo da informação que 
lhe é transmitida, não basta apenas ser um receptor passivo do conhecimento, 
o aluno precisa decodificar o que lhe é ensinado e assim absorver este 
conhecimento. De acordo com Papalia, Olds, Feldman (2006) são duas as 
principais teorias da aprendizagem: o Behaviorismo e a Teoria da aprendizagem 
9 
 
 
social, mas pode-se considerar o Construtivismo também como uma das mais 
importantes atualmente. 
De acordo com o pensamento dos autores behavioristas, a conduta do 
sujeito é passível de observação e mensuração. O início dos trabalhos desta 
abordagem ocorreu com John Watson (1878-1958) e Ivan Pavlov (1849-
1936),porém o estabelecimento dos princípios e da Teoria são creditados à 
Burruhs Skinner (1904-1990),fato que representa uma renovação do 
comportamentalismo watsoniano. Uma das pesquisas mais notável de Skinner 
é a respeito dos diferentes programas de reforço que foram desenvolvidos a 
partir da “Caixa de Skinner”, em que o papel necessário do reforço no 
comportamento operante foi demonstrado a partir das experiências com a 
pressão na barra pelo rato, que recebia comida toda vez que dava a resposta 
correta. Mas Skinner deixou claro que o reforço do mundo real nem sempre é 
consistente ou contínuo, no entanto, a aprendizagem ocorre e os 
comportamentos persistem, ainda que reforçados só intermitentemente 
(SCHULTZ; SCHULTZ, 2009). 
Para esta Teoria os comportamentos do ser humano são aprendidos, e 
com isso, o aspecto da aprendizagem passa a ter grande importância. O 
ambiente passa a ter um papel fundamental, pois o homem passa a ser produto 
do meio. No aspecto do ensino, ao se seguir as características do Behaviorismo, 
é preciso preparar e organizar as contingências de reforço que irão facilitar a 
aquisição dos esquemas e dos diferentes tipos de condutas desejadas. Esse 
planejamento e organização das contingências ficaria a cargo do professor. As 
pesquisas comportamentais concentram-se na aprendizagem associativa, em 
que se forma uma ligação mental entre dois fatos. Dois tipos de aprendizagem 
associativa são o condicionamento clássico e o condicionamento operante 
(PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). 
Para Skinner (2006), a principal característica do condicionamento 
clássico é que uma pessoa ou um animal aprende uma resposta reflexiva a um 
estímulo que originalmente não a provocava, depois que o estímulo é 
repetidamente associado a outro que provoca a resposta. Este tipo de 
aprendizagem foi descrito inicialmente a partir dos estudos de Pavlov em seus 
10 
 
 
estudos com cães, que aprendiam a salivar quando ouviam uma sineta que 
tocava na hora da alimentação. 
O autor coloca ainda que, no caso do condicionamento operante, um 
comportamento originalmente acidental (por exemplo, o sorriso), torna-se uma 
resposta condicionada, ou seja, o sujeito aprende com as consequências de 
“operar” sobre o ambiente. A partir dos estudos com ratos e pombos, Skinner 
afirmava que os mesmos princípios poderiam ser aplicados aos seres humanos. 
Com isso, chegou à conclusão de que o sujeito tende a repetir uma resposta que 
foi reforçada, e ao contrário, tente a suprimir uma resposta que foi punida. 
crianças aprendem comportamentos sociais a partir da observação e 
imitação de modelos. Tem como seu principal representante Albert Bandura 
(1925), e pode ser considerada uma forma de comportamentalismo menos 
extrema que a de Skinner, que reflete e reforça o impacto do interesse renovado 
pelos fatores cognitivos. Outra diferença é que a Teoria da Aprendizagem Social 
considera o aprendiz como sujeito ativo, com isso, a pessoa atua sobre o 
ambiente, e em até certo ponto, cria o ambiente (BANDURA; POLYDORO; AZZI, 
2008). 
A abordagem de Bandura estuda o comportamento tal como é formado e 
modificado em situações sociais, ou seja, na interação com outras pessoas. 
Reconhece a importância da cognição, consideram as respostas cognitivas às 
percepções, em vez de respostas basicamente automáticas ao reforço ou à 
punição, como centrais para o desenvolvimento. 
Essa imitação realizada pelas crianças no processo de aprendizagem 
depende do que elas percebem que é valorizado em sua cultura. Nem sempre o 
reforço está presente, e a criança pode aprender determinado tipo de 
comportamento na ausência de reforço diretamente vivenciado. Com isso, 
aprende--se pela observação do comportamento e das consequências deste 
comportamento de outra pessoa. Consequentemente, esta capacidade de 
aprender pelo exemplo supõe a aptidão de antecipar e avaliar consequências 
apenas observadas em outras pessoas e ainda não vivenciadas. 
As pesquisas de Bandura sobre a auto eficácia trouxeram discussões 
sobre uma forma de as pessoas enfrentarem as situações cotidianas. Esse auto 
11 
 
 
eficácia seria o sentido de autoestima ou de valor próprio de um sujeito, a 
sensação de adequação e eficiência em tratar dos problemas da vida. Sujeitos 
com alto eficácia elevada apresentam a capacidade de lidar com todos os 
eventos de sua vida, eles esperam superar obstáculos e, como resultado, 
buscam desafios, perseveram e mantêm um alto nível de confiança em sua 
aptidão para ter êxito (SCHULTZ; SCHULTZ, 2009). 
A terceira das teorias aqui abordadas é o Construtivismo, que é 
compreendido como a corrente teórica da educação que explica como a 
inteligência humana se desenvolve. Neste ponto, suas discussões são 
construídas partindo do princípio de que o desenvolvimento da inteligência é 
determinado pelas ações mútuas entre indivíduo e meio. 
 
É uma teoria que surge a partir dos estudos da Epistemologia Genética 
de Jean Piaget e da Teoria Sócio--histórica de Lev Vygotsky. Estas influências 
levaram à crença de que o homem não nasce inteligente, mas que também não 
é um sujeito passivo no mundo. Mesmo sendo estimulado pelo meio externo, o 
homem é capaz de agir sobre estes estímulos para construir e organizar o seu 
próprio conhecimento. Quanto mais ele age sobre o meio, mais elaborada será 
sua organização cognitiva (COLL; SCHILLING, 2004). 
De acordo com a teoria piagetiana, para conhecer os objetos, o sujeito 
tem que agir sobre eles e, por conseguinte, transformá-los: tem que deslocá-los, 
agrupá-los, combiná-los, separá-los e juntá-los. Neste sentido, o conhecimento 
não é nem uma cópia interior dos objetos, ou acontecimentos do real, nem meros 
reflexos desses objetos e acontecimentos que se imporiam ao sujeito. 
Partindo deste princípio, a aprendizagem é considerada uma constante 
busca do significado das coisas. Esse significado é construído a partir da 
globalidade e das partes que constituem aquilo que se quer conhecer. Como 
ponto fundamental de aprendizagem, aprender é construir o seu próprio 
significado e não encontrar respostas certas dadas por outra pessoa. 
12 
 
 
DESENVOLVIMENTO HUMANO: CONCEITOS 
BÁSICOS E PRINCIPAIS CONCEPÇÕES 
Prezado aluno, são muitas as discussões acerca do desenvolvimento 
humano. Algumas abordagens teóricas serão apresentadas nesta segunda 
unidade, na tentativa de lhe proporcionar um conhecimento básico acerca de 
cada uma delas. Isso se faz necessário para que fique claro as diferenças e as 
semelhanças entre cada uma delas. Em cada uma destas abordagens um autor 
se destaca como principal representante, a partir desta referência sua 
compreensão fica mais nítida acerca do que se trata uma abordagem ou outra. 
Para facilitar a compreensão dessas abordagens, serão apresentadas, 
nesta unidade, teorias de dois autores que na atualidade são muito discutidas 
também no contexto escolar. Uma delas é a Epistemologia Genética de Jean 
Piaget, e a outra é a Abordagem Histórico-social de Lev Vygotsky, esta segunda 
com destaque para o processo de mediação que deve ser realizado 
principalmente pelo professor durante o processo de aprendizagem. 
Basicamente, a Epistemologia Genética de Piaget consiste em uma 
síntese de teorias já existentes, o apriorismo e o empirismo. A partir disto, 
considera que o conhecimento é resultado da interação do sujeito com o meio 
em que habita, ou seja, este conhecimento depende tanto das estruturas 
cognitivas do sujeito como de sua relação com os objetos externos. Já Vygotsky 
apresenta conceitos com os signos e os instrumentos que são construções da 
mente humana que estabelecem uma relação de mediação entre o homem e a 
realidade. 
Espero que com estes pontos que serão abordados nesta unidade, você, 
caro aluno, possa compreender melhor alguns aspectos acerca do 
desenvolvimento humano, principalmente os conceitos-chave presentes nas 
Teorias de Piaget e Vygotsky. Creio que isto irá levá-lo a uma reflexão acerca de 
sua prática profissional,a partir dos referenciais teóricos aqui presentes. 
TEORIAS SOBRE DESENVOLVIMENTO HUMANO 
As diversas teorias existentes sobre o desenvolvimento humano se 
ocupam por explicar como o ser humano vive de acordo com algumas 
13 
 
 
características específicas que o acompanham ao longo da sua vida. Muitas 
delas apresentam um estudo do comportamento humano baseado em estágios, 
determinando assim as mudanças que ocorrem em determinadas idades. 
A grande discussão que gira em torno das explicações acerca do 
desenvolvimento humano é justamente sobre as questões biológicas e as 
questões do ambiente. Ou seja, é o ambiente que determina o desenvolvimento 
do sujeito? Ou são suas características genéticas que moldam as principais 
características e traços de personalidade? É o grande ponto, natureza (biologia) 
versus criação (ambiente) (BELSKY, 2010). 
Sobre as teorias mais estudadas acerca do desenvolvimento humano 
podem-se citar, de acordo com Papalia, Olds e Feldman (2006), as Teorias 
Psicanalíticas, as Teorias Comportamentalistas/Behavioristas, as Teorias 
Cognitivas e as Teorias Humanistas. 
A perspectiva Psicanalítica é responsável pelo estudo do inconsciente, 
que seria o responsável pelas forças que motivam o comportamento humano. 
Seu principal representante e criador da Psicanálise foi Sigmund Freud (1856-
1939), que tinha o objetivo, por meio da abordagem terapêutica, de fazer o 
paciente compreender os conflitos emocionais inconscientes (NASIO, 1995). 
Para explicar o desenvolvimento humano a partir dos atributos da 
Psicanálise, Freud apresenta algumas fases do seu chamado Desenvolvimento 
Psicossexual. Acreditava que a personalidade do sujeito era formada nos 
primeiros anos de vida, momento em que conflitos inconscientes emergem na 
vida da criança. Esses conflitos ocorrem entre seus impulsos biológicos inatos e 
as exigências da sociedade em que ele está inserido (GRIGGS, 2009). 
São cinco as fases apresentadas pelo autor, fase oral (do nascimento aos 
12-18 meses), fase anal (12-18 meses aos 3 anos), fase fálica (3 a 6 anos), fase 
de latência (6 anos até puberdade), e a fase genital (puberdade até fase adulta). 
Dentre estas, as três primeiras eram consideradas cruciais para o 
desenvolvimento da personalidade humana. Cruciais porque neste momento é 
essencial que a criança receba gratificações adequadas, pois ao receber pouca 
ou excessiva gratificação há a possibilidade de desenvolver uma fixação na fase 
14 
 
 
correspondente. Esta fixação é compreendida como uma interrupção no 
desenvolvimento que pode aparecer na personalidade adulta. 
A personalidade, segundo Freud, era composta por três instâncias 
psíquicas, o id, o ego e o superego. A busca pela satisfação imediata, presente 
principalmente nos recém-nascidos, ocorre porque nesta fase o que governa o 
psíquico do sujeito é o id. Já o ego representa a razão ou o senso comum, e este 
irá se desenvolver por volta do primeiro ano de vida, esta razão se ocupa em 
satisfazer as necessidades do id desde que sejam aceitáveis para o superego, 
que se desenvolve aproximadamente aos 5 ou 6 anos. O grau elevado de 
exigência do superego pode levar o sujeito a se sentir culpado caso suas 
demandas não sejam atendidas. O método psicanalítico de Freud influenciou 
muito a psicoterapia atual, que ainda segue seus princípios com propriedade 
(PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). 
Como já abordado anteriormente sobre o Behaviorismo, este é o principal 
representante das Teorias Comportamentalistas. Skinner, discípulo de Watson, 
se ocupa do papel de explicar a ação voluntária do ser humano, desde a 
formação de suas primeiras palavras até o domínio de matemática superior, por 
meio do condicionamento operante. Neste processo, as respostas que são 
recompensadas (ou reforçadas) são aprendidas, já as respostas que não são 
reforçadas tendem a desaparecer ou se extinguir (BAUM, 1999). 
Watson desejava uma psicologia objetiva, uma ciência do comportamento 
que só lidasse com atos comportamentais que eram possíveis de serem 
observados, possíveis de serem descritos em termos de estímulo e resposta. 
Como trabalhava com animais, queria aplicar suas descobertas também nos 
seres humanos. 
Considerando o reforço como responsável pelas respostas aprendidas, 
este é um fenômeno desenvolvi mental poderoso para o bem e para o mal. A 
explicação para isso pode ser encontrada em qualquer situação da vida 
cotidiana. Basta observar como uma pessoa age após receber um elogio. Após 
o elogio (que neste caso é o reforço) a tendência é de que a pessoa continue 
com o comportamento que a levou a receber o elogio. 
15 
 
 
Porém, pode-se falar ainda em modificação do comportamento, ou terapia 
comportamental, que é um exemplo de condicionamento operante utilizado para 
eliminar um comportamento indesejável ou promover um comportamento 
positivo. Esta modificação de comportamento pode ser eficaz quando aplicada 
em crianças com necessidades especiais. 
O retorno da Psicologia aos aspectos da consciência humana por volta da 
metade do século XX, caracteriza-se pelo início das discussões sobre a 
Psicologia Cognitiva, que tem em Jean Piaget (1896-1980) um de seus 
representantes mais característicos, por meio de seus estudos acerca do 
desenvolvimento infantil em termos de estágios cognitivos (BELSKY, 2010). 
A Perspectiva Cognitiva se preocupa com os processos de pensamento e 
com o comportamento que reflete tais processos. Com isto se diferencia do 
comportamentalismo em vários pontos. Um deles é o fato de que os cognitivistas 
se concentram no processo do conhecimento, e não na simples resposta a 
estímulos. As respostas, no caso dos cognitivistas, são usadas como fontes para 
a inferência dos processos mentais que as acompanham. Outro ponto de 
diferenciação corresponde ao interesse dos psicólogos cognitivistas pela forma 
como a mente estrutura ou organiza a experiência. Por último, de acordo com a 
perspectiva cognitiva, o indivíduo organiza ativa e criativamente os estímulos 
recebidos do ambiente (SCHULTZ; SCHULTZ, 2009). 
De acordo com Piaget, o desenvolvimento cognitivo do ser humano inicia 
com uma capacidade inata desse de se adaptar ao ambiente. Esse 
desenvolvimento ocorre por meio de estágios qualitativamente diferentes, que 
são: Sensório-motor (do nascimento aos 2 anos); Pré-operatório (2 a 7/8 anos); 
Operatório-concreto (8 a 11 anos); e Operatório-formal (11 anos a toda idade 
adulta). Os aspectos específicos da teoria Piagetiana serão melhor discutidos 
em tópicos posteriores. 
No final do século XX, os teóricos considerados neon piagetianos 
começaram a incorporar alguns elementos da teoria de Piaget à abordagem de 
processamento de informações. Com isso, concentraram-se em conceitos, 
estratégias e habilidades específicas, ou seja, acreditam que as crianças se 
16 
 
 
desenvolvem cognitivamente ao se tornarem mais eficientes no processamento 
de informações. 
As teorias humanísticas surgiram por volta de 1960, como resposta à 
abordagem psicanalítica determinista e à abordagem psicológica 
comportamental que eram as principais teorias que fundamentavam as 
pesquisas naquela época. Assim, a abordagem humanística se centra nas 
motivações positivas de nossas ações e desenvolvimento, especialmente o 
crescimento pessoal (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). 
Os principais pontos desta abordagem são a ênfase na experiência 
consciente; a crença na integralidade da natureza e da conduta do ser humano; 
a concentração no livre arbítrio, na espontaneidade; e o estudo de tudo o que 
tenha relevância para a condição humana. A partir disto, há uma atenção 
especial aos fatores internos na personalidade como sentimentos, valores e 
esperanças. Os representantes mais característicos desta abordagem são 
Abraham Maslow (1908-1970) e Carl Rogers (1902-1987) (HALL; CAMPBELL; 
LINDZEY, 2000). 
Maslow se preocupava em compreender as elevadasrealizações que os 
seres humanos são capazes de alcançar, desencadeando assim em uma teoria 
da personalidade em que o sujeito se concentra na motivação para crescer, para 
se desenvolver e realizar o eu a fim de concretizar de modo pleno suas 
capacidades e potencialidades humanas. A partir de seus estudos, identificou 
uma hierarquia de necessidades, ou seja, uma ordem das necessidades que 
motivam o comportamento humano. A partir desta hierarquia as pessoas só 
podem empenhar-se para atender necessidades superiores depois que 
satisfizerem necessidades básicas (GRIGGS, 2009). 
O ponto de partida é a necessidade mais básica (necessidade fisiológica), 
que considera a busca pelo alimento como necessária, apesar dos riscos, para 
que em seguida se preocupe com o próximo nível de necessidades, que é a 
necessidade de segurança. Ao satisfazer a necessidade de segurança o sujeito 
fica apto a buscar amor e aceitação (necessidade de afiliação e amor), 
consequentemente há a busca pela satisfação da estima e realização, sendo 
aceito e reconhecido pelo outro. Por fim, o sujeito vai em busca de 
17 
 
 
autorrealização, que segundo Maslow, as pessoas que conseguem satisfazer 
esta última necessidade, possuem alta percepção da realidade, aceitam a si 
mesmas e aos outros. Além disso, características como espontaneidade, 
criatividade e grande capacidade de resolução de problemas estão presentes 
nas pessoas que atingem alto grau de autorrealização (PAPALIA; OLDS; 
FELDMAN, 2006). 
Considerando a constante satisfação de necessidades, fica evidente a 
visão de Maslow baseada no estudo de pessoas saudáveis. O que não ocorre 
com Rogers, que formula suas discussões a partir de sujeitos emocionalmente 
perturbados. Com isto, seus estudos levaram-no a ser conhecido pela terapia 
centrada na pessoa ou terapia centrada no cliente, que se concentra em uma 
única motivação avassaladora, semelhante ao conceito de autorrealização de 
Maslow. No entanto, para Rogers, cada pessoa possui uma tendência inata para 
atualizar as capacidades e potenciais do eu. 
A responsabilidade da mudança era atribuída à pessoa, característica 
presente também na psicanálise ortodoxa, assim, Rogers considera que as 
pessoas podem alterar consciente e racionalmente seus pensamentos e 
comportamentos indesejáveis, tornando-os desejáveis (SCHULTZ; SCHULTZ, 
2009). 
Após a apresentação sucinta de algumas teorias que se ocupam por 
explicar o desenvolvimento humano, neste momento serão abordadas duas 
teorias que são as mais utilizadas no contexto escolar para se trabalhar com os 
processos de desenvolvimento e aprendizagem do sujeito. Serão apresentados 
os principais conceitos e características da Epistemologia Genética de Piaget e 
da Teoria da Mediação de Vygotsky. 
Neste contexto, a aprendizagem deve ser vista como a atividade de 
indivíduos ou grupos humanos, que mediante a incorporação de informações e 
o desenvolvimento de experiências promovem modificações na personalidade e 
na dinâmica do grupo, as quais revertem na transformação daquela realidade, e 
não a análise do problema apresentado pela criança como fato isolado ou 
descontextualizado. 
18 
 
 
Iremos ver também como o desenvolvimento e a aprendizagem são 
fatores que dependem tanto de elementos internos quanto externos ao ser 
humano. A aprendizagem depende da articulação de fatores internos e externos 
ao sujeito (os internos referem-se ao funcionamento do corpo como um 
instrumento responsável pelos automatismos, coordenações e articulações); do 
organismo: a infraestrutura que leva o indivíduo a registrar, gravar, reconhecer 
tudo que o cerca por meio dos sistemas sensoriais, permitindo regular o 
funcionamento total do desejo; entendido como o que se refere às estruturas 
inconscientes representa o motor da aprendizagem e deve ser trabalhada a partir 
da relação que com ela estabelece; das estruturas cognitivas, representando 
aquilo que está na base da inteligência, [...], da dinâmica do comportamento, que 
diz respeito à realidade que o cerca. Os fatores externos são aqueles que 
dependem das condições do meio que circunda o indivíduo. 
EPISTEMOLOGIA GENÉTICA DE PIAGET 
A teoria genética apresenta sua característica de estudo da aprendizagem 
de uma forma peculiar, diferente dos estudos clássicos da aprendizagem. Piaget 
se envereda pelo campo da psicologia com o objetivo de estudar as questões 
epistemológicas, buscando responder as dúvidas acerca do conhecimento 
humano. A Epistemologia Genética é definida como uma disciplina que estuda 
os mecanismos e os processos mediante os quais o sujeito passa dos estados 
de menor conhecimento para os estados de conhecimentos mais avançados 
(PIAGET, 1979). 
Na tentativa de explicar o desenvolvimento intelectual, parte da ideia que 
atos biológicos são atos adaptativos ao meio físico na tentativa de manter o 
equilíbrio. De acordo com este pensamento, o desenvolvimento intelectual age 
do mesmo modo que o desenvolvimento biológico. 
Segundo Piaget: 
A infância é considerada como um período particular do processo de 
formação do pensamento, que só se completa na idade adulta. Em sua 
concepção conhecer é organizar, estruturar e explicar a realidade a partir daquilo 
que se vivencia nas experiências com os objetos do conhecimento. No entanto, 
experiência não é a mesma coisa que conhecimento, pois a inserção de um 
19 
 
 
objeto de conhecimento num sistema de relações ocorre por meio da ação do 
indivíduo sobre o objeto (apud FONTANA; CRUZ, 1997, p.45) 
A inteligência pode ser considerada como o resultado da experiência do 
indivíduo, é por meio da experiência que ele simultaneamente incorpora o mundo 
exterior e o vai transformando, isto é, o indivíduo transforma-se. De acordo com 
a teoria piagetiana, a criança passa por mudanças qualitativas desde o estágio 
inicial de uma inteligência prática (sensório-motor) até o pensamento formal, 
lógico dedutivo, que se inicia a partir da adolescência. 
De acordo com seus estudos, Piaget postula que as mudanças que 
ocorrem com o sujeito entre a primeira infância e a adolescência, ocorrem por 
estágios qualitativamente diferentes. Durante a passagem por esses estágios, 
há também uma continuidade básica no desenvolvimento cognitivo, o prazer e a 
busca pelo aprendizado colaboram para este desenvolvimento. Basicamente, 
este crescimento mental do ser humano ocorre por meio de mecanismos de 
Adaptação que são a Assimilação e a Acomodação. 
A Assimilação é o mecanismo de ajustamento do mundo às capacidades 
individuais e às estruturas cognitivas existentes no sujeito; assim ocorre a 
Acomodação, que corresponde à mudança do pensamento para que ele se 
encaixe no mundo em que o sujeito vive (BELSKY, 2010). 
Para Wadsworth (1997, p.19), assimilação é um “processo cognitivo pelo 
qual uma pessoa integra a um novo dado perceptual, motor ou conceitual nos 
esquemas ou padrões de comportamento já existentes”. A criança tenta adaptar 
esses novos eventos ou estímulos nos esquemas que ela possui naquele 
momento. Assim, assimilação é uma parte do processo pelo qual o indivíduo 
cognitivamente se adapta ao ambiente e o organiza. Dessa forma, esse processo 
de ampliação ou modificação de esquemas (assimilação), ele chama de 
acomodação, embora estimulado pelo objeto, é também possível graças à 
atividade do sujeito para elaboração de novos conhecimentos. 
Em outras palavras, a construção do conhecimento só é possível a partir 
do momento em que ocorrem ações físicas (ou mentais) sobre objetos que 
provocam certo desequilíbrio ao ser humano, resultando assim em Assimilação. 
No entanto, pode ocorrer ainda Acomodação e Assimilação dessas ações que 
20 
 
 
produzirão esquemas ou conhecimento. A experiência prática é fundamental 
nesta Teoria, visto que o aprendizado do sujeito se dá pelo seu contato e suas 
ações sobre o mundo. Ou seja, o desenvolvimento cognitivopode ser 
considerado um produto dos esforços das crianças para compreender e atuar 
sobre seu mundo (PIAGET, 1974). 
As estruturas cognitivas que são modificadas por meio dos processos de 
Assimilação e Acomodação são chamadas de esquemas. É por meio desses 
esquemas que os sujeitos intelectualmente se adaptam e organizam o meio em 
que vivem. A utilização desses esquemas ocorre para se processar e identificar 
a entrada de estímulos, ou seja, diferenciá-los e generalizá-los. 
Exemplo disso é a inteligência, pois ela é assimilação, por permitir o 
indivíduo incorporar os dados da experiência. É também acomodação, pois os 
novos dados incorporados acabam por produzir modificações no funcionamento 
cognitivo da pessoa. Ao mesmo tempo em que, por meio do processo de 
assimilação/acomodação, o indivíduo adapta-se ao meio (elaborando seu 
conhecimento sobre ele) e seu próprio funcionamento cognitivo vai se 
estruturando, se organizando. Uma das primeiras formas de organização 
cognitiva é o esquema. 
Estes esquemas são irreversíveis. Portanto, quando o indivíduo executa 
uma ação no sentido de ida, não tem consciência de que pode efetivamente 
executar essa mesma ação no sentido de volta (FARIA, 1995). É por meio dos 
esquemas de ação que a criança começa a conhecer a realidade, assimilando-
a e atribuindo-lhe significações. Quando pega a mamadeira, ela a relaciona a 
seu esquema “pegar” e atribui--lhe o sentido de um objeto “que se pega”. Mas a 
criança também aplica à mamadeira o esquema “sugar”. Essas assimilações 
provocam transformações nos esquemas “pegar” e “sugar”, à medida que eles 
são acomodados ao objeto mamadeira. 
A criança, ao nascer, é dotada de reflexos, que possibilitam ao bebê lidar 
com o ambiente, e vão sendo assimilados pela criança. A assimilação provoca 
uma transformação dos reflexos, que gradativamente. 
vão se diferenciando e se tornando mais complexos e flexíveis, ou seja, 
ao nascer a criança desencadeia reflexos como de sucção e o de preensão, logo 
21 
 
 
passando para reflexos mais complexos, onde se dá o processo de esquemas 
de ação, tais como: pegar, puxar, sugar, empurrar etc. 
O desenvolvimento contínuo dos esquemas se dá no sentido de uma 
adaptação cada vez mais complexa e diferenciada da realidade. Para Piaget 
(apud WADSWORTH, 1997), o processo de desenvolvimento depende de 
fatores ligados à maturação da experiência adquirida pela criança em seu 
contato com o ambiente, de um processo de autorregulação conhecido por 
equilibração. 
O Equilíbrio é considerado um estado de balanço entre a assimilação e a 
acomodação. A equilibração permite que a experiência externa seja incorporada 
na estrutura interna (esquemas) (WADSWORTH, 1997). Assim, todas as vezes 
que em nossa relação com o meio surjam conflitos, contradições ou outros tipos 
de dificuldade, nossa capacidade de autorregulação ou equilibração entra em 
ação, no sentido de superá-los. 
A Teoria piagetiana sobre o desenvolvimento da criança apresenta 
períodos ou estágios definidos, caracterizados pelo surgimento de novas formas 
de organização mental. Cada estágio se caracteriza por uma maneira típica de 
agir e de pensar, ou seja, a criança passa de um estágio a outro de seu 
desenvolvimento cognitivo, quando seus modos de agir e pensar mostram-se 
insuficientes ou inadequados para enfrentar os novos problemas que surgem em 
sua relação com o meio. 
São 4 os estágios sequenciais denominados de fases de transição, os 
quais são intitulados de Sensório-motor (do nascimento aos 2 anos); Pré-
operatório (2 aos 7, 8 anos); Operatório-concreto (8 aos 11 anos); e Operatório-
formal (acima de 12 anos). Neste momento, será mostrada uma sucinta 
apresentação de cada um desses estágios, de acordo com Coll e Marte (2004). 
O estágio Sensório-motor é caracterizado pela construção da primeira 
estrutura intelectual, pois a partir dos movimentos reflexos básicos, o bebê 
começa a construir esquemas de ação para que possa assimilar mentalmente o 
meio. O contato com a realidade física se dá pela manipulação de objetos, e o 
final desse estágio tem como característica o desenvolvimento da linguagem. 
22 
 
 
Nesta fase, as crianças adquirem a capacidade de administrar seus 
reflexos básicos para que gerem ações prazerosas ou vantajosas. É um período 
anterior à linguagem, no qual o bebê desenvolve a percepção de si mesmo e dos 
objetos a sua volta. 
Do nascimento até os 2 anos de idade, aproximadamente, a criança passa 
do nível neonatal (marcado pelo funcionamento dos reflexos inatos) para outro 
em que ela já é capaz de uma organização perceptiva e motora dos fenômenos 
do meio. De início, o corpo da criança reflete o mundo e ainda não se diferencia 
dele, ou seja, a criança age sobre o mundo, ela repetidamente chupa o dedo, 
suga a pontinha da manga da roupa. São movimentos não intencionais, 
centralizados no seu próprio corpo, que se repetem sempre. 
A consciência da criança se expande lentamente, conforme suas ações 
se deslocam de seu próprio corpo para os objetos. A mão agarra, chega o objeto 
ao corpo, a boca que experimenta, empurra-o para longe de si. Os olhos 
acompanham os movimentos. Os movimentos ficam mais complexos, mais 
amplos, como engatinhar, pôr-se de pé, andar (FONTANA; CRUZ, 1997). 
A criança começa a perceber que os objetos, as pessoas, continuam 
existindo mesmo quando estão fora do seu campo de visão. Formam-se as 
primeiras imagens mentais dos objetos ausentes do meio imediato. São elas que 
possibilitam o desenvolvimento da função simbólica, a criança reproduz, imita, 
representando o jogo de faz de conta. Ela torna-se capaz de imaginar ações ou 
fatos sem praticá-los efetivamente. 
Na fase Pré-operatória as percepções das crianças são capturadas por 
sua aparência imediata. Este estágio é conhecido como estágio da Inteligência 
Simbólica, pois a função simbólica na criança é responsável pela capacidade de 
substituição do objeto por uma representação. As principais características nesta 
fase são uma criança egocêntrica, centrada em sim mesma, e que quer 
explicação para tudo, a chamada fase dos “por quês”. Grandes avanços mentais 
ocorrem pela passagem do estágio sensório-motor para o pré-operatório. 
É neste período que ela se torna capaz de tratar os objetos como símbolos 
de outras coisas. O desenvolvimento da representação cria as condições para 
aquisição da linguagem, pois a capacidade de construir símbolos possibilita 
23 
 
 
aquisição dos significados sociais (das palavras) existentes no contexto em que 
ela vive. 
Neste momento, a criança deverá reconstruir no plano da representação 
aquilo que já havia conquistado no plano de ação prática. Assim, a diferenciação 
entre o eu e o mundo, que já tinha se completado no plano de ação, deverá ser 
elaborada no plano da representação. Para Piaget (apud WADSWORTH, 1997, 
p.65): 
Nesse estágio, o primeiro passo para a aprendizagem é a passagem da 
ação para o pensamento, a internalização da ação, realizar uma ação 
mentalmente em vez de fisicamente. A representação de objetos, pela ordem de 
aparecimento que são a imitação diferida, o jogo simbólico, o desenho, a imagem 
mental e a linguagem falada. Distingue fantasia do real podendo dramatizar a 
fantasia sem que acredite nela. As crianças deste estágio são egocêntricas, elas 
não conseguem ter outro referencial sem serem elas próprias. 
Ao final do período pré-operatório, o pensamento da criança começa a 
assumir a forma de operações concretas. Este estágio é caracterizado pela 
capacidade das crianças em raciocinar sobre o mundo de uma forma mais lógica 
e adulta. É o momento do aparecimento das noções temporais, espaciais, de 
velocidade e ordem. Neste momento, a criança já não depende mais da questão 
imediata, mas sim do mundo concreto para abstrair. 
A criança torna-se capaz de compreender o ponto de vista da outra 
pessoa e de conceitua lizar algumas relações.Portanto, é nessa fase que são 
estabelecidas as bases para o pensamento lógico, próprio do período final do 
desenvolvimento cognitivo. Esse período tem como marca a aquisição da noção 
de reversibilidade das ações. Surge a lógica nos processos mentais e habilidade 
de discriminar os objetos por similaridades e diferenças. A criança já pode 
dominar conceitos de tempo e números. 
Essa reversibilidade do pensamento possibilita à criança construir noções 
de conservação de massa, volume etc. Assim, por meio das operações, 
inicialmente só aplicáveis a objetos concretos e presentes no ambiente, os 
conhecimentos construídos anteriormente pela criança vão se transformando em 
conceitos. 
24 
 
 
O raciocínio do sujeito chega ao seu ápice no estágio Operatório-Formal, 
pois neste momento há a capacidade de olhar além da simples aparência dos 
objetos. Essa capacidade dedutiva pode ser observada quando alguém 
conhecido (por exemplo, a mãe) coloca uma máscara, a criança sabe que ainda 
continua sendo essa pessoa conhecida por detrás da máscara. O pensamento 
hipotético ocorre de forma correta também nos adolescentes que já conseguem 
realizar tarefas de seriação de forma apropriada, pois adquiriram a capacidade 
de colocar objetos em ordem crescente, do menor para o maior. 
Para finalizar o pensamento, as estruturas cognitivas do sujeito nesta 
fase, já alcançaram seu nível mais elevado de desenvolvimento, tornando-se 
assim aptas a aplicar o raciocínio lógico a todas as classes de problemas. 
Essa fase marca a entrada na idade adulta, em termos cognitivos. O 
adolescente passa a ter o domínio do pensamento lógico e dedutivo, o que o 
habilita a experimentação mental. Isso implica entre outras coisas, relacionar 
conceitos abstratos e raciocinar sobre hipóteses. 
O adolescente não tem mais necessidade de estar diante dos objetos 
concretos ou de operar sobre eles para relacioná-los. Ele transforma os dados 
da experiência em formulações organizadas e desenvolve conexões lógicas 
entre elas, enfim, é capaz de pensar sobre o seu próprio pensamento ficando 
cada vez mais consciente das operações mentais que realiza ou que pode ou 
deve realizar diante dos mais variados problemas. Na teoria de Piaget, a maioria 
dos alunos pode ser capaz de usar o pensamento operacional formal em apenas 
algumas áreas nas quais eles tenham mais experiência ou interesse. 
Por se tratar de estágios sucessivos, cada um deles tem como ponto 
marcante o aparecimento de uma etapa de equilíbrio, ou seja, uma etapa de 
organização das ações e das operações do sujeito, descrita mediante uma 
estrutura lógico-matemática. Em cada um desses estágios o equilíbrio só é 
alcançado após uma etapa de preparação. 
A passagem de um estado de menos conhecimento para um estado de 
conhecimento mais avançado encontra explicação nos estudos de Piaget 
quando se considera a ação educativa. A aprendizagem escolar não é uma 
recepção passiva do conhecimento transmitido, mas sim um processo ativo de 
25 
 
 
elaboração, além disso, o processo de ensino deve favorecer a interação múltipla 
entre os alunos e os conteúdos que eles têm de aprender. Com isso, o aluno 
constrói o conhecimento por meio das ações efetivas ou mentais que realiza 
sobre o conteúdo de aprendizagem (COLL; MARTÍ, 2004). 
A partir destas discussões há que se considerar que atualmente, os 
achados da Epistemologia Genética principalmente sobre o funcionamento 
intelectual, continuam sendo utilizados como referência dos enfoques 
construtivistas em pedagogia e em educação. 
TEORIA DA MEDIAÇÃO DE VYGOTSKY 
 
O interesse de Vygotsky (1896-1934) pela psicologia evolutiva e 
educação serviu de base para o desenvolvimento de suas obras que são 
atualmente referência no ensino de base Construtivista. Apresenta preocupação 
com o contexto sociocultural da criança que é considerado fundamental para o 
seu desenvolvimento. Não apresenta uma Teoria orientada por etapas como 
outros estudiosos do desenvolvimento humano, porém dá ênfase à experiência, 
principalmente por considerar o sujeito como ativo no processo de seu 
desenvolvimento cognitivo (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2006). 
É por meio do contexto histórico, social e cultural que este 
desenvolvimento cognitivo ocorre. As chamadas atividades cognitivas básicas 
ocorrem de acordo com sua história social. Assim, as habilidades cognitivas e 
as formas de estruturar o pensamento são resultados das atividades praticadas 
de acordo com os hábitos sociais da cultura em que o indivíduo está inserido, e 
não a partir dos fatores congênitos. 
Vygotsky (1999) não considera apenas um conceito de desenvolvimento, 
porém para enfatizar a diferença entre o desenvolvimento relacionado às leis 
biológicas (maturação) e o desenvolvimento mental (aprendizagem realizada no 
cotidiano) construído da relação eu-contexto social, o autor formula a Zona de 
Desenvolvimento Proximal (ZDP). 
Vygotsky afirmou que as crianças aprendem a utilizar os instrumentos 
para pensar proporcionados pela cultura, por meio de suas interações com 
26 
 
 
parceiros mais habilidosos na zona de desenvolvimento proximal. [...]. As 
interações na zona de desenvolvimento proximal permitem que as crianças 
participem de atividades que lhes seriam impossíveis de realizar sozinhas, 
utilizando instrumentos culturais que devem ser adaptados, eles próprios, a 
atividades específica em questão (ROGOFF, 2005, p. 51). 
A aprendizagem ocorre dentro de uma zona de desenvolvimento proximal, 
ou seja, há uma diferença entre o que a criança sabe fazer sozinha e seu nível 
de desenvolvimento potencial, que é determinado por meio de resolução de 
problemas sob orientação adulta ou em colaboração com seus semelhantes 
mais capazes (VYGOTSKY, 1999). Em outras palavras, é a diferença entre os 
níveis de desenvolvimento real e potencial. A partir disto, o ideal seria que os 
professores trabalhassem de acordo com a zona de desenvolvimento proximal. 
Em seguida, quando a criança se tornar mais competente, é chegada a hora de 
o professor dar ao aluno um pouco mais de responsabilidade pela direção de 
uma determinada atividade de aprendizagem. Diferente de Piaget, que 
apresenta a ideia de que uma criança ao explorar o mundo sozinha constrói uma 
visão de mundo mais adulta, Vygotsky acreditava que as pessoas é que 
impulsionavam o crescimento mental. 
É na zona de desenvolvimento proximal que a interferência de outros 
indivíduos é mais transformadora. Processos já consolidados, por um lado, não 
necessitam da ação externa para serem desencadeados, processos ainda nem 
iniciados, não se beneficiam dessa ação externa. Para a criança que já sabe 
amarrar sapatos, por exemplo, o ensino desta habilidade seria completamente 
sem efeito, já para um bebê a ação de um adulto que tenta ensiná-lo a amarrar 
sapatos, é também sem efeitos, pelo fato de que a habilidade está muito distante 
do horizonte de desenvolvimento de suas funções psicológicas. Só se 
beneficiaria do auxílio na tarefa de amarrar sapatos a criança que ainda não 
aprendeu bem a fazê-lo, mas já desencadeou o processo de desenvolvimento 
dessa habilidade. 
O desenvolvimento humano passa, necessariamente pelo outro, portanto, 
a história de cada uma das funções psíquicas é uma história social. Por isso 
poderíamos dizer que é por meio dos outros que nos tornamos nós mesmos e 
esta regra se aplica não só ao indivíduo como um todo, mas também a história 
27 
 
 
de cada função separadamente. Isso também constitui a essência do processo 
do desenvolvimento cultural traduzido numa forma puramente lógica. O indivíduo 
torna-se para si o que ele é em si pelo que ele manifesta aos outros (VIGOTSKI, 
1997, p. 105 apud PINO, 2005, p. 66). 
O ser humano torna-se a ser humano, de acordo com as explicações de 
La Taille (1992), a partir de sua relação com o outro social, assim a cultura passa 
a fazer parte da natureza humana porum processo histórico que molda o 
psicológico do homem, conforme este se desenvolve. Para o autor, as 
proposições de Vygotsky nos fazem entender a natureza dos seres humanos, 
membros da “espécie biológica que só se desenvolve no interior de um grupo 
cultural” (p.24). 
A constituição da criança como ser humano é, portanto, algo que depende 
duplamente do Outro: primeiro, porque a herança genética da espécie lhe vem 
por meio dele, segundo, porque a internalização das características culturais da 
espécie passa, necessariamente por ele, como o deixa claro a análise de 
Vygotsky (PINO, 2005, p. 154). 
As relações sociais dos seres humanos, segundo La Taille (1992), são 
mediadas por instrumentos e símbolos desenvolvidos culturalmente pelos 
próprios homens, e é a linguagem humana o instrumento de comunicação e 
síntese do conhecimento, que nos diferencia dos outros animais. 
Segundo Pino (2005), Vygotsky atribui ao signo ou à palavra um meio de 
interação fundamental no processo de desenvolvimento da criança, visto que a 
palavra ou o signo veiculam significados historicamente produzidos, além de 
serem representações e expressões das ideias dos homens, refletem, ainda, a 
sua relação com o outro e com a natureza. 
Vygotsky sustenta que a união da atividade prática com o signo ou a 
palavra constitui ‘o grande momento do desenvolvimento intelectual em que 
ocorre uma nova reorganização do comportamento da criança’ (VIGOTSKI, 
1994, p. 115 apud PINO, 2005, p. 137). 
28 
 
 
De acordo com Shaffer (2005), por meio do diálogo que a criança mantém 
com as pessoas em diferentes ambientes de convívio, a mesma aprende e 
descobre novos princípios, estimulando assim o crescimento cognitivo. 
O autor denomina este processo de: 
aprendizado do pensamento e participação orientada. [...]. A participação 
orientada é um aprendizado de pensamento de modo informal, no qual a 
cognição das crianças é moldada à medida que estas façam parte, junto com os 
adultos ou participantes mais habilidosos, das experiências do dia-a-dia da 
cultura que estão inseridas (p. 249). 
Ainda segundo Shaffer (2005), a linguagem do ponto de vista de 
Vygotsky, possui papel relevante no desenvolvimento cognitivo da criança, 
primeiro por ser uma forma de transmissão de modelos culturais e segundo por 
ser uma das “ferramentas mais poderosas de adaptação intelectual em si 
mesma” (p. 253). 
Vygotsky, Luria e Leontief (1998) explicam que o que determina o 
desenvolvimento da criança é sua própria condição de vida, ou seja, “os 
processos reais desta vida” (p. 63). Assim, pode-se justificar que a criança se 
desenvolve a partir das condições do meio, em que está inserida, lhe oferece, 
por meio de interações que mantém com o outro por meio do diálogo e a 
imitação. “Ela assimila o mundo objetivo como um mundo de objetos humanos 
reproduzindo ações humanas com eles” (p. 59). 
Pesquisadores influenciados pelas ideias de Vygotsky estudam como o 
contexto cultural influencia as primeiras interações sociais que podem promover 
competência cognitiva. No caso, há também a responsabilidade dos pais em 
criarem um ambiente doméstico que possa estimular positivamente as 
capacidades de processamento de informações dos filhos. 
O crescimento cognitivo da criança ocorre como um processo 
cooperativo. Ela aprende a partir da interação social, essencial no seu processo 
de desenvolvimento, as trocas de experiência e conhecimento vivenciadas 
constituem uma troca de significados. Nesta perspectiva, o ser humano se 
constitui enquanto que na sua relação com o outro, assim, um conceito 
29 
 
 
importante na teoria é a mediação (pressuposto da relação eu-outro), que se dá 
pela possibilidade de interação com signos, símbolos e objetos (VYGOTSKY, 
2002). 
No caso do professor, este deve ajustar seu nível de ajuda ao nível de 
desempenho da criança, enquanto dirige o progresso da aprendizagem para o 
nível superior da sua zona de desenvolvimento proximal. Quando é solicitado 
para a criança a realização de uma tarefa que aparentemente ela não é capaz 
de realizar é que se pode observar este processo de mediação. Esta tarefa 
específica de resolução de problema está dentro da zona de desenvolvimento 
proximal da criança, porém sozinha ela não consegue resolver. 
Neste momento, entra o professor como suporte, que irá dividir a tarefa 
em etapas. Durante o processo de mediação o professor age como um andaime, 
que dará indicações à criança de como resolver o problema por etapas, 
consequentemente irá dar apoio a cada progresso da criança. Após cumprir a 
tarefa pode-se pedir para a criança realizá-la novamente, mas com menos ajuda 
do que antes. O professor constrói este andaime de apoio que permite a 
aprendizagem da criança, assim que ela se torna capaz de realizar a tarefa 
sozinha, este andaime deixa de ser necessário (GRIGGS, 2009). 
Este processo de mediação ocorre pelo uso de instrumentos e signos. Os 
instrumentos utilizados podem ser aqueles que apresentam alguma utilidade 
prática para a realização da tarefa, no caso instrumentos físicos. Já os signos 
são elementos que lembram ou simbolizam algo, traz um significado implícito. 
Conhecidos também como instrumentos simbólicos têm como exemplo a 
linguagem, que pode ser considerado um sistema simbólico fundamental em 
todos os grupos humanos, elaborado ao longo da evolução humana 
(VYGOTSKY, 2002). 
O componente contextual da teoria vygotskiana remete-se ao fato de que 
o desenvolvimento de crianças de uma determinada cultura ou grupo cultural 
pode não ser uma norma apropriada para crianças de outras sociedades ou 
grupos culturais. Isso faz menção a respeito de que nenhuma teoria de 
desenvolvimento humano é universalmente aceita, e nenhuma perspectiva 
teórica explica todas as facetas do desenvolvimento. 
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