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Monografia. O Cristianismo Contemporâneo e Seus Abusos

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UNICEP
Centro Universitário Central Paulista
LILIANE TROVATI VIEIRA CHAVES
 O CRISTIANISMO CONTEMPORÂNEO E SEUS ABUSOS
São Carlos – SP
2008
Liliane Trovati Vieira Chaves
O Cristianismo Contemporâneo e Seus Abusos
	Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Central Paulista como requisito parcial para a obtenção de Certificado de Pós-graduação na disciplina de História, Cultura e Educação.
Orientador: Prof. Dr. Marco Antonio Pratta
São Carlos – SP
2008
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Liliane Trovati Vieira Chaves
O Cristianismo Contemporâneo e Seus Abusos
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro Universitário Central Paulista, como requisito parcial para a obtenção de Certificado de Pós-Graduação em História, Cultura e Educação
São Carlos, 22 de dezembro de 2008
_________________________________
Prof. Dr. Marco Antonio Pratta
_________________________________
_________________________________
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Esta monografia é especialmente dedicada a meu marido, Gilson e meus filhos, Bryan e Stephanie, que pacientemente ajudaram-me nos serviços que não pude realizar para me dedicar mais a este estudo, e por sempre me apoiarem no desenvolvimento deste tema tão controverso. Através de suas experiências e relatos, pude observar exemplos práticos de como muitas vezes a religiosidade é capaz de nos afastar de Deus, de outros seres humanos e de nós mesmos. 
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AGRADECIMENTOS
	Agradeço primeiramente a Deus, sem o qual nada existiria e cujo amor e paciência conosco são inexplicavelmente ilimitados. 
	Agradeço também a cada um de meus professores da pós-graduação do curso de História, cujas aulas, preparadas com tanta presteza, me auxiliaram a desenvolver um espírito mais crítico e questionador. Apresentaram-me a um mundo de pensadores, onde pude desenvolver o respeito por aqueles que nem sempre possuem o mesmo ponto de vista ao qual estou acostumada. Chamaram-me a atenção para assuntos que eu jamais imaginara possíveis.
	E por fim, agradeço a meus pais pelo dom da vida e por tentarem me dar um desenvolvimento psíquico saudável sem medida, mantendo-se íntegros e calmos nas mais terríveis adversidades, só para que eu pudesse ter um exemplo correto e não me sentisse ferida.
	
	
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RESUMO
	Este trabalho teve como objetivo central exemplificar algumas questões que causam controvérsias dentro do pensamento cristão em nossa sociedade, citando pensamentos, ações ou posturas que deveriam ou não ser adotadas, segundo o ‘manual prático do cristão’, ou seja, a Bíblia. Não houve em nenhum momento a intenção de se explicar as várias divisões e segmentos do cristianismo; pelo contrário, foi continuamente enfatizado o fato de que as várias denominações e desacordos no cristianismo provêm de tentativas de se manipular o evangelho de Deus. Ao longo da história, o amor ao poder e o endeusamento de certos líderes, a ganância e o amor ao dinheiro, a ignorância a respeito do verdadeiro papel do sexo na vida dos casais, o machismo, o preconceito, as guerras ‘em nome de Deus’ e a criação de convenções sociais meramente humanas vêm escandalizando e deturpando a Palavra de Deus. Para grande parte daqueles que se professam cristãos, a falta de entendimento leva a um conjunto de atitudes puramente exteriores, impedindo-os de avançar intrinsecamente em suas vidas e serem curados em suas almas, voltando-se para questões realmente relevantes de caráter e atitudes. 
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ABSTRACT
	This work had as its main purpose the exemplification of some issues responsible for causing controversy within Christian philosophy in our society; some thoughts, actions or postures have been cited as relevant or non relevant, according to the one and only Christian Manual, the Bible. There was no intention to explain the various divisions or segments of Christianity; on the contrary, it has been entirely sustained that nowadays many denominations and disagreements about Christian thoughts are raised from human attempts to manipulate the real Gospel of God. Throughout history, the love for power and money, the idolatry of certain leaders, greed, the ignorance about the real role of sex in the couples’ lives, machismo, prejudice, wars in the ‘name of God’ and the creation of merely human social conventions have been scandalizing and slandering the Word of God. For great part of those who consider themselves Christians, the lack of understanding leads to a variety of exterior attitudes (religiousness), preventing them from advancing inwardly within their lives, and also preventing them from having their souls healed through meaningful actions and words. 
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SUMÁRIO
8Introdução	�
81. Uma Breve História da Igreja Cristã	�
82. A Manipulação Econômica na Teoria da Prosperidade e Teologia da Libertação	�
82.1. A Teoria da Prosperidade como Marketing para se “Ganhar Almas para Jesus”	�
82.2. A Teologia da Libertação e Seu Falso Perfil Socorrista	�
83. Construir Templos ou Investir em Obras Sociais?	�
84. Religiosidade e Liderança	�
84.1. Líderes Religiosos e o Misticismo	�
84.2. A Religiosidade como Fonte de Intrigas, Orgulho e divisões na Igreja de Cristo	�
85. Sexo: Criação de Deus ou Consequência do Pecado?	�
86. O verdadeiro papel das mulheres e o mito da eterna virgindade de Maria, mãe de Jesus.	�
8Considerações Finais	�
8BIBLIOGRAFIA	�
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Introdução
Na verdade não existe outro evangelho, porém eu falo assim porque há algumas pessoas perturbando vocês, querendo mudar o Evangelho de Cristo. Mas, se alguém, mesmo que sejamos nós ou um anjo do céu, anunciar a vocês um evangelho diferente daquele que temos anunciado, que seja amaldiçoado! (Gálatas 1: 7-8).
	O Cristianismo é a filosofia de vida que mais fortemente caracteriza a sociedade ocidental. Vem, há dois mil anos, permeando a história e influenciando nitidamente a literatura, sociologia, filosofia, as artes e arquitetura. É indispensável conhecê-lo e saber analisar, à luz das Escrituras, os abusos e falácias que vêm sendo cometidos em nome de “Deus”. Neste trabalho, não citaremos as divisões e diferenças denominacionais ocorridas ao longo dos anos. Veremos o Cristianismo como um só, único e indivisível, pois é assim que o próprio Jesus o descreveu. 	
	A Bíblia é a referência inquestionável no Cristianismo e, portanto, o fundamento de auxílio para a comparação entre seus escritos e as atitudes das igrejas. O Cristianismo prega, através dos ensinamentos de Jesus, uma sociedade totalmente nova, um estilo de vida que sofre mudanças diárias em cada indivíduo e em seu coletivo, e em nenhum momento no Novo Testamento, a religião é citada como fonte de salvação ou de instrumento para agradar a Deus. Através da figura dos Fariseus e dos Saduceus, que eram tidos como os maiores religiosos de sua época na sociedade judaica, Jesus ataca com veemência a religião, indicando que há um só caminho, estreito, para Deus: ELE (João 14:6). Os preceitos religiosos, dogmas e ritos do Antigo Testamento já haviam sido cumpridos pelo próprio Jesus. Nenhum ritual externo seria necessário a partir daquele momento. De acordo com Jesus, o Reino de Deus havia chegado, dentro de cada um que o reconhecesse como Deus. Jesus cita o profeta Isaías, com seus ensinamentos de aproximadamente 700 anos antes, para explicar a cegueira espiritual do povo em geral, tanto dos religiosos como agnósticos, e da iminente ajuda sobrenatural de Deus para entender questões espirituais:
Vocês ouvirão, mas não entenderão, olharão, mas não enxergarão nada. Pois a mente deste povo está fechada; eles taparam os ouvidos e fecharam os olhos. Se não tivessem feito isto, seus olhos poderiam ver e seus ouvidos ouvir, a sua mente poderia entender, e eles voltariam para Mim e eu os curaria, disse Deus. (Mateus 13:14-15).
	 Jesus, o próprio Deus encarnado, sofreria os corriqueiros problemas humanos, mostraria que, sendo homem, entende o que cada um sente. E deixaria, em um sermão, o do Monte, (Mateus 5, Lucas 6), aquilo que deve ser considerado objetivo de vida para seus seguidores. Deixa claro também que, para o homem, é impossível cumprir o sermão do Monte ou entender o sentido espiritual de suas parábolas sem que haja uma interferência divina. Assim que ressuscitasse, prometeu que viria o Consolador (Espírito Santo), que viveria dentro de cada um que clamasse o seu nome como Deus, cresse em sua ressurreição e mantivesse um relacionamento de amizade com Ele. O homem passaria então a perceber que tudo que há de bom nele é o próprio Deus agindo intrinsecamente, e que sem essa presença divina, o ser humano está entregue às vontades de seu próprio coração enganador, com amor falho, restrito, condicional e duvidoso. E cabe a cada um, dia após dia, situação após situação, fazer a escolha a quem ouvirá: a voz do Espírito Santo ou a voz de si mesmo. Se a primeira atitude prevalecer, Jesus deu o nome a este ato de obediência. O Reino dos Céus, como Ele havia prometido, chegou com sua presença física à Terra, imperceptível ao mundo material e à mente humana entregues em si mesmos. Para compreendê-lo, um novo nascimento ocorre em cada fiel que o confessa como Deus (João 3); Deus/Jesus/Espírito Santo vão aos poucos abrindo-lhe os olhos espirituais. A mente humana, totalmente cega e alheia ao mundo espiritual, definitivamente não consegue entender ou explicar em palavras esta outra esfera da criação, sem que Deus lhe abra os ‘olhos do espírito’: 
 Quando falamos, usamos palavras ensinadas pelo Espírito de Deus e não palavras ensinadas pela sabedoria humana (...). Mas quem não tem o Espírito de Deus (Espírito Santo) não pode receber os dons que vêm do Espírito e, de fato, nem mesmo pode entendê-los. Essas verdades são loucura para essa pessoa porque o sentido delas só pode ser entendido de modo espiritual. (1CORÍNTIOS 2:13-14).
	 Para Jesus, Roma não é mais o inimigo; na época de Jesus, o povo judeu estava sob o domínio do Império Romano e muitos adeptos e leitores do Antigo Testamento imaginavam que, se Jesus fosse verdadeiramente o Messias prometido nas Escrituras, especialmente no livro do Profeta Isaías, Ele teria que lutar e subjugar todo o senhorio de Roma. Jesus, entretanto, mostra que seu Reino não é deste mundo, ou seja, visível materialmente. Na verdade, deixa claro que judeus, romanos, gregos e outros estão no mesmo patamar para Deus: TODOS precisam de redenção, ou seja, perdão. Quando confessam suas falhas, à luz dos ensinamentos de Jesus, reconhecem que não conseguem mudar. Para este processo Jesus deu o nome de ‘humilhar-se’. Dizendo a Deus quais são suas mazelas, o Todo Poderoso, perdoa-os e, em Seu tempo, cura-os. De tempos em tempos, especialmente quando a Igreja encontra-se em posição de honra no mundo, ela passa a distorcer as verdades espirituais para atender às suas próprias causas.
	Jesus, sendo Deus de acordo com a Bíblia (João 10:30), sabia que haveria esforços imensos em tempos futuros para que suas palavras fossem moldadas de acordo com os interesses de cada grupo. Por isso deixa várias admoestações e inspira, através do Espírito Santo, os evangelistas em seus livros para fazer o mesmo, alertando contra os falsos ensinamentos, adições ao Evangelho, falsos profetas e religiosidade: “Quem não fica com o ensinamento de Cristo, mas vai além dele, não tem Deus. Porém, quem fica com o ensinamento de Cristo, esse tem tanto o Pai como o Filho” (2 João 9).
	Jesus fala também ao evangelista João, seu discípulo querido, na Ilha de Patmos, atual Grécia, entre 85 e 95 d.C., indicando-lhe, ora em linguagem concreta ora em linguagem figurada para explicar o mundo espiritual, qual seria a situação política, social e espiritual da Terra um pouco antes do final de tudo. E este livro, o Apocalipse, em suas cartas enviadas às sete igrejas, a partir do capítulo 2, faz menção às grandes falhas das Igrejas Cristãs. Tais Igrejas realmente existiram, no que hoje geograficamente consideramos a Turquia, mas, se lermos as cartas de Jesus a estas sete igrejas, perceberemos claramente que os problemas de religiosidade e maldade ali tratados são detalhadamente iguais aos de hoje, ainda que a época e a cultura sejam outras.
	Sabendo que, contrário à vontade de Deus, haveria rupturas e divisões nas Igrejas, com dogmas humanos inventados, Jesus deixa a si próprio (sua Palavra) para guiar aqueles que o consideram amigo: A Palavra ou a Verdade, como é conhecida a Bíblia, onde está o próprio Jesus, orienta de uma maneira simples e clara os rumos a serem tomados. Por isso, nas primeiras linhas do Evangelho de João, Jesus é chamado de “A Palavra” ou “O Verbo”. De acordo com o Cristianismo, neste livro estão contidas todas as instruções imprescindíveis para um ensinamento cristão pleno. Os acréscimos feitos por seres humanos, com seus ritos doutrinários e denominações, não edificam o relacionamento Deus-homem. A maioria dos Cristãos em todo o mundo, quando se despem de seus dogmas e religiosidade, estão aptos a conformarem-se tão somente com as Escrituras.
	Sem as adições humanas à Palavra de Deus movidas pelo amplo e insaciável desejo do homem pelo poder, a Palavra de Deus seria muito melhor entendida e a imagem de Jesus bem menos controversa, nebulosa e caluniada.
Não seremos mais como crianças, arrastados pelas ondas e empurrados por qualquer vento de ensinamentos de pessoas falsas. Essas pessoas inventam mentiras e, por meio delas, levam outros para caminhos errados (Efésios 4: 14). 
1. Uma Breve História da Igreja Cristã
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(. . .) Deus diz: ‘tudo o que meu servo (Jesus) fizer dará certo...Muitos ficaram horrorizados quando o viram, pois ele estava tão desfigurado que nem parecia um ser humano (na cruz). Mas agora (1ª. e 2ª. vindas de Cristo) muitos povos ficarão admirados quando o virem (. . .) pois verão coisas de que ninguém havia falado, entenderão aquilo que nunca tinham ouvido (escrito, aproximadamente, em 700 a.C.) (Isaías 52: 13-15). 
	
	A primeira igreja cristã, logo após a ressurreição de Jesus, foi constituída por judeus, com suas características religiosas específicas do Antigo Testamento, porém, com um fator que os diferenciava dos demais: acreditavam que Jesus de Nazaré era o prometido Messias, que veio cumprir as profecias de Isaías, escritas aproximadamente 700 anos antes de seu nascimento.
	A contínua difusão do Cristianismo, agora entre os povos gentios (não judeus), deu-se graças ao trabalho do então fariseu Saulo (Paulo de Tarso), que estabeleceu, através de suas cartas às várias Igrejas espalhadas pela Ásia e Europa, as fundações da teologia cristã. De acordo com o livro dos Atos dos Apóstolos, capítulo 9, Saulo, um exímio religioso que tinha a Lei de Deus (Antigo Testamento) na ponta da língua, perseguia e matava cristãos. Até que um dia teve um encontro em pessoa com o próprio Jesus, que, com sua forte luz (espiritual), o cegou. Jesus perguntou-lhe então porque Saulo o perseguia tanto. Perceba que isto ocorreu depois da morte e ressurreição de Jesus. Após três dias, Saulo (agora chamado Paulo), é levado totalmente cego por amigos até a casa de um cristão chamado Judas, onde Ananias reza por ele e lhe caem escamas dos olhos (uma figura representativa da abertura dos olhos espirituais no ser humano, realizada por Deus). Paulo passa então a confessar Jesus como o Messias e o Deus prometido. Naquela hora, Deus lhe revela também o quanto a Palavra (Bíblia, o próprio Jesus) é importante e que de nada valem as atitudes religiosas, como lavar as mãos, guardar o sábado, vestir-se de certa maneira, circuncidar-se, cortar o cabelo ou não.
	De acordo com Hellern:
Uma questão fundamental na Igreja primitiva foi a relação entre os cristãos judeus e os cristãos gentios (não judeus). Estariam os cristãos gentios sujeitos à Lei de Moisés (ritos religiosos)?Deveriam eles, por exemplo, ser circuncidados antes de se tornarem cristãos? Nas primeiras décadas após a morte de Cristo, muitos líderes cristãos de Jerusalém, incluindo o irmão de Jesus, Tiago, acreditavam que sim. Paulo, porém, tinha um ponto de vista diferente. Ele viajara entre os ‘gentios’ e vira como eles adotavam a fé de Cristo sem ter um conhecimento íntimo do judaísmo (Hellern, 2000, p.48). 
	Para os primeiros cristãos, o Cristianismo não significava religião, significava o Caminho. Religião separa, o Caminho (Jesus) une. A Religião traz como consequências desavenças, divisões, golpes. O Caminho restaura, acalma, conduz. Religião traz sentimentos de culpa, impotência ou orgulho. O Caminho traz perdão, força, alegria e humildade. 
	Infelizmente, o Cristianismo está dividido hoje em muitas comunidades eclesiásticas, com diferentes doutrinas, ordens e atitudes sociais. A Igreja praticamente permaneceu indivisível até 1054, quando houve a ruptura entre Católica Romana e Ortodoxa. Entretanto, sabe-se que seu poder era pouco questionado, devido ao medo imposto aos fiéis através das mais diversas ameaças físicas e emocionais aplicadas pelo clero dominante. 
	Com a união da Igreja ao Estado, com Constantino, a partir de 313 d.C., através da proclamação do Edito de Milão, percebe-se um desvio dos interesses humanos, e de um modo geral, dos ensinamentos de Jesus. O amor ao poder vai aos poucos moldando as atitudes dos cristãos. A Bíblia passa a ser lida por uma pequena elite, recolhida às casas clericais e mais tarde aos mosteiros; a Igreja inicia então sua enganosa campanha de convencimento da população de que ela é a representante infalível de Deus na Terra. Adota como verdades incontestáveis muitas colocações de filósofos da Grécia antiga a respeito das ciências e das relações sociais. Leva a sociedade européia e asiática a uma verdadeira escuridão espiritual e intelectual que perduraria por toda a Idade Média. Torna-se a principal responsável por descaracterizar a pessoa da Trindade, afastando a maioria das pessoas de um relacionamento familiar e íntimo com Deus. Cai em total descrença e humilhação após o desmascaramento de várias de suas teorias, principalmente a respeito da ciência. 
	Jesus havia avisado a todos sobre estes tempos de ‘guerras santas’, divisão da Igreja, abuso de poder, que perdurarão até o fim dos tempos: 
Eu digo isso para que não abandonem sua fé. Vocês serão expulsos das sinagogas e chegará o tempo em que qualquer um que os matar pensará que está fazendo a vontade de Deus. Eles farão estas coisas por que não conhecem nem ao Pai nem a Mim.... Eu lhes digo isso para que quando essas coisas acontecerem, vocês lembrem que Eu já os tinha avisado (João 16: 1 a 4).
	Lembremo-nos de que Jesus, enquanto homem na Terra, jamais forçou sua posição de Deus às pessoas. Cabia a cada um tomar sua própria decisão. 
	No século XVI ocorreu a Reforma Protestante, quando muitos se levantaram em protesto contra aspectos das doutrinas e práticas da Igreja Católica. Foram elas, a princípio, a Igreja Luterana e a Anglicana. Logo após surgiram nomes como os Metodistas, Batistas, Calvinistas, Presbiterianos, Pietistas, etc. Ainda que a Bíblia fosse tida como base para seus estilos de vida, passaram também, muitas vezes, a adotar doutrinas humanas lapidadas por aspectos meramente culturais, que levaram novamente a outras divisões e brigas, resultando em inúmeros escândalos para o nome de Deus. 
	O não obedecer às palavras de Jesus leva ao caos religioso que ocorre hoje, por exemplo, na Irlanda, onde Católicos e Protestantes literalmente se matam em nome de “Deus”; no Brasil, estes grupos acusam-se mutuamente no quesito “salvação” e há várias facções horrendas dentre as mesmas denominações. Não podemos deixar de mencionar também o absurdo erro de perseguição aos judeus, ocorrido por várias vezes na história e em várias localidades. Com a desculpa de que o povo judeu não aceitou, maltratou e matou Jesus, muitos cristãos perseguiam e dizimavam famílias judaicas, considerando-as ‘assassinas do Messias’. Preferiam manter a política da lei do Antigo Testamento do ‘olho por olho, dente por dente’, ao invés de se lembrarem das últimas palavras de Cristo na cruz, pedindo não só pelos judeus e romanos que ali se encontravam, mas por toda a humanidade: ‘Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem’. Reis e rainhas medievais, considerados ‘cristãos’, massacravam o povo judeu que vivia em suas regiões. 
	Alguns fatores que contribuíram para que os judeus contemporâneos de Jesus não o recebessem seguem citados adiante. Ainda que vários profetas judeus tenham avisado seus patrícios a respeito do Messias, era preciso que cada um se voltasse para Deus e tivesse seu entendimento espiritual aguçado por Ele, para que assim compreendesse os livros de Isaías 9: 6, Isaías 7: 14, a respeito da virgem grávida que daria luz ao Messias, e Isaías 53, sobre a crucificação, além das inúmeras profecias sobre o Filho de Deus nos salmos do Rei Davi. 
	O profeta judeu Miquéias, contemporâneo de Isaías, por exemplo, profetizou que o Salvador nasceria em Belém: “O Senhor diz: ‘Belém, Eufrata, você é uma das menores cidades de Judá, mas do seu meio farei sair aquele que será o rei de Israel. Ele será descendente de uma família que começou em tempos antigos, num passado muito distante’”. (Mq 5: 2). O povo desconhecia o fato de que Jesus havia nascido em Belém porque Ele sempre morou em Nazaré. 
	Quando Maria estava grávida de Jesus, antes da consumação de seu casamento com José, o imperador romano Augusto pediu para que todos fossem às cidades de origem para serem recenseados. José era de Belém, pois sua família vinha da linhagem do Rei Davi, da Tribo de Judá. Portanto, quando Jesus nasceu, eles estavam no meio desta viagem, em Belém (Lucas 2). 
	Outro fato inacreditável ocorreu após a morte de Jesus. Para que o povo judeu não cresse na ressurreição de Jesus, três dias após sua morte, os líderes religiosos subornaram os soldados romanos que haviam ficado na frente do túmulo, mantendo sentinela. Mediante uma grande quantia de dinheiro, os soldados mentiram dizendo a todos que o corpo não se encontrava mais no túmulo de José de Arimatéia, pois seus discípulos o haviam roubado durante a noite. (Mateus 28: 11-15).
	
Irmãos, peço pela autoridade do nosso Senhor Jesus Cristo que vocês estejam de acordo no que dizem e que não haja divisões entre vocês. Sejam completamente unidos num só pensamento e numa só intenção. Pois algumas pessoas da família de Cloé me contaram que há brigas entre vocês. O que eu quero dizer é isto: cada um diz uma coisa diferente. Um diz: ‘Eu sou de Paulo’; outro, ‘Eu sou de Apolo’; outro, ‘Eu sou de Pedro’, e ainda outro, ‘Eu sou de Cristo’. Por acaso Cristo foi dividido em várias partes? Será que Paulo morreu crucificado em favor de vocês?Ou será que foram batizados em nome de Paulo? (1 Coríntios 1: 10-13).
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2. A Manipulação Econômica na Teoria da Prosperidade e Teologia da Libertação
Mesmo assim, muita gente vai imitar a vida imoral deles, e por causa desses falsos mestres, muitas pessoas vão falar mal do Caminho da Verdade (Jesus). Em sua ambição pelo dinheiro, esses falsos mestres vão explorar vocês, contando histórias inventadas. Mas faz muito tempo que o Juiz (Deus) está alerta, e o Destruidor deles está bem acordado (2 Pedro 2: 2-3).
	Tais palavras falam por si mesmas. Representam a mais pura verdade em relação aos dias atuais e a crescente ganância de muitos grupos religiosos. Através de modernas técnicas de persuasão, marketing e utilização dos mais variados meios de comunicação, muitos vêm sutilmente utilizando o vazio espiritual de uma população sedenta de consumo para assim ensinar a política da ‘troca de Deus’. É como se Deus fosse um feirante, no qual você deposita seu dinheiro, e ele, em troca, despeja sobre sua cabeça todos os bens necessários para lhe garantir um conforto, de acordo com os moldes atuais da cultura consumista ocidental.É uma junção nunca antes vista entre o indevido uso do nome de Deus e o capitalismo selvagem. Se antes os fiéis eram ensinados a serem pobres, e foram literalmente abandonados pela Igreja no quesito assistencialismo, hoje, o oposto vem ocorrendo: muitas igrejas perceberam que quanto mais aliciar e seduzir as mentes com ofertas e promessas materialistas e de ‘felicidade rápida’, mais pessoas atenderão ao seu apelo e, portanto, mais dinheiro arrecadarão. O evangelista Judas (irmão de Jesus), fala sobre como os falsos religiosos xingavam seres espirituais e demônios para atrair fiéis com sensacionalismo: “(...) Esses homens (falsos profetas de Cristo), xingam aquilo que não entendem (...) por causa de dinheiro, eles se entregam ao mesmo erro de Balaão (...)” (Judas 8: 13).
	Antes os indivíduos criam que eram inferiores à posição da Igreja e deveriam obedecê-la cegamente, já que ‘não se deveria questionar a divina representante de Deus na Terra’. Hoje, utilizam-na para sua ascensão social e econômica, como um livro de autoajuda e amuleto para a obtenção da realização de seus desejos.
 	
2.1. A Teoria da Prosperidade como Marketing para se “Ganhar Almas para Jesus”
Jesus disse à multidão: “Eu afirmo que vocês estão me procurando porque comeram os pães (multiplicados no milagre) e ficaram satisfeitos, e não porque entenderam os meus milagres. (...) trabalhem a fim de conseguirem a comida que dura para a vida eterna. O Filho do Homem dará essa comida a vocês porque Deus, o Pai, deu provas (através dos milagres realizados), de que Ele tem autoridade. (João 6:26)
	De acordo com o versículo acima, fica claro que uma grande multidão seguia Jesus pelas curas e milagres que realizava, mas, de acordo com suas palavras, muitos não o entendiam, ou seja, não percebiam que os milagres eram apenas uma forma de mostrar à humanidade que Ele era realmente o Filho de Deus tão esperado, que mudaria o aspecto temporal, espiritual e moral de todo aquele que o procurasse.
	Com o crescimento econômico, cultural e educacional de um modo geral e também com as novas propostas de várias religiões nestes últimos tempos, muitas Igrejas passaram a mudar a estratégia de arrebanhamento dos fiéis: pararam de ameaçar com o ‘fogo do inferno’ e iniciaram famosas campanhas chamativas para o sucesso imediato. Pouco citam do Evangelho e quando o fazem, distorcem ou mencionam versículos soltos, sem o contexto verdadeiro adiante. Pior ainda: inúmeras vezes fazem menção ao Antigo Testamento, escritos da Lei Judaica, para coagirem os fiéis. O Antigo Testamento foi sempre citado para justificar as famosas ‘Guerras Santas’ ou para pedirem dinheiro ilicitamente. 
	De acordo com os falsos gurus monetários da Teoria da Prosperidade, toda a desgraça financeira pela qual alguém possa estar sofrendo passa também a representar a consequência de um ‘pecado’, gerando um sentimento de culpa nos indivíduos. Transformamos a antiga e errônea noção religiosa medieval de que ‘Deus quer que sejamos pobres aqui na Terra para sermos ricos no céu’, para um novo e também mentiroso conceito do amor de Deus: ‘Deus quer que sejamos prósperos e ricos, que desfrutemos dos prazeres da vida; se não dermos o nosso dinheiro no altar do Senhor, o diabo roubará toda a nossa honra e nossa conta bancária’. Com este discurso nas mentes e coagidos pelo medo e por um sufocante sentimento de culpa, as pessoas logo depositam o dinheiro na ‘sacolinha’. É claro que é pedido aos cristãos pelo próprio Jesus, que dividam o que têm com aqueles que estão passando necessidades. E o papel da coleta das Igrejas deveria ser justamente este: proporcionar um equilíbrio a todos, onde os mais abastados cooperam com a ajuda aos mais necessitados. A origem da própria palavra ‘prosperidade’ não possui relação alguma com o possuir posses e bens. Ser próspero significa ter paz, estar tranquilo e feliz.
	Até mesmo no Antigo Testamento, os 10% (dízimo) daquilo que os israelitas ganhavam era trazido até o Templo e utilizado para a manutenção da família dos sacerdotes, os chamados Levitas, uma vez que o trabalho destes era justamente ocupar-se dos serviços no Santuário; eles não possuíam terras para plantar nem animais para criarem (Números 18:21 a 24). Os próprios Levitas também dizimavam do dinheiro recebido, os seus dez por cento, que era então levado ao Sacerdote Principal para a manutenção do Templo em Jerusalém (Números 18:25-32; Levítico 27:30). Em Deuteronômio 12:17, a instrução era para que o povo comesse toda a oferta dos dízimos que sobrasse, reunidos como uma grande irmandade, ou seja, um encorajamento à amizade e ao convívio social daquele povo, unidos em uma grande festa de comes e bebes.
	Em 70 d.C., o Templo dos Judeus, o chamado Templo de Herodes, foi destruído pelas tropas do general romano Tito e o que restou dele foi apenas o que conhecemos hoje como o “Muro das Lamentações”. Com a formação da nova igreja cristã, após a morte de Jesus, as reuniões eram feitas, muitas vezes às escondidas, nos próprios lares. Sempre que havia pessoas necessitadas, era feita uma coleta, onde cada um ofertava de acordo com o que podia, (às vezes muito mais do que dez por cento do que se ganhava), para ser distribuída a tais indivíduos. Como exemplo disto, podemos citar a passagem de 2 Coríntios, capítulos 8 e 9, na qual Paulo pede ajuda financeira aos Coríntios (gregos e prósperos economicamente) para ser enviada aos cristãos na Judéia, especificamente em Jerusalém, onde literalmente estavam passando fome. 
	Muitos líderes leem estes versículos da Bíblia sem contar aos fiéis o contexto histórico, manipulando-os para pedir dinheiro para a compra de carros luxuosos, mansões, ou mesmo enviá-lo a uma sede ou ‘Igreja central’, com uma visão totalmente empresarial. Basta ler a Bíblia para compreender que, tanto no Antigo como no Novo Testamento, o dinheiro coletado era para manter um equilíbrio de renda entre a população. Fica claro com o ensinamento do apóstolo Paulo que cada um deve dar de acordo com suas posses. Tais ensinamentos são opostos à mentalidade capitalista atual e ao egoísmo instalado mesmo entre as instituições religiosas.
	Em sua 1ª. carta ao missionário Timóteo, que encontrava-se ensinando sobre Jesus em Éfeso, atual Turquia, Paulo descreve o famoso deslize da humanidade em relação à adoração ao dinheiro, da seguinte maneira:
Se alguém ensina uma doutrina diferente e não concorda com as verdadeiras palavras de Jesus Cristo, essa pessoa está cheia de orgulho e não sabe nada. Discutir e brigar a respeito de palavras é como uma doença nessas pessoas. E daí vêm invejas, brigas, insultos, desconfianças maldosas e discussões sem fim, como costumam fazer as pessoas que perderam o juízo e não tem mais a Verdade. Essa gente pensa que religião é meio de enriquecer. (...) o que trouxemos para o mundo?Nada!E o que é que vamos levar para o mundo?Nada! Portanto, se temos comida e roupas, fiquemos contentes com isso. Porém, os que querem ficar ricos caem em pecado, ao serem tentados, e ficam presos na armadilha de muitos desejos tolos (...). Pois o amor ao dinheiro é uma fonte de todos os tipos de males. E algumas pessoas, por quererem tanto ter dinheiro, se desviaram da fé e encheram a sua vida de sofrimentos (1 Timóteo 6: 3-10).
	Certamente, após a leitura de tais palavras, ficamos deslumbrados com o fato de que a essência do ser humano pouco muda. O poder e o destaque também conduzem o homem imprudente a tremendas armadilhas em busca do fútil e da autoexaltação. Por isso Paulo, após citar os cuidados necessários para se escolher um líder e professor de uma comunidade, adverte Timóteo para que mantenha os olhos bem abertos em suas decisões: “(...) o bispo deve ser pacífico e calmo. Não deve amar o dinheiro. (...) Os diáconos devem ser homens de palavra e sérios. Não devem beber muito vinho, nem ser gananciosos” (1 Timóteo 3, 3-8). 	Paulo também deixa claro quando escreve uma carta à igreja em Tessalônica, hoje norte da Grécia, que ele poderia até receber sustento daigreja por estar trabalhando como missionário, entretanto preferia trabalhar confeccionando tendas para vender, para que ninguém tivesse motivo de ser atrapalhado no entendimento do Evangelho que ele ensinava:
Não temos recebido nada de ninguém sem pagar; na verdade nós trabalhamos e nos cansamos. Trabalhamos sem parar, de dia e de noite a fim de não sermos um peso para vocês. É claro que temos o direito de receber sustento; mas não temos pedido nada a fim de que vocês seguissem o nosso exemplo. Porque, quando estávamos aí (em Tessalônica), demos esta regra: “Quem não trabalhar que não coma”. (2 Tessalonicenses 3: 8-10).
	Sabemos que o dinheiro pode ser um fator de fraqueza na vida de qualquer ser humano, por isso os apóstolos sempre acautelavam os primeiros cristãos em relação a este tema. Porque o principal motivo destes era dizer a todos sobre o Deus Jesus que havia vindo à Terra e tentar viver de acordo com seus ensinamentos, sabemos que em suas reuniões as Palavras do Messias eram constantemente repetidas e ensinadas. Em relação ao materialismo sempre existente, Jesus advertiu:
 “(...) Vocês não podem servir a Deus e também ao dinheiro. Por isso eu digo: não se preocupem com a comida, com a bebida que precisam para viver nem com a roupa que precisam para se vestir.(...). Portanto, ponham em primeiro lugar em suas vidas o Reino de Deus e aquilo que Deus quer e Ele lhes dará todas essas coisas. Não fiquem preocupados com o dia de amanhã(...).” (Mateus 6:24,25 e 33,34)
Na igreja contemporânea moldada pelo pensamento capitalista vigente, o dinheiro continua sendo muitas vezes o foco central. As pessoas normalmente encaram a moral cristã como sendo uma espécie de barganha, na qual Deus diz: “Se você seguir uma série de regras, vou recompensá-lo; se não seguir, farei o contrário”. E inúmeros indivíduos se apropriam desta idéia errônea a respeito do semear e colher para ganhar dinheiro e poder. 
Vivemos atualmente em um ambiente onde cada vez mais cresce o número de religiões. Há todo tipo de religião conforme o gosto e a preferência. No mundo cristão já se sabe de dezenas de concepções, denominações, grupos religiosos em geral. E um fenômeno assustador é o surgimento nas últimas duas décadas de novas igrejas protestantes ou católicas enfatizando a teologia da prosperidade e os ministérios de "libertação". Tais doutrinas chegam inclusive a se confrontar, condenando as ações umas das outras, afirmando cada uma ser a única representante de Deus aqui na Terra, dividindo a igreja de Cristo em inúmeras partes. Neste caso, é possível notar que cada fiel religioso tem voltado a si mesmo, buscando sua própria significação de vida, tendo como pano de fundo a ausência de solidariedade, vazio de perspectiva, individualismo e orgulho. Cada um constrói um deus que se encaixe em suas próprias necessidades. Estamos, na verdade, invertendo a passagem bíblica para: Deus feito à nossa imagem e semelhança. Deus tem feito parte do ‘pacote espiritual’. Tudo isso foi muito bem ilustrado por Paulo em sua carta a Timóteo, como neste trecho já citado anteriormente:
Porém os que querem ficar ricos caem em pecado ao serem tentados e ficam presos na armadilha de muitos desejos tolos, que fazem mal e levam as pessoas à desgraça e destruição. Pois o amor ao dinheiro é uma fonte de todos os tipos de males. E algumas pessoas, por quererem tanto ter dinheiro, se desviaram da fé e encheram a sua vida de sofrimentos. (1 Timóteo 6:9,10).
Quando andava por Israel, Jesus fazia milagres e curas, ensinava e se relacionava com uma multidão. Todavia, sabia que muitos o seguiam por estarem na verdade em busca de aquisição material ou bênçãos, ou seja, possuíam com Ele um relacionamento de interesses. Por isso, quando um de seus discípulos lhe pergunta por que fala em parábolas, Jesus prontamente lhe contesta que, apesar das parábolas serem histórias corriqueiras do cotidiano, faz-se necessário o auxílio do Espírito Santo para seu total entendimento, uma vez que estão sempre acompanhadas de conotação espiritual. Jesus afirma que o povo lhe segue por causa de seus milagres, cura e expulsão de espíritos malignos; todavia, não o conhecem, não o seguem pela pessoa Dele, mas sim com finalidades interesseiras; por isso impossibilitam suas mentes de serem abertas pelo Espírito Santo, no ensinamento de verdades espirituais.
Se anteriormente, especialmente após a unificação da igreja e estado com Constantino (313 d.C.), esta pregava a pobreza da população como forma de redenção, hoje, ao contrário, utiliza-se o marketing de consumismo para atrair indivíduos, como se a satisfação pessoal fosse o alvo de quem busca um relacionamento com Deus. Não nos esqueçamos que, convenientemente, a igreja sempre afirmou que ela, como instituição, deveria ser rica, pois é a ‘única representante de Deus aqui na Terra’. 
Como exemplo do falso marketing da redenção, podemos citar um pôster de uma campanha evangelística em Londres, com a seguinte propaganda: “Esse será o fim de toda frustração, ansiedade, solidão, tristeza, insegurança, pessimismo, insatisfação, instabilidade, dependência”. Essa frase isolada é claramente uma inverdade. Fica clara a intenção de se ‘popularizar’ e arrebanhar pessoas para a tal igreja. Citei o exemplo de Londres, mas o mesmo ocorre cada vez com maior intensidade em todo o mundo. E o Brasil, um país genuinamente místico e religiosamente sincrético, não escapa às armadilhas do uso do nome de Deus para o apelo material e o conforto de alguns. 
Falsos apelos, como: “Pare de Sofrer”, “Seus problemas acabarão se fizer a corrente de 7 semanas”, “Acenda uma vela para o Senhor desatador dos nós”, “Jesus quer que você seja um empresário bem sucedido”, “Jesus te dá o carro e a casa tão sonhados”, são apenas algumas citações das aberrações ouvidas ultimamente, que chegam a ser ridículas. 
Como já citamos anteriormente em outro capítulo, Deus pode sim abençoar quando e como Ele quiser. Mas a Bíblia enfatiza que as riquezas devem ser usadas da maneira correta, inclusive na distribuição de ajuda aos mais necessitados. O justo equilíbrio de renda, tão pregado entre os cristãos, só pode acontecer em corações transformados espiritualmente por Deus. No mais, o que fazemos de bom ao semelhante é muitas vezes impulsionado pelo nosso próprio ego de parecermos bonzinhos perante a sociedade, a nós mesmos e a Deus. 
2.2. A Teologia da Libertação e Seu Falso Perfil Socorrista 
Nós que temos esse tesouro espiritual (Jesus), somos como potes de barro para que fique claro que o poder supremo pertence a Deus e não a nós (...). Por isso nunca ficamos desanimados. Mesmo que o nosso corpo vá se gastando, o nosso espírito vai se renovando dia a dia. E essa pequena e passageira aflição que sofremos vai nos trazer uma glória enorme e eterna, muito maior do que o sofrimento. Porque nós não prestamos atenção nas coisas que se veem, mas nas que não se veem. Pois o que pode ser visto dura apenas um pouco, mas o que não pode ser visto dura para sempre”. (2 Corintios 4:7a 18)
Outro grande problema é o caráter redentor que a igreja vem assumindo, envolvendo-se em movimentos mundanos, politicamente incorretos e socialmente estagnados. Líderes religiosos que instigam a violência, a tomada do poder, assumem cargos políticos e acabam se enveredando pelos males da corrupção e ganância. Jesus, vendo o povo de seu próprio sangue e etnia (judeus), sendo muitas vezes humilhado por Roma, jamais se levantou contra tal poder. Dizia apenas que seu reinado não era deste mundo. Ele ensinou seus seguidores a não se preocuparem com a exorbitante quantia de impostos que pagavam, através da frase “Dá a César o que é de César”, (Marcos 12:13 a 17), respondendo a uma pergunta de fariseus em relação ao pagamento ou não dos impostos ao Império Romano. E afirmava que os filhos de Deus (aqueles que receberam e acreditaram que Jesus é um com o Pai, ( João 1:12 ) ), sempre teriam o suficiente para sobreviverem, ainda que sofressem. 
Portanto, nem mesmoseus seguidores estariam isentos das tribulações. Muito pelo contrário. Em sua carta aos cristãos de Roma, Paulo adverte sobre os sofrimentos vindouros: “Eu penso que o que sofremos durante a nossa vida não pode ser comparado com a glória que nos será revelada no futuro” (Romanos 8: 18).
Tiago, o irmão de Jesus, garante-nos também que certamente sofreremos: “(...) sintam-se felizes quando passarem por todo tipo de aflições. Pois vocês sabem que, quando a sua fé vence essas provações, ela produz perseverança” (Tiago 1: 2 e 3).
Por todo o Novo Testamento podemos presenciar palavras de consolo aos que sofrem e também advertências a respeito de dias difíceis na vida de cada um. Ao invés de palavras doces, que aguçam o nosso ego, lemos palavras de encorajamento, de conselhos para nos desprendermos inteiramente do foco nos sofrimentos e advertências de que, enquanto estivermos na Terra, iremos passar por agonias. 
 O próprio Jesus faz algumas citações em seu Sermão do Monte para encorajar os que sofrem a não desistirem do Reino dos Céus e não pensarem que Deus os abandonou (Mateus 5 e 6).
A Teologia da Libertação, por sua vez, vem com um dogma de se implantar o Reino do Céu aqui na Terra, agora, através de orientações totalmente desprendidas do espírito manso de Cristo, fazendo muitas vezes, dependendo de sua ramificação, até mesmo uma apologia à violência em casos necessários. Buscam uma mudança igualitária na sociedade, muitas vezes ao molde marxista, onde o homem e seu bem-estar são o centro de suas aspirações. Lutam por ideais de igualdade social, colocando a Palavra e Deus em segundo plano. Alguns teólogos da libertação nem ao menos se preocupam com a violência gerada pelos conflitos em suas lutas de classe. A Teologia da Libertação, quando implantada, resulta na edificação de líderes ditadores e totalitários, mascarados de ‘defensores do próximo’. Transportando-a aos tempos de Jesus, o deus da Teologia da Libertação seria um messias que reuniria seus discípulos ao redor do palácio romano de César, faria reivindicações para seu bem-estar, munido de palavras, estilingues e espadas. Enxergaria o poder dominante e a elite como verdadeiros inimigos, bem ao contrário do que diz a Bíblia em Efésios a respeito da única luta que devemos nos enveredar, (luta espiritual e jamais contra as pessoas): 
Vistam-se com toda a armadura que Deus dá a vocês, para ficarem firmes contra as armadilhas do diabo. Pois nós não estamos lutando contra seres humanos, mas contra as forças espirituais do mal que vivem nas alturas, isto é, os governos, as autoridades e os poderes que dominam completamente este mundo de escuridão. Entenda-se por armadura, a oração e leitura da Palavra (Efésios 6: 14 a 18).
Judas Iscariotes era um portador típico do pensamento hoje proliferado pela Teologia da Libertação, e imaginava que Jesus fosse o Messias libertário de Roma, redentor do povo e das riquezas judaicas. Seu pensamento havia sido moldado nas doutrinas do partido político que pertencia, os Zelotes, uma ramificação judaica que defendia a luta armada para redimir o povo judeu da opressão romana. Ao longo de sua convivência com o Mestre, não concordou com os seus ensinamentos de paz e foi aos poucos percebendo que a opinião de Jesus era totalmente distinta da sua. A verdadeira intenção por trás destas teologias é movida por orgulho, um espírito de ‘mártir’ e ‘falsa generosidade’. 
Jesus não hesitou em repreender Pedro e restituir a orelha do soldado romano, cortada por seu discípulo ao tentar defender seu mestre, que seria preso. A atitude de Pedro, movido pelo orgulho humano em dizer a si mesmo que seria corajoso o suficiente para proteger seu Messias contra Roma, representa claramente os preceitos da Teologia da Libertação. Tal atitude é posteriormente confirmada em seu ato medroso de negar 3 vezes seu amado Cristo.
 A famosa frase representante da ideologia da Teoria da Libertação é: "só será possível alcançar a redenção cristã com um compromisso político". Este ideal claramente contradiz as Escrituras, que afirmam que a redenção se dá em um âmbito espiritual e não material, através da pessoa de Jesus e da amizade e obediência cultivadas com Ele. Ninguém, de acordo com a Bíblia, pode redimir-se a si mesmo: “Pela graça de Deus vocês são salvos por meio da fé. Isso não vem de vocês, mas é um presente dado por Deus. A salvação não é o resultado dos esforços humanos; portanto, ninguém pode orgulhar-se de tê-la”. (Efésios 2:8,9).
Portanto, a retórica da Teologia da Libertação está repleta de ações aparentemente puras e bondosas, camufladas por uma verdadeira intenção gerada no ego humano.
	O teólogo e historiador Michael G. Moriarty explicita bem o que acontece quando se une política com interesses mundanos e busca de poder com “Deus”, citando a unificação da igreja-estado feita por Constantino, em 313: 
A igreja foi investida com poder político, e investiu o imperador com poder religioso (...) A Igreja entrou num período de corrupção e desintegração e perdeu muito da sua autoridade moral, dinâmica e espiritual. A Igreja deixou de ser uma comunidade zelosa de “ganhadores de almas” e “discipuladores” a fim de levar o Evangelho a um mundo espiritualmente empobrecido para ser uma instituição perseguidora que marcharia sobre o mundo Árabe nas Cruzadas dos séculos XI e XII. A Igreja, que uma vez fora vítima injusta de perseguição, havia se tornado perseguidora. A Igreja que irradiava paz e compaixão havia se tornado corrupta pelo poder e corrupção (...)A Igreja, seduzida pelo poder político e aspirações utópicas, falhou em entender que tais alianças antibíblicas (unindo igreja-estado) subverteriam o Evangelho, trazendo sofrimento e morte para muitos. (MORIARTY, Michael G., 1992, p.183)
	Em relação ao Brasil e América colônia, fica implícita a seguinte questão: Quantos evangelizadores e missionários que para cá vieram, tinham realmente a intenção de levar uma palavra de salvação e consolo aos povos? Quantos almejavam, no íntimo, movidos pelo orgulho, simplesmente doutrinar e subjugar os negros e indígenas à ‘Coroa Européia’? Por trás da retórica salvadora da Igreja como único instrumento de redenção, o povo brasileiro e da América de um modo geral, foram bombardeados com “slogans” de céu e inferno, causadores de medo e submissão. Era a Teologia Libertária de Deus, onde muitos moribundos, escravos e desprezados viam na igreja a esperança do porvir. 
Jesus disse: “Eu sou a porta. Quem entrar por mim será salvo, poderá entrar e sair e achará comida. (...) Eu e o Pai somos um”. (João 10: 9 e 30)
3. Construir Templos ou Investir em Obras Sociais?
 A mulher samaritana respondeu a Jesus: ‘agora eu sei que o Senhor é um profeta! Os nossos antepassados adoravam a Deus neste monte, mas vocês, judeus, dizem que Jerusalém é o lugar onde devemos adorá-lo’. Jesus disse: ‘Mulher, creia o que eu digo: chegará o tempo em que ninguém vai adorar a DEUS NEM NESTE MONTE NEM EM JERUSALÉM (...) VIRÁ O TEMPO, E DE FATO JÁ CHEGOU, EM QUE OS VERDADEIROS ADORADORES VÃO ADORAR O PAI EM ESPÍRITO E EM VERDADE’. 
A mulher respondeu: ‘eu sei que o Messias, chamado Cristo, tem de vir. E quando vier, vai explicar tudo para nós’. Então Jesus afirmou: ‘pois eu, que estou falando com você, sou o Messias’. (João 4:19 a 26)
	O próprio Jesus, conversando com a mulher Samaritana, no capítulo 4 de João descrito acima, deixa claro que não é mais necessário um lugar específico de adoração a Deus; basta que a sua mente e o seu espírito estejam dispostos a travarem um diálogo com Deus, e ali Ele estará. Não há mais a necessidade de utilização de utensílios específicos, de véus e cortinas separando o sacerdote do povo, e nem mesmo de animais sacrificados para oferendas, como faziam os judeus monoteístas e muitos outros povos politeístas. Deus é um espírito, e dessa perspectiva aprendemos que de qualquer maneira, a qualquer hora e em qualquer lugar é ideal para se falar com Ele. O que realmente devemos almejar é uma transformaçãodiária em diversas áreas de nossas vidas, de acordo com as ordens Dele; ainda que de início haja áreas que acreditemos ser impossíveis de sofrerem mudanças, devemos pedir e desejar obedecer.
	Jesus ficou especialmente indignado com o comércio inescrupuloso que se desenvolvera nos portões do Templo dos judeus, onde animais eram vendidos a um preço exorbitante, para serem usados nos sacrifícios; os interesses eram materiais e as ordens de Deus em ajudar os pobres e cuidar dos órfãos e viúvas haviam sido esquecidas. O Templo havia se transformado em um ‘covil de ladrões’ (Marcos 11: 15 a 17). 
	Após a morte de Cristo, o ritual continuou, ainda que em marcos culturais diferentes: a venda de relíquias, de ‘santinhos’, de títulos de nobreza dentro do clero, e ainda hoje, de um modo mais administrativo, podemos perceber o quão similar com a época de Jesus a ganância se instala.
	Incoerentemente acumulam riquezas e suntuosidade dentro de prédios de igrejas e permitem que várias pessoas mendiguem e passem fome do lado de fora. Esta atitude anticristã não possui nenhuma lembrança dos verdadeiros ensinamentos das Escrituras. Juntam-se em reformas, construções e aquisições de objetos supérfluos para a suposta ‘casa de Deus’, quando as Escrituras claramente nos ordenam e nos ensinam a gastarmos o dinheiro com seres humanos, com os necessitados, para uma melhor distribuição de renda. 
	Para assegurar à humanidade que Jesus estava estipulando o tempo da ‘graça’, totalmente sem rituais ou lugares religiosos ou sagrados, Ele fez questão de predizer a destruição do símbolo mais santo de Israel, ou seja, o Templo. O episódio de fato ocorreu aproximadamente 40 anos após a morte de Cristo, em 70 d.c. Nunca mais haveria um templo para o povo monoteísta de Deus. Pelo menos, essa era agora a vontade do Pai. Após a destruição do prédio pelo general Romano Tito, o que restou até os dias atuais daquele Templo de Herodes foi apenas o Muro das Lamentações. 
	Em Mateus 26:61, Jesus transfere para si toda a atenção que antes era desprendida aos aspectos religiosos de seu povo. Com sua afirmação “Eu posso destruir o Templo de Deus e construí-lo de novo em 3 dias”, Ele deixa claro que a partir de sua morte, o novo Templo seria seu corpo ressuscitado. Os líderes religiosos ficaram chocados porque não entenderam que o Templo passaria a ser seu corpo crucificado e levantado aos céus. Não compreenderam tampouco o significado do rasgar do véu dos Santo dos Santos no Templo, bem na hora da morte de Jesus na cruz (Mateus 27:51). Entenda-se que o Santo dos Santos era um lugar no Templo em Jerusalém onde somente os sacerdotes, purificados anteriormente, poderiam adentrar. 
	O rasgar do véu, no exato momento da morte de Jesus, marca o fim da Lei e dos rituais seguidos no Antigo Testamento. A Lei judaica de Deuteronômio já fora cumprida. O tempo da Graça, tão previsto por vários profetas do Antigo Testamento, havia chegado. Deus passa agora a pertencer a todos os povos, judeus ou gentios, e sua intimidade com cada indivíduo depende de um coração aberto a acreditar, obedecer e dialogar diretamente com Deus, adentrando no Santo dos Santos do Espírito (antes representado pelo véu do Templo). Não mais se faz necessário o sacrifício de animais, a presença em um Templo específico, ou a necessidade de um mediador, rogador ou intercessor entre o homem e Deus: Jesus cumpriu todos estes papéis. O sábado passa a ser qualquer dia, os alimentos antes proibidos podem agora ser totalmente ingeridos, a circuncisão dos homens não leva o homem ao céu, nem tampouco apedrejar os pecadores o faz mais digno. 
	Esta foi na verdade, a grande chegada do Reino de Deus na Terra. A presença e a construção meticulosa do Templo no Antigo Testamento era apenas uma figura material tentando representar o mundo espiritual, ilustrando-o aos homens de uma era anterior. Após os ensinamentos de Jesus, isso não mais se fazia prescindível. Infelizmente, ao longo de toda a História após Cristo, o Cristianismo encontrou uma enorme dificuldade em compreender e viver plenamente a era da Graça de Jesus. Muitos seguem, ainda hoje, doutrinas em suas igrejas totalmente mundanas e inventadas por seres humanos dedicados à exaltação de si mesmos, estipulando regras a serem obedecidas, como se fossem verdades divinas. O homem não necessita de um Templo, pois a presença de Deus é constante, e o seu Reino está em cada um, de acordo com as seguintes palavras de Jesus: “onde dois ou três estão juntos em meu nome, eu estou ali com eles”. (Mateus 18:20).
	Não há nada mais prejudicial ao relacionamento do homem com Deus do que a religião. Os dogmas religiosos separam não somente o Pai dos filhos, mas também os indivíduos em geral, estabelecendo-se graus de santidade para cada um, em um julgamento totalmente arbitrário e contrário ao amor de Deus. Isso só leva ao caos, incitando o orgulho, as divisões de doutrinas e ódios geradores das guerras santas, sejam elas de armas ou palavras.
	 No seguinte trecho do Novo Testamento fica claro que o equilíbrio de renda entre os povos é o desejo de Deus: “Se alguém é rico e vê o seu irmão passando necessidade, mas fecha o seu coração para essa pessoa, como pode afirmar que, de fato, ama a Deus? O amor não consiste só em palavras, mas em ações também” (1João 3:17,18). Todos devem trabalhar, inclusive para dar algo aos necessitados. A caridade é um elemento essencial da moralidade cristã; na assustadora parábola das ovelhas e dos cabritos, ela parece ser a questão da qual tudo o mais depende (Mateus 25:32). Hoje em dia, muitos dizem que deveríamos criar uma sociedade onde os necessitados não existissem, ao invés de ajudá-los ‘dando esmolas’. Mas o cristianismo nos ensina que os pobres e necessitados estarão sempre no meio de nós, como o próprio Jesus afirmou, e que não é darmos 10% do salário que importa, como se assim agindo, mostrássemos a Deus como somos ‘generosos’ e ‘desprendidos materialmente’. 
	A verdade é que quanto mais damos, mais aprendemos a amar, mais nos despojamos de nosso egoísmo, mais empatia adquirimos. A prática comum de dar esmolas e fazer caridade para aliviarmos nossa própria consciência é absolutamente anticristã. Cristo e sua ordem de ajudar os que precisam vão nos auxiliar a nos interessarmos verdadeiramente pela necessidade do outro e por seu bem estar. Ou seja, primeiro agimos, auxiliando o necessitado, e a partir da ação há gradativamente a mudança da emoção em cada ser humano. Os sentimentos de prazer em ajudar, empatia, compaixão não são natos, devem ser aprendidos a partir das ações que realizarmos neste sentido. 
	É importante ressaltar que amor, no sentido em que Jesus empregava a palavra, não era um sentimento ou emoção, mas sim uma atitude. A exortação que Ele fazia à caridade deveria levar à ação. Significava ajudar o outro sem que fosse feita uma propaganda a respeito disso, para que a pessoa não ficasse orgulhosa em ter feito uma boa ação ou se sentisse ‘santa’:
Quando você der alguma coisa a alguma pessoa necessitada, não fique contando o que fez, como os hipócritas fazem nas igrejas e nas ruas. Eles fazem isso para serem elogiados pelos outros.(...) quando ajudar alguém necessitado, faça isso de tal modo que nem mesmo o seu amigo íntimo fique sabendo o que você fez. Isso deve ficar em segredo, o seu Pai, que vê o que você faz em segredo, lhe dará a recompensa. (Mateus 6:2 a 4). 
	O ajudar o outro mantém o equilíbrio em cada ser humano, capacitando-o a manter-se distante de sentimentos como egoísmo e avareza e modificando-lhe a mente e o olhar quanto às necessidades alheias. Não há prisão maior para o homem do que a obsessão doentia por algo que não se pode alcançar, ou a sensação de culpa e remorso por situações passadas que não foram resolvidas, perdoadas ou esquecidas. Todos, ao longo de suas vidas, terão acontecimentos que lhes causarão a estranha sensação de escravidão. Algo que os acompanhará no sono, nos sonhos, etc., levando muitos, inclusive, a uma consequente debilidade mental. O dar,o desprender-se, o inovar, o ajudar sem questionar ou julgar merecimento ou não, nos alivia e nos ensina a livrar-nos de nossos fantasmas. Fica claro que a atitude, e não a quantidade faz parte deste nosso processo de cura: “Uma viúva pobre pôs na caixa duas moedinhas de pouco valor. Jesus então chamou os discípulos e disse: ‘Esta viúva pobre deu mais do que todos. Porque os outros deram o que estava sobrando. Porém ela, que é tão pobre, deu tudo o que tinha para viver’”. (Marcos 12:42 a 44). 
	No remoto ano de 1675, no início da Idade Moderna, o assunto da importância da caridade já era discutido e a atitude de desleixo quanto aos pobres foi extremamente criticada por Phillip Spener, em seu livro ‘Pia Desidéria’:
	Entre irmãos não é necessário que existam mendigos; eles (as pessoas da igreja primitiva), considerariam inconcebível a situação chegar a esse ponto. (...) Atualmente, entretanto, de tão generalizada, a coisa chegou a tal ponto que a mendicância tem que ser encarada como um mal escandaloso da sociedade e uma desonra para o Cristianismo. (...) A maioria, todavia, dificilmente pensa em outras maneiras de ajudar o próximo, além de dar algumas moedas, de vez em quando e com má vontade, como esmola. (...) a caridade dos que são bem intencionados nunca passa da partilha daquilo que lhes sobra; isto tudo é indicativo do quanto temos nos afastado da prática do correto e genuíno amor fraternal. (SPENER, 1996, p. 55)
	É interessante percebemos que o Novo Testamento, que significa a Nova Aliança do homem e Deus através de Jesus, não estipula valores ou porcentagens que o homem deve ‘dar a Deus’. Ele categoricamente afirma que, se quisermos fazer algo de bom a Deus, devemos fazê-lo à pessoa que está ao nosso lado. E tudo isso, sem nos gabarmos, sem propagandas a terceiros e especialmente, sem desejar nada em troca. O valor “10%” jamais é mencionado no Novo Testamento. 
	Os religiosos judeus da época de Jesus memorizavam e tentavam seguir a Lei Mosaica do Antigo Testamento; eram, porém, como túmulos caídos, de acordo com Jesus, ou seja, bonitos por fora e podres por dentro (Mateus 23: 27,28). Por isso, e para alertar a todos contra a religiosidade, o Mestre é enfático:
Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus, hipócritas!Pois vocês dão a Deus a décima parte até mesmo da hortelã, erva-doce e do cominho, mas não obedecem aos mandamentos mais importantes da Lei, que são: sejam justos com os outros, sejam bondosos e honestos (...). Vocês lavam o prato e o copo por fora, mas por dentro estão cheios de coisas que conseguiram pela violência e pela ganância. (Mateus 23: 23 a 25)
	
	Em outro versículo (Mateus 15: 4 a 9), Jesus condena veemente aqueles que entregam os 10% de seus salários no Templo e não se sentem responsáveis em ajudar seus pais idosos. A caridade pura, sem segundas intenções, mantém os homens em um patamar de dignidade e garante uma vida justa no tocante à comida e vestimenta a todo o indivíduo, deixando claro que aqueles que não têm condições financeiras ou mentais de se cuidarem deveriam ser tutorados por outros.
Jesus diz: Ele porá os justos à sua direita e os outros, à esquerda. (..) Então, o Rei (Jesus) dirá aos que estão à direita: ‘Venham, recebam o Reino que o meu Pai preparou para vocês desde a criação do mundo. Pois eu estava com fome e vocês me deram de comer, estava com sede e me deram água. Estava sem roupa e me vestiram, estava doente e cuidaram de mim. Estava na cadeia e foram me visitar”. Então os justos perguntarão:“Senhor, (...) quando fizemos estas coisas?”Aí o Rei responderá: “(...) quando vocês fizeram isto ao mais humilde dos meus irmãos, foi a mim que fizeram. (Mateus 25: 33 a 40)
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4. Religiosidade e Liderança
4.1. Líderes Religiosos e o Misticismo
Jesus disse: “Cuidado com os falso profetas! Eles chegam disfarçados de ovelhas, mas por dentro são lobos selvagens. Vocês os conhecerão pelo que eles fazem(...)” (Mateus 7:15,16)
	
	O Cristianismo (amizade com Deus, Jesus) nos chama a reconhecer que a maior batalha não se trava num campo espetacular, mas dentro do coração humano comum, quando a cada manhã acordamos e sentimos a pressão do dia a nos afligir e temos que decidir que tipos de mortais queremos ser. Talvez nos sirva de consolo lembrar que Deus ‘prega uma peça’ nos que buscam o poder a qualquer preço. C.S. Lewis, o famoso autor de ‘Crônicas de Nárnia’, afirmava que todos os tiranos e conquistadores eram monotonamente semelhantes, e que aqueles que passavam a ter uma amizade com Deus (os santos), deveriam fazer a diferença em suas sociedades. (Santos, de acordo com a Bíblia, não são os mártires do cristianismo que morreram sob o poder de Roma devido à sua fé. Santos são todos aqueles que têm um relacionamento com Deus, num âmbito pessoal e íntimo. Santo não significa ser religioso, seguindo regras exteriores, nem tampouco bonzinho. A palavra Santo quer dizer separado com Deus). A diferença era principalmente, despojar-se de si mesmo e não mais querer ser o primeiro em tudo. Isto fica claro nas seguintes palavras de Jesus:
Quem ama seu pai ou sua mãe mais do que a mim não merece ser meu seguidor. Quem ama seu filho ou filha mais do que a mim, não merece ser meu seguidor. Não serve para ser meu seguidor quem não estiver pronto para morrer como eu vou morrer e me acompanhar. Quem procura seus próprios interesses nunca terá vida verdadeira. Mas quem esquece a si mesmo por minha causa, terá a vida verdadeira. (Mateus 10: 37 a 39)
Todo tipo de religiosidade autocentrada foi descartada por Jesus. O homem não pode tornar a si mesmo merecedor da redenção divina, porque o amor de Deus oferece o perdão sem questionar o fato de merecê-lo ou não. Fica clara, portanto, a indicação bíblica de que os homens, em nenhum momento, podem ser colocados em hierarquias de espiritualidade e bondade. Deus jamais categorizou homens em hierarquias. O próprio Jesus nos ensinou que: 
Na Terra há homens religiosos que gostam de ser cumprimentados com respeito nas praças e serem chamados de ‘mestre’, para inflar o orgulho. Porém, vocês não devem se chamar de ‘mestres ou líderes’, pois todos são membros de uma mesma família e tem somente um Mestre e Líder (Jesus=Deus). Entre vocês, o mais importante de todos é aquele que serve os outros. Quem se engrandece será humilhado e quem se humilha e reconhece-se como ser humano falível, será engrandecido (Mateus 23: 7 a 12). 
Portanto, a hierarquização de pessoas (bispo, apóstolo, pastor, padre), colocando-os uns acima dos outros através de títulos, só serve para ‘massagear’ o orgulho e o ego de cada um e atribuir a falsa idéia de ‘semi-divindade’ ao homem.
Muitos líderes mal intencionados utilizam-se da Bíblia lendo apenas os trechos que lhes interessam e omitindo os que supostamente contradizem e condenam suas ações ou pensamentos. Por isso, infelizmente, há por parte de vários falsos líderes uma tentativa de gradativamente abolir a leitura bíblica, para que possam ‘moldar’ e ‘doutrinar’ as pessoas a bel prazer. Por vários livros das Escrituras, tanto no Antigo como no Novo Testamento, somos avisados de que haveria falsos cristãos que buscariam seus próprios interesses, e que, em nome de ‘Deus’, manipulariam as situações cotidianas para que pudessem obter vantagens. Uma das passagens bíblicas que ilustram bem isto vem do próprio Jesus: 
 Não é toda pessoa que me chama de ‘Senhor, Senhor’, que entrará no Reino do Céu, mas somente quem faz a vontade de meu Pai. Quando aquele dia chegar, muitas pessoas vão me dizer: ‘Senhor, Senhor, pelo poder do seu nome anunciamos a mensagem de Deus e pelo poder do seu nome expulsamos demônios e fizemos muitos milagres!’ Então eu direi claramente a essas pessoas: ‘Eu nunca conheci vocês!Afastem-se de mim, vocês que só fazem o mal!’ (Mateus 7:21 a 23).
Por volta de 66 ou 67 d.C., sob o domínio romano do Imperador Nero, na segunda carta que escreve a Timóteo, o amigo e missionário que reside em Éfeso, atual Turquia, Paulo adverte-o contra a dureza docoração humano, a hipocrisia de muitos considerados ‘líderes cristãos’ e antecipa os grandes problemas da alma humana: 
Nos últimos dias, muitos serão egoístas, avarentos, orgulhosos, vaidosos, xingadores, ingratos, desobedientes aos seus pais e não terão respeito a Deus. Não terão amor uns pelos outros e serão duros, caluniadores, incapazes de se controlarem, violentos e inimigos do bem. (...) amarão mais os prazeres da vida do que a Deus. PARECERÃO SER PESSOAS DE DEUS, MAS COM SUAS AÇÕES, NEGARÃO O SEU PODER.(...)alguns deles entram nas casas e conseguem dominar mulheres fracas, que estão cheias de desejos malignos. São mulheres que estão sempre tentando aprender, mas nunca chegam a conhecer a Verdade.(...) (2Timóteo 3: 1 a 9).
Com o passar do tempo e o crescimento da ignorância sobre as Escrituras, a igreja foi hierarquizando-se e alimentando os egos já inflados de seus líderes. Passaram a dar maior ou menor importância aos cargos, atribuindo-lhes tarefas mais ou menos importantes. De acordo com Efésios 4: 11 a 13, fica claro que nenhuma atividade realizada no corpo de Cristo (igreja) possui maior ou menor importância: 
Foi Ele quem deu dom às pessoas. Ele escolheu alguns para serem apóstolos, outros para profetas, outros para evangelistas e ainda outros para pastores e mestres da igreja. (...). Desse modo, todos chegaremos a ser um na nossa fé e no nosso conhecimento do Filho de Deus. (Ef 4: 11 a 13)
Bispo (ou pastor), mestre, nenhum é mais ‘dono’ ou mais ‘santo’ do que o outro. Cada um desenvolve seu trabalho de acordo com o talento que lhe foi dado: Se o pastor (ou bispo) é aquele que tem paciência de cuidar de pessoas, de ouvi-las, de aconselhar-las, o mestre (professor) é talentoso em explicar a Bíblia da maneira mais clara e simples possível. Se o apóstolo é uma pessoa desprendida de si mesma e de seus bens materiais e viaja pelo mundo afora implantando igrejas e reunindo comunidades para o estudo bíblico, o evangelista é igualmente precioso para falar de Jesus em meio àqueles que ainda não o conhecem, tolerando com amor e amizade possíveis posições contrárias ao cristianismo. 
Jesus ensina a todos que jamais procurem posições de líderes , mas que ‘humilhem-se’ para serem feitos grandes. O termo humilhar-se, de acordo com Ele, significa literalmente voltar à inocência, ou seja, ser como uma criança, pura de coração: “Se vocês não mudarem de vida e não ficarem iguais às crianças, nunca entrarão no Reino do Céu. A pessoa mais importante do Reino é aquela que se humilha e fica igual a esta criança” (Mateus 18: 3 e 4).
Lutero já explicava, através das Escrituras, o quão perigosa é a armadilha de se enaltecer certos indivíduos dentro de grupos sociais, levando ao fanatismo e criação de seitas que nada lembram o cristianismo. Ele afirmava que toda pessoa é feita sacerdote por Deus, ou seja, cada qual deve desempenhar sua função igualmente dentro do grupo de oração, de acordo com o talento que lhe foi dado por Deus: uns cuidam mais dos necessitados, outros ensinam as Escrituras, outros recolhem alimentos para distribuição, outros tocam canções, outros rezam mais pelas pessoas, etc.
No Brasil, o ato de endeusamento de certos líderes religiosos já está impregnado na cultura popular, e tem suas raízes ainda no Brasil colonial, quando, através do hábito do ‘padronado’, ou seja, a aliança entre o clero e a Coroa Portuguesa, criou-se uma imagem vertical de Deus: O Rei, o Senhor do Engenho ou o Coronel eram enaltecidos como deuses terrenos, protetores de seus aliados. Quem lhes desobedecesse, merecidamente era humilhado, perseguido e castigado. Poucos contestavam suas ações, já que a grande maioria da população, analfabeta e desconhecedora das Escrituras, misticamente acreditava que o poder terreno destes senhores lhes era atribuído por Deus. E a igreja, na maior parte do tempo, fazia o papel de edificadora e consolidadora destas idéias. Por isso é tão comum presenciarmos na arquitetura dos templos brasileiros, a separação entre as construções para os ricos, pobres, brancos e negros, especialmente aqueles edificados nos séculos XVII e XVIII. Cada um aceitava sua posição social como sendo algo divinamente determinado aqui na Terra e que a glória futura seria alcançada por aqueles que se portassem com humildade e conformismo. 
Para ilustrarmos tal pensamento no Brasil colonial e imperial, os ensinamentos do Bispo da Bahia Frei Francisco de São Damaso (1814-1816) caracterizam bem a mentalidade cristã da época: 
O principal dever do cidadão é ser vassalo fiel; devem os párocos insistir no dever de obediência ao soberano, pois ‘não pode amar a Deus quem não ama o seu legítimo soberano’. Um bom cristão não pode ser mau cidadão, mas é mau cidadão aquele que, não se conformando com os preceitos de sua religião, dá ouvidos à inquieta, turbulenta voz da rebelião, que arrasta após de si todos os vícios, horrores e desordens, além de desafiar toda a cólera e as mais terríveis maldições da divindade; os confessores inquiram com o maior cuidado os penitentes e lhes mostrem que pecam mortalmente todas as vezes que desobedecem a seus soberanos ou a seus ministros, porque é desobedecer ao mesmo Deus.
A infabilidade de seres humanos ou seu enaltecimento é totalmente inconsistente com as Escrituras. 
	O próprio apóstolo Pedro nos ensina a respeitarmos todas as pessoas, inclusive as autoridades políticas, mesmo que fossem imperadores romanos e inimigos, e nos exorta que aqueles que não conhecem Cristo vivem em um mundo naturalmente hierarquizado, de acordo com as posses, nacionalidade, cargos, linhagem familiar, etc. Todos devem ser respeitados. Entretanto, Pedro admoesta-nos a jamais seguirmos pensamentos contrários à Verdade de Deus. Por isso, muitos que se dizem ‘líderes de Deus aqui na Terra’, acabam confundindo a mente daqueles que jamais leram as Escrituras: “(...) Por causa desses falsos mestres, muita gente vai falar mal do Caminho da Verdade” (Jesus é o caminho) (2Pedro 2: 2). 
Jesus disse: “Como vocês sabem, os governadores dos povos gentis têm autoridade sobre eles e mandam neles. Mas entre vocês não pode ser assim. Pelo contrário, quem quiser ser importante, que sirva os outros, e quem quiser ser o primeiro, que seja o escravo de todos”. (Marcos 10:42 a 44) 
4.2. A Religiosidade como Fonte de Intrigas, Orgulho e divisões na Igreja de Cristo
Jesus também contou esta parábola (...). “Dois homens foram ao templo para orar. Um era fariseu e o outro cobrador de impostos. O fariseu ficou de pé e orou sozinho assim: Deus, te agradeço porque não sou avarento, nem desonesto, nem imoral com outras pessoas. Agradeço-te também porque não sou como este cobrador de impostos. Jejuo duas vezes por semana e te dou a décima parte de tudo o que ganho. Mas o cobrador ficou de longe e nem levantava o rosto para o céu. Batia no peito e dizia: Deus, tem pena de mim porque sou pecador!Eu afirmo a vocês que foi este homem e não o outro, que voltou para casa em paz com Deus. Porque quem se engrandece será humilhado e quem se humilha será engrandecido.” (Lucas 18: 9 a 14)
	
	No capítulo 1 deste trabalho, na breve história da igreja Cristã, já citamos algumas passagens bíblicas que afirmam ser errado causar divisões no corpo de Cristo. O próprio Jesus nos alertou contra aqueles que matariam muitos em nome de Deus. 
	Assim como os fariseus religiosos, é muito comum hoje em dia as pessoas acreditarem que para agradar a Deus é necessário seguir uma série de rituais e se absterem de certas atividades praticadas pelos demais. É um erro concordar que os cristãos devem ser abstêmios. O islamismo, por exemplo, pode ser considerada uma religião de abstinência em alguns aspectos, bem como muitas seitas ‘cristãs’ de hoje em dia. Para exemplificarmos melhor, é claro que abster-se de certas bebidas fortes é o dever de certos cristãos em particular, ou de qualquer cristão em determinadas ocasiões, seja porque, rodeado de pessoas inclinadas ao alcoolismo não quer encorajar ninguém com seu exemplo,ou seja, porque sabe que se tomar o primeiro copo não conseguirá parar, devido à sua herança genética ou à sua história prévia com o álcool. A questão é que ele se abstém por algum motivo que não é condenável em si; e não se incomoda de ver os outros apreciando aquela bebida. C.S.Lewis, autor das Crônicas de Nárnia, afirmava que “umas das marcas de um certo tipo de mau caráter é que ele não consegue se privar de algo sem querer que todo o mundo se prive também. Esse não é o caminho cristão”. (C.S. Lewis). 
	Percebemos que quando alguém se torna “religioso”, estabelecendo para si mesmo e para os outros uma lista de coisas a fazer ou não, esta pessoa acaba caindo na hipocrisia. É lógico que o Cristianismo, baseado nos ensinamentos de Jesus no Novo Testamento, dá algumas receitas do que deve ser mudado na vida de cada um, não para que seja merecedor de um céu, mas para que aprenda a ser mais íntegro, agradando, inclusive a Deus. Entretanto, as mudanças ocorrem internamente em cada indivíduo; quando alguém realiza seus atos para esnobar-se, pensando na opinião alheia, ou para aguçar seu ego, de nada adianta o esforço. 
	Jesus jamais apresentou ensinamentos voltados a mudanças externas. O interior do coração e da alma é que são os verdadeiros alvos de nossa sondagem e transformações. Jesus deixa claro de que nada adianta ser religioso por fora e grosseiro intimamente. Ele categoricamente diz: “Eu afirmo a vocês que só entrará no Reino do Céu se for mais fiel em fazer a vontade de Deus do que os mestres da Lei e os fariseus” ( Mateus 5:20). Os fariseus mencionados aqui nada mais são do que os religiosos hipócritas. Lembremo-nos de que todo fariseu dizimava, jejuava, não cortava sua barba e carregava versículos das Escrituras em suas capas. 
	É errôneo o que muitos ‘religiosos’ têm dito a respeito dos mais controversos assuntos atuais. Cristianismo não é a religião da abstinência. Cristianismo é o olhar para si todos os dias, o se autoanalisar após cada atitude. O perceber quando erra, deixar o orgulho de lado, levantar-se, desculpar-se e seguir adiante. Este ato é chamado de inteligência intra-pessoal pela psicologia moderna e Jesus o classifica como arrependimento. Ele afirma que não pode herdar o Reino dos Céus quem não se arrepender: “Eu afirmo a vocês que, se não se arrependerem dos seus pecados, todos vocês vão morrer” ( Lucas 13: 3). Ele fala aqui da 2ª. morte, ou seja, a morte espiritual eterna e não a morte física. 
	Como exemplo de várias regras massacrantemente impostas às pessoas que são íntimas de Deus, podemos citar a restrição ao lazer, ao consumo de certos alimentos ou bebidas, a adoração de certos dias considerados ‘santos’, a abstinência de certas atividades, o celibato, etc. De fato, no Antigo Testamento, o povo judeu vivia sob o julgo de muitas destas regras, chamadas “A Lei”. Jesus as aboliu totalmente. Ele afirmou que já cumpriu a Lei, para que todos que viessem a Ele pudessem ir ao Pai. Jesus disse: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém pode chegar até o Pai a não ser por mim” (João 14:6). Certamente por isso mesmo, era amigo das mulheres (consideradas seres totalmente inferiores), não costumava lavar as mãos antes das refeições, andava rodeado de ‘gente que não presta’, para os parâmetros judaicos, realizava curas e milagres aos Sábados (dia santo, proibido para a realização de qualquer tarefa ou atividade), transformou água em vinho (seu primeiro milagre em público), frequentava festas e reuniões barulhentas, ia à casa de cobradores de impostos, ou seja, judeus considerados traidores, pois coletavam taxas para os romanos, além de muitas outras atividades imundas para seus contemporâneos. O mais estarrecedor, entretanto, era o fato de que Jesus não odiava os romanos (os romanos subjugavam os judeus nesta época e haviam conquistado todas as suas terras). 
	É como se atualmente, vivendo corporeamente na Terra, Jesus saísse pelas ruas e praças, prostíbulos, fosse ao Congresso Nacional, reunisse o maior número de gente podre e corrupta em torno de si mesmo, e falasse sobre seu evangelho, vestido a caráter, de chinelos, camiseta florida e bermuda, com tatuagem e brincos nas orelhas. Por isso os maiores inimigos de Cristo eram justamente aqueles que se consideravam líderes religiosos de seus povos. Aqueles que, quando diante de seus sermões e milagres, preferiram vestir-se de orgulho e manter-se enraizados em ensinamentos culturais, do que humildemente confessarem que o Homem que viam era o enviado de Deus, o próprio Deus encarnado, como previu o profeta Isaías 700 anos antes. Todos sabem que Cristo foi morto pela religião. Por isso Deus ama tanto aqueles que se sentem doentes, que choram por não serem bons, que se humilham diante das dificuldades e confessam suas mazelas, aqueles que sabem que por si só jamais conseguirão uma mudança de caráter em suas áreas mais imperfeitas.
	A religião que matou Cristo (ainda que Ele tivesse que morrer e ressuscitar por nós), está dotada do mesmo espírito atual, que separa e causa tantas denominações nas igrejas, que impulsiona homens a proclamarem ‘guerras santas’, que leva muitos à falácia do orgulho por portar-se de certa maneira ou por se vestirem de certo modo, atitudes de completa falta de amor e recheadas pelo preconceito.
	Veja o que Jesus diz a respeito da religiosidade: “João Batista jejua e não bebe vinho e todos dizem que ele está dominado por um demônio. O Filho do Homem (Jesus) come e bebe e todos dizem: “Vejam! Este homem é comilão e beberrão! É amigo de cobradores de impostos e outras pessoas de má fama”. (Mateus 11:18,19). 
	Várias vezes, ao longo da história, ‘cristãos sedentos de poder e dinheiro’ citaram a passagem de Mateus 10:34, onde Jesus afirma que não veio trazer paz, mas sim a espada. A Guerra “Santa” foi formulada a partir deste versículo. Ora, todos sabem que a guerra santa era uma luta por territórios e poder. A espada à qual Jesus se refere é a Palavra, ou seja, a nossa ‘espada’ de luta espiritual contra o ‘inimigo’, que são seres celestiais e não pessoas. Para continuar firme com Deus a cada dia, é pedido aos cristãos que ‘tomem a espada’, ou seja, leiam e meditem sobre a Palavra de Deus todos os dias, como explica Efésios 6: 12 e 17, para assim resistirem muitas vezes à vontade impulsiva e enganosa de seus corações.
	Ao contrário do que muitos ensinam, por ignorância ou interesse, ser Cristão é importar-se com as Palavras da Escritura, analisar-se em relação a elas, detectar mudanças internas que devem ser feitas, e pedir incessantemente a ajuda de Deus, sabendo que sem Ele, nada vai adiante ou pode ser mudado.
	Se as Escrituras forem substituídas em nossas vidas pelos dogmas das mais variadas igrejas, deixamos de ser Cristãos para tornar-nos tiranos e fariseus, como os assassinos de Cristo. Passamos a matar Cristo dentro daqueles que ainda não o conhecem, e impedimos que suas Palavras sejam livremente espalhadas, animando e confortando a todos que as ouvem. Devido às tantas falhas e falta de entendimento dos Cristãos em relação à Bíblia, criou-se um preconceito ao redor do nome de Jesus.
Jesus respondeu: “Os que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. Vão e procurem entender o que quer dizer este trecho das Escrituras Sagradas: ‘Eu quero que as pessoas sejam bondosas e não que me ofereçam sacrifícios de animais’. Porque eu vim para chamar os pecadores e não os bons”. ( Mateus 9:12) 
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5. Sexo: Criação de Deus ou Consequência do Pecado?
 O Espírito de Deus nos diz claramente que nos últimos tempos alguns abandonarão a fé e darão atenção a espíritos enganadores e ensinamentos de demônios. Ensinamentos estes espalhados por pessoas hipócritas e mentirosas, cuja consciência está morta. Estas pessoas ensinam que é errado casar e comer certos alimentos. (1Timóteo 4: 1 a 3)
	
	O Cristianismo não inventou a reverência pela castidade, que de forma alguma proveio de Jesus e seus ensinamentos. O paradigma da castidade foi inventado por homens religiosos,

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