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Prototipagem Rápida Processos Discretos de Produção Prof. Cíntia Mazzaferro Universidade Federal do Rio Grande do Sul Curso de Graduação em Design de Produto, Engenharia de Produção, e Engenharia de Controle e Automação Prototipagem Rápida O termo Prototipagem Rápida (PR) designa um conjunto de tecnologias que permite a fabricação de objetos em 3D a partir de um modelo geométrico tridimensional feito em computador (CAD –Computer Aided Design), com o auxílio de um sistema CAM (Computer Aided Manufacturing), em um curto espaço de tempo. As informações do modelo computacional são utilizadas para gerar o sólido, camada por camada, usando líquido, pó ou lâminas de algum material. Separação das gêmeas siamesas unidas pelo crânio – uso da PR (SL) Reconstruções crânio-maxilofaciais -Osso frontal: implante em polímero biocompatível; estereolitografia (SL) -Mandíbula: implante em titânio (liga Ti- 6Al-4V, biocompatível; sinterização a laser Objetivos da PR Existem diversos processos ou métodos de prototipagem rápida, desenvolvidos a partir de técnicas distintas de criação dos protótipos. Cada processo tem características específicas, podendo- se considerar, entretanto, que os objetivos genéricos principais são os seguintes: • Testar intercambialidade; • Analisar aspectos construcionais; • Analisar montagem de conjuntos; • Analisar aspectos de fabricabilidade; • Testar colocação de pré-séries no mercado; • Reduzir possibilidade de erros; • Reduzir tempo total de projeto. Processo de criação dos protótipos Todos os processos de prototipagem rápida existentes no momento, consistem das seguintes etapas: • Criação de um modelo tridimensional em computador (CAD), correspondente à peça que está sendo projetada, utilizando um dos aplicativos disponíveis; • Tradução do modelo tridimensional para formato .stl (contém as coordenadas x, y e z necessárias para representar superfícies na forma de pequenos polígonos); • Leitura, pelos programas de PR, das informações provenientes dos arquivos .stl, fatiando o sólido em diversas camadas transversais horizontais; • Construção física do protótipo, reproduzindo as camadas em algum material utilizado como substrato; • Limpeza e acabamento do protótipo. Acabamento comum aos processos PR Principais processos de PR Existem diferentes princípios físicos que distinguem os protótipos em precisão, qualidade sperficial, material, operações de acabamento, tempo de fabricação e espessura de camadas. Os principais sistemas de prototipagem rápida usados na produção de modelos são os seguintes: • Estereolitografia (SL,STL) • Modelagem por Fusão e Deposição (FDM) • Fabricação de Objetos Laminados (LOM) • Solidificação Guiada por Camada (SGC) • Sinterização Seletiva a Laser (SLS) • Conformação Próxima ao Formato Final via Laser (LENS) • Impressão Tri-Dimensional (3DP) Estereolitografia (SL - Stereolithography) Este processo pioneiro, patenteado em 1986, desencadeou a revolução da prototipagem rápida. Ele permite a construção de modelos tridimensionais a partir de polímeros líquidos sensíveis à luz, que se solidificam quando expostos à radiação ultravioleta. O modelo é construído sobre uma plataforma situada imediatamente abaixo da superfície de um banho líquido de resina epóxi ou acrílica. Uma fonte de raio laser ultravioleta, com alta precisão de foco, traça a primeira camada, solidificando a seção transversal do modelo e deixando as demais áreas líquidas. A seguir, um elevador mergulha levemente a plataforma no banho de polímero líquido e o raio laser cria a segunda camada de polímero sólido acima da primeira camada. O processo é repetido sucessivas vezes até o protótipo estar completo. Uma vez pronto, o modelo sólido é removido do banho de polímero líquido e lavado. Os suportes são retirados e o modelo é introduzido em um forno de radiação ultravioleta para ser submetido a uma cura completa. Uma vez que a estereolitografia foi a primeira técnica bem sucedida de prototipagem rápida ela se tornou um padrão de avaliação para as demais, que surgiram (e continuam surgindo) posteriormente. Estereolitografia (SL) SL-Motorola Estereolitografia (SL) Exemplo de um protótipo em SL que serve de modelo para obtenção de um corpo de válvula de alumínio através do processo de fundição de precisão. Obtenção do protótipo de um bloco de motor em escala reduzida para fundição de precisão (cera perdida). Estereolitografia (SL) Modelagem por Fusão e Deposição (FDM – Fused Deposition Modeling) Este processo é baseado na extrusão de filamentos de plásticos aquecidos. A máquina FDM possui um cabeçote que se movimenta no plano horizontal (XY) e uma plataforma que se movimenta no sentido vertical (Z). A matriz de extrusão controlada pelo sistema deposita filetes de material muito finos sobre uma plataforma de construção, copiando a geometria da fatia inferior do sólido fornecida pelo arquivo de computador, formando a primeira camada do componente. A plataforma é mantida sob uma temperatura inferior à do material, de forma que a resina termoplástica endurece rapidamente. Após esse endurecimento a plataforma se desloca verticalmente para baixo uma distância correspondente à altura de cada uma das fatias e a matriz de extrusão deposita uma segunda camada sobre a primeira. O processo é repetido até a construção total do protótipo. São construídos suportes durante a fabricação para apoiar o protótipo durante sua fabricação. Tais suportes são fixados ao protótipo usando-se um segundo material, mais fraco, ou uma junção perfurada. As resinas termoplásticas adequadas a esse processo incluem poliéster, polipropileno, ABS, elastômeros e cera usada no processo de fundição por cera perdida. Modelagem por Fusão e Deposição (FDM) FDM Modelagem por Fusão e Deposição (FDM) Exemplo de fabricação da carcaça de uma bomba de combustível em alumínio para aplicações aeronáuticas, a partir de um protótipo obtido por FDM. O tempo total de fabricação das peças, após o recebimento do arquivo CAD, foi de 3 semanas. Fabricação de Objetos Laminados (LOM – Laminated Object Manufacturing) Nesta técnica camadas de material, na forma de tiras revestidas de adesivo, são grudadas umas nas outras formando-se o protótipo. O material original consiste de bobinas de papel laminado com cola ativada pelo calor. Um rolo coletor coloca a tira de papel sobre a plataforma de construção, onde há uma base feita de papel e fita com espuma nas duas faces. A seguir, um rolo aquecido aplica pressão para fixar o papel à base. Uma fonte de raio laser com alta precisão de foco corta o contorno da primeira camada sobre o papel e então quadricula a área em excesso, ou seja, o espaço negativo do protótipo. Esse quadriculado rompe o material extra, tornando fácil sua remoção durante o processamento posterior. Esse material em excesso proporciona um excelente suporte para projeções, saliências e seções com paredes finas durante o processo de construção. Após o corte da primeira camada a plataforma é abaixada, liberando o caminho para que o rolo coletor avance a tira de papel e exponha material novo. Então a plataforma se eleva até um ponto ligeiramente inferior à altura original, o rolo aquecido liga a segunda camada à primeira e a fonte de raio laser corta a segunda camada. O processo é repetido tantas vezes quantas forem necessárias para construir a peça, a qual apresentarátextura similar à de madeira. Uma vez que os modelos são feitos de papel, eles devem ser selados e revestidos com tinta ou verniz para se evitar eventuais danos provocados pela umidade. Os mais recentes desenvolvimentos deste processo permitem o uso de novos tipos de materiais, incluindo plástico, papel hidrófobo e pós cerâmicos e metálicos. Estes materiais pulverulentos geram no final do processo uma peça "verde" que deve ser posteriormente sinterizada para que se alcance máxima resistência mecânica. Fabricação de Objetos Laminados (LOM) Fabricação de Objetos Laminados (LOM) LOM Fabricação de Objetos Laminados (LOM) Remoção manual do protótipo Sinterização Seletiva a Laser (SLS – Selective Laser Sintering) Esta técnica, patenteada em 1989, usa um raio de laser para fundir, de forma seletiva, materiais inicialmente na forma de pós, tais como nylon, elastômeros e metais, transformando-os em um objeto sólido. As peças são construídas sobre uma plataforma a qual está imediatamente abaixo da superfície de um recipiente preenchido com o pó fusível por calor. Um raio laser aquece a primeira camada, sinterizando o material copiando a geometria da camada correspondente do modelo geométrico. A plataforma é ligeiramente delslocada verticalmente para baixo, reaplica-se o pó e o raio laser sinteriza o mateial correspondente à segunda camada. O processo continua até que a peça esteja terminada. Neste processo o pó em excesso ajuda a dar suporte ao componente durante sua construção. Sinterização Seletiva a Laser (SLS) Prot-SLS Sinterização Seletiva a Laser (SLS) Conjunto de machos para o sistema de controle de combustível de uma turbina a gás feito por Sinterização Seletiva a Laser. Posteriormente a peça foi construída em alumínio através de moldagem em areia verde. Conformação Próxima ao Formato Final via Laser (LENS – Laser Engineering Net Shaping) Neste processo, um gerador de raio laser de alta potência é usado para fundir o pó metálico fornecido coaxialmente ao foco do raio laser, através de um cabeçote de deposição. O raio laser passa através do centro do cabeçote e é focado para um pequeno ponto através de uma lente ou conjunto de lentes. Uma mesa XY é movida por varredura de forma a gerar cada camada do objeto. O cabeçote é movido para cima à medida que cada camada é completada. O raio laser pode ser conduzido até a área de trabalho através de espelhos ou fibra ótica. Os pós metálicos são fornecidos e distribuídos ao redor da circunferência do cabeçote por gravidade ou através de um gás portador inerte pressurizado. Mesmo nos casos onde não se necessitar uma corrente de gás para transportar o pó metálico, é necessário uma corrente de gás inerte para proteger a poça de metal líquido do oxigênio atmosférico. Os protótipos produzidos por este processo são bastante densos, com boas propriedades metalúrgicas e sob velocidades razoáveis de construção, mas possuem pouca precisão dimensional, necessitando de operações de acabamento posteriores, como usinagem. Conformação Próxima ao Formato Final via Laser (LENS) Conformação Próxima ao Formato Final via Laser (LENS) Conformação Próxima ao Formato Final via Laser (LENS) Uso do processo LENS na produção de implantes. Adaptado de Bartolo et al. 2012. Impressão Tri-dimensional (3DP – 3D Printing) O processo possui como princípio a aglutinação de pós pela ação de um líquido aglutinante expelido em gotículas por um cabeçote tipo “jato de tinta”, muito similar aos utilizados em impressoras comuns. O jato aglutinante gerado pelo cabeçote é aspergido sobre uma camada de pó depositado sobre uma plataforma que se movimenta na direção Z. Um rolo é utilizado para depositar novas camadas de material e compactar uma camada sobre a outra. Este processo foi desenvolvido pelo MIT (Massachusets Institute of Technology). Existem máquinas específicas para a fabricação de objetos como plásticos, cerâmicas e metais, além de aplicações mais específicas como próteses biomédicas e encapsulamento de remédios. Impressão Tri-dimensional (3DP) 3D Impressão Tri-dimensional (3DP) Escolha do método de prototipagem A escolha do método de prototipagem mais adequado, deve ser feita em função das características específicas de cada tipo de aplicação, levando-se em conta os seguintes fatores: • Função • Matéria-prima • Número de peças • Precisão dimensional • Acabamento superficial • Características mecânicas • Geometria das peças Comparação entre os alguns processos PR Processo SL SGC SLS LOM Dimensões máximas peça (mm) 254 x 254 x 254 508 x 508 x 355 Ø = 305 Altura = 381 330 x 2540 x 381 Espessura camada (min / max – mm) 0,1 / 0,9 0,05 / 0,15 0,13 0,005 / 0,05 Velocidade vertical Depende da geometria 60 – 100 camadas / h Depende da geometria 10 mm / h Precisão 0,2 mm 0,1 % em todas direções ± 0,05 – ± 0,25 mm ± 0,127 mm Matéria-prima Resinas foto-curáveis Resinas foto- curáveis, cera Termoplásticos (PVC, nylon), cera Papel, nylon, poliester Vantagens da Prot. Rápida • ausência de custos com ferramentas; • prazos de entrega curtos; • ganhos consideráveis em termos de complexidade geométrica dos componentes (a prototipagem rápida é virtualmente insensível à complexidade geométrica); • flexibilidade produtiva. Algumas bibliografias... • P. Bartolo,J . Kruth, J. Silva, G. Levy, A. Malshe, K. Rajurkar, M. Mitsuishi, J. Ciurana, M. Leu. Biomedical production of implants by additive electro-chemical and physical processes. CIRP Annals - Manufacturing Technology 61 (2012) 635–655. • D.T. Pham, R.S. Gault. A comparison of rapid prototyping technologies. International Journal of Machine Tools & Manufacture 38 (1998) 1257–1287. • Manufacturing Process Selection Handbook. K. G. Swift and J. D. Booker. 2013, Elsevier. • Y. Yan, S. Li, R. Zhang, F. Lin, R. Wu, Q. Lu, Z. Xiong, X. Wang. Rapid Prototyping and Manufacturing Technology: Principle, Representative Technics, Applications, and Development Trends. Tsinghua Science and Technology 14, S1 (2009) 1-12.
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